Você está na página 1de 12

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ª Vara Cível

da Comarca de Limoeiro Estado de Pernambuco

FERNANDO EMILIANO DO NASCIMENTO, Brasileiro, casado,


comerciário, portador da Cédula de Identidade n.º 9.656.987 SDS-
PB e do CPF n.º 120.421.844.-70, residente e domiciliado na Rua:
Frei Estevão, n.º 10, Centro – Limoeiro-PE. CEP. 55.700-000, por
meio de seu advogado que a esta subscreve, in finne nos termos
do art. 105, §2º e §4º do CPC, Instrumento de Mandato (doc. 01)
acostado, com escritório profissional nos termos do Art. 77 do
CC, constante na procuração, onde recebe notificações e
intimações de estilo, vem à presença de Vossa Excelência propor:
AÇÃO ORDINÁRIA DE NULIDADE DE ATO DE CONTRATO DE ADESÃO,
NULIDADE DE CLÁUSULA E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, em face;

UBL – INCORPORAÇÕES LTDA, pessoa jurídica de direito privado,


localizado loteamento colinas II – PE-95 nas proximidades
Gongal, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 16.808.328/0001-79

Gratuidade da justiça:

nos termos do Art.98, 99, §2º e §4º com supedâneo no inc. LXXIV,

Art. 5º, CF/88 e Lei. nº 1.060/50, Art. 1º ao 4º, Declara ser

hipossuficiente na forma da Lei e não ter condições para arcar

com as despesas de custas processuais, taxa judiciaria e

honorários advocatícios sem prejuízo seu e/ou de sua família,

consoante declaração acostada

DOS FATOS

A Autora, no dia 21 de maio de 2020 realizou CONTRATO DE


PROMESSA DE COMPRA E VENDA de um terreno de nº 0007 da Quadra
“06” do LOTEAMENTO COLINAS II – PE-95 procurada pelo Corretor de
Imóveis ora requerido, que lhe ofereceu-lhe o terreno que se
encontrava à venda. Havendo interesse na aquisição do bem,
firmou proposta de Compra e Venda, localizado na PE-95 próximo a
Congal – Limoeiro-PE, pelo preço de R$ 42.300,80(quarenta e dois
mil, trezentos reais e oitenta centavos) por período de 15
(quinze) anos, nas seguintes condições:

a) R$ 2.700,00, como sinal;


b) R$ 264,38, para pagamento em dia; 07/01/2021 até 04/05/2021

c) R$ 338,88, para pagamento em dia; 02/06/2021 para pagamento


através de financiamento imobiliário.

Firmado a proposta de compra de imóvel, a Autora fez


transferência, no ato da assinatura e diretamente ao Corretor e
Terceiro Requerido de total responsabilidade do requerido, da
importância de R$ 2.700,00 Banco SANTANDER em nome de VERÔNICA
MARIA DO NASCIMENTO, em 19 de maio de 2020 conforme (doc.)
acostado, e passou efetuou a transferência em conta corrente dos
primeiros Requeridos da importância de R$ 264,38 até Maio de
2021, e a partir de Junho 2021 houve aumento das parcelas na
importância de R$ 338,38 – aumento significativamente à
importância no valor de R$ 74,00(setenta e quatro reais) mesmo
ante do índice do reajuste anual, como se pode ver; (docs.)
acostados, e deixando de efetuar o pagamento das demais
prestações avençadas, já que cientificou-se que houvera sido
vítima do “conto do vigário”, já que o contrato não encontra-se
em condições legais, pois não era apropriado as cláusulas
Abusivas”;

Ocorre que somente após ter efetuado parte de pagamento do


imóvel se quer ter recebido o Contrato de Promessa de Compra e
Venda, a Autora se deu conta que houvera sido induzida em erro,
após o ter recebido, considerando-se que o contrato de promessa
de compra e venda encontra-se eivado de vícios, várias
cláusulas abusivas, inclusive, impossibilitando de honrar com os
frequentes aumentos das parcelas, visto que, vícios estes
sorrateiramente, ocultos quer pelo Corretor de Imóveis, quer
pelos “vendedores”, transmudando o “negócio” jurídico para ato
lesivo ao patrimônio da Autora, induzida em erro que foi.

Tivesse a Autora conhecimentos dos vícios das cláusulas


contratual existentes, não teria efetuado a entrega de R$
2.700,00 (dois mil e setecentos reais) aos Requeridos e estes,
não teriam enriquecidos ilicitamente, as custas do dinheiro da
Autora, aliás, conseguido após muito anos de trabalho,
espelhando verdadeiro ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA aos Demandados.

Referida venda foi realizada através de fraude e simulação de


ato jurídico, conforme se provará a seguir, passível de
nulidade, ex-vi do artigo 151 do Código Civil Brasileiro, e por
tais razões esta eivada de nulidade, não podendo gerar nenhum
efeito jurídico.

Descortinada a fraude, os Requeridos prometem devolver à Autora,


tão só a, – irrisória importância não informada em 12 vezes –
através de depósito bancário parcelados, e só começa restituir
180(cento e oitenta) dias após a formalização da rescisão
contratual. Quanto ao saldo da importância retida, os Requeridos
deixaram a Autora a “ver navios”, enriquecendo-se ilicitamente
às custas do patrimônio desta que, diga-se de passagem, foi
adquirido após anos e anos de luta, suor e muito trabalho.

Desnecessário, à vista do exposto, afirmar a Vossa Excelência


que a fraude foi perpetrada com a conivência do Terceiro
Requerido, o Corretor de Imóveis, que não mediu esforços, sempre
em conluio com os demais requeridos, para induzir a Autora em
erro com o objetivo de apropriarem-se do valor de R$ 2.700,00
(dois mil, setecentos reais) dissimulando a responsabilidade
objetiva ao receberem em diferentes contas bancárias, cabível o
CDC por ser o Autor o homem médio, por não receber o contrato
para avaliar os riscos das cláusulas abusivas no contrato de
ADESÃO, NULO DE PLENO DIREITO NOS TERMOS DO ART. 51, I DO CDC, e
no memo interim Art. 6º, VIII a inversão do ônus da prova;

A falsidade nas informações que foram transferidas ao Autor, no


momento consumativo “venda”, foi arquitetada tanto pelo
Corretor de Imóveis, quanto pelo Empresário que figurou como
vendedor, porque, ninguém melhor que Eles para saber dos vícios
das cláusulas daquele contrato, por tais razões a pretensão do
Autor é ser restituído o valor do sinal e todas as parcelas
imediatamente, inaldita autera part.

Falsidade em sentido amplo, é tudo aquilo que se opõe a


verdadeiro; em sentido jurídico, é toda alteração da verdade.

As provas encartadas a esta, são robustas e concludentes


demonstrado à saciedade, a falsidade das afirmações dos
requeridos no momento consumativo da venda.

DO DIREITO

O artigo 104 do Código Civil estabelece que:

Art. 104 – A validade do negócio jurídico requer:

I – agente capaz;

II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III – forma prescrita ou não defesa em lei.

Dita o artigo 147 do Código Civil que, são anuláveis os negócios


jurídicos …” quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência
normal, em face das circunstâncias do negócio.”
Não há dúvida que a declaração de vontade da Autora ao efetuar a
proposta da compra do TERRENO originou-se de erro substancial,
podendo, portanto, ser anulado o negócio jurídico.

“Verbis”

Art. 147 – Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio


intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade
que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa,
provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.

Ora, tivessem os Requeridos cientificado a Autora que o contrato


de Adesão contém cláusula abusivas, a venda a outras pessoas já
teria até ingressado em Juízo com processo de indenização contra
a empresa, com a mais absoluta certeza não teria a Autora,
sequer, efetuado a proposta de compra.

Nem se diga, alhures, que o Requerido veja Vossa Excelência que


os Requeridos ignoravam os vícios de cláusulas contratuais. Além
de Empresa foi o mesmo que compartilham os mesmos problemas.

Enfim: ninguém em sã consciência compraria um TERRENO cuja


cláusula abusiva estava prestes em todo seu teor. Dito terreno
foi comparado. Nesse sentido foram as palavras das muitas
pessoas

“verbis”

Sendo o Requerido e estando este consciente de que continuar


residindo naquele Contrato de Promessa de Compra e Venda
colocaria em risco o Promitente Comprador, tratou logo de
arrumar um “comprador” e, por ironia do destino, O Autor teve a
infelicidade de cruzar o caminho do Terceiro Requerido, que como
Corretor de Imóveis fez o “fechamento” do negócio sem apresentar
o CONTRATO. Tal situação assemelha-se ao “picareta” que para
vender não mede as consequências de seus atos. Mesmo sabedor das
consequências das cláusulas abusivas

Em síntese: Nulo foi o negócio jurídico, por tratar-se de


negócio ILÍCITO, originário da fraude, do engodo, da simulação.

Diz o artigo 166 incisos II e IV do Código Civil aduz:

Art. 166 – é nulo o negócio jurídico quando:

II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;


IV – não revestir a forma prescrita em lei/

Vê-se, portando, MM. Juiz, que os atos praticados margeiam lesão


e são ABSOLUTAMENTE NULOS, nos expressos termos do que dispõe o
artigo 166 inciso II do Código Civil.

Presente o dolo no induzimento em erro da Autora, o ato jurídico


encontra-se eivado com nulidade absoluta, viciando todos os
subsequentes atos praticados, inclusive o pagamento da
importância pecuniária.

Nesse sentido são os ensinamentos do festejado tratadista


CARVALHO SANTOS, que em sua obra Código Civil Brasileiro
Interpretado, Edição Freitas Bastos, 1958, vol. III, bem analisa
a matéria:

“O ilícito abrange não somente o que é criminoso, mas ainda o


que é contrário aos bons costumes, à moral em suma, tudo aquilo
que é contrário à ordem pública, ou seja, aos interesses da vida
social”. (Págs. 237/238)

Logo, ato jurídico fundado em induzimento em erro, FALSO, é NULO


DE PLENO DIREITO, porque ILÍCITO o seu objeto.

O ato jurídico NULO, inexiste no mundo jurídico. É um nada.

A despeito disso, gera consequências, enquanto não pronunciada a


nulidade pela autoridade competente: O Juiz.

Neste caso, a prestação jurisdicional invocada e que acarreta o


conhecimento, por parte do Juízo, do ato jurídico nulo ou de
seus efeitos (não jurídicos), objetiva tão somente o
pronunciamento dessa nulidade, no sentido da Autora reaver a
importância de R$ 9.939,12 (nove mil novecentos e trinta e nove
reais e doze centavos) conforme docs. Planilha de pagamento
acostada.

O pronunciamento da nulidade, proferido pela autoridade


competente, (o Juiz), surge, COMO EFICÁCIA MANDAMENTAL DE QUE SE
REVESTE, a determinação do cancelamento do “negócio jurídico”
que decorreram do ATO JURÍDICO NULO.

É evidente, pois face à letra da lei, que, para ser pronunciada


a nulidade que o Juiz conheça do ATO NULO, quando a nulidade
estiver devidamente provada.

CARVALHO SANTOS, com a propriedade que caracteriza seus


ensinamentos, preleciona:
“O que distingue mais o ato nulo, quanto aos seus efeitos, é
que, PARA SER DECLARADA NULIDADE, NÃO SE PRECISA INTENTAR
PROPRIAMENTE UMA AÇÃO DE NULIDADE,…”. (op. Cit., pág. 253)

“DAÍ PODER E, MAIS QUE ISSO, DEVER O JUIZ PRONUNCIÁ-LO DE


OFÍCIO, quando reconhecer do ato ou dos seus efeitos…”

“NÃO SE PRECISA INTENTAR UMA AÇÃO DE NULIDADE, ficou dito acima.


E é a pura realidade. Pois a NULIDADE, É OBRA DO LEGISLADOR,
como acentua PLANIOL, tornando nulo o que foi feito, SEM
NECESSIDADE ALGUMA DE QUALQUER AÇÃO. O JUIZ NÃO PRECISA NADA
JULGAR pois é a própria lei que lhe nega valor e eficácia…”

“Essa é a verdadeira doutrina, pois em realidade, a nulidade


opera ipso jure, não produzindo o ato nulo nenhum efeito, mesmo
sem a declaração de nulidade”. (Op. Cit., pág. 255)

E, como complemento, esclarece o insigne tratadista:

“OPERANDO A NULIDADE DE PLENO DIREITO, como ficou dito, CLARO


ESTÁ QUE NÃO SE PRECISA ANULAR O ATO PARA QUE ELE NÃO PRODUZA
NENHUM DOS EFEITOS JURÍDICOS A QUE SE DESTINAVA”. (Op. Ct., pág.
255)

SERPA LOPES, no seu Curso de Direito Civil, Vol. I, pág. 615, em


Comentários no parágrafo único do artigo 145 do Código Civil de
1916, ensina:

“COMO SE AFIRMAR, no parágrafo único, que AS NULIDADE ABSOLUTAS


DEVEM SER PRONUNCIADAS PELO JUIZ, quando conhecer do ato ou dos
seus efeitos, SUBENTENDE-SE O PODER DO JUIZ DE PRONUNCIÁ-LAS,
INDEPENDENTEMENTE DE UMA AÇÃO ESPECIAL PARA TAL PRONUNCIAMENTO”.

PONTES DE MIRANDA, com a autoridade que lhe é reconhecida,


ensina, no seu Tratado de Direito Privado, Parte Geral, Tomo IV,
pág. 42/43 que:

“O que alega a nulidade será diante de suporte fático que entrou


no mundo jurídico, mas profundamente comprometido. Por isso
mesmo, O JUIZ, encontrando fatos que a provam, TÊM O DEVER DE
DECRETAR A NULIDADE DO ATO JURÍDICO”.

“A alegação de nulidade pode ser, portanto, incidentes, sempre


que haja interesse em que se tenha por nulo o ato jurídico: E
CORRE AO JUIZ O DEVER DE DESCONSTITUIR O ATO JURÍDICO QUE TÃO
DEFICITARIAMENTE SE CONSTITUIU”.

WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, Curso de Direito Civil, 12ª


Edição Saraiva, 1973, 1º volume, pág. 261, ao fazer as
distinções entre as nulidades absolutas e as relativas, assim
preleciona:

“A ANULABILIDADE há de ser pronunciada mediante provocação da


parte, não podendo ser decretada ex Ofício pelo Juiz (art. 152);
A NULIDADE PODE SER DECRETADA DE OFÍCIO (art. 146, parágrafo
único)”.

Ocorre que, por força da existência desses ATOS JURÍDICOS NULOS,


consubstanciados na venda e um apartamento não próprio para
habitação com sérios à saúde e até à própria vida humana, a
Autora perdeu se patrimônio devido constantes aumentos nas
parcelas antes mesmo do reajuste anual do IGPM, conseguindo após
anos e anos de trabalho.

Evidente também, e de forma inequívoca, que esses ATOS JURÍDICOS


NULOS, absolutamente nulos, se constituíram em OBJETO ILÍCITO,
já que o próprio objetivo era e é ilícito.

Destarte, a NULIDADE do negócio jurídico é a medida que se impõe


e desde já fica requerido.

A conduta dos Requeridos, quer pela omissão de informações sobre


os vícios redibitórios do imóvel, quer pelo “ardil” usado para
induzir a Autora em erro, acabaram causando-lhe prejuízo de
grande monta, quer no âmbito MORAL quer no MATERIAL. Devem,
pois, serem responsabilizados a ressarcir os prejuízos causados.

Dita o Código Civil Brasileiro que…

Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência, ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, é obrigado a repará-lo.

Parágrafo único – haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

A ação premeditada dos Requeridos visando lançar mão no


patrimônio da Autora, merece uma resposta imediata do Poder
Judiciário, para coibir ou mesmo impedir que continuem a
praticar atos dessa natureza, induzindo pessoas em erro, para
auferir vantagem pecuniária.

A jurisprudência dos nossos Tribunais têm assegurado proteção


jurídica contra lesões morais e materiais. No mesmo sentido são
os magistérios de nossos mais consagrados doutrinadores. O
conceito de “danos morais” é assim traçado por Wilson Mello da
Silva (O Dano Moral e Sua Reparação – Forense, 3ª Edição, 1983,
p.1)…

“verbis”

“Danos morais são lesões sofridas pelo sujeito físico ou pessoa


natural de direito em seu patrimônio ideal, entendendo-se por
patrimônio ideal, em contraposição a patrimônio material, tudo
aquilo que não seja susceptível de valor econômico. Jamais
afetam o patrimônio material, como salienta DEMONGUE. E para que
facilmente o reconheçamos, basta que se atente, não para o bem
sobre que incidiram, mas, sobretudo, para a natureza do prejuízo
final. Seu elemento característico é a dor, tomado o termo em
seu sentido amplo, abrangendo tanto os sofrimentos meramente
físicos, como os morais propriamente ditos. Danos morais, pois,
seriam, exemplificamente, os decorrentes das ofensas à honra, ao
decoro, à paz interior de cada qual, à crenças íntimas, aos
sentimentos afetivos de qualquer espécie, à liberdade, à vida, à
integridade corporal.”

No momento em que foi violada a honra subjetiva da Autora,


nasceu para os ofensores (REQUERIDOS) a obrigação de indenizar o
ofendido por “danos morais”, conforme preceitua o texto
constitucional e o art. 159 do Código Civil.

A jurisprudência brasileira retratando o inconformismo de


insignes magistrados, diante do fato incompreensível de não
existir, à época, previsão legal acolhedora do dano moral,
registrava, no começo do século, tentativas conscientes de
torná-lo indenizável, conforme se depreende dos Acórdão
seguintes coletados por WILSON MELLO DA SILVA, na obra já citada
às pp. 535/536:

“verbis”

“A obrigação de indenizar o dano procedente do fato ilícito


abrange não só o dano patrimonial com o puramente moral.”
(Acórdão do Tribunal de Minas – Rev. Forense, vol. X, p. 199 e
Revista de Direito, vol. 9, pp./ 566 e 571).

“A reparação do dano moral é tão justamente devida como a do


dano material. Nas faltas de critérios estabelecidos na lei,
tanto a apreciação dos danos morais como a sua indenização fica
entregues ao prudente arbítrio do julgador, que deve pesar a
prova da realidade e a extensão do prejuízo segundo as
circunstâncias especiais de cada caso.” (De uma sentença de Raul
de Souza Martins, de 06.11.1911, d. Revista de Direito, vol. 19,
p. 349).

Atualmente nossos tribunais mais expressivos não discrepam


quanto à viabilidade da condenação do ofensor por danos morais,
cumprindo pôr em destaque, além da súmula 37 do S.T.J., os
seguintes julgados:

“Superior Tribunal de Justiça – Súmula nº 37 – São cumuláveis as indenizações por dano


material e dano moral oriundos do mesmo fato.” – referência: Código Civil, artigo 159 –
Resp 3.604 – SP (2ª T 19.09.90 – DJ 22.10.90) Resp 4.236 – RJ (3ª T 04.06.91 – DJ
01.07.91) – Resp 3.229 – RJ (3ª T 10.06.91 – DJ 05.08.91). Resp 10.536 – RJ (3ª T
21.06.941 – DJ 19.08.91). Resp 1.604 – SP (4ª T 09.10.91 – DJ 11.11.91). Corte Especial,
em 13.03.92. DJ 17.03.92, p. 3.172. Rep. 19.03.92, p. 3.201.

“S.T.F. 2ª Turma – Admito o ressarcimento do dano moral em nosso sistema jurídico


vigente.” (17.5.76, rel. Ministro Moreira Alves, R.T.J. 62/298)

“T.J.R.S.: O dano moral é indenizável, tanto quanto o dano patrimonial.” (2ª Câmara
Cível, 29.9.76, rel. Ladislau Ferreira Rohnelt. R.J.T.J.R.S. 63/254; 1ª Câmara Cível,
2.5.1978, rel. Oscar Gomes Nunes, R.J.T.J.R.S. 72/309).

Esta importante evolução do direito brasileiro, libertou as


vítimas dos antigos institutos, que permitiam a execução civil
da sentença criminal muito depois da lesão sofrida e sempre
sujeita às limitações de toda ordem, inclusive, as do art. 935
do Código Civil Brasileiro. Hoje o processo civil tem
preferência e, inegavelmente, maior eficácia na repressão e
prevenção dos delitos contra a honra, deixando-se para o
processo penal aqueles de ação pública.

Por tudo quanto foi aqui exposto, Ínclito Julgador, a Autora


busca responsabilizar os Requeridos pelos maus causados ao seu
patrimônio e à sua pessoa e à sua família.

O Autor sofreu, além dos prejuízos que ora estima em R$


9.939,12 (nove mil novecentos e trinta e nove reais e doze
centavos), gritante DANOS MATERIAIS, visto que,

Assim, somando-se os prejuízos materiais do Autor, atingimos a


cifra pecuniária de R$ 9.939,12 Esse o valor que devem os
Requeridos serem condenados, pelos prejuízos materiais que
causou ao Autor.

A pretensão da tutela antecipada, encontra amparo legal no


artigo 300 do Código Processual Civil onde…

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.


Não há como negar que, com o ajuizamento da presente ação
anulatória, poderão os Requeridos desfazerem-se do restante do
dinheiro da Autora que se encontram depositados em contas
bancárias dos Requeridos, restando ilusório a pretensão de
reaver seu patrimônio.

O remédio jurídico cabível in espécie, como medida acauteladora,


é o SEQÜESTRO dos numerários, permanecendo estes em conta
própria deste juízo, até decisão final da lide.

O SEQUESTRO encontra amparo legal como medida acauteladora,


salvaguardando-se assim, o ressarcimento dos valores
apropriados.

O artigo 301 do Estatuto Adjetivo Civil dita que …

Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser


efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens,
registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra
medida idônea para asseguração do direito

O Egrégio STJ já decidiu que ….

“O sequestro pode incidir sobre bens que constituam proveito do


ato ilícito praticado pelos Autores, dando-se interpretação
extensiva ao conceito de coisa litigiosa” (STJ – 4ª Turma, Resp
60.288-2- SP, rel. Min. Ruy Rosado, j. 21.6.95, v.u.).

O tratadista NELSON NERY JUNIOR em sua obra “Código de Processo


Civil Comentado” 3ª ed. 1997 – Revista dos Tribunais, pág. 547,
leciona que …

“quando a citação do réu puder tornar ineficaz a medida, ou,


também, quando a urgência indicar a necessidade de concessão
imediata da tutela, o juiz poderá fazê-lo “inaudita pars”, que
não constitui ofensa, mas sim limitação iminente do
contraditório, que fica diferido para momento posterior do
procedimento.”

É o que desde já fica requerido.

Existe o periculum in mora. Como já foi dito, os Requeridos


estão a gastar o dinheiro que lhes foi entregue pela Autora, por
negócio jurídico que não chegou a concretizar-se. Os primeiro
Requeridos estão construindo com o dinheiro da Autora. Quanto ao
Terceiro Requerido, pela condição de Corretor de Imóveis, está
aplicando o dinheiro na compra e venda de imóveis. Este por sua
vez, corre o risco de perder o dinheiro num negócio sem sucesso.
Saliente-se à existência do periculum in mora, também pela
possibilidade do patrimônio da Autora cair em mãos de Terceiros
durante a persecução processual e sendo este de boa-fé,
certamente os reflexos serão malignos.

Assim, antes que isso venha a concretizar-se, poderá esse r.


Juízo coibir, inclusive a ocorrência de danos, não só ao Autor
como também a terceiros, mediante a prestação da tutela
requerida.

Sobre o periculum in mora, nos ensina Humberto Theodoro Junior


que para “a obtenção da tutela cautelar, a parte deverá
demonstrar fundado temor de que, enquanto aguarda a tutela
definitiva, venham a faltar as circunstâncias de fato favoráveis
à própria tutela.”

Já quanto ao fumus boni juris, a matéria de direito aqui


desfilada, deixa claro sua existência processual. Não bastasse a
farta matéria jurídica aqui desfilada, some-se ainda, o fato dos
Requeridos devolverem parte dos numerários surrupiados, soando
dita devolução como uma confissão, deixando cristalino a
presença deste pressuposto processual autorizador da medida
inaudita altera par’s, dispensando-se maiores indagações a
respeito da matéria.

A liminar – TUTELA ANTECIPADA – merece ser acolhida, para que


não venha a ocorrer a procrastinação da restituição das parcelas
no valor de R$ 7.239,12 e o sinal no valor de R$ 2.700,00
somando a quantia de R$ 9.939,12 a ser restituído a Autora.

Diante de todo o exposto, não resta dúvida acerca da existência


dos requisitos da concessão da tutela antecipada, qual seja,
o periculum in mora e o fumus boni juris.

DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, REQUER-SE:

a) a concessão da TUTELA ANTECIPADA – inaudita altera par’s,


determinando que encontram-se depositadas em conta(s) correntes
e/ou poupança em nome dos Requeridos até o valor de R$ 9.939,12
(nove mil novecentos e trinta e nove reais e doze centavos)
(importância retida) danos morais e materiais, oficiando-se ao
Banco Central para que proceda o rastreamento das contas
existente em nome dos Requeridos, salvaguardando-se assim os
direito e o patrimônio da Autora, tudo para que não reste, ao
final, ilusória a tutela jurisdicional do Poder Judiciário;

b) a citação dos Requeridos “ab initio” qualificados nos termos


do art. 221, I, e 222 do CPC, para que, se quiserem e puderem,
responderem aos termos da presente ação anulatória, a qual
deverá ser julgada totalmente procedente para declarar a nulo o
negócio jurídico efetuado, condenando-os a devolução do sinal
(entrada/arras) e todas as parcelas até presente momento
imediata da importância pecuniária que foi – indevidamente –
retida;

c) concessão da justiça gratuita nos termos do art. 98, 99 §2 e


§4º do CPC;

d) a condenação, ao pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios que Vossa Excelência por bem em
determinar;

e) Indenização por danos morais e materiais conforme


entendimento da Vossa Excelência;

f) a designação de audiência de conciliação;

g) provar o alegado por todos os meios de provas em direito


admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal dos Requeridos,
testemunhas, demais prova não constituído a especificação por
mais especial que seja.

Dá-se à causa o valor de R$ 9.939,12(nove mil novecentos e


trinta e nove reais e doze centavos) para efeitos fiscais

Termos em que,
Aguarda
Deferimento.

ADVOGADO
OAB-PE, nº 40.975
Assinado por certificado digital eletrônico

Você também pode gostar