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Aluno: Data: __/___/____

Professor: Alan Ferreira Rodrigues (Instagram: @alfero_alan)

Disciplina: Direito Processual Penal


Assunto: Teoria da prova

Bibliografia utilizada: Manual de Processo Penal, Renato Brasileiro de Lima; Novo Curso de Direito Processual Penal,
Nestor Távora.

TEORIA DA PROVA

1. TEORIA DA PROVA
1.1 CONCEITO
Acepções da palavra ‘prova’:
(i) Prova como atividade probatória: conjunto de atividades de verificação e demonstração, mediante as quais se
procura chegar à verdade dos fatos relevantes para o julgamento.
(ii) Prova como resultado: caracteriza-se pela formação da convicção do órgão julgador no curso do processo quanto
à existência (ou não) de determinada situação fática.
(iii) Prova como meio: são os instrumentos idôneos à formação da convicção do órgão julgador acerca da existência
(ou não) de determinada situação fática.
Atenção! Segundo Renato Brasileiro:
- Fontes de prova: “derivam do fato delituoso em si, independentemente da existência do processo, sendo que sua
introdução no feito se dá através dos meios de prova”. Ex.: pessoas que testemunharam a subtração de um carro numa rua
movimentada.
- Meios de prova: “dizem respeito a uma atividade endoprocessual que se desenvolve perante o juiz, com a
participação dialética das partes, cujo objetivo precípuo é a fixação de dados probatórios no processo”. Ex.: prova testemunhal.
Obs.: enquanto as fontes de prova são anteriores ao processo e extraprocessuais, os meios de prova somente existem no
processo.
FONTES DE PROVA MEIOS DE PROVA
Testemunha de um fato Declarações dessa testemunha perante o juiz
Documento (ex.: um contrato de compra e venda de um Incorporação desse documento ao processo
imóvel)
- Meios de obtenção/investigação de prova: “referem-se a certos procedimentos, em regra, extraprocessuais, que
têm como objetivo precípuo a identificação de fontes de prova”. Ex.: busca domiciliar; técnicas especiais de investigação; infiltração
de agentes, interceptação telefônica, etc.
MEIOS DE PROVA1 MEIOS DE OBTENÇÃO/INVESTIGAÇÃO DE PROVA
Em regra, são executados na fase preliminar de Em regra, são realizados na fase processual da persecução
investigações, o que não afasta a possibilidade de execução penal; excepcionalmente, na fase investigatória, observado o
durante o curso do processo, de modo a permitir a descoberta contraditório, ainda que diferido (ex: provas antecipadas);
de fontes de prova diversas das que serviram para a formação
da opinio delicti;
são atividades extraprocessuais; são atividades endoprocessuais;
são executados, em regra, por policiais aos quais seja consistem em atividades desenvolvidas perante o juiz
outorgada a atribuição de investigação de infrações penais, competente,
geralmente com prévia autorização e concomitante
fiscalização judiciais;
são praticados com fundamento na surpresa, com são produzidos sob o crivo do contraditório, com prévio
desconhecimento do(s) investigado(s); conhecimento e participação das partes;
se praticados em desconformidade com o modelo típico, há se praticados em desconformidade com o modelo típico, são
de ser reconhecida sua ilicitude, com o consequente sancionados, em regra, com a nulidade absoluta ou relativa.
desentranhamento dos autos do processo.

 Provas cautelares x provas não repetíveis (Renato Brasileiro)

PROVAS CAUTELARES PROVAS NÃO REPETÍVEIS PROVAS ANTECIPADAS

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Quadro extraído da obra do professor Renato Brasileiro.
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Aquelas em que há um risco de Aquelas que, uma vez produzidas, não o Produzidas em momento
desaparecimento do objeto da prova em serão novamente, em razão do processual distinto daquele
razão do decurso do tempo. desaparecimento da fonte probatória. legalmente previsto
Podem ser produzidas na fase investigativa Podem ser produzidas na fase investigativa Podem ser produzidas na fase
e na fase judicial. e na fase judicial. investigativa e na fase judicial.
Dependem de autorização judicial; NÃO dependem de autorização judicial; Dependem de autorização
contraditório será diferido contraditório diferido judicial; contraditório será
diferido
Ex.: interceptação telefônica Ex.: exame de corpo de delito em caso de Ex.: oitiva de testemunha
lesões corporais leves gravemente enferma (art. 225 do
CP)

1.2 PRINCÍPIOS DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS


Admitir que o Estado se valesse de provas ilícitas, seria rebaixá-lo ao nível do criminoso.

CF, Art. 5º, LVI: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

* Prova ilícita X Prova ilegítima: para quem faz a distinção, prova ilícita seria aquela produzida com violação à regra de
direito material, ao passo que prova ilegítima seria a produzida mediante desrespeito às regras de direito processual (ex.: art.
479, CPP).
* Provas ilícitas por derivação: trata-se de meios probatórios que, conquanto lícitos em sua essência, derivam de prova
anteriormente obtida por meios ilícitos, restando, dessa forma, contaminados pela ilicitude originária.
Ex.1: confissão de um roubo obtida mediante tortura.
Ex.2: testemunho prestado perante o juízo apontando para a autoria de um crime; descobre-se, posteriormente, que tal
testemunha foi descoberta numa interceptação telefônica ilegal.
É uma aplicação da teoria americana da árvore dos frutos envenenados. Encontra amparo legal no art. 157, §1º, CPP.

Art. 157, § 1º. São também inadmissíveis AS PROVAS DERIVADAS DAS ILÍCITAS, salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.

* Limitações à teoria da árvore dos frutos envenenados:


a) Teoria da fonte independente: nas palavras do professor Renato Brasileiro, “se o órgão da persecução penal
demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova, que não guarde
qualquer relação de dependência, nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vínculo causal, tais dados
probatórios são admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude originária”.

Art. 157, § 1º. São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade
entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma FONTE INDEPENDENTE das primeiras.

b) Teoria da descoberta inevitável: ainda seguindo as lições do professor Renato Brasileiro, “se restar demonstrado que
a prova derivada da ilícita seria produzida de qualquer modo, independentemente da prova ilícita originária, tal prova deve ser
considerada válida”.

Art. 157, § 2º Considera-se fonte independente [corrigindo, descoberta inevitável] aquela que por si só, seguindo os trâmites
típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.

Obs.: a doutrina alerta que o legislador cometeu um equívoco no dispositivo em questão, porquanto, em vez de positivar a
teoria da fonte independente, previu a teoria da descoberta inevitável.
c) Teoria da mancha purgada ou da tinta diluída: Renato Brasileiro alerta que“não se aplica a teoria da prova ilícita por
derivação se o nexo causal entre a prova primária e a secundária for atenuado em virtude do decurso do tempo, de circunstâncias
supervenientes na cadeia probatória, da menor relevância da ilegalidade ou da vontade de um dos envolvidos em colaborar com a
persecução criminal. Nesse caso, apesar de já ter havido a contaminação de um determinado meio de prova em face da ilicitude ou
ilegalidade da situação que o gerou, um acontecimento futuro expurga, afasta, elide esse vício, permitindo-se, assim, o
aproveitamento da prova inicialmente contaminada”. Há doutrinadores a sustentar sua previsão no art. 157, §1º, CPP.

Art. 157, § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (prova ilícita por derivação), salvo quando não evidenciado
o nexo de causalidade entre umas e outras (teoria da tinta diluída), ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras (teoria da fonte independente).

d) Teoria do encontro fortuito das provas: aplica-se nos casos em que, durante o cumprimento de uma diligência relativa
a um delito, a autoridade policial casualmente encontra provas pertinentes à outra infração penal, que não estavam na linha de
desdobramento normal da investigação. É preciso distinguir pontos aqui: (i) se houve desvio de finalidade, a prova será ilícita (ex.:
mandado de busca e apreensão de um carro produto de crime; chegando ao local, policiais quebram paredes e descobrem drogas);
(ii) se o encontro foi fortuito, a prova será lícita (ex.: durante uma interceptação autorizada judicialmente para investigar tráfico,
descobre-se a prática de um homicídio).

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1.3 ÔNUS DA PROVA
Acerca da distribuição do ônus da prova no Processo Penal, temos duas correntes: 1ªc) em razão da presunção de
inocência, o acusado não possui qualquer ônus da prova; este recai integralmente sobre a acusação (minoritária); 2ªc) é possível
haver distribuição do ônus da prova entre acusação (ex.: tipicidade, autoria/participação) e defesa (ex.: causas de exclusão de
ilicitude, culpabilidade e punibilidade); utiliza-se analogicamente o art. 373, I e II, do CPC (majoritária).

1.4 SISTEMAS DE VALORAÇÃO DAS PROVAS


1.4.1 ÍNTIMA CONVICÇÃO

Premissas: 1ª) o juiz é livre para valorar as provas; 2ª) o juiz não é obrigado a fundamentar o seu convencimento.
No Brasil, é adotado apenas para os jurados no tribunal do júri.

1.4.2 VERDADE LEGAL/TARIFÁRIO/CERTEZA MORAL


Os meios de prova têm valor probatório fixado em abstrato pelo legislador, cabendo ao juiz fazer apenas um cálculo
aritmético. Em regra, não adotamos no Brasil. Exceções: (i) prova quanto ao estado civil das pessoas (art. 155, PÚ, CPP); (ii) crimes
que deixam vestígios (art. 158, CPP).

1.4.3 CONVENCIMENTO MOTIVADO


Premissas: 1ª) as provas têm abstratamente o mesmo valor, tendo o juiz ampla libredade na valoração delas; 2ª) o juiz é
obrigado a fundamentar.
Como regra, é o sistema adotado no Brasil (art. 93, IX, CRFB).

1.5 INDÍCIOS
CPP, Art. 239: Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução,
concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.

A palavra ‘indícios’ tem duas acepções: 1) sinônimo de prova indireta: para chegar a uma conclusão, é preciso realizar pelo
menos duas operações interpretativas; 2) sinônimo de prova semiplena: prova de menor valor persuasivo, mera probabilidade.
No primeiro caso, tratando-se de indícios plurais, é possível condenar o réu; no segundo caso, não.

1.6 PROVA EMPRESTADA


Consiste na utilização da prova produzida no processo ‘A’ dentro do processo ‘B’. Será feita por meio de documentos e terá
o mesmo valor probatório do processo original.

Súmula 591, STJ


É permitida a prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e
respeitados o contraditório e a ampla defesa.

1.7 CADEIA DE CUSTÓDIA


* Conceito: consubstancia-se na documentação formal de uma evidência. De acordo com o art. 158-A, considera-se cadeia
de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado
em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
* Inobservância: enseja a ilicitude da prova e sua consequente nulidade (STJ).

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história
cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais
seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial fica responsável
por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado
aos vestígios e local de crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área
de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial
produzido pelo perito responsável pelo atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas características e natureza; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com
suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a
coleta e o acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
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VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos,
temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua
posse; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo, informações
referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o
vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o
recebeu; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas características
biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por
perito; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser processado, guardado para
realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente; (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante
autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário
para a central de custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão
central de perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por
parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do material. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a
idoneidade do vestígio durante o transporte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de
resistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa autorizada. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do
responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e
sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, recepção, devolução de materiais
e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar
condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se informações sobre a
ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e deverão ser registradas a data e a
hora do acesso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas, consignando-se a identificação do
responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia, devendo nela permanecer. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar determinado material, deverá a
autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento
do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

2. PROVAS EM ESPÉCIE
2.1 EXAME DE CORPO DE DELITO E OUTRAS PERÍCIAS
CPP, Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído dada
pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)

* Conceito: segundo Renato Brasileiro, trata-se do “conjunto de vestígios materiais deixados pela infração penal. A
expressão “corpo de delito” não necessariamente significa o corpo de uma pessoa, mas sim os vestígios deixados pelo crime, ou
seja, diz respeito à materialidade da infração penal.”
* Exame de corpo de delito: consiste na análise feita por expertos (peritos) sobre os vestígios deixados pela infração penal,
seja para fins de comprovação da materialidade do crime, seja para fins de comprovação da autoria (ex.: voz).
* Sistema do convencimento motivado: o exame de corpo de delito não é uma prova com valor probatório absoluto ou
superior às demais.
* Competência para determinação: juiz, delegado ou MP.
Obs.: o incidente de insanidade mental é da competência EXCLUSIVA do juiz (art. 149, CPP).
* Juntada do laudo pericial: durante a fase de investigação ou a fase processual. Todavia, nos crimes da lei de drogas e
nos crimes contra a propriedade imaterial, o laudo DEVE ser juntado na fase investigatória e, sem ele, a denúncia não poderá ser
oferecida.
* Peritos: podem ser oficiais (funcionário público com atribuição para realizar perícias) ou não oficiais (pessoa que possui
conhecimento da área, devendo ser portadora de diploma de curso superior).

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CPP, Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso
superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
Obs.: atenção ao laudo produzido no contexto da Lei 11.343/2006!
Lei 11.343/06, Art. 50, § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é
suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa
idônea.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará impedido de participar da elaboração do laudo
definitivo.
* Assistente técnico: é um auxiliar das partes, que tem conhecimento técnico sobre determinada área do conhecimento
humano. Atua na fase processual (art. 159, §5º, CPP).

2.2 INTERROGATÓRIO
CPP, Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.
§ 1º Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar
onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo
do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.
§ 2º Na segunda parte será perguntado sobre:
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita;
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva
ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela;
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;
IV - as provas já apuradas;
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas;
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido;
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração;
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.

* Conceito: ato processual pelo qual o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que lhe é feita.
* Natureza jurídica: 1ªc) meio de prova; 2ªc) meio de defesa (corrente majoritária); 3ªc) meio de defesa e fonte de prova.
* Momento de realização: último ato da audiência de instrução e julgamento, mesmo nos procedimentos especiais que
tenham previsão diversa (posição do STF).
* Condução coercitiva: para o interrogatório, é inconstitucional, porquanto, se o indivíduo tem o direito de não se
autoincriminar, também tem o direito de não ser conduzido coercitivamente para ser interrogado (STF).
* Características: personalíssimo, contraditório, assistido tecnicamente (obrigatória a presença de advogado), público, oral,
individual.
* É possível a realização por vídeo conferência.

Art. 185, § 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o
interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades:
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por
outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo,
por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por
videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias
de antecedência.
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de
todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código.
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor;
se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o
defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.

2.3 CONFISSÃO
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz
deverá confrontála com as demais provas do processo, verificando se entre ela e esta existe compatibilidade ou concordância.
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
(trecho não recepcionado pela CRFB)
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos autos, observado o disposto no art. 195.
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em
conjunto.
* Conceito: ocorre a confissão quando o próprio acusado admite a veracidade acerca da imputação, quer perante a
autoridade policial quer perante a autoridade judiciária.
* Valor probatório: relativo, porquanto não existe prova de valor absoluto. Doutrina e jurisprudência afirmam ser
IMPOSSÍVEL condenação baseada unicamente em confissão.

Súmula 545, STJ


Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d,
do Código Penal

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* Espécies: judicial, extrajudicial; explícita, implícita; simples, qualificada (confessa-se, mas se invoca tese defensiva; ex.:
súmula 630, STJ); ficta/presumida (não existe no processo penal); delatória.

Súmula 630, STJ


A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância
pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio. (SÚMULA 630, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 24/04/2019, DJe 29/04/2019)

* Características: personalíssima, livre/espontânea; retratável; divisível.

2.4 PROVA TESTEMUNHAL


Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo
declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que
grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de
sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos.
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao seu alcance, podendo,
entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo.
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou
descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo
quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo
se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze)
anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206.
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem.
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa.
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das
outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços separados para a garantia da
incomunicabilidade das testemunhas.

* Conceito: toda pessoa humana capaz de depor e estranha ao processo, chamada a se manifestar sobre fato percebido
por seus sentidos e relativos à causa. Qualquer pessoa poderá ser testemunha (art. 202, CPP).
Obs.: corréu não pode ser testemunha.
* Deveres da testemunha: dever de depor (exceções: arts. 206 e 207, CPP); dever de comparecer; dever de prestar
compromisso de dizer a verdade (exceções: arts. 206 c/c 208, CPP); dever de comunicar alterações de endereço.
* Espécies: numerárias, extranumerárias; direta e indireta (testemunha de ouvir dizer); própria, imprópria/instrumentária
(presta declarações sobre a regularidade de um ato do processo ou do inquérito policial)
* Informante: pessoas que não prestam o compromisso legal de dizer a verdade.

2.5 BUSCA E APREENSÃO


Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos
mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da
expedição de mandado.
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.
Art. 243. O mandado de busca deverá:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador;
ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo
de delito.
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja
na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso
de busca domiciliar.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de
penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a
abrir a porta.
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.
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§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento
do que se procura.
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à
diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus
agentes.
§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo
do disposto no § 4o.
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em
aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a
busca, se o requerer.
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito
da diligência.
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência.
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para
o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da
diligência ou após, conforme a urgência desta.
§ 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo
removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu encalço.
§ 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências,
entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas
de modo que não se frustre a diligência.
* Conceito: busca: diligência com o escopo de encontrar coisas/pessoas; apreensão: medida constritiva por meio da qual
a coisa/pessoa será colocada sob custódia.
Obs.: é constitucional a apreensão de cartas dos presos pela autoridade do presídio (STF).
* Espécies:
(i) busca pessoal: a) razoes de segurança (ex.: estádios, festas); b) fundada suspeita.
(ii) busca domiciliar: as observações atinentes à inviolabilidade domiciliar devem ser observadas.

3. QUESTÕES DE CONCURSOS
1) (TJRO/2021 | FGV) Constitui delito de abuso de autoridade cumprir mandado de busca e apreensão domiciliar:
A fora do período de luminosidade solar;
B após as 18h ou antes das 6h;
C após as 20h ou antes das 8h;
D após as 21h ou antes das 5h;
E fora do horário de expediente forense..

2) (PCRN/2021 | FGV) No curso da instrução processual penal, verifica-se que uma das provas colhidas fora obtida de
forma ilegal. Essa ilegalidade é alegada pela defesa, e o Ministério Público manifesta-se concordando com a ilegalidade apontada.
O juízo reconhece a ilegalidade da prova em decisão fundamentada. Com base no exposto, é correto afirmar que o juízo:
A deverá determinar o desentranhamento da prova ilícita, assim como aquelas direta e exclusivamente decorrentes dela e,
uma vez preclusa a decisão, determinar a destruição das provas, prosseguindo nos demais atos processuais;
B deverá determinar o desentranhamento da prova ilícita, assim como aquelas direta e exclusivamente decorrentes dela e,
uma vez preclusa a decisão, determinar seu desentranhamento dos autos principais a fim de serem autuadas em apartado;
C não deverá desentranhar a prova inadmissível do processo, mas apenas indicar quais são exatamente as páginas que
deverão ser desconsideradas para efeito de elaboração da posterior sentença. Deverá ainda determinar a redistribuição do processo
em razão de seu impedimento, eis que a lei determina que o juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não
poderá proferir a sentença;
D não deverá desentranhar a prova inadmissível do processo, mas apenas indicar quais são exatamente as páginas que
deverão ser desconsideradas para efeito de elaboração da posterior sentençae, uma vez preclusa a decisão, prosseguirnos demais
atos processuais;
E deverá determinar o desentranhamento da prova ilícita, assim como aquelas direta e exclusivamente decorrentes dela,e,
uma vez preclusa a decisão, determinar a destruição das provas e determinar a redistribuição do processo em razão de seu
impedimento, eis que a lei determina que o juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a
sentença.

3) (PCRN/2021 | FGV) Relativamente à prova testemunhal, é correto afirmar que:


A as perguntas à testemunha serão formuladas pelo juiz, não sendo admitida a inquirição pelas partes;
B as testemunhas serão inquiridas individualmente, embora possam presenciar os depoimentos umas das outras;
C são proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo,
mesmo que queiram dar o seu testemunho e tenham sido desobrigadas pela parte interessada;
D o depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito, não existindo nenhuma
exceção prevista na legislação que permita a uma autoridade optar pela prestação de depoimento por escrito;
E as testemunhas que, regularmente intimadas, deixarem de comparecer sem motivo justificado, poderão ser conduzidas
por oficial de justiça, salvo se impossibilitadas de comparecer, por enfermidade ou por velhice, caso em que serão inquiridas onde
estiverem

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4) (PCRN/2021 | FGV) Relativamente às regras sobre a prova confessional, é correto afirmar que:
A a confissão é divisível e retratável;
B o silêncio do acusado implicará a confissão das condutas que lhe são imputadas;
C o silêncio do acusado não importará em confissão das condutas que lhe são imputadas, mas poderá ser interpretado em
prejuízo da defesa;
D durante o interrogatório judicial de réu preso, não há obrigação de que a autoridade judicial informe o acusado de seu
direito de permanecer calado e de não responder às perguntas que lhe forem formuladas;
E a confissão do acusado possui valor intrínseco superior às demais provas documentais, periciais ou testemunhais,
devendo ser aferida pelo magistrado por critérios diferenciados em relação ao restante do conjunto probatório.

5) (PCRN/2021 | FGV) Considerando as regras sobre o conceito de corpo de delito, é correto afirmar que:
A o exame de corpo de delito é medida dispensável no caso das infrações que deixam vestígios;
B o exame de corpo de delito pode ser direto ou indireto e pode ser suprido, nas infrações que deixam vestígios, pela
confissão do acusado;
C na falta de perito oficial, o exame poderá ser realizado por qualquer pessoa idônea que demonstre possuir conhecimento
sobre a matéria, assim avaliado pela autoridade policial;
D será dada prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva violência doméstica
e familiar contra mulher e violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência;
E o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior,
não sendo facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de
quesitos nem a indicação de assistente técnico.

6) (PCRN/2021 | FGV) Relativamente à prova pericial, é correto afirmar que:


A O juiz ficará vinculado às conclusões do laudo pericial;
B o exame de corpo de delito será feito exclusivamente em dias úteis;
C se houver divergência entre os peritos, prevalecerá a opinião do perito mais antigo na carreira, descartando-se as
declarações e respostas do perito mais novona carreira;
D não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova pericial estará
irremediavelmente prejudicada e nenhuma outra modalidade de prova poderá suprir-lhe a falta;
E em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar
por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado,
ou de seu defensor.

7) (PCRN/2021 | FGV) Tramita no âmbito interno da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte processo administrativo
disciplinar (PAD) que apura eventual falta funcional praticada por certo delegado de polícia. Durante a instrução do PAD, foi
verificada pela autoridade competente que o conduz a necessidade de obtenção de prova emprestada, consistente em interceptação
telefônica realizada no bojo de processo criminal. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o compartilhamento de
prova pretendido é:
A inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas;
B inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que a interceptação telefônica somente pode ser utilizada para
fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
C viável, desde que devidamente autorizada pelo juízo criminal competente e respeitados os princípios do contraditório e
da ampla defesa;
D viável, independentemente de prévia autorização pelo juízo criminal, porque, uma vez produzida, a prova pertence ao
Estado que é uno;
E inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que a interceptação telefônica somente pode ser produzida no
âmbito de investigação e processo criminal ou ação de improbidade administrativa.

8) (PCRN/2021 | FGV) Após a expedição de mandado de busca e apreensão em determinado endereço, policiais
compareceram à residência de Antônio para apreender documentos referentes à investigação da prática do crime de lavagem de
dinheiro. Os policiais nada encontraram na diligência, mas acharam uma conta de luz de outro endereço em nome do investigado.
Os policiais, então, se dirigiram imediatamente ao novo endereço, e, após tocarem a campainha e não serem atendidos, arrombaram
a porta do apartamento, na presença de um vizinho. No local, foram encontrados diversos documentos que demonstravam a prática
do crime objeto da investigação. Considerando a legislação vigente, a prova obtida será:
A válida, por tratar-se de encontro fortuito de provas;
B nula, pois a busca e apreensão sempre exige a presença física do morador;
C nula, pois, diante da ausência do morador, era indispensável para a validade a presença de duas testemunhas para o
arrombamento do local;
D nula, pois realizada em local distinto daquele constante do mandado de busca e apreensão;
E válida, pois obtida em outro domicílio que comprovadamente também seria do investigado contra o qual deferida a medida
original.

9) (PCRN/2021 | FGV) No curso de inquérito policial para investigar a prática de crime sexual, a autoridade policial entendeu
necessária a realização de exame de DNA de Leonardo, suspeito do delito, para colher informações sobre a sua autoria. Nesse
sentido, a prova em questão:

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A não poderá ser recusada por Leonardo, diante da sua condição de indiciado, independentemente de exigir
comportamento ativo ou passivo;
B poderá ser realizada, independentemente da concordância de Leonardo, ainda que invasiva, mas exige decisão judicial
prévia;
C poderá ser recusada por Leonardo no curso do inquérito policial, mas não no curso de processo judicial;
D poderá ser realizada sobre material descartado por Leonardo, independentemente de sua concordância;
E poderá ser realizada independentemente da concordância de Leonardo, ainda que exija comportamento ativo do agente,
desde que sujeita ao contraditório e ampla defesa.

10) (PCRN/2021 | FGV) De acordo com a doutrina, em que pese prevaleça no direito processual penal brasileiro o sistema
acusatório, algumas características típicas do sistema inquisitório ainda são encontradas disciplinadas no Código de Processo
Penal, em especial sobre o tema prova. Em relação a tais aspectos, acerca do exame de corpo de delito, é correto afirmar que:
A o laudo deverá ser produzido por dois peritos oficiais ou, caso não disponíveis, três pessoas idôneas com curso superior,
de preferência na área relacionada;
B a sua realização poderá ser suprida pela confissão do acusado, ainda que o crime deixe vestígio;
C a prova testemunhal poderá suprir a falta do exame, caso este não seja possível por haverem desaparecido os vestígios;
D o laudo deve ser produzido por perito isento, não admitindo a formulação de quesitos pelas partes;
E o juiz, diante da natureza de prova pericial, ficará adstrito ao laudo, não podendo rejeitá-lo

11) (PCRN/2021 | FGV) Após instauração de inquérito policial para apurar a prática de crime de homicídio, foi obtida a
informação de que o veículo identificado por testemunhas como tendo sido utilizado pelo autor do delito encontrava-se estacionado
na garagem de determinada residência. Sobre a busca e apreensão domiciliar do veículo, é correto afirmar que:
A exige prévia deflagração de ação penal;
B a presença física do morador é indispensável, ainda que exista ordem judicial;
C a medida poderá ser realizada no período noturno, caso haja consentimento do morador;
D a coisa apreendida ficará sob custódia do seu dono, que deverá apresentá-la à autoridade policial quando solicitada;
E o mandado, que é indispensável diante da ausência de flagrante, deverá mencionar o local da diligência, não sendo
necessária a indicação do seu motivo.

12) (MPE-RJ/2020 | FGV) De maneira geral, a doutrina conceitua prova como todo elemento através do qual se pretende
influenciar o convencimento do julgador, demonstrando-se a existência ou realidade de um fato. Em que pese o Código de Processo
Penal seja primordialmente marcado pelo sistema acusatório, alguns resquícios sobre características do sistema inquisitivo
permanecem em relação ao tema. Com base nas previsões do Código de Processo Penal, em relação ao tema “prova”, é correto
afirmar que:
A a prova da qualificadora do crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo depende da realização de exame de
corpo de delito, podendo esse ser suprido apenas pela confissão do acusado;
B as provas ilícitas deverão ser desentranhadas do processo, assim como aquelas que dela derivarem, ainda que as
derivadas pudessem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras;
C o crime de lesão corporal de natureza grave exige a realização de exame de corpo de delito, que poderá ser, porém,
indireto, caso os vestígios desapareçam;
D a busca e apreensão pessoal, havendo prova da materialidade e indícios de autoria de flagrante delito e posse de
instrumentos do crime, depende da prévia existência de mandado;
E o exame pericial deverá ser realizado por dois peritos oficiais, ou, em sua falta, duas pessoas idôneas, portadoras de
diploma de curso superior.

13) (MPE-RJ/2019 | FGV) Em matéria Penal, através das provas, as partes pretendem influenciar o convencimento do
julgador, além de demonstrar a veracidade de determinado fato. O Código de Processo Penal disciplina o tema, trazendo previsões
gerais e regras próprias para as provas em espécie. Sobre o tema, de acordo com as previsões do Código de Processo Penal, é
correto afirmar que:
A em razão do livre convencimento motivado, ao Ministério Público, assim como ao acusado, é facultado apresentar
quesitos e indicar assistente técnico por ocasião da prova pericial, mas o laudo elaborado não vincula o juiz, que poderá aceitá-lo
ou rejeitá-lo, no todo ou em parte;
B em razão do direito de presença do acusado, o Código de Processo Penal não admite o interrogatório por
videoconferência com fundamento no risco para segurança pública com fundada suspeita de fuga do preso durante o deslocamento
para audiência;
C no procedimento do Tribunal do Júri, durante o interrogatório do réu em sessão plenária, as perguntas deverão ser feitas
diretamente pelas partes e pelos jurados, cabendo ao juiz apenas complementá-las;
D com base no princípio da inércia, o sistema a ser observado quando da oitiva das testemunhas é o cross examination,
não podendo o magistrado complementar as perguntas das partes;
E diante do caráter inquisitório do inquérito policial, os elementos informativos não poderão ser mencionados na sentença,
nem mesmo para corroborar a decisão do juiz fundamentada em provas.

14) (TJSC/2018 | FGV) Luciano foi denunciado pela prática de crime de extorsão em desfavor de José. A defesa técnica
do réu arrolou como testemunha Lara, filha de Luciano, de apenas 10 anos de idade, pois alega que ela, assim como outros
familiares, estaria com o pai no suposto momento do crime. De acordo com as previsões do Código de Processo Penal, Lara:
A poderá ser ouvida, mas, na condição de testemunha, prestará compromisso legal de dizer a verdade e deverá estar
sozinha, não podendo ser acompanhada por representante legal algum;

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B poderá ser ouvida na condição de testemunha, prestando compromisso legal de dizer a verdade, devendo as perguntas
serem realizadas diretamente pelas partes;
C poderá ser ouvida se arrolada como testemunha ou informante, mas não prestará compromisso legal de dizer a verdade;
D estará proibida de ser ouvida na condição de testemunha ou informante, por ser descendente do réu;
E estará proibida de depor como testemunha ou informante, por ser criança.

15) (TJSC/2018 | FGV) Funcionário público com atribuição compareceu, munido de mandado de busca e apreensão, a
determinada residência para realizar busca e apreensão de cadernos de controle de valores relacionados à investigação do crime
de favorecimento à prostituição de adolescentes. Ao comparecer ao local, verifica que naquele exato momento estava ligado um
computador que transmitia vídeo com cena de sexo explícito envolvendo criança, que é crime diverso daquele que era investigado.
Ao verificar tal situação, o funcionário público deverá:
A apreender, de imediato, o computador, tendo em vista que o mandado de busca e apreensão não precisa especificar os
bens a serem apreendidos e o local onde deve ser realizada a diligência;
B requerer a expedição de novo mandado de busca e apreensão, que somente poderá ser deferido se for instaurada
investigação para apurar a prática do novo delito;
C apreender, de imediato, o computador, tendo em vista que houve flagrante delito e um encontro fortuito de provas de
outra infração penal;
D apreender, de imediato, o computador, pois a diligência em questão é considerada busca e apreensão pessoal, que
prescinde de mandado;
E requerer, de imediato, expedição de novo mandado de busca e apreensão, já que os objetos a serem apreendidos
deverão estar devidamente especificados.

GABARITO

1) ‘D’. Art. 22, III, Lei 13.869/2019.


2) ‘A’. Art. 157, caput e §3º, CPP.
3) ‘E’. Arts. 218 c/c 220, CPP.
4) ‘A’. Art. 200, CPP.
5) ‘D’. Art. 158, parágrafo único, CPP.
6) ‘E’. Art. 168, CPP.
7) ‘C’. Súmula 521 do STJ.
8) ‘D’. Art. 243, I, CPP.
9) ‘D’. Vide tópico referente ao direito à não autoincriminação.
10) ‘C’. Art. 167, CPP.
11) ‘C’. Art. 245, CPP.
12) ‘C’. Art. 167, CPP.
13) ‘A’. Art. 182, CPP.
14) ‘C’. Art. 208, CPP.
15) ‘C’. O encontro fortuito de provas é admitido pela jurisprudência do STJ.

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