Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Íntima convicção ou livre convicção ou certeza moral do juiz: É o sistema que garante
ao juiz proferir uma decisão sem necessidade de motivar os fundamentos eleitos para se
chegar àquela conclusão. Em regra, não é adotado pelo Brasil, salvo no Tribunal do Júri;
■ A adoção desse sistema faz com que o juiz criminal apenas possa fundamentar sua decisão
com base nas provas produzidas no processo penal, salvo as cautelares, as não repetíveis e
as provas antecipadas;
Provas não repetíveis: são aquelas que, uma vez produzidas, não têm como ser novamente
coletadas ou produzidas, em virtude do desaparecimento, destruição ou perecimento da fonte
probatória (exemplo da lesão corporal leve) – o contraditório também será diferido nestes
casos. Em regra, não dependem de autorização judicial.
Provas antecipadas: são aquelas produzidas com a observância do contraditório real, perante
a autoridade judicial, em momento processual distinto daquele legalmente previsto, ou até
mesmo antes do início do processo, em virtude de situação de urgência e relevância (exemplo
do depoimento ad perpetuam rei memoriam, em que a vítima se encontra em estado grave em
um hospital). A autorização judicial é indispensável em qualquer caso.
■ O processo penal admite qualquer modalidade de prova, desde que lícita. É possível buscar
provar qualquer circunstância por qualquer meio. Exceção: Quanto ao estado das pessoas,
deve-se seguir o regramento previsto pela lei civil (art. 155, PU, CPP);
O rol de provas do CPP é exemplificativo.
■ Em 2015 ocorreu uma mudança no CPC em que foi suprimida a expressão “livre” que
acompanhava o convencimento do juiz. Essa alteração deve repercutir no CPP, demonstrando
que a liberdade do juiz é restrita ao ordenamento jurídico e não há liberdade absoluta.
ÔNUS DA PROVA, ATIVIDADE PROBATÓRIA DO JUIZ E GESTÃO DA PROVA (ART. 156,
CPP):
(...) Pode-se dizer que o ônus da prova é o encargo que as partes têm de provar, pelos meios
legal e moralmente admissíveis, a veracidade das afirmações por elas formuladas ao longo do
processo, resultando de sua inação uma situação de desvantagem perante o direito.
Renato Brasileiro expõe, com base na análise do art. 386 do CPP – que autoriza uma sentença
absolutória na hipótese de existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de
pena, ou mesmo se HOUVER FUNDADA DÚVIDA SOBRE SUA EXISTÊNCIA –, que “para a
acusação, exige-se prova além de qualquer dúvida razoável; para a defesa, basta criar um
estado de dúvida” (esta é a posição majoritária, apesar do referido autor discordar).
■ Muito embora não seja recomendado por parte da doutrina, o juiz pode determinar a
produção de provas, mesmo na fase do IP - Atividade objetivando complementar as provas
produzidas pelas partes. (art. 156, I, CPP);
O referido artigo diz que é facultado ao juiz determinar a produção de provas de ofício, mesmo
antes da fase do inquérito. Isso vem sendo bastante criticado pela doutrina. Inclusive, o pacote
anticrime fez uma alteração estrutural sobre o dispositivo, e alguns doutrinadores afirmam
ainda sobre a revogação tácita do art. 156, I, II, CPP.
A crítica da doutrina é que não existe juiz imparcial se ele determina produção de provas,
característica do sistema inquisitorial, que deve ser afastado.
A ideia do inciso II do supracitado artigo, é que o juiz deve determinar a produção de provas
desde que seja de forma subsidiária, complementando as provas já produzidas.
■ Prova anômala: É aquela utilizada para objetivos diferentes que lhe são próprios, com
características de outra prova típica. Não são aceitas no Processo Penal. Ex.: Ao invés de
arrolar
uma testemunha, o MP ouve a pessoa na dependência do órgão e depois arrola seu
depoimento
como prova documental.
d) Caso o juiz a utilize em seu convencimento, a sentença será considerada nula; De acordo
com o art. 157, § 5º, CPP (incluído pela Lei 13.964/19) o juiz que conhecer do conteúdo da
prova declarada inadmissível não poderá proferir sentença ou acórdão (Teoria da
contaminação do entendimento) – SUSPENSO PELO STF (MEDIDA CAUTELAR NA ADI
6.298, 6.299, 6.300 e 6.305/DF);
f) Contra a decisão do juiz que determina o desentranhamento da prova ilícita não cabe
recurso, apenas HC, MS, ou preliminar de apelação.
g) A prova ilícita por derivação (teoria dos frutos da árvore envenenada ou do efeito à distância)
é a que decorre de uma prova ilícita originária. Sua ilicitude somente será declarada se houver
nexo causal entre as provas ou se as provas derivadas não puderem ser obtidas por uma fonte
independente.
i) Teoria da proporcionalidade: Tem sido aceita no Brasil quando objetiva beneficiar o réu
inocente que produziu a prova ilícita para sua absolvição;
O instituto se baseia na legítima defesa do “acusado”, neste caso, inocente após a
apresentação da prova contra a acusação, mesmo que se trate de prova ilícita.
m) E as conversas de WhatsApp?
É necessário fazer algumas considerações.
Primeira consideração: caso um policial prenda um sujeito que supostamente fazia uso de
aparelho celular para tráfico de drogas, a polícia não pode acessar o conteúdo desse aparelho
celular. A apreensão pode ser feita e não precisa de autorização, porém é necessária
autorização judicial para ter acesso ao conteúdo das trocas de mensagens.
Segunda consideração: um juiz que expede mandado de busca e apreensão em uma
determinada casa com o objetivo de que a polícia extraia qualquer conteúdo da casa que tenha
relevância com a prática do crime; citando, de forma expressa, celular, papéis, notebook etc.
que tenham relevância com a prática do crime. Se o celular citado na consideração anterior se
encontrar dentro dessa casa, a polícia não precisará de nova autorização judicial para ter
acesso ao conteúdo do aparelho, visto que o próprio mandado já fundamenta tal atitude.
c) A prova deve ser produzida sob o crivo do contraditório (não se aceita prova emprestada
produzida no âmbito do IP); uma vez que no inquérito não existe contraditório e ampla defesa
e, além disso, não há falar em produção de provas no inquérito policial, mas elementos de
informação.
d) Produção da prova com respeito a todos os requisitos da lei; se por acaso a prova produzida
em um dos processos for considerada nula, por corolário não terá efeito algum sobre o outro
processo.
2. Fatos que contêm uma presunção legal absoluta (juris et de jure): fatos que não comportam
prova em sentido contrário. Ex.: Inimputabilidade dos menores de 18 anos. As presunções
relativas (juris tantum) provocam apenas a inversão do ônus da prova, ou seja, continuam
necessitando serem demonstradas.
3. Fatos axiomáticos ou intuitivos: fatos que tem força probatória própria (se auto demonstram).
Ex.: Desnecessidade de exame cadavérico interno, quando as lesões externas permitirem
precisar a causa da morte (decapitação).
4. Fatos irrelevantes ou impertinentes ou inúteis: fatos que não dizem respeito à solução da
causa. Ex.: Verificação do passatempo da vítima quando essa informação não tem qualquer
relação com o fato imputado ao réu.
CLASSIFICAÇÃO DA PROVA:
a) Quanto ao objeto:
I. Direta: A prova se refere diretamente ao fato probando. Ex.: Testemunha ocular de um crime,
confissão do acusado, exame de corpo de delito.
II. Indireta: A prova se refere a outro acontecimento que, por dedução, nos leva ao fato
principal. Ex.: Testemunha que depõe sobre fato que ouviu dizer; são os conhecidos “indícios”.
b) Quanto ao efeito ou valor:
I. Plena: Prova necessária para condenação que confere ao julgador um juízo de certeza
quanto ao fato apreciado. Ex.: Prova pericial.
II. Não plena ou indiciária: prova limitada quanto à sua profundidade, não permite a
condenação,
apenas, por exemplo, a decretação de medidas cautelares. Ex.: Prova testemunhal.
■ Caso haja acentuada conexão entre os dois crimes, essa teoria poderá ser afastada,
devendo a prova ser considerada lícita mesmo que não haja estado flagrancial. Ex.:
Interceptação telefônica destinada a apurar crimes de tráfico de drogas e encontram provas de
tráfico internacional de armas de fogo.
Casos em que o documento encontrado se adeque tanto como prova do crime que motivou a
ida da polícia ao local quanto para o crime que fortuitamente foi descoberto. Nesses casos, a
teoria poderá ser afastada, sendo desnecessária a solicitação de outro mandado.
▪Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destina à guarda e
controle dos vestígios (art. 158-E, CPP, incluído pela Lei 13.964/19)
▪A coleta dos vestígios deverá ser realizada, preferencialmente, por perito oficial, que
encaminhará o material recolhido para a central de custódia (art. 158-C, CPP, incluído pela Lei
13.964/19);
▪A violação de locais isolados ou a remoção de vestígios de locais de crime antes da liberação
por parte do perito responsável, importará no crime de fraude processual (art. 347, CP) - art.
158-C, § 2º, do CPP - incluído pela Lei 13.964/19.
PROVAS – PARTE II
PROVAS EM ESPÉCIE:
Em regra, a denúncia poderá ser oferecida sem esse exame (mas a sentença não poderá ser
proferida), salvo nos crimes contra a propriedade material e nos crimes regulados pela Lei de
Tóxicos. O exame de corpo de delito poderá ser:
a) Direto: Quando os peritos tem contato pessoal com o objeto a ser periciado. Ex.: Contato
imediato com o corpo da vítima em crimes de lesões corporais;
b) Indireto: Quando os vestígios são inexistentes ou desapareceram e a perícia precisa ser feita
por outros meios tais como fotografias, laudos de outros médicos, testemunhas, etc.
■ Em regra, a perícia deverá ser realizada por apenas um perito oficial, portador de diploma de
curso superior;
■ Na ausência de peritos oficiais, o juiz poderá nomear duas pessoas portadoras de diploma de
curso superior preferencialmente na área específica do objeto da perícia. Esses peritos não
oficiais precisam prestar compromisso todas as vezes que emitirem laudos periciais.
■ O MP, assistente de acusação, ofendido, querelante e o acusado podem formular quesitos
aos
peritos, bem como indicar assistentes técnicos (apenas na fase judicial). Esses assistentes
serão
admitidos a partir da autorização do magistrado sempre após a conclusão dos exames dos
peritos oficiais.
■ Os peritos tem prazo de 10 dias para elaboração do laudo pericial (esse prazo poderá ser
prorrogado a requerimento do perito – art. 160, PU, CPP);
■ Os peritos SEMPRE são nomeados pelo juiz (nunca indicado pelas partes) – os peritos
precisam agir com imparcialidade;
■ Havendo divergência entre os dois peritos não oficiais, poderão apresentar laudos separados
ou seções distintas no mesmo laudo. O juiz poderá (faculdade) nomear um terceiro perito ou
determinar que outros peritos repitam a produção da prova.
■ O juiz não está adstrito ao laudo apresentado, podendo rejeitá-lo desde que fundamente sua
decisão no conjunto probatório. Exceção: Nas provas tarifadas, o juiz está vinculado ao lauto.
Ex.: Drogas.
■ O juiz ou o delegado poderão indeferir a prova pericial, salvo o exame de corpo de delito
nos crimes que deixam vestígios.
■ Em exames de laboratórios, os peritos devem guardar material suficiente do produto
analisado (até a prolatação da sentença) para a realização de nova perícia, caso seja
necessária. Ex.: Drogas, sangue.
■ Caso a mentira incida sobre a primeira parte do interrogatório (qualificação) poderá incidir o
art. 68, LCP (recusa de dados sobre a própria identificação ou qualificação);
Cabe destacar ainda, que o direito ao silêncio do acusado é apenas em relação à declaração
dos fatos, não sobre a identificação do interrogado – aqui, há obrigação de dizer a verdade, por
exemplo, nome etc.
■ Também poderá responder por falsa identidade (art. 307, CP), denunciação caluniosa (art.
339, CP) ou auto acusação falsa (art. 341, CP)
Trata-se de uma exceção ao “direito de mentir” do acusado. Caso declarar que o crime do qual
está sendo acusado seja de autoria de terceiro inocente, poderá recair sobre o acusado a
imputação do crime de denunciação caluniosa.
Outra exceção seria assumir culpa falsa, quando na verdade foi outra pessoa que praticou a
infração da qual está sendo acusado, visando assumir crime de outrem.
■ A condução coercitiva do acusado para o interrogatório tem previsão no art. 260, CPP.
Porém, o STF afirma que tal dispositivo é inconstitucional no que se refere a condução para o
interrogatório, sendo constitucional para conduções objetivando a produção de outras provas
(ex.: reconhecimento de pessoas);
É inconstitucional então a condução coercitiva de indivíduo com finalidade de realização de
interrogatório. Devendo sua ausência ser presumida como exercício do direito ao silêncio.
■ Réu que resida em comarca distinta de onde tramita o feito: Interrogatório por meio de carta
precatória;
■ Momento: Em todos os procedimentos, regulados pelo CPP ou por leis especiais, o
interrogatório será o último ato de instrução praticado na AIJ – audiência de instrução e
julgamento;
■ O interrogatório deve ser acompanhado pelo advogado do acusado (ainda que dativo) sob
pena de nulidade absoluta;
■ Interrogatório sub-reptício: É o realizado sem as formalidades legais, tais como advertência
quanto ao direito ao silêncio. Em sede judicial esse interrogatório será nulo, em sede policial o
ato não atingirá a futura ação penal.
■ Quanto ao interrogatório do acusado ainda subsiste a regra do Sistema Presidencialista (art.
188, CPP), embora haja críticas de parte da doutrina. No tribunal do júri, excepcionalmente, as
perguntas das partes poderão ser dirigidas diretamente ao réu.
Há críticas na doutrina contra essa ordem, mas o que permanece é essa: juiz, acusação,
defesa (sistema presidencialista).
■ Interrogatório por carta precatória.
■ Depoimento do surdo-mudo;
■ Depoimento do estrangeiro;
■ Depoimento do analfabeto ou daquele que se recusa a assiná-lo;
■ A testemunha que reside fora do juízo (testemunha “de fora da terra”) deve ser ouvida por
meio de carta precatória ou por meio de videoconferência. Nesse caso, a testemunha não é
obrigada a comparecer no juízo onde tramita o feito.
■ A ausência injustificada da testemunha ocasionará as seguintes consequências:
1. Condução coercitiva;
2. Multa de 01 a 10 salários mínimos;
3. Custas da diligência;
4. Crime de desobediência (art. 219, CPP).
Obs.: No prazo de 01 ano, qualquer alteração de endereço da testemunha deve ser
comunicada ao juízo, sob pena das consequências já apontadas;
■ O art. 221, CPP aponta pessoas que gozam de foro por prerrogativa de função e que
possuem a prerrogativa de ajustar dia, hora e local de seu depoimento ou prestar o depoimento
por escrito.
■ Militar e funcionário público como testemunha;
■ As testemunhas devem ser ouvidas em separado de modo a uma não ouvir o depoimento da
outra;
■ Sistema de perguntas: Direct examination e cross examination
A doutrina de Renato Brasileiro aponta casos específicos em que o STJ reconheceu ilicitude da
apreensão de drogas em diversas circunstâncias: mera intuição de traficância; denúncia
anônima, isoladamente considerada; anterior envolvimento do indivíduo com tráfico de
drogas; denúncia anônima somada à fuga do acusado; dentre outros exemplos absurdos,
rsrs.
■ A diligência deverá ser realizada durante o dia, salvo se o morador consentir que seja
realizada
durante a noite;
A doutrina divergia sobre a definição de “dia”. Porém, com a lei de abuso de autoridade, essa
divergência acabará sendo afastada, tendo em vista o art. 22, §1º, III da Lei 13.869/19, que
expressamente faz a previsão do horário configurador de abuso de autoridade, compreendido
entre o horário de 21h e 5h.
Prisão processual/prisão sem pena (PRISÃO CAUTELAR): medida cautelar decretada antes
do trânsito em julgado de sentença condenatória; dentro da prisão cautelar, os assuntos
abordados serão apenas prisão preventiva e prisão em flagrante.
Antes de 2019, o STF tinha o seguinte entendimento: a sentença condenatória ainda não
transitada em julgado poderia ocasionar uma prisão provisória da pena desde que essa
condenação tivesse sido conferida por um órgão de segundo grau de jurisdição (TJ, TRF,
TRE). Havia uma discussão no sentido de que o instituto da prisão decorrente de uma
execução provisória da pena colide diretamente com o princípio da presunção da inocência –
todos são presumidamente inocentes até o trânsito da sentença penal condenatória. O STF,
em contrapartida, afirmava que o Recurso Extraordinário e o Recurso Especial não possuem
efeito suspensivo, de forma que para o STJ e STF, uma vez que esses recursos não têm efeito
suspensivo, não haveria violação de tal princípio.
Ocorre que, o pacote anticrime, através do art. 492, I, ‘e’, previsto no CPP, introduziu o instituto
da prisão decorrente de execução provisória da pena. Neste dispositivo, em se tratando em
crime doloso contra a vida (submetido ao Tribunal do Júri) e a pena proferida nesse
procedimento especial for igual ou maior que 15 anos de reclusão, será possível a execução
provisória da pena, devendo esta ser determinada pelo juiz, que deverá expedir mandado de
prisão.
O posicionamento do STF foi anterior à edição da lei alterada pelo pacote anticrime.
Prisão penal/prisão pena (PRISÃO DEFINITIVA): pena privativa de liberdade aplicada após o
trânsito em julgado de sentença condenatória. Prisão definitiva não será objeto de estudo
dentro de direito processual penal I, pois se trata de assunto da LEP.
Obs.: O não cabimento da substituição da prisão preventiva por medida cautelar, deverá ser
justificado de forma fundamentada nos elementos presentes no caso concreto, de forma
individualizada (art. 282, § 6º, CPP – Incluído pela Lei 13.964/19).
■ Para o STF/STJ as medidas cautelares não devem ser utilizadas quando incabível a prisão
cautelar e sim, quando na situação fática couber tanto a medida quanto a prisão, porém, a
medida é tão eficaz quanto a prisão.
Necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos
casos expressamente previstos, para evitar a prática da infração penal. Não é necessário que
todos os três requisitos estejam presentes, bastando apenas um deles.
Adequação da medida à gravidade do crime, circunstância do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado.
■ As medidas cautelares podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente; art. 319, CPP.
■ No curso da ação penal as medidas serão decretadas pelo juiz de ofício (alterado pela Lei
13.964/19) a requerimento das partes (MP ou querelante) ou assistente de acusação. Se no
curso do IP, a autoridade policial poderá representar e o MP poderá requerer a imposição de
tais
medidas (nessa fase, exclui-se o querelante e o assistente de acusação).
■ O indiciado ou réu também poderá solicitar a imposição de medida cautelar, qual seja, a
fiança;
■ Respeito ao contraditório direto (Prazo de 5 dias – art. 282, § 3º, incluído pela Lei 13.964/19),
salvo no caso de urgência ou de perigo de ineficácia da medida (contraditório diferido ou
postergado);
■ Não se admite imposição de medida cautelar quando não houver previsão de pena privativa
de liberdade para o crime cometido pelo agente;
Hipótese de cabimento de medidas cautelares diversas da prisão. Não é possível medida
cautelar diversa da prisão se o crime praticado pelo indivíduo não houver previsão de PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE (pena de multa, por exemplo). Por exemplo, a posse de drogas
para uso pessoal prevista no art. 28 da lei de drogas.
■ A medida cautelar também poderá ser decretada cumulativamente com a liberdade provisória
quando o juiz entender que a prisão em flagrante é legal, porém, a manutenção da prisão seja
desnecessária; assunto será melhor tratado ao se falar sobre prisão em flagrante.
“Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no
correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem
como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.”
Poderá fazer de ofício uma vez que seja benéfico ao réu (caso da revogação ou substituição
da medida cautelar). Porém, na expressão “novamente decretá-la” deverá haver
PROVOCAÇÃO, NÃO PODERÁ FAZER DE OFÍCIO.
■ Como exceção à prisão em flagrante, aponta-se os crimes de menor potencial ofensivo (Lei
9.099/99) e o crime de posse de drogas para uso pessoal (art. 28 da Lei 11.343/06)
Se a pena aplicada ao delito praticado pelo indivíduo vai além de 2 anos, é lavrado um APFD
(auto de prisão em flagrante delito).
Caso seja um crime cuja pena seja menor que 2 anos ou praticado uma contravenção penal, é
lavrado um TCO (termo circunstanciado de ocorrência).
No APFD, o criminoso é preso em flagrante e se a pena for de até 4 anos, o delegado pode
arbitrar fiança – caso exceda o valor de 4 anos, não poderá arbitrar fiança e comunicará o
flagrante ao juiz;
No TCO o indivíduo é encaminhado à delegacia, preso em flagrante, porém é lavrado um TCO,
o indivíduo assina um termo de compromisso e responde pelo processo em liberdade.
b) Flagrante obrigatório ou compulsório: Imposta à autoridade policial e seus agentes, sob pena
de responsabilização criminal e funcional pelo descaso (estrito cumprimento de dever legal). No
caso de férias, licenças, folgas, a obrigatoriedade cede espaço à mera faculdade. Obs.:
Guardas
municipais ou civis ou de trânsito.
■ Prisão em flagrante nos crimes de ação penal pública condicionada à representação do
ofendido ou de ação penal privada: Prevalece que é possível, e a representação deve ser
oferecida dentro do prazo de 24 horas.
■ Com a expressão “logo após” entende-se que a perseguição deve ser imediata e ininterrupta.
Sendo imediata e ininterrupta a perseguição, ainda que esta dure por horas ou dias, a prisão
em flagrante será possível.
A ideia de que prisão em flagrante é quando o indivíduo é preso dentro do prazo de 24h é
ERRADA. É necessário haver perseguição de forma ininterrupta.
3. Flagrante presumido ou ficto ou assimilado (art. 302, IV, CPP): Ocorre quando o agente,
logo após a prática do crime, embora não tenha sido perseguido, é encontrado portando
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração penal.
■ Blitz policial.
4. Flagrante preparado ou provocado / crime de ensaio (Súmula 145 STF - Não há crime,
quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.):
■ Ocorre quando um agente provocador induz ou instiga alguém a cometer uma infração penal,
somente para assim poder prendê-lo.
■ Trata-se de crime impossível, afastando o crime e o estado flagrancial.
■ Ex.: Policial disfarçado que solicita a um falsário uma certidão de nascimento falsa de uma
pessoa fictícia. / Policial disfarçado que exibe relógio caro para que quadrilhe proceda um
assalto e seja presa em flagrante.
■ Análise da súmula 567 STJ;
■ Flagrante comprovado;
A prisão preventiva não possui prazo de A prisão preventiva não possui prazo de
duração. duração,
Porém, o órgão emissor da decisão
deverá revisar a necessidade de sua
manutenção a cada 90 dias, mediante
decisão fundamentada, DE OFÍCIO, sob
pena de tornar a prisão ilegal.
O decreto de prisão preventiva deverá ser O decreto de prisão preventiva deverá ser
devidamente fundamentado. devidamente fundamentado, passando a lei
a especificar como essa fundamentação
deve ser realizada (Importante a leitura do
art. 315,
CPP).
É necessário conjugar os requisitos com o cabimento para tornar a prisão preventiva possível!
Uma das quatro hipóteses daquela precisa atrelada a uma das cinco hipóteses desta.
I - PRISÃO EM FLAGRANTE.
Noções gerais.
■ Inviolabilidade de domicílio - A CF/88 prevê, em seu art. 5º, a seguinte garantia:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;
■ Há os que defendem o critério físico-astronômico, ou seja, dia é o período de tempo que fica
entre a aurora e o crepúsculo.
■ Outros sustentam um critério cronológico: dia vai das 6h às 18h.
■ Existem, ainda, os que sustentam aplicar o parâmetro previsto no CPC, que fala que os atos
processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
■ Há ainda o critério previsto pela Lei de Abuso de Autoridade: Os mandados de busca podem
ser cumpridos das 5h até às 21h.
Estes dois últimos critérios são os mais seguros a serem seguidos, embora muitos
doutrinadores ainda sustentem o segundo critério, cronológico.
Havendo suspeitas de que existe droga em determinada casa, será possível que os
policiais invadam a residência mesmo sem ordem judicial e ainda que contra o
consentimento do morador?
Os julgados visam responder a essa indagação sob diferentes perspectivas.
II – PRISÃO PREVENTIVA