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PROVAS NO PROCESSO PENAL (Arts.

155 a 250 do CPP):


1) Sistemas de avaliação da prova (Art. 155):

a) Sistema da íntima convicção: O juiz decide como quer e não precisa motivar (Não é o sistema adotado, SALVO no
júri para os jurados).
b) Sistema da prova legal ou tarifada: As provas têm valor pré-definido, ou, ainda, cada fato se prova de
determinada forma - Fruto desse sistema é a expressão “A confissão é a rainha das provas”. Como regra, tal sistema
não existe no Brasil, mas há resquício dele, como no Art. 158 do CPP (Obrigatoriedade do exame de corpo de delito
nos crimes que deixam vestígios).
c) Sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional: O juiz é livre para decidir como melhor
entender, mas precisa motivar suas decisões (Art. 155 do CPP e Art. 93, IX da CF/88).
Atenção: A regra é a liberdade probatória (as partes têm ampla liberdade probatória). Exceção: Somente quanto ao
estado civil das pessoas serão observadas as restrições da lei civil (Conforme Art. 155, parágrafo único do CPP -
Atentar que este também é resquício de prova legal).
Exemplos: A morte se comprova com a certidão de óbito, o casamento com a certidão de casamento, a filiação com
a certidão de nascimento.
2) Ônus da prova (Art. 156):

O ônus da prova incumbe a quem alega.


A acusação deve comprovar:
-Autoria;
-Materialidade; e
-Elemento subjetivo alegado.
A defesa deve comprovar:
-Álibi; e
-Elemento subjetivo alegado.
3) Poderes Instrutórios do Juiz:

3.1) Noção:
Poderes instrutórios significam a possibilidade de o juiz produzir prova de ofício.
Atenção: Posição minoritária sustenta que os poderes instrutórios do juiz violam o sistema acusatório, pois o juiz
passa a assumir a função de parte (Aury Lopes Jr).
3.2) Cabimento (Art. 156 CPP):
I - Pode produzir prova de ofício antes de iniciada a ação penal (no IP, portanto), desde que seja urgente e relevante,
observada a adequação, a necessidade e a proporcionalidade da medida.
II - Pode produzir prova de ofício durante a instrução, ou antes de proferir sentença, se houver dúvida sobre ponto
relevante.
Há posição minoritária que diz que esse inciso II viola a presunção de inocência, pois o juiz deveria absolver em caso
de dúvida (na verdade sustentam que violaria o in dúbio pro reo).
4) Prova Ilícita (Art. 157 do CPP e Art. 5º, LVI da CF/88):

4.1) Premissa:
Não aceitação do princípio do malle captum bene retentum - Esta expressão significa que, embora mal colhida, a
prova deva ser conservada, ou seja, pune-se quem produziu a prova de maneira inadequada, mas ela fica mantida
nos autos.

4.2) Sistema pré 2008:


Prova ilícita é inadmissível.
a) CF/88 - prova ilícita é inadmissível.
b) CPP - é silente.
c) Doutrina - baseada nos estudos de Pietro Nuvolone, o qual apresentou como gênero a “prova vedada”, sendo que
essa se subdivide em: i) Prova ilegítima - viola direito processual - gera nulidade.
ii) Prova ilícita - viola direito material - inadmissibilidade e desentranhamento.

4.3) Sistema pós 2008:


c) CF/88 - prova ilícita é inadmissível (não mudou).
b) CPP - passou a ter o Art. 157, que dispõe que prova ilícita é a obtida com violação a normas constitucionais ou
legais, sendo inadmissível e devendo ser desentranhada e inutilizada.
Questão importante de prova:
No momento da prisão em flagrante, se a autoridade policial avisou o preso do seu direito ao silêncio, ela pode
gravar a conversa com ele sem cientificá-lo de tanto.
Também pode a polícia verificar o histórico de ligações do celular do detido no momento de sua prisão em flagrante.

4.5) Hipóteses de admissibilidade da prova ilícita:


a) Prova ilícita pro reo:
A prova ilícita pode ser usada para a absolvição do acusado.
Para a posição majoritária (Eugenio Pacelli), o sujeito que comete crimes para provar a sua inocência não é
condenado por eles, pois está abarcado por causa excludente da antijuridicidade. Isto por que a liberdade é o bem
superior do indivíduo.

5) Prova Ilícita Derivada:


5.1) Origem Histórica:
a) Teoria dos frutos da árvore envenenada:
A teoria surge em 1920, no caso Silverthorne Lumber & Co vs EUA.
O nome da teoria (fruits of the poisonous tree) surge com o caso Nardone vs EUA, em 1937.
5.2) Previsão legal no Brasil:
A CF/88 não prevê. Quem prevê é o CPP no Art. 157, §1º.
5.3) Conceito:
A prova ilícita contamina toda a prova que dela derive.
Tem os mesmos efeitos da prova ilícita originária.

Caso: Esse foi o caso do ex-presidente Collor. Policiais entraram na casa do PC Faria sem mandado, apreenderam
seu computador e dali decorreram todas as provas contra o Collor. Tudo foi considerado prova ilícita, o que
fundamentou a absolvição do ex-presidente.

5.4) Hipóteses de admissibilidade da prova ilícita derivada:


a) Teoria do nexo causal atenuado:
-Surge no caso Wong Sun vs EUA, em 1963 (Suprema Corte Norte-americana).
-Foi aplicada no caso Gäfgen vs Alemanha em 2010 - Isso pela Corte Europeia de Direitos Humanos.
Hipótese em que há duas confissões, uma sob tortura e outra não. Como há essa segunda confissão sem a tortura,
será válida.
Tal teoria está prevista no Art. 157, §1º do CPP.
b) Teoria da descoberta inevitável:
Surge no caso Nix vs Williams de 1984.
Caso: Criança desaparecida. Delegado esquadrinhou toda a região em que possivelmente a criança estaria. No meio
da busca encontraram um suspeito. Após tortura, esse suspeito confessou o crime e o local onde ele havia
enterrado a criança. O advogado do suspeito alegou prova ilícita na origem pela tortura e, quanto a localização do
corpo alegou prova derivada da ilícita. O suspeito foi condenado. Após recurso, a Suprema corte ratificou a
condenação, pois com o esquadrinhamento feito pelo delegado o suspeito e o delito seriam encontrados e
desvendados de qualquer modo (a descoberta era inevitável), por isso a prova derivada foi considera válida.
*Quando se analisam os métodos típicos e de praxe próprios da investigação ou da instrução criminal e se percebe
que a prova seria descoberta de qualquer forma, então é possível usar a prova derivada.
Atenção: O Supremo, no HC 91867/PA, entendeu que é possível, no momento da prisão em flagrante, que a polícia
veja o histórico de ligações do celular do detido, pois isso não é interceptação telefônica. Também disse nesse
acórdão que ainda que ilícita fosse, a teoria da descoberta inevitável permitiria o seu uso.
c) Teoria da fonte independente:
Essa teoria surge no caso Murray vs EUA, de 1988.
1ª B&A S/mandado Prova ilícita
2ª B&A C/mandado Prova lícita
Caso: Policiais fazem B&A sem mandado e descobrem drogas e armas. Após, solicitam mandado para legitimar a
ação. Juiz concede mandado e é realizada uma segunda B&A. Suprema Corte Norte-americana alegou que a
segunda B&A é válida.
Quando há duas fontes concretas de prova, uma ilícita e a outra lícita, eu afasto a ilícita e uso a lícita.
Atenção: Essa teoria foi usada no recebimento da AP 470/MG. Joaquim Barbosa utilizou a teoria para declarar que,
apesar de ilícitas as provas colhidas pelo PGR (quebra do sigilo bancário), aquelas colhidas em sede de CPI (quebra
do sigilo bancário) eram lícitas e suficientes para fundamentar o recebimento da denúncia.

Atenção: No Art. 157, §1º do CPP é usado o nome da teoria da fonte independente, e no §2º está positivado o
conteúdo da descoberta inevitável.
PROVAS EM ESPÉCIE - Exame de corpo de delito e outras perícias (Art. 158 a 184 CPP):
1) Obrigatoriedade (Art. 158):

O exame de corpo de delito direto ou indireto é obrigatório nas infrações que deixam vestígio, não podendo supri-lo
a confissão do acusado.
Atenção: É a única perícia que o juiz não pode indeferir.
1.1) Exame de corpo de delito direto e indireto:
a) ECD Direto: É o que recai diretamente sobre os vestígios do crime. Exemplo: Autopsia (atécnico - na verdade é a
necropsia).
b) ECD Indireto: Há duas posições.
b.1) Minoritária: O ECD indireto é a atuação dos peritos de maneira indireta sobre outros elementos (Guilherme
Nucci).
b.2) Majoritária: É a atuação dos peritos ou a prova testemunhal, nos termos do Art. 167 (Se os vestígios
desaparecerem, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta). É a posição do STF.
OBS: Professor aponta que a posição do STF, apesar de majoritária e a que deve ser seguida para o concurso, está
equivocada. Testemunha não pode ser confundida com perito.
2) Peritos (Art. 159):

2.1) Quantidade de peritos:


Regra: 01 perito oficial ou 02 não oficiais.
Exceção: Nos crimes contra a propriedade imaterial de ação penal privada são necessários 02 peritos oficiais (Art.
527).
2.2) Nomeação dos peritos:
As partes não intervêm na nomeação dos peritos.
Atenção: Nos casos envolvendo perícia em outro local, os peritos serão nomeados pelo juízo deprecado (Art. 177),
em regra.
Exceção (Art. 177, parte final): Nos casos de ação privada, se houver acordo entre as partes o juízo deprecante
poderá nomear o perito.
2.3) Atuação dos peritos:
Os peritos devem elaborar o laudo.
As partes podem apresentar quesitos até a realização da diligência.
Prazo do laudo: 10 dias, em regra.
Exceção: No caso do exame de insanidade mental, o prazo para os peritos apresentarem o laudo é de 45 dias.
Atenção: O perito pode prestar esclarecimentos, mas para isso deve ser intimado, com cópia dos quesitos, com 10
dias de antecedência, nos termos do Art. 159, §5º, I do CC, podendo apresentar as respostas em laudo
complementar.
3) Assistente Técnico (Art. 159, §§ 3º, 4º e 5º, II do CPP):

Somente atuam a partir de sua admissão pelo juiz e após a elaboração do laudo oficial.
Atenção: A principal função do assistente técnico, no sistema atual, é a de avaliar o trabalho do perito.
Atuação do assistente técnico (Art. 159, §5º, II):
Ele apresenta parecer no prazo fixado pelo juiz OU será inquirido em audiência.
4) Considerações Finais:

4.1) ECD no caso de lesão corporal que acarrete incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (Art.
168, §2º do CPP):
Fato 1º laudo 2º laudo
30 dias após o fato
Atenção: A prova testemunhal poderá suprir a falta do 2º laudo.
4.2) Imputação e ECD:
a) Regra: Como regra é possível oferecer a denúncia ou queixa sem o exame de corpo de delito.
b) Exceção: Nos crimes contra a propriedade imaterial (Art. 525 CPP).
INTERROGATÓRIO (Art. 185 a 196 CPP):
1) Obrigatoriedade:

O interrogatório é obrigatório.
O artigo 185 utiliza a expressão “será” e com isso torna obrigatório o interrogatório.
Atenção: Citado pessoalmente o acusado não comparece e só é encontrado após a sentença, antes do julgamento
da apelação. Neste caso, o interrogatório pode se dar de duas formas:
a) Pelo próprio relator da apelação; OU
b) Pelo juiz, por carta de ordem (instrumento utilizado pela 2ª instância para determinar a realização de ato
processual pelo juiz a quo).
2) Posição do interrogatório na audiência:

a) CPP: O interrogatório é o último ato da audiência.


b) Leis especiais que o colocam como 1º ato: -Lei de drogas (L 11.343/06);
-Competência originária (L 8.038/90).
Atenção: Para o STJ e o STF, prevalece a disposição do Código de Processo Penal em relação ao disposto na lei da
competência originária (não há entendimento quanto a L 11.343/06).
3) Local do interrogatório:

a) Réu solto: É interrogado no local em que se encontra.


b) Réu preso: -Presídio;
-Fórum;
-Videoconferência.

4) Videoconferência (Art. 185, §2º, I a V do CPP):

a) Só é realizada no caso de réu preso (não existe videoconferência para réu solto).
b) As partes devem ser intimadas com 10 dias de antecedência em relação ao ato.
c) Cabimento: Rol taxativo no Art. 185, §2º do CPP - são as hipóteses:
I) Prevenir risco à segurança pública; Fundada suspeita de integrar organização criminosa (não precisa ter sido
condenado); Por outra razão, possa fugir durante o deslocamento.
II) Para viabilizar a participação do réu, se por circunstância pessoal não puder comparecer;
III) Para evitar que a testemunha seja constrangida (Atenção: A primeira opção é ouvir a testemunha por
videoconferência. Se isso não for possível, ai sim ouve-se o réu por videoconferência);
IV) Por gravíssima questão de ordem pública.
5) Procedimento do interrogatório (Arts. 186 a 190 do CPP):

-Entrevista reservada com o advogado;


-Qualificação;
-Direito ao silêncio;
-Interrogatório sobre a pessoa do réu;
-Interrogatório sobre os fatos;
-Esclarecimentos das partes.
Atenção: O interrogatório é composto de duas partes: sobre a pessoa do réu e sobre os fatos (Art. 187, caput do
CPP).
Atenção: O acusado não pode mentir na qualificação.
Atenção: As partes não perguntam diretamente para o acusado, SALVO no plenário do júri, nos termos do Art. 474
do CPP.
Atenção: O advogado de um dos corréus pode fazer reperguntas para o outro, independentemente de ter havido
delação premiada.
Atenção: Poderá ser refeito o interrogatório a qualquer tempo por determinação do juiz, de ofício ou a pedido das
partes (Art. 196 do CPP).
6) Natureza Jurídica:

Posição majoritária da doutrina aponta tratar-se de meio de defesa. Nucci entende tratar-se de meio de defesa e
fonte de prova.
CONFISSÃO (Arts. 197 a 200 do CPP):
1) Classificação:

a) Simples: É a pura admissão do fato.


b) Qualificada: É a admissão do fato com oposição de outro.
2) Caracteres / Características da confissão (Art. 200 do CPP):

A confissão é RETRATÁVEL (sujeito pode voltar atrás sobre sua confissão) e DIVISÍVEL (pode voltar atrás de parte de
sua confissão anterior).
OFENDIDO (Art. 201 do CPP):
1) Obrigatoriedade:

Obrigatório, sempre que possível.


Atenção: O ofendido não entra no cálculo do número máximo de testemunhas.
2) Intimação de determinados atos (Art. 201, §§ 2º e 3º do CPP):

O ofendido deve ser intimado de determinados atos, tais como:


-Entrada e saída do acusado da prisão;
-Deve receber cópia da sentença ou acórdão;
Atenção: A pedido do ofendido, a intimação poderá ser feita pela via eletrônica.
3) Tratamento (Art. 201, §5º do CPP):

Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para tratamento psicológico, a expensas do acusado
ou do Estado.
RECONHECIMENTO DE PESSOAS OU COISAS (Arts. 226 a 228 do CPP):
1) Objeto (quem pode ser reconhecido):

Pessoas e coisas podem ser reconhecidas.


Atenção: Para o STJ, pode haver condenação com base em reconhecimento fotográfico, desde que não seja o único
meio de prova.

2) Procedimento (Art. 226 do CPP):

I) Haverá a descrição por aquele que vai reconhecer.


II) A pessoa, cujo reconhecimento se pretende, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem
qualquer semelhança, convidando-se o que tiver que fazer o reconhecimento a apontá-la.
III) Lavra-se um auto de reconhecimento.
Atenção: Em países como o Chile, sempre há a necessidade de outras pessoas no reconhecimento, naquilo que se
chama “rueda de personas”. No Brasil, prevalece o entendimento na jurisprudência de que o termo “se possível”
refere-se ao termo “outras” (ou seja, pode ter reconhecimento com apenas uma pessoa).
ACAREAÇÃO (Arts. 229 a 230 do CPP):
1) Quem pode ser acareado (Art. 229 do CPP):

Todos podem ser acareados.


-Acusado com acusado;
-Acusado com ofendido;
-Acusado com testemunha;
-Testemunha com testemunha;
-Testemunha com ofendido;
-Ofendido com ofendido.
2) Cabimento (Art. 229 do CPP):

A acareação será possível sempre que houver divergência sobre fato ou circunstância relevante.
Atenção: O pressuposto da acareação é que todos já tenham prestado depoimento.
3) Procedimento da acareação (Art. 229 do CPP):

-As pessoas são colocadas lado a lado;


-É apontada a divergência;
-Tenta-se saná-la.
Atenção: Cabe acareação por carta precatória, e neste caso a divergência constará na carta precatória.
DOCUMENTOS (Arts. 231 a 238 do CPP):
1) Momento para juntar:

a) Regra: Podem ser juntados a qualquer tempo.


b) Exceção: No plenário do júri só pode ser lido documento que tenha sido juntado com 03 dias ÚTEIS de
antecedência (Art. 479 do CPP).
Atenção: O documento consiste em vídeos, fotos, gravações, laudos, croquis, jornais ou qualquer meio assemelhado
que se refira a matéria de fato (Art. 479, parágrafo único do CPP).
INDÍCIOS (Art. 239 do CPP):
É um meio de prova indireto baseado no método indutivo.
PROVA TESTEMUNHAL (Arts. 202 a 225 do CPP):
1) Quem pode ser testemunha (Art. 202 do CPP):

a) Regra: Qualquer pessoa pode ser testemunha.


b) Exceções:
b.1) Testemunha dispensada (Art. 206): São testemunhas que em razão do parentesco não são obrigadas a depor:
Ascendente, descendente, o afim em linha reta, o cônjuge ainda que separado, o irmão, o pai e a mãe.
Atenção: Se estas pessoas forem as únicas fontes de prova elas são obrigadas a depor, mas não prestam
compromisso.
b.2) Testemunha proibidas (Art. 207): São testemunhas que, em razão de função, ministério ou profissão, devam
guardar sigilo.
Atenção: Se o beneficiário do sigilo requerer e o destinatário (Test. Proib.) aceitar poderá haver o depoimento desta
testemunha, com compromisso.
Atenção: O advogado não pode depor nem mesmo com autorização do cliente. O advogado só pode depor para fins
de autodefesa (única exceção).
2) Número de testemunhas:
PCO / 1ª fase do Júri PCS / 2º fase do Júri
8 5
Atenção: Este número de testemunhas é por fato e por réu.

PROVAS NO PROCESSO PENAL (Arts. 155 a 250 do CPP):


PROVA TESTEMUNHAL (Arts. 202 a 225 do CPP):
3) Procedimento para a oitiva de testemunha:

3.1) Momento para arrolar testemunha:


a) Denúncia ou queixa e resposta à acusação pela defesa.
b) Na 2ª fase do júri (Art. 422 CPP).
c) Ao final da audiência de instrução no procedimento comum ordinário (Art. 400 CPP).
d) Mutatio Libelli (Art. 384 CPP).
3.2) Desistência da testemunha:
Em regra, a parte pode desistir da oitiva da testemunha e não precisa da concordância da parte adversa.
Exceção: Plenário do júri - Após a instalação da sessão é obrigatória a concordância da outra parte E dos jurados.
3.3) Substituição da testemunha:
O CPP não prevê de maneira expressa. Aplica-se subsidiariamente o artigo 408 do CPC.
4) Deveres da testemunha:

4.1) Dever de depor.


Exceções: Arts. 206 e 207 do CPP.
4.2) Dever de comparecimento.
Atenção 1: As pessoas mencionadas no Art. 221, §1º podem optar por prestar o depoimento por escrito.
“§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidenteS do Senado Federal, da Câmara dos Deputados
e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as
perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. ”
Atenção 2: As pessoas mencionadas no caput do Art. 221 podem agendar data e horário do depoimento.
“Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de
Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos
Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e
juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão
inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz.”
OBS: Para o STF, se esta prerrogativa do caput do Art. 221 não for utilizada no prazo de 30 dias, será perdida e o juiz
marcará a data (usavam desse benefício para procrastinar o processo e tentar alcançar eventual prescrição).
Atenção 3: Atenuação no caso de carta precatória (Art. 222 CPP). Atenção às súmulas 155 do STF e 273 do STJ.
“Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência,
expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida,
será junta aos autos.
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a
presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e
julgamento.”
Atenção 4: Carta rogatória (Art. 222-A do CPP): É a única hipótese de prova testemunhal em que a parte deve
previamente demonstrar a importância da oitiva da testemunha e arcar com os custos de sua expedição.
Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando
a parte requerente com os custos de envio.
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1 o e 2o do art. 222 deste Código.
4.3) A testemunha tem o dever de prestar compromisso:
Regra: Como regra, todas prestam.
Exceções: a) Testemunhas dispensadas (Art. 206);
b) Menor de 14 anos e deficiente mental (Art. 208).
4.4) Com o compromisso, a testemunha tem o dever de dizer a verdade.
OBS: A testemunha só poderá silenciar sobre fatos que importem no reconhecimento de crime por ela praticado.
4.5) Dever de comunicar a alteração de endereço (Art. 224 CPP).

5) Procedimento para a oitiva da testemunha:

a) Qualificação da testemunha:
Atenção: Se houver dúvida sobre a identidade ela será ouvida mesmo assim, nos termos do Art. 205 do CPP (ouve-
se a testemunha e depois confirma a sua identidade).
b) Contradita:
É o procedimento para afastar a testemunha.
Ocorre logo após a qualificação, sob pena de preclusão.
c) Rejeitada a contradita, ou se não ocorrer, ocorrerá a advertência, ou seja, tem o dever de dizer a verdade (Art.
210).
d) Após vem as perguntas com o chamado cross examination.
5.1) Cross Examination (Art. 212 do CPP):
As partes perguntam diretamente para a testemunha, e o juiz é o último a perguntar.
Atenção: O juiz pode indeferir as perguntas irrelevantes, impertinentes, repetidas ou que induzam resposta.
Atenção: Para o STF, se o juiz for o primeiro a perguntar haverá, quando muito, nulidade RELATIVA (RHC 110623/DF
- Rel. Min. Ricardo lewandowski - J. 13.03.12).
Exceção: No plenário do júri, o juiz é o primeiro a perguntar, nos termos do Art. 473 do CPP.
Atenção: O jurado pergunta por meio do juiz.

BUSCA E APREENSÃO (Arts. 240 a 250 do CPP):


1) Natureza Jurídica:

a) Doutrina Clássica: A B&A é uma medida cautelar probatória (mais solicitada em concurso).
b) Doutrina Moderna: A B&A configura meio de obtenção de prova.
2) Previsão legal / constitucional: Art. 5º, XI da CF/88 e Art. 240 do CPP.

3) Busca e Apreensão Pessoal:

Não precisa de mandado, basta que haja fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos
mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior -§1º do Art. 240 - conforme disposição do Art. 240, §2º
do CPP.
Atenção: A busca e apreensão pessoal em mulher deve ser feita por outra mulher (é a regra), SALVO se importar em
retardamento ou prejuízo da diligência (é a exceção), conforme Art. 249 do CPP.
4) Busca e Apreensão Domiciliar:

Segundo a CF/88, só pode ser feita de dia e com mandado, SALVO nos casos de: -flagrante;
-desastre;
-para prestar socorro;
-com o consentimento do morador.
Atenção: Nas exceções, a busca e apreensão domiciliar pode ser feita de dia, de noite, com ou sem mandado.
Atenção: O consentimento do morador pode ser retirado a qualquer tempo.
5) Conceito de domicílio / casa (Art. 150, §§ 4º e 5º do CP):

a) Compreende qualquer compartimento habitado;


b) Aposento ocupado ou de habitação coletiva;
c) Compartimento não aberto ao público onde alguém exerce sua atividade.
6) Conceito de dia / noite:

a) Conceito sociológico:
Noite é o período de repouso (não é o conceito adotado no Brasil).
b) Conceito geográfico (José Pimenta Bueno):
Dia é o período entre a aurora e o crepúsculo.
c) Conceito temporal (Bento de Faria e Eduardo Espínola):
Dia é o período que vai das 06h às 18h (é o que prevalece no Brasil).
Atenção: Esse é o período que se exige para iniciar a diligência, podendo obviamente ser estendida após o seu
decurso (desde que iniciada corretamente).
Cabimento da busca domiciliar: Art. 240, §1º do CPP.
7) Questões outras (Temas polêmicos):

7.1) Descoberta fortuita de provas / Encontro fortuito / Serendipidade:


Serendipidade, no dicionário, significa ‘descoberta feliz’ / ‘achado feliz’.
Conceito 7.1: Trata-se da descoberta de um novo crime ou de um novo autor de crime não previsto na investigação
inicial.
a) Serendipidade de 1º grau: Nesta o fato novo descoberto tem relação com o fato investigado e, segundo a
jurisprudência, pode ser utilizada como prova. Exemplo: investiga traficante e descobre que este matou porque a
vítima roubava do tráfico.
b) Serendipidade de 2º grau: O novo fato descoberto não tem relação com o fato investigado e não pode ser usada a
prova descoberta (mas pode ser utilizada como noticia criminis). Exemplo: investiga traficante e descobre que este
matou porque foi traído pela mulher.
7.2) Carro:
Se o carro tiver função precípua de domicílio, será domicílio. Exemplo: trailer e motorhome (Boleia do caminhão não
é considerada como domicílio).
7.3) Droga / Tráfico e crime permanente:
A simples alegação de que se trata de crime permanente não permite a entrada na residência. Deve haver indícios
concretos de que tenha droga lá dentro - Após denúncia anônima, deve investigar, deve verificar a procedência das
informações, para somente então adotar providências.
7.4) Busca e apreensão em escritório de advocacia (Art. 7º da L 8.906/94):
Só pode realizar busca e apreensão em escritório de advocacia se houver indício da prática de crime pelo advogado
e constituída a materialidade.
O mandado deve ser especializado e pormenorizado, devendo ser cumprido na presença de representante da OAB.
7.5) Flórida vs Jardines - J. Outubro/2012 - Suprema Corte Norte-americana:
Se a pessoa possui expectativa de privacidade, precisa de mandado judicial. Se a pessoa não tem expectativa de
privacidade, não precisa de mandado.
7.6) Busca e apreensão pessoal e celular:
A busca e apreensão pessoal realizada no momento da prisão em flagrante permite à polícia que mexa no celular da
pessoa e veja o histórico de ligações.
7.7) Busca e apreensão em Lan House:
O Supremo entendeu que se o proprietário da Lan House autorizar a entrega do computador aos policiais, que não
possuíam mandado de busca, é válida esta prova.

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