Você está na página 1de 24

lOMoARcPSD|32827993

Joana Costa Lopes


Assistente Convidada

§ Esquema – Direito Processual Civil II


A Prova Processual

Enquadramento Direito Probatório

A prova em processo: serve para demonstrar a


verdade dos factos alegados pelas partes em
juízo. O termo prova pode ser usado em 4
aceções diferentes: Material – Código Civil Formal – Código de Processo
Artigo 341.º a 396.º do CC Civil
Prova como atividade: que se destina a Artigo 410.º a 526.º do CPC
demonstrar a verdade dos factos alegados em Noção: o direito probatório material-
juízo e a convencer o tribunal dessa verdade. quando respeita à admissibilidade e à Noção: o direito probatório formal
valoração da prova (Castro Mendes). regula a atividade probatória que, e
Meio de Prova: usa-se este termo para na medida em que, se desenrola no
investigar a verdade ou falsidade de facto Valores: o direito probatório material processo e responde às perguntas
alegados em juízo – é este o sentido de prova que deve orientar-se pela idoneidade dos seguintes (a título de exemplo):
está no art. 341.º do CC. meios de prova admissíveis e pela
racionalidade da valoração da prova. Modo de inquirir as testemunhas; +
Medida de Prova: surge para formar a Processamento da perícia; + Modus operandi
convicção do juiz sobre a verdade de um facto. da inspeção judicial;

Prova como resultado: “está provado o facto Valores: O direito probatório


x”. Resultado final da atividade probatória. formal deve assegurar a relevância e
a fiabilidade da produção da prova.

Objeto da Prova Valores Probatórios


Artigo 410.º do CPC

O objeto da prova são os factos! E não o Relevância Admissibilidade


direito (excepto o direito consuetudinário
Artigo 411/in fine do CPC:
estrangeiro – artigo 348.º do CC). MTS: Trata-se de saber se a prova
possibilita a prova do facto probando. A regra é a de que toda a prova relevante
MTS: factos são proposições que descrevem um é admissível. No entanto, há exceções.
estado de coisas. Exceção: há casos em que os A prova relevante é aquela que possibilita nem toda a prova relevante pode ser
factos são o próprio estado de coisas (e não a sua a formação da convicção sobre um facto admissível.
descrição): o caso é aquele em que o juiz toma contacto directo probando, ou seja, aquela que é pertinente
com a realidade a provar. Isso é o que sucede quando o juiz para obter o conhecimento desse facto. Por exemplo: não são admitidas nem as provas
ilícitas (como são, designadamente, aquelas
procede à inspecção judicial (art. 490.º, n.º 1 do CPC) e, por que implicam uma intromissão não justificada
exemplo, desloca-se ao local do acidente para se aperceber da A relevância da prova é um conceito
relacional: a prova é relevante ou na vida privada), nem as provas proibidas, ou
distância a que uma passadeira para peões se torna visível. seja, as provas que a lei exclui para a prova de
irrelevante em relação a um certo facto um facto.
probando.
Factos Objeto de Prova são os:
Quanto chegamos à conclusão sobre a
I. Factos Controvertidos (os que são inadmissibilidade de uma prova, é porque
impugnados pela contraparte – e ficam fizemos uma ponderação de valores. É
necessitados de prova.). com base nesta ponderação que, por
exemplo, é justificada a exclusão da prova que foi
II. Factos Necessitados de Prova (os obtida através de uma intromissão abusiva na
que mesmo não tendo sindo vida privada da contraparte (art. 32.º, n.º 8,
impugnados, ficam necessitados de CRP – que o Professor Miguel Teixeira de
prova porque a admissão por acordo Sousa aplica por analogia ao Processo
não é admissível nos termos do Civil.
574/2/ultima parte do CPC).

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Objeto da Prova
Artigo 410.º, 591./1/f), 596.º do CPC

Factos Principais + Factos Destes factos principais ou complementares quais


são os necessitados de prova que podem integrar o Factos que não carecem de
Complementares prova = não vão para os
objeto de prova?
temas de prova – 596.º
O juiz, num processo regido pelo
Ou seja, quais são os factos que podem ir para o
princípio dispositivo, só pode despacho de temas de prova (art. 596.º do CPC)? I ) Os factos admitidos por
servir-se, para decidir o pleito, dos
acordo por falta de impugnação
factos articulados pelas partes (art. i) Factos Controvertidos: os factos que são (art. 574.º, n.º 2);
5.º, n.º 1) e dos factos alegados por uma das partes e
complementares ou concretizadores impugnados pela outra (art. 574.º, n.º2 do
adquiridos durante a instrução (art. CPC) II) Os que tenham sido
5.º, n.º 2, al. b.). confessados por uma das partes
ii) Os factos que, ainda que não
impugnados, não possam ser Delimitação negativa:
confessados ou que só possam ser
provados por documento escrito (art.
574.º, n.º 2). Não se provam regras jurídicas.
Excepto o preceituado no artigo
Factos objeto iii) Os factos não impugnados pelo 348.º do CC.
de prova = são Ministério Público ou por advogado
os factos que oficioso que represente incapazes,
constituem os ausentes e incertos (art. 574/4.º do CPC);
temas de prova.
iv) Os factos que não foram impugnados
numa situação de revelia inoperante (art.
567.º, n.º 1, e 568.º, al. b) a d) do CPC.

Modalidades de Prova Graus de Prova


Pré-Constituída/Constituenda: Graus de Prova referem-se ao objeto da
convicção que o juiz tem ou pode ter perante um
A prova pré-constituída é aquela que é constituída fora e, normalmente, antes do determinado facto.
processo; é o caso, por exemplo, da prova documental:
A hipótese, verosimilhança e verdade são as
Procedimento: i) Indicação ou junção do meio de prova pelas partes (art. 423.º, n.º 1, 552.º, n.º 2, 572.º, al. d), referências possíveis dos graus de prova.
588.º, n.º 5, e 598.º, n.º 1 e 2 do CPC) à Aceitação ou rejeição pelo tribunal do meio de prova junto pela parte
(art. 442.º, n.º 1, e 443.º, n.º 1 do CPC) à pronúncia da contraparte sobre o meio prova indicado ou junto (art.
415.º, n.º 1 e 2 2.ª parte; art. 416.º do CPC), à Avaliação da prova; a prova documental, que constitui o principal A prova stricto sensu – fundamenta a convicção da
exemplo de prova pré-constituída, é, em regra, uma prova legal (art. 371.º, n.º 1, 374.º, n.º 1, 376.º, n.º 1, e 377.º verdade. Na prova stricto sensu o tribunal só tem a opção
CC). de considerar o facto verdadeiro ou não verdadeiro.

A prova constituenda é aquela que se constitui no processo pendente; é a hipótese, por Mera Justificação - A mera justificação basta-se com a
exemplo, da prova testemunhal. Procedimento igual excepto: –Avaliação da prova; a prova constituenda demonstração de que o facto é verosímil. Ela só exige
é livremente apreciada pelo tribunal (art. 607.º, n.º 5 do CPC art. 389.º, 391.º e 396.º CC). que o tribunal forme uma convicção sobre a aparência
de verdade do facto.
Simples e complexa: Nota (MTS): O que distingue a prova stricto sensu da mera
justificação é a sua referência: A prova stricto sensu toma como
A prova pode incidir sobre o facto probando ou sobre um facto probatório do qual se retira referência a verdade do facto; ela pode servir-se de uma
probabilidade para estabelecer essa verdade, mas exige-se que o
o facto probando. Este é o critério de distinção entre prova simples e complexa.
tribunal forme a convicção sobre a verdade do facto. Assim a
verosimilhança não deve ser confundida com a probabilidade.
Simples: Se o meio de prova se refere ao próprio facto probando, há apenas uma relação entre o
meio de prova e o facto probando: nesta hipótese, a prova é simples. Ex: documento escrito para provar A mera justificação, porque é um grau de prova menos
a celebração do contrato de arrendamento; exigente do que a prova stricto sensu, só é suficiente nas
situações previstas na lei. É o que acontece, atendendo à
Complexa: Se o meio de prova respeita a um facto probatório, há uma relação entre o meio de celeridade exigida para o seu decretamento e ao seu
prova e o facto probatório e uma carácter provisório, nas providências cautelares, que
– outra
. relação entre o facto probatório e o facto probando. Ex:
exigem apenas uma verosimilhança da existência do
Presunções Legais. Estrutura das Presunções Legais: i) facto que serve de base à presunção (pode
ser um meio de prova qualquer, por ex. um documento) + nexo lógico que se estabelece pelo direito.
legislador = facto presumido (facto probando).
Princípio de Prova – hipótese. O princípio de prova é
Provas por Presunção: base legal – artigo 349.º do CC: o menor grau de prova: ele vale apenas como factor
corroborante para a prova de um facto. Esta convicção
Presunções Legais: 350.º do CC não é relevante enquanto não for confirmada por outras
- Ilidível faz prova plena, logo só por ser afastada com prova em contrário (347.º do CC). Atenção! Aqui o provas, ou seja, o princípio de prova não tem nenhum
que se “afasta” é o facto probando/facto presumido. Porque o facto base da presunção (que é obtido através valor probatório próprio.
de um meio de prova qualquer) esse pode ser afastado ou com contraprova – 346.º do CC, (se por exemplo o
meio de prova fizer prova bastante), ou se o facto base for através de documento particular autenticado e fizer
prova plena, então aí o facto probatório/facto base só pode ser afastado com prova em contrário (317.º do
CC).
- Inilidível – o facto probando/presumido faz prova pleníssima, portanto não admite a prova em contrário.
(art. 350/2.º parte final). No entanto o facto base por ser “afastado”, mais uma vez depende do meio de prova
que estiver por base do facto probatório/facto base.

Presunções Judiciais: 351.º do CC Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

A Força Probatória da Prova Legal Ónus da Prova – Art. 342.º do CC


Depois do juiz fixar os temas da prova (artigo 596.º do CPC)
Partindo da força probatória distingue-se entre a prova bastante, prova plena e a prova é que nos surge o problema do ónus da prova.
pleníssima. A distinção refere se a provas no sentido de meios de prova e, apenas à prova
legal (prova cujo valor de convencimento é imposto pela lei ao juiz). Assim a classificação não se Objecto do ónus da prova: incide apenas sobre os factos
aplica: controvertidos, isto é, sobre os factos alegados por uma parte
e impugnados pela outra.
i) À prova legal negativa (ilícita), isto é, à prova que a lei proíbe que convença
o juiz (por exemplo, art. 32.º, n.º 8, CRP; Os factos não impugnados consideram-se admitidos por
acordo (regra geral) - (art. 574.º, n.º 2), o que significa que não
ii) À prova livre ou não legalmente regulada no seu valor ( art. 607.º, n.º 5 do só não necessitam de prova, como não admitem prova do
CPC). contrário.

Distribuição do ónus da prova:


i) Prova Bastante – cede perante contraprova (dúvida)
O art. 342.º CC podem ser retiradas as seguintes regras:
A prova bastante é aquela em que, na ausência de qualquer dúvida em contrário, a lei
permite como fundamento da convicção do juiz, mas que cede perante contraprova. I ) Àquele que invocar um direito cabe fazer a prova dos
factos constitutivos do direito alegado (art. 342.º, n.º 1,
Chama se contraprova à actividade, que têm como eficácia lançar no espírito do CC); portanto, quem invoca um direito tem o ónus de provar os respectivos
julgador uma dúvida séria acerca da verdade dos factos que foram objecto deste tipo factos constitutivos; correspondentemente, aquele que invoca, numa acção
de prova (cf. art. 346.º CC) de apreciação negativa, a inexistência de um direito tem o ónus de provar
os factos que fundamentam essa inexistência;

ii) Prova Plena – cede perante prova em contrário II ) A prova dos factos impeditivos, modificativos ou
extintivos do direito invocado (ou seja, a prova das
excepções peremptórias) compete àquele contra quem a
A prova plena é aquela que só cede perante a prova do contrário, que consiste na invocação do direito é feita (art. 342.º, n.º 2, CC), isto é, ao réu
prova do facto contrário do facto provado e, por isso, na negação interna de um (normalmente), por isso é que se costuma dizer que o réu quando alega
enunciado (artigo 347.º do CC). exceções perentórias é autor, porque é ele que as tem de provar.

Exceção: embora o art. 342.º, n.º 2, CC imponha ao réu a prova do


facto modificativo, tem de fazer se uma distinção: os factos
iii) Prova Pleníssima; modificativos favoráveis ao autor (como, por exemplo, a verificação
da condição suspensiva: art. 343.º, n.º 3, CC) são de provar por este,
os favoráveis ao réu (como, por exemplo, a excepção de não
A prova pleníssima é aquela que, por lei, não admite sequer prova do contrário, cumprimento: art. 428.º, n.º 1, CC), pelo mesmo réu.
ou seja, nem sequer aceita a prova do contrário do facto provado (art. 350/2.º
do CC). Ex. Presunção inilidível (presunções da insolvência culposa – 186.º do Em caso de Dúvida? O artigo 342/3.º do CC resolve.
CIRE).
Artigo 343.º do CC:

Como nas acções de simples apreciação negativa a alegação dos factos


constitutivos da situação negada pelo autor compete à parte passiva,
é o réu a parte onerada com a demonstração desses factos
constitutivos (art. 343.º, n.º 1, CC), cabendo ao autor, nos termos
gerais (por aplicação do art. 342.º, n.º 1, CC), a prova dos factos
impeditivos, modificativos ou extintivos da situação jurídica para a
qual é requerida a apreciação negativa (cf. art. 584.º, n.º 2).
Inversão do Ónus da Prova
Art. 344.º do CC
A inversão do ónus da prova pode suceder por força da lei (344.º do CC) ou por vontade das partes Quando o juiz tem Dúvidas sobre os
(art. 345.º do CC).
factos? – Funcionamento do ónus
Dá se a inversão legal do ónus da prova quando existe presunção legal, dispensa ou liberação do
ónus da prova (art. 344.º, n.º 1, CC) ou quando a parte contrária tiver culposamente tornado
impossível a prova do onerado (art. 344.º, n.º 2, CC.) O art. 414.º do CPC -Princípio a observar em caso de
dúvida, estabelece que o jogo de regras do ónus da prova
i) Quanto haja presunção legal – p.ex. art. 799.º do CC resolve o problema da dúvida irredutível: a dúvida sobre a
realidade de um facto e sobre a repartição do ónus da prova
ii) Liberação/dispensa do ónus da prova - se alguém, por simples declaração resolve se contra a parte a quem o facto aproveita (art. 346.º
unilateral, prometer uma prestação ou reconhecer uma dívida, sem a indicação da in fine CC).
respectiva causa, o credor fica dispensado de provar a relação fundamental até à
prova da inexistência desta relação (art. 458.º, n.º 1, CC); Exemplo: numa acção de condenação, a dúvida sobre a existência
do mútuo (facto constitutivo, favorável ao autor) resolve-se contra o autor (que
iii) Quando a prova tenha sido culposamente impossibilitada pela contraparte tem o ónus da prova) pela absolvição do réu.
(art. 344.º, n.º 2, CC) - Ex. Um médico, demandado numa acção de
responsabilidade civil, destruir a ficha clínica de que o autor se poderia
O art. 414.º resolve esta dúvida considerando que o facto não
servir para fazer prova da inadequação do tratamento, é àquele demandado
é verdadeiro. O art. 414.º não se destina a resolver dúvidas
que incumbe a prova da sua adequação à situação clínica do demandante.
sobre provas, mas antes dúvidas sobre factos.
iv) Contratos Probatórios – Inversão Convencional – artigo 345.º do CC

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Meios de Prova

Noção: Os meios de prova são as fontes de convicção do tribunal sobre a veracidade (ou a verosimilhança) de um facto controvertido.

O enunciado dos meios de prova encontra-se nos art. 341.º a 396.º CC: esta localização decorre da circunstância de a enumeração dos meios de prova
admissíveis integrar o direito probatório material.

Meios de Prova Nominados

Presunções – Prova por confissão Prova documental Prova pericial Prova por Prova testemunhal
artigo 349.º a das partes – artigo (art. 362.º a 387.º (art. 388.º e inspecção (art. 392.º a 396.º
352.º a 361.º do CC (art. 390.º e 391.º
351.º do CC CC) 389.º CC) CC)
CC)
A este propósito, da
confissão prova, que é A perícia pode ser As testemunhas são
Presunções Procedimento: em
requerida pelas
Artigo 490.º do
uma figura diferente da relação ao tribunal CPC. designadas pelas partes,
Legais – artigo confissão do pedido, partes (art. 467.º, n.º
436.º do CPC numa peça chamada rol de
350.º do CC prevista no art. 277.º, al. 1 do CPC)
testemunhas,. O rol deve
O resultado da
d), e regulada nos art. ser apresentado com os
Em relação às partes Ou pode ser inspecção é livremente
287.º a 291.º como forma
Presunções de extinção da instância. 423.º do CPC +552/2.º determinada pelo apreciado pelo articulados (art. 552.º, n.º
tribunal (art. 391.º CC; 2, 572.º, al. d), e 588.º, n.º
Judiciais – artigo juiz (art. 467.º, n.º 1,
art. 607.º, n.º 5 do
351.º do CC Art. 355..º do CC: 477.º e 487º, n.º 2 do CPC.)
5) e pode ser alterado ou
Confissão Judicial – a que CPC. aditado até 20 dias antes da
é feita em juízo (355/2.º data da realização da
do CC). A força probatória da audiência final (art. 598.º,
Confissão Extrajudicial: perícia é apreciada
livremente (art. 389.º
n.º 2 do CPC
355/4.º do CC
CC; art. 489.º CPC-

Prova Documental

A principal classificação dos documentos (escritos) é a que os distingue:

i) Autênticos (oficiais, e extra oficiais ou notariais);

• Documentos exarados, com as formalidades legais, pelas autoridades públicas nos limites da sua competência; são os documentos autênticos oficiais;

• Documentos exarados, com as formalidades legais, dentro do círculo de actividade que lhe é atribuído, pelo notário ou outro oficial público provido
de fé pública; são os documentos autênticos extra-oficiais ou notariais.

Força Probatória: Os documentos autênticos fazem prova plena dos factos que referem como praticados pela autoridade ou oficial público respectivo, assim
como dos factos que neles são atestados com base nas percepções da entidade documentadora (art. 371.º, n.º 1 1.ª parte, CC).

Ex: Se A declara numa escritura pública que pagou € 10.000 a B e este que os recebeu, a escritura pública só faz prova plena da declaração (a qual pode ser uma confissão de B e fazer
prova plena como tal), a não ser que o pagamento haja sido efectuado ante o no-tário; nessa altura, o próprio facto do pagamento é autenticamente atestado.

ii) Particulares (autenticados, com reconhecimento notarial presencial ou por semelhança e simples) (art. 363.º, n.º 1, CC).

• Documentos autenticados, que são os documentos confirmados pelas partes, perante notário, nos termos prescritos nas leis notariais (art. 363.º, n.º 3,
CC), ou seja, são os documentos objecto de autenticação (art. 150.º, n.º 1, CNot)

Força Probatória: Os documentos particulares autenticados nos termos da lei notarial têm a força probatória dos documentos autênticos (art. 377.º CC). Isto
significa que fazem prova plena dos factos que referem como praticados pela autoridade ou oficial público respectivo, assim como dos factos que neles são
atestados com base nas percepções da entidade documentadora (art. 371.º, n.º 1 1.ª parte, CC).

• Documentos com reconhecimento notarial, que são os documentos particulares cuja letra e assinatura, ou cuja assinatura, se mostrem reconhecidas
por notário (art. 51.º, n.º 4, CNot);

• Documentos simples, que são os documentos escritos ou assinados por qualquer pessoa, sem intervenção alguma de funcionário público ou notário.

Força Probatória:

Documentos não assinados pelo seu autor; estes documentos são livremente apreciados pelo julgador, com excepção dos registos e outros escritos onde
habitualmente alguém tome nota dos pagamentos que lhe são efectuados (art. 380.º, n.º 1, CC), da nota escrita pelo credor, ou por outrem segundo instruções
dele, em seguimento, à margem ou no verso do documento que ficou em poder do credor (art. 381.º, n.º 1, CC) e dos livros de escrituração comercial (art. 44.º
CCom);

Documentos assinados pelo seu autor; estes documentos, quando genuínos, fazem prova plena quanto às declarações atribuídas ao seu autor (art. 374.º, n.º
1, e 376.º, n.º 1, CC).
Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)
lOMoARcPSD|32827993

Prova por Confissão

Noção: O art. 352.º CC define confissão como o reconhecimento que a parte faz da realidade de um facto que lhe é desfavorável
e favorece a parte contrária.

Confissão Judicial vs. Extrajudicial.

Confissão Judicial - pode ser espontânea ou provocada:

a) A confissão judicial espontânea é, nos termos do art. 356.º, n.º 1, CC, a que é feita no processo por iniciativa do próprio
confitente (art. 356.º, n.º 1, CC).

b) A confissão judicial é provocada é, segundo o disposto no art. 356.º, n.º 2, CC, aquela que é feita em depoimento de parte,
requerido pela contraparte ou ordenado (art. 452.º, n.º 1 do CPC), ou na sequência da prestação de informações ou de
esclarecimentos ao tribunal nos termos do art. 7.º, n.º 2.

Nota: O Depoimento de Parte é diferente do pedido de esclarecimento de informações (7.º/2 do CPC). O pedido de esclarecimento de
informações só vale como depoimento de parte se levar à confissão, mas não é esse o intuito principal do regime do artigo 7/2.º do CPC.
– MTS)

Confissão Simples, Qualificada e Complexa

a) Confissão simples é aquela em que o facto desfavorável é reconhecido sem qualquer reserva ou condição ou sem a
invocação de qualquer facto susceptível de afectar o seu efeito.

b) Confissão qualificada é aquela em que o facto é reconhecido com outra qualificação ou eficácia jurídica (por exemplo: a
parte reconhece que recebeu a quantia pretendida pelo autor, mas como doação, e não como mútuo).

c) Confissão complexa é aquela em que, conjuntamente com o reconhecimento do facto desfavorável, a parte alega um
outro que destrói o efeito da confissão.

Admissibilidade:

A confissão não é admissível nas seguintes situações:

a) Quando seja declarada insuficiente por lei ou recaia sobre facto cujo reconhecimento ou investigação a lei proíba (art.
354.º, al. a), CC), como sucede, por exemplo, quando a lei exija, como forma da declaração negocial, documento autêntico,
autenticado ou particular (art. 364.º, n.º 1, CC);
b) Quando recaia sobre factos relativos a direitos indisponíveis (art. 354.º, al. b), CC), como são, por exemplo, aqueles que
se referem ao estado das pessoas.
c) Quando incida sobre factos impossíveis ou notoriamente inexistentes (art. 354.º, al. c), CC).

Força Probatória:

Distinção entre confissão escrita e a confissão não escrita:

a) Confissão Escrita faz prova plena (art. 358.º, n.º 1, CC);


b) Confissão não Escrita – designadamente a feita em depoimento de parte, prestado oralmente perante o tribunal – é livremente
apreciada pelo tribunal (art. 358.º, n.º 4, CC).

A confissão extrajudicial segue a regra segundo a qual a confissão tem o valor probatório do meio pelo qual é comunicada ao
tribunal. Assim, se for comunicada ao tribunal por documento autêntico ou autenticado, faz prova plena contra o confitente (art.
371.º, n.º 1, CC); se por testemunhas, por exemplo, não faz prova plena (art. 358.º, n.º 2, CC).

Fazer sempre a distinção entre Depoimento de Parte vs. Declarações de Parte: As partes podem requerer, até ao início das
alegações orais em 1.ª instância, a prestação de declarações sobre factos em que tenham intervindo pessoalmente ou de que tenham
conhecimento directo (art. 466.º, n.º 1 do CPC).

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Prova Testemunhal

Noção: A prova testemunhal é a que resulta da transmissão ao tribunal, por certa pessoa, de informações de facto que interessam
à decisão da causa, e que foram pela mesma pessoa adquiridas sem que para isso tenha sido encarregada pelo tribunal.

Admissibilidade:

A prova testemunhal é admissível em todos os casos em que não seja directa ou indirectamente afastada (art. 392.º CC).

A prova testemunhal está excluída nas seguintes situações:

a) Contra ou em substituição do conteúdo de documento autêntico ou particular, isto é, para prova de convenções
contrárias ou adicionais ao conteúdo desses documentos (art. 394.º, n.º 1, CC); exceptua-se a hipótese de haver um
documento que constitua um princípio de prova e a prova testemunhal se destinar a completar este começo de prova
ou de a prova ser realizada por terceiros (art. 394.º, n.º 3, CC);

b) Contra meio de prova com força probatória plena, isto é, para prova do contrário de facto plenamente provado por
documento ou por outro meio de prova (art. 393.º, n.º 2, CC). A prova testemunhal não é admissível para provar uma declaração
contrária àquela que está coberta pela força probatória plena decorrente do reconhecimento ou não impugnação da letra ou da assinatura pela
parte contra quem o documento é apresentado (art. 376.º, n.º 1, CC)

c) Contra documento exigido pela lei ad probationem ou ad substantiam (art. 393.º, n.º 1, CC; art. 364.º CC), excepto
se a prova testemunhal for utilizada quanto à interpretação do documento (art. 393.º, n.º 3, CC);

d) Para prova dos contratos extintivos da relação obrigacional – como a novação (cf. art. 857.º CC) e a remissão (art.
863.º, n.º 1, CC) – e dos factos extintivos da obrigação –como o cumprimento (cf. art. 762.º, n.º 1, CC) e a compensação
(cf. art. 847.º, n.º 1, CC), se a declaração negocial houver de ser ou estiver reduzida a escrito ou se o facto estiver
plenamente provado por documento (art. 395.º CC).

Força Probatória:

A força probatória dos depoimentos das testemunhas é apreciada livremente pelo tribunal (art. 396.º CC). A livre apreciação
da prova testemunhal é uma consequência das patologias que podem afectar o valor do depoimento da testemunha (MTS).

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Joana Costa Lopes


Assistente Convidada

§ Esquema – Objeto do Processo


Direito Processual Civil II

Petição Inicial: o processo inicia-se com a apresentação da petição inicial (pi) , considerando
a ação proposta logo que o ato é ou se tem por praticado nos termos do artigo 259.º, n.º1 do
CPC. Constitui-se assim a instância , como relação jurídica entre o autor (pessoa que solicita
tutela jurisdicional) e o tribunal (a quem a solicitação é dirigida).

Esta iniciativa processual (intentar uma ação no tribunal – pedindo uma determinada tutela)
é insubstituível, pois só a ele cabe solicitar a tutela jurisdicional , que não pode ser
oficiosamente concedida (artigo 3/1.º do CPC). Assim o autor quando intenta uma ação
define um objeto processual:

Objeto do Processo

O Pedido do Causa de Pedir


Autor Porque é que
O que quer? quer?

Elementos

a) Pretensão Material – é afirmação de um Definição (MTS): a causa de pedir é um


interesse como juridicamente tutelado. É a conceito processual que é construído com
afirmação de um direito subjetivo. Ex. O base no direito substantivo.
autor pede o reconhecimento ao tribunal
de que é proprietário do imóvel x. A causa de pedir é constituída pelos factos
necessários para individualizar a pretensão
b) Pretensão Processual – declaração de material alegada pelo autor. O critério para
vontade acompanhada da solicitação de delimitar a causa de pedir é necessariamente
uma atuação judicial determinada jurídico: é a previsão de uma regra jurídica
(condene, declare , arreste): Artigo chave: que fornece os elementos para a construção
o artigo 10.º do CPC. de uma causa de pedir. Artigo 581.º do CPC.
Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)
lOMoARcPSD|32827993

A causa de pedir fixa os limites do


conhecimento do tribunal (p. do
dispositivo): artigo 5.º do CPC º artigo
615.º/d) do CPC.

O autor tem de alegar a causa de pedir na p.i


(artigo 552/n.º1, al.d) do CPC.

E se faltar o causa de pedir, ou seja, se o


Se faltar o pedido ou for ininteligível
autor não a alegar? O autor corre o risco da
Consequência:
petição inicial se tornar inepta por falta de
causa de pedir (art. 186.º, n.º2, al.a)), assim o
a) Ineptidão da Petição Inicial: (art. 186.º, n.º 2, al. a) processo seria todo nulo (art.186.º,n.1),
do CPC; pelo que essa nulidade se não houver
b) Devendo ser indeferido in limine (art. 590.º, n.º 1, despacho limiar, ou escapar ao indeferimento
186.º, n.º 1, 577.º, al. b), e 726.º, n.º 2, al. b)). limitar, conduz à absolvição do réu da
c) Ineptidão da Petição Inicial = Nulidade de todo instância porque há uma exceção dilatória –
o Processo (artigo 186/1.º do CPC) pois não pode artigo 278/1/b) + 577/al.b), + 576/2.º do
haver processo sem objecto (art. 186.º, n.º 1 e 2, al. CPC .
a)), pelo que essa nulidade – se não houver despacho
liminar (cf. art. 226.º, n.º 4) ou escapar ao
indeferimento liminar – conduz à absolvição do réu Causa de Pedir
da instância (art. 278.º, n.º 1, al. b), 577.º, al. b), e
576.º, n.º 2) porque há uma exceção dilatória
insanável.
Teorias: que factos integram a causa de pedir?

O Pedido do a) Teoria da Individualização: que já


ninguém usa.
Autor b) Teoria da Substanciação: LF – segundo a
qual a causa de pedir é constituída por todos
os factos necessários para obter a
Pressupostos Processuais do Pedido:
procedência da ação; Factos essenciais +
factos complementares que visam a
procedência da ação;
c) Teoria da Individualização
Aperfeiçoada: MTS + Mariana França
a) Inteligibilidade: se for Gouveia: segundo a qual a causa de pedir é
ininteligível a pi é inepta. construída apenas pelos factos necessários à
individualização do pedido do autor.
b) Idoneidade: deve ser idóneo
para a resolução judicial Fundamentação (teoria do MTS): a alegação da
(Possibilidade jurídica do causa de pedir dirige-se à parte contrária e ao juiz, e
pedido): o pedido de declaração destina-se tão só a averiguar a admissibilidade do
de quem é a pessoa mais bem objeto da causa (plano da admissibilidade) e não do
vestida é inidóneo para a solução plano da fundamentação da ação, daí que a
legal. Se faltar a idoneidade: consequência da falta de causa de pedir seja a
exceção dilatória inominada – ineptidão da pi.
consequência: absolvição do
réu da instância: artigo Suma:
278.º/1/e) + 577.º. a) Factos que constituem a causa de pedir: a sua falta
gera a ineptidão da pi;
c) Determinação: o pedido tem de b) Factos complementares: a sua falta gera um
ser em regra determinado, só se convite ao aperfeiçoamento (artigo 590.º do
aceitam pedidos genéricos nos CPC;)
casos permitidos na lei. Cf. artigo c) Factos probatórios: a sua falta é inconsequente;
556.º do CPC.
Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)
lOMoARcPSD|32827993

Formas do Pedido
Regra Geral: o pedido é específico, determinado ou líquido; referente a prestação vencida;
relativo a todo o direito; único e certo ou fixo.

No entanto podem existir pedidos:

a) Pedidos Genéricos - são aqueles que são indeterminados no seu quantum.

É o art. 556.º, n.º 1, que define em que casos é permitido formular pedidos genéricos. Um desses
casos é aquele em que o objecto mediato da acção é uma universalidade, de facto ou de direito
(art. 556.º, n.º 1, al. a)), ex. herança.

Fora do art. 556.º, há um caso em que a lei permite a formulação de um pedido genérico. O pedido
de prestações vincendas, no caso do art. 557.º, n.º 1, pode também apresentar se como pedido
genérico – condenação em todas as prestações que se vencerem.

E se o autor formular um pedido genérico fora dos casos admitidos na lei?

O juiz deve fazer uso do pedir que é conferido pelo artigo 590/2/al.b) e n.3 do CPC: e convidar
o autor a concretizar o pedido. Se o autor não fizer, não estando a pi em condições de ser recebida,
o réu deve ser absolvido na instância com base numa exceção dilatória inominada.

b) Pedidos de Prestação Vincenda - É possível pedir a condenação numa prestação


vincenda, mesmo que se vença em momento posterior ao da própria sentença de
condenação: é a chamada condenação in futurum ( art. 10.º, n.º 3, al. b) in fine).

Admissibilidade: art. 557/1.º do CPC (se o autor provar que existe interesse processual).

Pedido de Prestação Vincenda ≠ Condenação in futurum

Diferença entre pedido de prestação vincenda (artigo 557/2.º) e a condenação in futurum


(artigo 610.º). No pedido de prestação vincenda: o autor apresenta o direito como não exigível e
não vencido; o pedido do autor é um pedido de condenação in futurum.

Na condenação in futurum o que acontece é que o autor apresenta o direito como exigível , mas
o réu na contestação defende-se por exceção perentória modificativa temporária, cuja consequência é a
condenação in futurum do réu no pagamento da dívida por exemplo.

c) Pedidos Parciais - Neste pedido, o autor não esgota na pretensão processual tudo o que
decorre da pretensão material.

A formulação do pedido parcial permite poupar em custas processuais e noutras despesas, mas a
sua valoração exige, antes do mais, a distinção entre o pedido parcial “aberto” e “oculto”.

O pedido oculto pode ser utilizado para defraudar a competência em função do valor e pode
mesmo indiciar uma litigância de má-fé nos termos do artigo 542/2/al.d) do CPC.

O pedido aberto é quando o autor formula um pedido parcial se forma clara. O autor pode
reservar-se no direito de vir a pedir outra indemnização por danos posteriores, noutro momento,
ou noutra ação, artigo 569.º do CC.
Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)
lOMoARcPSD|32827993

Pedido de Defesa – Defesa por Exceção Peremptória

Enquadramento:
Por impugnação – aqui o réu contradiz os factos
articulados pelo autor ou nega que deles possa decorrer o
efeito jurídico pretendido por esta parte (art. 571.º, n.º 2 1.ª
parte); Aqui não há factos novos. Simplesmente o que
acontece é que o autor alega que x é verdadeiro, o réu alega
que este mesmo x é falso. O facto x fica controvertido, mas
O réu não há direito de resposta nos termos do artigo 3.º/4 por
pode se parte do autor.
defender
Por Exceção Dilatória (que se for procedente dá lugar à
absolvição do réu da instância).

Por Exceção Peremptória: e é esta que vamos analisar,


porque a sua procedência dá lugar à absolvição do réu no
pedido; Aqui o réu não impugna os factos alegados pelo
autor nem a sua adequação aos efeitos pretendidos por esta
parte, antes invoca outros factos que constituem uma causa
impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo
autor.

Noção: A defesa por excepção peremptória consiste na invocação pelo réu de um facto que obsta à
produção dos efeitos decorrentes do objecto definido pelo autor e determina a absolvição, total ou
parcial, do pedido (art. 576.º, n.º 3, e 571.º, n.º 2 in fine).

Por isso é que há direito de resposta por parte do autor nos termos do artigo 3.º/4 do CPC (Não se
esqueçam que a réplica não serve para responder às exceções alegadas pelo réu, mas sim e tão só para
responder à reconvenção).

Modalidades
As excepções podem ter eficácia

Impeditiva Extintiva Modificativa


As excepções impeditivas são aquelas que As excepções extintivas são aquelas que Peremptórias (definitivas) –
obstam ao preenchimento de uma destroem as consequências jurídicas excluem o exercício do direito
previsão legal e que, por isso, impedem decorrentes do preenchimento de para sempre: prescrição – passa
uma certa consequência jurídica. determinada previsão legal. de uma obrigação exigível para
uma natural;
Exemplos: Causas de nulidade do nj Exemplos: verificação de uma
(simulação; falta dos requisitos do objeto condição resolutiva (270.º do CC), Dilatórias (Temporárias) –
negocial; contrariedade à lei), artigo caducidade (298/2.º do CC), e todas as consistem na invocação de que o
240/2.º do CC. Dolo (artigo 253.º do causas de extinção das obrigações; direito do autor ainda não se
CC), Coação Moral (art. 257.º do CC), como o cumprimento (762/1.º do constituiu: condição suspensiva
legítima defesa (art. 337.º do CC). CC)... (artigo 270.º do CC) + exceção de
não cumprimento artigo 428.º do
CC.

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Formas do Pedido – Complexas

1.
Cumulação Simples – Artigo 555.º do CPC

2 pedidos
A mesma parte
A mesma parte
1 Réu
1 Autor
+

Admissibilidade da Cumulação Simples/


Pressupostos Processuais
- Compatibilidade Substantiva (artigo 555.º/n.º1/1.ª parte do CPC);

Se os pedidos não forem substancialmente compatíveis: ineptidão da pi – artigo 186/2/c) → nulidade de


todo o processo – artigo 186/1.º, 278/1/b) e 577/b). Por exemplo se o autor pedir a nulidade do contrato
e o seu cumprimento, estes pedidos não podem ser formulados em conjunto.

É sanável a incompatibilidade substantiva se o juiz convidar o autor a transformar a cumulação simples


numa cumulação subsidiária. (isto se não houver despacho liminar e se se seguir para o pré-saneador).

- Compatibilidade Processual
Art. 555.º/1/2.ªparte + art. 37.º/1 a 3 do CPC;

i) Relativa à competência absoluta do tribunal;

Se o tribunal for absolutamente incompetente: exceção dilatória nominada: artigos 96.º, 99.º, 278.º, al.a),
576/2.º, 577/a), ex vi art. 37.º do CPC.

ii) Adequação da forma do processo;

Aos pedidos cumulados têm de corresponder formas de processo compatíveis, se não estamos perante
uma exceção dilatória inominada que se for procedente dá azo à absolvição do réu da instância. No entanto
se não seguirem uma tramitação manifestamente incompatível (art. 37.º, n.º 2); a cumulação apenas é autorizada pelo
juiz se nela houver interesse relevante ou se a apreciação conjunta das pretensões for indispensável
para a justa composição do litígio (art. 37.º, n.º 2).

- Conexão Objetiva? Juiz Abrantes Geraldes aplica o artigo 36.º do CPC.


A Prof. PCS e o Prof. MTS defendem que a cumulação simples não exige nenhuma conexão entre os
pedidos cumulados, contudo poder-se-á aplicar o art. 37.º, n.º 4 do CPC a essa cumulação se a falta de
conexão objetiva gerar uma situação de grave inconveniência para o tribunal, no caso concreto.

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

2.
Cumulação Alternativa – Artigo 553.º do CPC

2 pedidos
A mesma parte A mesma parte
1 Autor ou 1 Réu

Admissibilidade da Cumulação Alternativa/


Pressupostos Processuais
- Alternatividade Substantiva ( artigo 553 do CPC + 543.ºa 549.º do CC);

Os pedidos alternativos não são aqueles em que se dá ao tribunal a possibilidade de escolha: não é
admissível que o autor peça ao tribunal que lhe atribua uma indemnização pela violação do seu interesse
contratual positivo (na hipótese de o tribunal reconhecer o incumprimento do contrato celebrado com o
réu) ou pela violação do seu interesse contratual negativo (no caso de o tribunal reconhecer que não foi
celebrado nenhum contrato entre as partes).

- Compatibilidade Processual
Art. 555/1/2.ªparte + art. 37.º/1 a 3 do CPC; - que aqui segundo o MTS se aplica por analogia.

iii) Relativa à competência absoluta do tribunal;

Se o tribunal for absolutamente incompetente: exceção dilatória nominada: artigos 96.º, 99.º, 278.º, al.a),
576/2.º, 577/a), ex vi art. 37.º do CPC.

iv) Adequação da forma do processo;

Aos pedidos cumulados têm de corresponder formas de processo compatíveis, se não estamos perante
uma exceção dilatória inominada que se for procedente dá azo à absolvição do réu da instância. No entanto
se não seguirem uma tramitação manifestamente incompatível (art. 37.º, n.º 2); a cumulação apenas é autorizada pelo
juiz se nela houver interesse relevante ou se a apreciação conjunta das pretensões for indispensável
para a justa composição do litígio (art. 37.º, n.º 2).

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

3.
Cumulação Subsidiária – Artigo 554.º do CPC

2 pedidos
A mesma parte A mesma parte
1 Autor + 1 Réu
Se o primeiro não for procedente
– Então o segundo!

Admissibilidade da Cumulação Subsidiária/


Pressupostos Processuais

- Não é necessária a Compatibilidade Substantiva ( artigo 554 do CPC);

A característica principal da cumulação subsidiária é a de que é possível formular pedidos substancialmente


incompatíveis. O autor pretende obter um de dois efeitos que são materialmente incompatíveis; a
cumulação subsidiária evita que ele tenha de escolher, antes da propositura da acção, qual deles quer obter;
essa parte pode procurar obter qualquer deles numa mesma acção, só tendo de hierarquizar um deles como
pedido principal.

- Compatibilidade Processual
Art. 554/2.º + art. 37.º/1 a 3 do CPC; - que aqui segundo o MTS se aplica por analogia.

v) Relativa à competência absoluta do tribunal;

Se o tribunal for absolutamente incompetente: exceção dilatória nominada: artigos 96.º, 99.º, 278.º, al.a),
576/2.º, 577/a), ex vi art. 37.º do CPC.

vi) Adequação da forma do processo;

Aos pedidos cumulados têm de corresponder formas de processo compatíveis, se não estamos perante
uma exceção dilatória inominada que se for procedente dá azo à absolvição do réu da instância. No entanto
se não seguirem uma tramitação manifestamente incompatível (art. 37.º, n.º 2); a cumulação apenas é autorizada pelo
juiz se nela houver interesse relevante ou se a apreciação conjunta das pretensões for indispensável
para a justa composição do litígio (art. 37.º, n.º 2).

- Conexão Objetiva? O MTS diz que não, mas crítica iure condendo, porque só o valor do pedido
principal é relevante para determinar o valor da causa – artigo 297/3.º do CPC.

Nota: o pedido subsidiário, só é apreciado, se o pedido principal for improcedente.

Cumulação Subsidiária Imprópria, que segue o regime do artigo 555.º do CPC: se o primeiro pedido
for procedente, então quero o outro pedido. (se x for procedente, então y).

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Em suma: A Cumulação Objetiva pode ser 1. Simples, 2. Alternativa, e 3. Subsidiária.


Quando a cumulação objetiva se conjuga com a cumulação subjetiva (cumulação de parte)
pode resultar uma coligação ou um litisconsórcio.

§ Coligação – Artigo 35.º do CPC;

Coligação vs. Litisconsórcio: a Coligação pressupõe uma pluralidade de partes e uma


pluralidade de pedidos, sendo que uma coligação poderá ter do lado passivo ou ativo uma
parte em litisconsórcio e outras partes no mesmo processo. No litisconsórcio há uma só
parte (caso dos cônjuges são separados), e pode haver uma cumulação de pedidos.

Admissibilidade da Coligação =
Pressupostos Processuais:

- Compatibilidade processual;

i) Competência absoluta do tribunal (art. 37.º, n.º 1);

ii) Adequação da forma de processo para todos os pedidos formulados (art.


37.º, n.º 2 e 3).
- Conexão Objetiva;

i) Terem os pedidos a mesma e única causa de pedir (art. 36.º, n.º 1);
ii) Estarem os pedidos entre si numa relação de prejudicialidade ou de dependência
(art. 36.º, n.º 1);
iii) Depender a procedência dos pedidos principais essencialmente da apreciação dos
mesmos factos (art. 36.º, n.º 2);
iv) Depender a procedência dos pedidos principais essencialmente da interpretação
e aplicação das mesmas regras de direito (art. 36.º, n.º 2);
v) Depender a procedência dos pedidos principais essencialmente da interpretação
e aplicação de cláusulas de contratos perfeitamente análogas (art. 36.º, n.º 2);
vi) Basear-se um dos pedidos, deduzido contra um réu, na invocação da obrigação
cartular,

A falta de conexão objectiva é sanável nos termos do art. 38.º, n.º 1: o juiz notifica o autor
para indicar qual o pedido que pretende ver apreciado no processo; se o vício não for sanado,
o réu é absolvido da instância quanto a todos os pedidos (art. 38.º, n.º 1; art. 278.º, n.º 1, al.
e), e 577.º, al. f do CPC;

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

- Compatibilidade Substantiva; se estivermos perante Cumulação Simples;

Aqui vale a regra geral para a cumulação simples: a falta de compatibilidade substantiva entre
os pedidos origina a ineptidão da petição inicial (art. 186.º, n.º 2, al. c)), de que resulta a
nulidade de todo o processo , que é uma exceção dilatória (art. 186.º, n.º 1, 278.º, n.º 1, al. b),
e 577.º, al. b)).

- Alternatividade Substantiva se estivermos perante Cumulação Alternativa;

- Não se exige Compatibilidade Substantiva no caso dos pedidos subsidiários;

§ Pedido Reconvencional – Contra-Ataque

Aqui o réu torna-se autor do pedido reconvencional. E o autor torna-se réu deste pedido e
pode responder à reconvenção na réplica (artigo 584.º do CPC).

Noção: Ao pedido autónomo do réu contra o autor chama se pedido


reconvencional ou reconvenção (art. 266.º, n.º 1). Pedido (Pretensão Material
+ Pretensão Processual). Imaginem que o réu invoca uma exceção dilatória de
incompetência relativa do tribunal e pede a remessa para o tribunal competente,
aí não há reconvenção porque não existe pretensão material.

Pedido Autónomo: porque pede algo diferente em relação à absolvição do réu


do pedido. Por isso é que não se deve confundir a reconvenção com a defesa
por exceção perentória, porque nessa o que o réu quer é ABSOLVIÇÃO DO
PEDIDO.

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Admissibilidade da Reconvenção/Pressupostos Processuais:

- Compatibilidade procedimental – artigo 583.º do CPC;

A reconvenção exige compatibilidade procedimental, ou seja, requer a sua inseribilidade na


marcha do processo: para ser admissível, a reconvenção exige que a forma de processo que
está a ser seguida a possa admitir.

- Não exclusão Legal – artigo 584.º, n.º1 do CPC;

A reconvenção não é admissível quando a lei a proíba. Há neste ponto que tomar em conta
o art. 584.º, n.º 1: ao pedido reconvencional não pode o autor opor nova reconvenção.

- Conexão Objetiva – Artigo 266/2.º do CPC

A enumeração do art. 266.º, n.º 2, tem carácter taxativo e excepcional, dado que os casos
abrangidos constituem uma excepção à regra da estabilidade da instância (cf. art. 260.º).

E se faltar o respeito pelos crivos da não exclusão legal, compatibilidade procedimental e


conexão objetiva?

A incompatibilidade procedimental, a violação de exclusão legal e a falta de conexão objectiva


são excepções dilatórias inominadas (art. 576.º, n.º 2); se a reconvenção não tiver sido
rejeitada, estas excepções conduzem à absolvição do autor da instância
reconvencional;

- Compatibilidade Processual – Artigo 93.º , 266/3.º; 37.º, 555.º, e artigo 554/2.º do


CPC

i) Competência Absoluta do Tribunal: A reconvenção exige a competência


absoluta, para o pedido reconvencional, do tribunal em que corre o pedido do
autor (art. 93.º, n.º 1).

ii) Adequação formal: a forma de processo apropriada para o pedido do autor tem
de ser adequada para o pedido reconvencional do réu (art. 266.º, n.º 3); ainda que
o não seja, o juiz pode autorizar a dedução do pedido reconvencional se houver
interesse relevante ou se tal for indispensável para a justa composição do litígio
(art. 266.º, n.º 3).

Se isto falhar: A incompatibilidade processual conduz à incompetência absoluta do


tribunal para o pedido reconvencional (art. 96.º, 278.º, n.º 1, al. a), e 577.º, al. a)) ou à
excepção dilatória inominada de erro na forma de processo para esse mesmo pedido (art.
576.º, n.º 2); estas excepções conduzem à absolvição do autor da instância reconvencional (
art. 93.º, n.º 1 2.ª parte).

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Joana Costa Lopes


Assistente Convidada

¤ Esquema Ð Provid•ncias Cautelares


Direito Processual Civil II

Provid•ncias Cautelares
Porque Ž que elas existem? Regime Jur’dico

Procedimentos Cautelares
MTS: A composi•‹o final de um lit’gio Ž algo que pode de- artigos 362.¼ a 409.¼ do CPC;
morar bastante tempo; Ž sempre necess‡rio deixar as partes
expor as suas raz›es, Ž frequentemente necess‡rio investigar os Caracter’sticas:
factos e Ž quase sempre necess‡rio decidir reclama•›es e recursos
(...). i) T•m como finalidade evitar o periculum in
mora, nos termos do artigo 365/1.¼ e 368/1.¼
Esta demora na satisfa•‹o judicial do interesse protegido cria o do CPC;
risco de um preju’zo ao seu titular (art. 362.¼, n.¼ 1, e 368.¼, n.¼ ii) Traduzem-se numa summaria cognitio, n‹o
1: periculum in mora). s— porque basta a mera justifica•‹o do direito
amea•ado (art. 365.¼, n.¼ 1, 388.¼, n.¼ 2, 392.¼,
Por esta raz‹o, a lei permite que, atravŽs de um processo mais n.¼ 2, e 405.¼, n.¼ 2), mas tambŽm porque o
simples e r‡pido (art. 365.¼, n.¼ 1 e 3: summaria cognitio) Ð mas, por procedimento cautelar Ž tramitado como um
incidente da inst‰ncia (art. 365.¼, n.¼ 3);
isso mesmo, menos seguro Ð, demonstrada a Òprobabilidade sŽria
da exist•ncia do direitoÓ amea•ado, nos termos do art. 368.¼, n.¼ iii) T•m como objecto um mero fumus boni
1: fumus boni iuris), o tribunal possa decretar uma tutela provis—ria iuris, dado que, para o decretamento da
que se destina a acautelar o efeito œtil da ac•‹o, nos termos do art. provid•ncia, basta a verosimilhan•a forte da
2.¼, n.¼ 2 in fine, isto Ž, a evitar que a composi•‹o definitiva seja exist•ncia do direito acautelado (art. 368.¼, n.¼
1);
inœtil.
iv) Provisoriedade da Provid•ncia Cautelar:
364/4.¼ do CPC : porque se a tutela definitiva
Interesse Processual: Como outra forma de tutela judici‡ria,
n‹o for concedida a tutela cautelar caduca
exigem o interesse processual do requerente. Como pressuposto (artigo 373/1/ al.c)), se a tutela definitiva for
processual da Provid•ncia Cautelar Ð tem de haver uma falta concedida ent‹o a tutela cautelar Ž substitu’da
de alternativa a essa provid•ncia. (caso t’pico: os alimentos provis—rios Ð 384.¼
do CPC passam a alimentos definitivos);

Finalidades

i) Garantia: provid•ncia conservat—ria (artigo 362.¼, n.¼1 do CPC): ex. arresto e


arrolamento;

ii) De regula•‹o provis—ria de uma situa•‹o: provid•ncia conservat—ria (artigo


362.¼, n.¼1 do CPC) Ð restitui•‹o provis—ria da posse (se houver esbulho
violento Ð 1278/1.¼ do CC);

iii) Antecipa•‹o da tutela definitiva: provid•ncia antecipat—ria (artigo 362.¼ do


CPC) Ð o credor de alimentos pode requerer que lhe sejam concedidos
alimentos provis—rios (2007/1.¼do CC);
Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)
lOMoARcPSD|32827993

Modalidades
das Provid•ncias Cautelares

Provid•ncia Cautelar Comum Provid•ncias Cautelares


Especificadas
i) ƒ subsidi‡ria ˆ provid•ncia
cautelar especificada Ð artigo ¥ Restitui•‹o Provis—ria da Posse
376/1.¼ do CPC; (art. 377.¼ a 379.¼ do CPC);
Finalidades de
¥ A Suspens‹o de Delibera•›es
ii) Porque se emprega sempre regula•‹o
Sociais (art. 380.¼ a 383.¼ do CPC);
que, verificando-se os provis—rias
¥ O Embargo de Obra Nova (art.
fundamentos que justificam o
397.¼ a 403.¼ do CPC)
procedimento cautelar, n‹o
haja nenhum procedimento ¥ Os Alimentos Provis—rios (art. Finalidades de
especial que a lei fixe para esse 384.¼ a 387.¼ do CPC); antecipa•‹o da
caso (artigo 362/1 e 3 do ¥ O Arbitramento de Repara•‹o tutela definitiva
CPC); Provis—ria (art. 388.¼ a 390.¼);
¥ O Arresto (art. 391.¼ a 396.¼ do Finalidades de
MTS: As provid•ncias comuns podem prosseguir CPC); garantia
qualquer das finalidades gerais das provid•ncias ¥ O Arrolamento (art. 403.¼ a 409.¼).
cautelares: a de garantia de um direito, a de
regula•‹o provis—ria e a de antecipa•‹o da tutela.

Arresto vs. Arrolamento

Arresto Arrolamento
Quando Ž que pode ser requerido? Quando o O que Ž e quando pode ser requerido? Aquele que tenha
credor tenha justo receio de perder a garantia direito a que lhe seja entregue um certo nœmero de bens,
patrimonial do seu crŽdito por dissipa•‹o ou pode requerer, havendo justo receio de extravio ou
oculta•‹o de bens por parte do devedor (art. dissipa•‹o deles, a sua descri•‹o, avalia•‹o e dep—sito: Ž o que
391.¼1/1 do CPC); se chama arrolamento (art. 403.¼, n.¼ 1 do CPC).

Objetivo: garantir o pagamento de d’vidas Ð MTS: o arrolamento pode recair sobre documentos (art.
rela•‹o entre credor e devedor (b arrolamento); 403.¼, n.¼ 1). Este arrolamento cumpre uma fun•‹o paralela
ˆ da realiza•‹o antecipada da prova (cf. art. 419.¼ e 420.¼),
Requisitos: Probabilidade da exist•ncia do distinguindo-se essas provid•ncias entre si pela circunst‰ncia
crŽdito + exist•ncia de justo receio de perda da de o arrolamento recair sobre provas prŽ-constitu’das e de
garantia patrimonial; a antecipa•‹o da prova incidir sobre provas constituendas.

Objetivo: Descri•‹o, avalia•‹o e dep—sito dos bens Ð artigo


N‹o h‡ contradit—rio: artigo 393.¼ do CPC Ð 406.¼ do CPC Ð o arrolamento n‹o quer saber de d’vidas, s—
exce•‹o do artigo 3/1 e 2 do CPC; ratio Ð o se quer preocupar com a conserva•‹o de determinados bens,
diferimento do contradit—rio Ž justificado pela devido ao risco de perda ou desaparecimento dos mesmos.
necessidade de assegurar que o requerido n‹o
tem conhecimento prŽvio do requerimento da Requisitos: justo receio de extravio, oculta•‹o ou dissipa•‹o
provid•ncia; de bens, m—veis ou im—veis + pode ser requerido por
qualquer pessoa que tenha interesse na conserva•‹o dos bens
O que Ž o arresto? Apreens‹o de bens que (n‹o se exige a rela•‹o entre credor-devedor);
sejam penhor‡veis para satisfazer as d’vidas Jurisprud•ncia Recente: Ac. Do Tribunal da Rela•‹o de
dos credores (artigo 391/2.¼ + 393/2.¼ do Coimbra de 27-fev.-2018 (Relator V’tor Amaral):
CPC).
Òƒ adequado a prevenir o risco de dissipa•‹o ou oculta•‹o de bens Ð
O arresto interrompe a prescri•‹o do crŽdito no caso, dep—sitos em conta banc‡ria Ð e acautelar o efeito œtil do
acautelado Ð 323/1.¼ do CC processo de invent‡rio para partilha o arrolamento e n‹o o arresto.Ó

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Invers‹o do Contencioso

Enquadramento: Regime:
As provid•ncias cautelares t•m como finalidade a preven•‹o do periculum
in mora, j‡ que visam obviar a que a decis‹o proferida na ac•‹o principal se Segundo o disposto no art. 369.¼, n.¼ 1 do CPC, em certos casos e
verificadas certas condi•›es, o requerente Ž dispensado do —nus de
torne inœtil. E as provid•ncias cautelares n‹o podem tambŽm assumir uma
propositura da ac•‹o principal, sendo atribu’do ao requerido que
outra fun•‹o: a de se substitu’rem ˆ pr—pria tutela definitiva, ou seja, pretenda evitar a consolida•‹o da provid•ncia decretada o —nus de
a de consumirem a necessidade da propositura de uma ac•‹o principal propor uma ac•‹o de impugna•‹o.
destinada a confirmar a tutela provis—ria obtida atravŽs de uma dessas
provid•ncias.
O autor (requerente) da provid•ncia cautelar à se o juiz atingir um
grau de certeza à se estivermos a falar de provid•ncias
Requisitos: antecipat—rias à se o autor/requerente pedir isso (p. dispositivo) =
Artigo 369.¼, n.¼ 1 do CPC: pode haver invers‹o do contencioso.
1. Mediante Requerimento (p. do dispositivo) por parte do
requerente da provid•ncia/autor da provid•ncia; Em que consiste a Invers‹o? que n‹o Ž nada mais nada menos do
que o nosso autor/requerente da provid•ncia cautelar ficar rŽu na
2. O juiz tem de formar convic•‹o segura da exist•ncia do a•‹o principal e o rŽu/requerido da provid•ncia cautelar fica o autor
direito acautelado: ou seja n‹o basta a mera justifica•‹o (395.¼, da a•‹o principal porque ele vai contrariar, intentando a a•‹o principal
388.¼/2, 392.¼/2 e 405/1.¼ do CPC) para haver invers‹o do aquilo que o autor/requerente disse na provid•ncia cautelar;
contencioso. Tem de haver prova stricto sensu;
Assim o autor/requerente da tutela cautelar deixa de ter o —nus
3. A provid•ncia decretada tem de poder substituir-se em tutela de propor a a•‹o principal (lembre-se da instrumentalidade da
definitiva se o rŽu/requerido da provid•ncia omitir o seu —nus tutela cautelar) .
de propor a a•‹o principal.
E se o requerido/rŽu da tutela cautelar n‹o intentar a a•‹o
principal quando Ž decretada a invers‹o do contencioso
(omiss‹o do rŽu)? Ent‹o a’ as provid•ncias consolidam-se como
Assim a invers‹o do contencioso s— Ž admiss’vel se a tutela cautelar tutela definitiva.
puder substituir a tutela definitiva que, se n‹o tivesse havido invers‹o
do contencioso, o requerente teria o —nus de requerer na subsequente Finalidade da Invers‹o: evitar uma duplica•‹o de alega•›es e de
ac•‹o principal. provas no procedimento cautelar e na subsequente a•‹o principal.
MTS Ð Ž uma express‹o da economia processual;
MTS: Por exemplo, n‹o tem sentido admitir a invers‹o do contencioso quanto ˆ
provid•ncia cautelar de arresto, pois que a garantia da garantia patrimonial que o credor
obtŽm atravŽs dessa provid•ncia n‹o resolve o lit’gio entre ele e o seu devedor (que respeita,
n‹o ˆ garantia do crŽdito, mas ao pr—prio crŽdito). Fundamento legal: 376/4.¼
CPC.

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Joana Costa Lopes


Assistente Convidada

¤ Esquema Ð Direito Processual Civil II


Senten•a Ð V’cios Ð Caso Julgado

Enquadramento da Decis‹o do Juiz no Processo

Modalidades da Decis‹o Conteœdo da Decis‹o Final (Despacho Saneador


Senten•a/Senten•a)

i) Despachos: decis›es n‹o finais proferidas i) Absolvi•‹o do pedido: julgamento de mŽrito


sobre matŽria processual; no entanto o contra o autor; a absolvi•‹o do pedido deixa
despacho saneador pode ser uma decis‹o assente que a pretens‹o material invocada por essa
final (artigo 595/1 e 3 do CPC; parte n‹o existe, n‹o merece a tutela pedida;
ii) Senten•as: decis›es finais proferidas numa ii) Absolvi•‹o da inst‰ncia: recusa de julgamento
causa (artigo 152/2.¼ do CPC) , ou seja, s‹o de mŽrito, por faltar algum pressuposto
as decis›es que p›em termo a uma causa ou processual, (artigo 278.¼, 1 e 576/2.¼ do CPC). A
a um incidente; as senten•as dos tribunais absolvi•‹o da inst‰ncia deixa intocada a situa•‹o
coletivos chamam-se ac—rd‹os Ð artigo substantiva Ð artigo 279.¼, n.¼1 do CPC.
152.¼, n.¼3 do CPC;
iii) Condena•‹o: quando o juiz d‡ raz‹o ao autor; a
iii) Resolu•›es: decis›es proferidas nos condena•‹o n‹o deixa assente a exist•ncia da
processos de jurisdi•‹o volunt‡ria com base pretens‹o material alegada pelo autor o modo da
em critŽrios de conveni•ncia e sua tutela;
oportunidade;

Efeitos da Decis‹o

Efeitos Processuais:
Efeitos Substantivos:
I ) A irrevogabilidade da decis‹o, decorrente do Irrevogabilidade da decis‹o
esgotamento do poder jurisdicional do juiz quanto ˆ Os efeitos substantivos podem ser a
matŽria decidida -art. 613.¼, n.¼ 1 do CPC;
vs. Caso Julgado
determina•‹o de pontos antes
indeterminados da situa•‹o jur’dica:
Excep•‹o: possibilidade da rectifica•‹o de erros materiais, do S‹o realidades distintas.
suprimento de nulidades e da reforma da decis‹o (art. 613.¼, n.¼ 2; cf. Exemplo: o conteœdo da presta•‹o devida pelo
art. 614.¼ a 617.¼); A irrevogabilidade da decis‹o rŽu (fixado, regra geral, por critŽrios de
decorre do esgotamento do poder equidade: art. 339.¼, n.¼ 2, 462.¼, 496.¼, n.¼ 3,
II) O caso julgado formal (art. 620.¼ e 628.¼) e jurisdicional do juiz sobre a matŽria 566.¼, n.¼ 3, 883.¼, n.¼ 1 2.» parte, 993.¼, n.¼ 1 2.»
III. Efeitos da decisão
material (art. 619.¼), decorrente do tr‰nsito em decidida (art. 613.¼, n.¼ 1). Portanto parte, e 1158.¼, n.¼ 2 do CC), o prazo da
julgado da decis‹o, que se 1. verifica quando esta n‹o
Generalidades dirige-se ao juiz Ð a decis‹o Ž presta•‹o (cf. art. 777.¼, n.¼ 2 e 3, CC) ou o
seja suscept’vel de recurso ordin‡rio ou de prazo para a reparti•‹o da heran•a ou do legado
inalter‡vel para o juiz.
reclama•‹o para rectificarAerrosdecisão dopara
materiais, tribunal
suprir produz efeitos muito importantes, quer ao
(art.nível
2182.¼, processo,
n.¼ 3, CC). quer no
uma nulidade ou para a reformar quanto a custas e a O caso efeitos
julgado são
significa que as apenas à decisão transitada
multa ou quantoplano a lapsosdo manifestos
direito substantivo.
do juiz (art. Alguns destes atribuídos
partes j‡ n‹o podem impugnar a
628.¼; cf. art. 613.¼, Efeitos Normativos:
emn.¼julgado,
2); ou seja, nos termos do art. 628.º,(art.
decis‹o insusceptível de recurso ordinário ou de reclama-
628.¼). Portanto
dirige-se ˆs partes. Depois de Quando a decis‹o produz um efeito
III) A extin•‹o da ção.rela•‹o jur’dica processual (artigo transitado em julgado as partes
277/al.a) do CPC; - s— a decis‹o final normativo Ð ou seja Ð quando integra
deixam de a poder impugnar a
(senten•a/despacho saneador-senten•a) produz a previs‹o de uma norma.
decis‹o.
este efeito;

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

V’cios da Decis‹o

V’cios ess•ncia; V’cios de Conteœdo V’cios Limites


A inexist•ncia Erro Material 614.¼CPC Erro Judicial 616.¼CPC O que Ž?
Quando a decis‹o n‹o contŽm tudo o
O que Ž? O que Ž? que devia ou contŽm mais do que
A falta de poder jurisdicional do devia. Os v’cios limites encontram-se
judicante, por exemplo: o juiz que proferiu ƒ a inexactid‹o ou omiss‹o O erro judicial Ž a diverg•ncia entre o que se regulados no artigo 615.¼ do CPC,
a decis‹o fora aposentado com fundamento em verificada na decis‹o, afirma na decis‹o e a verdade dos factos ou 666.¼, 685.¼ do CPC.
incapacidade f’sica, moral ou profissional - consubstanciando uma discrep‰ncia a jur’dica. Artigo 616.¼ do CPC.
A decis‹o Ž nula nos termos das
art. 605.¼, n.¼ 3; com os dados verdadeiros. ƒ uma
al’neas do artigo 615.¼ do CPC;
diverg•ncia entre a vontade real Incide sobre o qu•?
A falta de forma em termos de n‹o do juiz e o que ficou escrito. - Sobre a decis‹o propriamente dita; Art. 615/al.e) tem de ser interligado
haver sequer apar•ncia social e - Sobre os seus fundamentos (art. 616.¼, n.¼ com o 608.¼/2 + 609.¼ do CPC; (p.
jur’dica de decis‹o; por exemplo: Regime: artigo 614.¼/1 do CPC: 2); do dispositivo);
- Sobre a decis‹o secund‡ria acerca de
decis‹o proferida pelo juiz num cafŽ
custas e multa (cf. art. 616.¼, n.¼ 1); Consequ•ncias da nulidade da
ou verbalmente fora do processo ou I ) Omiss‹o do nome das partes;
decis‹o sem parte dispositiva. decis‹o:
II )Omiss‹o quanto ˆs custas; I) Erro na determina•‹o da norma
aplic‡vel/qualifica•‹o jur’dica dos factos; - Se a nulidade provier da falta de
A absoluta ininteligibilidade da assinatura do juiz (615/al.a) as
decis‹o. III ) Lapso manifesto , traduzido em 616/2/b) do CPC;
consequ•ncias s‹o as do artigo
erros de escrita ou de c‡lculo ou em 615.¼,n.¼2: a omiss‹o pode ser suprida
II) Erro na aprecia•‹o ou desconsidera•‹o
quaisquer outras inexatid›es ou oficiosamente ou a requerimento de
de prova plena, art. 616.¼, n.¼ 2, al. b)
omiss‹o flagrantes; qualquer das partes, enquanto for
poss’vel colher a assinatura do juiz
que proferiu a senten•a. (artigo
615/3);

- Se a nulidade provier de qualquer


outra causa al.b), a e) do art. 615.¼
do CPC se a decis‹o admitir recurso
Inefic‡cia da Decis‹o Ð Temos um Erro Material e Temos um Erro Judicial e ordin‡rio , a nulidade da senten•a
deve ser arguida no pr—prio tribunal
Artigo 625.¼ do CPC Agora? Agora? que a proferiu (art. 615/4.¼ do CPC).

O erro material pode ser objecto de O erro judicial pode ser Tramita•‹o: se s— for admiss’vel a
A decis‹o, ainda que n‹o
reclama•‹o, o juiz profere decis‹o
pade•a dos desvalores de rectifica•‹o, por iniciativa das impugnado atravŽs:
definitiva sobre a nulidade (artigo
inexist•ncia ou nulidade, partes ou do pr—prio juiz (art. 613.¼, 617/6/1»parte do CPC.
pode ser ineficaz. n.¼ 2, e 614.¼, n.¼ 1 do CPC). Reclama•‹o: se n‹o couber recurso
ordin‡rio (art. 616/n.¼ 1 e 2 do CPC. Se tiver sido interposto recurso,
Como se trata de uma rectifica•‹o, incumbe ao juiz apreciar a alegada
ƒ o caso da segunda decis‹o n‹o Ž permitido (como o permite a Recurso ordin‡rio: se couber, o nulidade no despacho em que
sobre a mesma pretens‹o (art. anula•‹o) alterar o que ficou decidido. recurso de apela•‹o , se for interposto aprecia a admissibilidade do recurso
625.¼, n.¼ 1 do CPC) ou sobre N‹o sendo interposto recurso, a da 1.» inst‰ncia para a Rela•‹o Ð artigo (617/1 + 641/1.¼ do CPC)
a mesma quest‹o concreta da rectifica•‹o pode ter lugar a todo o 644.¼/1 do CPC, ou de revista se for
Se o juiz n‹o suprir a nulidade,
rela•‹o processual (art. 625.¼, tempo (art. 614.¼, n.¼ 3), cabendo interposta da Rela•‹o para o STJ n‹o cabe recurso aut—nomo do
n.¼ 2). recurso, nos termos gerais, do (artigo 671.¼ 1 do CPC); indeferimento Ð 617.¼, n.¼1 parte
despacho de rectifica•‹o (art. 644.¼, final. (mant•m-se inalterado o recurso
n.¼ 2, al. g)) O erro na decis‹o secund‡ria sobre interposto).
custas e multa Ž atac‡vel pedindo a
Se o juiz suprir a nulidade: a magia do
reforma da decis‹o (art. 616.¼, n.¼ 1). artigo 617/2.¼ do CPC;

V’cios Limites Ð Nota importante (artigo 615.¼ do CPC)

A nulidade da senten•a tem de ser invocada, n‹o Ž de conhecimento oficioso - art. 615.¼, n.¼ 4 do CPC. Assim, se a parte n‹o
invocar a nulidade no recurso interposto, o tribunal ad quem n‹o pode conhecer dela. H‡, no entanto, uma excep•‹o: se faltar a
fundamenta•‹o do julgamento da matŽria de facto, a Rela•‹o pode ordenar, mesmo oficiosamente, que o tribunal de 1.» inst‰ncia a
fundamente ( art. 662.¼, n.¼ 2, al. d)).

No fundo, se as partes n‹o alegarem a nulidade da senten•a, ela sana-se.

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


lOMoARcPSD|32827993

Caso Julgado
MTS: O caso julgado fornece certeza e confian•a e Ž um elemento essencial para o bom funcionamento da justi•a

Tr‰nsito em Julgado Ð
Decis‹o Final/Senten•a art. 628.¼ do CPC
Neste lapso temporal de 30 dias (art. 638.¼/1 do CPC) as partes podem
Artigo 613.¼ do CPC Ð fica interpor recurso (art. 627.¼, 629.¼), logo para as partes a decis‹o final CASO JULGADO
imediatamente esgotado o poder ainda n‹o tem car‡cter de imutabilidade, porque pode ser
jurisdicional do juiz. Ele n‹o se impugnada! Passado o momento em que tal
pode mais pronunciar. tipo de altera•‹o ainda Ž poss’vel
Neste lapso de tempo a senten•a tambŽm pode ser alterada atravŽs dos (OS 30 DIAS Ð 638.¼ do CPC)
Efeito da irrevogabilidade da mecanismos previstos no artigo 614.¼ a 617.¼ do CPC (artigo 613/2.¼ do diz-se que a senten•a transita em
decis‹o; CPC). julgado:

ƒ esta inalterabilidade da decis‹o


transitada, decorrente da
insusceptibilidade da sua
impugna•‹o, constitui o caso
julgado.

Modalidades de Caso Julgado

Caso Julgado Formal Ð art. 620.¼ do CPC Caso Julgado Material Ð art. 619.¼ do CPC

O caso julgado formal traduz a for•a obrigat—ria O caso julgado material Ž limitado ˆ decis‹o de mŽrito,
dentro do processo. Isto significa o qu•? isto Ž, ˆ decis‹o sobre a rela•‹o material controvertida (art.
619.¼, n.¼ 1). A decis‹o dada a certa quest‹o Ž vinculativa
Se o juiz no Despacho Saneador (595.¼ /1, al. a)/3.¼ do CPC) fora do processo; nenhum juiz se pode afastar dela se se
se pronunciar sobre uma exce•‹o dilat—ria, e fundamentar voltar a p™r em ju’zo quest‹o id•ntica objectiva Ð por
porque Ž que a exce•‹o Ž procedente ou improcedente, n‹o identidade de pedido e de causa de pedir Ð e subjectivamente
pode vir depois na senten•a contrariar o que decidiu no Ð por identidade das partes (art. 619.¼, n.¼ 1, 580.¼ e 581.¼).
despacho saneador, por causa do caso julgado formal!
O caso julgado material produz a vincula•‹o ao
Exemplo: Se o juiz no despacho saneador decidir que uma parte Ž conteœdo da decis‹o de mŽrito e realiza:
leg’tima e fundamentar porqu•, ent‹o n‹o pode na senten•a vir alegar que
essa mesma parte Ž ileg’tima.

Exce•‹o: Despacho Saneador GenŽrico/Tabular. ƒ uma


exig•ncia que decorre do artigo 595/3.¼ do CPC na parte em Um Efeito Positivo: Um Efeito Negativo:
que diz Òo despacho constitui, logo que transite, caso autoridade de caso julgado Exce•‹o de Caso
julgado formal, quanto ˆs quest›es concretamente Julgado
apreciadasÓ, logo se o juiz apenas enunciar/decidir que as
partes s‹o leg’timas, o tribunal Ž competente, sem Art. 580.¼, 581.¼ + 577/i)
fundamentar Ð ent‹o a consequ•ncia Ž que n‹o faz caso
julgado formal, e pode na senten•a contrariar a decis‹o que Efeito Negativo do Caso Julgado: Segundo o disposto no
tomou no despacho saneador. art. 580.¼, n.¼ 2, o efeito negativo opera atravŽs da excep•‹o
de caso julgado art. 580.¼, n.¼ 1, 581.¼ e 577.¼, al. i), e visa
obstar tanto ˆ repeti•‹o de a•›es id•nticas (ne bis in idem),
como ˆ contradi•‹o de uma decis‹o anterior.

Efeito Positivo do Caso Julgado: O efeito positivo vincula


o tribunal da ac•‹o posterior a aceitar a quest‹o prejudicial
decidida numa ac•‹o anterior e opera atravŽs da autoridade
de caso julgado. Exemplo: A pede contra B a declara•‹o de ser
propriet‡rio de x; ganha; se pedir a condena•‹o de B a pagar-lhe uma
indemniza•‹o por danos feitos em x, nesta ac•‹o n‹o se pode discutir o
pressuposto de que A Ž propriet‡rio de x;
Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)
lOMoARcPSD|32827993

A Refer•ncia Temporal/Limite Temporal do Caso Julgado

Artigo 611.¼ do CPC:


Momento do encerramento Decis‹o 30 dias Ð aqui Tr‰nsito em
da discuss‹o pode-se reclamar / Julgado Ð
Final Ð interpor recurso.
Momento em que Senten•a Ð 628.¼ do CPC;
terminam as alega•›es orais Artigo 613.¼ Artigo 638.¼ do
na audi•ncia final Ð art.
do CPC; CPC; Caso Julgado
604/3/al.e) do CPC.

A senten•a deve
corresponder ˆ situa•‹o
existente no momento do
encerramento da discuss‹o. Imaginem que depois do encerramento da discuss‹o e entre a decis‹o
final do juiz, acontece um facto novo. Este facto ainda integra o caso julgado,
se mudar radicalmente a decis‹o final? N‹o!

Porqu•? Porque a refer•ncia temporal do caso julgado n‹o Ž nem o


momento do tr‰nsito em julgado, nem o momento do
proferimento da decis‹o, mas o do encerramento da discuss‹o em 1.»
inst‰ncia.
Desta verifica•‹o decorre a seguinte regra: o caso julgado de uma
decis‹o n‹o impede que, numa ac•‹o posterior, sejam alegados factos
que sejam posteriores ao encerramento da discuss‹o na ac•‹o na qual
foi proferida aquela decis‹o.

Ou seja: este facto novo, como n‹o integra o caso julgado (vamos supor que o rŽu
afinal cumpriu com a obriga•‹o que o autor alegou em ju’zo), pode ser alvo de uma
nova a•‹o.

Limites do Caso Julgado


O caso julgado s— torna inadmiss’vel a discuss‹o de uma quest‹o relativamente ˆ qual se verifiquem as tr•s
identidades referidas (art. 581.¼, n.¼ 1): identidade quanto aos sujeitos, ao pedido e ˆ causa de pedir.

Limites Objetivos Ð Artigo 581/1.¼ , 3 e 4 do CPC Limites Subjetivos


Identidade de Pedidos + Identidade de Causas de Pedir;
Regra de ouro: s— se condenam ou absolvem as partes, mas
O Caso Julgado estende-se: i) Decis‹o, ii) Fundamentos
autonomamente considerados + Decis‹o, iii) Decis‹o
os terceiros podem ficar vinculados ao caso julgado.
vinculada aos seus fundamentos l—gicos e indispens‡veis?
A an‡lise dos limites subjectivos do caso julgado imp›e
MTS: o fundamento n‹o pode valer autonomizado da decis‹o determinar quem fica vinculado por uma decis‹o transitada: a
para efeitos de caso julgado, o que implica que a decis‹o tambŽm resposta Ž intuitiva quanto ˆs partes da causa, o problema
n‹o pode valer autonomizada do seu fundamento. surge quanto o caso julgado tambŽm atinge terceiros, isto Ž,
sujeitos que n‹o foram partes na ac•‹o.
A vincula•‹o ˆ decis‹o Ž sempre uma vincula•‹o ˆ decis‹o no
contexto do seu fundamento. Ou seja, sempre que se invoque uma Regra Geral: Efic‡cia inter partes
decis‹o em ju’zo, o tribunal perante o qual essa decis‹o Ž invocada
est‡ vinculado n‹o s— ˆ decis‹o, mas tambŽm aos fundamentos que O caso julgado produz sempre efeitos entre as partes
constituam antecedentes l—gicos e indispens‡veis ˆ sua emiss‹o ( processuais que o provocaram: Ž o princ’pio da efic‡cia
n‹o h‡ vincula•‹o aos fundamentos de facto Ð regra geral). inter partes do caso julgado. Desta regra resulta que nenhum
terceiro pode ser condenado, numa qualquer ac•‹o pendente, a
realizar uma presta•‹o ou a reconhecer um direito ou uma
Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)
lOMoARcPSD|32827993

Limites Objetivos Ð Artigo 581/1.¼ , 3 e 4 do CPC Limites Subjetivos


Identidade de Pedidos + Identidade de Causas de Pedir;

Caso Especial - Contr‡rio contradit—rio


Efic‡cia ultra partes. Ð O caso julgado tanto pode beneficiar, como
prejudicar terceiros.
Quando a decis‹o define um efeito jur’dico, este efeito fica
coberto pelo caso julgado; mas h‡ que entender que o Òcontr‡rio A demonstra•‹o de que terceiros podem ser afectados pelo caso julgado n‹o
contradit—rioÓ desse efeito tambŽm fica abrangido pelo caso Ž dif’cil. Por exemplo: A prop›e uma ac•‹o contra B, pedindo o reconhecimento de que Ž
julgado. o œnico herdeiro de C; A ganha a ac•‹o; o credor D n‹o pode pedir a B o pagamento de uma
d’vida da heran•a de C.;
ƒ a solu•‹o que decorre do disposto no art. 564.¼, al. c) (que, ao
determinar que a cita•‹o inibe o rŽu de propor contra o autor ac•‹o destinada Quando Beneficia Terceiros:
ˆ aprecia•‹o da mesma quest‹o jur’dica, significa que o rŽu fica impedido de
MTS: Se o caso julgado n‹o pudesse beneficiar terceiros, n‹o se compreenderia
discutir, fora da ac•‹o proposta, algo de contradit—rio com o que o autor a admissibilidade da interven•‹o de uma parte acess—ria (art. 326.¼, n.¼ 1), dado
pretende nela obter) e no art. 580.¼, n.¼ 2 (que atribui ao caso julgado que a finalidade dessa interven•‹o Ž precisamente auxiliar a parte principal a
o efeito de proibir qualquer contradi•‹o com a decis‹o transitada). obter uma decis‹o favor‡vel, tanto para ela pr—pria, como para o interveniente;
qualquer terceiro pode invocar a seu favor um caso julgado obtido entre
O Òcontr‡rio contradit—rioÓ que o rŽu n‹o pode procurar terceiros. Por exemplo: A apresenta-se como propriet‡rio de um andar e pretende denunciar
obter fora da causa contra ele proposta (art. 564.¼, al. c)) Ž o ou resolver o contrato de arrendamento celebrado por B; este arrendat‡rio pode invocar a seu
mesmo que ele n‹o pode tentar alcan•ar depois do tr‰nsito favor o caso julgado obtido na ac•‹o proposta por C em que A n‹o foi reconhecido como
em julgado da decis‹o (art. 580.¼, n.¼ 2). propriet‡rio do andar.

Quando s‹o Prejudicados Terceiros:


Por exemplo: se a ac•‹o de reivindica•‹o proposta por A contra
B for julgada procedente, fica assente que o autor A Ž propriet‡rio Por exemplo, que a proced•ncia de uma ac•‹o de reivindica•‹o contra um devedor diminui a
do bem reivindicado; se, depois de a ac•‹o de reivindica•‹o ter garantia patrimonial de todos os seus credores .
sido julgada procedente a favor de A, o rŽu B intentar uma ac•‹o
(de aprecia•‹o negativa) destinada a reconhecer que A n‹o Ž Se terceiros n‹o pudessem ser prejudicados pelo caso julgado n‹o se justificaria
propriet‡rio com base na causa de pedir por ele alegada, h‡ a admissibilidade da sua interven•‹o como opoente num processo
excep•‹o de caso julgado ( art. 580.¼, n.¼ 2, e 577.¼, al. i)) do CPC. pendente , art. 333.¼, n.¼ 1, e 338.¼ do CPC.

Como Ž que um terceiro se protege contra um caso julgado


desfavor‡vel?

Exce•›es Ð Limites Objetivos; O direito processual civil estabelece dois mecanismos de exclus‹o
de um terceiro do ‰mbito subjectivo do caso julgado:
MTS: o fundamento n‹o pode valer autonomizado da decis‹o
para efeitos de caso julgado, o que implica que a decis‹o tambŽm
n‹o pode valer autonomizada do seu fundamento. 3 Um deles resulta da imposi•‹o a uma das partes do —nus
de chamamento do terceiro, sob pena de o caso julgado da
A regra segundo a qual o caso julgado n‹o se estende aos fundamentos decis‹o n‹o lhe vir a ser opon’vel ( art. 320.¼); Ž o que
da decis‹o comporta algumas excep•›es. Estas s‹o justificadas por uma sucede, por exemplo, quanto a um poss’vel litisconsorte de qualquer das
especial conex‹o entre os objectos de duas ac•›es (artigo 91.¼/2 do CPC partes da ac•‹o (cf. art. 316.¼) e quanto a um eventual obrigado a um direito
Ð quanto ˆ compet•ncia absoluta do tribunal para esta exce•‹o poder de regresso (cf. art. 317.¼, n.¼ 1, e 323.¼, n.¼ 4);
operar).
3 O outro mecanismo Ž a faculdade de o terceiro impugnar
I) Rela•›es Sinalagm‡ticas; um caso julgado com base na simula•‹o processual
realizada pelas partes do processo no qual foi proferida a
Quando o rŽu invoca uma excep•‹o modificativa. Suponha-se, por decis‹o entretanto transitada (art. 696.¼, al. g).
exemplo, que o rŽu alega excep•‹o de n‹o cumprimento, art. 428.¼, n.¼ 1,
CC e que, na sequ•ncia dessa alega•‹o, aquele demandado Ž condenado a Conclus‹o quanto aos limites subjetivos:
cumprir a sua obriga•‹o perante o autor quando esta parte cumprir a sua
obriga•‹o perante o demandado; a exist•ncia deste dever de cumprimento I) A autoridade de caso julgado significa que as partes t•m de
do autor tambŽm fica abrangida pelo caso julgado material daquela aceitar, num processo posterior, a decis‹o transitada que foi
decis‹o condenat—ria. proferida num processo anterior. Por exemplo: se, numa primeira
ac•‹o, o tribunal considerou que o autor Ž o propriet‡rio do bem, n‹o pode
Por exemplo: se o vendedor intentar uma ac•‹o para obter o pagamento o mesmo demandado, na posterior ac•‹o de indemniza•‹o procurar
do pre•o em d’vida e a ac•‹o for considerada improcedente pela nulidade convencer o tribunal de que, afinal, Ž ele o propriet‡rio do im—vel.
do contrato celebrado entre as partes, esta nulidade n‹o pode deixar de
ser considerada na ac•‹o proposta pelo comprador contra o vendedor II) ƒ diferente a posi•‹o de um terceiro perante a autoridade do
para obter a entrega do bem comprado; de outro modo, ter-se-ia de caso julgado: o terceiro s— est‡ vinculado ˆ autoridade de caso
admitir que o vendedor pode n‹o receber o pre•o e ficar vinculado a julgado se n‹o for titular de uma situa•‹o incompat’vel com
entregar a coisa alienada. aquela que foi definida na senten•a transitada em julgado.

Ou seja quando n‹o tiver direito a ser ouvido em ju’zo para defesa daquela situa•‹o. Por
II) Rela•›es de prejudicialidade; exemplo: o reconhecimento de que o autor da ac•‹o Ž credor do demandado n‹o significa
III) Subsidiariedade Legal; que um terceiro n‹o possa procurar demonstrar que, afinal, Ž ele o credor do devedor
(podendo atŽ procurar faz•-lo na ac•‹o pendente atravŽs da interven•‹o como opoente:
IV) Absolvi•‹o tempor‡ria; cf. art. 333.¼, n.¼ 1), aqui a autoridade do caso julgado n‹o afeta este terceiro porque ele
tem legitimidade para agir em ju’zo.

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)

Você também pode gostar