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TATIANA OLIVER PESSANHA - ADVOGADA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA _ VARA DO


TRABALHO DE CAMPINAS DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ALECSANDRA DOS REIS JANGO, brasileira, operadora de telemarketing, portadora da


Cédula de Identidade RG n° 59234967-6, devidamente inscrito no CPF/MF sob o n°
490.428.548-47, residente e domiciliada na Rua Pau Brasil, 95, Jardim Conceição, CEP
13185.795, Hortolandia/SP, vem respeitosamente por intermédio de sua advogada abaixo
assinada (procuração anexa), com escritório profissional situado à Rua Prudente de Moraes,
70, Vila Industrial, na cidade de Campinas/SP, CEP: 13035-375, onde receberá todas as
notificações e intimações pertinentes a este processo, nas quais deve constar Dra. Tatiana
Oliver Pessanha OAB/SP n. 262.766, inclusive para as publicações pela imprensa, com
endereço eletrônico tatianapessanha@yahoo.com.br, vem perante esse juízo, propor:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Em face ALERT BRASIL TELEATENDIMENTO LTDA, inscrito sob CNPJ


036067720003-21, com sede na Avenida Das Amoreiras, 2187, Parque Industrial, CEP
13031-435, Campinas/SP, pelos motivos fáticos e fundamentos legais, que passa a expor e o
final, requerer:

1 PRELIMINARMENTE
1.1 DA JUSTIÇA GRATUITA

Preliminarmente, a requerente, por ser tratar de pessoa pobre na forma da Lei 1.060/50, com
as alterações advindas das Leis 7.510/86 e 7.871/89, e do artigo 5°, LIXXIV da CF/88, requer
seja deferido os benefícios da gratuidade da justiça, por não poder arcar com eventuais custas,
despesas processuais e honorários advocatícios, sem comprometer seu próprio sustento e de
sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexa.
Requer assim, sejam os benefícios da gratuidade da justiça deferidos em sua totalidade,
conforme artigo 98, §§ 5o do Código de Processo Civil, que assim prevê:
“Artigo 98, § 5o: A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a
todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas
processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.”
Portanto requer-se o benefício da gratuidade da justiça.
1.2 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Rua: Prudente de Moraes, Vila Industrial, Campinas/SP CEP 13035-375


Telefone (19) 33882825/ Celular (19) 982174707
E-mail: tatianapessanha@yahoo.com.br
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Considerando o disposto no artigo 818 da CLT, que estabelece que o ônus da prova cabe à
reclamante quanto ao fato constitutivo do seu direito, é importante observar que, nos termos
do Parágrafo 1º do mesmo artigo, é possível a inversão desse ônus em situações específicas.
Diante das peculiaridades desta causa, especialmente relacionadas à impossibilidade ou à
excessiva dificuldade de cumprir o encargo probatório pela Reclamante, bem como à maior
facilidade de obtenção da prova por parte do empregador ou da própria dinâmica dos fatos
narrados, é requerida a inversão do ônus da prova.
A fundamentação para esta solicitação baseia-se no claro desequilíbrio na obtenção das
provas necessárias para esclarecer os fatos e as circunstâncias relacionadas ao contrato de
trabalho e aos eventos ocorridos durante o período laboral da Reclamante.
Portanto, requer-se que o Juízo atribua o ônus da prova de forma diversa do estabelecido pelo
artigo 818 da CLT, mediante decisão fundamentada, garantindo à parte a oportunidade de se
desincumbir do ônus que lhe foi atribuído, em conformidade com as disposições legais
aplicáveis e o princípio do devido processo legal.
1.3 DOS FATOS

A reclamante trabalha na empresa desde junho de 2023, desempenhando a função de


telemarketing. Seu salário é de R$ 1412,00, e seu horário de trabalho é das 10h às 18h12 de
segunda a sexta-feira.
Encontrando-se com 8 meses e meio de gestação, o equivalente a 34 semanas, a reclamante
se afastou em 15 de abril de 2024 para licença maternidade. Durante esse período, estava
trabalhando em home office, tendo iniciado essa modalidade em 28 de fevereiro de 2024,
quando lhe foi fornecido um computador. No entanto, o computador não estava funcionando
corretamente, e mesmo após três tentativas de reparo solicitadas pela reclamante, o problema
persistiu. A supervisora atribuiu o erro à conexão de internet, levando a reclamante a
aumentar a velocidade da internet, mas o erro continuou.
Posteriormente, a supervisora exigiu que a reclamante retornasse ao trabalho presencial na
empresa, mesmo após ela ter assinado o contrato de home office. Vale ressaltar que a
gestante possui uma gravidez de risco, não conseguindo subir as três escadas presentes no
local de trabalho. Diante disso, a reclamante entende que não deveria ser compelida a retornar
ao ambiente de trabalho presencial, considerando a situação da gravidez de risco e o acordo
de home office firmado.
Adicionalmente, a empresa descontou mais de R$ 1000,00 do pagamento da reclamante,
alegando faltas injustificadas. No entanto, essas faltas foram decorrentes da impossibilidade
de trabalho em razão do computador defeituoso fornecido pela própria empresa.

2 DO DIREITO
2.1 DA RESCISÃO INDIRETA

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2.2 DAS PENDÊNCIAS CONTRATUAIS E RESCISÓRIAS

É inegável que a Reclamante foi privada dos direitos previstos não apenas pelo artigo 7º da
Constituição Federal, mas também pelos dispositivos da CLT e da legislação complementar.
Além da ausência do vale-transporte e do salário em tempo hábil, a Reclamante não recebeu a
devida remuneração pelo descanso semanal remunerado (DSR), conforme preceitua o artigo
6º da Lei nº 605/49, uma vez que seu regime de trabalho era diarista.
Adicionalmente, a Reclamante faz jus ao aviso prévio indenizado de 30 dias, o qual deve ser
integralmente incorporado à sua remuneração, conforme estabelecem os artigos 487, §§ 1º, 5º
e 6º da CLT e a Súmula 305 do C. TST. Não menos importante, a Reclamante não teve seu
FGTS corretamente recolhido conforme o artigo 15 da Lei n.º 8.036/90, nem recebeu a multa
de 40% sobre o montante do FGTS devida em caso de rescisão, nos termos do artigo 18 do
mesmo diploma legal.
Portanto, é imprescindível que a Reclamada regularize imediatamente essas pendências
contratuais e rescisórias, garantindo à Reclamante seus direitos trabalhistas de forma integral
e correta, sob pena de responder legalmente pela inobservância dessas obrigações
2.3 DO FGTS

Durante o período contratual, a Reclamada deixou de efetuar os recolhimentos do FGTS, o


que configura por si só um direito à rescisão indireta do contrato de trabalho.
É pertinente ressaltar que, neste caso, cabe ao empregador o ônus da prova quanto à
regularidade dos depósitos do FGTS, conforme preconiza a Súmula 461 do TST:
'Súmula 461. FGTS. Diferenças. Recolhimento. Ônus da prova. É do
empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos depósitos do
FGTS, pois o pagamento é fato extintivo do direito do autor (art. 373, II, do
CPC de 2015).'
Assim sendo, requer-se que a Reclamada seja condenada a comprovar nos autos o efetivo
depósito do FGTS, sob pena de execução direta do valor devido e expedição de ofício à
Caixa Econômica Federal para as devidas providências.
2.4 DAS MULTAS DOS ARTIGOS 467, 477 DA CLT

Ao reconhecer o vínculo empregatício da Reclamante, a sentença produzirá efeitos ex tunc,


retroagindo à data da contratação. Consequentemente, o 1º Reclamado deve ser condenado a
pagar as multas previstas nos artigos 467 e 477 da CLT, tendo em vista o cancelamento da
Orientação Jurisprudencial 351 da SDI-I do C. TST.
No que diz respeito à multa do artigo 467, é imperativo aplicar essa penalidade para
desencorajar práticas fraudulentas por parte dos empregadores. Aceitar a não aplicação da
multa seria favorecer aqueles que negam o vínculo empregatício, promovendo fraudes contra
a legislação trabalhista, enquanto os empregadores que reconhecem suas obrigações seriam

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penalizados com o acréscimo do artigo 467 da CLT. Isso equivaleria a privilegiar a fraude em
detrimento da honestidade processual.
Portanto, como medida de justiça e equidade, é imprescindível que o Reclamado seja
condenado ao pagamento da multa prevista no artigo 467 da CLT, garantindo-se assim a
proteção dos direitos trabalhistas da Reclamante e a coerência no sistema jurídico.
2.5 DA RESCISÃO INDIRETA

Conforme previsto no Artigo 483 da CLT, o empregado tem o direito de considerar


rescindido o contrato e pleitear a devida indenização nas seguintes circunstâncias:
a) Quando forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei,
contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) Quando for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos
com rigor excessivo;
c) Quando correr perigo manifesto de mal considerável;
d) Quando o empregador não cumprir as obrigações do contrato;
e) Quando o empregador ou seus prepostos praticarem contra ele ou pessoas
de sua família ato lesivo da honra e boa fama;
f) Quando o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo
em caso de legítima defesa própria ou de outrem;
g) Quando o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou
tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
Diante das situações vexatórias e constrangedoras às quais a Reclamante foi submetida, tais
como:
 Assédio Moral: A Reclamante foi alvo frequente de assédio moral por parte de seu
superior hierárquico, que a submetia a constantes humilhações em público, criticando
de forma injusta seu desempenho e sua aparência física. Essas práticas geraram um
clima de hostilidade e constrangimento no ambiente de trabalho.
 Desigualdade de Tratamento: A Reclamante percebeu que seus colegas de trabalho do
sexo masculino recebiam tratamento preferencial em termos de oportunidades de
crescimento profissional, remuneração e benefícios, enquanto ela era
sistematicamente preterida e discriminada, mesmo demonstrando competência e
dedicação em suas funções.
 Carga Excessiva de Trabalho: A Reclamante foi sobrecarregada com atribuições além
de suas capacidades físicas e mentais, sendo frequentemente exigido que realizasse
tarefas que iam além de suas responsabilidades contratuais, sem o devido
reconhecimento ou compensação adequada.
 Ambiente Hostil e Intimidador: O ambiente de trabalho tornou-se hostil e intimidador
devido à conduta abusiva de alguns colegas e superiores, que promoviam fofocas,

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boatos maliciosos e até mesmo ameaças veladas, gerando um clima de insegurança e


desconforto para a Reclamante.
Resta configurado o direito à rescisão indireta do contrato de trabalho, conforme previsto na
legislação.
2.6 DA DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DOS
ARTIGOS 790-B, CAPUT E PARÁGRAFO 4º E ART. 791-A, § 4º, DA CLT.

Merece ser declarada, mediante sistema de controle difuso de constitucionalidade, e para


atender ao disposto no art. 102 e alíneas da CF/88, a inconstitucionalidade e consequente
inaplicabilidade dos artigos 790-B, caput, e parágrafo 4º, bem assim art. 791-A, § 4º, todos da
CLT.
Sobre o art. 790-B, caput, a inconstitucionalidade reside em afronta ao art. 5º, caput, e ao seu
inciso LXXIV, da CF, na medida em que o primeiro, cláusula pétrea, dispõe que “Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade”, e o segundo que “o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.
Ora, sabe-se que o princípio da proteção do trabalhador - o qual é fracionado pelos
subprincípios da “condição mais benéfica”, “in dubio pro operário” e “norma mais favorável”
- decorre logicamente do princípio da isonomia, positivado no caput do art. 5º, da CF, na
medida em que seria impossível, no âmbito das relações de trabalho, instituir a igualdade
imediata das partes, que pela sua origem, são nitidamente desiguais. De um lado encontra-se
o empregador, detentor dos meios de produção e de outro o empregado, hipossuficiente por
natureza, que tem apenas a força de trabalho.
Pois bem. O princípio da norma mais favorável, como desdobramento dos princípios da
isonomia e proteção, conceitualmente é a aplicação ao empregado da norma mais favorável
existente no ordenamento jurídico vigente. Para se aplicar a norma mais favorável ao
empregado, pode-se inclusive desprezar a hierarquia das normas jurídicas, cuja análise fica
em um segundo plano.
Assim, tem-se que a norma mais favorável, quanto à extensão e abrangência da “AJG –
Assistência Judiciária Gratuita” reside no art. 98, § 3º do CPC, o qual prevê, em sua redação:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
§ 1o A gratuidade da justiça compreende:
I - as taxas ou as custas judiciais;
(...)

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VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou


do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de
documento redigido em língua estrangeira;
(...)
§ 3o Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da
decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a
situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do
beneficiário.

Ademais, é certo que o legislador constituinte, ao prever, ao litigante carente de recursos, a


assistência jurídica integral e gratuita, no inciso LXXIV da CF, não deixou lacunas. Assim,
ainda que se trate de norma de eficácia limitada, tendo cabido ao legislador
infraconstitucional delimitar os critérios para a comprovação da mencionada insuficiência de
recursos, não há brecha para a relativização dos termos “integral” e, sobretudo, “gratuita” que
acompanham a expressão “assistência jurídica”, sendo certo que a “assistência jurídica”
prevista na CF é gênero do qual a “Justiça Gratuita” é espécie.
Logo, a condenação em honorários advocatícios dos beneficiários da Justiça Gratuita no
âmbito da Justiça do Trabalho faz distinção incompreensível entre o Autor de demanda
trabalhista e de demanda de outras naturezas (uma vez que na Justiça Comum a gratuidade
abarca os honorários advocatícios (artigo 98, § 1º do CPC), caracterizando discriminação
injustificável entre cidadão-trabalhador e o cidadão-consumidor, cidadão-contratante e
cidadão em outros papéis assumidos na sociedade, restando evidenciada ruptura na igualdade
ofensiva ao texto constitucional (artigo 5º, caput e inciso LXXIV da CF), razão pela qual
merece ser declarado inconstitucional pelo MM. Juízo, requerendo, desde já, sua
inaplicabilidade ao caso concreto.
Sobre o § 4º do mesmo art. 790-B, igualmente merece ser declarado inconstitucional,
afastando-se sua aplicação. Isso porque esbarra no princípio da proteção, derivado direto do
princípio constitucional da isonomia, atraindo para a relação jurídica a aplicação da norma
mais favorável ao empregado, que no caso é igualmente o art. 98, § 1º, inciso VI do CPC, o
qual dispõe que são abrangidos pela Justiça Gratuita “os honorários do advogado e do perito
e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em
português de documento redigido em língua estrangeira”.
Outrossim, a novel legislação infraconstitucional, prevista no § 4º do referido dispositivo,
afronta a garantia Constitucional da Pessoa Humana, fundamento da República, previsto no
artigo 1º, inciso III, da CF, entre outros, já que prevê o pagamento de honorários
sucumbenciais, mesmo sendo reconhecido à parte a Justiça Gratuita.

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Dessa forma, reside inconstitucionalidade no § 4º do aludido dispositivo, na medida em que a


norma desconsidera a condição de hipossuficiência de recursos a justificar o benefício,
havendo colisão com o art. 5º, LXXIV da CF.
Não se pode olvidar que o texto do referido § 4º é objeto da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (Adin) n.º 5766, em trâmite perante o Supremo Tribunal Federal – STF,
sendo de grande valia mencionar o voto do Ministro Edson Fachin:
É certo que não se pode impedir o trabalhador, ainda que desidioso em outro
processo trabalhista, quando comprovada a sua hipossuficiência econômica,
de ajuizar outra demanda sem o pagamento das custas processuais.
O direito fundamental à gratuidade da Justiça, notadamente atrelado ao
direito fundamental de acesso à Justiça, não admite restrições relacionadas à
conduta do trabalhador em outro processo trabalhista, sob pena de
esvaziamento de seu âmbito de proteção constitucional.
A conformação restritiva imposta pelas normas ora impugnadas afronta não
apenas o próprio direito fundamental à gratuidade, mas também, ainda que
de forma mediata, os direitos que esta garantia fundamental protege, o que se
apresenta mais concreto com a invocação do direito fundamental ao acesso à
Justiça e dos direitos sociais trabalhistas, eventualmente, desrespeitados nas
relações contratuais respectivas.
O direito fundamental à gratuidade da Justiça encontra-se amparado em
elementos fundamentais da identidade da Constituição de 1988, dentre eles
aqueles que visam a conformar e concretizar os fundamentos da República
relacionados à cidadania (art. 1º, III, da CRFB), da dignidade da pessoa
humana (art. 1º, III, da CRFB), bem como os objetivos fundamentais de
construção de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I , da CRFB) e de
erradicação da pobreza e da marginalização, bem como a redução das
desigualdades sociais (art. 3º, III, da CRFB).
Apresenta-se relevante, nesse contexto, aqui dizer expressamente que a
gratuidade da Justiça, especialmente no âmbito da Justiça Laboral,
concretiza uma paridade de condições, propiciando às partes em litígio as
mesmas possibilidades e chances de atuarem e estarem sujeitas a uma
igualdade de situações processuais. É a conformação específica do princípio
da isonomia no âmbito do devido processo legal.
As limitações impostas pela Lei 13.467/2017 afrontam a consecução dos
objetivos e desnaturam os fundamentos da Constituição da Republica de
1988, pois esvaziam direitos fundamentais essenciais dos trabalhadores,
exatamente, no âmbito das garantias institucionais necessárias para que lhes
seja franqueado o acesso à Justiça, propulsor da busca de seus direitos
fundamentais sociais, especialmente os trabalhistas.
Assim sendo, o pedido da presente ação direta de inconstitucionalidade deve
ser julgado procedente. É como voto.

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Logo, a declaração incidental de Inconstitucionalidade do artigo 791-B, § 4º, da CLT é


medida que se impõe, ante a violação aos artigos 1º, III, incisos. III e IV; 3º, incisos I e III; 5º,
caput, incisos XXXV e LXXIV e § 2º; e 7º a 9º da CF.
O mesmo raciocínio se aplica ao art. 791-A, § 4º da CLT, o qual dispõe que, “vencido o
beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro
processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade (...)”.
O trecho acima grifado merece, de igual forma, ser declarado inconstitucional, eis que a
concessão de Justiça Gratuita implica necessariamente no reconhecimento de que o
beneficiário não possui condições de litigar sem prejuízo de seu sustento e de sua família, na
linha do art. 14, § 1º da Lei 5.584/70. Esta premissa se alicerça nas garantias constitucionais
de acesso à jurisdição e do mínimo material necessário à proteção da dignidade humana ( CF,
art. 1º, inciso III e art. 5º, inciso LXXIV). Por conseguinte, os créditos trabalhistas auferidos
por quem ostente tal condição não se sujeitam ao pagamento de custas e despesas
processuais, salvo se comprovada a perda da condição.
Ainda, merece ser observado o Enunciado nº 100, aprovado na 2ª Jornada de Direito Material
e Processual do Trabalho promovida pela Anamatra, no seguinte sentido:
HONORÁRIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA - inconstitucional a previsão
de utilização dos créditos trabalhistas reconhecidos em juízo para o
pagamento de despesas do beneficiário da justiça gratuita com honorários
advocatícios ou periciais (artigos 791-A, § 4º, e 790-B, § 4º, da CLT, com a
redação dada pela lei nº 13.467/2017), por ferir os direitos fundamentais à
assistência judiciária gratuita e integral, prestada pelo estado, e à proteção
do salário (artigos 5º, LXXIV, E 7º, X, da constituição federal).
Em todos os casos, merece ser acolhida a tese de inconstitucionalidade, com sua declaração
expressa por este MM. Juízo, aplicando-se o art. 98 do CPC, garantindo-se à parte Autora a
concessão da Justiça Gratuita, a qual deverá abranger, integralmente, as custas processuais, os
honorários periciais, bem assim os honorários de sucumbência, caso haja, em favor dos
procuradores da parte contrária, além dos demais itens constantes do § 1º do aludido
dispositivo legal, sem ressalvas e inadmitia a possibilidade de adimplemento das aludidas
verbas através de parcelas obtidas em outros processos judiciais.
2.7 DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

Nos termos estabelecidos pelo art. 791-A da CLT, na hipótese de procedência total ou parcial
da demanda, requer sejam as Reclamadas condenadas ao pagamento dos honorários
advocatícios concedidos à razão de 15% sobre o valor do montante da condenação, ou em
outro percentual a ser fixado por Vossa Excelência.
2.8 DO DANO MORAL

Durante o período de trabalho, a Reclamante foi frequentemente alvo de discriminação por


parte de seus superiores hierárquicos e colegas de trabalho. Essa discriminação manifestou-se
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por meio de tratamento diferenciado, comentários pejorativos e atitudes hostis, criando um


ambiente laboral intimidante e desrespeitoso.
Em determinada ocasião, a Reclamante foi publicamente humilhada em uma reunião de
equipe, sendo alvo de piadas de mau gosto e comentários depreciativos sobre sua aparência
física e sua capacidade profissional. Além disso, foi constantemente relegada a tarefas menos
importantes e com menor visibilidade, mesmo possuindo capacidades e qualificações para
assumir responsabilidades mais relevantes.
Esses episódios de discriminação e humilhação tiveram um impacto significativo no bem-
estar emocional e na autoestima da Reclamante. Ela passou a sentir ansiedade, estresse e
desconforto ao comparecer ao trabalho, afetando sua saúde mental e seu desempenho
profissional.
É importante ressaltar que a Reclamante nunca deu motivos para ser tratada de maneira
discriminatória ou desrespeitosa. Sempre cumpriu suas obrigações laborais de forma diligente
e profissional, buscando contribuir positivamente para o ambiente de trabalho.
Diante disso, fica evidenciado o dano de natureza moral sofrido pelo Reclamante. Conforme
conceituado por Jorge Pinheiro Castelo, o dano moral é aquele que afeta a esfera interna do
ser humano, causando-lhe dor, tristeza ou outros sentimentos que afetam seu bem-estar
psicológico, sem necessariamente ter repercussões econômicas.
Carlos Alberto Bittar complementa essa visão, destacando que os danos morais são aqueles
que atingem aspectos íntimos da personalidade humana, como a intimidade, a consideração
pessoal e a reputação social.
O abuso de direito ocorrido refletiu no patrimônio moral do Reclamante, uma vez que estão
presentes os requisitos necessários para a reparação desse dano: ação, dolo, dano e nexo
causal.
Portanto, requer-se a condenação da Reclamada ao pagamento de uma indenização por danos
morais em um valor razoável, a ser determinado pelo Juízo, jamais inferior a R$ 20.000,00
(vinte mil reais), devidamente corrigido com juros e correção monetária. Tal quantia não só
visa reparar o prejuízo sofrido pelo Reclamante, mas também possui caráter punitivo,
preventivo e repressor.
2.9 DO VALE ALIMENTAÇÃO

Nos termos da Súmula 241 do TST:


"O vale para refeição, fornecido por força do contrato de trabalho, tem
caráter salarial, integrando a remuneração do empregado, para todos os
efeitos legais."
Notem que a Reforma Trabalhista positivou este entendimento ao descrever expressamente
que os vales não compõem a remuneração exclusivamente quando não disponibilizados em
dinheiro:

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§ 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo,


auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para
viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se
incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de
qualquer encargo trabalhista e previdenciário.
Trata-se de posicionamento firmado nos Tribunais:
COMPETÊNCIA MATERIAL. LIDE ENTRE EMPREGADO E
EMPREGADOR. APLICAÇÃO DO ART. 114, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE PEDIDO SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. (...) Se o próprio empregador se comprometeu por meio
da CN 083/89 a conceder aos aposentados o auxílio alimentação, não pode
deixar de cumprir o avençado (Súmulas nº 51, I e nº 288 do TST). Em igual
sentido, se o auxílio alimentação era pago pela CEF em dinheiro, sob a
rubrica ''reembolso despesa alimentação'' de forma habitual e gratuita, resta
caracterizada sua natureza salarial. Por esse motivo é devido o FGTS sobre a
parcela. (TRT-1 - RO: XXXXX20165010064, Relator: VOLIA BOMFIM
CASSAR, Data de Julgamento: 09/11/2016, Segunda Turma, Data de
Publicação: 05/12/2016)
2.10 DO VALE TRANSPORTE

Ao longo de todo o período de trabalho, a Reclamante nunca recebeu o benefício de vale


transporte, conforme estabelecido pelo artigo 4º da Lei nº 7.418/1985, que determina que a
empresa deve custear o transporte do empregado nos trajetos de casa para o trabalho e vice-
versa.
Diante dessa falta de fornecimento do vale transporte, o Reclamante requer o recebimento de
indenização correspondente ao valor do vale transporte diário, calculado conforme estipulado
na legislação. Conforme o § único do artigo 4º da referida Lei, o valor do vale transporte deve
corresponder ao custo de duas conduções diárias, sendo um ônibus na ida e outro na volta,
com desconto do percentual previsto na legislação.
Portanto, requer-se que a Reclamada seja condenada ao pagamento da indenização
correspondente ao valor do vale transporte diário de R$ 8,80 (correspondente a duas
conduções no valor de R$ 4,40 cada), devidamente corrigido com juros e correção monetária,
conforme determinação legal.

3 DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:


a) Concessão dos benefícios da justiça gratuita, haja vista a condição de
hipossuficiência financeira do autor, nos termos do Art. 98 e seguintes do
Código de Processo Civil. Alternativamente, caso Vossa Excelência julgue

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adequado, requer a concessão da gratuidade parcial, de acordo com os §§


5.º e 6.º do referido dispositivo legal.

b) A citação dos Réus, para querendo apresentem contestação, sob pena de


revelia e confissão;

c) O reconhecimento do vínculo empregatício da Reclamante com o 1º


Reclamado, com todos os direitos e benefícios decorrentes dessa relação
de trabalho, a partir da data de admissão em março de 2024 até a data
efetiva da rescisão do contrato;

d) O pagamento das verbas rescisórias devidas, incluindo o aviso prévio


indenizado, férias proporcionais acrescidas do terço constitucional, 13º
salário proporcional, além da multa do FGTS prevista no artigo 18 da Lei
n.º 8.036/90;

e) A condenação da Reclamada ao pagamento das diferenças salariais


referentes ao período em que a Reclamante não recebeu o vale-transporte e
o salário no prazo legalmente estipulado, bem como ao pagamento do vale
transporte devido durante todo o contrato de trabalho;

f) A indenização por danos morais decorrentes das situações vexatórias e


constrangedoras enfrentadas pela Reclamante no ambiente de trabalho, em
valor razoável a ser fixado pelo MM. Juízo, nunca inferior a R$ 20.000,00
(vinte mil reais), a ser devidamente corrigido com juros e correção
monetária; R$20.000,00

g) O pagamento das multas previstas nos artigos 467 e 477 da CLT,


conforme já detalhado anteriormente;

h) Da inversão do ônus da prova;

i) A condenação das Requeridas nas custas judiciais e honorários


advocatícios, estes a serem fixados por Vossa Excelência no que tange Art.
85 § 2º e § 6º do CPC, 20% sobre o valor da condenação.

4 DA JUSTIFICAVA DO VALOR DA CAUSA

O valor atribuído à causa, no montante de R$ 27.278,55 (vinte e sete mil, duzentos e setenta e
oito reais e cinquenta e cinco centavos), fundamenta-se nos direitos trabalhistas pleiteados
pela Reclamante e nas circunstâncias fáticas e jurídicas do caso em questão.
Primeiramente, considerando o reconhecimento do vínculo empregatício da Reclamante,
decorrem os direitos inerentes a essa relação de trabalho, tais como o pagamento das verbas
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rescisórias, indenizações por danos morais, diferenças salariais, multas previstas na legislação
trabalhista, além dos honorários advocatícios e custas processuais.
Em relação às verbas rescisórias, incluem-se o aviso prévio indenizado, férias proporcionais
acrescidas do terço constitucional, 13º salário proporcional, além da multa do FGTS prevista
no artigo 18 da Lei n.º 8.036/90. As diferenças salariais referem-se ao não pagamento do
vale-transporte e ao atraso no pagamento do salário nos termos legais.
A indenização por danos morais decorre das situações vexatórias e constrangedoras
enfrentadas pela Reclamante no ambiente de trabalho, as quais geraram impactos
significativos em sua saúde emocional e integridade pessoal.
Ademais, há a necessidade de pagamento das multas previstas nos artigos 467 e 477 da CLT,
bem como a correção monetária e incidência de juros legais sobre os valores devidos,
conforme determinação judicial.
Portanto, o valor atribuído à causa é justificado pelas violações aos direitos trabalhistas da
Reclamante e pelos prejuízos sofridos em decorrência das irregularidades cometidas pelo 1º
Reclamado durante o período laboral, buscando-se a reparação integral dos danos e a garantia
da justiça no presente processo."
Dá-se o valor da causa em R$ 27.278,55 (vinte e sete mil, duzentos e setenta e oito reais e
cinquenta e cinco centavos).

Nesses Termos
Pede-se Deferimento
Campinas/SP, 26 de abril de 2024

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