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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

Alunos: Rodrigo Ferreira de Melo e Verônica Daniela Marquez de Sousa


Disciplina: Prática Real III

AO JUÍZO DA XXX VARA DO TRABALHO DE BOA VISTA - ESTADO DE


RORAIMA

Autos n° xxx.xxx-xx

JOÃO DA SILVA , brasileiro, casado, pedreiro, titular da CTPS nº


xxx, inscrito no CPF sob o nº xxx, portador da carteira de identidade sob o n° xxx,
residente e domiciliado à Rua xxx, nº xxx, Bairro xxx, Cidade de Boa Vista, Cep.nº
xxx, no Estado de Roraima, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, interpor

CONTESTAÇÃO À AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

que lhe move a requerente, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, pelos
motivos que passa a expor:

I - BREVE SÍNTESE

A requerente intentou ação de consignação em pagamento em face do


requerido sob o argumento de que este não foi localizado após diversas tentativas
para receber o pagamento. Portanto, a requerente na intenção desonerar-se da
obrigação, para evitar que houvesse efeitos moratórios e que futuramente o
requerente venha pleitear valores em juízo, ingressou com a mencionada ação.

Vale salientar que as partes acordaram uma data para o pagamento das
verbas rescisórias devidas e a entrega dos documentos hábeis para o requerimento
de outros direitos e na qual o trabalhador faria, também, a retirada dos seus
pertences pessoais, entretanto, o acordo não foi cumprido, tendo em vista que, na
data combinada, a requerida não tinha em caixa o dinheiro suficiente para realizar
suas obrigações legais e quitar o devido, e sequer permitiu que ele pudesse retirar
seus pertences do vestiário, marcando uma nova data para cumprir suas obrigações
no prazo de 60 dias.

II - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Conforme nova redação do § 3º do art. 790 e 790-A da CLT deve ser


concedido o benefício da justiça gratuita ao mesmo, vez que seu salário antes de
sua dispensa, era de valor mínimo, tendo em vista sua atividade de pedreiro ser de
remuneração baixa, cabendo destacar que, no momento encontra-se
desempregado, não possuindo, no momento, qualquer fonte de renda.
Dessa forma, de plano, deve ser concedido o benefício da Justiça Gratuita,
dispensando o mesmo do recolhimento de custas, honorários advocatícios a parte
contrária, em caso de sucumbência e emolumentos.
Como se não bastasse, o atual Código de Processo Civil, elenca a
abrangência da gratuidade da justiça em seu art. 98.
Além do mais, conforme declaração anexa, o Requerido é pobre na acepção
jurídica do termo e não possui recursos para arcar com as custas do processo e
honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e da família.

II.I – DA ABRANGÊNCIA DA JUSTIÇA GRATUITA

Merece ser declarada, mediante sistema de controle de constitucionalidade, e


para atender o disposto no art. 102 e alíneas da CF/88, a inconstitucionalidade e
consequente inaplicabilidade dos artigos 790 e 791-A, § 4º, da CLT.
Considerando que a interpretação literal desses dispositivos exigem do
trabalhador sucumbente na ação, o pagamento dos honorários advocatícios da
parte contrária, descontando o valor das verbas trabalhistas eventualmente
percebidas por ele, inclusive em outro processo, o que viola os princípios da
isonomia processual (art. 5º, caput, CF), da garantia fundamental de gratuidade
judiciária à parte beneficiária da justiça gratuita e do amplo acesso à jurisdição
(art’s. 5º, XXXV, LXXIV, CF e 8º, 1, do Pacto de São José da Costa Rica).
Assim sendo, é necessário o controle de constitucionalidade por esse MM.
Juízo para aplicação da isenção do trabalhador quanto aos honorários advocatícios
de sucumbência em caso de perda em parte dos pedidos, ressaltando que
eventuais créditos recebidos pelo Requerido são de natureza alimentar e,
portanto, não são créditos capazes de suportar a despesa de honorários
advocatícios, de que trata o § 4º do art. 791-A da CLT.

III - DO CABIMENTO DO DANO MORAL

Ao ser informado da demissão, o requerido ficou extremamente triste com a


situação e tentou apelar junto à direção da sociedade empresária para que não
fosse dispensado, pois tinha esposa e dois filhos menores para criar, mas de nada
adiantou.
Posterior a isso, na data marcada que o requerido deveria receber os valores
devidos e buscar seus pertences pessoais, a requerente afirmou não poder cumprir
com suas obrigações uma vez que não possuía o valor em caixa.
O dispositivo 927 do Código Civil dispõe que quando alguém causar dano a
outrem, este fica obrigado a repará-lo, consoante a isso, o artigo 186 do Código
supramencionado prevê que “aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Nesse viés, o requerido ficou constrangido ao saber que não iria receber o
valor na data que a requerente lhe mandou comparecer pessoalmente, tendo em
vista que a data foi escolhida pela própria, e o requerido nada tem a ver se no dia
não havia dinheiro em caixa. Além do mais, o mesmo se viu em apuros e
envergonhado ao ser informado que só iria receber após 60 dias daquela data, uma
vez que ele é o único provedor de sua família e não havia condições de esperar
tanto tempo assim para receber seu pagamento por direito, pois sempre cumpriu
com seus deveres na empresa.
Por fim, requer seja fixado o valor de R$3.000,00 (três mil reais) a título de
danos morais pela situação vexatória a qual foi obrigado a passar.

IV - DO PEDIDO

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) a concessão do benefício da justiça gratuita, nos termos fixados, conforme


autoriza o art. 790, §4º da CLT;
b) a anuência da presente contestação à luz dos aspectos supracitados;
c) a condenação da empresa ao pagamento do valor de R$3.000,00 (três mil
reais) referente ao dano moral causado.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Boa Vista - Roraima, 24 de abril de 2023.


RODRIGO FERREIRA - OAB 123
VERÔNICA MARQUEZ - OAB 321

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