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FACULDADE DE DIREITO

UNIVERSIDADE DE LISBOA

DIREITO
PROCESSUAL
PENAL
TRAMIT
TRAMITAÇÃ
AÇÃO
O / SUJEITOS PROCESSUAIS
PROCESSUAIS / OBfECT
OBfECTO
O
PARTE I: INTRODUÇÃO E TEORIA DA LEI
PROCESSUAL PENAL
1. Conceito de Direito Processu al Penal
O Direito Processual Penal é o conjunto de normas jurídicas que disciplinam a
aplicação do direito penal aos casos concretos, ou noutra fórmula, o conjunto das
normas jurídicas que orientam e disciplinam
disciplinam o processo
processo penal.

2. Relação entre o Direito Processual Pena l e o Direito Penal


A lei penal necessita do processo para a sua aplicação ao caso concreto; o direito penal
substantivo define os crimes, as penas e as medidas de segurança aplicáveis aos seus
aigentes, enquanto que o processo define o modo de proceder para verificar
 juri
 ju rid
d icam
ic am en te a ocor
oc orrê
rênc
ncia
ia de crim
cr im es , d eter
et erm
m inar
in ar os seus
se us ag en tes
te s e ap licar
lic ar-lh
-lh es as
penas e medidas de segurança, quando disso for caso.
• Há, por isso, uma rel ação de in stru m enta li dad e necessá necessári a  entre o direito
penal e o processo penal que os distingue da conexão entre os demais ramos
de direito e respectivos processos.
" Daí que o art. 2 CPP disponha que a aplicaçã aplicaçãoo de penas e med idas de segurança
só pode ter lugar em conform idade com as disposições
disposições do Código.
Código.

3. Modelos históricos
históricos do Processo Penal.
Penal.
a) Mo delo inquisitório
b) Modelo acusatório
c) Mo delo misto

4. O CPP '87 e a estrutura acusató ria do Processo


O art. 32/5 CRP dispõe que o processo criminal tem estrutura acusatória.
• O sistema acusatório
acusatório procura a igualda
igualdade
de de
de poderes de actuação processual
entre a acusação a defesa, ficando o julgador numa situação de independência
«super-partes», apenas interessado na apreciação objectiva do caso que lhe é
submetido pela acusação.
* A trave m estra deste sistem a é a separação en tre a entidade que a
acusa e a entida de que julga - distinção que visa garan tir a
imparcialidade do julgador

5. A natureza processual dos crimes.

5.1. Crimes-Públicos
Crimes cujo 
cujo   processo é iniciado oficiosamente 
oficiosamente   pelo MP, sem necessidade de
intervenção do ofendido ou das outras pessoas.
Nos crimes públicos vigora o princípio da oficialidade (art. 48 e 262/2), ou seja, a
iniciativa e a prossecução processuais pertencem ao M P. _ v
■ Chegamos à conclusão de que estamos
estamos perante um crime pattfe
pattfeat
ater
er
quando, analisando o preceito do tipo incriminador em causa, não
encontramos referência a nenhuma condição de procedibiíidade num

2
dos seus números nem em qualquer outro preceito que com e(e
mantém uma proximidade  sistemática.

5.2. Crim es Semi-Púbticos


Semi-Púbticos
Nos crimes semi-públicos, o procedimento criminal depende de queixa (art. 49)
•Titularidade do direito
direito de queixa: art. 113 CP

5.3. Crimes Particulares


Nos crimes particulares, são quatro as condições de procedibilidade (arts. 50/1,
246/4, 285/1):
a) A queixa (que é uma declaração de ciência
ciência e uma manifestação de vontade1 de
que seja instaurado um processo para averiguação da notícia do crime e
procedimento con tra ao agente responsável
■Titularidade
■Titularidade do direito
direito de queixa : art. 113 CP
b) Declaração , simultâne a à queixa, de que deseja con stituir-se como assis tente - s» ;•
c) Constituição efectiva como assistente
d) Dedução efectiva de acusação particular pelo assistente
* A declaração do queixoso
queixoso de que se se qu er constituir
constituir como  assistente
é quase uma mera formalidade, pois a sua falta é cominada com a
mera irregularidade e não compromete o avanco do inquérito.
• O prazo para a constituição de assiste nte é de dez dias, a contar da
declaração do queixoso de que se quer   constituir assistente (art.
68 / 2)
’ O prazo para a dedução de de acusação pa rticular é de dez dias, a
contar da notificação do MP, findo o inquérito (art. 285/1)

6. A relevância constitucional do processo


processo penal. A articulação entre as garantias
penais substan tivas e as garantias processuais
processuais..
6.1. Validade temporal da lei processual penal
O CPP dispõe no   art. 5.® qu e   a lei processual penal é de aplicação imediata, sem
prejuízo da validade dos actos realizados
realizados na vigência da lei anterior.

6.1.1 . As norm as processuais materiais


A boa doutrina entende que, tratando-se de normas   processuais de natureza
substantiva, isto é,   de normas contidas no CPP que condicionam a
responsabilidade penal ou contendam com os direitos fundamentais do
arguido ou do recluso, deverá ter-se e"m conta o art. 2/4 CP e art., 29/4 CRP.
aplicando-se a lei retroactiva de conteúdo mais favorável ao arguido,
proibindo-se igualmente a reformotío in pejus.

San exem plos de nnrmas processuais materiais:


a) Normas sobre prescrição
b) Norm as sobre condições de procedibilidade (queixa e acusação particu lar):
e.g. conversão de crime público em semi-público ou particular
c) Normas sobre medidas de coacção

1Ao contrá rio da denúncia, que é apenas uma declaração


declaração de ciência.

3
PARTE II: A TRAMITAÇÃO DO PROCESSO
PENAL
1. As form as de processo actuais.
No sistema do CPP de 1987 há duas grandes modalidades de processo: a forma
comum e as formas especiais.

As formas especiais são:


a) O processo sumário (art. 381 );
b) O processo sumaríssimo (art. 392);
c) O processo abreviado (art. 391-A ).
* A utifeação de uma forma de processo quando a lei determ inar a utilização
de urna outra constitui uma nulidade dependente de arguição, nos termos
do art. 120/2/a).
i
2. O cará cter subsidiário da forma de processo comum.
O processo comum tem um caráct er subsidiário, ou seja, só se  aplica quando não tiver
lugar qualquer forma especial.

3. A gravidade dos crimes e as formas de processo.


Tend encialmente os crimes mais graves são julgados na forma de processo comum.
■ Essa é a forma que dá mais garantias de defesa (o que nã o  quer dizer que as
outras não as dêem), sendo, por conseguinte, a mais adequada para os crimes
mais graves

Por sua vez, os processos especiais estão condicionados pelo gravidade da pena.


* Em processo sumário não pode ser aplicada  pen a de  prisão superior a cinco
anos Jart. 381/1 e 2)
■ O processo abreviado só tem lugar em caso de crime punível com pena de (
prisão não superior 3 cinco anos ou com pena de multa (art. 39 1-A /l) (
■ Em processo sumaríssimo só cabem os casos de crime punível com pena de
prisão não superior a cinco anos ou só com pena de mu lta (art. 392/1 )
o Nem sempre, porém , os crimes, menos graves são processados nas
formas especiais: por exemplo, se o tribunal ou o arguido não aceitarem
a proposta sancionatória do MP para que o facto seja processado em
processo sumaríssimo, então terá lugar o reenvio do processo para a
forma comum (art. 3 95/1 /c) e 398).

4. A natureza processual dos crimes e as formas de processo.


a) Crimes públicos: não têm a respectiva tramitação condicionada de modo
algum.
b) Crimes semi-públicos: têm o início do procedimento dependente de queixa do
ofendido (art. 49/1), mas depois podem ser julgados em qualquer foma de
processo.
c) Crimes particulares: têm o início do procedimento criminal sucessivamente
condicionado por queixa (art. 5 0/1 e 246/4 ), de claração, por parte do ofendido

4
(ou de outros), de que se quer constituir assistente, constituição de assistente
(art. 68/2) e acusação particular (art. 285/1), mas só não podem  ser-'
 pro ce ssados em proc es so su mário  (uma vez que não pode haver, nos crimes
particulares, detenção em flagrante delito, que é requisito do processo
sumário, nos termos do art. 255/4).
* Actualmente, os crimes particulares podem se r processados em
processo sumarfssimo (a rt. 392 /2) e sob a forma de processo abreviado
(art. 391-B/3).

5. As fases do processo comum.


Segundo doutrina tradicional, o processo comum obedece a três grandes fases2:
a) O Inquérito (art. 262 ss .)
b) A Instrução (art. 286 ss.)
c) O Julgamento (art. 311 ss.)
* O inquérito e o julga men to são as fase s obrig atórias do processo comum
(e, claro, o julgamento só é obrigatório se houver acusação ou
pronúncia)
■ A instrução é facultativa

5.1. A aquisição da notícia do crime.


O processo começa com a aquisição da notícia do crime (art. 241).

O MP ad quire a noticia do crime através de uma das segu intes formas (art. 241):
a) Conhecimento próprio
b) Por intermédio dos órgãos de polícia criminal (cfr. 248)
c) Por denúncia (transmissão ao IVIP do conh ecim ento de factos com eventua l
relevância criminal, na forma estabelecida por lei, para efeitos do
procedimento criminal)
■ Distingue-se denúncia obrigatória,  que impende sobre os funcionários
(art. 242), dos casos de denúncia facu ltativa (art. 244).
* É admissível a denún cia contra desconhecidos,  visto caber nas
finalidades do inquérito a determinação dos agentes da infracção (art.
262/1).

O «prob lema» da denúncia obrigatória


Nos termos do n.s 3 do art. 242.5 CPP, o regime especial do procedimento criminal
dos crimes semi-públicos e particulares não fica afectado se houver uma denúncia
por parte deTuma âuiorldadê publica, pois aihda assim continuará a ser necessário
para o Ministério Público abrir inquérito que o titular do direito de queixa a
apresente .

1 Alguma doutrina (F.CP into), porém, prefere indicar cinco fases do processo comum: (1) aquisição da
notícia do crime (art. 241 ss.); (2) o inquérito; (3) a instrução; (3) o julgamento; (4) e os recursos (art. 399
ss.)
3 0 debate doutrinário em volta dos crimes sujeitos a «denúncia obrigatória» parece ter perdido muito
da sua pertinê ncia com a alteração do n.9 3 do art. 242.9 CPP ievada a cabo pela Re forma de 2007.

5
■ Há aliás uma grande utilidade a favor da tese denúncia obrigatória para os
crimes semi-públicos e particulares, que se liga com a questão do auto de
notícia (art. 243.® CPP). Admitindo a denúncia obrigatória para os crimes
semi-públicos e particulares, admite-se igualmente que possa ser lavrado
auto de notícia por parte de uma autoridade pública que presenciou um
crime de denúncia obrigatória (art. 2 43.g/ l CPP).
■ A maioria da doutrina, que nega a denúncia obrigatória pará os crimes
semi-públicos e particulares, nega também que deva ser levantado auto de
notícia em caso de flagrante delito desses crimes (auto de notícia é um
documento lavrado por uma autoridade pública que presenciou um crime
de denúncia obrigatória, nos termos do a rt. 243/1).
■ Contra a maioria da doutrina, diz P.S. Mendes que, quando a autoridade
pública tenha verificado por conhecimento próprio o cometimento do
crime, seja ele semi-público ou particular, continua a ser útil o auto de
notícia como m eio de conservação da prova, m ais ainda se co nsiderarmos o ( 
seu valor probatório particular (art. 169 .s, ex vi art. 99.S/4 CPP).
° Num crime semi-público ou particula r em que não haja auto de notícia o
ofendido pode ter grande dificuldade de fazer prova do que se passou se
não existir este meio de prova especial, demais a mais com o valor que lhe
é atribuído.

5.2. O auto de notícia.


O art. 243/1 dispõe que sempre que uma autoridade judiciária, um órgão de polícia
crim inal ou outra entidade policial prese nciarem qualque r crime de denúnc ia
obrigatória, levantam ou mandam levantar auto de notícia, descrevendo os factos
que constituem o crime, en tre os outros aspectos.
• No regime actua l, o auto de notícia não prova nunca a prática do crim e,
mas faz prova dos factos materiais dele constantes, enquanto prova
bastante qualificada.

5.3. Crimes cujo procedimento criminal d epende de queixa


a) Crimes semi-públicos: quando o procedimento criminal depender de
queixa ou da participação de qualquer autoridade, é necessário que os
respectivos titulares dêem conhecimento do facto qao MP, para que este
promova o processo (v. art. 49 CPP e art. 113 CP + normas da Parte
Especial).
• Trata-se de uma restrição à prom oção autónom a do processo penal
por parte do MP (art. 48).

b) Crimes particu lares: relativamente a estes crimes, para que o MP possa


promover o processo penal é necessário que os ofendidos ou as pessoas
especificadas na lei se queixem, declarem que se querem constituir
assistentes no momento em que apresentam a queixa (art. 246), se
constituam assistentes (art. 285 e art. 68/2), e, no final do inquérito,
deduzam acusação (particular).

4 Nessa medida, o auto de notícia só pode ser lavrado nos casos de detenção em flagrante delito «strietu
sensu». Fora desses casos, o auto de notícia estará sempre ferido d e falsidade ideológica.

e
« A queixa, declaração de que se quer constituir assistente,
constituição de assistente e acusação particular são, assim,
condições de procedibílidade, a satisfazer nos diferentes momentos
do processo em que são devidas; do seu cumprimento depende a
legitimidade do MP .

5.4. As medidas cautelares e de polícia.


Os arts. 249 a 253 tratam das medidas cautelares e de polícia, que podem ser
necessárias tanto anteriormente ao processo como durante o desenvolvimento do
mesmo.
■ Os OPC devem praticar todos os actos cautelares necessários e urgentes
para preservar os meios de prova, mesmo antes de receberem ordem da
autoridade judiciária competente {art. 249/1).
■ Porém, estes actos de polícia só serão integrados no processo
mediante validação da autoridade judiciária com petente

Entre a s várias m edid as cau tel ar es e de pol ícia contam-se:


a). Identificação de pessoas (art. 250)
b): Revistas e buscas, em caso de urgência (art. 251)
c) Buscas domiciliárias por sua iniciativa aquando de detenção em flagrante delito
por crime a que corresponda pena de prisão (art. 174/5/c))
d) Apreensõ es (art. 178)
e) Remessa de qualquer correspondência nas estações de correios e de
telecomunicações (art. 252/3)

5.5. Detenção.
Finalidades da d etenção
A detenção não diz respeito apenas aos suspeitos de um crime; estes não são os
únicos susceptíveis de serem detidos.
■ Qualquer pessoa pode se r detida desde que essa detenção seja necessária
para assegurar a sua presença num acto processual presidido por um juiz,
em qualquer fase processual (art. 116/2)

5.5.1. Detenção em flagrante delito


Trata-se de uma medida cautelar precária, relativamente à fuga ou perigo de
fuga do eventual agente do crime, de curtíssima duração (por oposição à prisão
preve ntiva, que pode durar anos; verificados os pressupostos legais, a detenção
pode «transformar-se numa prisão preventiva, por despacho de um juiz - art.
254/1/a)).
■ Nos crimes particulares não há lugar à detenção em flagrante delito,
mas apenas à identificação do infractor (art. 255 /4).
* A detenção em flagrante delito também não tem lugar
relativamente a crimes que sejam punidos só com pena de multa
(art. 255/1).
■ Dever de comunicação ao MP; art. 259
As 3 acep ções de flagrante delito
À luz do disposto no art. 256/1 CPP, é
«flagrante delito todo o crime que se está
cometendo ou se acabou de cometer».
1. Flagrante delito
■ A redacção da norma sugere uma
«strictu sensu»
aproximação clara ao conceito de actos de
execução  previsto nas 3 alíneas do n.® 2 do
art. 22.8 CP
 2. Quase flagrante A 2- parte do art. 256/1 - «acabou de cometer»
delito - diz respeito ao quase flagrante-delito.
No art. 256/2 prevê-se uma presunção de
3. Presunção de
flagrante delito, motivada pelo conhecido
Flagrante delito
«clamor público»

5.5.2 . Detenção fora de flagrante delito í


Em regra, só pode ser efectuada por mandado do juiz (art. 257/1) '
» 0 MP pode orde nar a detenção nos casos em que for admissível
prisão preventiva (art. 2S7/1).
* As autoridades de polícia criminal podem tam bém orden ar a
detenção fora de flagrante delito, por iniciativa própria, se se
verificarem cumulativamente os  requisitos das alíneas do n.s 2 do
art. 257.

5.6. A fase de inquérito.


0 inquérito é uma fase de investigação obrigatória na forma de processo comum.

5.6.1 . A decisão de abertura do inquérito.


Consagração do princípio da legalidade: ressalvadas as excepções previstas no
CPP (crimes semi-públicos e particulares, ou processo sumário), o notícia do
crime dá sem pre lugar ò abertura do inquérito (art. 262/2). ( 
* O conce ito de legalidade  aqui utilizado consiste na ideia de que a (
actividade do MP se desenvolve sob o signo da estreita viricuíação à
lei, não obedecend o a razões políticas, econó mica s ou outras.
* O fund am ento do princípio é a igualdade na aplicação do Direito.

A avaliação do MP
O MP tem de avaliar se a denúncia constitui ou não uma notícia do crime,
devendo a seguir decidir, em função disso, se é de abrir ou não inquérito (art.
38/1/a) e d), e art. 246/4/a}), não obstante todas as denúncias  ficarem
registadas, mesmo as manifestamente infundadas.
■ Nessa medida, não se pode dizer que o MP tem  de abrir inquérito face a
qualquer denúncia, mesmo a mais inconsistente.
• Porém, a avaliação do MP não  deve ser confundida com o juízo de
oportunidade.
5.6 .2. O acto de abertura do inquérito .
O inquérito inicia-se com um despacho do MP a determinar a sua abertura.
* Este despacho do MP é o prim eiro oc to do pr oc ed im en to  e, sem ele, o
processo é nulo (art. 119/b)), por falta de promoção do MR, que é quem
tem legitimidade para promover o processo penal, nos termos do art.
48.

5.6 .3. Âmb ito e finalidade do inquérito.


Nos termos do art. 262/1, o inquérito tem por finalidade investigar a existência
de um crime, descobrir quem foram os seus agentes e recolher as provas, em
ordem à decisão sobre a acusação.

5.6.4 . A direcção do inquérito.


O MP tem o «dominus»  sobre o inquérito (art. 48 e 263/1) ainda que seja
coadjuvado pelos OPC (art. 263/2)

5 .6 .4 .I. intervenção do Juiz de Instrução Criminal.


A outra faceta do inquérito é a salvaguarda dos direitos dos cidadãos  que
estão a ser investigados.
■ Sempre que certos actos possam contender com direitos
fundamentais do arguido tem de haver intervenção de um Juiz
de Instrução Criminal (JIC), assim actuando como  ju iz de
 garan tias.
o É exemp lo disso a aplicação de medidas de coacção, que
são requeridas pelo MP na fase do inquérito, mas que só
podem ser aplicadas pelo juiz (art. 194/1).
o Muitos outros actos (cfr. 268 e 269) têm de ser
ordenados ou autorizados pelo juiz de instrução.

5.6 .5. Os prazos do inquérito.


Os prazos do inquérito vêm previstos no art. 276 e ss.
* São em regra de 6 me ses, mas em situações excepcionais podem
ir de 8 a 12 mes es (ar t. 276)
■ Incidente de aceleração processual para o caso de terem sido
excedidos os prazos (art. 108).

Mera irregularidade da ultrapassagem dos prazos


Não advém, contudo, qualquer efeito para a validade do processo pelo facto de
o MP não dar por encerrado o inquérito nos prazos legalmente fixados.

Porém,  pa ra ev ita r a ultrap as sa ge m do s pra zos de duração máxim a do


inquérito, foram criados alguns mecanismos:
a) Obrigação de o magistrado tit ul ar do processo comunicar ao superio r
hierárquico imediato a violação de qualquer prazo, indicando as razões do
atraso e o período necessário para concluir o inquérito (art. 276/4)
b) Possibilidade de o superi or hierárquico avocar o processo (art. 276/5 )
c) Fim do segredo de justiça, salvo se o JIC determ inar, a requerime nto do
MP, que o acesso aos autos seja adiada por um período máximo de três
meses (86 e 89/6).

5.6.6. A constituição d e arguido na fase de inquérito


É obrigatória a constituição de arguido,   antes do final do inquérito (ou seja,
antes da constituição de arguido por efeito de acusação ou requerimento de
instrução, nos termos do art. 57), sempre que:
a) Correndo   inquérito contra pessoa determinada, esta prestar
declarações  perante qualquer autoridade judiciária ou órgão de polícia
criminai (art. 58/1/a))
b) Seja aplicada uma medida de coacção (art. 58/1/b ) e art. 192)
c)Utn suspeito seja detido (art, 58/l/c)), ou dado como agente de um
crime em auto de notícia (art. 58/1/d))
d) Um inquirido se torne suspeito (art. 59)

5.6.7. G segredo de justiç a na fas e de inquérito


Com a Reforma de 2007, o processo penal  pa ss ou   a ser, em princípio, público
(art. 86/1 ). ■

5.6.8 . A conclusão do inqué rito.


O inquérito pode terminar das seguintes m aneiras:
a) Despacho de acusação - art. 283;
faj Despacho de arquivam ento (simples) - a rt. 277.
c) Arquivamen to err. caso de dispensa de pena - art. 280.
d) Suspensão provisória do processo - a rt . 281.
e) Envio para a forma de processo sumaríssimo —art. 392.

5.6.3.1. O despach o de acusação


Quando o MP tiver recolhido «indícios suficientes»s  de que foi cometido
crime e tiver identificado os seus agentes, tem de deduzir acusação (art.
283/1)

Indícios suficientes
«Consideram-se suficientes os   indícios sempre que deles resultar uma
possibilidade razoáve l de ao arguido vir   a ser aplicada, por força deles, em
 julga men to, uma pe na ou uma medida de segurança » - art. 283/2.
* O critério para o MP se decidir pela acusação deve  apontar para um
 ju íz o ca te gór ico : o MP tem de estar convencido de que, se houver
 julga me nto, o arguido em qu estão será con denado .
o O facto de a lei falar numa «possibilidade razoável» não
significa que o MP não tenha de e star conven cido disso.
■ O critério da «possibilidade razoável» não é   probabilístico: o MP
deve estar   convencido de que há razões para a condenação e
pronuncia um iuízo categó rico  com base nas provas recolhidas.

5 NS o  confundir com os «fortes indícios» exigidos no art.  202/I/a), a propósito da prisão preventiva
{digamos, 75% de probabilidade}

10
o Segundo Castanheirà Nev es, esse juízo releva (ou deve
revelar) um «grau de convicção equivalente ao do juiz do
momento em que pronuncia a sentença» - só que o material
probatório recolhido pelo MP na fase de inquérito não é, por
definição, tão completo quanto as provas disponíveis no
momento do julgamento; é, no entanto, um grau de
convicção sem elhante,
o João Caíres, considerando qu e  a tese anterior é muito boa
na teoria, mas impraticável na prática (nunca se acusava
ninguém quase!), considera que os «indícios suficientes»
devem reflectir uma probabilidade raiana da certeza.

Acusação e Natureza dos Crimes


Uma vez obtido tol grau de convicção, o MP deve acusar, excepto nos
crimes particulares que têm um reqime especial.
CRIMES Uma vez terminado o inquérito, o IVIP pode acusar.
PÚBLICOS
CRIMES SEMI- Neste caso, uma vez terminad o o inquérito, o MP pode
PÚBLICOS acusar, ainda que estivesse inicialmente dependente
da condição de procedibilidade que era a apresentação
da queixa, mas nesta fase isso já não interessa, a
menos que o queixoso desista da queixa (art. 116/2
CP).
CRIMES Neste caso também é necessária a queixa e,
PARTICULARES  juntam en te com esta, a declaração da v ítima de que se
pretende constitui assistente (art. 246/4), que tem de
se constituir efectivamente como tal antes do fim do
inquérito para que não haja arquivamento, mais
exactamente no prazo de 10 dias a contar daquela
declaração (art. 68 /2).
* De notar ainda que, apesar de ser um crime
particular, é sempre o MP que faz o inquérito,
desde logo porque é eie que tem o monopólio
do exercício da acção penaí(art. 219/1CRP).
■ Se houver acusação particular,  nos termos do
art. 285/4 o MP pode acusar pelos mesmos
factos, por parte deles ou por outros que não
constituam uma ASF.
o 0 MP  pode , o  que não quer dizer que
deva: o MP não tem nenhuma obrigação
de acom panhar a acusação do particular;
até pode ter uma posição contrária,
o 0 processo continua e nas fases
subsequentes o MP, que só está
comprometido com a descoberta da
verdade, pode inclusivamente estar
contra a posição da acusação particular

11
A posição do MP em relaç ão a o arguido
De resto, o MP pode em qualquer processo sentir que tem de tomar a
posição de defesa do arguido.
" Até na fase dos recursos, o MP pode reco rrer no exclusiv o
interesse do arguido.
■ Isto compreende-se porque vai mudando o conhecim ento da
matéria de facto ao longo do processo, não sendo o MP uma
parte interessada na condenação, pois só está comprometido
com a descoberta da verdade e deve pautar a sua actuação por
critérios de estrita legalidade/objectividade.
o Há mu dança s que advêm de o próprio agente do MP em
cada uma das fases do processo não ser o mesmo,
podendo ter visões diferentes do objecto do processo.

5.6.3,2. O despacho de arquivamento (simples).


Na falta de «indícios suficientess,   o MP decide-se pelo arqu ivam ento do |
inquérito (art. 277).
" Deste arquivamento cabe a possibilidade de intervenção
hierárquica,  por iniciativa do superior hierárquico ou a
requerimento do assistente ou do denunciante (art. 278).
o O MP é uma mag istratura hierarq uizada , logo, pode haver
uma intervenç ão hierárquica
■ Prazo de 40 dias: 20 dias para requerimento de abe rtura de
instrução mais 20 dias a con tar dessa data ( art. 278 e 287).
o Depois de passado o prazo de 20 dias durante o qual poderia
haver intervenção hierárquica, e o prazo de 20 dias a contra
da notificação do arquivamento em que poderia haver
requerimento para abertura da instrução (art. 287/1), a
possibilidade de reabertura do inquérito   só existe nos
termos do art. 279.?: ou seja, quando houver novos
elementos de prova, sob pena de violação do princípio ne bis
in idem.

Os efeitos do despacho de arquivam ento


Actualmente, o conceito de arquivamento simples (art, 277) inclui também
os casos em que, no direito anterior, o processo ficava a aguardar a
produção de melhor prova.
* Aliás, atentando agora no teor do art. 279/1 , pode mesmo dizer-se
que o arquivamento simples passa agora, todo dele, a ser um
arquivamento à espera de melhor prova, pois que, com base numa
interpretação declarativa do preceito agora mesmo citado, o
inquérito só pode ser reaberto se surgirem novos elementos de
prova que invalidem os fundamentos invocados pelo MP no
despacho de arquivam ento
o Que r isto dizer que, mesmo naqueles ca sos em que o MP
tenha porventura concluído que não houve crime  ou que
não foi o arguido a praticá-lo (art. 277), o inquérito poderia,

12
à  prim eir a vis ta, se r   reaberto com novos elementos de
prova.

A paz jurídica do arguido


Que é feito então, na lei actual, do interesse em assegurar a paz jurídica do
arguido?
■ Em função do cenário legal vigente, parece, infelizmente, que se tornou
mais difícil defender a antiga doutrina que via no arquivamento
negador da responsabilidade do arguido {mutatis mutandis, actual art.
277/1) um arquivamento definitivo (obviamente, sem não  tiver sido
requerida a abertura de instrução e o   despacho de arquivamento não
tiver sido revogado pelo superior hierárquico).
» Há-de convir-se, po rém, que não se pode aceit ar agora que o arguido
seja, sem mais, lançado num limbo de indefinições, suportando as
contínuas ameaças contra a sua liberdade e a sua segurança à conta da
inatacável possibilidade de reabertura do inquérito, oficiosamente ou a
requerimento.
" Seguram ente, não lhe pode ser vedada a possibilidade de requerer
diligências idóneas a pôr cobro à indefinição da sua situação: como?
■=> Não se vê que tais diligências possam se r coisa diversa de um
requerimento poro abertura da instrução,  com vista à obtenção de
um despacho de não pronúncia, o qual tem o carácter de acto
 jur isd icion al e, por isso mesmo, deve te r a força de caso julgado
(art. 308/1 /p orte fin ai),   pese embora no actual CPP não surja
qualquer alusão ao caso julgado
^ Porém, e para máxima surpresa de P.S.Mendes, o legislador limita
as hipóteses de  requerimento do arguido para abertura de
instrução aos casos em que tenha sido contra ele deduzida
acusação pelo MP (ou pelo assistente, em caso de procedimento
dependente de acusação pa rticular), nos termos do art. 2 87.-/l/a).
<=> Taís limites legais ao requ erime nto do arguido p ara abe rtura da
instrução, diz P.S.Mendes, padecem de inconstitucionalidode
material,  por violação das garantias de processo criminal (art. 32
CRP), seja porque não pode ser vedado ao arguido o direito ao
recurso, quando nisso haja um legítimo interesse (como é sabido, o
requerimento para abertura de instrução é, materialmente, um
recurso), seja porque ele tem o direito a ser julgado (leia-se: tem o
direito à definição da sua situação) no mais curto prazo compatível
com as garantias de defesa.

5.6.9 . A criminalidad e bagatelar e a necessidade de critérios de oportunidade


No nosso sistema processual penal, temos uma dominância do princípio da
legalidade temperad a po r algumas expressões de oportunidade.
* As soluções de processo penal que respeitam o princípiuo da legalidade
passam geralmente pela criação de formas processo abreviadas ou
aceleradas.

13
■ As soluções de processo penal orientadas pelo princípio da
oportunidade passam pela busca do consenso, informalidade, eficácia,
celeridade, falta de publicidade, diversão e ressocialização.
o No actual CPP de 198 7, foram con sagradas várias expre ssõe s de
oportunidade:
a) Processo sumaríssimo (art. 392 ss.)
b) Arquivamento em caso de dispensa de pena [art. 280)
c) Suspensão pr ov isória do pro ce ss o (a rt. 281)

■ Estas expressões de oportunidade rendem homenagem à nova atitude


inspirada da ideia de «diversdo do processou,  provinda do legado
científico do labelling opproach,  de modo a poupar o arguido à
«cerimónia degradante» da audiência de julgamento, am plificadora das
sequelas da estigmatização.

5. 6.9 .I. O arquivamento em caso de dispensa de pena.


O art. 280 CP consagra um mecanismo de diversão penal aplicável a crimes
de menor gravidade, nas situações em que a própria lei penal substantiva
reconhece que pode não haver, não  obstante a declaração de culpa do
arguido, atribuição concreta de sanção.
“ A dispensa de pena consiste na atribuição de culpa ao age nte,
sem fixação, contudo, de uma pena concreta, nos termos do
art. 74/1 CP.
“ A decisão do arquivamento  no âmbito do art. 280 é da
competência conjunta do MP e do juiz de instrução.

Caracterização
O arquivamento do processo em caso de dispensa de pena é um dos
conteúdos possíveis da decisão do MP, findo o inquérito, quando estiverem
reunidos indícios suficien tes  de se ter verificado crime de quem foi o seu
agente, m ediante a verificação dos pressupostos fixados no art. 280 /1.
* O MP depara-se com uma situação perante a qual deduziria
acusação, nos termos do art. 283/1, mas, uma vez verificados os
requisitos da dispensa de pena, a lei permite-lhe que, ao invés de
introduzir os factos em julgamento, arquive o processo.
■ Idêntica faculdade assiste ao JIC se tiver tido início a instrução:
perante a reunião de indícios suficientes da verificação dos
pressupostos da aplicação ao arguido de uma pena ou medida de
segurança, que conduziria, em princípio, a que o juiz de isntrução
despachasse a pronúncia do arguido (art. 307/1), a lei permite-lhe,
até ao final daquela fase do processo, ao invés de pronunciar o
arguido, arquivar o processo, se estiverem verificados os
pressupostos da dispensa de pena e o arguido concordar nisso.
& Arquivamento simples
• 0 arquivam ento em caso de dispensa de pena press upõ e que foram
reunidos indícios suficientes da prática do crime de que quem foi o
seu agente.
" Já o arquivamento simples tem lugar quando o MP mão reuniu
indícios suficientes para acusar.

Natureza da decisão (arquivamento em caso de dispensa de pena VS.


Sentença que condena, mas dispensa de pena)
a) No arquivamento em caso de dispensa de pena,  não há condenação ou
absolvição do arguido com trâns ito em juígado - essa compete, em
exclusivo, ao tribunal de julgamento, finda a fase nobre do processo,
por imposição da lei processual penal.

b) Sentença do tribunal de julgamento que dispense o arauido de pena é,


ainda, uma sentença condenatória, na medida em que o declara
culpado (cfr. art. 375/3)
■Daí a afirmação de que a aplicação dã figura do arquivamento
em caso de dispensa de pena  pressupõe que foram reunidos
indícios suficientes de se ter verificado crime e de quem foi o
seu agente
•=!> Caso contrário, o MP tem de proceder ao arqu ivam en to simp les do
processo (art. 277/2 e 3).

Pressupostos de aplicação
O Para que o MP, findo o inquérito, possa decidir pelo arquiva me nto o
processo, impõe o art. 280/1, que se encontrem preenchidos os
pressupostos da dispensa de pena.
o Nesses casos, o  MP pode arquivar o  pr oce ss o, co m o  acordo do
JIC (juiz de instrução empresta o seu «carácter jurisdicional» à
decisão do MP).

O Na Instrução, pode o Juiz , obtido o acordo do MP e do arguido, dec idir o


arquivamento do processo, com base na verificação  dos mesmos
pressupostos.

Insusceptibilidade de Impugnação
A decisão do MP ou do JIC no sentido do arquivamento, quando estejam
preenchidos os pressupostos enunciados no art.  28 0 não é  susceptível de
impugnação.
■O assistente não pode, portanto, quando a decisão do
arquivamento seja legal, impugnar essa decisão.

Porém, nos casos em que a decisão tenha sido tomada em violação dos
requisitos fixad os no art. 280, a decisão é Impugnável:
a) Nos casos em que ela é toma da, durante o inqu érito, pelo M P sem o
acordo do JIC, e ;

15
Nestes casos, a forma adequada para impugnar a decisão do
MP será, exactamente, o requerimento para abertura da Wt 
instrução, provocando os sujeitos processuais a apreciação
da decisão do MP pelo juiz de instrução, nos termos em que m
a lei o impõe.

b) Nos casos em que o JIC procede ao arquiv am ento d urante a instruçã o,


sem a concordância do MP ou do arguido.
Nestes casos, nada obsta à recorribílidade do despacho,
valendo a regra geral consagrada no art. 399. BC

O caso dos crimes pa rticulares


Uma vez que nos crimes particulares o procedimento não está na B Z
disponibilidade do MP, findo o inquérito, o MP nada pode decidir; não
pode, portanto, mesmo em caso de dispensa de pena, arquivar o inquérito, y \
tal como não pode arquivá-lo por insuficiência de indícios ou acusar quando ( j ;
aqueles sejam suficientes (só poderá acusar se o assistente o fizer, e em
termos puramente subordinados àquela ac u sa çã o -a rt. 285/3). BC
Apenas tem de notificar o assistente constituído para que deduza ^
acusação, nos termos do art. 285/1.
^ Se o assistente não acusar, o MP arquivará o processo com E
fundamento no art. 277/1,  part e fina l,  porque o procedimento é
legalmente inadmissível
•Assim , ou o assistente entende que ao arguido deve ser aplicada £-
uma pena, e acusa, ou entende o contrário, e não o faz, pelo
que o processo é arquivado semp re com fundamento no art. íf c
277/1 (ainda que o assistente concordasse que ao caso caberia
uma dispensa de pena. m
O Conclui-se, deste modo, que nunca cabe recurso ao exp ed iente BZ
consagrado no art. 280.® quando esteja em causa um crime
particular. (

5.6.9.2 . A suspensão provisoria do processo. ■=


A suspensão provisória do processo é um arquivamento contra iniuncões e SC
regras de conduta (art. 281).

Requisitos da suspensão provisória do processo


a) Em primeiro lugar, nos termos do art. 281.2/1, é necessário que o crime
seja punível com  pe no de prisã o m áx im a não su oerior a cin co anos , em
termo s de medida legal da pena, ou com sançã o diferente da prisão (no jj » .
fundo, que o crime tenha uma gravidade correspondente à ideia de
pequena criminalidade). BZ
b) Em segundo lugar, é necessário que o arguido não tenha sido alvo de
aplicação anterior de condenação ou suspe nsão provisória do processo B=
por crime da mesma natureza. ff~"
“ Neste caso, o MP, decidindo-se oficiosamente (poderia também fazê lo
a requerimento do arguido ou do assistente) pela suspensão
provisória do processo, deve obter do juiz de instrução a sua
concordância quanto à aplicação desta «medida de diversão», i.e., a
decisão do MP carece do «empréstimo» de  ju risd icio nalid ad e   de que
são próprias as decisões judiciais (no fundo, a concordância do juiz de
instrução com o pedido do MP garante a jurisdicionalização da
solução de consenso). Assim, na medida em que se exige a
intervenção e concordância do juiz de instrução, conclui-se que a
«reconciliação» entre o arguido e o assistente é promovida de uma
forma jurisdicionalizada.
c) Em terceiro lugar, é necessário que não haja lugar a medida de
segurança de internamento.
d) Em quarto lugar, e por último, requer-se igualmente que a culoa tenha
carácter diminuto   e se/q de prever que não ficam prejudicados os fins
de prevenção aeral.

=> Encontrando-se reunidos todos os requisitos para que esta medida possa
ter lugar, ao arguido serão oponíveis uma série de injunções ou regras de
conduta.
o Porém, nenhuma delas poderá ofender a dignidade do arguido
(art. 281.S/3)6.

. Solução de consenso
Verificados os pressupostos acima elencados, o MP, oficiosamente ou a
requerimento do arguido ou do assistente, pode decidir-se, com a
concordância do juiz de instrução, pela suspensão provisória do processo.
“ O que significa, na medida em que se exige a intervenção e a
concordância do juiz de instrução, que a «reconciliação» entre o
arguido e o assisten te é promovida de uma forma jurisdicionalizada.
• Note-se que a concordância do juiz de instrução com o MP não se situa
no mesmo plano do requisito da al. a) do art. 281/1, que trata da
concordância do arguido e do assistente.
o É verdade que tem de haver a concordância destes três
sujeitos processuais, mas a concordância do juiz de instrução
com o pedido do MP garante a ju risd iciona liz aç ão da so luçõ o
de consenso,  ao passo que a concordância do arguido e do
assistente é a manifestação do próprio consenso entre o
arguido e a vítima,
o Repare-se que na al. a) do art. 281/1 se diz «ass iste nte »:
portanto, é preciso que o ofendido se tenha constituído como
tal7.

s Cabe pergunt ar: seré a castração química da íibido uma injunção atentatória da dignidade do arguido?
Parece-nos óbvio que sim (o que nos permitimos questionar, porém, é se nlo deverá mesmo ser
atentatória da dignidade do arguido - pense-se, por exemp lo, no caso dos pedófilos). De resto, o nosso
sistema revela a sua aversão a sistemas jurídicos que cominem sanções criminais (aqui não se trate
verdadeiramente de uma pena) de que resulte lesão irreversível da integridade física (v. arts. 33.2/6,
24,b e 25.2 CRP).

17
Sua constitucion alidade g™
Um dos argumentos no sentido da inconstitucionalidade da suspensão
provisória do processo é de que as injunções ou regras de conduta p revistas a=
no art. 281/2 são autênticas penas em sentido ma terial, e nesse sentido, o y
MP estaria a aplicar penas sem que tivesse havido julgamen to.
■ P.S.Mendes não crê, porém, que o argumento seja válido se as E
injunções oponíveis ao arguido respeitarem a sua Uberdade
■ Aqueles que atacam esta medida de diversão com base num
argumento de respeito pela autonomia ética do arguido, nada mais d
deixam como alternativa senão o recurso às tradicionais medidas de
resolução do conflito, impedindo o processo penal de integrar I Z 
quaisquer soluções de consenso para a pequena criminalidade.

5.6.9.3 . O envio para a forma de processo sum aríssimo.


Tem lugar nos termos do art. 392.? e ss..

5.7. A fase de instrução.


Do despacho de acusação ou de arquivamento do inquérito não cabe recurso:
materialmente o recurso é dado   pela fase subsequente, que é a instrução,
previs ta no art. 286. m
» A fase da instruçã o é uma fase facultativa.

Finalidades da instrução
B=
a) A instrução serve para apreciar  o «bondade» da decisão anterior do MP de
acusar ou de arquivar o inquérito ou, no caso dos crimes particulares, a tt:
bondade da decisão anterior do assistente, em caso de acusação particular.
E
b) A instrução pode ser vir, a título complem entar, para reformular o próprio pp
objecto do processo («OP »l. , ,
■ Este aspecto é muito importante: o princípio do acusatório estipula £
não só que deve haver separação entre a entidade que investiga e
acusa e aqueloutra que julga, mas também que deve haver fixação E
da matéria   que é submetida a julgamento por uma entidade E
diferente daquela que julga.
o Se a entidade que julga pudesse adiciona r novos factos ao E
objecto do processo, ela mesma estaria assim a assum ir g—
funções de investigação,
o No processo penal, tem de haver fixação do objecto do IC
processo, de tal maneira que, quando se chega à fase do
e
 julgam en to, o objecto do proce sso é a qu ele e não outro,
o Este princípio da vinculação temática cum pre uma função ff™
de garantia dos direitos de defesa do arguid o, pois assim ele
sabe de que factos é que tem de se defender wz

7 No entanto, a prática tem demonstrado que o MP, quando propõe esta medida, geraimente tem o IP
cuidado de se munir da concordância do ofendido, mesmo nos casos em q ue ele n lo se constituiu como
assistente. is:
*=
“ Tend encia lme nte, o objecto do processo («OP» ) fixa-se no fim do
inquérito com a acusação do MP
o A matéria que é objecto de investigação pelo MP quando
abre o inquérito ainda é muito fluida: aquilo que vai
constituir o objecto do processo («OP») é o resultado da
delimitação da matéria em bruto que existia no início da
investigação e que se fixa com a acusação,
o Mas o objecto do processo pode ainda vir a ser alargado
através do requerimento para abertura de instrução do
assistente, como adiante veremos.

5.7.1 . O requerimento para abertura da instrução do arguido.


O arguido pode requerer a abertura da instrução,  nos termos do art. 287/1/a),
«relativamente a factos pelos quais o MP ou o assistente, em caso de
procedimento dependente de acusação particular, tiverem deduzido
acusação».
■ Ou seja, o arguido pode suscitar o tal controlo jurisdicional da bondade
da acusação do MP (ou do assistente, em caso de acusação pa rticular).
o E não se deve, de maneira nenhum a, imp or grand es limites a esta
faculdade de abertura de instrução  (I), sob pena de se violar o
preceito constitucional que diz que a instrução visa a garantia
dos direitos de defesa.

Âmbito
No entanto, a a), a) do art. 287/1 parece circunscrever o requerimento do
arguido à discussão dos factos  (o mesmo se inferindo do N.s 2 - «razões de
facto e de direito»).
Este «e» parece significar que o arguido não pode requerer instrução somente
para discutir a matéria de direito.
o P.S.Me ndes, contudo, contesta esta posição, e considera haver argumentos
importantes a justificar que o arguidoo possa requerer a abertura da
instrução só para discutir questões de direito:
a) Pensando na desejáve l igualdade de arma s entre o arguido e o
assistente, verificamos, porém, que o assistente tem oportunidade
de discutir, se quiser, só questões de direito, na medida em que,
aderindo à acusação do MP, pode relarivamente aos factos
constantes da mesma proceder a qualificações jurídicas diversas, o
que já não teria nada de paralelo na situação do arguido, se lhe
negássemos o direito a requerer a abertura de instrução só para
discutir questões de direito.
b) Por outro lado, pensando no despacho de acusação do MP,
poderíamos fazer um raciocínio nestes termos: a regra é que cabe
recurso de todos os despachos cuja irrecorribilidade não estiver
prevista na lei (art. 399). É   verdade que não há recurso do despacho
de acusação, mas isso só acontece porque o recurso é,
materialmente, a própria instrução.
E
Mas então estar-se-ia a impedir o arguido de poder materialmente
«recorrer» da acusação se não se permitisse o seu requerimento E
para abertura de instrução só para discutir razões de direito, apesar
de uma distinta qualificação jurídica dos factos poder acarretar 1 =
consequências importantes para o arguido em fase de julgamento.

=> De resto, o próprio art. 287 não veda de todo essa possibilidade ^
o Na verdad e, a al. a) do n.81 do art. 287 não diz senão «rela tivam en te
a factos»: ora, em relação com os factos está a questão probatória,
mas também a qualificação jurídica. EZ

Conclusão: o conteúdo do requerimento para abertura de instrução do


E
=
a rg uid o ct :
O arguido pode no requerimento para abertura de instrução:
a) indicar quais as diligências de tipo proba tório que en tende que o juiz de c
instrução deve leva r a cabo (ainda que nada o obrigue a solicitar tais^ —
diligências) '
b) Ataca r os factos, ou E
c) Atacar as qualifica ções jurídicas da acusação.

5.7.2. O requerimento para abertura da instrução do assistente. ^


O assistente pode requerer a abertura da instrução se o procedimento criminal
não depender de acusação pa rticular, nos term os do art. 287/1/b).
“ Nos casos em que o procedimento criminal não dependa de acusação £-
particular pode o assistente requerer abertura de instrução
«relativamente a factos pelos quais o MP não tive r deduzido acusação». K
E
Legitimidade do assistente
a) Em primeiro lugar, se t i v e r h a v i d o a r q u i v a m e n t o d o i n q u éri t o   pode o jg"
assistente requerer a abertura de Instrução
b) Em segundo iugar, se t iv er ha vido despa cho de acusação,   requerer
abertura de instrução, em certos casos
áT .
■ 0 assistente pode entend er que há factos pelos quais o MP não acusou
e deveria ter acusado: podem ser factos totalmente independentes ou
não daqueles que constam da acusação
o Dai que a instruçã o possa se rvir para r e f o r m u l a r o o b j e ct o d o  
p r o c e s s o :    se o assistente requerer a abertura da instrução jj;
relativamente a factos que não constam da acusação do MP,
embora tenha havido acusação, o juiz de instrução terá de K-
debruçar-se sobre os factos que constam da acusação do MP e
sobre os fartos que constam do requerimento para abertura de
instrução do assistente, podendo assim, no final da mesm a, BI
emitir um despacho de pronúncia que incide sobre todos estes
factos, o que é um o b j e c t o m a i s v a s t o    do que aquele que m
constava inicialmente da acusação do MP. (J;

I P
Âmbito
Pode o assistente requerer a abertura da instrução só com base numa
discordância sobre a qualificação jurídica  dos de factos feita pelo MP na
acusação (questões de direito)?
■=> Não, isto porque, se os factos forem os mesm os, o assiste nte te m se mpre a
faculdade de acu sartam bé m , nos termos do art. 284.
o Se os factos são aqueles e o assiste nte nã o concorda com a
qualificação jurídica feita pelo MP, di-lo-á na sua própria acusação
(acusação subordinada),
o Nessa medida, entende-se que o requerim ento para abertura de
instrução por parte do assistente só pode ser baseado em factos.
■ Depois, pode haver factos que constituem uma ASF e factos
que constituem uma ANSF; veremos esta matéria mais à
frente.

5.7.3. Da instrução em geral


Na fase de instrução só podem intervir os sujeitos processuais, a saber:
a) O tribunal
b) O MP
c) O arguido
d) O defe nsor do arguido
e) O assiste nte
■ A intervenção das partes civis, que são os lesados que têm direito a
uma indemnização, está excluída pela própria lei, nos termos do
art. 289/1.

O debate instrutório (princípio do contraditório)


A instrução, ao contrário do inquérito, obedece ao princ ípio do co nt ra ditó rio .
* Ou seja, implica sem pre a realização de um debate oral e
contraditório  nos termos do art. 289/1: «a instrução é formada
pelo conjunto dos actos de instrução que o juiz entenda levar a
cabo e, obrigatoriamente, por um debate instrutório, oral e
contraditório».

Prazos
Os prazos de duração máxima da instrução constam do art. 306/1: dois meses,
se houv er arguidos presos, ou quatro meses, se os não houver.
O prazo de dois meses pode ser elevado para três nos casos do art. 306/2.

5.7.4 . O encerram ento da instruçã o: o despacho de pronúncia e o despacho


de não pronúncia.
No fim da instrução, a decisão instrutória pode ser uma de duas (art. 307/1):
a) Despacho de pronúncia
b) Despa cho de não pronúncia

21
m

Recorribilidade do despacho de pronúncia


Havendo despacho de pronúncia, nem sempre cabe recurso do mesmo. Há que
distinguir duas situações: quer o despacho seja (1) válido, quer o despacho seja
(2) nulo.

a) Despacho de pronúncia nulo: nos termos do art. 309/1, «a decisão é


nula na parte em que pronunciar o arguido por fartos que constituam
alteração substancial dos descritos na acusação do MP ou do assistente
w .
ou no requerimento para abertura da instrução».
■ Quando o juiz de instrução lavra um despacho de pronúncia no B C
qual inclui factos que constituem uma alteração substancial do
processo, esse despacho é nulo.
a Esta nulidade é sanável, nos termos do art. 309/2, porque
tem de ser «arguida no prazo de oito dias contados da data
da decisão».
Ô despacho de pronúncia nulo não é recorrível, é antes ^ ^
redamável.
" A reclamação é para a própria entidade que proferiu a decisão . IE
• A entidade que proferiu o despacho pode defe rir ou inde ferir a
reclamação.
& Se tivermos um despacho de indeferimento da reclamação da |jp
nulidade, este sim, é um despacho recorrível, com base no art.
310/38: «é recorrível o despacho que indeferir a arguição da
nulidade cominada no artigo anterior».
o O despacho aqui mencionado não é já o despacho de
pronúncia nulo, mas sim o despacho de indeferimento da
i ■ reclamação da nulidade do despacho de pronúncia nulo. __ _

b) Despacho de pronúncia válido: é válido o despacho que pronun ciar o Jg ;


arguido por factos que constem do objecto do processo, ou seja, em
que não há pronúncia por factos que constituem alteração substancial.
" Mais concretam ente: é válido o despacho de pronúncia q ue ( '
incide:
1) Sobre factos constante s da acusação do MP ; BC
2) Sobre factos constantes da acusação particular (nos crimes
particulares) mz

3) 5obre factos constantes do requerimento para abertura da y


instrução do assistente e que não constem da acusação do
mp m
4) Sobre factos que constituem alteração do objecto do
m
processo, mas que não constituem uma alteração substancial
" São, portanto, quatro hipóteses em que o despacho de
pronúncia do juiz de instrução é válido . .

------- ---------------------- ^

‘ O n.2 3 do art. 310 vem arrumado num local errado. Sistematicamente, este n.s 3 faria todo o sentido
como o n.s 3 do art. 309.8 Mais: talvez nem sequer fosse necessário de todo. Na verdade, não é mais do
que uma man ifestação da regra geral do art. 399. .

22

■e
■=> Nos term os do art. 310/1 (excepçã o em relaçã o ao art . 3 99) , a lei
determina que o despacho não é recorrível, se a pronúncia incidir
sobre factos constantes dá acusação do MP (a chamada «dupla
conforme», por referência às duas decisões, coincidentes de duas
autoridades judiciá rias diferentes).

'í’ O despacho de pronúncia válido é, porém, recorrível quando incidir


sobre factos que não constam da acusação do MP.
* O art. 310/1 é uma regra excepcional, que não admite
interpretação enunciativa a contrario:  fora do caso do art.
310/1, o despacho de pronúncia válido é recorrível (é essa a
regra geral, nos termos do art. 399).
e.g.: quando incidir sobre factos que constam da
acusação particular e o MP não tenha acompanhado a
acusação particular; ou sobre fac to s que constam do
requerimento para abertura de instrução do  assistente
 por fa cto s pe los quais o M P nã o tinha ac us ad o, ou so br e
factos que constituem uma alteração não substancial e
que, portanto, não constavam da acusação do MP.

c) Despacho de não pron úncia : é recorrível nos termos do art. 399.

5.8. A fase de julgamento.


A fase de julgamen to divide-se em três momentos essenc iais:
a) Os actos preliminares
b) A audiência de julgam ento; e
c) A sentença

Os actos preliminares
a) O primeiro dos actos prelimin ares é o saneamento do processo,  que vem
previsto no art. 311.5
■ A verificação pelo juiz presidente das nulidades e outras questões
 prévias ou incid en tais do pr ocesso   tem sempre lugar, quer tenha
havido ou não instrução, não obstante tais questões já deverem ter
sido conhecidas pelo juiz de instrução no despacho de pronúncia
(art. 308/3). Mas pode suceder que tenham passado despercebidas
ou então que tenham surgido ou sido suscitadas apenas depois da
pronúncia.

b) Rejeição judicia l de acu sação : caso não tenha havido instrução, o juiz pode
rejeita ra acusação, mas só se a considerar manifestamente infundada, nos
termos da al. a) do n.s 2 do art. 311.
* As alíneas do n.s 3 do art. 311 admitem vários casos:
i) Falta de efectiva direccão do inquérito pelo M P,  designadamente
por causa da realização de diligências investigatórias pelas
entidades policiais sem a determinação e a orientação directa
por banda do MP
*=

IS
ii) Quase todos os problemas relativos à definição do crime e ò
aplicação da pena,  como por ex.: a atipiddade da conduta, a
 ju st ificaç ão do fa cto ou a ex clus ão da culpa do ag en te , a fa lt a de
condições de punibiiidade ou até a fa lta de meras condições de ■=
 pr oc ed ibili da de ou , in clus ivam en te , obs tá cu lo s ò pu nição do tipo y*
da amnistia ou do de curso de prazos de prescrição .
•=>O despacho que re jeita a acusação é re co rrív el nos term os gerais
(art. 399)

■ E fe it os d a d ec is ão SE
i) Rejeição que apenas considere que a acusação sofre de
m
nulidades que podem ser eliminadas mediante a repetição de
certos actos (art. 122/2): neste caso, o juiz reme te o processo Jp ;
para a fase de inquérito para que o MP possa proceder ao seu
saneamento, prosseguindo posteriormente.
ii) Rejeição que põe term o ao processo: é uma decisão final que
produz efeitos de caso julgado material,  e não apenas de caso. í.
 julg ado fo rm al (i .e ., efeitos me ramen te en do pr ocessu ais). E

Nota
0 despacho proferido ao abrigo do art. 311/2/b) tem por fim o  controlo
da legalidade da acusação subordinada,  dado não ter havido lugar a
instrução. E 
o Tanto abrange a acusação do assiste nte como, nos crimes £_
particulares, a do MP.
c
c) Resolvidas estas questõe s, o  juiz pr es id en te m ar ca dia, hora e lo ca l pa ra a
audiência  (art. 312/1)
“ Este despacho não é susceptíve l de recurso (art. 313 /4) g

d) A partir da notificação do despacho que designa dia para a audiência í  í


começa a contar o prazo de 20 dias, nos termos do art. 315/1, para o
arguido apresentar contestação, bem como para juntar o rol de
testemunhas G
■A contestação não é obrigatória, além de que nada impede que o arguido
apresente só a contestação ou só o rol de testemunhas. q
o A contestação não está sujeita a formalida des especiais (art. 315 /2). £
o Em princípio, o rol de testem unha s não pode ultrapa ssar as 20 (art.
283/3/d) e 7, ex vi art. 315/4 ). C
w
A audiência de julgamento
A audiência de julgame nto está regulada porm enorizad amen te no art. 321 e ss.. “

 A audi ên cia o bedece a um a sé ri e de princípi os , a s a be r : -


a) Princíp io da publicida de (art. 321/1 e 206 CRP ): é uma garantia do arguido *
contra a arbitrariedade na aplicação do Direito
“ Restrições ao Princípio da publicidade (art. 86/1) ^

24
b) Princípio do contraditório (art. 327 /2 e 32/5 CRP): com o contrad itório, a
acusação e a defesa têm pleno acesso a todos os elementos do processo,
conhecem as opiniões e argumentos que se confrontam, indicam os
elementos de facto e de direito que fundamental as suas posições e
produzem as respectivas provas.
• Principio fortemente ligado à produção de provas (matéria regulada nos arts.
340 e ss.).

c) Princípio da concentraçã o: significa que o conjunto de actos processuais


que constituem a fase da audiência deve praticar-se tanto quanto po ssível
concentrados no tempo
"Concretização: a data da audiência deve ser marcada para a data mais próxima
possível (art. 312), a deliberação seguir-se-á ao encerramento da discussão
(art. 365), a elaboração da sentença tem lugar imediatamente após a
deliberação (art. 373), mas a manifestação mais importante do princípio
manifesta-se na continuidade da audiência (a rt. 328).

d) Princíp io da imed iação: traduz-se essencia lmente no contracto pessoal


entre o juiz e os diversos meios de prova
“ A prova válida para formar a convicção do juiz há-de ser produzida ou
examinada em audiência (art. 355.s)

e) Princípio da oralidade: a oralidade permite que a instrução, discussão e


 julgam en to se façam seguidam ente, com o me nor intervalo possível,
realizando-se assim maior contacto entre o julgador e as provas.

f) Princípio da identidade do juiz : impõe que os juizes que participam na


audiência sejam os mesmos do princípio ao fim e sejam também eles
próprios a d ecidir dos factos considerados provados e não provados

A sentença
A sentença é um texto que obedece aos requisitos do art. 374. -
■Para a produção da sentença é preciso todo um procedimento que envolve,
designadamente, a avaliação da questão da culpabilidade (art. 368.
■O crime é, na sua definição formal, uma acção típica, ilícita, culposa e punível
o Todas estas questões vêm referidas no art. 368/2 :
a) Verificação dos «e lementos constitutivos do tipo de crim e»
(tipicidade);
b) A questão de sabe r «se o arguido praticou o crime ou nele
participou» (autoria e com participação);
c) A questão de sabe r «se o arguido actuou com culpa»
(imputabiiidade);
d) A verificação de «alguma causa que exclua a ilicitude ou a culpa»
(cousos de justificação do facto  ou de exclusão da culpa);
e) A questão de saber «se se verificaram quaisquer outros
pressupostos de que a lei faça depender a punibiiidade do

25
agente ou a aplicação a este de uma medida de segurança»
(condições de punibiiidade ) g-
f) Saber «se se verificaram os pressupostos de que depende o
arbitramento da indemnização civil». EZ

" A que stão da determinação da sanção vem prevista no art. 369.


o A dete rmin ação da sanção pode imp licar uma intervenç ão do IRS
através de um relatório social sobre 3 personalidade e o carácter
do arguido (art. 370).
SP
Form as de processo especiais.
6.1. O processo sumário.
Nos termos do art. 381, tem lugar o processo sumário quando se encontrarem
preenchidos os seguintes requisitos:
aj O agente ser detido em flagrante delito (nos ter m os do arts. 255.^ e 256 .“ ,
CPP) por uma entidad e policial; \ ■_
■ P.S.Mendes considera qué a expressão «flagrante delito» utilizada a ' •*“
propósito dos requisitos do processo sumário rem ete em bloco para o art. y
256, pelo que abrange as três formas de flagrante delito contidas no art.
256/1 e 2 (ou seja, flagrante delito strictu serisu, quase-flagrante delito e BP
presunção de flagrante delito)
b) O limite máximo da pena de prisão   aplicável ao crime de homicídio
privilegiado (art. 133.B CP) não ser superior a 5 anos;
c) A audiência pode iniciar-se no máximo de 48h após a detenção,  ou, em caso
de adiamento da audiência, até ao limite do 30.s dia posterior à detenção
(art . 387.5 CPP)910. .
Verificados os pressupostos para a submissão do arguido a julgamento em
processo sumário, deve ser promovido o julgamen to nessa forma processual. IC
■=
Breves Notas
" A fase de investigação é reduzida ao mínimo ind ispen sável (art. 386) l Ç
■ Não pode haver instrução
■ Tramitação acelerada e julgamento simplificado (art. 389) ‘É =
■ Nos termo s do art. 389 /2, o MP pode substituir a acusação pelo Auto de
Notícia (quanto o mesmo exista, evidenteme nte)
* Pode haver processo sumário nos crimes públicos e nos crimes semi- E l
públicos, mas nunca nos crimes particulares, uma vez que quanto a estes
não pode haver detenção (cfr. art. 255/4)

6.2 . O processo abreviado.

9 Quando o agente tenha sido detido em fiagrante delito e o julgamento não puder efectuar-se sob a
forma d e processo sumário, considera-se haver provas «simples e evidentes» para efeitos de tramitação
sob a forma de processo abreviado (v. arts. 390.2/b) e 391.?-A/3/a) CPP).
10 DÚVIDA: a alteração do art. 381.5/1 CPP {em que deixou de constar o prazo máximo para a realização
de audiênc ia) tem algumas consequências? À primeira vista parece que não, atento o disposto nos arts.
387.» e 390.2 CPP.
0 processo abreviado só tem lugar em caso de crime punível com pena de prisão
não superior a cinco anos ou com pena de multa (art. 391-A/l), havendo provas
simples e evidentes (cfr. art. 391-A/3)
” A dedução de acusação pode ser feita, no todo ou em parte, por rem issão
para o auto de notícia ou para a denúncia (a rt. 391 -B /l)

6.3. O processo sumaríssimo.


0 processo sumaríssimo (art. 392 e ss.) acaba por ser uma «médida de diversão»,
destinada a evitar que o arguido passe por essa «cerimónia degradante» que é o
 julgam en to.
* O processo sumaríssimo tem lugar mediante reque rimento do MP (art.
392/1), quando este considera que não deve ser aplicada pena de prisão.
o Rejeição do requerimen to (art. 395): o processo é reenviado para
outra forma que lhe caiba,
o Este despacho é irrecorrível (art. 395/4)
o Requerim ento do MP converte-se em acusação (art. 395/3)
* Oposição do arguido (ar t. 396)

Breves Notas
■ Não tem uma audiência formal e solene de julgamento, no sentido pleno do
termo.
* A decisão do Tribuna l é um despacho baseado no requ erim ento do MP e no
acordo do arguido (art. 396)

PARTE III: OS SUJEITOS PROCESSUAIS


1. A teoria dos sujeitos processua is: interven ientes no processo penal e sujeitos
processuais.
Se quisermos descobrir no CPP alguma parte geral, como a do CP, então é a de que
trata dos sujeitos processuais  - já dizia F. Dias.

Suje itos p rocessuais: são aqueles participantes a quem pertencem direitos autónomas
de conformação da concreta tramitação como um todo, em vista da sua decisão final m
(F. Dias). (£

No actua l processo pen al portugu ês, F.Dias defende que há cinco sujeitos processuais:
a) O Tribunal
b) O Ministério Público
c) O arguido BI
d) O defensor
e) O assistente  y “ .

 2. O Tribun al: organização, estatuto jurídico e competência.


c*
Os tribunais são órgãos do Estado através dos quais é exercida a função soberana de B-
administração da ju st iç a -a chamada função iurisdicionol (art. 110/1 e 202/1 CRP)
* A  ju risdição pe na l  está exclusivamente atribuída aos tribunais judiciais ou
comuns (art. 211 CRP), salvo a competência do Tribunal Constitucional em sede E
de fiscalização da constitucio nalidad e (arts. 221 a 224 CRP)
■ A medida de jurisdição atribuída a cada tribunal chama-se de competência.

2.1. Princípios constitucionais


a) Princíp io da indep endê ncia jud icia l: o Tribunal só está subme tido à Lei, a
qual os juizes devem aplicar dentro dos limites da própria consciência (art.
203 CRP)
■ A independência judicial é garantida através da independência pessoal e EZ
objectiva do próprio juiz, na medida em que os magistrados, embora .■■

sujeitos a responsabilidade disciplinar, nunca são sujeitos a supervisão (  *
administrativa (art. 216/2 CRP) f y
■ Além disso, os magistrados, em princípio, são indestituíveis e
inamovíveis contra a sua vontade (art. 216/1 CRP) 'IC
b) Princípio da publicid ade: consiste na atribuição a qualq uer pessoa do direito
;I =
de assistência às audiências dos tribunais (arts. 206 CRP e 321/1 CPP),
complementado pelo direito de narração, com restrições, dos actos
processuais ou reprodução dos seus termos através dos meios de
comunicação social (arts. 86/2/b) e 88/1) e pelo direito de consulta dos autos
e obtenção de cópias, extractos e certidões de quaisquer partes deles (arts. ;j —
86/2/c) e 90)
c) Princípio do juiz nat ural ou legal: segundo o qual nenhuma causa pode se r '.B—
subtraída ao Tribunal cuja competência esteja fixada em lei anterior, o que
*=
tem por finalidade evitar a designação arbitrária ou política de um Tribunal
ou juiz para resolver um caso determinado (art. 32/9 CRP) i iS I
■ A concretização do  ju iz natu ra l ou legal   passa pela determinação do
8 =
Tribunal competente para o julgamento
 2.2. Regras dé competência
2.2.1. A competência funcional, a competência material e a competência
territorial.

A) A COMPETÊNC IA FUNCIONAL: determinação do tribunal competente em


função da/ose proc es su al em que o processo se encontre (engloba também
competência em razão da hierarquia: art. 17 LOFTJ e distribuição de
competência entre tribunais do mesmo grau nas diferentes fases do
processo)
• Regra: serão comp etentes os tribunais judiciais de 1.* ins tância, saivo se
for competente o STJ ou os TR (o contrario sensu  arts. 11, 12 CPP e 33 a
37; 55 e 56 da LOFTJ)

Delimitação em função da fase processual


i) Inquérito e instrução: tribunal de competência especializada
criminal (arts. 17 e 1 8), nomeadamente os:
a. Tribunal de instrução criminal (TIC): arts. 78/a, 79, 77/1/b) e
131 LOFTJ; ou
b. Tribunal central de instrução criminal (TCÍC): arts. 79; 80/1
LOFTJ e art. 47/1 da Lei n.s 60/98

* Especialidade: em função de certas qualidades do arguido, será


competente nesta fase:
a. STJ: art. 11/7 CPP e art 36/j) LOFTJ
b. TR: art. 12/6 CPP e art. 56/1 LOFTJ

ii) Julgamento: em regra serão competentes os tribunais judiciais de


l .s instância, s alvo se for competen te o 5TJ ou os TR (o contrario
sensu arts. 1 1,1 2 CPP e 33 a 37 ; 55 e 56 da LOFTJ)

» Especialidade:   em função de certas qualidades- do arguido, será


competente nesta fase:
a. STJ: art. 11/3 e 5/a) CPP e art 35/1/a) e 36/b)
LOFTJ
b. TR: art. 12/3 CPP e art. 56/1 /c) LOFTJ

iii) Recu rsos: são competentes como tribunais de recurso:


a . STJ: arts. 11/3/b), 11/4/b) CPP e 44/a), 35/b) e 36 LOFTJ
b. TR: art. 12/3/b) e 56/1/a) LOFTJ

iv) Execução de penas: é competente o tribunal de execução de penas


- art . 18 CPP e art. 91 a 92 LOFTJ

B) A COMPETÊNCIA MATERIAL

29
Determinação do tribunal competente em função da matéria dos processas
e/ou da qualidade dos arguidos. Assim:
i) Da qualidade   de certos agentes (e.g.: PR perante o STJ): art. 11/3/a) e
35/1 /a) LOFTJ ^
ii) De certas matérias específicas   (e.g.: Habeas Corpus perante o STJ): art.
11/4/c) CPP e 36/f) LOFTJ
iii) Dos tipos de crimes   e respectivas penas ( rectius:  da medida da pena
abstractamente aplicável)
c
^ Competência residual: tribunal de comarca de comp etência ga
genérica: art. 62 LOFTJ
c
■=> Tribu nais de com petência específica  crimin ais: art. 64/1 e 2 LOFTJ:
a. Trib un al de jú ri : arts. 207 CRp, 13 CPP, 67/1 e 110 a 111 e
LOFTJ £"

b. Tribu nal colec tivo: art. 14 CPP ' ^


•Vara Criminal: 98 LOFTJ
■Vara Mista: art . 96/2 LOFTJ

c. Trib un al singu lar: art. 16 CPP, que pode ser quanto aos
tribunais de competência específica:
•Juízo crim inal: art . 100 LOFTJ £
■ Competência residual
•O juizo de pequena instância crim inal: art. 96 e 102 LOFTJ C
• Competente para os pro ce ss os es pe ciai s.
£
e...
P
Tribunais de competência especializada  criminal: art. 64/1 e 2 LOFTJ:
t=
■Juízo de com petênc ia especializada crim ina l: arts. 93 e 95 LOFTJ ( £
• Quando houver este não há outros (.
(competência para instrução e julgam ento) C

C) COMPETÊNCIA TERR ITOR IAL: trata-se da delimitação da competência de


cada tribunal (da mesma espécie) com base na sua localização geográfica
a. Regra ge ral: art. 19
i. Lugar da consum ação: art, 19/1
ii. No caso do crime conte r «como element o do tipo a morte de
uma pessoa, é competente o tribunal em cuja área o agente
actuou ou, em caso de omissão, deveria ter actuado»: art.
19/211
■Em face deste preceito, todos os crimes dos quais faça parte do tipo a
morte de uma pessoa (incluindo os crimes agravados pelo resultado)

11 Solução de aplaudir por se encontrar conforme com o princípio gerai que preside à escolha do iugar
da consumação como regra geral:  pr oxim idad e d os meio s de prova.
são da competência territorial do tribunal da área onde o agente
actuou ou deveria ter actuado
* Crê-se que a mesma solução, por maioria de razão, deverá impor-se aos
crimes com condições objectivas de punibiiidade.
iii. Quanto aos crimes habituais (e.g. lenocínio p.e.p. no art. 169
CP): lS/i/prim eira parte  -tribunal da área do crime onde se
tiver praticado o último acto;
iv. Quanto aos crimes permanentes ou duradouros (e.g.
sequestro p.e.p. no art. 158 CP): 19/3 /ú ltim a porte - tribunal
da área onde tiver cessado a consumação
v. Local d o   último acto preparatório (no caso de não
consumação do crime e punibiiidade daqueles actos
preparatórios: 19/4

b. Regras espec iais: art. 20 a 23


* Deve começar-se por indagar primeiro da even tua l aplicabilidad e dos
critérios especiais, e após esgotar os mesmos, atender-se-á aos
critérios gerais.
=> No âmbito da determinação da competência territoria l há ainda que
considerar os mapas anexos ao Regulamento da LOFTJ.

 2.2 .2 . O tribunal do júri, o tribunal colectivo e o tribunal singular. A


distribuição da competência material. As reservas de competência
material.
Excluindo a competência do STJ ou dos TR, a competência material e fundonal
está atribuída aos tribunais judiciais de primeira instância (residualmente
competentes).
* Esta competência está repartida por três espécies de tribunais: o
Tribunal do Júri, o Tribunal C olectivoe o Tribunal Singular.

A) RELATIVAMENTE AO TRIBUNAL 0 0 JÚRI


O tribunal do júri será com petente nos seguintes dois casos:

a. 1.* Grup o: nos crimes previstos no art. 13/1 CPP (critério qualitativo ),
quando requerida a sua interven ção; tais crimes corresponde m:
i. Ao s crimes contra a identidade Cultural e integridade Pessoa! - arts.
 23 6 a 246 CP
ii . Aos crimes contra a Segurança do Estado - arts. 308 a 346 CP
iii.  Aos crimes previstas na Lei 31/3004: Violações do Direito
Internacional Humanitário

* Conflito: nesta área há coincidência entre o ar t. 13/1 (atribuição de


competência ao Tribunal de Juri) e o art. 14/1 (atribuição de
competência ao T.Colectivo)
o Tratando-se ambos de  critérios qualitativos, deverá ser dada
p r i o r i d a d e a o  T. Júri,  em função da sua natureza e estrutura:
legitimidade própria e directa na CRP; constituição mediante

31
*=
requerimento (o que significa que caso não exista requerimento
as suas caus as têm de estar atribuíd as a outros tribu nais) e o fc
C =—
facto de a próp ria ordem sistemática do CPP não ser aleatória
8=
Assim, caso não seja requerido T.Juri, sérâ competente o
T.Coiectivo ex vi art. 14/1 K -
1 —
b. 2 .a Grupo : crimes com pena máxima, abs tracta me nte aplicável, sup erior a mr~
8 anos de prisão (art. 13/2 - critério qua ntitativo), quando tenha sido jr ;
requerida a sua intervenção
■Pena máxima, abstractamente aplicável, exigida pelo art. 13/2, pode
decorrer da imputação ao arguido de vários crimes,  ainda que cada
■=
crime isoladam ente considerado não o per m ita (art. 15)
" Conflitos: í —
o 13/2 vs, 14 /2/b): prevalece o T.Juri, quando tenha sido
requerido.
.1 ,
o 13/2 vs. 14/2/a): prevalece tamb ém o TJ u ri; o critério ( 
qualitativo não prevalece face ao art. 13/2, dada a natureza do
T.Júri (assim se constantando que a prevalência de critérios K
qualitativos não é absoluta I) gn
=> Reserv a de competência legal do art. 14/2/a) vale apen as
peran te o T. Singular e não face ao T. Júri K iZ 

■ Exclusão da competência do TJuri   para os crimes de terrorismo e


criminalidade altamente organizada:  proibição fundada na protecção W “~
do próprio tribunal e dos jurados «não togados» que ficariam sujeitos a
uma eventual pressão (evitável)
■ Exclusão de competência do TJuri  dos crimes cometidos por titulare.
m .
de cargos políticos (art. 40 da Lei 34/87)
m z 
Notas:
Intervenção do Trib. Júri não é automática! É sempre necessário(  í  " }
requerimento,  quer nos casos do art. 13/1 quer no caso do art. 13/2, por  gfr-
 pa rte d o MP, do ass isten te ou do arguido
Regime do Júri: DL 387-A/87 (Trib. Júri comp osto pelos 3 juizes que f lU
constituem o Trib. Colectivo - que haveria de ser com petente se não tivesse
sido requerida a sua intervenção, sendo estes designados vulgarmente por
«jurados togados») e por 4 jurados efectivos e 4 suplentes (sendo estes os
«jurados não togados»)
o O júri intervé m quer nas questões da culpabilidade, q uer na
determinação da sanção a aplicar

* r
B) RELATIVAMENTE AO TRIBUN AL COLECTIVO
O tribuna l colectivo (ou seja, a vara criminal ou a vara de competência mista ou , na JJ g
sua falta, o Tribunal de Comarca de competência genérica que julgará erT>-«.
Colectivo) será competente nos seguintes três casos :
a. 1.5 Grup o: crimes previstos no art. 14/1 (crité rio qua litativo , peto que é
irrelevante a moldura da pena), quando não tenha sido requerida a
intervenção do Trib. Júri nos termos do art. 13/1; tais crimes
correspondem:
 /.  Aos crime s co nt ra a iden tid ad e Cultural e in te gr id ad e Pes so al - arts.
 23 6 a 246 CP
ii. Aos crimes contra a Segurança do Estado - arts. 308 a 346 CP
ili. Aos crimes previstos na Lei 31/3004: Violações do Direito
Internacional Humanitário

b. 2.9 Grupo : crimes previstos no art. 14/2/a) (critério qualitativo)


 / í j Crimes dolosos quando for elemen to do tipo a morte de uma pessoa
(tais requisitos são c umu lativos!)
“ e.g.: crime de homicídio simples (art. 131 CP); excluído fica,
como é óbvio, o homicídio negligente (art. 137 CP)

ii.' Crimes agravados pelo resultado quando for elemento do tipo a


morte de uma pe ssoa
* e.g .: crime de ofensa à integridade física sim ples agravada
pelo resultado (art. 143 e 147/1 CP)

Âm bito do 2.S Grupo


“ Todos os homicídios, incluindo os privilegiados (arts. 133,
134, 136: todos são dolosos e a morte duma pessoa é
elemento do tipo)
” A forma tentad a de todos os crim es que integram o art .
14/2/a): a tentativa é sempre dolosa e necessariamente a
morte é elemento do tipo
“ Crime de incitamento ou ajuda ao suicídio  (art. 135 CP):
ainda que este crime contenha condições objectivas de
punibilidade (tentativa ou consumação do suicídio), deverá,
ainda assim considerar-se que integra o art. 14/2/a), por
analogia  (admissível  po rque in bo na m pa rtem ), uma vez que
a fronteira  entre a autoria mediata de homicídio e a ajuda ao
suicídio nem sempre é muito nítida e apenas comprovável
mediante prova em julgamento que, por garantia de defesa
do arguido, deverá efectuar-se em sede de T.Colectivo.
o A mesma solução se impõe, por identida de de razão,
para os crimes (dolosos) agravados pelo suicídio da
vítima (art. 177/4 CP)
■ Crim e de pa rticip aç ão em rixa  (art. 151 CP): a complexidade
de prova neste casos também justifica o tratamento idêntico
aos casos anteriores; em síntese, por analogia (In bonam
 pa rtem ),  crê-se ser de integrar no art. 14/2/a) este crime
quando do mes mo tenh a resultado a morte de uma pessoa,
o Crime de aborto (art.  140/2 e 3 CP):  não cabe na
competência do T. Colectivo nos termos do art.

33
14/2/a), uma vez que  pe ss oa nã o é vid a in tra- ut er ina
e não parece que as consequências ético-jurídicas
tenham sido atendidas como critério de competência
» Acresce que não se deduz a comp lexidade de
prova da sua eventual dificuldade; mais: a
dificuldade de prova não é fundamento de
atribuição de competência, mas antes a sua
complexidade.
* Nestes term os, o crime de aborto será da
competência do T. Singular, ex vi art. 16/2/b).

c. 3.° Grupo : crimes previstos no art. 14/2/b) (critério quan titativo ): crimes
com pena máxima, abstractamente aplicável, superior a 5 anos de prisão
(mesmo quando, nos termos do art. 15.a, no caso de concurso de
infracções, seja inferior o limite máximo correspondente a cada crime).
* Englobam-se neste critério todo s os crimes com penas supe riores a
5 anos de prisão que não sejam integrados no art. 13/1,14/1, bem
como no art. 14/2/a).
» Reserva de com pet ência d o T. Colectiv o per an te o T. J u r i :  art.
14/2/b) engloba crimes, cujas penas sejam superiores a 5 anjos, de
terrorismo e criminalidade altamente organizada, que, por
imposição constitucional (art. 207 CRP), não podem ser julgados
pelo T. Júri.
o No ta: po rém , se a pena abstracta me nte aplicável for igual
ou inferior a 5 anos, será competente o T. Singular nos
termos do art. 16/2/b) (e.g.: corrupção activa p.e.p. no art.
374 CP, p unível com pena de 6 meses a 5 anos de prisão)

C) RELATIVAMENTE AO TRIBUN AL SINGULAR 


O Tribunal singular  (ou seja, o Juízo de Competência Especializada Criminal - que, se houve r,
será o tribunal c ompetente para todos os processos atribuídos ao T. Singular - ou o juízo de
pequena instância criminal - competen te para os processos especiais - ou o Juízo Criminal -
competente para a forma de processo comum - ou, na falta destes, o tribuna I  de comarca de
competência genérica que julgará em singular) será competente nos seguintes quatro
casos:
a. l. s G rupo: crimes previstos no art. 16/2/a) (critério qua litativo): integra os
crimes contra a Auto ridade Pública - p.e.p. nos arts. 34 7 a 358 CP
■ fíatio: suposta simplicidade de prova
■ Concurso entre dois crimes do catálogo do art. 16/2/a): v. p.

b. 2 .9 Grupo : crimes previstos no art. 16/2/b) (critério quantitativo): integra


todos os crimes punidos com  pena  de prisão, abstractamente aplicável,
igual ou inferiores a 5 anos, desde que não estejam integrados em nenhum
critério qualitativo (leia-se: arts. 13/1; 14/1/; 14/2/a) e 16/2/a)).
* Integra a pa rte dos casos de criminalidade altam ente organizada
(cfr. art. l/ m )), nom eadamente nos casos cuja pena máxima não
seja superior a 5 anos de prisão (e.g.: associação criminosa p.p. no
art. 2 99/1 CP, cuja pena é de 1 a 5 anos)

34
o Recorde-se que por imperativo constitucional (art. 207 /1
CRP) estes crimes não podem ser julgados pelo T. Júri.

* Aplica-se o art . 15 aos casos do art. 16/ 2/b : sempre que se tra tar
de dois crimes, em concurso de infracções, quando a soma das
respectivas penas máximas não for superior a 5 anos de prisão
o Quando for superior, será competen te o T. Colectivo (art.
14/2/b) e art. 15)

c. 3.s Grupo : requerimento do MP nos termos do art. 16/3 (critério esp ecial
de determ inação concreta da competên cia - mais próximo dos critérios
qualitativos)
* O legislador criou aqui um mecanismo através do qual a
competência se determina de acordo com a previsão da pena que
possa vir a ser aplicada {medida da ce na concreta )12
o A medida da pena em causa pode ser aferida mesm o em
concurso de infracções, nos termos do art. 16/3.
■ Desta forma, o T. Singular será competente  nos casos em que o
seria o T. Colectivo (e apen as nos casõs do art. se o MP
tiver requerido, mediante um juízo de prognose e de acordo com
critérios de estrita objectividade, o julgamen to com intervenção do
T. Singular, dado considerar que não será aplicado naqueles casos
concretos, penas superiores a 5 anos de prisão.
o Sempre que a pena abstra cta mínima for supe rior a 5 anos
de prisão, o MP nunca poderá submeter o processo a
 julgam ento do T. Singular por via do art. 16/3, sob pena de
óbvia violação do princípio da legalidade das penas.
o Objectivo deste mecanismo:  descongestionamento dos T.
Colectivos.
o e.g.: crime ..de_furjp ^qualificado (art. 204/2/a) CP, punido
com pena de prisão de 2 a 8 anos).

■ Posição do Juiz de instrução:


o Interpreta ção conforme à CRP não exige acordo de todos os
sujeitos.
o A independê ncia dos tribu nais, a estrutura acusa tória e a
legalidade das penas, parece impor que o requerimento do
MP é uma proposta, pelo que o  ju iz po de recusa r   (se
discordar), remetendo o processo para oT. Colectivo, quer
tal suceda antes ou depois da audiência de julgamento
(embora antes da sentença)

■ Exemplo de articulação entre art. 16/3 e art. 13/2


o e.g.: crime se sequestro (art. 158/2/a) CP) - M P requer
 julgamento pelo Tribu nal Singular (art. 16/3); Arg uido

11 Quem considera este mecanismo constitucional invoca os princípios do juiz natural ou legal, da
reserva de lei, da Independência dos tribunais e da estrutura acusatória.

35
requer intervenção do Júri (art. 1 3/2); Assistente opõe-se a
tudo, pretendendo que o arguido seja julgado pelo T.
Colectivo (art. 14/2/b)
O art. 16/3 prevalece sobre o art. 13/2/b)
^ Conteúdo da ressalva do art. 13/2 apenas abrange o art.
16/2/a), pelo que seria competente para julgar este
processo o T. Júri.

d. 4.- Grupo: nos crimes que não couberem na competência dos tribunais de
outra espécie - art. 16/1 (crité rio de competência resid ual)
• Face à delimitação dos critérios quantitativos pre vistos nos arts.
14/2/b) e 16/2/b), a competência  residual do T. Singular èstá
«reduzida» apenas a os crimes puníveis apenas com pena de m ulta.

 2 .2 .3 . A competência por conexã o.


Organizando-se um processo autónomo por cada crime (e, quando existam
pluralidade de agentes, um processo por cadá um), bem se compreende que
por vezes há processos em que há toda a conveniência na apreciação coniunta
devido à estreita ligação entre os respectivos objectos processuais (conexão).

Requisitos para a conexão


a) Pluralidade de processos Ireal ou hipotéticali3
bj Pluralidade de tribunais com peten tes
c) Verificação de uma situação típica de conexão - objectiva ou subjectiva
(arts. 24 e 251. resoeitand o-se o s limites à conex ão (a rt. 261
d) Tramitação concom itante —art. 24/2u

Situaçõ es típicas de conexão


Os casos que obrigam à conexão de processos estão descritos nos arts. 24 e 25:
podemos organizá-los em três grupos, a saber:
a) Conexão de natureza objectiva (em que o agente comete vários crimes
relacionados entre si); e.g.: 24/1/a), que prevê situações de concurso ideal
efectivo de crimes praticados pelo mesmo agente

n A con exão não pressupõe necessariamente a existência de processos pend entes, pois pode verificar-
se logo originariamente, antes da instauração de qualquer processo e, a ocorrer assim, determinará
desde iogo a organização ab initio de um sá processo (art. 29).
u   Considera-se não haver tramitação concomitante, por exemplo quando num processo só falta a
leitura do acó rdão e no outro vai começar o julgamen to - deixou de haver utilidade da conexão ; mais:
ela poderia reta rdar Injustificadamente a leitura da primeira sentença.

36
b) Conexão de natureza sub jectiva (em que é a relação entre os agentes
relativamente a um crime que determina a conexão de vários processos);
e.g.: art. 2 4/1/c) ou d)
c) Conexão de natu reza mista (em que a lei atende aos agentes e a conexão
entre os crim es); e.g .: art. 24/1/a) e 25.

Efeitos da conexão
a) Apensação: art. 29
b) Prorrogação da competência (ainda que cesse a cone xão ): art . 31/b)

Regime
a) Apensa ção de Processo s: quando, da determ inação da competência para
cada processo, o tribunal competente seja o mesmo (material, funcional e
territorialmente), e se estiverem preenchidos os demais requisitos de
conexão, haverá lugar apenas à apensação dos processos,  não sendo
necessário determinar o tribunal competente nos termos dos arts. 27 e
28, bastando a apensação do art. 29
Ou seja, nestes casos, haverá conexão e a consequente apensação,
mas não a determinação da competência por conexão

b) Determ inação do tribunal competente para todo o processo enfí virtude


da conexão: quando, da determinação da competência para cada
processo, se inferir que há diversidade de tribunais competentes, haverá
que proceder à determinação do tribunal competente para todo o
processo em virtude da conexão, nos termos dos arts. 27 e 28.
■=!> Admitindo-se o preenchim ento dos requis itos da conexã o, será
competente o tribunal de espécie mais elevada.
=* Sendo de igual esp écie, é necessário re cor rer ao art. 28.

Visão derrogativa ou conexão como critério autónomo de competência


a) Caso de adopte uma k v í s õ o derrogativa», isso significa que o art. 27
«escolheria» um dos tribunais potencialmente competentes, quer material,
quer territorialmente competente.
■ Ou seja, o art. 27 funcionaria como regra geral de resolução de
conflitos
b) Caso se defenda a conexão como «critério autónomo de competência», o
art. 27 apenas afere a competência material, e o art. 28 a competência
material
• É   esta a posição adoptada por João Caires.

Conexão nos casos do art. 1 6/2/a) e 14/2/b)


Admite-se a conexão, sendo competente o T. Colectivo, por ser este o T. de
espécie mais elevada e mais garantístico em termos de apreciação plural de
prova.

37
       i
       f
* Em alternativa, teria de fundamentar-se que o art. 16 /2/a)        i
constitui um limite negativo implícito à conexão,  posição que não        i
se adopta.
      n

      n
Separação de processos
Quando a conexão deixe de representar os seus desideratos (e constitua um       n
entrave ao invés duma vantagem) ou quando haja requerimento para       n
intervenção do T. Júri, o sistema tem, como válvula de escape, a possibilidade
      n
de pôr termo à conexão.
Neste caso, seoaram-se os respectivos processos   (art. 30) e faz-se cessar a       n

respectiva prorrogação de competência (art. 31).        i

       T
       i

2.2.4. A dedaração de incompetência.       r


       i
A preterição das regras de competência constitui uma nulidade insanável (art.
       f
119/e)) J
  „
■í1 Nos termos do art. 32/1, conduz à remessa para o tribunal com petente, é \
de conhecimento oficioso, em qualquer fa se do processo  (até ao trânsito em
 julgado da decisão final), send o ap roveita do s todos os actos pr aticad os
      n
perante o tribunal incompetente que o tribunal competente decida
      n
aproveitar de acordo com o máximo aproveitamento dos actos
      n
       i
Princípio do máximo aproveitamento dos actos
       f
O critério legal para que o tribunal competente aproveite os actos anteriores é
      n
fundado num juízo de prognose: se o tribunal comp etente houvesse de prat icar
       f
os actos se o processo tivesse corrido perante si, valida os mesmos        f
■ No caso inverso, anula os actos anteriorm ente praticados e ordena        l
a repetição dos actos necessários.        f
       i
       f
Regime:
■ O próprio tribunal incompetente mantêm competência para (   „
praticar os actos urgentes (art. 33/2 ), por exem plo, med idas de '(
conservação da prova ou que afectem ou possam lesar de modo       n

dificilmente reparável o estatuto processual dos sujeitos


processuais.
      n
o A ideia do má ximo aprov eitame nto útil é assegu rada, nos
termos do art. 33/4, com uma especialidade: os medidas       n
de coacção decretadas pelo tribunal incompetente        t
mantém-se válidas, porém carecem de validação   (ou não)        j

por parte do tribunal comp etente no mais breve prazo       n


» No caso de  prete ri ção das re gra s de co m petê ncia te rr itori al,  esta       n
só pode ser deduzida e declarada até ao início do debate        t
instrutório ou até ao inicio da audiência de julgamento (art. 32/2)        f
2.2.5. Conflitos de competência.         í
São competentes para decidir os conflitos de competência os TR (art. 12/2/a) e        f
5/a)) ou o STJ (art. 11/2/a) e 11/6/a)).       n

      n

      n
38
      n
       i
       t
2.3. Impedimentos e suspeições
A imparcialidade do juiz deve ser garantida a todo o custo. Para isso a lei prevê
situações de:
a) Impe dime nto: o juiz é   impedido de julgar se tiver uma relação de parentesco
ou outro tipo de proximidade com algum dos participantes processuais (arts.
39 e 40) '
“ Os impedimentos devem ser declarados oficiosamente (art. 41/ 1),
embora a declaração possa também ser requerida pelo MP, pelo
arguido, pelo assistente ou pela parte civil (art. 41/2)
b) Suspeição: sempre que houver «motivo sério e grave, adequado a gerar
desconfiança sobre a sua [do juiz] imparcialidade» (art. 43/1), o juiz também
pode ser recusado.
c) Escu sa: o juiz pode ped ir escusa nos termos do art. 43/4.

3. O Ministério Público.
O MP é o órgão de Estado encarregado de exercer a acção penal (art. 21 9/1 CRP).

3 . 1 .  Estatuto do MP
No desempenh o dessa função, o MP apresenta as seguintes ca racterísticas:
a) Enquanto órgão de Estado, é um órgão jud iciário, na medida em que
colabora com o Tribunal na administração da justiça
b) Cons titui uma magistratura autónoma (art. 219/2 CRP), no sentido de que
goza de autonomia funcional,   guiando-se por critérios de legalidade e
estrita objectividade, a que se junta uma autonomia orgânica, dada  pela
exclusiva competência do PGR para nomeação, transferência e
desenvolvimento na carre ira dos representantes do MP (art. 219/5 CRP)
c) É integrado • por magistrados respon sáveis que são, no entanto,
subordinados hierarquicamente (art. 219/4 CRP), na medida em que têm
de observa r directivas, ordens e instruções, mas devem recusá-las se forem
ilegais e podem recusá-las com fundamento em grave violação da
consciência jurídica
■ O superior hierárquico pode avocar o processo ou redistribuí-lo a outro
subordinado.

3.2. O MP como parte acusadora?


O MP, no quadro da estrutura acusatória do   processo penal, é essencial ao
contrad itório, mas não é «parte» no processo, já que não tem um interesse directo
.. em dem anda r, mas prossegue apenas o interesse da justiça.
“ Quando  muito, o MP é   parte em sentido form al,  enquanto titular do
direito processual de acção, mas não parte em sentido material,
enquanto titular de um interesse jurídico próprio.
* Se quisermos, o MP é  como qu e  uma «parte imparcial»15.

3.3. Atr ibuiçõ es do IVIP no processo


Ao MP compete exercer  a acção penal (art. 48)

15 Expressão de Manuel Cavaleiro  de Ferreira.

39
J P

Mais concretam ente, as atribuições do MP vêm no art. 53/2. E=

«=
3.3.1 . Restrições ao exercício da acção penal pelo MP
A promoção da acção penal pelo MP depende da natureza processual dos
crimes |j°*
a) Nos crimes pú blicos; o MP exerce a acção penal com total autono mia,
ainda que os ofendidos, ou os seus repre senta ntes, possam tom ar a B™
posição de assistente s para influenciar o curso d o processo (art. 48)  g = .
b) Nos crime s semi-públicos: a promoção do procedimento criminal pelo
MP depende de queixa ou de participação do ofendida (art. 49/1),
seguindo no resto o regime do procedimento nos crimes públicos, a
menos que haja desistência de queixa, seguida de homologação pela WP 
entidade competente, o que fará cessar a intervenção do MP no y
processo {art. 51)
c) Nos crim es particu lares: o procedimento crimina l também depende de
queixa ou de participação do ofendido, além de que depende ainda da
constituição de assistente e da dedução de a cusação particular por parte
deste (art. 50/1)
■Quanto ao concurso de crimes públicos, semi-públicos ou
 pa rt ic ula re s, rege o art. 52. * “
•Quan to a crimes cometidos por titulares de certos cargos jg
políticos, há também restrições ao exercício da acção penal pelo
MP (arts . 130 e 157 CRP). K

3,4. A intervenção dos Orgãos de Polícia Criminal c


Ao M P, enquanto d etento r da acção penal, cabe a direcçã o do inquérito, assistido
pelos OPC, enquanto auxiliares das autoridades judiciárias (arts. 53/2/b) e 263/1)
■ Os OPC actual sob directo orientação do MP e na sua dependência funcional
(arts. 56 e 263/2)

As relações entre o MP e os OPC g,


a) As polícias não podem, por iniciativa própria, ab rir inqué rito relativam ente a
nenhuma notícia de crime que tenham adquirido Jg
b) O Código não tolera sequer a realização de «inquéritos policiais»
preliminares que envolvam a realização de diligências de investigação; pelo £
con trário, a lei man da que a notícia do crim e adquirida pelos OPC, po r jg-
e
conhecimento próprio ou mediante denúncia, seja transmitida ao MP no
mais curto prazo, que não pode exceder 10 dias (arts . 241, 242/1, 243/3, 245 £e
e 248/1)
£
* Note-se que os OPC devem transmitir ao MP todas as notícias de crime,
mesmo as man ifestamente infundadas, assim como as denúncias p
(=
anónimas, pois não têm competência para decidir quais devem, ou
não, dar lugar à abertura do inquérito (arts. 246/5, 6 e 7 e art. 248/2) C
o Na sequ ência , o MP procede rá ao registo da denúnc ia (art.
247/2) - abrangendo os autos de notícia, pois valem com o
denúncia - e fará a abertura do inqu érito (art. 262/2).

40
c) A delegação genérica de competência na PJ, ou noutro OPC, para a
realização de diligências de investigação relativamente a certos tipos de
crime (art. 270/4) não pode, de maneira nenhuma, ser confundida com
autorização para a realização de «inquéritos policiais» preliminares, à
margem da comunicação da notícia do crime ao MP.

d) As polícias têm competência própria para tomar medidas cau telare s e de


polícia, ditadas pela urgência e pelas necessidades de conservação da prova
(art. 248 e ss.)
"Mas são actos fora do processo, que depois têm de ser validados por
autoridade judiciária (art. 174/ 6, por exemplo)

e) As polícias têm, essencialmente, a chamada competência de coa dju vaçã o,


que depende da direcção funciona l da autoridade judiciária co mp etente.
"Ao MP caberá, portanto, um poder de orientar a investigação e às
polícias caberá coadjuvar o MP nesta missão, mas tal não significa que
o MP faça a investigação material, já que a experiência e o saber
criminalísticos, bem como os instrumentos técnico-científicos
adequados pertencem aos OPC.
"A direcção funcional do inquérito pelo MP implica, isso sim, poderes de
directiva e de controlo relativamente aos OPC, o que é distinto do
poder de dar ordens, já que as directivas deixam a decisão sobre a
forma e os meios de execução de quem as recebe
o Mais concretam ente, o MP tem poder para pedir informa ção
sobre as diligências de investigação e exigir outras, definir a
estratégia e dar orientações de investigação e, inclusive,
avocar ou redistribuir o processo, mas nunca podendo decidir
qual o OPC que lhe deve dar assistência, pois tal é definido por
lei.

4. O Arguido.
Arguido: é a  pe ssoa qu e é fo rm alm en te constituída como su jeito pro cessual e
relativamente a quem corre processo como eventual responsável pelo crime que
con stitvi objecto do processo

# Suspeito: nos termos do art. l/e), suspeito   é «toda a pessoa relativamente à


qual exista indício de que cometeu ou se prepara para cometer uym crime, ou
que nele participou ou se prepara para participar».
* O suspeito não é um sujeito processual, pois não beneficia de um
estatuto processual específico; mesmo assim, o suspeito, enquanto tal,
goza de certos direitos, a saber:
■ Seja qual fo r  a origem   da suspeita, não   pode, em   caso algum, ser
obrigado a fornecer provas ou a prestar declarações auto-
incriminatórias.
o Em processo pen al, o direito ò nSo auto-lncriminaçõo (nemo
tenetur se ipsum accu sare),  incluindo o direito ao silêncio, é uma
decorrência essencial das garantias de defesa; logo, deve
estender-se ao próprio sujeito,
o E obrigatória a constituição de arguido logo que «durante
qualquer inquirição feita a pessoa que não é arguido, surgir
fundada suspeita de crime por ela cometido» (art. 59/1), o que
implica o direito ao silêncio
o Por outro lado, a «própria pessoa sobre quem recair a suspeita
de ter cometido um crime tem direito a ser constituída, a seu
pedido, como arguido sempre que estiverem a ser efectuadas
diligências, destinadas a comprovar a imputação, que
pessoalmente a afectem (art. 59/2)

i Lesado: aquele que sofre danos com o crime.

4.1. A constituição de arguido.


O arguido é uma pessoa formalmente constituída como sujeito processual e contra
quem corre um processo penal.
■ Têm capacidade jurídica passiva as pessoas físicas maiores de 16 anos
(art. 19 CP) e as pessoas jurídicas, neste caso quanto aos crimes pelos
quais possam ter de respo nder (art. 11 CP).
o Porém, a capacidade para ser arguido não se define exactame nte
pela imputabilidade, inclusive absoluta (i.e., em razão da idade),
poderá ser uma conclusão a adquirir no próprio processo penal.

A qualidade de arguido
a) O arguido assume essa qualidade com a acusação ou o requerimento, por parte
do assistente, para abertura de instrução (art. 57/1)
■ Nestes casos, deixou de ser automática, ao contrário do que se passava
na versão primitiva do CPP de 1987: o actual art. 57/3 impõe a
comunicação dessa qualidade ao arguido (art. 58/2) e a explicação dos
seus direitos e deveres processuais.
o A omissão ou violação desta form alidad e implica que as
declarações prestadas pela pessoa visada não podem ser
utilizadas como prova (art. 58/5)

b) Prevê-se ainda a constituição obrigatória do arguido nos casos dos arts. 58 e 59,
ou seja antes da acusação ou do requerimento para abertura de instrução,
designadamen te nos seguintes casos:
i. Correndo inquérito contra pessoa d eterm inada, esta prestar
declarações perante qualquer autoridade judiciária ou órgão de polícia
criminal (art. 58 /1/a))
ii. Seja aplicada uma medida de coacção (art. 58/ 1/b ) e art. 192)
iii. Um suspeito seja detido (art. 58/1/ c))
iv. Um suspeito seja dado como agente de um crim e em auto de notícia
(art. 58/1/d))
v. Um inquirido se torne suspeito (art. 59)
Validação da constituição de arguido
Com a reforma de 2007, passou a exigir-se que a constituição de arguido feita por OPC
é comunicada ao MP no prazo de 10 dias em ordem ò sua validação   (art. 58/3, que
assim se constitui como excepção ao art. 57/2)
* A não validaçã o da constituição de arguido pela autoridade judiciá ria não
 pr eju dica as prov as an terio rm en te obtidas (58/6, que nesta m edida se constitui
como excepção ao 58/5).

Falta de constituição de arguido


A falta de constituição do arguido, nos casos em que devesse já ter acontecido, é uma
s i m p l e s i r r e g u l a r i d a d e  (art. 118/2), que pode ser reparada a todo o tempo  (art. 123/2),
ou seja, nunca é tarde de mais para constituir o suspeito como arguido!

Algumas co nsequências da não constituição atempada de arguido:


* Ineficácia das eventuais declarações auto-incriminatórias (art. 58/5)
* A utilização de meios enganosos (e.g.: interrogar o suspeito na
qualidade de testemunha) ou a ameaça com medida legalmente
inadmissível (eg.: ameaça com processo-crime por falso testemunho),
determina a nulidade da prova, nos termos do art. 126/1 e 2, incluindo
as provas secundárias (e.g.: a arma do crime encontrada graças às
declarações do suspeito), a menos que pudessem ser obtidas
directamente, na falta da prova nula, através de comportamento lícito
alternativo.
* Acre sce q ue, se o uso dos métodos de obtenção de prova s pode
constituir crime (e.g.: ameaça ou coacção), estas poderão ser utilizadas
com o fim exclusivo de proceder contra os agentes do mesmo (art.
126/4).

Direitos e d everes do arguido


São direitos do arguido  (art. 61/1):
a) Direito de presenç a em todos os actos processuais que directam ente o
afectem
b) Direito de audiência pelo juiz quando este deva toma r qualquer decisão
c) Direito de inform ação sobre os factos que lhe são imputados
d) Direito ao silên cio, sem ser prejudicado por isso: o silêncio do arguido não
pode ser interpretado como presunção de culpa (ele presume-se inocente -
art. 32/2 CRP);
• Acresce que a lei não estabelece qualquer sanção para o arguido
que, prestando declarações sobre os factos que lhe forem
imputados, falte à verdade: não se trate de uni direito de mentir,
mas simplesmente da não punição da men tira.
e) Direito a defen sor, que pode ser um defenso r oficioso
f) Direito de intervenção nas fases prelimina res do processo
g) Direito de informaçã o dos direitos que lhe assistem
h) Direito de recu rso das decisões que lhe forem de sfavorá veis

São deveres do arguido  (art. 61/3)

43
1“
a) Dever de comparência pessoal sempre que tiver regularmente convocado
b) Dever de responder com verdade sobre a sua identidade (arts. 141/3, ES
143/2, 144 e 342), sob pena de cometer crime de falsidade por parte de
intervenien te em acto processual (art. 359/2 CP)
c) De ver de se sujeitar a diligências de prova 3 diligências de prova e medidas
de coacção pessoal e de garantia patrimonial.
1=
Interrogatório do arguido
Actualmente, a lei determina a necessidade do primeiro interrogatório do arguido  nos
termos do art. 272/1.
* O interrogatório deve ser realizado o mais depressa possível, tão pronto corra y
inquérito contra pessoa determinada, a não ser que haja grande perigo para a
investigação - o que deverá ser alegado e fundamentado em despacho nos
autos.
a Qua nto ao pri m eiro in te rr o gató rio ju dic ia ! d e arg uid o detido, a lei impõe que
ele seja informado e esclare cido sobre os seus direito s, bem como informa do ^
dos motivos da detenção e dos factos que lhe são imputados (art. 141/4) e
garantindo-lhe a presença do defensor (art. 64/1/a))
■ Ta mb ém nos subsequentes interrogatórios  de arguido preso e nos mr*.
interrogatórios de arguido em liberdade (art. 144/1) a assistência de defensor ê
obrigatória. JE Í

5. O Defensor.
Enquanto sujeito processual, o defensor é um elemento essencial à administração da
 ju st iç a, na medida em qu e é do in te re ss e da ju stiç a que a de fesa seja ef icaz (a rt. 208
CRP). C
■ O defensor intervém no processo às vezes independentemente do próprio
arguido, como acontece, p. ex., quando o defensor participa na audiência de
 ju lgam en to rea lizad a na au sência do arguido (art. 64 /1 /f)) . g j;
" 0 d efensor pode mesmo intervir contra a vontade do arguido, como acontece
quando é negado ao arguido que é, ele mesm o, advogado o direito de se •
defender a si próprio, sendo-lhe ao invés imposto um defensor oficioso.
o Tudo isto mostra como o defensor tem também um papel conformador
da tram itação processual como um todo. C

c
Traço s essenciais do estatuto do defensor
■ Direitos do defensor: art. 63
’ Obrigatoriedade de assistência do defenso r: art. 64 j—
* Assistên cia a vários arguidos; art 65
■ Defensor nomeado: art. 66 2
■ Substituição de defensor: art 67

6. O Assist ente.
O art. 69/1 define o assistente como colaborador do MP,  a cuja actividade se
subo rdina a sua interve nção no proce sso, salvas as excepçõe s da lei. »
* Porém , são tant os os poderes que a lei confe re ao assis tent e que acaba
sendo inadequado caracterizá-lo como um simp les colaborador do MP
* Em última análise, o assiste nte é um verd ade iro suje ito processual, pois
tem poderes próprios de conformação do processo penal como um
todo

6.1. Poderes do assistente


O assistente pode:
a) Intervir nas fa ses p reliminares do processo penal, oferendo provas e
requerendo diligências (art. 69/2/a))
b) Deduzir acusação independente da do MP (arts. 69/ 2/b), 284/1 e 285/1)
c) Requerer a abertura de instrução (art. 287/1/b))
d) Interpor recurso das decisões que o afectem (art. 69/2/c))

6.2. A constituição de assistente: legitimidade


Têm legitimidade para se constituir assistentes os ofendidos,  considerando-se
como tais os titulares dos interesses que a lei especialmente quis proteger com a
incriminação, nos termos do art. 68/1/a).

N o ç õ e s d e o f e n d i d o _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _  _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
1. C o n c e i t o r e s t r it o p u r o 16 | Ofendido é o titular do interesse «exclusivo» que a incriminação visã~

16 Tese ab raçada por Maia Gon çalves, Costa Andrade, Teixeira de Sousa, Belez a dos Santos, Cavaleiro de
Ferreira e Germano Marques da Silva, para quem só se considera ofendido o titular do interesse que
constitui objecto jurídico imediato do crime e que, por isso, nem todos os crimes têm ofendido
particular, só o tendo aqueles em que o objecto imediato da tutela jurídica é um interesse ou direito de
que é titular uma pessòa.

Acórdãos: TC 579/01; TC 76/02; STJ 25/1/96; STJ 20/1/98; RP 26/4/00; RC 3/5/00, entre outros.

45
■ Interesse exclusivo proteger
■ 0 interesse protegido pela incriminação é  directo, imediatP
ou predom inantem ente protegido pela incriminação. g
" AC. STJ 579/2001 (a propósito do Crime de Violaç ão do
Segredo de Justiça - art. 371 CP) (

Argumentos abonqtórios , ■
■ Letra do art 68/1 a) CPP, nomeadamente quanto à expre ssl g
“interesse que a lei quis proteger"
■ - É a tese que melhor observa a natureza pública do proc es sP
penal e a regra de que a titularidade da acção penai cabe s g
MP (art 219/1 CRP), na medida em que reduz o
protagonismo dos particulares como sujeitos processu ais 8
* - Me lhor assegura a distinçã o entre ofendido e lesado pe>^
prática do crime, o último dos quais apenas pode intervirj'
processo como parte civil. (  J 
« - Não é incomp atível com a CRP, pois esta não conté m ou
impõe um conceito de ofendido, concedendo ao legisladc^
uma certa margem de conform ação. g|

Percurso histórico 8
Conceito restrito já havia sido reconhecido pelo art 11 CPP 1929 e_
pelo art 4/2 DL 35007 13/10/1945.
- Apesar de um tipo incriminador poder tutelar também urg|
interesse ou bem iuridico oessoal. se este não ocuoar o elano central
da tutela, o seu titular não deve ser considerado ofendido i P
portanto, não deve ser admitida a sua constituição como assistente gg
- A jurisprudência que adopta esta tese restritiva rejeita, por
conseguinte, a possibilidade de constituição de assistente nos crime®
de desobediência, falsificação de d ocumento, man ipulação ( ' '
mercado, violação de segredo de justiça, p revaricação e ( r
denegação de justiça. (|

2. C o n c e i t o a m p l o 17 Por interesse que a lei visa proteger deve entender-se   o f n t e r e s s j


" Interesse med iato e tutelado de «forma particular», isto é, o interesse que é abrangidi^
reflexo pelo âmbito de tutela, ou, dito de outra maneira, que forma parte,
exclusiva ou concom itantemen te, do bem jurídico tutelado. g

A legitimidade de constituição de assistente deve abrang er c P


processoÈ por crimes contra bens jurídicos colectivos ou interessejj
difusos, de titularidade intersubjectiva, tais como a poluição (art.
r :
17  Tese abraçada por Augusto Silva Dias e, ao que parece, por P.S.Mend es.
1
3 279/1 CP).

3 Nesses casos, qualquer pessoa se poderia constituir assistente,


3 assim se exprimindo uma nova dimensão da cidadania no quadro
das sociedades modernas, vistas como sociedades de massas, como
3 defende A.S. Dias.
■ Nos processos por crimes contra bens jurídicos colectivos ou
a
interesses difusos podem, na verdade, constituir-se como
a assisten tes não só as associações ou ou tras pessoas colectivas
legalmente reconhecidas, que defendem os interesses
colectivos em nome e no lugar de todos os cidadãos, como
8 também todo e qualquer um do povo (Lei da Acção Popular).
* Ainda que no tipo abstracto não conste o interesse particular,
a se em concreto alguém for prejudicado, considera-se
protegido refiexamente pela norma incriminadora, e, nessa
8'
medida, pode constituir-se assistente.
n * e.g.: AC. TC 8/2006 (Falso tes te m un ho -a rt. 360 CP)

Fundamentação:
■ Estudos vitimológicos actuais: recomenda uma ampliação
processual da vítima como uma forma de melhor conseguir a
pacificação social, uma finalidade que é consensualmente
cometida ao processo penal
B
■ Dogmática do bem jurídico: a par dos bens jurídicos
B individuais e dos bens jurídicos colectivos, hoje passaram a
admitir-se os chamados «bens juridicos da sociedade civil»,
B de estrutura circular, de titularidade intersubjectiva, cujo
objecto é indivisível e que são responsáveis pelo
B
aparecimento, no plano da tutela processual, da noção de
«interesse difuso» (o instituto da acção popular é disso
exemp lo paradigmático)
* Não se coaduna com a opção político-criminal do legislador
processual de alargar a área de abrangência do assistente,
prevista no art 68/1 e) CPP, na medida em que faculta a
E constituição de assistente a qualquer pessoa nos crimes aí
previstos
II
■ Mo delo processual penal vigente: num sistema que consagra
uma fase de instrução não obrigatória, que visa o controlo da
actuação do MP durante o inquérito, mais exactamente da
sua decisão de acusar ou de arquivar (art. 286/1), a adopção
de um conceito restrito significa uma diminuição sensível das
possibilidades do dito controlo, uma vez que a ausência de
B um ofendido imediato impede que possa ter lugar a abertura
________ da instrução.__________________________________________________________
m

m
B

a.
B
Ç
279/1 CP). G

Nesses casos, qualqUer pessoa se poderia constituir assistente, c


assim se exprimindo uma nova dimensão da cidadania no quadro fl=
das sociedades modernas, vistas como sociedades de massas, como
defende A.S.Dias. c
« Nos processos por crimes contra bens jurídicos colectivos ou
e
interesses difusos podem, na verdade, constituir-se como
assistentes não só as associações ou outras pessoas colectivas E
legalmente reconhecidas, que defendem os interesses
r-
colectivos em nome e no lugar de todos os cidadãos, como
também todo e qualqu er um do povo  (Lei da Acção Popular). e
■ Ainda que no tipo abstracto não conste o interesse particular,
se em concreto alguém for prejudicado, considera-se g:
protegido refiexamente pela norma incriminadora, e, nessa
medida, pode constituir-se assistente. r*
“ e.g.: AC. TC 8/2006 (Falso testem unho —art. 360 CP) {.£■

Fundamentação: i:
■ Estudos vitimológicos actuais: recomenda uma ampliação r z 
processual da vítima como uma forma de melhor conseguir a
pacificação social, uma finalidade que é consensualmente e  :

cometida ao processo penal


t :
• Dogm ática do bem juríd ico : a par dos bens jurídicos
individuais e dos bens jurídicos colectivos, hoje passaram a c
admitir-se os chamados «bens jurídicos da sociedade civil»,
de estrutura circular, de titularidade intersubjectiva, cujo ■t
objecto é indivisível e que são responsáveis pelo
aparecimento, no plano da tutela processual, da noção de
«interesse difuso» (ó instituto da acção popular é disso
exemplo paradigmático)
• IMão se coaduna com a opção político -crim inaí do legislador
processual de alargar a área de abrangência do assistente, ■S
prevista no art 68/1 e) CPP, na medida em que faculta a
constituição de assistente a qualquer pessoa nos crimes aí
previstos
• Mod elo processual penal vigen te: num sistema que consagra
uma fase de instrução não obrigatória, que visa o controlo da
actuação do MP durante o inquérito, mais exactamente da
sua decisão de acusar ou de arquivar (art. 286/1), a adopção
de um conceito restrito significa uma diminuição sensível das
possibilidades do dito controlo, uma vez que a ausência de
um ofendido imediato impede que possa ter lugar a abertura
________ da instrução._________________________________________________________ t-
p
3. Co n c e i t o r es t r it i v o A constituição de assistente deve admitir-se sempre que haja ET
ALARGADO18 interesses de titularidade individual
individual directam en te afectados.
■ Inte
Intere
resse
sse ime
imedi
diat
ato
o ■ Crivo
Crivo acessório:
acessório: intere
interesse
sse particular tem de constar
constar da norma
norma £
que figura na norma incriminadora £
incriminadora ■ e.g.: AC. AC. TC 1/2003
1/2003 (admiti
(admitido
do a partir do art. 256 256 CP -
falsificação de documento)

Argumentação
- Esta tese conclui que a tese restritiva não é admissível se for usada r-
para interpretar os interesses especialmente protegidos com a
incriminação como se fossem interesses protegidos de modo
exclusivo, ou seja, se se entender que um único interesse é m
protegido
protegido por cada incrimin ação - send o que era este o
entendime nto da jurisprudência clássica.
- De acordo com esta tese entende-se que o vocábulo
"especialm ente" significa
significa que os
os inte resse s são protegid
protegidos
os de modo
particular, ou melhor, que os interesses são directamente
protegidos (ainda que nunca reflexa  ou mediatamente).

CONCLUSÃO: p:
A circunstância da incriminação proteger um interesse de ordem
pública não afasta a  possibilidade de simultaneamente ser também C
imediatamente protegido um outro interesse de titularidade

individual —assim se afirmando a legitimidade material do ofendido
para se constituir assistente; sendo assim, a tese restritiva alargada K
 já esta
es taria
ria em cons
co nson
onân
ânci
ciaa com a teo
te o ria
ri a do bem
be m ju rídi
rí dico
co .

* Paulo da Matta: entende que toda a norma penál protege um sem I E
número de interesses; o "especialmente" serve precisamente para
seleccionar, de entre todos os interesses ou fins tutelados pela lei E S
penal, aqueles que primariame
primariame nte o tipo visou aca utelar - apenas
neste sentido é admissível a utilização jurisprudencial da expressão
protecção imediata ou directa. Não se pode, contudo, daí ' ' E
presumirem-se hierarquias ou pseudo-hierarquias dos interesses
seriam inconstitucionais.__________________________ C
tutelados pois aquelas seriam
k z 

i8 Posição adoptada por Figueiredo Dias (identificação do bem jurídico protegido e, caso o mesmo seja E=
integrável numa esfera jurídica concreta, identificação do respectivo titular), Reis Bravo, Frederico Costa
Pinto, entre outros.
outros. IP
- Esta tese foi primeiramente defendida peia jurisprudência, nomeadamente no acórdão 1/2003 STJ que
considerou que deve, portanto,  po de r co ns tit uir-
ui r- se assis
as sis te nt e   a pessoa cujo prejuízo   foi visado pelo  j e
agente no crime de falsificação de documento (art 256/1 CP), pois embora seja um crime contra a fé
pública
pública - que é um interesse da titulari
titularidade
dade do Estado - o particular também é directamente afectado afectado b =
pelo crime e, como tal, deve poder constituir-se assistente.
- Esta posição foi posteriormente seguida no acórdão 8/2006 STJ, relativamente ao crime de perjúrio
(art 359/t CP), tendo-se considerado que se pode constituir assistente a pessoa visada pela testemunha
que cometeu o perjúrio, enquanto particular, titular de um interesse directamente afectado pelo crime, s=
não obstante tratar-se de um crime contra a realização da justiça, cuja titu/aridade pertence ao Estado.
- Hoje em dia é a tese que se afirma mais na jurisprudência portuguesa. 1=
fC
Conclusões
Conclusões finais :

o Deve poder constituir-se assistente a pessoa cujo


cujo prejuízo foi visado pelo agente no
crime de falsificação de documento (art. 256/1 CP), apesar de ser um crime contra
a fé 
fé   pública, que é   um interesse da titularidade do Estado, pois o particular
também é directamente afectado pelo crime,
o Deve pode r constituir-se assisten te a pessoa visada
visada pela testemunha que com eteu
perjúrio (art. 359/1 CP), apesar de ser um crime
um  crime contra a realização da justiça, que
é outro interesse da titularidade do Estado, pois o particular, também aqui, é
directamente afectado pelo crime. Ou seja, 3   circunstância de a incriminação
proteger um interesse de ordem pública não 3fasta, sem mais, a possibilidade
possibilidade de,
ao mesmo tempo, ser também imediatamente protegido um outro interesse de
titularidade individual, assim se afirmando a legitimidade material do ofendido
para se constituir assistente,
o Em suma, a tese restritiva deve ser expandida até ao ponto de admitir a
legitimidade de constituição de assistente sempre que haja interesses de
titularidade individual directamente afectados

6.3. Requisitos para constituição de assistente


a) Ter legitimidade
legitimidade para tal
b) Esta r em tempo
tempo
c) Pa aa r Taxa de Justiça íart. 519
51911
d) Representação por advogado

6.4. O direito à constituição como assistente e o direito de queixa


O art. 68/ 1 regula a legitimidade para a constituição como assistente.
a) Nos crimes públicos, o ofendido é, em princípio, quem tem legitimidade
para se constituir assistente
b) Nos crim es semi-públicos e pa rticulares , o titular do direito de queixa
de queixa ou de
acusação particular é, em princípio, quem tem legitimidade para se
constituir assistente (art. 68/1/b))
• Ora, 0  titular do direito de queixa ou dé acusação particular é, tambétn
ele, 0  ofendido, o que agora é  determinado em função do art. 113 CP.

6.4.1. A transmissã o por m orte do direito de constituição de assistente


Em caso de morte do ofendido, a ai. c) do art. 68/1 atribui o direito a outras
pessoas «no caso de o ofendido morrer sem ter renunciado à queixa».
■ A letra do preceito induz
induz o intérprete
intérprete a con cluir que o mesmo só se
aplicará aos crimes cujo procedimento dependa de queixa ou de
acusação particular: i
o Pergunto-se então: 
então:  onde está regulada a transmissão do
direito à constituição como assistente nos crimes públicos?
Aparentemente, em lado nenhum!
o Por isso, em fim fim de se evita r a redu ndân cia legal, deve
proceder-se à interpretação ab-rogante lógica 
lógica   da norma do
50
e

art. 68/1/c), no sentido de limitar o seu alcance apenas aos d


crimes públicos. ^

Em conclusão: HSZ.
a ) Quanto aos crimes semi-públicos e particulares, 
particulares,   podem
constituir-se
constituir-se como assistentes ou titulares daqueles ®“
direitos, no s termos do art. 68/1/b)
b) Quanto ao s crimes públicos, 
públicos,  pode constituir-se assistente o
ofendido, nos termos do  do   art. 68/1/a), ou as pessoas
referidas nas ais. c) ou d) do mesm o preceito legal, caso o y
ofendido tenha morrido ou seja menor de 16 anos ou
incapaz po
incapaz  po r outro
r  outro motivo, respectivamen te. 1=

6.4 .2. Regime específico dos crimes particulares B=


Mos
Mos crimes p articulares, são quatro as condições
condições de procedibilidade
procedibilidade (arts. 50/1, gp
246/4,285/1): .
a) A gueixa '

b) Declaração, simultânea à queixo, de aue deseja constituir-se como


assistente
cj ConstituicSo efectiva como assisten te K
d) Dedução efectiva
efectiva de acusacõo
acusacõo particular
particular peio assistente _
*  A de cla raçã
ra çãoo   do queixoso de que se quer constituir como assistente
é quase uma mera formalidade, pois a sua falta é cominada com a
mera irregularidade e não compromete o avanço do inquérito.
» O prazo para a cons tituiçã o de assis ten te é de dez dias, a con tar da C
declaração do queixoso de que se quer constituir assistente (art.
68/ 2)
• O prazo para a dedução de acusação particu lar é de dez dias, a E
contar da
da notificação do MP, findo o inquérito (art. 285/1)

7. As Part es Civis. O pedido de indem indem nização civil em processo penal. O sistem a dito ( 
de adesão. í
Lesado: é aquele que sofre prejuízos com o crime (art. 74/1).
■ O pedido de de indemnização
indemnização civil civil é deduzido pelo lesado: o pedido
pedido pode ser
deduzido pelo lesado contra quaisquer pessoas com responsabilidade
relacionad a com o facto que é objecto do processo pen al ao qual adere a acção \
civil
» O pedido pode ser deduzido pelo lesado contra quaisquer pessoas com '
responsa bilidade civil relacionada com o facto que é objecto do processo penal ;
ao qual adere a acção civi civill (Princípio da adesão: art . 71).
■ Natureza
Natureza civil civil da indemniza
indemnização: ção: art.
art. 129
* Tota l autonom ia da responsabilidade civil peran te a responsabilidade pen al,
pois pode haver absolvição quanto à questão penal e condenação no pedido ’
civil, com resulta dos arts. 84 e 377. í
* Sistem a em que pode ser arbitrada arbitrada a indemn ização a título de reparação pelos
 pr eju
ej u ízo
íz o s sofridos quando particulares exigências de protecção da vítima o '
impon ham: art. 82.S-A 82.S-A

si
7.1. Conjugação do art. 72/1/c) com o art. 72/2
Existem várias posições doutrinárias:
a) Sistema optativo pleno: o lesado pode optar por aprese nta r queixa tendo em
vista a abertura do processo penal ou intentar uma acção civil pedindo a
condenação do responsável no pagamento de uma indemnização civil

b) Não privilegiar crim es Só para crimes semi-públicos e particula res: ofend idos
não devem ser beneficiados com um duplo direito de opção

b l) Sistema optativo pleno: nos termos do art. 72 /1/c), o ofendido pode optar
apresentar queixa tendo em vista a abertura do processo penal ou intentar
uma acção civil pedindo a condenação do responsável no pagamento de
uma indemniyTação civil

b2)Dando sentido útil à al. c) do art. 72/1, não se deve privilegiar


excessivamente o ofendido nos crimes de natureza não-pública; cabe então
distinguir:
i. Lesado pela prática do crime não público - ofendido : nestes casos,
não pode pedir processo-crime em separado se já houver um
processo-crime em curso
ii. Lesado pela prática do crime não público * ofen dido: só a estes e
aplica a al. c) do art. 72/1,  pelo que se reconhece o direito de deduzir
o pedido cível em separado
Estamos neste caso perante crimes em que a legitimidade para promover o
processo penal não está na disponibilidade do lesado
oOra, o ofendido, ao contrário do MP, não tem qualquer
obrigação de promover a acção penal e a sua decisão
de não apresentar queixa não é sindicável.
oPor outro lado, o ofendido poderá.desistir da queixa até à
publicação da sentença de 1.3 Instância, de acordo com
o art. 116/2 CP.
oO que quer dizer que, na perspectiva do lesado, a
promoção e a prossecução do processo penal são
absolutamente incertas, dado que escapam por
completo ao seu controlo.

b3) António Rocha: al. c) do art. 72/1 deverá ser reduzida teleologicamente,
aplicando-se apenas aos casos em que o pedido de indemnização antecede
a apresentação da queixa.
Nos crimes particulares, o pedido de indemnização poderá ser ainda formulado
em separado após a apresentação da queixa: só que isso terá como
consequência a extinção do procedimento criminal, visto a lei, no art. 72/2,
entender essa opção como uma renúncia ao direito de deduzir acusação
particular
7.2. Confissão
A confissão prestada em processo pena) (art. 344/2) não pode ser aproveitada em
processo civil, por força dos arts. 74, 341 e 78.-; mais: a confissão em processo civil
só é possível em depoimento de parte (art. 354 CPC): já esta confissão, porém, vale
também para o pedido de indemnização civil ém processo penal.
PARTE IV: O OBJECTO DO PROCESSO
1. O problema e o seu relevo processual
O problema da identificação e da definição do objecto do processo só   surge num
sistema de processo penal que aceite uma estrutura acusatória -   o tribunal age no
pressu posto da existência de uma prévia acusação.
* Por outras palavras, a estru tura acusatória do processo exige a identidade entre
o acusado , o conhecido e o decidido.

O que é o ob jerto do processo?


É um facto humano com relevância pena l (C. Ferreira)

Relevância
A identidade do objecto é critério decisivo:
a . Da excepção de litispendência
b. Do conteúdo e limites da eficácia do caso julgado
c. Para circunscrever a amp litude da actividade probatória
d. Para decidir os limites do conhecimento de infracção não idêntica ou não
exactamente idêntica, embora devendo aquela manter com esta uma relação
de transferibilidade poten cial na base da m anutenção do objecto do processo
e. Para demarcar o objecto possível dos recursos
f. Da determinação da com petênc ia, da legitimidade, etc.

Valores em jogo
A identificação e a descrição do objecto do processo responde à tensão entre dois
interesses fundamentais
(a ,1 O interesse/ga rantia do arguido no respeito pela.eodem_ res_  da acusação à
sentença, por isso que só assim conseguirá preparar uma defesa pertinente,
eficaz e segura, sem correr o risco de deparar com surpresas incriminatórias e
te r um julgamento leal (exigência de due process).
b. O inter es se público na aplicação do direito penal e na eficaz persegu ição e
condenação dos delitos cometidos

Outros valores que se deverá ter em con ta:


3 . Princípio da acusação/estrutura acusatória;
b. Garan tias de defesa (processo justo /d ue p ro ce ss o f ia w);
c. Princípio do Contraditório (evita r «decisões surpres a», sendo o contraditório
pleno e não uma mera formalidade);
d. Caso julgado (procura evitar-se a potencial contradição de casos julgados);
e. Litispendência e ne bis in indem ;
f. Economia e celeridade processuais. ____________________________________________________

2. 0 principio identidade, da unidade ou indivisibilidade e da consunção


Os princípios fun dame ntais da definição e conhe cimento do objecto do processo são;
a. Princíp io da Identidade: o objecto do processo deve mante r-se idêntico, o
mesmo, da acusação à sentença definitiva.

54
* Mas essa identidade não pode ser entend ida como sendo determinável
de forma lógica, pois é antes um problema jurídico concreto que se
mantêm o mesmo - correlatividade intencional entre um problema e a
sua solução.

b. Princíp io da unid ade ou indiv isibilid ad e: o objecto do processo : o objecto do


processo deverá ser conhecido na sua totalidade , unitária e indiviselme nte.
■ É natural que um problema un itário seja resolvido num só processo, não
só pelo interesse do arguido de que se resolva de uma vez por todas a
totalidade do facto por que é acusado, como também porque a
multiplicação de provas e decisões poderia ser contraditória e até
iníqua.
■ Por outro lado, há a imposição legal de pena unitária
*  Este princípio é, adem ais, uma decorrência do acu satório , no sentido de
que o objecto do processo não é disponível, e é um corolário da
identidade do objecto do processo, no sentido de não haver
disponibilidade no âmbito do mesmo objecto do processo

c. Princ ipio da con sunçã o: o conhe cimen to e decisão do objecto do processo


deverá considerar-se como tendo esgotado a sua apreciação jurídico-criminal
* e.g.: crime continuado, com descoberta posterior ao trânsito em julgado
da decisão condenatória de mais factos integradores do mesmo, ou
delito prévio ou posterior não punível
” A esgotan te cognição corresponde ao interess e do Estado na realização
da pretensão punitiva, como também corresponde ao interesse do
arguido na decisão da sua sorte, pondo-se ao abrigo do vexame de
novos julgamentos.
■ É corolário da identidade do objecto, no sentido de que vai suposta a
consunção relativam ente ao mesmo objecto.

3. O critério da identida de do objecto do processo


 Algun s c rit ér io s in dica tiv os:
a. A identida de su bjec tiva do objecto - pressupõe a identidade do ou dos
arguidos (i.e., se muda  a identidade, então muda com ela o objecto do
processo): eadem personae.  E tratando-se de vários arguidos, ainda que numa
situação de comparticipação, existem pelo menos tantos  objectos quantos os
arguidos (e.g.: a matéria contra o autor é diferente da matéria contra o
cúmplice);

b. A identidade objectiva não se decide por um ponto de vista meramente


qualificativo. Ou seja, o «OP» não deixará de ser o mesmo só porque tenha
variado a sua qualificação jurídica (e.g.: a variação da qualificação de furto para
abuso de confiança com base nos mesmos factos.
■ 0 nomen iuris  é, pois, irrelevante, com isso se rejeitando a doutrina
(francesa e belga) do /o/f qualifié.
* e.g .: a mínima variaçã o das circunstância s de tem po ou lugar da prática
do crime podem, em certos casos, afectar a identidade do «OP».

55
4. O objecto do processo, a estrutura acusatória e o princípio da investiga ção.
A estrutura acusatória do processo exige a identidade   entre o objecto da acusação e o
objecto da cognição e decisão do tribunal.
=> O Objecto do Processo Penal  é, pois, o objecto da acusação, sendo este que, por
sua vez, delimita e fixa os  p odere s de cogn ição do Tribu na l  (actividade
cognitiva) e a extensão do caso julgad o  (actividade decisória).

5. O regime legal
5.1. Definição de conceitos
Depois de fixado o «OP», ainda assim podem aparece r facto s novos.
Factos novos trazidos ao processo podem ser:

. aj Factos totalm ente novo s/ind epen dente s: o que em termos substantivos daria
lugar a um concurso real de infracções  com o objecto do processo em curso.
■ Factos novos são todos os acontecimentos completamente
estranhos à unidade histórico-social de acontecimentos, que, por
corresponderem a um ou vários tipos incriminadores, são im putados
ao arguido no processo.
" Os factos novos traduzem-se não numa diferente representaç ão da
realidade que integra o objecto do processo, mas sim uma realidade
comp letamente diferente.
" Os factos novos surgem em regra casua lmen te no processo crim ina l
q a única relação que com ele mantêm consiste em ter alguma
eventual ligação com o arguido.
o e.g.: num processo po crime de dano (212 CP) um a
testemunha pode depor sobre um crime de abuso de
confiança (205 CP) cometida por outra testemun ha
o e.g.: durante um processo que se debate a responsabilidade
do arguido pela prática de umas ofensas graves a integridade
física cometidas na pessoa de X (144 CP) torna-se
conhecimento que o arguidotinha no mês anterior cometido
um furto qualificado (204 CP): este facto é completamente
estranho ao objecto do processo e por isso não gera
qualquer vicissitude para a tramitaçã o processual.
■ São, nesse sentido, acontecimentos completamente .estranhas à
sequência unitária de factos que integram o processo.
^ Nestes casos, o MP deverá simplesmen te abrir outro
inquérito quanto aos factos totalmente novos, nos termo s do

Se o facto novo surgir durante o inquérito já aberto e a sya


investigação ficar concluída a tempo de ser deduzida
acusação em simultâneo, pode colocar-se a hipótese de ter
'u6ar a conexão de processos, nos termos do art.c24 e ss.
CPP. Caso contrário, nem con exão haverá.

56
SS
RS
O que é um facto processua l? w z 
B. Naturalistas Pedaço da vida; facto ontologicamente
m
considerado
C. Normativistas Facto valorado jurídico-penalmente; i p
axiologicamente valorado
D . Castanbeira Neves Quid   ontológico (caso concreto da vida s r
real) ,mas valorado o ntologicamente ■=
E. F. Isasca Pedaço da vida, real ou hipotético, que se
destaca da realidade e se submete a ■=
apreciação judicial s z 

b. Altera ção de facto s: variação na descrição os mesmos factos. v z 


" Se houve r alteração de factos,  podemos estar perante uma
m
alteração substancial de factos (art. l/l/f)i ou não,
* A alteração substancial de facto s pode dar lugar a uma alteração da
qualificação jurídica, mas não necessariamente.
■='
ALTERAÇÃO NÃ O SUBSTANCIAL DE E:
A l t e r a ç ã o  S u b s t a n c i a l d e  F a c t o s (ASF)
(ANSF)
Fa c t o s
Critérios (art. l/l/ f) ): Havendo factos novos e estes não a :
a. Qualitativo: crime diverso constituírem uma alteração
■=
b. Quantitativo: agravação dos limites má ximos da substancial de factos (porque fll p
moldura abstractamente aplicável resulta.l.aa_.impu!^Sa...d.e....cri!jie
diverso ou nãq_agraye osjimites
«Crime diverso»: critérios
máximos da moldura
a. Na turalistas: crime diverso seria um acontecimento
abstractamente aplicável) estará
histórico completamente diferente ■=
em causa uma alteração não
-> Câmara de filmar que capta tudo
substanciai de factos. m
b. Normativistas
■=> Esta categ oria defi ne-s e por
i) Tipo diverso (E. Correia)
exclusão: havendo uma
ii) Bem jurídico diverso (T. Beleza, S. Mo ura)
alteração de factos (factos
novos),  esta será não m
c. Outras posições
substancial se não for
i) Critério do acontecimen to histórico corrigido
pelo critério da estratégia de defesa do arguido substancial
(A.S.Dias) ■=
ii) Valoração social; imagem social; agravamento T-
da estratégia de defesa (critérios alternativo s de F.
Isasca).
li!) Juíza d e ilicitude e estratégia de defesa (G. ■=
Marques da Silva)
Por sua vez , o regime da alteração substancial de factos é B2=»
variável, consoante os factos novos forem: e :
a. Autonomizáveis
b. Não autonom izáveis IK
57 m z 

m
m
m
f t  í , 5.2. Os mom entos processuais da fixação do objecto do processo.

■ Fixação do objectg dp.processo


Crimes Públicos e O «OP» f ixa-se a partir da acusação do M P (art. 283/1) ou do
Semi-Públicos requerimento para abertura de instrução pelo assistente (art.
■ 287/1/b) _______________________
■ Crimes O «OP» fixa-se a partir da acusação (principal) do assistente
Particulares ./(art. 285) ___________________________________ _________________________

A partir da acusação ou do requerimento para ab ertura de instrução , o «OP» fixa-
I
se nos seus limites máximas..
■ Se o Juiz de Instrução pisar fora das estremas do seu poder de investigação, q art:.
309/1 comina a nulidade   da decisão instrutória na parte em que pronunciar o
■ arguido por factos que constituam alteração substancial dos descritos na
I acusação do MP ou do assistente ou no requerimento para ab ertura de instrução.
o É uma nulidade dependente de arguição, nos termos do art. 309/2.
l Nos termos do art. 3S9/1, uma alteração substancial dos factos descritos na
acusação ou na pronúncia, se a houver, não pode ser tomada em conta pelo
I
tribu nal pa ra o efeito de condenação no processo em curso
I o A. nulidade do incum primento do disposto nesse inciso legal també m
depende de arguição, a qual é tempestivamente feita se o for na
I motivação do recurso, conforme o disposto no art. 410/3.
1 O JIC ou o tribunal de julgamento só noderão d ecidir dentro desses  limites, com a
excepção do «caso julgado d e  consenso» (art. 359/2).
l

l(5.3J O regime da alteração não substancial de factos (AMSF).


1 i. Na Instrução: art. 303/1 e 2
« Se o ANSFn ão de termina ra incompetência do JIC, o JIC comunica
ao arguido a alteração não substancial de factos, interroga-o e, não
| h a v e n d o requerimento pata preparação de defesa, pode prosseguir
com a tramitação.
1 o Havendo requerimento para preparação da defesa, o JIC
deverá conceder o prazo necessário para preparação da
mesma (não podendo exceder 8 dias), ainda que seja
necessário o adiamento do debate instrutório
* Se a ANSF determinar a incompetência do JIC,  a consequência será
a remessa para o JIC competente.

■ Ap/ica-se analogicamente à fase da Instrução  o art. 3 5 S / 2   (AMSF


gerada por factos alegados pela defesa).

-Sg.
ii. No Julgam ento: art. 358/1 e 2
• Sendo de relevo  par a a de cisã o da causa, o  ju iz   comunica a ANSF ao
arguido e pode ocorrer uma de duas situaçõeí:
aj Se a ANSF não foi gerada por factos alegados pela defe sa: é
concedido o prazo estritamente necessário para a preparação
da defesa (oficiosamente ou a requerimento),
b) Se a ANSF foi gerada por factos alegados, nos term os do art.
358/2 não é necessário aplicar o regime garantístico previsto
no n.® 1 do mesmo preceito.

■ Juiz do julgam ento deve reje itar a acusação (do assistente ou do


Ministério Público) na parte em que ela represente uma ASF: art.
311/2/b).

5.4. O reg ime da alteração substancial de factos (ASF).


O regime da alteração substancial de factos é   variável, consoante os factos novos
forem autonomizáveis, ou, peio contrário, não autonomizáveis.

b. Factos autonomizáveis: define-se pela possibilidade de os separarmos


daqueles que já constituem o objecto do processo, de tal sorte que, sem se
prejudicar o processo em curso, sejam criadas as condições para se iniciar um
outro processo penal, sem violação do princípio ne bis in indem   (i.e., que
ninguém seja julgado, no todo ou em parte, por mais do que uma vez pelos
m e s m o s factos)

5 OUJÇÃO
IjNa   Instrução (303/3): os factos autonomizáveis   devem ser destacados
do processo em curso e dar lugar à abertura do inquérito noutro
processo penal (ressalvadas as excepções dos crimes semi-públicos e
particulares), devendo o primitivo processo prosseguir os seus
trâmites.

II) No Julgamento (359/1): os factos novos autonomizáveis   devem ser


igualmente comunicados ao MP para que proceda por eles.

e.g. a possibilidade de autonomização verifica-se nas situações de concurso ideal de


infracções; o arguido bem acusado de homicidio e descobre-se na instrução ou no
 ju lg am en to qu e co m et eu ess e crim e para en co br ir um crim e de vio laçã o co ntr a a
mesma vítima. Neste caso, julgar-se-ia no processo em curso o homicidio , mas com
 pre te riçã o da cir cu nstânc ia ex te m pora nea m ente desc ober ta de o ho m icídio te r 
obedecido á motivação de encobrimento do outro crime; essa circunstância não
 po deria se r to m ada em co nsider aç ão pa ra o ef eito da ag ra va çã o da pe na le gal com
base no hom icidio qualificado, nos termos do a rt 132/1/ff CP, nem se que r pod eria se r 
considerada para o efeito da exacerbação da pena con creta dentro dos limites da pena
legal do homicidio.
Num novo proces so, caberia, po r sua vez, tão som ente investigação independen te e a
decisão do s fa cto s e ventualmente constitutivos do crime de violação (art. 164/1 CP).
isso não deverá constituir um obstáculo à aplicação de uma pena conjunta, p o r virtude
do concurso de crimes, a cargo do tribunal da.última condena ção (a rt 77/X.CP).

Casos Duvidosos: os crimes complexos


Serão autonomizáveis os elementos dos crimes complexos ? 
Há uma certa tendência para admitir a conversão num concurso de
infracções dos elemento s integrantes do tipo legal do crime complexo.
A transformação do crime complexo em duas infracções separadas
permitiria, pois, a abertura de inquérito relativamente aos factos descobertos
na instrução ou no julgamento, sem prejui '2 0  da continuação do  p ro cesso em
curso.
SOLUÇÃO:  não parece que esta solução seja conforme aos
princípios do processo penal de estrutu ra acusa tória.
■ “ A estrutura do acusatório obedece antes ao esp írito de
respeito pelo valor da pessoa do arguido e do seu direito
 K  de defesa.
■ “ É bom de ver, então, que não devem ser apoiadas os
tentativas de suplantar, através de meros expedientes
■ formais, os entraves à verdade material impostas pela
estrutura acusatória do processo!

" Era precisamente isso que sucederia se se quisesse partir
B em dois um facto punível que constituísse uma unidade
ma terial de acção.

. • Não se pode fazê-lol A isso se opõem os princípios da
B indivisibilidade e consunção do  objecto do processo.
■ Em suma, um crime de roubo não deve (não pode!) ser
■ pulverizado nos seus elementos típicos, nem estes
desbaratados por processos penais independentes.


■ c. Factos não autonom izáveis
■ Na hipótese de os factos novos  serem inseparáveis do objecto do processo em
curso, a solução não é pacífica.
■ Nas soluções a dar, caberá estabelecer uma concordância prática entre o interesse
■ do arguido e o interess e público.
e.g. circunstâncias modificativas agravantes especiais nominadas (art. 132.2)
K nunc a teriam, po r definição, a relevância suficiente para suste ntar sozinhos um
objecto de processo à parte.
1


n

i
1 São crimes complexos aqueles tipos legais de crime que mantêm uma flliaçSo de especialidade  com
i respeita a dois ou mais tipos fundamentais (e.g. roubo, o qual é, preferencialmente, especial por
referência ao furto, e é também, secundariamente, especial por referência - agora em alternativa - às
v ofensas à integridade física ou à coacção).

_ i_

I
*S

í. Na Instruçã o 8=
Neste âmbito defrontam-se duas correntes, sendo a segunda subdividida em
C
três.

A) P r i m e ir a c o r r e n t e  ( T e s e d a  C o n t i n u a ç ã o d o P r o c e s s o ) : para P.S.Mendes, esta


é a única resposta compatível com a concreta estrutura acusatória do nosso (E
processo penal, no qual a função do juiz de instrução é materialmente 1=
 ju di ci al (e nã o materialm en te policial ou de av er ig ua çõ es ).
* Assim , nada haverá a fazer quando ocorra, na fase de instrução (e,
por maioria de razão, o mesmo vale na fase de julgamento), a
E
descoberta de factos substancialmente diversos mas inextrincáveis
do objecto do processo em curso, devendo então o processo r
prosseguir os seus trâmites com inexorável  sacrifício parcial do
conhecimento da verdade material. c
■ irrelevância total da alteração substancial de factos não
autonomizáveis
* Os factos novos não deverão ser conh ecidos: pronu ncia-se o arguido
pelos factos de que vinha acusado; ignoram-se os novos factos, quer
c
neste processo, quer em qualquer outro.
* Tes e defendida por P.S.Me nde s, T. beleza, F.C.Pinto e G.M . dos c
Santos
E-
Argumentos: i=
o As restantes soluções recorrem a m eros exped iente s formais,
nomeadamente ao «parcelamento engenh oso do facto» C
o No limite não se deixa de punir (factos antigos), apenas não se
pune por mais (factos novos)
fc
o O sacrifício da verdade ma terial é  inexorável num processo com 1=
estrutura acusatória.


B) S e g u n d a c o r r e n t e : devem conhecer-se todos os factos em conjunto (os (
«antigos» e os novos não autonomizáveis); porém, esse conhecimento não
poderá ser imediato
" Este conhecimento tem de ser no âmbito do mesmo processo, só
que não pode s er imediato.
* Defende-se entSo que há uma lacuna (art. 4.2): quidjúris? 

Sub-Te ses dentro da Segunda Corrente:


B l ) T es e d a r ep et i ç ã o d o I n q u é r i t o (S u s p e n s ã o d a I n s t â n c i a ) : esta
solução passa pelo apelo às normas do processo civil, com
base no art. 4.2 CPP, aplicando-se então o regime da
suspensão da instância, especialmente com respeito aos arts.
2 7 6 . 8 / 1 /c e 279.2/ l , infine  do Código de Processo Civil (CPC).
■ Ordenada a suspensão da instância pelo juiz de
instrução, haveria lugar à repetição do inquérito, ifndo
o qual, das duas uma:

61
o
Ou o MP condui pela suficiênc ia de indícios
quanto a todos os factos e dedu 2  acusação
também pelos factos que levantaram a
suspeita da alteração substa ncial de factos
o Ou não conclui naque le sentido e mantém a
primeira acusação
* No primeiro caso, todos os factos são introduzidos na
instrução, ficando consequen temente sujeita s a um
despacho de pronúncia ou de não pronúncia
(portanto, a uma decisão judicial de com provação),
» Isto significa que o processo regre ssar ia à fase de
inquérito para que houvesse novo inq uérito sobre
todos os factos em conjunto

B 2 ) T es e d a o r g a n i z a ç ã o d £ u m m o v o pr o c es s o c o m t o d o s o s f a c t o s
esta solução passa novam ente pelo
( A b s o l v i ç ã o d a  I n s t â n c i a ) ;
recurso às normas do processo civil, com base n o art. 4.b CPP,
aplicando-se agora o regime da absolvição do instância (art.
288, 289, 393/2 e 494 CPC), por se considerar have r uma
excepção dilatória inominada (devido à falta de um
pressuposto processua l relativo ao objecto do processo),
arquivando-se o processo.
* A solução seria , pois, a da não pross ecuçã o dos autos
de instrução, emitindo-se uma me ra decisão de f orma.
* Rigorosamente, nem se poderá falar aqui de «não
pronún cia», porque a debruçar-se sobre o fundo da
questão , o juiz só o fará na est rita medida do
necess ária à apreciação da questão prévia da falta de
poderes de cognição do juiz.
* Assim, o JIC proferirá uma decisão instrutória que não
é de mérito, porque antes deparou com o obstáculo da
falta dum verdadeiro pressuposto processual, relativo
3o objecto do processo (cfr. art.-308/3 CPP),
* Esta solução parece basear-se na ideia de que a falta
de acusação do MP relativamente aos factos que
viriam a consubstanciar a alteração de factos ocorrida
na instrução tornaria o juij de instrução
absolutamente incompetente (incompetência
material), o que valeria como falta de um pressuposto
processual, dado lugar à absolvição da instância

B3) t e s e d a  A n u l a ç ã o d o segundo esta tese, na falta de


Pr o c e s s a d o :
caso análogo, dever-se-ia recorrer à «norma que o próprio
intérprete criaria, se houvesse de legislar dentro do espírito
do sistema» (art. 10/3 CC).
 Ifnt
Neste caso tratar-se-ia da preterição de uma ;*=3
nulidade insanável  (art. 119/d) CPP), ou de umá
nulidade dependente de arguição (art. 120/2/d) ■£=
CPP)
A Reforma de 2007 apenas proíbe a solução de
«absolvição de instância», pois só esta implica ■=
extinção da instância (cfr. art. 303/3 e 259/1);
assim, a suspensão da instância e a anulação do *=
processado continuam a ser soluções válidas í=
mesmo depois da Reforma de 2007 pois nenhuma
delas extingue a instância (cfr. art. 287.2 CPC) ■=
*=
Crimes alternativos
Os casos de altei natividade são os casos em que a matéria da alteração substancial
de factos implica a subsunção dos factos num tipo legal de crime alternativo,  com ( .
respeito àquele que estava pressuposto no objecto do processo em curso. ( “
e.g. o arg uido s acusad o de fur to <i descob rs-m, na instrução, qu e ndo podia U r 
>ubtraiào a coisa porque a mesma já antes tinha sido entregue á sua guarda,
embora depois se tivesse apropriado dela.
e.g .: dolo passa a negligência
e.g. cu mplicidade passa a autoria
e.g. crime com etido em local e hora diferente Cp
e.g. crime consumado passa a tentado
P o s i ç ã o d e  P . S . M en d e s
c :
“ Também aqui os factos descobertos na instrução, aliás incompatíveis com o E :
objecto do processo em curso, devem dar lugar a abertura de inquérito (mas
o procedimento criminal depende de queixa, nos termos do art. 205/3 CP). £
■ 5ó que destino do processo em curso há-de ser, ao termo da fase de
m
instrução , a proferição pelo juiz de um despacho de não pro núncia.
i
P o s i ç ã o d e  J o ã o  C a í r e s ( 
* Diz, e com razão, que segundo a Tese de P.S.M end es (continuação do £ 
processo) o arguido não seria  pro nu nc ia do/c on den ado  a nenhum título (nem m
por furto, nem por abuso de confiança), uma vez que a Reforma de 2007 não
passou a abrang er os casos de alternatividade . m
« De facto, uma vez proferida a decisão de não pronún cia/abso lvição pelo
crime de furto, não se poderia abrir novo processo apenas pelos novos
factos (apropriação ilegítima) pois este novo processo está condenado à
partida, pois se os novos factos não são autonomizáveis, para què abrir um
inquérito d estinado ao arquivamento? c
o Conclusão: a eventual abertura dum novo  processo penal está condenada s
ao fracasso pois não se podem apreciar os factos «antigos» (furto) porque
encontram já cobertos pelo princípio do ne bis in idem   e os factos novos
(apropriação ilegítima) isolados, de nada valem.


I

I tt, ■=> SOL UÇÃO: R egressar ao inquérito no âmb ito do processo penal pen dente para
I conhe cer todos os factos em conjunto.
Como? Aplicando a anulação do processado por analogia (art. 120/2d) CPP)
I • Ju s t i f i c a ç ã o :

i ; o Em rigor há insuficiência de inquérito,   pois este não abrangeu todos os


factos em conjunto (e estes têm de ser apreciados em conjunto uma vez
i que não são autonomizáveis)
i
o Asseguram-se toda s as garantias de defesa eficaz ao arguido des de o início
i 1
por todos os factos
o A solução propugnada não é forma lísta; não parcela factos; respe ita a
■ ;
estrutura acusatória e assegura (de modo pleno) as garantias de defesa
i eficaz.
i ! o 0 MP não recebe ordens do Juiz (nem de instrução, nem do julga me nto),
podendo o MP terminar o novo inquérito «como entender», rectius: de
i : acordo com os critérios da mais estrita objectividade e defesa da
legalidade. Ou seja, o Juiz limita-se a despachar o processo para o MP não
i
lhe indicando o que este deve ou não fazer.
i 1
F u n d a m e n t a ç ã o  G e r a l :
» ] o Nestes casos, não punir pelo men os (o furto) nem pelo mais (o abu so de
i confiança), parece desadequadoí   O arguido ficaria totalmente livre de
promoção penal; não seria promovida nenhuma acção penal (nem por
i / furto, nem por abuso de confiança),
o Do sacrifício parcial da verdad e materia l (como inexorável) passar-se-ia ao
i
.i sacrifício total  da realização da justiça e da descoberta da verdade,
I o O Processo penal não satisfaria nenhum interesse, porventura nem o do
arguido que eventualmente gostaria de ver a sua situação de inocente
I declarada mesmo perante o crime de abuso de confiança,
I o Conclusão: é ma nifestam ente desadequado a não promoção pena l a
___________ qualquer título! ________ __________________________________________________________
r-
li. No Julgamento
I
Na fase de julgamento, as respostas possíveis só podem agora passar por uma
I de duas: primeiro, a organização de um novo processo penal com todos os
factos ou, segundo, a continuação do processo em curso.
f  * Nesta fase, F. Isasca já não defend e a suspensã o da instância, mas an tes
a consideração dos factos não autonomizáveis dentro da medida da
pena legal que couber aos factos do objecto inicialmente proposto (a
ideia é a de «vamos condená-lo jál»)
o Críticas: flagrante violação do processo justo/equitativo, da
estrutura acu satória e da vinculação temá tica,
o O que se proíbe pela porta (conhecimento dos novos factos no
processo pende nte como crime autónom o) seria pe rmitido pela
 jan ela (valoração dos novos factos como circu nstânc ias
agravantes do crime de que o arguido vinha acusado).
5.4.1 . Soluções de consenso
Caso se trate duma situação de alteração substancial de factos não
autonomizáveis |ou mesmo autonomizáveis) poderá considerar-se que o
silêncio do arguido perante a comunicação da mesma vale coma consenso  para
efeitos do art. 359/3 CPP (aplicável analogicamente à instrução ex vi  art. 4.9
c :
CPP).
* Não. O acordo pressuposto no art. 359/3 , como garantia de defesa do
arguido, não é assegurado com declarações  tácitas ou comportamentos
concludentes. Tal corresponderia a uma fraude do regime prevista no S5
CPP. JE

5.5. A alteração d e qualificação jurídica .


Caracterização; essencialmente os factos mantêm-se; a sua valoração jurídico-
penal é que diverge.
e :
Intngmçiso no objecto do processo ( m
a. Doutrina ma ioritária: não integram o objecto/não alteram o objecto ( *"
* F.lsa sca ; a alteração da qualificação jurídica é totalme nte livre pois o J f;
arguido defende-se de factos e não das imputações jurídicas
b. G. Ma rque s da Silva: adopta doutrina do fait quolijié: i alteração da norma K
incriminadora pode alterar a significação   do facto, logo a sua relevância
s:
 jurídico-p ena
c. P. Sousa Me nde s: o problema jurídico é composto por elemen tos de facto e
de direito e a diferença entre estes é mais de ordem metodológica do que
substancial.
c:
Posição adoptada
ij  A alteração da qualificação jurídica nõo é livrei (cfr. art. 303/5 e 358/3 Km-
CPP 20 21);
m
ii) Logo, integra o conceito de objecto do process o. Até porque Factos sem
a respectiva imputação não são um problema jurídico; r 
iii)  O regime aplicável à alteração da qualificação jurídica , nos termos do (
CPP é o da alteração não substancial de factos (ANSF), o que significa
que há uma variação do objecto d o processo; g
iv j  Contudo, tal não significa que sem pre que estehamos peran te uma
alteração de qualificação jurídica (AQF) seja aplicável o regime da Eí
alteração não substancial de factos (ANSF) __
O Posição de João Caíres: sem pre que houver uma alteração de
qualificação jurídica deve proceder-se a um  ju íz o co m pa ra tivo gj
entre essa situação e uma ASF/ANSF.
o Dever-se-á procurar saber se a AQF é mais próxima da ANSF ®
(caso em que se aplica o regime legal de sta) ou mais g
próxima da ASF - caso em que se deve ap licar o regime da
ASF. S3

10 Correspondendo è boa interpretação do Ti no Ac. 445/S7.


31 Tai posição já correspondia à boa doutrino -  Cíaus Roxin: «a nova  qualificação jurídica deve ser
transmitida ao arguido par a que este possa eficazmente defender-se».
o Uma AQJ pode «esconder» uma situação que,
substancialmente, seja uma ASF, pelo que deve merecer
igual tratamento/beneficiar de igual regime jurídico.

5.5.1. Regime da alteraçã o de qualificação jurídica.


Na Instrução: remissão para o regime da ANSF (art. 303/5)
• A remissão do n.s 5 para o n.s l do art. 303 abrange todo o regime da
ANSF, isto é, deve entender-se esta remissão em bloco, pelo que tem
lugar a aplicação do art. 303/3.
» AQJ em violação do regime do art. 303: é com inada a mesma sanção do
regime previsto para a ANSF na fase de instrução, i.e., a mera
irregularidade dependente de arguição e sanávei  (art, 323/1 ex vi  art.
118/2 e por exclusão do s arts. 119 e 120 22.

Mo Julgam ento: rem issão para o regime da ANSF (art. 358/3)


• A rem issão do n.e 5 para o n.s 1 do art. 303 abra nge todo o regim e
da ANSF, isto é, deve entender-se esta remissão em bloco, pelo que
tem lugar a aplicação do art. 303/3 .
" A sentença que conde ne por divers a AQJ, em  violação do art. 358(3 é
nula, aplicando-se por analogia o regime da preterição das regras
relativas à ANSF (art. 379 /b)) também aos casos de AQF.
o Ou seja, onde se lê no art. 379/1/b ) «condenar por factos
diversos», deve ler-se «condenar por factos ou qualificações
 juríd icas dive rsas,
o De facto, se não houvesse cominação de sanção o regime do
art. 358/3 seria uma mera formalidade - com a agravante de
ser completamente inútil e iníqua porque não teria qualquer
sanção.

mesmo sentido, Ac. TC 411/2001.


s:
5.5 .2. Não prova de um facto. e :

Não prova de um facto: num processo em que apenas não se prove um


É:
facto (não se acrescentando mais eleme ntos). O que poderá h ave r?_________ I :
i) Nada de relevante : o facto não provado não altera qualquer
i :
situação nem sequer uma diversa qualificação jurídica.
e.g.: arguido acusado de homicídio com duas balas na testa; I
no Julgamento só fica prov ada uma das balas.
ii) Mera alteração da qualificaçã o jurídica (strictu sensu ): imputação m
de outro crime distinto daquele que o arguido vinha acusado; m
iii) Poderá ser uma alteração substancial de factos ?
“ Para alguns autore s, no limrte tal poderá suced er se houver c
uma variação do o bjecto.
« G. Marques da Silva: qu ando se impute um «crime
E
substancialmente d iverso», tal poderá suceder. E
Nov íssima posição de João Caíres ( É 
Não prova de um facto pode gerar fac to n egativo inverso. E
•_______ Esta nova solução opõe-se ao entendimento clássico de que só há
________ factos novos quando há adição de um facto._____________________________ W.

e  :

£5

&
PARTE 1: INTRODUÇÃO E TEORIA DA LEI PROCESSUAL PENAL 2 _j
B
1. Co n c e i t o d e d i r ei t o  P r o c e s s u a l  P e n a l 2 E
2. R e l a ç ã o e n t r ê o  D ir e it o  P r o c e s s u a l  P e n a l e o  D i r e i t o P e n a l  2
3. M o d e l o s h i s t ó r i c o s d o  P r o c e s s o  P e n a l . 2
S
4. 0 CPP '8 7 E A ESTRUTURA ACUSATÓRIA 00 PROCESSO 2 E
5. A NATUREZA PROCESSUAL DOS CR1ME5. 2
E
5.1. CRIMES-PÚBLICOS 2
5 .2 . CRIMES SEMI-PÚBLICOS 3 E
5 .3 . CRIMES PARTICULARES 3
c
6. A RELEVÂNCIA CONSTITUCIONAL DO PROCESSO PENAL. A ARTICULAÇÃO ENTRE AS GARANTIAS PENAIS
SUBSTANTIVAS E AS GARANTIAS PROCESSUAIS. 3 c
6.1. V a l i d a d e t e m p o r a l d a l ei p r o c e s s u a l pe w a l 3
6-1 .1- AS NORMAS PROCESSUAIS MATERIAIS 3 (JÉ
( ^
PARTE II: A TRAMITAÇÃO DO PROCESSO PENAL 4
m
1. AS FORMAS DE PROCESSO ACTUAÍ5. 4 m
2. O CARÁCTER SUBSIDIÁRIO DA FORMA DE PROCESSO COMUM. 4 E
3. A GRAVIDADE DOS CRIMES E A5 FORMAS DE PROCESSO. 4
4. A NATUREZA PROCESSUAL DOS CRIMES E AS FORMAS DE PROCESSO. 4 c
5. AS FASES DO PROCESSO COMUM. 5 E
5.1. A AQUISIÇÃO DA NO TÍCIA DO CRIME. 5
5 .2 . 0 AUTO DE NOTÍCIA. 6 IS
6
5.3.
5 .4 .
C r im e s c u j o p r o c e d i m e n t o c r im in a l d e p en d e d e q u e i x a
AS MEDIDAS CAUTELARES E DE POLÍCIA. 7
IS
5.5. De t e n ç ã o . 7 m.
5.5.1. d e t e n ç ã o em f l a g r a n t e d e l i t o 7
í
5.5.2. d e t e n ç ã o f o r a d e f l a g r a n t e delito 8 ( 
5 .6 . A FASE DE INQUÉR/TO. 8 "c
5-6 .1 . A DECISÃO DE ABERTURA DO INQUÉRITO. 8
5 .6 .2 . 0 ACTO DE ABERTURA DO INQUÉRITO. 9
ic
5 .6 .3 . ÂMBITO E FINALIDADE DO INQUÉRITO. 9 E
5 .6 .4 . A DIRECÇÃO 0 0 INQUÉRITO. 9
5 -6 .4 .1 . INTERVENÇÃO DO JUIZ DE INSTRUÇÃO CRIMINAL. 9
c
5 .6 .5 . OS PRAZOS DO INQUÉRITO. 9 m
5 .6 .6 . A CONSTITUIÇÃO DE ARGUIDO NA FASE DE INQUÉRITO 10
5 .6 .7 . 0 SEGREDO DE JUSTIÇA NA FASE DE INQUÉRITO 10

5 .6 .8 . A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO. 10 ■=
5 .6 .8 .1 . 0 DESPACHO DE ACUSAÇÃO 10
5.6.8.2. O DESPACHO DE ARQUIVAMENTO (SIMPLES). 12
5.6.9. A CRIMÍNAUDAD E BAGATELAR EA NECESSIDADE DE CRITÉRIOS DE OPORTUNIDADE 13 m
5 .6 .9 .1 . 0 ARQUIVAMENTO EM CASO DE DISPENSA DE PENA. 14

69 ■E
n=
m
5 .6 .9 .Z . A SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO. 16
5 .6 .9 .3 . O ENVIO PARA A FORMA DE PROCESSO SUMARÍSSIMO. 18
5.7. A FASE DE INSTRUÇÃO. 18
5.7.1. O REQUERIMENTO PARA ABERTUR A DA INSTRUÇÃO DO ARGUIDO. 19
5 .7 .2 . O REQUERIMENTO PARA ABERTURA DA INSTRUÇÃO DO ASSISTENTE. 20
5 .7 .3 . DA INSTRUÇÃO EM GERAL 21
5.7.4. O ENCERRAMEN TO DA INSTRUÇÃO: O DESPACHO DE PRONÚNCIA E O DESPACHO DE NÃO PRONÚN CIA.
21
5 .8 . A FASE DE JULGAMENTO. 23
6. FORMAS DE PROCESSO ESPECIAIS. 26
6 .1 . O PROCESSO SUMÁRIO. 26
6 .2 . O PROCESSO ABREVIADO. 26
6 .3 . O PROCESSO SUMARÍ5SIM0. 27

PARTE III: 05 SU.IHTOS PROCESSUAIS ______________;_________________ 27

1. A TEORIA DOS SUJEITOS PROCESSUAIS: INTERVENIENTE5 NO PROCESSO PENAL E SUJEITOS PROCESSUAIS.


28
2. O TRIBUNA L: ORGANIZAÇÃO, ESTATUTO JURfDICO E COMPETÊNCIA. 28
2 .1 . PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 28
2.2. REGRAS DE COMPETÊNCIA 29
2.2.1. A COMPE TÊNCIA FUNCIONAL, A COM PETÊNCIA MAT ERIAL E A COM PETÊNCIA TERRITORIAL. 29
2. 2. 2 . O TRIBUNAL DO JÚRI, 0 TRIBUNAL COLECTIVO E 0 TRIBUNAL SINGULAR. A DISTRIBUIÇÃO DA
COMPETÊNCIA MATERIAL. AS RESERVAS DE COMPETÊNCM MATERIAL. 31
2 .2 .3 . A COMPETÊNCIA POR CONEXÃO. 36
2 .2 .4 . A DECLARAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. 38
2 .2 .5 . CONFLITOS DE COMPETÊNCIA. 38
2 .3 . IMPEDIMENTOS E SUSPEIÇÕES 39
3. O M in is t é r io  P ú b l i c o . 39
3.1. E s t a t u t o d o MP 39
3 . 2. O MP CO MO PARTE ACUSADORA? 39
3 .3 . ATRIBUIÇ ÕES DO M P NO PROCESSO 39
3.3.1. R es t r iç õ es a o e x e r c í c io d a a c ç ã o p e n a l p el o MP 40
3.4. A INTERVENÇÃO do s ÓRGÃOS DE PoLlCIA CRIMINAL 40
4. O ARGUIDO. 41
4 .1 . A CONSTITUIÇÃO DE ARGUIDO. 42
5. O De f e n s o r . 44
6. O A s s i s t e n t e. 44
6.1. Po d e r e s do assistente 45
6.2 . A CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE: LEGITIMIDADE 45
6 .3 . REQUISITOS PARA CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE 50
6 .4 . O DIREITO À CONSTITUIÇÃO COMO ASSISTENTE E O DIREITO DE QUEIXA 50
6.4.1. A TRANS MISS ÃO P OR MO RTE DO DIREITO DE CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE 50
6.4.2. R e g i m e e s p e c If i c o d o s c r im es p a r t i c u l a r e s 51

70
i=

£
7. AS PARTES CIVIS. O PEDIDO DE INDEMNIZAÇÃO CIVIL EM PROCESSO PENAL. O SISTEMA DITO DE ADESÃO.
51 e
7.1. CONJUGAÇÃO DO ART. 7 2 / 1 / c ) COM O ART. 72/2 52
E=
7 .2 . CONFISSÃO 53
E E
PARTE IV: O OBJECTO DO PROCESSO 54 CE
C f 
1. O PROBLEMA E O SEU RELfVO PROCESSUAL 54
2. O PRINCÍPIO IDENTIDADE, DA UNIDADE OU INDIVISIBILIDADE E DA CONSUNÇÃO 54 EE
3. O CRITÉRIO DA IDENTIDADE DO OBJECTO DO PROCESSO 55
4. O OBJECTO DO PROCESSO, A ESTRUTURA ACUSATÓRIA E O PRINCÍPIO DA INVESTIGAÇÃO- 56 W 
5. O REGIME LEGAL 56 B
5.1. D efinição de con ceitos 56
5 .2 . OS MOMENTOS PROCESSUAIS DA FHíAÇÃO DO OBJECTO 0 0 PROCESSO. 58  M 
5 .3 . O REGIME DA ALTERAÇÃO NÃO SUBSTANCIAI. DE FACTOS (A NSF ). 58
5.4. O REGIME DA ALTERAÇÃO SUBSTANCIAL DE FACTOS (ASF). 59
( '*
65
13
5.4.1. S o l u ç õ e s d e c o n s e n so
5 .5 . A ALTERAÇÃO DE QUALIFICAÇÃO JURÍDICA. 65 Cl
5.5.1. R eg im e d a a l t e r a ç ã o de q u a l if ic a ç ã o j u r í d i c a . 66

5 .5 .2 . NÃO PROVA DE UM FACTO. 67


5 .6 . METODOLGIA PARA r e s o l u ç ã o d e c a s o s p r á t i c o s 68

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