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MATERIAL DIDÁTICO DA DISCIPLINA DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I**


2º Semestre de 2016 – Prof.ª Ana Paula do Vale Fossali Paranhos
 Unidade VII – Competência – 2ª e última parte
• 5- PREVENÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
• Critérios anteriores - fixadas a comarca e a Justiça competentes.
• Vários juízes igualmente competentes para o caso.
Ex. BH possui vários juízes criminais (em princípio todos têm competência para julgar o delito).
• Prevenção - prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, mesmo antes do oferecimento da denúncia ou queixa
Ex.: decretação da prisão preventiva, concessão de fiança, apreciação de pedido de explicações em juízo, decretação de busca e apreensão
nos processos para apuração de crime contra a propriedade imaterial etc.
• Se não houver qualquer juiz prevento, será feita a distribuição - sorteio para a fixação de um determinado juiz para a causa.
• Súmula 706, STF
• 5.1- Hipóteses em que a prevenção é critério norteador da competência
• 1) Mais de uma vara para a qual o inquérito pode ser direcionado, porém, antes da distribuição, algum juiz pratica ato relevante relacionado
ao delito investigado, fica ele prevento. Neste caso, a prevenção define o juízo, a vara onde a ação penal tramitará (art. 83 do CPP).
• 2) Cometido crime permanente no território de duas ou mais comarcas (art. 71, CPP).
• 3) Cometido crime continuado no território de duas ou mais comarcas (art. 71, CPP).
• 4) Infração praticada em local incerto entre duas ou mais comarcas (art. 70, §3º, CPP).
• 5) Infração cometida em lugar que não se tem certeza se pertence a, uma ou outra comarca (art. 70, §3º, CPP).
• 6) Se for desconhecido o lugar da infração e o réu tiver duas residências (art. 72, §1º, CPP).
• 7) No caso de conexão quando não houver foro prevalente, por serem os delitos da mesma categoria de jurisdição e tiverem as mesmas
penas (art. 78, II, c, do CPP).
• 6- CONEXÃO E CONTINÊNCIA
• Não são critérios para a fixação, mas para uma eventual prorrogação da competência.
• Quando existe algum vínculo entre dois delitos (conexão) ou quando uma conduta está contida na outra (continência) - deve haver um só
processo para apuração conjunta.
• Facilitará a coleta das provas e a apreciação do caso como um todo pelo juiz.
• Fatos cometidos na mesma Comarca e devam ser apurados pela mesma Justiça não haverá qualquer dificuldade na união.
• Complica quando esses delitos são de competência de Comarcas ou Justiças distintas - cometidos em locais diversos ou por ser diferente a
natureza de cada um deles – daí surgem as REGRAS.
• 6.1- Hipóteses de conexão (art. 76, CPP)
• Duas ou mais infrações penais (o que não ocorre na continência).
• Interligadas por algum dos vínculos elencados nos incisos do art. 76 do CPP.
 Conexão intersubjetiva (art. 76, I, CPP)
• Duas ou mais infrações são praticadas por duas ou mais pessoas – este é o elo de ligação
• A conexão pode se dar em razão da simultaneidade, do concurso ou da reciprocidade.
Conexão intersubjetiva por simultaneidade (ou ocasional)
• Se, ocorrendo duas ou mais infrações penais, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas (art. 76, I, 1ª parte,
CPP)
• Nesta figura os agentes cometem os crimes ao mesmo tempo, porém sem que haja prévio ajuste entre eles.
• É rara.
Ex. Torcedores – juiz e bandeirinha - dois crimes (lesões em duas vítimas) – mais de um agente – sem ajuste.
• Elo entre os delitos é a simultaneidade no impulso criminoso.
Conexão intersubjetiva por concurso
• Se, ocorrendo duas ou mais infrações penais, houverem sido praticadas por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar
(art. 76, I, 2ª parte, CPP)
• Duas ou mais pessoas cometerem dois ou mais delitos em concurso, pouco importando que ocorram em momento e locais diversos.
Ex.: integrantes de uma facção criminosa que, conluiados, fazem diversos assaltos.
• Devem agir em coautoria ou participação - necessário o liame subjetivo, o acordo de vontade entre eles.
Conexão intersubjetiva por reciprocidade
• Se as infrações forem praticadas por duas ou mais pessoas, umas contra as outras (art. 76, I, 3ª parte, CPP)
** Este material tem como referências bibliográficas as doutrinas abaixo e, de forma alguma, tem como objetivo substituí-las, mas tão somente servem para direcionar as aulas da disciplina de Direito Processual Penal I
1- PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 18 ed. ver. e ampl. atual. de acordo com as leis n. 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2014.
2- NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
3- Reis, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado/Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012.
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• Ex. Lesões corporais recíprocas - uma pessoa agride outra provocando-lhe lesões e é contida por amigos. Em seguida, a vítima,
aproveitando-se de que o primeiro agressor está sendo retirado do local, desfere-lhe um soco pelas costas, provocando-lhe também lesões.
• Dois crimes – não houve legítima defesa - cometidos por duas pessoas, uma contra a outra.
• Crime de rixa – não se trata deste caso – concurso necessário – trata-se de crime único cometido ao mesmo tempo por três ou mais
pessoas, configurando exemplo de continência.
 Conexão objetiva (art. 76, II, CPP)
• Conexão material ou lógica.
• O vínculo está na motivação de uma delas que a relaciona à outra.
• Tal conexão pode ser teleológica ou consequencial.
Conexão objetiva teleológica
• Quando uma infração penal visa facilitar a prática de outra.
• O vínculo encontra-se na motivação do primeiro delito em relação ao segundo.
• Exs.: matar o segurança para sequestrar o empresário ou o marido para estuprar a esposa.
• Não pode estar presente os requisitos para o princípio da consunção - crime-meio fica absorvido pelo crime-fim – um crime apenas.
Conexão objetiva consequencial
• 03 hipóteses, sendo que, em todas elas, o vínculo encontra-se na motivação do segundo delito em relação ao primeiro.
a) Infração cometida visando ocultar outra
• Fim: autoridades não descubram a própria existência do delito anterior.
Ex.: após matar uma pessoa, o agente joga o corpo em alto-mar amarrado em uma grande pedra. Em tal caso, o crime de ocultação de
cadáver (art. 211 do CP) foi cometido para ocultar o delito de homicídio doloso.
b) Infração for praticada para conseguir a impunidade de outra.
• Fim: evitar a aplicação da pena referente à infração anterior, por ele cometida ou por terceiro.
Ex.: ameaçar testemunha para que não o reconheça em juízo pelo crime de roubo pelo qual está sendo processado. Em tal caso, o delito
chamado coação no curso do processo (art. 344, CP) foi praticado a fim de obter a impunidade do roubo.
c) Infração for realizada para assegurar a vantagem de outra.
• A finalidade do agente é garantir o proveito auferido com a prática delituosa anterior.
• Ex.: o autor do furto de um carro o deixa estacionado em local proibido. De longe, percebe que um fiscal de trânsito está guinchando o carro.
Ele, então, mata o fiscal para recuperar o carro furtado. O homicídio teve a finalidade de assegurar a vantagem do furto cometido em data
anterior.
• Importante: veja art. 121, § 2º, V (homicídio qualificado pela conexão); demais delitos agravante genérica — art. 61, II, b, CP.
 Conexão instrumental ou probatória (art. 76, III, CPP)
• A prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias influir na prova de outra infração.
• Crime acessório - furto em relação ao de receptação; falsificação de documento falso em relação ao de uso etc.
• Porém – pode a conexão probatória decorrer de situação fática.
Ex.: assaltante subtrai carro de uma primeira vítima e com o carro roubado comete, logo depois, um segundo roubo. Neste caso, o fato de a
vítima do segundo crime reconhecer o réu e afirmar que ele chegou ao local com o carro roubado da primeira vítima ajuda a prova em
relação à infração inicial.
• Não tem por finalidade diminuir o número de processos ou de audiências.
• Caso existam dois crimes, sem qualquer liame probatório entre eles, a solução é o desencadeamento de uma ação penal para cada um.
• Continuidade delitiva - não gera automaticamente a conexão e a união de feitos, sendo necessária a constatação de que a prova de um dos
delitos traz consequências na do outro.
• Doutrina e a jurisprudência deram interpretação bastante elástica ao instituto do crime continuado, permitindo seu reconhecimento quando
os fatos ocorrem em um mesmo município ou em cidades contíguas, e mesmo que entre um fato e o outro tenham decorridos até 30 dias.
• Mas nem sempre deverá existir a conexão.
• Deverá existir a conexão em casos de continuidade delitiva quando a prova de um crime gera efeitos na do outro.
Exs.
* mesma vítima - empregado que em diversas oportunidades subtrai bens do patrão;
* circunstância inicial comum - mesmo anúncio de jornal publicado pelo estelionatário que leva várias vítimas a caírem em um golpe e
depositar dinheiro em sua conta bancária; dono de loja que faz uma promoção, recebe dinheiro adiantado de vários clientes, e depois,
dolosamente, desaparece com os valores etc.

** Este material tem como referências bibliográficas as doutrinas abaixo e, de forma alguma, tem como objetivo substituí-las, mas tão somente servem para direcionar as aulas da disciplina de Direito Processual Penal I
1- PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 18 ed. ver. e ampl. atual. de acordo com as leis n. 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2014.
2- NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
3- Reis, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado/Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012.
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• Quando o contexto fático de dois ou mais crimes é um só, é evidente a necessidade de uma só ação penal porque a narrativa dos fatos
pelas testemunhas não tem como ser dividida.
Ex.: uma pessoa é presa em flagrante por roubo de veículo e os policiais, ao efetuarem revista, encontram uma pequena porção de cocaína
em seu bolso. Ele cometeu roubo e porte de droga para consumo próprio no mesmo contexto fático.
• 6.2- Hipóteses de continência (art. 77, CPP
 Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I, CPP)
• Duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração penal.
• Trata-se aqui de crime único cometido por duas ou mais pessoas em coautoria ou participação.
• Mais comum.
 Continência por cumulação objetiva
• Casos de concurso formal e erro na execução (aberratio ictus) ou resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) com duplo resultado.
• Concurso formal – art. 70, CP - agente, com uma só ação ou omissão, pratica duas ou mais infrações, idênticas ou não.
• Haverá continência porque a conduta é uma só, embora o agente responda por dois ou mais crimes.
Exs.:
a) agindo imprudentemente na condução de um automóvel o motorista atropela e mata duas pessoas. Em tal caso, em que o agente não
visava esses resultados, causando-os culposamente, o juiz aplica uma só pena aumentada de 1/6 até ½ (art. 70, caput, 1ª parte do Código
Penal). É o chamado concurso formal próprio;
• b) o agente coloca fogo em uma casa querendo matar as duas pessoas que estão em seu interior. Nessa situação, o juiz determina a soma
das penas (art. 70, caput, 2ª parte do Código Penal). É o chamado concurso formal impróprio.
• Nos 02 casos a continência decorrente do concurso formal faz com que haja uma só ação e julgamento.
• O erro na execução (aberratio ictus) ocorre quando o agente, querendo atingir determinada pessoa, efetua o golpe, mas, por má pontaria ou
por outro motivo qualquer (desvio do projétil, desvio da vítima), acaba atingindo pessoa diversa da que pretendia. Nesse caso, o art. 73, CP
estabelece que o sujeito responderá pelo crime, levando-se em conta, porém, as condições da vítima que ele pretendia atingir.
• Mas, pode acontecer de o agente efetivamente atingir quem pretendia e, por erro na execução, atingir também outra pessoa. Nessa
situação, haverá crime doloso em relação a quem o sujeito queria acertar e crime culposo em relação à outra vítima, em concurso formal
(aberratio ictus com duplo resultado), sendo ambos apurados em uma só ação penal devido à continência.
• Na aberratio criminis (resultado diverso do pretendido), o agente quer atingir um bem jurídico, mas, por erro, atinge bem de natureza diversa.
Ex.: uma pessoa, querendo cometer crime de dano, atira uma pedra em direção ao bem, mas, por erro de pontaria, atinge uma pessoa, que
sofre lesões corporais. Nesse caso, o agente só responde pelo resultado provocado na modalidade culposa, e, ainda assim, se previsto para
a hipótese (art. 74, CP), ou seja, responde por crime de lesões culposas, que absorve a tentativa de dano.
• Porém, se o agente atinge o bem jurídico que pretendia e, por erro, atinge também outro bem jurídico, responde pelos dois crimes, em
concurso formal. No exemplo, o sujeito responderia por crimes de dano e lesão culposa, sendo as infrações apuradas em uma só ação em
face da continência.
• 6.3- Regras de prevalência de foro nos casos de conexão ou continência
• Art. 79, caput, CPP – em casos de conexão ou continência - um só processo para apuração dos crimes.
• Critérios de prevalência - art. 78, CPP – pela ordem lógica e não pela sequência do CPP:
1º) No concurso de jurisdições de categorias diversas, predominará a de maior graduação (art. 78, III, do CPP).
Exs. se um Prefeito e um funcionário municipal são acusados de corrupção passiva, o julgamento conjunto deverá ocorrer no TJ do Estado,
uma vez que o Prefeito goza de foro por prerrogativa de função que atrai para o Tribunal a competência em relação ao funcionário.
E o Senador com o Prefeito? Quem julgará pelo crime comum praticado em concurso?
2º) No concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá a especial (art. 78, IV, do CPP).
• Apenas hipóteses de conexão entre crime eleitoral e crime comum – Justiça Eleitoral julgará os dois crimes.
• A outra justiça especial é a militar - art. 79, I, do CPP estabelece que, quando houver conexão entre crime militar e delito comum, haverá
cisão de processos, ou seja, a justiça castrense julgará o crime militar e a Justiça Comum o outro delito.
3º) No concurso entre a competência do Júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do Júri (art. 78, I, do CPP).
• Desse modo, se for cometido um homicídio em Contagem conexo com crime de tortura em Belo Horizonte – Quem julga?
• Em eventuais casos de conexão entre crime eleitoral e delito doloso contra a vida (de competência do Júri) surge controvérsia em razão das
regras dos incisos I e IV do art. 78, CPP.
• Deverá existir a separação dos processos – após a CR/88 – a competência da Justiça Eleitoral para os crimes eleitorais está expressa no
art. 121, CR/88 e a do Júri no art. 5º, XXXVIII, d, CR/88 - como não há na Constituição regras de prevalência de foro, inviável buscar solução
na legislação comum com base nas regras de conexão, pois o CPP não pode se sobrepor às normas constitucionais.
** Este material tem como referências bibliográficas as doutrinas abaixo e, de forma alguma, tem como objetivo substituí-las, mas tão somente servem para direcionar as aulas da disciplina de Direito Processual Penal I
1- PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 18 ed. ver. e ampl. atual. de acordo com as leis n. 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2014.
2- NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
3- Reis, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado/Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012.
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4º) No concurso de jurisdições da mesma categoria:


a) Preponderará a do lugar da infração à qual for cominada a pena mais grave (art. 78, II, a, do CPP).
• Mais grave - maior pena máxima em abstrato.
• A regra em questão não se aplica quando há conexão entre um crime da esfera federal com outro da estadual.
• Prevalece a competência da Justiça Federal, ainda que o crime de sua esfera tenha pena inferior ao da estadual, posto que a competência
da Justiça Federal é determinada pela Constituição (o que não ocorre com os da esfera estadual) e não pode ser afastada por regra do
Código de Processo Penal.
• Súmula 122, STJ.
• Conexão - crime federal qualquer e um crime doloso contra a vida de competência estadual - inaplicável a súmula - Júri também consta do
texto constitucional – solução: separação de processos. Alguns entendem: um júri na Justiça Federal.
Importante: Se for cometido um crime de aborto com consentimento da gestante em BH (1 a 4 anos de reclusão), conexo com um roubo em
Contagem (4 a 10 anos), prevalece a competência do Júri de BH, pois, apesar de a pena do aborto ser menor, cuida-se de crime doloso

contra a vida, cuja competência do tribunal popular prevalece quando há conexão com outro crime comum da esfera estadual.

b) Prevalecerá a do lugar em que ocorreu o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade (art. 78, II,
b, CPP).
Ex. Se o agente entra em uma loja em BH e furta três colares de diamantes, vendendo-os, posteriormente, a três receptadores diversos (não
comerciantes) na cidade de Contagem, a competência será firmada nesta última, pois ali ocorreram três crimes de receptação, enquanto, na
primeira, houve apenas um furto. A pena da receptação simples é idêntica à do furto simples (1 a 4 anos de reclusão, e multa).
c) Se as penas forem idênticas e em igual número, firmar-se-á a competência por prevenção (art. 78, II, c, do CPP).
Ex. Furto em BH e receptação em Contagem
• 6.4- Conexão entre a jurisdição comum e a do Juizado Especial Criminal
• Art. 60, caput e parágrafo único da Lei n. 9.099/95 - conexão entre infração de menor potencial ofensivo e outro crime comum ou de
competência do Júri, ambos serão julgados no Juízo Comum ou no Tribunal do Júri.
• 6.5- Avocação – avocar: chamar para si.
• Se apesar da conexão e continência, por equívoco ou desconhecimento, forem instauradas ações penais diversas, uma para cada crime, a
autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante outros juízes (art. 82 do CPP).
• Se o juiz discordar com o pedido do outro juiz para julgamento - conflito positivo de competência.
• Se o juiz perceber o engano e tomar a iniciativa de remeter os autos àquele que entenda prevalente – o juiz que recebe os autos pode
aceitar o apensamento dos autos para tramitação conjunta, ou pode discordar do outro juiz - conflito negativo de competência.
• Só é possível se nenhuma das ações penais tiver sentença definitiva — de 1ª instância, conforme art. 593, I, CPP.
• Sentença definitiva e Sentença com trânsito em Julgado.
• Súmula 235, STJ
• 6.6- Procedimento
• Nos casos de conexão entre crimes que possuam procedimentos diversos deverá ser observado o mais amplo.
• 6.7- Separação de processos
• Mesmo existindo a conexão ou continência- lei estabelece hipóteses de separação de processos.
• Pode ser obrigatória ou facultativa.
• Separação obrigatória
• Art. 79, CPP:
I- no concurso entre a jurisdição comum e a militar.
II- No concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
• Adulto e um adolescente cometem infração penal em conjunto.
• Hipóteses dos incisos I e II do art. 79, CPP - instauradas ações autônomas.
• §§ 1º e 2º - início do processo uno - posterior desmembramento
§1º) Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu, sobrevier o caso previsto no art. 152, CPP.
§2º) A unidade do processo não importará a do julgamento:
a) Se houver corréu foragido que não possa ser julgado à revelia.
• Se o acusado for citado por edital e não comparecer em juízo para oferecer resposta escrita, nem nomear defensor, o processo ficará
suspenso em relação a ele, nos termos do art. 366, CPP - prosseguirá em relação aos demais que tenham comparecido.
b) Quando ocorrer a hipótese do art. 461, CPP – jurados Tribunal do Júri.
• Importante: Separação obrigatória do julgamento – SUSPRO - art. 89 da Lei n. 9.099/95.
** Este material tem como referências bibliográficas as doutrinas abaixo e, de forma alguma, tem como objetivo substituí-las, mas tão somente servem para direcionar as aulas da disciplina de Direito Processual Penal I
1- PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 18 ed. ver. e ampl. atual. de acordo com as leis n. 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2014.
2- NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
3- Reis, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado/Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012.
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• Separação facultativa
• Art. 80, CPP:
a) Quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes. Desde que tal fato possa prejudicar o
tramitar da ação.
b) Em razão do número excessivo de réus.
c) Para não prolongar a prisão provisória de qualquer dos réus.
d) Por qualquer outro motivo relevante.
• 6.8- Desclassificação e competência
• Iniciado o processo perante um juiz - desclassificação para infração de competência de outro – o que fazer?
• Crime único — Procedimento comum
• Remessa do processo ao juízo competente para o julgamento (art. 74, § 2º, do CPP).
• Crime único — Procedimento do Júri — 1ª fase
• Desclassificação na fase da pronúncia - art. 419, CPP - remessa ao juízo competente.
• Art. 74, §3º, CPP – remete ao art. 410, CPP - alterado Lei n. 11.689/2008.
• Observar que deverá o juiz proceder conforme o art. 399, §2º, CPP – Audiência de Instrução – após poderá decidir pela desclassificação.
• A desclassificação tanto pode se dar para crime menos grave (de tentativa de homicídio para lesão corporal grave, p. ex.) como para delito
mais grave (de homicídio para latrocínio).
• Crime único — Procedimento do Júri — julgamento em Plenário
• Se o júri não condenar o réu pela prática do crime doloso contra a vida e também não o absolver dessa imputação, desclassificando a
infração para outra de competência do juízo singular, o juiz presidente suspenderá a votação e proferirá ele próprio a sentença (art. 492, §1º,
CPP). – Lembrar das IMPO – Lei n. 9.099/95
• Crimes conexos — Procedimento comum
• Mesmo se houver desclassificação ou absolvição, o juiz continua competente para julgar a outra infração penal ou o corréu.
Exs.:
- cabendo ao TJ julgar crime praticado pelo prefeito em coautoria com outra pessoa em razão de o primeiro gozar de prerrogativa de foro,
caso venha absolver o primeiro, continuará competente para julgar o outro.
- se um crime de roubo cometido em BH é conexo com um furto qualificado cometido em Contagem e ambos estão sendo apurados em BH,
porque a pena do roubo é mais alta, continuará o juiz de BH a julgar o furto qualificado ainda que tenha absolvido o réu pelo roubo (ou que
tenha desclassificado tal crime para outro menos grave que o furto qualificado, como, por exemplo, para furto simples).
• Hipótese de perpetuatio jurisdicionis (art. 81, caput, CPP).
• Crimes conexos — Procedimento do Júri — fase da pronúncia
• Se a pessoa estava sendo processada por um crime doloso contra a vida e por crime comum conexo, caso o juiz, na fase da pronúncia,
desclassifique o crime doloso contra a vida para delito não abrangido pela competência do júri, deverá remeter os autos ao juízo competente,
para apreciar ambos os delitos.
• Recebendo o processo, o juiz deverá observar o rito do art. 410, CPP, com as alterações da Lei n. 11.689/2008.
• Crimes conexos — Procedimento do Júri — julgamento em Plenário
• Se o réu estiver sendo julgado por crime doloso contra a vida e por crime comum conexo e houver absolvição em relação ao primeiro,
caberá aos jurados apreciar a responsabilidade do acusado em relação ao outro, uma vez que, ao julgarem o mérito da infração de
competência do júri, entenderam-se competentes para a análise das demais.
• Em caso de desclassificação do crime doloso contra a vida, porém, o crime conexo de natureza diversa será julgado pelo juiz-presidente (art.
492, §2º, CPP).
• 7- FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
• Também chamado de foro em razão da pessoa (ratione personae), foro especial ou privilegiado.
• Verdadeiro privilégio? Não! Evita pressões e constrangimentos sobre os juízes comuns.
• 7.1- Hipóteses de foro por prerrogativa de função previstas na CR/88
• Competência em relação aos chamados crimes comuns.
1) Supremo Tribunal Federal — nos termos do art. 102, I, b e c da CR/88, julga, originariamente, por crimes comuns:

a) o Presidente da República.
b) o Vice-Presidente da República.
c) os Deputados Federais.
d) os Senadores da República.
** Este material tem como referências bibliográficas as doutrinas abaixo e, de forma alguma, tem como objetivo substituí-las, mas tão somente servem para direcionar as aulas da disciplina de Direito Processual Penal I
1- PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 18 ed. ver. e ampl. atual. de acordo com as leis n. 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2014.
2- NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
3- Reis, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado/Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012.
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e) os próprios Ministros do STF.

f) o Procurador-Geral da República.
g) os Ministros de Estado.
h) o Comandante da Marinha.
i) o Comandante da Aeronáutica.
j) o Comandante do Exército.
k) os membros dos Tribunais Superiores (STJ, TSE, TST e STM).

l) os membros dos Tribunais de Contas da União.


m) os chefes de missão diplomática de caráter permanente.

2) Superior Tribunal de Justiça — de acordo com o art. 105, I, a, CR/88, julga, originariamente, nos crimes comuns:
a) os Governadores dos Estados e do Distrito Federal.
b) os Desembargadores.
c) os Membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal.
d) os Membros dos Tribunais Regionais (Federais, Eleitorais e do Trabalho).
e) os Membros dos Tribunais de Contas dos Municípios.
f) os Membros do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.

3) Tribunais Regionais Federais — nos termos do art. 108, a, CR/88, julgam, originariamente, nos crimes comuns,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral:
a) os juízes federais de sua área de jurisdição.
b) os juízes militares federais de sua área de jurisdição.
c) os juízes do trabalho de sua área de jurisdição.
d) os Membros do Ministério Público da União que oficiem junto à 1ª instância.

4) Tribunais de Justiça — julgam originariamente, nos crimes comuns:


a) os Prefeitos Municipais (art. 29, X, CR/88).
b) os juízes estaduais e do Distrito Federal, inclusive os da Justiça Militar Estadual, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral (art. 96, III, CR/88).
c) os membros do Ministério Público estadual e do Distrito Federal, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (art. 96,
III, da CR/88).

• Ampliação da competência originária dos Tribunais de Justiça pelas Constituições Estaduais


• As Constituições dos Estados podem aumentar as hipóteses de foro por prerrogativa de função de competência dos respectivos Tribunais de
Justiça.
• Em MG – art. 106, I, a e b da Constituição Estadual:
• TJ julga o Vice-Governador do Estado, o Deputado Estadual, o Advogado-Geral do Estado e o Procurador-Geral de Justiça, nos crimes
comuns e o Secretário de Estado, o Comandante-Geral da Polícia Militar e o do Corpo de Bombeiros Militar e o Chefe da Polícia Civil, nos
crimes comuns e nos de responsabilidade, além dos já mencionados acima;
• Importante atentar para a competência atribuída ao Tribunal do Júri decorre de dispositivo da CR/88 (art. 5º, XXXVIII, d).
• Os que gozam de foro especial previsto na própria CR/88, como, por exemplo, os promotores de justiça, são julgados pelo TJ, ainda que
cometam homicídio.
• Os demais acrescentados pela Constituição Estadual são julgados pelo Tribunal do Júri.
• Súmula 721, STF
• Ressalva da Justiça Eleitoral
• Caso um juiz ou promotor, por exemplo, cometa crime eleitoral, será julgado originariamente pelo TRE.
• A ressalva só é expressa em relação a juízes e promotores, porém, a jurisprudência firmou entendimento de que também se estende aos
Prefeitos que cometam crimes eleitorais.
• Já as autoridades sujeitas à jurisdição do STF e do STJ ainda que cometam crime eleitoral, serão julgadas por referidos Tribunais, e não
pelo Tribunal Superior Eleitoral, já que, em relação a eles, o texto constitucional não fez ressalva quanto à competência da Justiça Eleitoral.

** Este material tem como referências bibliográficas as doutrinas abaixo e, de forma alguma, tem como objetivo substituí-las, mas tão somente servem para direcionar as aulas da disciplina de Direito Processual Penal I
1- PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 18 ed. ver. e ampl. atual. de acordo com as leis n. 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2014.
2- NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
3- Reis, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado/Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012.
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• Afastamento da competência originária dos Tribunais de Justiça dos Estados em face do caráter federal da infração penal cometida
por Prefeito
• Se o detentor de cargo de Prefeito, que tem foro especial perante os Tribunais de Justiça dos Estados, cometer crime que se insere no rol da
• competência da Justiça Federal (art. 109, incisos IV, V, V-A, VI, IX e X, da CR/88), será julgado pelo Tribunal Regional Federal, uma vez que
os Tribunais de Justiça não podem julgar delitos que não se inserem em sua competência em razão da natureza da infração.
• Súmula 208, STJ
• Súmula 702, STF
• Quanto a juízes e promotores de justiça que cometam crimes federais, o julgamento é feito pelo Tribunal de Justiça porque a CR/88, em
relação a tais autoridades, excepcionou expressamente a competência dos Tribunais Estaduais somente se o crime cometido for eleitoral.
• Alcance da competência dos Tribunais de Justiça em razão do local da Infração
• Estende-se a competência do Tribunal de Justiça sobre seu jurisdicionado, qualquer que tenha sido o local do delito no território nacional.
Ex. se um juiz de direito de Minas Gerais comete um furto em Pernambuco, responde pelo crime perante o Tribunal de Justiça de Minas
Gerais.
• A regra supracitada vale também no que se refere à competência originária dos Tribunais Regionais Federais.
Ex. Suponha-se um juiz federal de Minas Gerais (1ª Região) que cometa crime de estelionato no Rio Grande do Sul (4ª Região). Será
julgado perante o Tribunal Regional Federal de Minas Gerais.
• STF e STJ têm jurisdição sobre todo o território nacional.
• Conexão ou continência entre crime cometido por quem goza de foro privilegiado e outra pessoa
• Em tal caso, ambos serão julgados perante o Tribunal, já que a questão é solucionada pelo art. 78, III, CPP, segundo o qual no concurso
entre jurisdições de categorias diversas, prevalece a mais graduada.
• Súmula 704, STF.
• Ainda que o Tribunal absolva aquele que tem foro especial, deverá julgar também o outro, tratando-se aqui de hipótese de perpetuatio
jurisdicionis (art. 81, caput, do CPP).
• Se for rejeitada a denúncia em relação a quem tem o foro por prerrogativa de função, por entender o Tribunal que não há indícios suficientes
em relação a ele, mas que existem tais indícios em relação ao comparsa, os autos deverão ser remetidos ao juízo comum para apreciação
em relação a este.
• Há entendimento nos dois sentidos no STF na hipótese de a conexão ou continência ser referente a crime doloso contra a vida, uma vez
que, para estes, a competência é também firmada no texto constitucional.
• Conexão ou continência em relação a pessoas que gozam de foro especial em órgãos diversos do Poder Judiciário
• Nesses casos, o STF tem também entendido que prevalece o órgão jurisdicional mais graduado.
• Ex. se um juiz e um Senador cometem juntos um crime, respondem conjuntamente perante o STF.
• Agente que assume o cargo ou função após a prática do crime
• Se a infração é praticada antes de o agente possuir o cargo ou função, deverão ser o inquérito ou ação penal remetidos, no estado em que
se encontram, ao Tribunal, tão logo o agente os assuma.
• Agente que comete o crime enquanto ocupa cargo ou função, mas deixa de exercê-lo antes do julgamento
• É bastante comum a hipótese em que o sujeito, após cometer o crime no exercício de cargo ou função, deixe de exercê-los (demissão de
Ministro, aposentadoria de Desembargador, não reeleição de Prefeito etc.). Teria ainda direito ao foro especial?
• Para o STF, o ex-ocupante de cargo ou mandato não tem direito ao foro por prerrogativa de função.
• Réu que tem prerrogativa de foro que renuncia fraudulentamente ao mandato às vésperas do julgamento pelo Tribunal a fim de
evitar a decisão
• O STF, em 28 de outubro de 2010, que a renúncia ao cargo às vésperas do julgamento não retira a competência do tribunal quando se
constatar má-fé do detentor do mandato.
• Órgão acusador
• Nos casos de foro especial, o oferecimento da denúncia cabe ao representante do Ministério Público que exerce suas atribuições junto ao
• Tribunal. Por isso, denúncias criminais contra Prefeitos ou Juízes são oferecidas pelo Procurador-Geral de Justiça e denúncias contra
Deputados Federais são apresentadas pelo Procurador-Geral da República.

• Procedimento junto ao Tribunal


• Os processos de competência originária seguem o rito descrito nos arts. 1º a 12 da Lei n. 8.038/90. Apesar de esta lei fazer menção apenas
aos julgamentos perante o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, aplica-se também aos casos de competência
originária dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça, complementados pelo Regimento Interno de cada uma dessas Cortes.

** Este material tem como referências bibliográficas as doutrinas abaixo e, de forma alguma, tem como objetivo substituí-las, mas tão somente servem para direcionar as aulas da disciplina de Direito Processual Penal I
1- PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 18 ed. ver. e ampl. atual. de acordo com as leis n. 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2014.
2- NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
3- Reis, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado/Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012.
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• Irrecorribilidade da decisão
• Os julgamentos dos tribunais nos casos de sua competência originária não podem ser reformados por tribunais superiores por ser irrecorrível
a decisão quanto ao seu mérito. É o que determina a própria CR/88 que, neste aspecto, não reconheceu o direito ao duplo grau de
jurisdição, uma vez que o julgamento já é feito por órgão colegiado e de superior graduação.
• É claro que sempre é cabível a utilização do habeas corpus perante os órgãos superiores àquele incumbido da competência originária.
• 8.2- Exceção da verdade
• Art. 85, CPP:
• Nos crimes contra a honra que admitem exceção da verdade, caso esta seja oposta contra querelante que tenha foro por prerrogativa de
função, deverá a exceção ser julgada pelo Tribunal, e não pelo juízo por onde tramita a ação.
• Ex. se um prefeito, sentindo-se caluniado, ingressar com ação penal contra o ofensor, na Comarca de Belo Horizonte. O ofensor, então,
resolve ingressar com exceção da verdade, dispondo-se a provar que a imputação feita contra o prefeito é verdadeira. Pois bem, nesse caso
a exceção da verdade será julgada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
• A doutrina entende que apenas a exceção é julgada pelo Tribunal, devendo os autos retornar à comarca de origem para a decisão quanto ao
processo originário.
• Entende-se, também, que o Tribunal limita-se a julgar a exceção, sendo colhidas as provas no juízo de primeira instância.

** Este material tem como referências bibliográficas as doutrinas abaixo e, de forma alguma, tem como objetivo substituí-las, mas tão somente servem para direcionar as aulas da disciplina de Direito Processual Penal I
1- PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 18 ed. ver. e ampl. atual. de acordo com as leis n. 12.830, 12.850 e 12.878, todas de 2013. São Paulo: Atlas, 2014.
2- NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 11. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
3- Reis, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado/Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. São Paulo: Saraiva, 2012.

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