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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL DA


COMARCA DA CAPITAL

Processo 003190.8.19.2021.0001

22° TABELIONATO DE NOTAS DA CAPITAL DO RIO DE


JANEIRO, CNPJ.: 27.128.784/0001-94., e-mail: cartorio22@gmail.com,
situado na Rua Senador Dantas 29, Centro- RJ, CEP:20031203, vem por
sua advogada, apresentar

CONTESTAÇÃO

Nos autos da ação de Anulação de Negócio Jurídico que lhe promove


CAROLINA VIEIRA, brasileira, divorciada, professora universitária,
carla.vieira@gmail.com, inscrita no CPF.: 011111110-00, residente à Rua
Riachuelo, 45, centro, CEP.: 21.900-000, pelos fatos e direitos à seguir
elencados:

RESUMO DOS FATOS


A autora, em sua petição inicial narra que foi obrigada a comparecer
ao 22° Tabelionato de notas da capital, para apresentar seus documentos e
abrir firma para reconhecimento da sua assinatura, realizando uma
procuração por instrumento público, por indicação do advogado que
patrocinou o divórcio consensual, não tendo condições emocionais e
técnicas sobre o fato de ter outorgado poderes ao ex-marido Marcos em
caráter irretratável e irrevogável para que este viesse a vender o imóvel
situado à Rua Carlos Alberto, 59, Centro- RJ.
O imóvel em questão foi adquirido por meio de financiamento feito
pelo ex-marido antes do casamento constando no contrato de promessa de
compra e venda do apartamento, o ex-marido, constou como solteiro.
A autora afirma em sua petição inicial que durante os 9 (nove) meses que
ficaram morando de fato sob o mesmo teto, ajudou a pagar as prestações do
imóvel e que o ex-marido quando do término do casamento transferiu o
valor integral das nove prestações do imóvel e em troca solicitou a
procuração por instrumento público, para que ao final do pagamento das
prestações do referido imóvel pudesse transferir a propriedade diretamente
para sua pessoa, sem a necessidade de procurar a autora.

DA PRELIMINAR

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA
A procuração ocorreu entre a autora e o ex Marido, MARCOS VIEIRA,
deste modo, a ré não fez parte desta relação de compra e venda de imóvel
ao qual se busca a anulação no presente procedimento judicial.
A parte ré é ilegítima para figurar no polo passivo, assim, ao final irá
requerer a extinção do processo sem resolver o mérito, na forma do artigo
485, inciso VI do Código de Processo Civil. Ilegitimidade passiva (carência
de ação).
O art. 339 do CPC diz:
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da
relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as
despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de
indicação.

Portanto, os titulares do direito material em conflito são a autora


CAROLINA VIEIRA (outorgante) e o ex marido MARCOS VIEIRA
(outorgado).

MÉRITO
Não há que se falar em responsabilidade da Ré na alegada
procuração de compra e venda do imóvel. O tabelião titular do 22° Ofício
de notas fez todo o procedimento padrão para celebração da procuração por
instrumento público, qual seja não verificou qualquer vício que impedisse a
realização da procuração, que a autora estava de livre e espontânea vontade
comparecendo na sede do cartório em dia e hora previamente agendado.
Verificou também a inexistência de interdições de ambas as partes,
os documentos como carteira de identidade, CPF e certidão de casamento,
certidão do registro de Imóveis, escritura pública de promessa de compra e
venda, e certidão de inexistência de débito do IPTU, bem como leu em voz
alta o teor de toda a procuração, na presença de testemunhas.
O Tabelião alegou ainda que não foi verificado nenhum tipo de
vicio. Assim, é absolutamente indispensável, em qualquer demanda desta
natureza, a comprovação do nexo causal. A ausência da referida
comprovação impõe a improcedência de todos os pedidos formulados.

DA DOUTRINA

Nesse sentido, PAULO ROBERTO DE CARVALHO RÊGO, em


obra intitulada “Registros Públicos e Notas – Natureza Jurídica do Vínculo
Laboral de Prepostos e Responsabilidade de Notários e Registradores”,
apresenta o seguinte entendimento a respeito da matéria:
“Como se vê dos venerandos acórdãos paulistas e cariocas,
demonstrativos da pacífica jurisprudência, “cartórios” e a função exercida
por seus “titulares” não são entes jurídicos, não detêm personalidade
jurídica e, sem personificação, não há capacidade de ser parte, não
podendo figurar passivamente numa relação de direito material ou
processual, inexistindo, em conseqüência, legitimidade processual passiva
ao “Titular do Ofício”, mas sim, e apenas, à pessoa física do então Oficial
à época em que teria sido causado o dano. Em conclusão: 1) nem o
“cartório” e nem a função de “titular de ofício extrajudicial” detêm
capacidade de ser parte em juízo; 2) carecem de legitimidade passiva ad
processum, para nele figurar; e 3) é facultado ao interessado postular a
declaração da ilegitimidade passiva, sem que, por isso, assuma a
qualidade de parte ou “co-réu”. Assim sendo, somente podem ser dirigidas
as eventuais demandas em face da pessoa física do Oficial e, mesmo assim,
somente em face daquele que estava em exercício à época dos fatos.”[7]
[7] Paulo Roberto de Carvalho Rego, Porto Alegre, IRIB, Sérgio Antonio Fabris Editor, 2004, pág.
108 e 109

DA JURISPRUDÊNCIA

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


ILEGITIMIDADE PASSIVA DOS TABELIONATOS. EXTINÇÃO DO FEITO
MANTIDA. Reconhecida, de ofício, a ilegitimidade passiva do Tabelionato, uma vez
que não possui personalidade jurídica, de tal modo que eventuais responsabilidades,
decorrentes da atuação culposa ou dolosa não serão a ele imputáveis, mas sim, aos
seus titulares. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível N° 70045700630, Quinta
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Romeu Marques Ribeiro Filho,
Julgado em 29/02/2012)

(TJ - RS - AC: 70045700630 RS, Relator: Romeu Marques Ribeiro Filho, Data de
Julgamento: 29/02/2012, Quinta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça
do dia 07/03/2012)

DO PEDIDO

Isto posto, requer a V. Exa:


1. Seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva, intimando o
autor para se manifestar em 15 (quinze) dias, sobre a alteração da petição
inicial para substituição do réu, caso contrário seja extinto o processo sem
resolução do mérito, na forma do artigo 485, inciso VI do Código de
Processo Civil;
2. A condenação da autora ao pagamento das custas judiciais e
honorários advocatícios estes fixados em 20% sobre o valor da causa.

PROVAS
Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos,
notadamente, documental e testemunhal, bem como depoimento pessoal do
autor, na amplitude do art. 369 Código de Processo Civil.

Nestes Termos,

pede deferimento

Local, Data

ADVOGADO/OAB-UF

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