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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA

COMARCA DE DIAMANTINO, ESTADO DE MATO GROSSO.

PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

HARRY POTTER, brasileiro, solteiro, vendedor, portador da Cédula de identidade


RG n° 00000-0 SSP/MT e inscrito no CPF sob nº 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua
02 – Rua dos Pássaros, S/N, Bairro Buriti, no município de Diamantino – MT, vem
respeitosamente diante de Vossa Excelência, por intermédio de seus procuradores infra –
assinada, propor:

AÇÃO DE INEXISTENCIA DE RELAÇÃO CONTRATUAL


C/C INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO E INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS

Em face de ALGODAO DOCE Administradora de Cartões Ltda, pessoa jurídica com


endereço sede na Rua Voluntários da Pátria n° 350 – sala 21, Bairro: Centro Norte, Cep:
78.005-180, na cidade de Cuiabá, Estado de Mato Grosso, inscrita no CNPJ sob o no
08.611.734/0001-19, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

DOS FATOS

O autor é vendedor, e objetivando crédito em seu nome em uma instituição


financeira, ao consultar seu CPF, verificou-se que estava com restrições.
Inconformado com tal situação, se dirigiu à ACID em Diamantino, e pediu que
retirassem um extrato do seu CPF, tendo sido surpreendido com registro de débito em seu
nome desde a data de 18/02/2023 pela instituição ALGODÃO DOCE, no valor de R$387,81
(trezentos e oitenta e sete reais e oitenta e um centavos)

Além dessa dívida ser INEXISTENTE, tendo em vista que JAMAIS teve qualquer
relação com a empresa Ré, impende frisar que na consulta realizada, apesar de constar seu
nome, data de nascimento, CPF, nome de mãe, constava como endereço residencial local
diverso do que o Autor efetivamente reside.

Insta salientar que o Autor nunca residiu na cidade de Cuiabá, no bairro do


Porto, ou em qualquer outro bairro da capital mato-grossense.

Assim, conforme consta no comprovante de residência, o Autor reside na


mesma casa na cidade de Diamantino há quase 10 (dez) anos:

Endereço diverso do que consta no registro do SPC:


Logo, pode-se notar que apesar de ser nome do autor e seu CPF, os dados estão
errados, vez que trata-se de uma fraude. Contudo, o requerente não pode continuar sofrendo
dissabores por uma fraude e negligência da empresa ré que inseriu indevidamente seu nome
no rol de maus pagadores, sendo que tal dívida NUNCA EXISTIU.

Vale ressaltar que o autor JAMAIS ABRIU CADASTRO OU ADQUIRIU SERVIÇOS DA


ALGODÃO DOCE, o que leva a certeza de que a dívida não lhe pertence.

Conforme já informado, o autor necessita de seu nome limpo, e está sofrendo os


danos tendo em vista a conduta da empresa Ré em realizar cadastro de pessoas, bem como
vendas de produtos sem se comprometer em averiguar se os dados cadastrais estão corretos,
tendo havido fraude com o nome do autor e a empresa tendo incluído o nome do AUTOR POR
quase UM ANO no SPC, causando inconvenientes além do suportável.

Assim, torna-se imperioso concluir pelo dano moral e material, pois o Autor não
vislumbra outro meio de resolver a situação que se encontra, senão a busca da tutela judicial.

DA INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA E INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO

Conforme informado alhures, o Autor jamais contraiu o débito com a ALGODÃO


DOCE, que gerou a inscrição indevida de seu CPF nos órgãos de proteção ao crédito, pois não
houve relação jurídica alguma entre ambos.
Os Tribunais têm se manifestado no sentido, de que quando a parte faz cobrança
de créditos advindos de relação jurídica inexistente, este deve ser reparado.

“Numero: 11755 Ano: 2007 Magistrado: DES. MARIANO ALONSO RIBEIRO


TRAVASSOS.Ementa: RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE
RELAÇÃO JURÍDICA C/C DANOS MORAIS - INSCRIÇÃO DE NOME EM CADASTROS
DE DEVEDORES INADIMPLENTES - DANO IN RE IPSA - AUSÊNCIA DE PROVA DE
RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE AS PARTES - DÉBITOS INADIMPLIDOS DECORRENTES
DA RELAÇÃO - INEXISTÊNCIA - ÔNUS DO APELANTE - DANOS MORAIS -
PRESENTES - RECURSO IMPROVIDO. Comete ato ilícito a parte que faz
cobranças de créditos advindos de relação jurídica inexistente, devendo,
portanto, ser reparado. Em sendo declarado a inexistência da relação
jurídica entre as partes, constitui consectário lógico a declaração de
inexigibilidade dos débitos decorrentes dessa relação. A inscrição indevida
nos bancos de proteção ao crédito enseja dano moral in re ipsa.” (g.n)

Deste modo Excelência, exime-se de dúvidas a inexistência de relação jurídica


entre as partes, necessário se faz que esta seja declarada por Vossa Excelência, e
consequentemente a inexigibilidade do débito lançado contra o Autor, determinando assim a
retirada do CPF do Autor dos órgãos de proteção ao crédito.

Diante do exposto requer-se, a Vossa Excelência que declare a inexistência de


relação jurídica entre parte Autora e a Requerida com fulcro no art. 4º, I, do Código de
Processo Civil, e consequentemente a inexigibilidade do débito, tendo em vista que NUNCA
houve dívida com tal empresa.

DOS PREJUIZOS CAUSADOS PELA INSCRIÇÃO INDEVIDA DO CPF DO REQUERENTE NOS


ORGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO - TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE

A teoria da perda de uma chance, segundo Cavalieri Filho, aproxima-se do lucro


cessante, caracterizando um novo instituto ocorre quando em razão da conduta de outrem,
“desaparece a probabilidade de um evento que possibilitaria um benefício futuro para a
vítima”.
Ou seja, o dano evidencia-se sempre que alguém perde a possibilidade séria e real
de conseguir um resultado ou de evitar um dano. O autor realça ainda que a indenização deve
ser pela perda da oportunidade de obter uma vantagem e não pela perda da própria
vantagem, isto é, diferencia-se a possibilidade de se conseguir certo benefício futuro do
próprio benefício.

Excelência, em face da inscrição em nome do Autor, e ainda, com dados


cadastrais fraudulentos, tendo em vista que nunca residiu no endereço que consta na
inscrição, mister a sua elucidação a este douto juízo, para que os fatos ocorridos com o Autor
não sejam considerados mero dissabor, ou algum fato cotidiano.

Esta inscrição indevida, ainda que de valor baixo, mais ainda assim indevida,
trouxe sérios prejuízos a vida do Autor, que se viu impedido de adquirir bens, pela atitude
negligente e inaceitável da Requerida.

A jurisprudência entende que a perda de uma chance gera uma indenização, neste
sentido:

A teoria da perda de uma chance tem como pressuposto a ocorrência de uma


chance séria e real, devendo, a priori ser analisado o "plano de existência" da
oportunidade para, em seguida, verificar-se a probabilidade de a vítima vir a
lograr êxito na persecução da vantagem esperada. V- Apelação não provida.
(TRF 5ª R. – AC 2009.80.00.003417-1 – (500521/AL) – 4ª T. – Rel. Des. Fed.
Edilson Pereira Nobre Júnior – DJe 30.06.2011 – p. 695)

Refere-se à indenização pela "perda de uma chance ou oportunidade", quando


a vítima é privada da oportunidade de obter certa vantagem, em face de
ato ilícito praticado por terceiro, configurando-se um prejuízo material
indenizável, consubstanciado na real probabilidade de um resultado favorável
esperado, caso não fosse obstado pela conduta ilegal do ofensor (TRT- 3ª R-
RECURSO ORDINÁRIO- RELATOR(A): cleube de freitas pereira - Processo nº:
01405-2008-077-03-00-0 turma: 8ª - Data de publicação: 25/05/2009)

INDENIZAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS – Incêndio em imóvel provocado


por curto circuito em instalação elétrica de poste de rede pública. Imóvel
utilizado para locação. Sentença que acolheu em parte o pedido de
indenização por lucros cessantes e integralmente o de danos emergentes,
negando o dano moral. 2- Danos emergentes bem reconhecidos e arbitrados na
sentença. Recurso, nesse ponto, desacolhido. 3- Lucros cessantes que são
devidos, pois que o incêndio privou a autora da disponibilidade dos prédios,
impedindo-a de dá-los em locação e obter de renda mensal. Situação que se
qualifica como perda de uma chance, que a doutrina reconhece como
geradora de indenização. Verba que não era imaginária. Considerações
sobre a prova dos lucros cessantes e sobre a fixação do valor respectivo.
Indenização que se deve fixar de modo eqüitativo, em ordem a impedir se
converta em fonte de enriquecimento sem causa. 4- Dano moral igualmente
reconhecido. Fato que gerou intensa comoção, perigo e transtornos, a causar
muito mais do que mera contrariedade. Por força do sinistro, a autora perdeu
a disponibilidade de valioso patrimônio que representava fonte substancial de
renda, colocando-a em situação de angustiosa espera pela indenização, que
haveria de ser paga sem tardança e sem grandes discussões. Recurso da autora
parcialmente provido. Recurso da ré desprovido. (TJSP – Ap 992.07.062615-3 –
Guarulhos – 29ª CDPriv. – Rel. Reinaldo Caldas – DJe 15.12.2010 – p. 1064)

Desta forma, requer a vossa excelência a condenação da Requerida na indenização


pelos danos morais sofridos, o que no mínimo se acredita e espera, que Vossa Excelência leve
em consideração no arbitramento da indenização pelo dano moral, os prejuízos sofridos e
devidamente comprovados, nestes autos, conforme fundamentação e documentação anexa.

DO DANO MORAL

A escalada da sociedade industrial, originária da revolução industrial e tecnológica,


determinou um acentuado desequilíbrio entre fornecedores e consumidores. Surgiu, assim, a
necessidade da criação de mecanismos de proteção e defesa dos consumidores.

Com a edição do Código de Defesa do Consumidor (CDC), em 11.9.90, o legislador


trouxe para as relações de consumo um dos grandes avanços da responsabilidade civil, tanto
no país como nos outros países estrangeiros, qual seja, a sua objetivação, excluindo, assim, a
culpa da qualidade de requisito adjetivador da conduta do causador do dano, para a
responsabilização no âmbito civil. 1[1]

Se por um lado o art. 186 do Código Civil Brasileiro estabeleceu a culpa como
requisito para a responsabilização civil, por outro, o art. 927, § único, definiu a obrigação de
indenizar, independentemente de culpa:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito. (g.n)

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (g.n)

No caso em tela, fica patente o dano moral experimentado pela parte Autora,
sendo pessoa idônea, que jamais contratou com as Requerida, e teve o seu nome inserido nos
cadastros de inadimplentes, por um cadastro que não realizou e bens que jamais comprou.

Com efeito, a pessoa atingida com ato dessa natureza experimenta, de regra,
abalo em sua reputação, vendo ipso facto, atingido perniciosamente o conceito que era tido e
considerada no meio social por irresponsabilidade da empresa Ré.

O dano moral aqui veiculado é in re ipsa, ou seja, decorre do próprio fato ou ato
causador da lesão, não havendo que se falar em prova da alteração do estado anímico do
agente. Esclarece-se que, o patrimônio moral, ou seja, não material do indivíduo, diz respeito
aos bens de natureza espiritual da pessoa.

Na expressão do insigne jurista Wilson Mello da Silva:


1[1] “Doutrinas Essenciais - Responsabilidade civil, v.4 – Indenizabilidade e direito do consumidor / Nelson Nery
Junior, Rosa Maria de Andrade Nery organizadores. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.”
“o dano moral teria, como pressuposto ontológico, à dor, vale dizer,
o sofrimento moral ou mesmo físico inferido à vítima por atos
ilícitos, em face de todas circunstâncias, ainda mesmo que por
ocasião do descumprimento do contratualmente avençado. O
chamado dano moral tem estreita conotação com a dor, seja moral ou a
dor física. Os danos morais são os danos da alma, como dizia o apóstolo
São João. O dano moral, pois, é absolutamente distinto do dano
material, que é palpável e não tão difícil de ser avaliado. Aos prejuízos
ou danos, aos quais, pela própria natureza subjetiva de que se
revestem, é impossível encontrar equivalente patrimonial, reservamos
o nome de danos morais”. (g.n)

A reparação do dano moral deve ser impositiva, toda vez que a prática de qualquer
ato ilícito viole a esfera íntima da pessoa, causando-lhe humilhações, vexames,
constrangimentos, dores, dentre outros sentimento negativos.

Considerando a finalidade compensatória e punitiva do reconhecimento do dano


moral, bem como os princípios da razoabilidade, na fixação dos danos morais há de ser
ressaltado o dever de análise dos reflexos do dano moral na sociedade, com avaliação dos
fatos desequilibradores das relações sociais e negociais vivenciadas entre seus integrantes,
para que haja uma firmação sociológica de condutas regulatórias.

A indenização, no caso, deve levar em conta, além da condição pessoal do Autor,


e, sobretudo, a situação econômico-financeira da parte Ré, que se trata de poderosa empresa.

Diante dos fatos narrados nesta inicial, dentro dos critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, requer se digne Vossa Excelência condenar a empresa Requerida ao
pagamento à parte Autora pelos danos morais sofridos, refletindo de modo expressivo, no
patrimônio da lesante, de modo que este venha a sentir a resposta da ordem jurídica,
enquanto efeito do resultado lesivo produzido na vitima, no valor de R$20.000,00 (vinte mil
reais).
Frise-se Excelência, caso seja condenada a empresa Ré em valor ínfimo,
certamente não alcançará o objetivo que é de desestimular a prática de novos danos, em
contrapartida, jamais qualquer valor representaria a parte Autora enriquecimento ilícito, e a
compensação pecuniária é o mínimo que se espera para compensar os dissabores por este
experimentados.

DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Conforme disposto no artigo 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor, os quais


definem consumidor e fornecedor, e, por ser esta, típica relação de consumo,
obrigatoriamente deve ser analisada a presente questio, sob da ótica do Código Consumerista.

E ainda, o Código de Defesa do Consumidor prevê expressamente em seu art. 6º,


inciso VIII, a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, como facilitador na defesa
dos seus direitos.

O art. 6º, VIII do CPC não veio trazer insustentável privilégio ao consumidor, mas
sim, neutralizar as desigualdades que antes constituíam entrave à realização da verdadeira
justiça, pelas dificuldades que a parte mais frágil enfrentava para alcançar a tutela
jurisdicional e conseguir fazer a prova que a norma geral do art. 333 do CPC lhe imputava.

Face ao exposto, requer a inversão do ônus da prova em favor do Autor, como


forma de facilitação da defesa de seu direito, conforme previsão do art. 6º, inciso VIII do CDC,
forçando a empresa Ré a produzir todas as provas necessárias para o deslinde do litígio,
arcando inclusive com os encargos decorrentes da produção das provas, que se fizerem
necessárias para elidir a presunção de veracidade de que goza o consumidor sob pena dos
pedidos ora apresentados serem julgados totalmente procedentes.

DA MEDIDA CAUTELAR LIMINAR

Segundo o eminente processualista Galeno Lacerda (Comentários ao Código de


Processo Civil, vol. VIII, tomo I, ed. Forense, p. 249) presentes os requisitos fundamentais, o
periculum in mora e o fummus boni iuris, impende ao magistrado, com discrição, conceder a
liminar.

Sobre o tema em questão, o insigne Desembargador Athaide Monteiro da Silva, em


um acórdão registrou em palavras indeléveis que mereceram uma citação de Galeno Lacerda
na maior obra brasileira de Direito Processual Civil, produzida pela Editora Forense, sob a
coordenação do doutrinador exponencial Barbosa Moreira:

“Não justifica, também, o indeferimento da liminar o argumento do


ilustrado julgador, no sentido de que se trataria de mera faculdade
outorgada ao juiz, eis que o ser facultado conceder ou não aquela não é
o mesmo que proceder arbitrariamente seja porque lhe apraz deferi-la,
seja porque não lhe agrada concedê-la. O que o juiz deve ter em vista é
a probabilidade da ocorrência de atos capazes de causar lesões de
difícil e incerta reparação ao direito de uma das partes: portanto, se o
arbítrio entre conceder ou negar a providência cautelar é vinculado,
seja pelo aspecto do fumus boni iuris, seja pela demora da decisão do
processo principal”.

Assim conforme apresentado, o caso merece o acolhimento do pedido de medida


cautelar liminar pelos fatos e fundamentos apresentados, tendo em vista que trata-se de
fraude a inclusão do CPF do autor nos órgãos de proteção ao crédito, com endereço distinto do
autor, restando evidente que houve fraude com seu nome, e ficando cabalmente
demonstrados o fumus boni iuris e o periculum in mora.

DO FUMUS BONI IURIS

Os fatos aduzidos pelo Autor estão amplamente comprovados através dos


documentos ora juntados, sendo perfeitamente visualizada a fumaça de seu direito,
merecendo, portanto, a concessão da liminar.
E mais, a retirada do nome do Autor dos cadastros de proteção ao crédito em
medida liminar não prejudicará a parte Ré, porém permitira que o Autor continue a sua vida,
podendo realizar suas compras a prazo.
Têm decidido e concedido os Tribunais Pátrios quanto à liminar no sentido de:

“Número 28648 Ano 2008 Magistrado DES. JOSÉ FERREIRA LEITE Ementa
RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS - TUTELA ANTECIPADA - REQUISITOS DO ART. 273, CAPUT
E INCISO I, DO CPC - DEMONSTRADOS - DEFERIMENTO - DECISÃO MANTIDA -
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Presentes e bem demonstrados os
requisitos autorizadores para a concessão da tutela antecipada, isto é, a
prova inequívoca da verossimilhança da alegação e a existência de fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação (art. 273, caput e inciso
I, do CPC), a manutenção da decisão singular que a deferiu é medida que se
impõe. 2. Recurso conhecido e improvido”.

DO PERICULUM IN MORA

Excelência, o mais gravoso efeito do ato ilícito e abusivo praticado pela empresa
Ré, o qual caracteriza o periculum in mora, reside na manutenção da restrição junto aos
órgãos de restrição ao crédito de uma dívida inexistente e que não foi o Autor quem
contraiu, inclusive havendo no cadastro endereço diverso do autor, demonstrando-se assim a
fraude com o CPF do autor.

O deferimento da medida liminar trata-se de caso urgente, na medida em que o


Autor, como vendedor, depende irrefutavelmente do crédito para suas atividades cotidianas.

Assim, se tiver de esperar a decisão final, com toda certeza, dados os prazos
judiciários, e os recursos cabíveis, corre esta justiça o risco de permitir a continuação
indefinida da ilegalidade, trazendo sérios prejuízos àquela.

Face ao exposto requer a Vossa Excelência a concessão da liminar apresentada, ou


pelo poder geral de cautela (art. 798 do CPC), inaudita altera parte, a fim de que seja
determinada a imediata exclusão do CPF do Autor do Serasa e SPC, oficiando-se aos órgãos
de proteção ao crédito e intimando-se a Ré desta decisão a fim de que se abstenha de
proceder a inscrição novamente, cominando em caso de descumprimento, multa por dia de
atraso, conforme previsto no art. 461, §5° do CPC.

PEDIDOS

PRELIMINARMENTE

Face ao exposto, e com fulcro na legislação vigente requer:

1 – Requer seja deferido à medida cautelar liminar, inaudita altera parte, para
determinar a imediata exclusão do CPF do Autor do Serasa e SPC, vez que ocorreu fraude
com o CPF do Autor, não sendo sequer o mesmo endereço que o Autor reside há anos ,
oficiando-se aos órgãos de proteção ao crédito e intimando-se a Ré desta decisão a fim de que
se abstenha de proceder a inscrição novamente, cominando em caso de descumprimento,
multa por dia de atraso, conforme previsto no art. 461, §5° do CPC.

2 – Requer seja aplicada a Lei n° 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor, e


concedido o benefício da inversão do ônus da prova em favor do Autor, forçando deste modo
à parte Requerida a providenciar todas as provas que entenda suficiente.

3- Requer seja deferido os benefícios da justiça gratuita conforme petição assinada


pelo Autor.

NO MÉRITO

1 – A declaração da inexistência de relação jurídica bem como a consequente


inexigibilidade do débito ora discuto, vez que o Autor jamais efetuou cadastrou ou adquiriu
produtos com a Requerida.

2 - A condenação da parte Ré ao pagamento da indenização pelos danos morais, no


valor R$20.000,00 (vinte mil reais), valor este proporcional ao dano sofrido.
REQUERIMENTO FINAL

Face ao exposto e, pelos fundamentos fáticos e jurídicos, requer seja a presente


ação recebida, e sejam seus pedidos julgados totalmente procedentes, para condenar a parte
Ré ao pagamento dos danos morais e materiais em favor do Autor, conforme exposto nesta
peça.

Requer a citação da Requerida por correspondência com Aviso de Recebimento,


conforme disposto na Lei n° 9.099/95, para que no prazo legal, querendo, conteste a inicial,
sob os efeitos da revelia e pena de confissão quanto à matéria de fato.

Requer, se necessário, a produção de todos os meios de provas em direito


admitidas, documentais, testemunhais, depoimento pessoal do representante legal da parte
Ré, sob os efeitos da revelia e pena de confissão quanto à matéria fática.

Requer ao final, que todas as notificações e/ou intimações referentes ao processo


sejam encaminhadas exclusivamente e unicamente aos cuidados da DRA. IZABELLE EPIFÂNIO,
inscrita na OAB/MT sob o nº 19.915, no endereço de seu escritório, sito, na cidade e comarca
de Diamantino/MT, no email izabelle@epfadvocacia.com, assim como todas as publicações a
serem inseridas na imprensa oficial, o sejam com remissão expressa à advogada retro
mencionada, sob pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais),

Nestes termos,
pede deferimento.

Diamantino – MT, 09 de novembro de 2023.

Izabelle Epifânio
OAB/MT 19.915

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