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Direito Processual Civil - Conhecimento

Ônus e poder probatório

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Nesta webaula, estudaremos quanto às regras do ônus da prova.

Regras do ônus probatório

As regras do ônus probatório, de um ponto de vista geral, dizem respeito à ideia de que ao autor incumbe a prova
do fato constitutivo do direito afirmado, enquanto ao réu incumbe a prova do fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor. Embora haja esse regramento, é importante que se diga que o julgamento, a partir
da ponderação acerca de quem conseguir desincumbir-se do ônus probatório, somente é utilizado por último
(ultima ratio), do ponto de vista da racionalidade jurisdicional. Tal se dá porque deve ser analisado, à luz do
princípio da persuasão racional, a integralidade dos elementos constantes dos autos do processo, de sorte que o
fato de o autor ou o réu não terem logrado pleno êxito no cumprimento do ônus que, de início e por ordinário,
lhes recai, não significa por si só sucesso ou fracasso na demanda.

Em relação ao sistema de valoração das provas, no Brasil adota-se o do convencimento motivado (retirou-se
a palavra livre na atual codificação), dando a entender justamente o caráter racional da decisão judicial.
Dentre outros sistemas historicamente existentes, há o sistema das provas legais, da taxação ou hierarquia
das provas, desenvolvido originalmente no direito germânico, segundo o qual alguns meios de prova seriam
considerados melhores do que outros (tradicionalmente se afirma que a confissão é a rainha das provas, por
exemplo). Mas isso não existe no sistema brasileiro! Apesar disto, há quem diga que existe uma vaga
lembrança deste sistema no Código de Processo Civil, precisamente no art. 406, segundo o qual: “Quando a
lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja,
pode suprir-lhe a falta”.

Ademais, é possível a dinamização do ônus probatório, novidade inserta no Código de Processo Civil, em
seguimento à ampla jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que já vinha aceitando esta possibilidade.
Assim, nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à
excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do
fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

Fatos que não dependem da prova

Há ainda, no âmbito probatório, fatos que não dependem de prova:

Fatos notórios.

Fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária.

Em cujo favor milita presunção legal de existência e veracidade.

Fatos notórios 

Os fatos notórios são aqueles de conhecimento médio num dado contexto social.

Fatos afirmados e confessados pela parte contrária 

Já os afirmados por uma parte e confessados por outra, decorrem de uma atitude de reconhecimento no
interior do processo, que coloca fim a eventual controvérsia. Não dependem de prova, ainda, os fatos
incontroversos. 

Fato em cujo favor milita presunção legal de existência e veracidade 

Depois, num último caso (fato em cujo favor milita presunção legal de existência e veracidade), foi importante
a distinção entre presunções legais absolutas (que não admitem prova em contrário) e presunções legais
relativas (que admitem prova em contrário), para o entendimento da hipótese.

Além disso, o juiz aplicará as regras de experiência comum, no âmbito do que geralmente acontece e, ainda,
regras de experiência técnica, ressalvando-se que, para este último caso, deve-se pugnar pelo exame pericial.
Embora vigore a regra do iura novit curia (o juiz conhece o direito), há caso em que a parte deverá provar
direito. É quando se alega direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, situação na qual a
parte que invocar alguma dessas hipóteses deverá provar o teor e a vigência, caso o juiz assim determine.

Por derradeiro, ninguém se exime de colaborar com o Poder Judiciário, sobretudo em matéria de prova. O juiz
possui amplo poder instrutório para efeito de se permitir uma valoração racional da prova, porquanto poderá, de
ofício ou a requerimento da parte determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.

Inclusive, pode admitir prova emprestada, como sendo aquela produzida originalmente em outro processo, mas
que, pela relevância, calha de ser aproveita em outro feito. Na sua origem, quando na sua utilização posterior,
deve ser objeto de debate, por meio do exercício efetivo do contraditório, sem o qual, não há que se falar em
legitimidade ou qualquer valor jurídico na prova emprestada. 

Para finalizar esta webaula, no que se refere à fase instrutória, é interessante a pesquisa sobre a produção
antecipada da prova, conforme sua disciplina legal. Neste sentido, recomendasse a leitura do capítulo 7, item
7.1, da obra Curso de Direito Processual Civil, de Elpídio Donizetti. 

DONIZETTI, E. Curso de Direito Processual Civil. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2020. 

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