Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA
CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA/PR

PROCESSO N° XXXXXXXXXXXXX

JULIÃO (nome completo), brasileiro, (profissão), casado, portador da Carteira de


Identidade RG nº XXXXXXXX, inscrito no CPF/MF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, portador do
endereço de email xxxxxxx@gmail.com, possuidora do endereço de email xxxxxxx@gmail.com,
residente e domiciliado na Rua XXXX, nº X, bairro XXXXXX, cidade de Londrina, no Estado de
Paraná e RUTH (nome completo), brasileira, (profissão), casada, portadora da Carteira de
Identidade RG n° XXXXXXXX, inscrita no CPF/MF sob o n° XXX.XXX.XXX-XX, residente e
domiciliada na Rua XXXX, nº X, bairro XXXXXX, cidade de Londrina, no Estado de Paraná,
devidamente anteriormente qualificados nestes autos de usucapião especial, vêm, por meio de seu
procurador infra-assinado, mandato anexo, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, para
apresentar a seguinte

CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO

O que fazem com supedâneo no art. 335 e seguintes do Código de Processo Civil e
nos argumentos fáticos e jurídicos que a seguir, articuladamente, passa a aduzir.

I. DA TEMPESTIVIDADE

Salienta-se que a presente contestação é devidamente tempestiva, haja vista que o


prazo para sua apresentação é de 15 (quinze) dias úteis, nos moldes dos arts. 219 e 335, CPC.
Visto que a citação fora recebida, por correio, em 1º/7/2019 (segunda-feira), e o AR
(aviso de recebimento) foi juntado aos autos em 4/7/2019 (quinta-feira), vê-se que a solicitação para
a não designação de audiência foi integrado na data de 5/7/2019 (sexta-feira).
Valendo-se disso, temos a contagem iniciando no dia da juntada do pedido de não
interessa na audiência de conciliação e mediação, nos termos do art. 335, II, do Código de Processo
Civil.
II. PRELIMINARMENTE
CONSENTIMENTO DO CÔNJUGE
Conforme demonstrado no Código de Processo Civil, há a expressa necessidade de
autorização/consentimento do cônjuge ou companheiro para o ingresso de ação de natureza real
imobiliária, com exceção, apenas, do regime de separação total de bens.
Ora, vê-se que na peça inicial em questão não se encontra expressa a autorização de
Marcos, companheiro de João sob união estável, automaticamente no regime de comunhão parcial
de bens, não estando enquadrados na exceção legislativa.
De tal modo, se faz inconteste a necessidade de autorização por parte do
companheiro do autor, sob pena de invalidade processual, nos termos do artigo 74, parágrafo único
do CPC.

ILEGITIMIDADE AD PROCESSUM
Verifica-se, Excelência, que o autor é analfabeto, conforme demonstrado aos
documentos iniciais, e que, disto isto, de embasamento ao Código Civil brasileiro, se faz necessário,
nos moldes do art. 595, que o instrumento mandatário procuratório tenha a presença de duas
testemunhas quando este for assinado de modo a rogo, como se vê:

Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler,
nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.

Destarte, de modo a visto nos autos, a procuração colacionada não se encaixa no


determinado pela legislação pátria, possuindo vícios de existência, causando ilegitimidade ad
processum, motivo pelo qual, caso não sanado, solicita-se a extinção do feito sem resolução do
mérito para o autor.
III. RESUMO DA INICIAL
O autor João se considera usucapiendo de imóvel localizado na rua Rua das
Bromélias, nº 100, bairro Vivendas do Arvoredo, CEP n° xxxxxx, cidade de Londrina/PR, no
Estado de Paraná, sendo composto de terreno com 35 hectares e que no Registro de imóveis, sob
matrícula XXXXXX, no Livro de Registro de Imóveis do Serviço Notarial de Londrina/PR,
figurando em nome dos ora requeridos JULIÃO e RUTH, devidamente qualificados nestes autos.
Aludido imóvel confronta-se lateralmente com a Fazenda da Paz, em nome da pessoa
jurídica Fazenda da Paz LTDA, pertencente aos senhores FRANCISCO (nome completo) e ROSA
(nome completo), que constituem matrimônio.
O autor afirmou que constituiu união estável homoafetiva com seu companheiro
MARCOS e, há mais de 09 anos vêm possuindo, supostamente, de forma mansa e pacífica, sem
interrupção, nem oposição dos proprietários de registro, o imóvel acima caracterizado e, não tendo
título de domínio.
Salienta João que com o passar dos anos, o autor e seu companheiro, que não
possuíam nenhum outro imóvel, construíram uma casa no terreno e passaram a tirar da terra o
sustento da família, nunca tendo aparecido qualquer pessoa para reclamar a propriedade do referido
imóvel. Até mesmo os carnês do devido imposto (ITR), deixados na propriedade pela prefeitura,
foram pagos pelo casal, desde o início da posse.

IV. DOS FATOS DERRADEIROS


Observe, Excelência, quais foram os ocorridos reais na situação.
Embora o requerente tenha alegado que encontrara o imóvel naquela situação, não se
tem dessa exatidão os fatos que se transcenderam.
Ocorre que, os ora requeridos realizaram com JOÃO e MARCOS um contrato verbal
de locação, no valor total de R$300,00 (trezentos reais) mensais, a serem pagos continuamente,
Ademais, juntamente com o valor do aluguel, os locatários deveriam arcar com as contas de água,
luz e impostos decorrentes do imóvel em questão.
Entretanto, nenhuma das parcelas acordadas chegou a ser efetivamente paga, deste
modo, Julião e Ruth, mesmo possuindo total direito para executar a dívida dos locatários, em razão
do conhecimento das dificuldades financeiras do casal, deixaram de arguir judicialmente cobranças
decorrentes do contrato de locação por solidariedade e afetividade.
Ora, é de se espantar tamanha situação, vez que arguir usucapião em imóvel alugado
é, minimamente, má fé da parte autora.

V. FUNDAMENTOS LEGAIS
Sabe-se que para que seja reconhecida procedente a ação de usucapião é estritamente
necessário seja exercida posse com ânimo de dono, devendo recorrer direito de agir como se dono
do imóvel fosse.
Por tal via, é verificado que o que ocorrera é que a relação dos autores com o imóvel
objeto se deu como resultado de contrato verbal de locação, não podendo ser admitidos recair sobre
tal relações os direitos reais de proprietário do imóvel.
Deste modo, a relação exercida sobre o imóvel decorre de mera permissão dos
proprietários dada aos autores da presente ação, não incorrendo a propriedade como detenção de
posse. Sendo assim, vejamos consoante o Código Civil:

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não
autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a
violência ou a clandestinidade.

Consubstancialmente, verifica-se matricialmente o descompasso dos fatos


verdadeiros, vez que um inquilino, meramente permitido a utilizar do imóvel, não induz podesse ou
sequer ânimo de dono.
Por este óbice, é completamente encaixável na situação o julgado do Tribunal de
Justiça de São Paulo, assim sendo em seu interim:

APELAÇÃO - Usucapião - Posse ad usucapionem considerada inábil. Ausência do


animus domini. Improcedência da ação - Relação locatícia comprovada - Não adquire a
propriedade pela via da usucapião o locatário, o comodatário e quem quer que detenha
em nome alheio a coisa que pretende assenhorear judicialmente - Decisão Mantida.
Recurso Improvido. (TJ-SP - APL: 994050572876 SP, Relator: Egidio Giacoia, Data de
julgamento: 11/05/2010, 3ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/05/2010).

Deste modo, é nítido que todos os aspectos jurídicos e jurisprudenciais corroboram


para os argumentos aqui esposados.

VI. DA RECONVENÇÃO
A lei do inquilinato (Lei 8.245/1991), que dispõe sobre as locações dos imóveis
urbanos e os procedimentos a elas pertinentes, prevê em seu artigo 9º as hipóteses em que a locação
poderá ser desfeita, dentre as quais a falta de pagamento dos alugueres e demais encargos (inciso
III). Vejamos:
Art. 9º A locação também poderá ser desfeita:

I - por mútuo acordo;

II - em decorrência da prática de infração legal ou contratual;

III - em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos;

IV - para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público, que não
possam ser normalmente executadas com a permanência do locatário no imóvel ou,
podendo, ele se recuse a consenti - las.
Além disto, o artigo 23º, I, do dito códex dispõe que:

Art. 23. O locatário é obrigado a:


I- pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente
exigíveis, no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao
vencido, no imóvel locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato;

No caso em tela, a quebra do contrato celebrado entre o reconvinte e a parte


reconvinda se deu pela falta de pagamento do aluguel e dos meses subsequentes, o que por si só
configura a possibilidade de requerer ao locatário a desocupação do imóvel.
Demais disto, o artigo 62, inciso I, da Lei do Inquilinato aduz que o pedido de
rescisão da locação poderá ser cumulado com o pedido de cobrança dos aluguéis e acessórios da
locação, citando-se o locatário para responder ao pedido de rescisão e o locatário e os fiadores para
responderem ao pedido de cobrança. Verbis:

Art. 62 - Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da


locação, observar-se-á o seguinte:
I - o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o de cobrança dos aluguéis e
acessórios da locação, devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do
valor do débito;
[...].
VI - havendo cumulação dos pedidos de rescisão da locação e cobrança dos aluguéis, a
execução desta pode ter inicio antes da desocupação do imóvel, caso ambos tenham sido
acolhidos.

Figura-se anexa a planilha de cálculos dos valores de alugueres devidos, com o valor
devidamente corrigido, adicionado juros legal de 1% ao mês.
Deste modo, demonstram-se plausíveis o pedido de reconvenção, restando líquida a
improcedência da ação principal e a procedência da reconvenção ora apresentenda.

VII. DOS PEDIDOS

Em face do exposto e juntando o comprovante de custas, requer:

a) a intimação da autora-reconvinda para, querendo, responder a presente;


b) a intimação, por via postal, dos representantes da Fazenda Pública da União, do
Estado e do Município, para que manifestem interesse na causa;
c) a produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial, a
produção de prova testemunhal, conforme art. 442, do CPC, para demonstrar a presença dos
elementos dos fatos .
d) a total improcedência da principal, para o fim de ser declarado, por sentença, o
vínculo de aluguel e o posterior pagamento das parcelas vencidas, através da procedência da
reconvenção.
e) a condenação da parte reconvida ao pagamento dos honorários advocatícios, das
custas e das despesas processuais, nos termos dos arts. 82, § 2º, e 85, ambos do CPC/15.

Informa-se ao Juízo o devido recolhimento das custas iniciais, conforme


comprovante colacionado aos anexos.

Dá-se à reconvenção o valor de R$......,.. (valor por extenso),  conforme art. 58, III,
da Lei nº 8.245/1991, sendo os valores dos últimos 12 (doze) meses de aluguel.

Termos em que,
Pede deferimento.

Londrina, Paraná. dia/mês/ano.

Assinado digitalmente
ADVOGADO
OAB/XX: XXXXX

Você também pode gostar