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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA

CÍVEL DA COMARCA DE MACAÉ- RJ.

GERSON, brasileiro, solteiro, médico, inscrito no CPF nº ____, portador


da cédula de identidade nº _____, endereço eletrônico.: _______, residente e
domiciliado à _____, Vitoria/ES, CEP.: ____, vem por seu procurador, com
escritório à ____, CEP.: ___ local onde receberá intimações na forma do artigo
77, inciso V do Código de Processo Civil propor

AÇÃO PAULIANA

Pelo rito comum, em face de BERNARDO, nacionalidade, viúvo,


profissão, inscrito no CPF nº ______, portador da cédula de identidade
nº_____, endereço eletronico______, residente e domiciliado à _____, bairro,
Salvador/BA, CEP:_______ e JANAINA, menor impúbere, nacionalidade,
estado civil, profissão, inscrita no CPF:______, portadora da cédula de
identidade nº_____, endereço eletrônico, residente e domiciliada à ____,
bairro, Macaé/RJ, CEP:_____, neste ato representada por sua GENITORA,
nome, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrita no CPF nº____, portadora
da cédula de identidade nº_____, endereço eletronico ____, residente e
domiciliada à ____, bairro, Macaé/RJ, CEP:_____, com espeque nos artigos
158 e 171, II, C.C, pelos fatos e direitos à seguir elencados:

I- DA OPÇÃO DO AUTOR PELA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE


CONCILIÇÃO OU MEDIAÇÃO

O autor opta ou o autor não opta pela realização da audiência de conciliação


ou mediação.
II- DOS FATOS

O autor é credor do primeiro réu, conforme nota promissória no valor de


R$80.000,00 (oitenta mil reais), já vencida em 10/10/2016.
Ocorre que, o primeiro réu, dias após o vencimento da dívida e o não
pagamento da mesma, fez uma doação, de seus dois imóveis, um localizado
na cidade de Aracruz e o outro localizado em Linhares, ambos no estado do
Espírito Santo, no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais)
Revela dizer, que o autor doou os dois imóveis para sua filha Janaina
segunda ré, menor impúbere, residente em Macaé /RJ, com sua genitora,
fazendo constar cláusula de usufruto vitalício em seu favor, primeiro réu, além
da cláusula de incomunicabilidade, conforme Certidão de Ônus Reais.
Assinale que as dívidas do primeiro réu ultrapassam a soma de R$
400.000,00 (quatrocentos mil reais). Insta salientar que o imóvel doado para a
segunda ré está alugado para terceiros.
Pelos fatos e fundamentos acima expostos, não restou à parte autora
alternativa a não ser recorrer a este D. Juízo a fim de obter a tutela
jurisdicional.

III- DO DIREITO

No caso em tela, há uma demanda de Ação Pauliana movida pelo autor,


em face do réu insolvente que negocia bens que seriam utilizados para
pagamento da dívida numa ação de execução, não podendo prejudicar
terceiros que adquiriram esses bens de boa-fé. (Sumula 375, STJ)

A matéria que trata do vício social de fraude contra credores, alvo da


Ação Pauliana ou Revocatória, aloca-se entre os artigos 158 e 165 do Código
Civil, prevendo as hipóteses permissivas de anulação do negócio jurídico
quando verificada situações de presunção de fraude.

Registre-se a Ação Pauliana serve justamente para desfazer (revogar) a


transferência fraudulenta de patrimônio e resgatar o objeto desviado do
cabedal do devedor para satisfazer o crédito pré-existente
A lei exige como requisito de ação a contemporaneidade, ou seja, o
autor deverá necessariamente ser credor efetivo à época do ato jurídico objeto
de anulação.

Por outro lado, o fato de o devedor não ter ciência de seu estado de
insolvência por conta da alienação fraudulenta não impede a anulação do ato
através da Ação Pauliana.

Com relação aos atos fraudulentos, estes podem se caracterizar de


diversos modos: transmissão gratuita de bens (doação, inclusive a filhos e
cônjuges), contrato oneroso (simulação de negócios jurídicos), perdão de
dívidas, renúncia a direito de herança, antecipação do pagamento de dívidas e
atribuição de preferências a credores (em detrimento de outros).

Com o reaparelhamento do judiciário civil, a proteção do interesse do


credor passou a ser mais bem amparada, dificultando as fraudes e o desvio
malicioso de patrimônio do devedor, em detrimento daqueles que possuem
justo crédito.

Assim, na impossibilidade de desfazer o negócio, a Justiça deve impor a


todos os participantes da fraude a obrigação de indenizar o credor pelo valor
equivalente ao dos bens alienados.

O Código Civil de 2002 entende em seu artigo 158, in verbis:

“Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou


remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por
eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser
anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus
direitos.

§ 1º igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.


§ 2º só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem
pleitear a anulação deles.”

Corroborando com o acima exposto no caso em tela, o Código Civil,


delimita ser anulável o negócio jurídico celebrado com o objetivo de fraude ao
credor, violando o princípio da boa-fé, em seu artigo 171, in verbis:

“Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável


o negócio jurídico:

I - por incapacidade relativa do agente;


II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo,
lesão ou fraude contra credores.”

Vale ressaltar, ainda em concordância com a norma, Lei nº 13.105 de 16


de março de 2015, traz a devida competência de propositura da ação, bem
como matéria de litisconsorte necessário.

Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de
domicílio de seu representante ou assistente.
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou
quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da
sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
IV- DA DOUTRINA
Nesse sentido, José Arnaldo Vitagliano define a Ação Pauliana: “No
sistema do nosso Direito Civil, a Ação Pauliana é inquestionavelmente uma
ação de anulação; destina-se a revogar o ato lesivo aos interesses dos
credores, tem por efeito restituir ao patrimônio do devedor insolvente o bem
subtraído, para que sobre o acervo assim integralizado recaia a ação dos
credores e obtenham estes a satisfação de seus créditos; em suma, a Ação
Pauliana tende a anulação do ato fraudulento, fazendo reincorporar ao
patrimônio do devedor o bem alienado.”
VITAGLIANO, Jose Arnaldo. Editora Juruá - Curitiba (Coisa julgada e ação
anulatória, em sua 3ª Edição e Instrumentos processuais de garantia.

V- DA JURISPRUDÊNCIA
TJRJ- ACÓRDÃO - 0225191-41.2012.8.19.0001 - APELAÇÃO Ementa
FERDINALDO DO NASCIMENTO - DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL
Apelação cível. Anulação da escritura de compra e venda do imóvel. A ação
pauliana é uma demanda ajuizada pelo credor para invalidar negócios jurídicos
fraudulentos realizados pelo devedor. Fraude contra credores. A alienação do
bem para a empresa LIVI ocorreu quando já estava configurado o estado de
insolvência da Decta, eis que tal situação foi reconhecida pela própria
demandada, através dos embargos à execução opostos em outro processo,
onde afirma categoricamente a existência de dívidas com inúmeras instituições
financeiras, pedido de falência, aumento de seu passivo financeiro, dezenas de
ações judiciais, etc. Não havendo condenação, os honorários advocatícios
devem ser arbitrados na forma do §4º do artigo 20 do CPC, consoante
apreciação equitativa do juiz, observados a dedicação, o zelo, o trabalho
realizado pelo profissional, bem como o tempo exigido para tal. Reforma parcial
da sentença.

VI- CONCLUSÃO E PEDIDO

a) Designação da audiência de conciliação ou mediação e intimação dos réus


para seu comparecimento;
b) Citação dos réus para integrar a relação processual;
c) Intervenção do Ministério Público na forma do inciso II do art. 178, II do CPC;
d) Julgue procedente o pedido do autor para anular o negócio jurídico
celebrado entre os réus relativo à doação de dois imóveis, um localizado em na
cidade de Aracruz e o outro localizado em Linhares, ambos no Espírito Santo;
e) Condenação do réu aos ônus sucumbências;
VII- DAS PROVAS
Requer a produção de todos os meios de provas em direito admitidas,
documental e testemunhal, na amplitude do artigo 369 do Código de Processo
Civil.

VIII- DO VALOR DA CAUSA

Atribui-se a causa, para efeito de alçada o valor de R$ 300.000,00


(Trezentos mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.


Local e data.
Advogado
OAB

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