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EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA MM.

__ª VARA DO
TRABALHO DE MARACANÃ/PA.

MADILSON SANTANA ALEXANDRE, brasileiro, casado, caseiro, Portador do


RG de nº7741537 PC/PA, inscrito no CPF sob o nº.038.046.642-29, residente e domiciliado
na BR 316, Condomínio Viver Melhor Marituba, Bloco 2, Ap. 302, Parque Verde –
Marituba/PA, CEP: 67200-000, vem respeitosamente perante V. Excelência, por meio de
seus advogados infra assinados (mandato em anexo), propor a presente RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA em face de ALCEDINHO ARANHA SOUZA, C cidade nova 6, we 68nº 422 entre
sn 21 e sn 6., pelo fato e fundamentos que passa a expor:

I - PRELIMINARMENTE
A) DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O Reclamante é pessoa natural, brasileira e, infelizmente, desde que
perdeu o emprego (não registrado legalmente), não possui recursos financeiros suficientes
para custear as despesas familiares, muito menos as despesas e encargos processuais,
enquadrando-se perfeitamente nos moldes do art. 98 do atual CPC, estando ciente dos
ditames do §2º do citado artigo, vejamos:

"§2º. A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade


do beneficio pelas despesas processuais e pelos honorários
advocatícios decorrentes de sua sucumbência. §3º. Vencido o
beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência
ficarão sob condições suspensiva de exigibilidade e somente
poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao
transito e julgado da decisão que as certificou, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão da gratuidade, extinguindo-
se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário."

Ademais, menciona-se o estipulado nos art. 85, §18 e art. 322, §1º do atual
CPC, respectivamente:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao


advogado do vencedor.
[...]
§ 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto
ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação
autônoma para sua definição e cobrança
[...]
Art. 322. O pedido deve ser certo.
§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção
monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários
advocatícios.

Pelo exposto, por ser considerada pessoa hipossuficiente na concepção


jurídica do termo e, por também enquadrar-se no art. 5º, LXXIV, da CF e art. 790, §3º, da
CLT, requer que seja deferido a seu favor os benefícios da justiça gratuita, bem como os
honorários sucumbenciais que lhe couberem conforme os moldes legais.

II – DOS FATOS
O Reclamante, no dia 15/02/2018, foi convidado pelo Reclamado para
realizar serviço de caseiro3 casa na Tv. Aranha s/n, px. a Rua Dr. Jatene, Vila do Mocoóca,
Maracanã/PA, CEP: 68.710-000.
No local realizava diariamente os serviços de manutenção nas 3 (três)
residenciais, roçava, limpava a imensa área, cuidava das plantas, vigilava a embarcação tipo
voadeira do empregador no valor de R$40.000,00, além de pequeno serviço de pedreiro no
qual assentamento.
Para corroborar o art. 3º da CLT define o empregado como:

"toda pessoa física que prestar serviços de natureza não


eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário".

Empregado é o trabalhador subordinado que recebe ordens, é pessoa física


que trabalha todos os dias ou periodicamente e é assalariado, ou seja, não é um trabalhador
que presta seus serviços apenas de vez em quando ou esporadicamente. Além do que, é um
trabalhador que presta pessoalmente os serviços.
Desta forma, EMPREGADO é toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, de forma pessoal, sob a dependência deste e
mediante salário, nos termos do disposto na CLT.
Para evitar qualquer tipo de prova documental, o empregador realizava o
pagamento em espécie e somente com um recibo, que ficava sob sua responsabilidade, não
entregando qualquer documento ao Reclamante.
Inúmeras vezes o empregador informou ao reclamante que regularizaria
sua situação através da assinatura a CTPS com data retroativa e sempre que o Reclamante
era chamado pelo Reclamado, imaginava que era para ter sua situação de empregado
regularizado. Porém, só recebia mais serviço para realizar.
No dia 05/04/2022 foi chamado pela ultima vez pelo Reclamado. Desta vez
foi para ser dispensado sem direito de receber suas verbas rescisórias, já que não tinha
carteira de trabalho assinada e ainda foi proibido de frequentar o local, já que não tinha
mais vínculo.
Sempre que buscou entrar em contato com reclamado, este não o atendeu
mais, por fim, mandando-o procurar seu direito na justiça, se assim entendesse.
Sem alternativa, busca o judiciário para resolver este imbróglio.

III - DA ADMISSÃO / FUNÇÃO / SALÁRIO / DISPENSA


O Reclamante foi contratado no dia 09/10/2020 e foi demitido no dia
05/04/2022, laborava como caseiro, responsável por 3 residências de propriedade do
reclamado, realizando serviço em geral nos locais entre outros reparos diários e cotidianos.
Sua jornada de trabalho era cumprida da seguinte forma:

I - de segunda-feira à sexta no horário de 8hs às 18:00hs


II - no sábado no horário de 8hs às 12hs;
III – Remuneração mensal de R$400,00 (quatrocentos reais).

Até o dia de ser dispensado sem justo motivo.

IV - DO DIREITO

A) DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO DE EMPREGO E DA ASSINATURA


DA CTPS.
Como relatado pelo Reclamante, o primeiro reclamado em todo o seu
período laboral nunca procedeu com a assinatura de sua CTPS, ocorre que essa situação está
em total desconformidade com o ordenamento jurídico brasileiro.
No caso em comento há o vínculo empregatício com a reclamada, pois
existem os requisitos que configuram a relação de emprego, quais sejam: a subordinação,
onerosidade, não eventualidade e a pessoalidade, todos estes requisitos estão encravados
em normativo Especial que disciplina a matéria e preenchidos pelo Reclamante.
Diante dos fatos e das provas contidas nos autos, fica evidente que o
Reclamante faz jus ao reconhecimento do vínculo empregatício e a assinatura de sua CTPS.

B) DO NÃO PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS.


Conforme exposto ao norte, o reclamante requer o pagamento de suas
verbas rescisórias correspondentes ao Aviso Prévio Indenizado; 13º salario durante todo
pacto laboral; Férias com 1/3 durante todo pacto laboral; diferença salarial; saldo do salário;
seguro desemprego e FGTS + 40%, conforme cálculos anexos.
Informamos que a rescisão do reclamante foi calculada levando em
consideração o salário mínimo, com devido abatimento dos R$400,00 (quatrocentos reais)
pagos mensalmente.

C) DANO MORAL POR FALTA DE ASSINATURA NA CTPS


Segundo a doutrina e a jurisprudência majoritárias, a falta de assinatura na
CTPS gera dano moral para o trabalhador, ante a insegurança decorrente desse ato omissivo.
Nesse compasso a boa doutrina dos mestres Christiano Abelardo Fagundes Freitas e Léa
Cristina B. da Silva Paiva, in verbis:

" O ato omissivo do empregador de não proceder à assinatura da CTPS


pode, sim, causar danos morais ao empregado, mormente quando tal
omissão impossibilitar a contratação de crédito no comércio ou tornar
impossível a prova da experiência profissional. Por isso, a CLT determina
que a CTPS seja anotada no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas.
Imprescindível ponderar, ainda, que a falta de assinatura na CTPS traz um
sentimento de manos valia para o trabalhador, um sentimento de estar à
margem do mercado de trabalho formal ( in Manual dos Direitos
Trabalhistas do Empregado e do Empregador Doméstico, pág. 78, 1ª ed.,
2014, LTr, São Paulo)

D) DA FALTA DE DEPÓSITOS NA CONTA VINCULADA DO FGTS


Não obstante o descumprimento da principal obrigação patronal, o
reclamado ainda é inadimplente em outros encargos legais.
Junto à presente, observa-se que não existe cópia do extrato da conta
do FGTS do reclamante por ausência de dados cadastrais, já que o empregador jamais
realizou.
Como se verifica, desde o inicio da atividade laboral jamais foram
realizados depósitos na referida conta.
O comportamento adotado pela empregadora é completamente
contrário ao que é ordenado pela CLT e Lei 8.036/90.
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, criado pela Lei nº
5.107, de 13 de setembro de 1966 e vigente a partir de 01 de janeiro de 1967, serve para
proteger o trabalhador demitido sem justa causa.
O saldo da conta vinculada é formado pelos depósitos mensais efetivados
pelo empregador, equivalentes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
atualização monetária e juros.
O fundo de garantia é para o trabalhador uma certeza de que quando
do rompimento do contrato de trabalho, esteja este amparado por um valor que lhe
preserve a subsistência até, novamente, estar inserido no mercado de trabalho.
A importância vai além de uma obrigação legal, o mesmo reflete na
dignidade do trabalhador, que vendeu a sua força de trabalho, cumpriu com o seu
contrato e em algum momento necessitará do montante ali depositado.
Por se tratar de uma garantia prevista no art. 7º, III da Constituição
Federal do Brasil, traz ao empregador a obrigação de efetuar seu correto e tempestivo
recolhimento, de modo a possibilitar ao empregado, em caso de necessidade, o
recebimento dos valores lá depositados.
Sendo assim, conforme acima exposto, a reclamada deixou de efetuar os
depósitos mensais do FGTS desde o início do vínculo empregatício, ou seja, de outra
maneira prejudica o reclamante, não dando a mínima garantia para esta no caso de
rescisão contratual ou necessidade prevista legalmente para o saque.
Dessa forma, busca a reclamante a condenação da reclamada para que a
mesma seja compelida a efetuar os depósitos do FGTS ainda não realizados e ainda, os
depósitos que se vencerem até a data da rescisão contratual.

E) DO ATRASO NO PAGAMENTO DA RESCISÃO MULTA DO § 8º, DO


ART.477, DA CLT.
No caso em análise, os empregadores deixaram de cumprir os termos da
legislação de regência, não pagando oportunamente os valores rescisórios ao Reclamante
que, por isso mesmo, requer-se a condenação do Reclamado na multa do art.477, § 8º, da
Consolidação das Leis do Trabalho.
F) DA LIBERAÇÃO OU INDENIZAÇÃO DAS GUIAS DO SEGURO
DESEMPREGO

A Reclamante trabalhou (um) ano e 3 (três) meses para a reclamada, pelo


que tem direito ao seguro desemprego, no qual seja indenizada ou que seja liberada as
guias dos seguro desemprego pela Reclamada para recebimento das parcelas pois é do
empregador o ônus da entrega da "Comunicação de Dispensa", no ato da rescisão, para
que o empregado demitido possa obter o benefício estatal do seguro-desemprego.
O não fornecimento das guias do seguro-desemprego enseja o
pagamento de uma indenização substitutiva e a matéria já está definida na Súmula nº.
389, do C. TST.
Logo deverá a Reclamante ter as guias liberadas ou ser indenizada
referente ao seguro desemprego, visto que a Reclamada ainda não disponibilizou as Guias
para que a mesma pudesse dar entrada ao Seguro-desemprego e a mesma tinha este
direito.

G) DO FGTS + 40% DE MULTA.


O reclamado deve comprovar os depósitos fundiários do reclamante, mês a
mês, sob pena de complementação das diferenças existentes.
No caso de não comprovação dos depósitos fundiários, A reclamada deve
ser condenada ao pagamento do valor equivalente a todos os depósitos fundiários de toda a
relação de emprego.
Ainda deve ser deferida em favor do reclamante a multa dos 40% sobre o
FGTS, em virtude da demissão sem justa causa, conforme preceito Constitucional, em seu
art. 7º, inciso III, bem como o § 1º do art. 18 da Lei 8.036/90.

H) DA APLICAÇÃO DA LEI Nº 10.272, de 05.09.2001 DO PAGAMENTO DA


PARTE INCONTROVERSA NOVA REDAÇÃO DO ART.467, DA CLT.
Douto Julgador, o obreiro requer a aplicação do art.467 da CLT, com a
redação que lhe deu o art. 1º, da Lei nº 10.272/2001, publicada no DOU de 6 de setembro de
2001, Seção I, p.15.
Nessa senda, é aplicável o art.467 da CLT, haja vista que o Reclamante foi
dispensado sem receber as verbas rescisórias, consoante cálculos em anexos que são
incontroversas e, por isso mesmo, devem ser pagos pela Reclamada na audiência inaugural,
requerendo-se, em assim não acontecendo, seja a empresa condenada no pagamento da
multa de 50% sobre as referidas verbas.

I) DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA.


A fim de encerrar a discussão acerca do direito dos advogados ao
recebimento dos honorários de sucumbência em processos trabalhistas – discussão que
ainda não encerrará, em razão de manter trato discriminatório entre os advogados que
atuam nessa especializada (honorários entre 5% e 15%) e aqueles que atuam junto à justiça
comum (honorários entre 10% e 20%), deixando de romper em definitivo com décadas de
tratamento discriminatório - a recente reforma trabalhista, estabelece no art. 791-A, o
cabimento de honorários de sucumbência sobre o valor que resultar da liquidação de
sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa.
Assim, com fundamento no novel art. 791-A, da CLT requer a condenação
da reclamada em honorários sucumbenciais no valor correspondente a 15% (quinze por
cento) sobre a condenação e/ou liquidação de sentença.

V - DOS PEDIDOS DO RECLAMANTE


Narrada à causa de pedir, postula o reclamante as seguintes verbas:

A) PARCELAS ILÍQUIDAS:

1- Que seja realizado o protesto extrajudicial da sentença devendo ser


encaminhada copia da certidão de debito ao tabelionato de protestos, para as providencias
da lei 9.492/97.
2- A assinatura da CTPS da reclamante com data de admissão em
15/02/2018, e data de demissão em 23/05/2019, em razão da repercussão do tempo de
serviço.
3- Dos juros e correção monetária.

B) PARCELA LIQUIDA:
Descrição do Bruto Devido ao Reclamante Total
13º SALÁRIO R$1.919,00
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT SOBRE 13º SALÁRIO R$202,00
AVISO PRÉVIO R$1.332,20
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT SOBRE AVISO PRÉVIO R$666,10
DIFERENÇA SALARIAL R$13.583,00
FÉRIAS + 1/3 R$844,44
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT SOBRE FÉRIAS + 1/3 R$422,22
INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL - Ausêencia da assinatura da
CTPS R$1.212,00
SALDO DE SALÁRIO R$202,00
MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT SOBRE SALDO DE SALÁRIO R$101,00
MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT R$400,00
SEGURO DESEMPREGO R$3.878,40
FGTS 8% R$3.205,14
MULTA SOBRE FGTS 40% R$1.239,42
Total R$29.206,92

VI - DAS PROVAS.
O Reclamante entende que os documentos juntados com a presente,
comprovam os fatos articulados. Entretanto, atendendo ao princípio da eventualidade e por
necessária cautela processual, protesta por todos os meios de prova admitidos em direito,
depoimento pessoal da Reclamada, sob pena de confissão, oitiva de testemunhas, juntada
de novos documentos e apresentação do Livro de Ponto pelo Reclamado etc., também sob
as penas da lei.
a) Que a Reclamada seja compelida a efetuar o pagamento em audiência
inaugural das verbas incontroversas, sob as penas do Art. 467 da CLT.
b) Que a reclamada, em audiência inaugural, apresente as guias de
recolhimento de FGTS, de todo o período laborado pelo Reclamante e a multa dos 40%, sob
as penas do Art. 359 do CPC, bem como das guias do Recolhimento Previdenciário.
c) Que a reclamada apresente, todos os registros (DE TODO PACTO
LABORAL) referente à jornada desenvolvida pelo reclamante. Em caso de recusa de
apresentação da documentação, seja considerada verdadeira a jornada declinada nesta
peça.
d) A concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, nos termos
da Lei 1060/50, por se tratar de pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não podendo
arcar com as custas e despesas processuais sem prejuízo alimentar próprio ou de sua família.
e) Requer, por fim, a citação do Réu, nos endereços citados ao norte para,
apresentar defesa, no prazo legal, sob pena de revelia.
f) Protestando por todos os meios de provas em direito admitidas,
especialmente pelo depoimento pessoal do representante das Reclamadas, pena de
confesso, oitiva de testemunhas, juntadas de documentos, e provas periciais, caso V Exa.
Assim entenda.
g) Requer ainda o reclamante que todas as publicações no Diário Oficial,
bem como eventuais Alvarás a serem expedidos, tudo referente à presente reclamatória
sejam feitas em nome de Italo, OAB/PA 20.677, sob pena de nulidade.

6 - DO VALOR DA CAUSA.
Dá-se o presente o valor de R$ 33.524,74 (trinta e três mil e quinhentos e
vinte e quatro reais e setenta e quatro centavos).

Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento

Ananindeua/PA, 08 de outubro de 2022.


__________________________________________
Italo
OAB/PA
Assinatura Digital

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