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DOS FATOS
Além dessa dívida ser INEXISTENTE, tendo em vista que JAMAIS teve qualquer
relação com a empresa Ré, impende frisar que na consulta realizada, apesar de constar seu
nome, data de nascimento, CPF, nome de mãe, constava como endereço residencial local
diverso do que o Autor efetivamente reside.
Assim, torna-se imperioso concluir pelo dano moral e material, pois o Autor não
vislumbra outro meio de resolver a situação que se encontra, senão a busca da tutela judicial.
Esta inscrição indevida, ainda que de valor baixo, mais ainda assim indevida,
trouxe sérios prejuízos a vida do Autor, que se viu impedido de adquirir bens, pela atitude
negligente e inaceitável da Requerida.
A jurisprudência entende que a perda de uma chance gera uma indenização, neste
sentido:
DO DANO MORAL
Se por um lado o art. 186 do Código Civil Brasileiro estabeleceu a culpa como
requisito para a responsabilização civil, por outro, o art. 927, § único, definiu a obrigação de
indenizar, independentemente de culpa:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (g.n)
No caso em tela, fica patente o dano moral experimentado pela parte Autora,
sendo pessoa idônea, que jamais contratou com as Requerida, e teve o seu nome inserido nos
cadastros de inadimplentes, por um cadastro que não realizou e bens que jamais comprou.
Com efeito, a pessoa atingida com ato dessa natureza experimenta, de regra,
abalo em sua reputação, vendo ipso facto, atingido perniciosamente o conceito que era tido e
considerada no meio social por irresponsabilidade da empresa Ré.
O dano moral aqui veiculado é in re ipsa, ou seja, decorre do próprio fato ou ato
causador da lesão, não havendo que se falar em prova da alteração do estado anímico do
agente. Esclarece-se que, o patrimônio moral, ou seja, não material do indivíduo, diz respeito
aos bens de natureza espiritual da pessoa.
A reparação do dano moral deve ser impositiva, toda vez que a prática de qualquer
ato ilícito viole a esfera íntima da pessoa, causando-lhe humilhações, vexames,
constrangimentos, dores, dentre outros sentimento negativos.
Diante dos fatos narrados nesta inicial, dentro dos critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, requer se digne Vossa Excelência condenar a empresa Requerida ao
pagamento à parte Autora pelos danos morais sofridos, refletindo de modo expressivo, no
patrimônio da lesante, de modo que este venha a sentir a resposta da ordem jurídica,
enquanto efeito do resultado lesivo produzido na vitima, no valor de R$20.000,00 (vinte mil
reais).
Frise-se Excelência, caso seja condenada a empresa Ré em valor ínfimo,
certamente não alcançará o objetivo que é de desestimular a prática de novos danos, em
contrapartida, jamais qualquer valor representaria a parte Autora enriquecimento ilícito, e a
compensação pecuniária é o mínimo que se espera para compensar os dissabores por este
experimentados.
O art. 6º, VIII do CPC não veio trazer insustentável privilégio ao consumidor, mas
sim, neutralizar as desigualdades que antes constituíam entrave à realização da verdadeira
justiça, pelas dificuldades que a parte mais frágil enfrentava para alcançar a tutela
jurisdicional e conseguir fazer a prova que a norma geral do art. 333 do CPC lhe imputava.
“Número 28648 Ano 2008 Magistrado DES. JOSÉ FERREIRA LEITE Ementa
RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS - TUTELA ANTECIPADA - REQUISITOS DO ART. 273, CAPUT
E INCISO I, DO CPC - DEMONSTRADOS - DEFERIMENTO - DECISÃO MANTIDA -
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Presentes e bem demonstrados os
requisitos autorizadores para a concessão da tutela antecipada, isto é, a
prova inequívoca da verossimilhança da alegação e a existência de fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação (art. 273, caput e inciso
I, do CPC), a manutenção da decisão singular que a deferiu é medida que se
impõe. 2. Recurso conhecido e improvido”.
DO PERICULUM IN MORA
Excelência, o mais gravoso efeito do ato ilícito e abusivo praticado pela empresa
Ré, o qual caracteriza o periculum in mora, reside na manutenção da restrição junto aos
órgãos de restrição ao crédito de uma dívida inexistente e que não foi o Autor quem
contraiu, inclusive havendo no cadastro endereço diverso do autor, demonstrando-se assim a
fraude com o CPF do autor.
Assim, se tiver de esperar a decisão final, com toda certeza, dados os prazos
judiciários, e os recursos cabíveis, corre esta justiça o risco de permitir a continuação
indefinida da ilegalidade, trazendo sérios prejuízos àquela.
PEDIDOS
PRELIMINARMENTE
1 – Requer seja deferido à medida cautelar liminar, inaudita altera parte, para
determinar a imediata exclusão do CPF do Autor do Serasa e SPC, vez que ocorreu fraude
com o CPF do Autor, não sendo sequer o mesmo endereço que o Autor reside há anos ,
oficiando-se aos órgãos de proteção ao crédito e intimando-se a Ré desta decisão a fim de que
se abstenha de proceder a inscrição novamente, cominando em caso de descumprimento,
multa por dia de atraso, conforme previsto no art. 461, §5° do CPC.
NO MÉRITO
Nestes termos,
pede deferimento.
Izabelle Epifânio
OAB/MT 19.915