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DA PROVA

Prof. Msc. Robinson Pinheiro


1- NOÇÕES INICIAIS:
 A conclusão, pelo juiz, acerca da veracidade da
acusação, subordina-se à constatação da existência
de fatos pretéritos, sobre cuja ocorrência não há, em
princípio certeza.
 Sob a ótica objetiva, a prova é o elemento que
autoriza a conclusão acerca da veracidade de um
fato ou circunstância.
 Sob aspecto subjetivo, a prova serve para definir o
resultado do esforço probatório no espírito do juiz.
2- FINALIDADE DA PROVA:
 O objetivo da atividade probatória é convencer o
destinatário: o juiz.
 A prova almeja a demonstração da verdade
processual (ou relativa), pois é impossível
alcançar a verdade absoluta.
 “Provar é demonstrar de algum modo a
veracidade de um fato ou a certeza de uma
acusação”.
3- TEMA DA PROVA:
 Em princípio, apenas os fatos principais ou
secundários, devem ser provados, já que se
presume que o juiz esteja devidamente instruído
sobre o direito.
 Não se admitirá que a prova verse sobre:

a) Fatos Impertinentes: alheios à causa.


b) Fatos Irrelevantes: relacionados à causa, mas
sem influência na decisão.
3- TEMA DA PROVA:

c) Fatos Notórios: acontecimentos ou situações


que são de conhecimento geral.
d) Fatos Impossíveis: cuja ocorrência se mostra
contrária às leis das ciências naturais.
e) Fatos Cobertos por Presunção Legal de
Existência ou Veracidade: as partes não
precisam comprová-lo.
4- FONTE DA PROVA:

 Tudo quanto possa ministrar indicações


úteis cujas comprovações sejam necessárias.
5- SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA PROVA:
 Art. 155 CPP: “O juiz formará sua convicção pela
livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos
na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
não repetíveis e antecipadas”.
 O CPP é fiel ao Sistema da Livre Convicção do
Juiz ou da Persuasão Racional. Este confere ampla
liberdade ao magistrado para formar seu
convencimento.
5- SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA PROVA:
 O juiz deve fundamentar a sentença (art. 93 IX CF/88).
 Ressalte-se que o magistrado não pode fundamentar sua
decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, já que nesta fase não é
garantido o exercício do contraditório.
 OBS: A limitação não atinge o objeto das provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
 Cautelares: existe um risco do desaparecimento em
razão do tempo.
5- SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA PROVA:
 Não repetíveis: não podem ser coletadas ou produzidas
em razão do desaparecimento da fonte probatória.
 Prova antecipada: são produzidas em observância do
contraditório perante o juiz, antes do momento
processual adequado.
 OBS (2): No Tribunal do Júri vigora o Sistema da
Íntima Convicção do Juiz que confere ampla
liberdade aos juízes leigos para a avaliação das provas,
dispensando-os de fundamentar a decisão.
6- ÔNUS DA PROVA:
 Art. 156 CPP: “A prova da alegação incumbirá a
quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de
ofício:
I. Ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a
produção antecipada de provas consideradas
urgentes e relevantes, observando a necessidade,
adequação e proporcionalidade da medida;
II. Determinar, no curso da instrução, ou antes de
proferir a sentença, a realização de diligências para
dirimir dúvida sobre ponto relevante”.
7- PRINCÍPIOS QUE REGEM A ATIVIDADE PROBATÓRIA:

a) Princípio do contraditório.
b) Princípio da comunhão dos meios de prova.
c) Princípio da identidade física do juiz.
d) Princípio da oralidade.
e) Princípio da publicidade.
f) Princípio do privilégio contra a
autoincriminação.
8- MEIOS DE PROVA:
 O CPP elenca alguns meios probatórios de
maneira exemplificativa:
a) Exame de corpo de delito;

b) Interrogatório do acusado;

c) Confissão;
d) Declarações do ofendido;
8- MEIOS DE PROVA:

e) Testemunhas;
f) Reconhecimento de pessoas e coisas;
g) Acareações;
h) Documentos;
i) Perícias...
8- MEIOS DE PROVA:
 Além dos meios legais (nominados), há outros
ditos inominados como: filmagens, arquivos de
áudio, fotografias e a inspeção judicial.
 O sistema de liberdade de prova se afina com as
aspirações do processo penal da busca da verdade
real. É limitado pelo Princípio de Vedação da
Prova Ilícita.
9- PROVAS ILÍCITAS:
 Art. 5º LVI CF/88: São inadmissíveis, no
processo, as provas obtidas por meio ilícito.”
 Art. 157 CPP: São inadmissíveis, devendo ser
desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
assim entendidas as obtidas em violação a
normas constitucionais ou legais.
9- PROVAS ILÍCITAS:
 § 1º são também inadmissíveis as provas
derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e
outras, ou quando as derivadas puderem ser
obtidas por uma fonte independente das primeiras.
 § 2º considera-se fonte independente aquela que
por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
próprios da investigação ou da instrução criminal,
seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
9- PROVAS ILÍCITAS:
 § 3º preclusa a decisão de desentranhamento da
prova declarada inadmissível, esta será
inutilizada por decisão judicial, facultado as
partes acompanhar o incidente.
 Doutrinariamente, classificam-se as provas
ilícitas de acordo com a natureza da norma
violada:
9- PROVAS ILÍCITAS:

a) Prova ilícita em sentido estrito: prova obtida


por violação da norma, legal ou constitucional,
de direito material. Ex: Confissão extraída
mediante coação moral.
b) Prova ilegítima: prova que viola norma de
natureza processual. Ex: exibição em plenário do
Tribunal do Júri, de prova que a parte contrária
não tenha sido cientificada com antecedência
(art. 479 CPP).
10- CASUÍSTICA:

a) Filmagem produzida pelo ofendido ou por


câmeras de vigilância instaladas em local
público ou acessível ao público: possibilidade
de utilização, desde que não viole a privacidade
ou intimidade.
b) Gravação de conversa telefônica ou
ambiental, por um dos interlocutores, sem o
conhecimento do outro: prova válida.
10- CASUÍSTICA:

c) Interceptação de comunicação telefônica: só


admitida com autorização judicial, pois a
Constituição assegura a inviolabilidade das
comunicações telefônicas e de dados (art. 5º XII
CF/88).
d) Quebra de sigilo bancário: só admitida com
autorização judicial.
e) Quebra de sigilo fiscal: só admitida com
autorização judicial.
11- PROVA EMPRESTADA:
 É aquela colhida em um processo e reproduzida
documentalmente na ação pendente de
julgamento.
 São as tiradas de uma causa anterior, ou
consistentes em documentos e depoimentos
produzidos em outro feito judicial.
12- BANCO DE PERFIS GENÉTICOS PARA FINS DE
PERSECUÇÃO CRIMINAL (LEI 12.654/2012)

a) Introdução: estabelece coleta obrigatória de


material genético de condenados por crime
hediondo ou com violência grave, e, por ordem
judicial, de suspeitos.
b) Sobre a LEP: a lei 12.654/2012 modificou o art.
9º da LEP, passando a permitir a coleta de
material genético para a elucidação do crime. Tal
coleta deve ser essencial à investigação do delito.
12- BANCO DE PERFIS GENÉTICOS PARA FINS DE
PERSECUÇÃO CRIMINAL (LEI 12.654/2012)

c) Objetivo: o perfil genético identificará um


perfil humano na cena do crime, o que ocorre
pela comparação entre o perfil genético do
suspeito e o perfil genético do vestígio deixado.
Deverá ser usado como prova processual.
d) Banco de perfis genéticos: a lei 12.654/2012
determina que o perfil genético ficará
armazenado no banco de perfis genéticos até a
prescrição do delito.
12- BANCO DE PERFIS GENÉTICOS PARA FINS DE
PERSECUÇÃO CRIMINAL (LEI 12.654/2012)

e) O papel dos Tribunais Superiores:


 O Poder Judiciário, além de aplicar a lei aos
casos concretos, é também responsável, por meio
do STF, pelo controle de constitucionalidade das
normas vigentes.
 Essa questão é extremamente delicada por
envolver conflitos entre direitos individuais e
coletivos.
12- BANCO DE PERFIS GENÉTICOS PARA FINS DE
PERSECUÇÃO CRIMINAL (LEI 12.654/2012)

 O princípio do “nemo tenetur se detegere” ou


direito a não autoincriminação, preceitua que
ninguém é obrigado a produzir prova contra si
mesmo.
 Tal princípio objetiva proteger o indivíduo contra os
excessos cometidos pelo Estado na persecução
penal, incluindo-se nele, o resguardo contra a
violência física e moral. Este direito está positivado
no art.5º LXIII da Constituição de 1988 e, também,
no art. 186 CPP.
12- BANCO DE PERFIS GENÉTICOS PARA FINS DE
PERSECUÇÃO CRIMINAL (LEI 12.654/2012)

 A lei 12.654/2012 prevê a coleta compulsória de


DNA para fins de persecução penal, abrindo um
conflito com o princípio constitucional da não
autoincrimininação.
 Neste cenário, o Poder Judiciário possui papel
preponderante no protagonismo ou denegação de
direitos.

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