CONEXÃO E

CONTINÊNCIA:

Prof. Msc. Robinson Pinheiro
 1- Noções iniciais:

Conexão e Continência não são critérios
para a fixação, mas para eventual
prorrogação de competência.
Quando existe algum vínculo entre dois
delitos (Conexão) ou quando uma
conduta está contida na outra
(Continência), estabelece a lei que deve
haver um só processo.
 1- Noções iniciais:

O CPP estabelece regras para que a
competência de uma comarca ou de uma
justiça prevaleça sobre as demais.
 2- Hipóteses de Conexão
(art. 76 CPP):

Deve-se estar diante de duas ou mais
infrações penais (o que não ocorre na
Continência).
OBS: As infrações penais devem estar
ligadas por algum dos vínculos
elencados no art. 76 CPP.
2.1- Conexão Intersubjetiva
(art. 76 I CPP):

Duas ou mais infrações são praticadas por
duas ou mais pessoas, sendo que o elo entre
os delitos reside justamente nisso.
a) Conexão Intersubjetiva por
Simultaneidade (ocasional): Se, ocorrendo
duas ou mais infrações penais, houverem
sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias
pessoas reunidas. Nesta modalidade não há
ajuste prévio.
2.1- Conexão Intersubjetiva
(art. 76 I CPP):

Exemplo: vários torcedores
inconformados, invadem o campo de jogo
e praticam agressões contra o árbitro e seu
auxiliar. São dois crimes, praticados por
mais de uma pessoa sem que haja ajuste
prévio.
2.1- Conexão Intersubjetiva
(art. 76 I CPP):

b) Conexão Intersubjetiva por Concurso: Se,
ocorrendo duas ou mais infrações penais,
houverem sido praticadas por várias pessoas
em concurso, embora diverso o tempo e o
lugar.
Exemplo: integrantes de uma facção criminosa
que, conluiados, fazem diversos assaltos. Exige-
se que os agentes estejam agindo em coautoria
ou participação, sendo necessário, portanto o
liame subjetivo.
2.1- Conexão Intersubjetiva
(art. 76 I CPP):

c) Conexão Intersubjetiva por
Reciprocidade: Se as infrações forem
praticadas por duas ou mais pessoas,
umas contra as outras.
Exemplo: lesões corporais recíprocas.
 2.2- Conexão Objetiva (art.
76 II CPP):

Conhecida como conexão material ou lógica.
Neste caso, o vínculo está na motivação.
a) Conexão Objetiva Teleológica: quando uma
infração penal visa facilitar a prática de outra.
Exemplo: matar o segurança da empresa para
sequestrar o empresário.
Exemplo (2): assassinar o marido para
estuprar a esposa deste.
 2.2- Conexão Objetiva (art.
76 II CPP):

OBS: Não confundir com o Princípio
da Consunção (o crime-meio fica
absorvido pelo crime-fim).
b) Conexão Objetiva Consequencial: o
vínculo encontra-se na motivação do
segundo delito em relação ao
primeiro.
 2.2- Conexão Objetiva (art.
76 II CPP):

b.1) Quando uma Infração for Cometida
Visando Ocultar a Outra:
Exemplo: após matar a esposa, o agente
joga o corpo em alto mar, amarrado em
uma grande pedra. Neste caso, o crime de
ocultação de cadáver (art. 211 CP) foi
cometido para ocultar o delito de
homicídio doloso.
 2.2- Conexão Objetiva (art.
76 II CPP):

b.2) Quando uma Infração for Praticada
para Garantir a Impunidade de Outra:
Exemplo: ameaçar testemunha para que
não o reconheça em juízo pelo crime de
roubo. Em tal caso, o delito chamado
coação no curso do processo (art. 344 CP)
foi praticado a fim de obter a impunidade
do roubo.
 2.2- Conexão Objetiva (art.
76 II CPP):

b.3) Quando uma Infração for Realizada para
Assegurar a Vantagem de Outra:
Exemplo: o autor do furto de um carro o deixa
em um local proibido. De longe, percebe que o
agente de trânsito está guinchando o veículo.
Daí, mata o fiscal para recuperar o carro
furtado. Neste caso, o homicídio teve
finalidade de assegurar a vantagem do furto.
2.3- Conexão Instrumental ou
Probatória (Art. 76 III CPP):

Quando a prova de uma infração ou de
qualquer de suas circunstâncias influir na
prova de uma outra infração.
Objetiva a realização do princípio da
economia processual.
2.3- Conexão Instrumental ou
Probatória (Art. 76 III CPP):

Exemplo: assaltante subtrai um carro de
uma primeira vítima e com o carro
roubado comete, logo depois, um segundo
roubo. Neste caso, o fato de a vítima do
segundo crime reconhecer o réu e afirmar
que ele chegou ao local com carro
roubado da primeira vítima ajuda a prova
em relação à infração inicial.
3- Hipóteses de Continência
(art. 77 CPP):

o CPP prevê a existência de Continência
por cumulação subjetiva ou objetiva.
a) Continência por Cumulação Subjetiva
(art. 77 I CPP):
 Ocorre quando duas ou mais pessoas
forem acusadas pela mesma infração
penal.
3- Hipóteses de Continência
(art. 77 CPP):

 Existência de coautoria ou participação.
 É a modalidade de Continência mais
comum.
b) Continência por Cumulação Objetiva:
ocorre em todos os casos de Concurso
Formal, bem como nas hipóteses de Erro
na Execução (aberratio Ictus) ou Resultado
Diverso do Pretendido (aberratio criminis).
3- Hipóteses de Continência
(art. 77 CPP):

 Existe concurso formal quando o
agente, com uma só ação ou omissão,
pratica duas ou mais infrações,
idênticas ou não.
 O concurso formal pode ser próprio
ou impróprio.
3- Hipóteses de Continência
(art. 77 CPP):

 Erro na Execução (aberratio ictus): ocorre
quando o agente, querendo atingir
determinada pessoa, efetua o golpe, mas, por
má pontaria (ou por outro motivo), acaba
atingindo pessoa diversa da pretendida.
 Na aberratio Criminis, o agente quer atingir
um bem jurídico, mas, por erro, atinge bem de
natureza diversa.
4- Regras de Prevalência de Foro
nos Casos de Conexão ou
Continência:

1ª regra: no concurso de jurisdições de
categorias diversas, predominará a de
maior graduação (art. 78 III CPP)
2ª regra: no concurso entre jurisdição
comum e especial, prevalecerá e
especial (art. 78 IV CPP).
4- Regras de Prevalência de Foro
nos Casos de Conexão ou
Continência:

3ª regra: no concurso entre a competência
do Júri e a de outro órgão da jurisdição,
prevalecerá a competência do Júri (art. 78 I
CPP).
4ª regra: no concurso de jurisdições da
mesma categoria:
a) Prevalecerá a do lugar da infração a qual
for cominada a pena mais grave.
4- Regras de Prevalência de Foro
nos Casos de Conexão ou
Continência:

b) Prevalecerá a do lugar em que ocorreu o
maior número de infrações, se as
respectivas penas forem de igual
gravidade.
c) Se as penas forem idênticas e em igual
número, firmar-se-á a Competência por
prevenção (art. 78 II CPP).