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Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

Poder Judiciário - Justiça do Trabalho

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 1000298-81.2020.5.02.0716


em 22/03/2021 19:12:40 - ee7b208 e assinado eletronicamente por:
- MARCIO TAKUNO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 16ª
VARA DO TRABALHO DA ZONA SUL DE SÃO PAULO – TRT 2ª
REGIÃO

Autos n.º 1000298-81.2020.5.02.0716

HEADCHEF SEGURANÇA DOS


ALIMENTOS E GARANTIA DE QUALIDADE LTDA., por seu
advogado constituído, nos autos da Reclamação Trabalhista que lhe
move MICAELA SILVA OLIVEIRA, vem, respeitosamente, perante
Vossa Excelência, apresentar sua CONTESTAÇÃO aos termos da
inicial, nos termos que seguem.

DA INICIAL

Afirma a Reclamante ter sido contratada em


08/08/2019, para exercer as funções de ajudante geral, com jornada
de trabalho das 8hs às 14hs, no começo do contrato, e das 9hs às
15hs no final, com salário no valor de R$ 750,00, sendo dispensada
em 19/12/2019.

Aduz que o contrato de estágio é invalido,


requerendo vínculo empregatício e pagamento dos consectários
legais.

DOS FATOS
CONTRATO DE ESTÁGIO - VALIDADE

Inicialmente, cumpre esclarecer que a


Reclamante, na época da contratação, era estudante de curso
superior de Nutrição e fora contratada como estagiária para adquirir
experiência na respectiva área.

É de se destacar que a Reclamante distorce a


realidade quando alega que lhe foi imposta a contratação como
estagiária, uma vez que fora a própria Reclamante que buscara essa
vaga, senão veja-se documentos entregues pela própria Micaela:
CURRICULO DA RECLAMANTE

QUESTIONÁRIO DE INTERESSE NA VAGA


ENTREVISTA DE ESTÁGIO

Percebe-se que antes da contratação a


Reclamante tinha plena ciência da vaga de estágio, sendo inverídica
a alegação de que tenha sido compelida a aceitar essa modalidade
de contratação.
Corroborando com o ora explano, cumpre
informar que durante a vigência do contrato de estágio e conforme
determina a Lei 11.788/2008, a Reclamante sempre foi orientada por
nutrólogas que trabalham na Reclamada (senhoras Nathalia
Conceição e Camila Di Biazzi), conforme se observa nas anexas
conversas de Whatsapp.
Percebe-se que a Reclamante tinha plena
ciência da contratação como estagiária e de fato exercera essas
funções de aprendizado, sendo inverídica as alegações iniciais de
fraude.

Ademais, em relação a formalidade da


contratação, vale destacar que o contrato firmado com a Reclamante
fora com total observância dos requisitos legais trazidos pelo artigo
3º da Lei 11.788/2008, ou seja, participaram deste ato a Reclamada,
a Reclamante e a Instituição de Ensino:
Assim, não há que se falar em ilegalidade ou
nulidade do contrato de estágio firmado com a Reclamante, sendo
certo que inexistiu qualquer vício que invalide este documento.

Em relação ao seguro de vida, esclarece a


Reclamada que houve referida contratação, sendo a apólice de
número 3293003828061.

Contudo, esclarece a Reclamada que fora


realizado o requerimento deste documento junto à seguradora que
entregará em 5 dias úteis (protocolo de pedido 508493).

Assim, pugna a Reclamada pelo prazo de 5


dias úteis para acostar a apólice de seguro que cobria a Reclamante
na época do contrato de estágio.

Diante o exposto, resta impugnado o pleito


inicial de nulidade do contrato de estágio havido, uma vez que
inexistiu qualquer vício ou dissimulação na contratação.
DO VÍNCULO - INEXISTÊNCIA

Considerando a validade do contrato de


estágio havido entre a Reclamante e a Reclamada no período de
08/08/2019 a 19/12/2019, não há que se falar em reconhecimento de
vínculo CLT e anotação em CTPS, restando o pedido impugnado.

Outrossim, tendo em vista a validade do


contrato de estágio, tem-se por indevido o pedido de pagamento de
diferenças entre a bolsa-auxílio paga à Reclamante e o salário-
mínimo, o aviso prévio indenizado e integração nas demais verbas,
13º salário proporcional, FGTS e multa de 40%, restando referidos
pleitos impugnados.

Por fim, com fundamento no artigo 12, §2º, da


Lei 11.788/2008, resta impugnado o pedido de recolhimento de INSS,
uma vez que a Reclamante era estagiária.

DA CONSTITUCIONALIDADE - 790-B, 791-A e 844, 2º, DA CLT

O artigo 790-B, determina a responsabilidade


pelo pagamento dos honorários periciais, que ficam à cargo da parte
sucumbente no objeto da perícia.

O próprio artigo traz, em seu §4º, a regra de


proteção ao hipossuficiente ao determinar que os honorários serão
suportados pela União nas hipóteses em que o beneficiário da
Justiça Gratuita não obtenha crédito para satisfazer o pagamento.

Trata-se, portanto, de dispositivo destinado a


regular a remuneração pelos serviços prestados pelos peritos ao
Poder Judiciário, não havendo inconstitucionalidade a ser declarada.

No mesmo sentido, o artigo 791-A, parágrafos


3º e 4º, da CLT, não afronta os princípios e dispositivos da
Constituição, haja vista que não ofende a garantia da gratuidade
judiciária, sendo que esta pode ser concedida àqueles que
comprovarem que não possuem recursos para arcar com os custos
do processo sem prejuízo próprio ou de sua família.

Destaca-se, ainda, que o mencionado artigo


já está sendo objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.766
junto ao Supremo Tribunal Federal, sendo, portanto, desnecessário
o pretendido controle difuso de inconstitucionalidade. Até o presente
momento não houve julgamento da referida ADI, sendo que o citado
artigo deve ser considerado constitucional.

O parágrafo 2º, do artigo 844, da CLT impõe,


além da pena de arquivamento ao reclamante faltoso, a punição dele
arcar com as custas processuais (calculadas na forma do artigo 789),
mesmo que beneficiário da justiça gratuita. O pagamento das custas
será condição para interposição de nova demanda.

A Lei nº 13.467/2017 possibilita que o


Reclamante exima-se do pagamento das custas, comprovando,
dentro do prazo de 15 dias, que a sua ausência se deu por "motivo
legalmente justificável".

Mencionado artigo não afronta os princípios


da isonomia, da ampla defesa, do devido processo legal e da
inafastabilidade da jurisdição, pois não impede a parte, que foi inerte
em relação ao comparecimento para o ato processual inaugural
trabalhista, o acesso ao judiciário.

Apenas condiciona a parte que movimentou o


Poder Judiciário anteriormente, sem que tenha comparecido,
proceda ao pagamento de natureza punitiva. Os comandos punitivos
são previstos de inúmeras formas no processo civil e trabalhista, sem
que haja qualquer inconstitucionalidade, e sim impõe àqueles que
desrespeitam ou onerem o Poder Judiciário sem atentar às suas
responsabilidades pessoais, punição compatível para nova
movimentação.

Deve ser ressaltado, por fim, que o C. TST,


nos termos da IN 41/2017, estatui a aplicabilidade do artigo 844,
parágrafo 2º, da CLT, nas demandas propostas após o ajuizamento
da Reforma. Logo, não há inconstitucionalidade a ser declarada.

DOS DOCUMENTOS QUE INSTRUEM A INICIAL

Restam impugnados os documentos que


instruem a inicial, uma vez que nada comprovam em relação as
infundadas alegações iniciais.
DA COMPENSAÇÃO

Na remota hipótese de condenação, até


porque inexistem verbas em aberto, requer sejam deduzidos todos
os valores já pagos ao Reclamante ao término da relação havida.

DOS OFÍCIOS

Não tendo ocorrido à prática de qualquer


irregularidade por parte da Reclamada, improcede o pedido de
expedição de ofício à DRT, INSS, CEF e MPF, para aplicação das
sanções cabíveis

DAS CAUTELAS

Juros de mora e correção monetária são


inaplicáveis, pois improcedente o principal não há que se falar em
acessório.

Apesar de ser ônus de o Reclamante fazer


prova de suas alegações, dentro do princípio de lealdade e boa-fé
processual, anexa à empresa os documentos necessários à
demonstração das alegações incorretas expostas em inicial.

Recolhimentos previdenciários são indevidos,


porquanto já recolhidos em época e valores determinados pela lei; as
informações de recolhimento previdenciário estão disponíveis a
todos os segurados por meio da extração do CNIS diretamente nas
agências do INSS; e

Admitindo-se apenas para argumentar, caso


esse MM. Juízo venha acolher a descabida inicial, requer a
Reclamada, por cautela:

• que o Reclamante faça a prova de suas alegações nos termos


dos artigos 818, da CLT e 373, I, do CPC/15;
• a dedução das verbas já pagas de acordo com o artigo 767, do
Estatuto Consolidado;
• que sejam desconsiderados os documentos juntados à inicial
que estejam em desacordo com o artigo 830, da CLT;
• que, em caso de condenação, o crédito haverá de ser
atualizado e acrescido de juros a partir do mês do vencimento da
obrigação e não do mês de competência;
• apuração de toda e qualquer verba em liquidação de sentença;
• limites aos pedidos da inicial;
• aplicação do Provimento do 01/96, da Corregedoria do C. TST;
• autorização expressa para a Reclamada proceder às deduções
fiscais e previdenciárias de eventuais créditos deferidos à
Reclamante, nos termos da Súmula 368, do C. TST; e
• correção monetária nos termos da Súmula 381, do C. TST.

DAS PROVAS

Protesta a Reclamada pela produção de todos


os meios de provas em direito admitidos, em especial pelo
depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de confissão, oitiva de
testemunhas, juntada de documentos, exames, vistorias, perícias e
demais provas que se fizerem necessárias, para a elucidação da lide,
ficando desde já requeridas.

Nos termos do artigo 830, da CLT, o subscritor


da presente peça declara como autênticos todos os documentos que
instruem a defesa.

CONCLUSÃO

Em face de todo o exposto, deve a presente


ação ser havida por CONTESTADA em todos os seus termos,
declarando-se a TOTAL IMPROCEDÊNCIA, condenando a
Reclamante ao pagamento das custas e demais cominações legais.

Requer a Reclamada sejam as publicações e


intimações expedidas em nome do subscritor da presente
contestação, Marcio Takuno, OAB/SP nº 272.328, com endereço na
Rua Américo Brasiliense, 1923, conjuntos 401/402, Chácara Santo
Antônio, São Paulo/SP, CEP 04715-005, sob pena de nulidade de
ato.

Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 22 de março de 2021

MARCIO TAKUNO
OAB/SP nº 272.328

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