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UNIVERSIDADE DE LISBOA
DIREITO
PROCESSUAL
PENAL
TRAMIT
TRAMITAÇÃ
AÇÃO
O / SUJEITOS PROCESSUAIS
PROCESSUAIS / OBfECT
OBfECTO
O
PARTE I: INTRODUÇÃO E TEORIA DA LEI
PROCESSUAL PENAL
1. Conceito de Direito Processu al Penal
O Direito Processual Penal é o conjunto de normas jurídicas que disciplinam a
aplicação do direito penal aos casos concretos, ou noutra fórmula, o conjunto das
normas jurídicas que orientam e disciplinam
disciplinam o processo
processo penal.
3. Modelos históricos
históricos do Processo Penal.
Penal.
a) Mo delo inquisitório
b) Modelo acusatório
c) Mo delo misto
5.1. Crimes-Públicos
Crimes cujo
cujo processo é iniciado oficiosamente
oficiosamente pelo MP, sem necessidade de
intervenção do ofendido ou das outras pessoas.
Nos crimes públicos vigora o princípio da oficialidade (art. 48 e 262/2), ou seja, a
iniciativa e a prossecução processuais pertencem ao M P. _ v
■ Chegamos à conclusão de que estamos
estamos perante um crime pattfe
pattfeat
ater
er
quando, analisando o preceito do tipo incriminador em causa, não
encontramos referência a nenhuma condição de procedibiíidade num
2
dos seus números nem em qualquer outro preceito que com e(e
mantém uma proximidade sistemática.
3
PARTE II: A TRAMITAÇÃO DO PROCESSO
PENAL
1. As form as de processo actuais.
No sistema do CPP de 1987 há duas grandes modalidades de processo: a forma
comum e as formas especiais.
4
(ou de outros), de que se quer constituir assistente, constituição de assistente
(art. 68/2) e acusação particular (art. 285/1), mas só não podem ser-'
pro ce ssados em proc es so su mário (uma vez que não pode haver, nos crimes
particulares, detenção em flagrante delito, que é requisito do processo
sumário, nos termos do art. 255/4).
* Actualmente, os crimes particulares podem se r processados em
processo sumarfssimo (a rt. 392 /2) e sob a forma de processo abreviado
(art. 391-B/3).
O MP ad quire a noticia do crime através de uma das segu intes formas (art. 241):
a) Conhecimento próprio
b) Por intermédio dos órgãos de polícia criminal (cfr. 248)
c) Por denúncia (transmissão ao IVIP do conh ecim ento de factos com eventua l
relevância criminal, na forma estabelecida por lei, para efeitos do
procedimento criminal)
■ Distingue-se denúncia obrigatória, que impende sobre os funcionários
(art. 242), dos casos de denúncia facu ltativa (art. 244).
* É admissível a denún cia contra desconhecidos, visto caber nas
finalidades do inquérito a determinação dos agentes da infracção (art.
262/1).
1 Alguma doutrina (F.CP into), porém, prefere indicar cinco fases do processo comum: (1) aquisição da
notícia do crime (art. 241 ss.); (2) o inquérito; (3) a instrução; (3) o julgamento; (4) e os recursos (art. 399
ss.)
3 0 debate doutrinário em volta dos crimes sujeitos a «denúncia obrigatória» parece ter perdido muito
da sua pertinê ncia com a alteração do n.9 3 do art. 242.9 CPP ievada a cabo pela Re forma de 2007.
5
■ Há aliás uma grande utilidade a favor da tese denúncia obrigatória para os
crimes semi-públicos e particulares, que se liga com a questão do auto de
notícia (art. 243.® CPP). Admitindo a denúncia obrigatória para os crimes
semi-públicos e particulares, admite-se igualmente que possa ser lavrado
auto de notícia por parte de uma autoridade pública que presenciou um
crime de denúncia obrigatória (art. 2 43.g/ l CPP).
■ A maioria da doutrina, que nega a denúncia obrigatória pará os crimes
semi-públicos e particulares, nega também que deva ser levantado auto de
notícia em caso de flagrante delito desses crimes (auto de notícia é um
documento lavrado por uma autoridade pública que presenciou um crime
de denúncia obrigatória, nos termos do a rt. 243/1).
■ Contra a maioria da doutrina, diz P.S. Mendes que, quando a autoridade
pública tenha verificado por conhecimento próprio o cometimento do
crime, seja ele semi-público ou particular, continua a ser útil o auto de
notícia como m eio de conservação da prova, m ais ainda se co nsiderarmos o (
seu valor probatório particular (art. 169 .s, ex vi art. 99.S/4 CPP).
° Num crime semi-público ou particula r em que não haja auto de notícia o
ofendido pode ter grande dificuldade de fazer prova do que se passou se
não existir este meio de prova especial, demais a mais com o valor que lhe
é atribuído.
4 Nessa medida, o auto de notícia só pode ser lavrado nos casos de detenção em flagrante delito «strietu
sensu». Fora desses casos, o auto de notícia estará sempre ferido d e falsidade ideológica.
e
« A queixa, declaração de que se quer constituir assistente,
constituição de assistente e acusação particular são, assim,
condições de procedibílidade, a satisfazer nos diferentes momentos
do processo em que são devidas; do seu cumprimento depende a
legitimidade do MP .
5.5. Detenção.
Finalidades da d etenção
A detenção não diz respeito apenas aos suspeitos de um crime; estes não são os
únicos susceptíveis de serem detidos.
■ Qualquer pessoa pode se r detida desde que essa detenção seja necessária
para assegurar a sua presença num acto processual presidido por um juiz,
em qualquer fase processual (art. 116/2)
A avaliação do MP
O MP tem de avaliar se a denúncia constitui ou não uma notícia do crime,
devendo a seguir decidir, em função disso, se é de abrir ou não inquérito (art.
38/1/a) e d), e art. 246/4/a}), não obstante todas as denúncias ficarem
registadas, mesmo as manifestamente infundadas.
■ Nessa medida, não se pode dizer que o MP tem de abrir inquérito face a
qualquer denúncia, mesmo a mais inconsistente.
• Porém, a avaliação do MP não deve ser confundida com o juízo de
oportunidade.
5.6 .2. O acto de abertura do inquérito .
O inquérito inicia-se com um despacho do MP a determinar a sua abertura.
* Este despacho do MP é o prim eiro oc to do pr oc ed im en to e, sem ele, o
processo é nulo (art. 119/b)), por falta de promoção do MR, que é quem
tem legitimidade para promover o processo penal, nos termos do art.
48.
Indícios suficientes
«Consideram-se suficientes os indícios sempre que deles resultar uma
possibilidade razoáve l de ao arguido vir a ser aplicada, por força deles, em
julga men to, uma pe na ou uma medida de segurança » - art. 283/2.
* O critério para o MP se decidir pela acusação deve apontar para um
ju íz o ca te gór ico : o MP tem de estar convencido de que, se houver
julga me nto, o arguido em qu estão será con denado .
o O facto de a lei falar numa «possibilidade razoável» não
significa que o MP não tenha de e star conven cido disso.
■ O critério da «possibilidade razoável» não é probabilístico: o MP
deve estar convencido de que há razões para a condenação e
pronuncia um iuízo categó rico com base nas provas recolhidas.
5 NS o confundir com os «fortes indícios» exigidos no art. 202/I/a), a propósito da prisão preventiva
{digamos, 75% de probabilidade}
10
o Segundo Castanheirà Nev es, esse juízo releva (ou deve
revelar) um «grau de convicção equivalente ao do juiz do
momento em que pronuncia a sentença» - só que o material
probatório recolhido pelo MP na fase de inquérito não é, por
definição, tão completo quanto as provas disponíveis no
momento do julgamento; é, no entanto, um grau de
convicção sem elhante,
o João Caíres, considerando qu e a tese anterior é muito boa
na teoria, mas impraticável na prática (nunca se acusava
ninguém quase!), considera que os «indícios suficientes»
devem reflectir uma probabilidade raiana da certeza.
11
A posição do MP em relaç ão a o arguido
De resto, o MP pode em qualquer processo sentir que tem de tomar a
posição de defesa do arguido.
" Até na fase dos recursos, o MP pode reco rrer no exclusiv o
interesse do arguido.
■ Isto compreende-se porque vai mudando o conhecim ento da
matéria de facto ao longo do processo, não sendo o MP uma
parte interessada na condenação, pois só está comprometido
com a descoberta da verdade e deve pautar a sua actuação por
critérios de estrita legalidade/objectividade.
o Há mu dança s que advêm de o próprio agente do MP em
cada uma das fases do processo não ser o mesmo,
podendo ter visões diferentes do objecto do processo.
12
à prim eir a vis ta, se r reaberto com novos elementos de
prova.
13
■ As soluções de processo penal orientadas pelo princípio da
oportunidade passam pela busca do consenso, informalidade, eficácia,
celeridade, falta de publicidade, diversão e ressocialização.
o No actual CPP de 198 7, foram con sagradas várias expre ssõe s de
oportunidade:
a) Processo sumaríssimo (art. 392 ss.)
b) Arquivamento em caso de dispensa de pena [art. 280)
c) Suspensão pr ov isória do pro ce ss o (a rt. 281)
Caracterização
O arquivamento do processo em caso de dispensa de pena é um dos
conteúdos possíveis da decisão do MP, findo o inquérito, quando estiverem
reunidos indícios suficien tes de se ter verificado crime de quem foi o seu
agente, m ediante a verificação dos pressupostos fixados no art. 280 /1.
* O MP depara-se com uma situação perante a qual deduziria
acusação, nos termos do art. 283/1, mas, uma vez verificados os
requisitos da dispensa de pena, a lei permite-lhe que, ao invés de
introduzir os factos em julgamento, arquive o processo.
■ Idêntica faculdade assiste ao JIC se tiver tido início a instrução:
perante a reunião de indícios suficientes da verificação dos
pressupostos da aplicação ao arguido de uma pena ou medida de
segurança, que conduziria, em princípio, a que o juiz de isntrução
despachasse a pronúncia do arguido (art. 307/1), a lei permite-lhe,
até ao final daquela fase do processo, ao invés de pronunciar o
arguido, arquivar o processo, se estiverem verificados os
pressupostos da dispensa de pena e o arguido concordar nisso.
& Arquivamento simples
• 0 arquivam ento em caso de dispensa de pena press upõ e que foram
reunidos indícios suficientes da prática do crime de que quem foi o
seu agente.
" Já o arquivamento simples tem lugar quando o MP mão reuniu
indícios suficientes para acusar.
Pressupostos de aplicação
O Para que o MP, findo o inquérito, possa decidir pelo arquiva me nto o
processo, impõe o art. 280/1, que se encontrem preenchidos os
pressupostos da dispensa de pena.
o Nesses casos, o MP pode arquivar o pr oce ss o, co m o acordo do
JIC (juiz de instrução empresta o seu «carácter jurisdicional» à
decisão do MP).
Insusceptibilidade de Impugnação
A decisão do MP ou do JIC no sentido do arquivamento, quando estejam
preenchidos os pressupostos enunciados no art. 28 0 não é susceptível de
impugnação.
■O assistente não pode, portanto, quando a decisão do
arquivamento seja legal, impugnar essa decisão.
Porém, nos casos em que a decisão tenha sido tomada em violação dos
requisitos fixad os no art. 280, a decisão é Impugnável:
a) Nos casos em que ela é toma da, durante o inqu érito, pelo M P sem o
acordo do JIC, e ;
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Nestes casos, a forma adequada para impugnar a decisão do
MP será, exactamente, o requerimento para abertura da Wt
instrução, provocando os sujeitos processuais a apreciação
da decisão do MP pelo juiz de instrução, nos termos em que m
a lei o impõe.
=> Encontrando-se reunidos todos os requisitos para que esta medida possa
ter lugar, ao arguido serão oponíveis uma série de injunções ou regras de
conduta.
o Porém, nenhuma delas poderá ofender a dignidade do arguido
(art. 281.S/3)6.
. Solução de consenso
Verificados os pressupostos acima elencados, o MP, oficiosamente ou a
requerimento do arguido ou do assistente, pode decidir-se, com a
concordância do juiz de instrução, pela suspensão provisória do processo.
“ O que significa, na medida em que se exige a intervenção e a
concordância do juiz de instrução, que a «reconciliação» entre o
arguido e o assisten te é promovida de uma forma jurisdicionalizada.
• Note-se que a concordância do juiz de instrução com o MP não se situa
no mesmo plano do requisito da al. a) do art. 281/1, que trata da
concordância do arguido e do assistente.
o É verdade que tem de haver a concordância destes três
sujeitos processuais, mas a concordância do juiz de instrução
com o pedido do MP garante a ju risd iciona liz aç ão da so luçõ o
de consenso, ao passo que a concordância do arguido e do
assistente é a manifestação do próprio consenso entre o
arguido e a vítima,
o Repare-se que na al. a) do art. 281/1 se diz «ass iste nte »:
portanto, é preciso que o ofendido se tenha constituído como
tal7.
s Cabe pergunt ar: seré a castração química da íibido uma injunção atentatória da dignidade do arguido?
Parece-nos óbvio que sim (o que nos permitimos questionar, porém, é se nlo deverá mesmo ser
atentatória da dignidade do arguido - pense-se, por exemp lo, no caso dos pedófilos). De resto, o nosso
sistema revela a sua aversão a sistemas jurídicos que cominem sanções criminais (aqui não se trate
verdadeiramente de uma pena) de que resulte lesão irreversível da integridade física (v. arts. 33.2/6,
24,b e 25.2 CRP).
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Sua constitucion alidade g™
Um dos argumentos no sentido da inconstitucionalidade da suspensão
provisória do processo é de que as injunções ou regras de conduta p revistas a=
no art. 281/2 são autênticas penas em sentido ma terial, e nesse sentido, o y
MP estaria a aplicar penas sem que tivesse havido julgamen to.
■ P.S.Mendes não crê, porém, que o argumento seja válido se as E
injunções oponíveis ao arguido respeitarem a sua Uberdade
■ Aqueles que atacam esta medida de diversão com base num
argumento de respeito pela autonomia ética do arguido, nada mais d
deixam como alternativa senão o recurso às tradicionais medidas de
resolução do conflito, impedindo o processo penal de integrar I Z
quaisquer soluções de consenso para a pequena criminalidade.
Finalidades da instrução
B=
a) A instrução serve para apreciar o «bondade» da decisão anterior do MP de
acusar ou de arquivar o inquérito ou, no caso dos crimes particulares, a tt:
bondade da decisão anterior do assistente, em caso de acusação particular.
E
b) A instrução pode ser vir, a título complem entar, para reformular o próprio pp
objecto do processo («OP »l. , ,
■ Este aspecto é muito importante: o princípio do acusatório estipula £
não só que deve haver separação entre a entidade que investiga e
acusa e aqueloutra que julga, mas também que deve haver fixação E
da matéria que é submetida a julgamento por uma entidade E
diferente daquela que julga.
o Se a entidade que julga pudesse adiciona r novos factos ao E
objecto do processo, ela mesma estaria assim a assum ir g—
funções de investigação,
o No processo penal, tem de haver fixação do objecto do IC
processo, de tal maneira que, quando se chega à fase do
e
julgam en to, o objecto do proce sso é a qu ele e não outro,
o Este princípio da vinculação temática cum pre uma função ff™
de garantia dos direitos de defesa do arguid o, pois assim ele
sabe de que factos é que tem de se defender wz
7 No entanto, a prática tem demonstrado que o MP, quando propõe esta medida, geraimente tem o IP
cuidado de se munir da concordância do ofendido, mesmo nos casos em q ue ele n lo se constituiu como
assistente. is:
*=
“ Tend encia lme nte, o objecto do processo («OP» ) fixa-se no fim do
inquérito com a acusação do MP
o A matéria que é objecto de investigação pelo MP quando
abre o inquérito ainda é muito fluida: aquilo que vai
constituir o objecto do processo («OP») é o resultado da
delimitação da matéria em bruto que existia no início da
investigação e que se fixa com a acusação,
o Mas o objecto do processo pode ainda vir a ser alargado
através do requerimento para abertura de instrução do
assistente, como adiante veremos.
Âmbito
No entanto, a a), a) do art. 287/1 parece circunscrever o requerimento do
arguido à discussão dos factos (o mesmo se inferindo do N.s 2 - «razões de
facto e de direito»).
Este «e» parece significar que o arguido não pode requerer instrução somente
para discutir a matéria de direito.
o P.S.Me ndes, contudo, contesta esta posição, e considera haver argumentos
importantes a justificar que o arguidoo possa requerer a abertura da
instrução só para discutir questões de direito:
a) Pensando na desejáve l igualdade de arma s entre o arguido e o
assistente, verificamos, porém, que o assistente tem oportunidade
de discutir, se quiser, só questões de direito, na medida em que,
aderindo à acusação do MP, pode relarivamente aos factos
constantes da mesma proceder a qualificações jurídicas diversas, o
que já não teria nada de paralelo na situação do arguido, se lhe
negássemos o direito a requerer a abertura de instrução só para
discutir questões de direito.
b) Por outro lado, pensando no despacho de acusação do MP,
poderíamos fazer um raciocínio nestes termos: a regra é que cabe
recurso de todos os despachos cuja irrecorribilidade não estiver
prevista na lei (art. 399). É verdade que não há recurso do despacho
de acusação, mas isso só acontece porque o recurso é,
materialmente, a própria instrução.
E
Mas então estar-se-ia a impedir o arguido de poder materialmente
«recorrer» da acusação se não se permitisse o seu requerimento E
para abertura de instrução só para discutir razões de direito, apesar
de uma distinta qualificação jurídica dos factos poder acarretar 1 =
consequências importantes para o arguido em fase de julgamento.
=> De resto, o próprio art. 287 não veda de todo essa possibilidade ^
o Na verdad e, a al. a) do n.81 do art. 287 não diz senão «rela tivam en te
a factos»: ora, em relação com os factos está a questão probatória,
mas também a qualificação jurídica. EZ
I P
Âmbito
Pode o assistente requerer a abertura da instrução só com base numa
discordância sobre a qualificação jurídica dos de factos feita pelo MP na
acusação (questões de direito)?
■=> Não, isto porque, se os factos forem os mesm os, o assiste nte te m se mpre a
faculdade de acu sartam bé m , nos termos do art. 284.
o Se os factos são aqueles e o assiste nte nã o concorda com a
qualificação jurídica feita pelo MP, di-lo-á na sua própria acusação
(acusação subordinada),
o Nessa medida, entende-se que o requerim ento para abertura de
instrução por parte do assistente só pode ser baseado em factos.
■ Depois, pode haver factos que constituem uma ASF e factos
que constituem uma ANSF; veremos esta matéria mais à
frente.
Prazos
Os prazos de duração máxima da instrução constam do art. 306/1: dois meses,
se houv er arguidos presos, ou quatro meses, se os não houver.
O prazo de dois meses pode ser elevado para três nos casos do art. 306/2.
21
m
------- ---------------------- ^
‘ O n.2 3 do art. 310 vem arrumado num local errado. Sistematicamente, este n.s 3 faria todo o sentido
como o n.s 3 do art. 309.8 Mais: talvez nem sequer fosse necessário de todo. Na verdade, não é mais do
que uma man ifestação da regra geral do art. 399. .
22
■e
■=> Nos term os do art. 310/1 (excepçã o em relaçã o ao art . 3 99) , a lei
determina que o despacho não é recorrível, se a pronúncia incidir
sobre factos constantes dá acusação do MP (a chamada «dupla
conforme», por referência às duas decisões, coincidentes de duas
autoridades judiciá rias diferentes).
Os actos preliminares
a) O primeiro dos actos prelimin ares é o saneamento do processo, que vem
previsto no art. 311.5
■ A verificação pelo juiz presidente das nulidades e outras questões
prévias ou incid en tais do pr ocesso tem sempre lugar, quer tenha
havido ou não instrução, não obstante tais questões já deverem ter
sido conhecidas pelo juiz de instrução no despacho de pronúncia
(art. 308/3). Mas pode suceder que tenham passado despercebidas
ou então que tenham surgido ou sido suscitadas apenas depois da
pronúncia.
b) Rejeição judicia l de acu sação : caso não tenha havido instrução, o juiz pode
rejeita ra acusação, mas só se a considerar manifestamente infundada, nos
termos da al. a) do n.s 2 do art. 311.
* As alíneas do n.s 3 do art. 311 admitem vários casos:
i) Falta de efectiva direccão do inquérito pelo M P, designadamente
por causa da realização de diligências investigatórias pelas
entidades policiais sem a determinação e a orientação directa
por banda do MP
*=
IS
ii) Quase todos os problemas relativos à definição do crime e ò
aplicação da pena, como por ex.: a atipiddade da conduta, a
ju st ificaç ão do fa cto ou a ex clus ão da culpa do ag en te , a fa lt a de
condições de punibiiidade ou até a fa lta de meras condições de ■=
pr oc ed ibili da de ou , in clus ivam en te , obs tá cu lo s ò pu nição do tipo y*
da amnistia ou do de curso de prazos de prescrição .
•=>O despacho que re jeita a acusação é re co rrív el nos term os gerais
(art. 399)
■ E fe it os d a d ec is ão SE
i) Rejeição que apenas considere que a acusação sofre de
m
nulidades que podem ser eliminadas mediante a repetição de
certos actos (art. 122/2): neste caso, o juiz reme te o processo Jp ;
para a fase de inquérito para que o MP possa proceder ao seu
saneamento, prosseguindo posteriormente.
ii) Rejeição que põe term o ao processo: é uma decisão final que
produz efeitos de caso julgado material, e não apenas de caso. í.
julg ado fo rm al (i .e ., efeitos me ramen te en do pr ocessu ais). E
Nota
0 despacho proferido ao abrigo do art. 311/2/b) tem por fim o controlo
da legalidade da acusação subordinada, dado não ter havido lugar a
instrução. E
o Tanto abrange a acusação do assiste nte como, nos crimes £_
particulares, a do MP.
c
c) Resolvidas estas questõe s, o juiz pr es id en te m ar ca dia, hora e lo ca l pa ra a
audiência (art. 312/1)
“ Este despacho não é susceptíve l de recurso (art. 313 /4) g
24
b) Princípio do contraditório (art. 327 /2 e 32/5 CRP): com o contrad itório, a
acusação e a defesa têm pleno acesso a todos os elementos do processo,
conhecem as opiniões e argumentos que se confrontam, indicam os
elementos de facto e de direito que fundamental as suas posições e
produzem as respectivas provas.
• Principio fortemente ligado à produção de provas (matéria regulada nos arts.
340 e ss.).
A sentença
A sentença é um texto que obedece aos requisitos do art. 374. -
■Para a produção da sentença é preciso todo um procedimento que envolve,
designadamente, a avaliação da questão da culpabilidade (art. 368.
■O crime é, na sua definição formal, uma acção típica, ilícita, culposa e punível
o Todas estas questões vêm referidas no art. 368/2 :
a) Verificação dos «e lementos constitutivos do tipo de crim e»
(tipicidade);
b) A questão de sabe r «se o arguido praticou o crime ou nele
participou» (autoria e com participação);
c) A questão de sabe r «se o arguido actuou com culpa»
(imputabiiidade);
d) A verificação de «alguma causa que exclua a ilicitude ou a culpa»
(cousos de justificação do facto ou de exclusão da culpa);
e) A questão de saber «se se verificaram quaisquer outros
pressupostos de que a lei faça depender a punibiiidade do
25
agente ou a aplicação a este de uma medida de segurança»
(condições de punibiiidade ) g-
f) Saber «se se verificaram os pressupostos de que depende o
arbitramento da indemnização civil». EZ
9 Quando o agente tenha sido detido em fiagrante delito e o julgamento não puder efectuar-se sob a
forma d e processo sumário, considera-se haver provas «simples e evidentes» para efeitos de tramitação
sob a forma de processo abreviado (v. arts. 390.2/b) e 391.?-A/3/a) CPP).
10 DÚVIDA: a alteração do art. 381.5/1 CPP {em que deixou de constar o prazo máximo para a realização
de audiênc ia) tem algumas consequências? À primeira vista parece que não, atento o disposto nos arts.
387.» e 390.2 CPP.
0 processo abreviado só tem lugar em caso de crime punível com pena de prisão
não superior a cinco anos ou com pena de multa (art. 391-A/l), havendo provas
simples e evidentes (cfr. art. 391-A/3)
” A dedução de acusação pode ser feita, no todo ou em parte, por rem issão
para o auto de notícia ou para a denúncia (a rt. 391 -B /l)
Breves Notas
■ Não tem uma audiência formal e solene de julgamento, no sentido pleno do
termo.
* A decisão do Tribuna l é um despacho baseado no requ erim ento do MP e no
acordo do arguido (art. 396)
Suje itos p rocessuais: são aqueles participantes a quem pertencem direitos autónomas
de conformação da concreta tramitação como um todo, em vista da sua decisão final m
(F. Dias). (£
No actua l processo pen al portugu ês, F.Dias defende que há cinco sujeitos processuais:
a) O Tribunal
b) O Ministério Público
c) O arguido BI
d) O defensor
e) O assistente y “ .
B) A COMPETÊNCIA MATERIAL
29
Determinação do tribunal competente em função da matéria dos processas
e/ou da qualidade dos arguidos. Assim:
i) Da qualidade de certos agentes (e.g.: PR perante o STJ): art. 11/3/a) e
35/1 /a) LOFTJ ^
ii) De certas matérias específicas (e.g.: Habeas Corpus perante o STJ): art.
11/4/c) CPP e 36/f) LOFTJ
iii) Dos tipos de crimes e respectivas penas ( rectius: da medida da pena
abstractamente aplicável)
c
^ Competência residual: tribunal de comarca de comp etência ga
genérica: art. 62 LOFTJ
c
■=> Tribu nais de com petência específica crimin ais: art. 64/1 e 2 LOFTJ:
a. Trib un al de jú ri : arts. 207 CRp, 13 CPP, 67/1 e 110 a 111 e
LOFTJ £"
c. Trib un al singu lar: art. 16 CPP, que pode ser quanto aos
tribunais de competência específica:
•Juízo crim inal: art . 100 LOFTJ £
■ Competência residual
•O juizo de pequena instância crim inal: art. 96 e 102 LOFTJ C
• Competente para os pro ce ss os es pe ciai s.
£
e...
P
Tribunais de competência especializada criminal: art. 64/1 e 2 LOFTJ:
t=
■Juízo de com petênc ia especializada crim ina l: arts. 93 e 95 LOFTJ ( £
• Quando houver este não há outros (.
(competência para instrução e julgam ento) C
11 Solução de aplaudir por se encontrar conforme com o princípio gerai que preside à escolha do iugar
da consumação como regra geral: pr oxim idad e d os meio s de prova.
são da competência territorial do tribunal da área onde o agente
actuou ou deveria ter actuado
* Crê-se que a mesma solução, por maioria de razão, deverá impor-se aos
crimes com condições objectivas de punibiiidade.
iii. Quanto aos crimes habituais (e.g. lenocínio p.e.p. no art. 169
CP): lS/i/prim eira parte -tribunal da área do crime onde se
tiver praticado o último acto;
iv. Quanto aos crimes permanentes ou duradouros (e.g.
sequestro p.e.p. no art. 158 CP): 19/3 /ú ltim a porte - tribunal
da área onde tiver cessado a consumação
v. Local d o último acto preparatório (no caso de não
consumação do crime e punibiiidade daqueles actos
preparatórios: 19/4
a. 1.* Grup o: nos crimes previstos no art. 13/1 CPP (critério qualitativo ),
quando requerida a sua interven ção; tais crimes corresponde m:
i. Ao s crimes contra a identidade Cultural e integridade Pessoa! - arts.
23 6 a 246 CP
ii . Aos crimes contra a Segurança do Estado - arts. 308 a 346 CP
iii. Aos crimes previstas na Lei 31/3004: Violações do Direito
Internacional Humanitário
31
*=
requerimento (o que significa que caso não exista requerimento
as suas caus as têm de estar atribuíd as a outros tribu nais) e o fc
C =—
facto de a próp ria ordem sistemática do CPP não ser aleatória
8=
Assim, caso não seja requerido T.Juri, sérâ competente o
T.Coiectivo ex vi art. 14/1 K -
1 —
b. 2 .a Grupo : crimes com pena máxima, abs tracta me nte aplicável, sup erior a mr~
8 anos de prisão (art. 13/2 - critério qua ntitativo), quando tenha sido jr ;
requerida a sua intervenção
■Pena máxima, abstractamente aplicável, exigida pelo art. 13/2, pode
decorrer da imputação ao arguido de vários crimes, ainda que cada
■=
crime isoladam ente considerado não o per m ita (art. 15)
" Conflitos: í —
o 13/2 vs, 14 /2/b): prevalece o T.Juri, quando tenha sido
requerido.
.1 ,
o 13/2 vs. 14/2/a): prevalece tamb ém o TJ u ri; o critério (
qualitativo não prevalece face ao art. 13/2, dada a natureza do
T.Júri (assim se constantando que a prevalência de critérios K
qualitativos não é absoluta I) gn
=> Reserv a de competência legal do art. 14/2/a) vale apen as
peran te o T. Singular e não face ao T. Júri K iZ
* r
B) RELATIVAMENTE AO TRIBUN AL COLECTIVO
O tribuna l colectivo (ou seja, a vara criminal ou a vara de competência mista ou , na JJ g
sua falta, o Tribunal de Comarca de competência genérica que julgará erT>-«.
Colectivo) será competente nos seguintes três casos :
a. 1.5 Grup o: crimes previstos no art. 14/1 (crité rio qua litativo , peto que é
irrelevante a moldura da pena), quando não tenha sido requerida a
intervenção do Trib. Júri nos termos do art. 13/1; tais crimes
correspondem:
/. Aos crime s co nt ra a iden tid ad e Cultural e in te gr id ad e Pes so al - arts.
23 6 a 246 CP
ii. Aos crimes contra a Segurança do Estado - arts. 308 a 346 CP
ili. Aos crimes previstos na Lei 31/3004: Violações do Direito
Internacional Humanitário
33
14/2/a), uma vez que pe ss oa nã o é vid a in tra- ut er ina
e não parece que as consequências ético-jurídicas
tenham sido atendidas como critério de competência
» Acresce que não se deduz a comp lexidade de
prova da sua eventual dificuldade; mais: a
dificuldade de prova não é fundamento de
atribuição de competência, mas antes a sua
complexidade.
* Nestes term os, o crime de aborto será da
competência do T. Singular, ex vi art. 16/2/b).
c. 3.° Grupo : crimes previstos no art. 14/2/b) (critério quan titativo ): crimes
com pena máxima, abstractamente aplicável, superior a 5 anos de prisão
(mesmo quando, nos termos do art. 15.a, no caso de concurso de
infracções, seja inferior o limite máximo correspondente a cada crime).
* Englobam-se neste critério todo s os crimes com penas supe riores a
5 anos de prisão que não sejam integrados no art. 13/1,14/1, bem
como no art. 14/2/a).
» Reserva de com pet ência d o T. Colectiv o per an te o T. J u r i : art.
14/2/b) engloba crimes, cujas penas sejam superiores a 5 anjos, de
terrorismo e criminalidade altamente organizada, que, por
imposição constitucional (art. 207 CRP), não podem ser julgados
pelo T. Júri.
o No ta: po rém , se a pena abstracta me nte aplicável for igual
ou inferior a 5 anos, será competente o T. Singular nos
termos do art. 16/2/b) (e.g.: corrupção activa p.e.p. no art.
374 CP, p unível com pena de 6 meses a 5 anos de prisão)
34
o Recorde-se que por imperativo constitucional (art. 207 /1
CRP) estes crimes não podem ser julgados pelo T. Júri.
* Aplica-se o art . 15 aos casos do art. 16/ 2/b : sempre que se tra tar
de dois crimes, em concurso de infracções, quando a soma das
respectivas penas máximas não for superior a 5 anos de prisão
o Quando for superior, será competen te o T. Colectivo (art.
14/2/b) e art. 15)
c. 3.s Grupo : requerimento do MP nos termos do art. 16/3 (critério esp ecial
de determ inação concreta da competên cia - mais próximo dos critérios
qualitativos)
* O legislador criou aqui um mecanismo através do qual a
competência se determina de acordo com a previsão da pena que
possa vir a ser aplicada {medida da ce na concreta )12
o A medida da pena em causa pode ser aferida mesm o em
concurso de infracções, nos termos do art. 16/3.
■ Desta forma, o T. Singular será competente nos casos em que o
seria o T. Colectivo (e apen as nos casõs do art. se o MP
tiver requerido, mediante um juízo de prognose e de acordo com
critérios de estrita objectividade, o julgamen to com intervenção do
T. Singular, dado considerar que não será aplicado naqueles casos
concretos, penas superiores a 5 anos de prisão.
o Sempre que a pena abstra cta mínima for supe rior a 5 anos
de prisão, o MP nunca poderá submeter o processo a
julgam ento do T. Singular por via do art. 16/3, sob pena de
óbvia violação do princípio da legalidade das penas.
o Objectivo deste mecanismo: descongestionamento dos T.
Colectivos.
o e.g.: crime ..de_furjp ^qualificado (art. 204/2/a) CP, punido
com pena de prisão de 2 a 8 anos).
11 Quem considera este mecanismo constitucional invoca os princípios do juiz natural ou legal, da
reserva de lei, da Independência dos tribunais e da estrutura acusatória.
35
requer intervenção do Júri (art. 1 3/2); Assistente opõe-se a
tudo, pretendendo que o arguido seja julgado pelo T.
Colectivo (art. 14/2/b)
O art. 16/3 prevalece sobre o art. 13/2/b)
^ Conteúdo da ressalva do art. 13/2 apenas abrange o art.
16/2/a), pelo que seria competente para julgar este
processo o T. Júri.
d. 4.- Grupo: nos crimes que não couberem na competência dos tribunais de
outra espécie - art. 16/1 (crité rio de competência resid ual)
• Face à delimitação dos critérios quantitativos pre vistos nos arts.
14/2/b) e 16/2/b), a competência residual do T. Singular èstá
«reduzida» apenas a os crimes puníveis apenas com pena de m ulta.
n A con exão não pressupõe necessariamente a existência de processos pend entes, pois pode verificar-
se logo originariamente, antes da instauração de qualquer processo e, a ocorrer assim, determinará
desde iogo a organização ab initio de um sá processo (art. 29).
u Considera-se não haver tramitação concomitante, por exemplo quando num processo só falta a
leitura do acó rdão e no outro vai começar o julgamen to - deixou de haver utilidade da conexão ; mais:
ela poderia reta rdar Injustificadamente a leitura da primeira sentença.
36
b) Conexão de natureza sub jectiva (em que é a relação entre os agentes
relativamente a um crime que determina a conexão de vários processos);
e.g.: art. 2 4/1/c) ou d)
c) Conexão de natu reza mista (em que a lei atende aos agentes e a conexão
entre os crim es); e.g .: art. 24/1/a) e 25.
Efeitos da conexão
a) Apensação: art. 29
b) Prorrogação da competência (ainda que cesse a cone xão ): art . 31/b)
Regime
a) Apensa ção de Processo s: quando, da determ inação da competência para
cada processo, o tribunal competente seja o mesmo (material, funcional e
territorialmente), e se estiverem preenchidos os demais requisitos de
conexão, haverá lugar apenas à apensação dos processos, não sendo
necessário determinar o tribunal competente nos termos dos arts. 27 e
28, bastando a apensação do art. 29
Ou seja, nestes casos, haverá conexão e a consequente apensação,
mas não a determinação da competência por conexão
37
i
f
* Em alternativa, teria de fundamentar-se que o art. 16 /2/a) i
constitui um limite negativo implícito à conexão, posição que não i
se adopta.
n
n
Separação de processos
Quando a conexão deixe de representar os seus desideratos (e constitua um n
entrave ao invés duma vantagem) ou quando haja requerimento para n
intervenção do T. Júri, o sistema tem, como válvula de escape, a possibilidade
n
de pôr termo à conexão.
Neste caso, seoaram-se os respectivos processos (art. 30) e faz-se cessar a n
T
i
n
n
38
n
i
t
2.3. Impedimentos e suspeições
A imparcialidade do juiz deve ser garantida a todo o custo. Para isso a lei prevê
situações de:
a) Impe dime nto: o juiz é impedido de julgar se tiver uma relação de parentesco
ou outro tipo de proximidade com algum dos participantes processuais (arts.
39 e 40) '
“ Os impedimentos devem ser declarados oficiosamente (art. 41/ 1),
embora a declaração possa também ser requerida pelo MP, pelo
arguido, pelo assistente ou pela parte civil (art. 41/2)
b) Suspeição: sempre que houver «motivo sério e grave, adequado a gerar
desconfiança sobre a sua [do juiz] imparcialidade» (art. 43/1), o juiz também
pode ser recusado.
c) Escu sa: o juiz pode ped ir escusa nos termos do art. 43/4.
3. O Ministério Público.
O MP é o órgão de Estado encarregado de exercer a acção penal (art. 21 9/1 CRP).
3 . 1 . Estatuto do MP
No desempenh o dessa função, o MP apresenta as seguintes ca racterísticas:
a) Enquanto órgão de Estado, é um órgão jud iciário, na medida em que
colabora com o Tribunal na administração da justiça
b) Cons titui uma magistratura autónoma (art. 219/2 CRP), no sentido de que
goza de autonomia funcional, guiando-se por critérios de legalidade e
estrita objectividade, a que se junta uma autonomia orgânica, dada pela
exclusiva competência do PGR para nomeação, transferência e
desenvolvimento na carre ira dos representantes do MP (art. 219/5 CRP)
c) É integrado • por magistrados respon sáveis que são, no entanto,
subordinados hierarquicamente (art. 219/4 CRP), na medida em que têm
de observa r directivas, ordens e instruções, mas devem recusá-las se forem
ilegais e podem recusá-las com fundamento em grave violação da
consciência jurídica
■ O superior hierárquico pode avocar o processo ou redistribuí-lo a outro
subordinado.
39
J P
«=
3.3.1 . Restrições ao exercício da acção penal pelo MP
A promoção da acção penal pelo MP depende da natureza processual dos
crimes |j°*
a) Nos crimes pú blicos; o MP exerce a acção penal com total autono mia,
ainda que os ofendidos, ou os seus repre senta ntes, possam tom ar a B™
posição de assistente s para influenciar o curso d o processo (art. 48) g = .
b) Nos crime s semi-públicos: a promoção do procedimento criminal pelo
MP depende de queixa ou de participação do ofendida (art. 49/1),
seguindo no resto o regime do procedimento nos crimes públicos, a
menos que haja desistência de queixa, seguida de homologação pela WP
entidade competente, o que fará cessar a intervenção do MP no y
processo {art. 51)
c) Nos crim es particu lares: o procedimento crimina l também depende de
queixa ou de participação do ofendido, além de que depende ainda da
constituição de assistente e da dedução de a cusação particular por parte
deste (art. 50/1)
■Quanto ao concurso de crimes públicos, semi-públicos ou
pa rt ic ula re s, rege o art. 52. * “
•Quan to a crimes cometidos por titulares de certos cargos jg
políticos, há também restrições ao exercício da acção penal pelo
MP (arts . 130 e 157 CRP). K
40
c) A delegação genérica de competência na PJ, ou noutro OPC, para a
realização de diligências de investigação relativamente a certos tipos de
crime (art. 270/4) não pode, de maneira nenhuma, ser confundida com
autorização para a realização de «inquéritos policiais» preliminares, à
margem da comunicação da notícia do crime ao MP.
4. O Arguido.
Arguido: é a pe ssoa qu e é fo rm alm en te constituída como su jeito pro cessual e
relativamente a quem corre processo como eventual responsável pelo crime que
con stitvi objecto do processo
A qualidade de arguido
a) O arguido assume essa qualidade com a acusação ou o requerimento, por parte
do assistente, para abertura de instrução (art. 57/1)
■ Nestes casos, deixou de ser automática, ao contrário do que se passava
na versão primitiva do CPP de 1987: o actual art. 57/3 impõe a
comunicação dessa qualidade ao arguido (art. 58/2) e a explicação dos
seus direitos e deveres processuais.
o A omissão ou violação desta form alidad e implica que as
declarações prestadas pela pessoa visada não podem ser
utilizadas como prova (art. 58/5)
b) Prevê-se ainda a constituição obrigatória do arguido nos casos dos arts. 58 e 59,
ou seja antes da acusação ou do requerimento para abertura de instrução,
designadamen te nos seguintes casos:
i. Correndo inquérito contra pessoa d eterm inada, esta prestar
declarações perante qualquer autoridade judiciária ou órgão de polícia
criminal (art. 58 /1/a))
ii. Seja aplicada uma medida de coacção (art. 58/ 1/b ) e art. 192)
iii. Um suspeito seja detido (art. 58/1/ c))
iv. Um suspeito seja dado como agente de um crim e em auto de notícia
(art. 58/1/d))
v. Um inquirido se torne suspeito (art. 59)
Validação da constituição de arguido
Com a reforma de 2007, passou a exigir-se que a constituição de arguido feita por OPC
é comunicada ao MP no prazo de 10 dias em ordem ò sua validação (art. 58/3, que
assim se constitui como excepção ao art. 57/2)
* A não validaçã o da constituição de arguido pela autoridade judiciá ria não
pr eju dica as prov as an terio rm en te obtidas (58/6, que nesta m edida se constitui
como excepção ao 58/5).
43
1“
a) Dever de comparência pessoal sempre que tiver regularmente convocado
b) Dever de responder com verdade sobre a sua identidade (arts. 141/3, ES
143/2, 144 e 342), sob pena de cometer crime de falsidade por parte de
intervenien te em acto processual (art. 359/2 CP)
c) De ver de se sujeitar a diligências de prova 3 diligências de prova e medidas
de coacção pessoal e de garantia patrimonial.
1=
Interrogatório do arguido
Actualmente, a lei determina a necessidade do primeiro interrogatório do arguido nos
termos do art. 272/1.
* O interrogatório deve ser realizado o mais depressa possível, tão pronto corra y
inquérito contra pessoa determinada, a não ser que haja grande perigo para a
investigação - o que deverá ser alegado e fundamentado em despacho nos
autos.
a Qua nto ao pri m eiro in te rr o gató rio ju dic ia ! d e arg uid o detido, a lei impõe que
ele seja informado e esclare cido sobre os seus direito s, bem como informa do ^
dos motivos da detenção e dos factos que lhe são imputados (art. 141/4) e
garantindo-lhe a presença do defensor (art. 64/1/a))
■ Ta mb ém nos subsequentes interrogatórios de arguido preso e nos mr*.
interrogatórios de arguido em liberdade (art. 144/1) a assistência de defensor ê
obrigatória. JE Í
5. O Defensor.
Enquanto sujeito processual, o defensor é um elemento essencial à administração da
ju st iç a, na medida em qu e é do in te re ss e da ju stiç a que a de fesa seja ef icaz (a rt. 208
CRP). C
■ O defensor intervém no processo às vezes independentemente do próprio
arguido, como acontece, p. ex., quando o defensor participa na audiência de
ju lgam en to rea lizad a na au sência do arguido (art. 64 /1 /f)) . g j;
" 0 d efensor pode mesmo intervir contra a vontade do arguido, como acontece
quando é negado ao arguido que é, ele mesm o, advogado o direito de se •
defender a si próprio, sendo-lhe ao invés imposto um defensor oficioso.
o Tudo isto mostra como o defensor tem também um papel conformador
da tram itação processual como um todo. C
c
Traço s essenciais do estatuto do defensor
■ Direitos do defensor: art. 63
’ Obrigatoriedade de assistência do defenso r: art. 64 j—
* Assistên cia a vários arguidos; art 65
■ Defensor nomeado: art. 66 2
■ Substituição de defensor: art 67
6. O Assist ente.
O art. 69/1 define o assistente como colaborador do MP, a cuja actividade se
subo rdina a sua interve nção no proce sso, salvas as excepçõe s da lei. »
* Porém , são tant os os poderes que a lei confe re ao assis tent e que acaba
sendo inadequado caracterizá-lo como um simp les colaborador do MP
* Em última análise, o assiste nte é um verd ade iro suje ito processual, pois
tem poderes próprios de conformação do processo penal como um
todo
N o ç õ e s d e o f e n d i d o _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
1. C o n c e i t o r e s t r it o p u r o 16 | Ofendido é o titular do interesse «exclusivo» que a incriminação visã~
16 Tese ab raçada por Maia Gon çalves, Costa Andrade, Teixeira de Sousa, Belez a dos Santos, Cavaleiro de
Ferreira e Germano Marques da Silva, para quem só se considera ofendido o titular do interesse que
constitui objecto jurídico imediato do crime e que, por isso, nem todos os crimes têm ofendido
particular, só o tendo aqueles em que o objecto imediato da tutela jurídica é um interesse ou direito de
que é titular uma pessòa.
Acórdãos: TC 579/01; TC 76/02; STJ 25/1/96; STJ 20/1/98; RP 26/4/00; RC 3/5/00, entre outros.
45
■ Interesse exclusivo proteger
■ 0 interesse protegido pela incriminação é directo, imediatP
ou predom inantem ente protegido pela incriminação. g
" AC. STJ 579/2001 (a propósito do Crime de Violaç ão do
Segredo de Justiça - art. 371 CP) (
Argumentos abonqtórios , ■
■ Letra do art 68/1 a) CPP, nomeadamente quanto à expre ssl g
“interesse que a lei quis proteger"
■ - É a tese que melhor observa a natureza pública do proc es sP
penal e a regra de que a titularidade da acção penai cabe s g
MP (art 219/1 CRP), na medida em que reduz o
protagonismo dos particulares como sujeitos processu ais 8
* - Me lhor assegura a distinçã o entre ofendido e lesado pe>^
prática do crime, o último dos quais apenas pode intervirj'
processo como parte civil. ( J
« - Não é incomp atível com a CRP, pois esta não conté m ou
impõe um conceito de ofendido, concedendo ao legisladc^
uma certa margem de conform ação. g|
Percurso histórico 8
Conceito restrito já havia sido reconhecido pelo art 11 CPP 1929 e_
pelo art 4/2 DL 35007 13/10/1945.
- Apesar de um tipo incriminador poder tutelar também urg|
interesse ou bem iuridico oessoal. se este não ocuoar o elano central
da tutela, o seu titular não deve ser considerado ofendido i P
portanto, não deve ser admitida a sua constituição como assistente gg
- A jurisprudência que adopta esta tese restritiva rejeita, por
conseguinte, a possibilidade de constituição de assistente nos crime®
de desobediência, falsificação de d ocumento, man ipulação ( ' '
mercado, violação de segredo de justiça, p revaricação e ( r
denegação de justiça. (|
Fundamentação:
■ Estudos vitimológicos actuais: recomenda uma ampliação
processual da vítima como uma forma de melhor conseguir a
pacificação social, uma finalidade que é consensualmente
cometida ao processo penal
B
■ Dogmática do bem jurídico: a par dos bens jurídicos
B individuais e dos bens jurídicos colectivos, hoje passaram a
admitir-se os chamados «bens juridicos da sociedade civil»,
B de estrutura circular, de titularidade intersubjectiva, cujo
objecto é indivisível e que são responsáveis pelo
B
aparecimento, no plano da tutela processual, da noção de
«interesse difuso» (o instituto da acção popular é disso
exemp lo paradigmático)
* Não se coaduna com a opção político-criminal do legislador
processual de alargar a área de abrangência do assistente,
prevista no art 68/1 e) CPP, na medida em que faculta a
E constituição de assistente a qualquer pessoa nos crimes aí
previstos
II
■ Mo delo processual penal vigente: num sistema que consagra
uma fase de instrução não obrigatória, que visa o controlo da
actuação do MP durante o inquérito, mais exactamente da
sua decisão de acusar ou de arquivar (art. 286/1), a adopção
de um conceito restrito significa uma diminuição sensível das
possibilidades do dito controlo, uma vez que a ausência de
B um ofendido imediato impede que possa ter lugar a abertura
________ da instrução.__________________________________________________________
m
m
B
a.
B
Ç
279/1 CP). G
Fundamentação: i:
■ Estudos vitimológicos actuais: recomenda uma ampliação r z
processual da vítima como uma forma de melhor conseguir a
pacificação social, uma finalidade que é consensualmente e :
Argumentação
- Esta tese conclui que a tese restritiva não é admissível se for usada r-
para interpretar os interesses especialmente protegidos com a
incriminação como se fossem interesses protegidos de modo
exclusivo, ou seja, se se entender que um único interesse é m
protegido
protegido por cada incrimin ação - send o que era este o
entendime nto da jurisprudência clássica.
- De acordo com esta tese entende-se que o vocábulo
"especialm ente" significa
significa que os
os inte resse s são protegid
protegidos
os de modo
particular, ou melhor, que os interesses são directamente
protegidos (ainda que nunca reflexa ou mediatamente).
CONCLUSÃO: p:
A circunstância da incriminação proteger um interesse de ordem
pública não afasta a possibilidade de simultaneamente ser também C
imediatamente protegido um outro interesse de titularidade
i£
individual —assim se afirmando a legitimidade material do ofendido
para se constituir assistente; sendo assim, a tese restritiva alargada K
já esta
es taria
ria em cons
co nson
onân
ânci
ciaa com a teo
te o ria
ri a do bem
be m ju rídi
rí dico
co .
t£
* Paulo da Matta: entende que toda a norma penál protege um sem I E
número de interesses; o "especialmente" serve precisamente para
seleccionar, de entre todos os interesses ou fins tutelados pela lei E S
penal, aqueles que primariame
primariame nte o tipo visou aca utelar - apenas
neste sentido é admissível a utilização jurisprudencial da expressão
protecção imediata ou directa. Não se pode, contudo, daí ' ' E
presumirem-se hierarquias ou pseudo-hierarquias dos interesses
seriam inconstitucionais.__________________________ C
tutelados pois aquelas seriam
k z
i8 Posição adoptada por Figueiredo Dias (identificação do bem jurídico protegido e, caso o mesmo seja E=
integrável numa esfera jurídica concreta, identificação do respectivo titular), Reis Bravo, Frederico Costa
Pinto, entre outros.
outros. IP
- Esta tese foi primeiramente defendida peia jurisprudência, nomeadamente no acórdão 1/2003 STJ que
considerou que deve, portanto, po de r co ns tit uir-
ui r- se assis
as sis te nt e a pessoa cujo prejuízo foi visado pelo j e
agente no crime de falsificação de documento (art 256/1 CP), pois embora seja um crime contra a fé
pública
pública - que é um interesse da titulari
titularidade
dade do Estado - o particular também é directamente afectado afectado b =
pelo crime e, como tal, deve poder constituir-se assistente.
- Esta posição foi posteriormente seguida no acórdão 8/2006 STJ, relativamente ao crime de perjúrio
(art 359/t CP), tendo-se considerado que se pode constituir assistente a pessoa visada pela testemunha
que cometeu o perjúrio, enquanto particular, titular de um interesse directamente afectado pelo crime, s=
não obstante tratar-se de um crime contra a realização da justiça, cuja titu/aridade pertence ao Estado.
- Hoje em dia é a tese que se afirma mais na jurisprudência portuguesa. 1=
fC
Conclusões
Conclusões finais :
Em conclusão: HSZ.
a ) Quanto aos crimes semi-públicos e particulares,
particulares, podem
constituir-se
constituir-se como assistentes ou titulares daqueles ®“
direitos, no s termos do art. 68/1/b)
b) Quanto ao s crimes públicos,
públicos, pode constituir-se assistente o
ofendido, nos termos do do art. 68/1/a), ou as pessoas
referidas nas ais. c) ou d) do mesm o preceito legal, caso o y
ofendido tenha morrido ou seja menor de 16 anos ou
incapaz po
incapaz po r outro
r outro motivo, respectivamen te. 1=
7. As Part es Civis. O pedido de indem indem nização civil em processo penal. O sistem a dito (
de adesão. í
Lesado: é aquele que sofre prejuízos com o crime (art. 74/1).
■ O pedido de de indemnização
indemnização civil civil é deduzido pelo lesado: o pedido
pedido pode ser
deduzido pelo lesado contra quaisquer pessoas com responsabilidade
relacionad a com o facto que é objecto do processo pen al ao qual adere a acção \
civil
» O pedido pode ser deduzido pelo lesado contra quaisquer pessoas com '
responsa bilidade civil relacionada com o facto que é objecto do processo penal ;
ao qual adere a acção civi civill (Princípio da adesão: art . 71).
■ Natureza
Natureza civil civil da indemniza
indemnização: ção: art.
art. 129
* Tota l autonom ia da responsabilidade civil peran te a responsabilidade pen al,
pois pode haver absolvição quanto à questão penal e condenação no pedido ’
civil, com resulta dos arts. 84 e 377. í
* Sistem a em que pode ser arbitrada arbitrada a indemn ização a título de reparação pelos
pr eju
ej u ízo
íz o s sofridos quando particulares exigências de protecção da vítima o '
impon ham: art. 82.S-A 82.S-A
si
7.1. Conjugação do art. 72/1/c) com o art. 72/2
Existem várias posições doutrinárias:
a) Sistema optativo pleno: o lesado pode optar por aprese nta r queixa tendo em
vista a abertura do processo penal ou intentar uma acção civil pedindo a
condenação do responsável no pagamento de uma indemnização civil
b) Não privilegiar crim es Só para crimes semi-públicos e particula res: ofend idos
não devem ser beneficiados com um duplo direito de opção
b l) Sistema optativo pleno: nos termos do art. 72 /1/c), o ofendido pode optar
apresentar queixa tendo em vista a abertura do processo penal ou intentar
uma acção civil pedindo a condenação do responsável no pagamento de
uma indemniyTação civil
b3) António Rocha: al. c) do art. 72/1 deverá ser reduzida teleologicamente,
aplicando-se apenas aos casos em que o pedido de indemnização antecede
a apresentação da queixa.
Nos crimes particulares, o pedido de indemnização poderá ser ainda formulado
em separado após a apresentação da queixa: só que isso terá como
consequência a extinção do procedimento criminal, visto a lei, no art. 72/2,
entender essa opção como uma renúncia ao direito de deduzir acusação
particular
7.2. Confissão
A confissão prestada em processo pena) (art. 344/2) não pode ser aproveitada em
processo civil, por força dos arts. 74, 341 e 78.-; mais: a confissão em processo civil
só é possível em depoimento de parte (art. 354 CPC): já esta confissão, porém, vale
também para o pedido de indemnização civil ém processo penal.
PARTE IV: O OBJECTO DO PROCESSO
1. O problema e o seu relevo processual
O problema da identificação e da definição do objecto do processo só surge num
sistema de processo penal que aceite uma estrutura acusatória - o tribunal age no
pressu posto da existência de uma prévia acusação.
* Por outras palavras, a estru tura acusatória do processo exige a identidade entre
o acusado , o conhecido e o decidido.
Relevância
A identidade do objecto é critério decisivo:
a . Da excepção de litispendência
b. Do conteúdo e limites da eficácia do caso julgado
c. Para circunscrever a amp litude da actividade probatória
d. Para decidir os limites do conhecimento de infracção não idêntica ou não
exactamente idêntica, embora devendo aquela manter com esta uma relação
de transferibilidade poten cial na base da m anutenção do objecto do processo
e. Para demarcar o objecto possível dos recursos
f. Da determinação da com petênc ia, da legitimidade, etc.
Valores em jogo
A identificação e a descrição do objecto do processo responde à tensão entre dois
interesses fundamentais
(a ,1 O interesse/ga rantia do arguido no respeito pela.eodem_ res_ da acusação à
sentença, por isso que só assim conseguirá preparar uma defesa pertinente,
eficaz e segura, sem correr o risco de deparar com surpresas incriminatórias e
te r um julgamento leal (exigência de due process).
b. O inter es se público na aplicação do direito penal e na eficaz persegu ição e
condenação dos delitos cometidos
54
* Mas essa identidade não pode ser entend ida como sendo determinável
de forma lógica, pois é antes um problema jurídico concreto que se
mantêm o mesmo - correlatividade intencional entre um problema e a
sua solução.
55
4. O objecto do processo, a estrutura acusatória e o princípio da investiga ção.
A estrutura acusatória do processo exige a identidade entre o objecto da acusação e o
objecto da cognição e decisão do tribunal.
=> O Objecto do Processo Penal é, pois, o objecto da acusação, sendo este que, por
sua vez, delimita e fixa os p odere s de cogn ição do Tribu na l (actividade
cognitiva) e a extensão do caso julgad o (actividade decisória).
5. O regime legal
5.1. Definição de conceitos
Depois de fixado o «OP», ainda assim podem aparece r facto s novos.
Factos novos trazidos ao processo podem ser:
. aj Factos totalm ente novo s/ind epen dente s: o que em termos substantivos daria
lugar a um concurso real de infracções com o objecto do processo em curso.
■ Factos novos são todos os acontecimentos completamente
estranhos à unidade histórico-social de acontecimentos, que, por
corresponderem a um ou vários tipos incriminadores, são im putados
ao arguido no processo.
" Os factos novos traduzem-se não numa diferente representaç ão da
realidade que integra o objecto do processo, mas sim uma realidade
comp letamente diferente.
" Os factos novos surgem em regra casua lmen te no processo crim ina l
q a única relação que com ele mantêm consiste em ter alguma
eventual ligação com o arguido.
o e.g.: num processo po crime de dano (212 CP) um a
testemunha pode depor sobre um crime de abuso de
confiança (205 CP) cometida por outra testemun ha
o e.g.: durante um processo que se debate a responsabilidade
do arguido pela prática de umas ofensas graves a integridade
física cometidas na pessoa de X (144 CP) torna-se
conhecimento que o arguidotinha no mês anterior cometido
um furto qualificado (204 CP): este facto é completamente
estranho ao objecto do processo e por isso não gera
qualquer vicissitude para a tramitaçã o processual.
■ São, nesse sentido, acontecimentos completamente .estranhas à
sequência unitária de factos que integram o processo.
^ Nestes casos, o MP deverá simplesmen te abrir outro
inquérito quanto aos factos totalmente novos, nos termo s do
56
SS
RS
O que é um facto processua l? w z
B. Naturalistas Pedaço da vida; facto ontologicamente
m
considerado
C. Normativistas Facto valorado jurídico-penalmente; i p
axiologicamente valorado
D . Castanbeira Neves Quid ontológico (caso concreto da vida s r
real) ,mas valorado o ntologicamente ■=
E. F. Isasca Pedaço da vida, real ou hipotético, que se
destaca da realidade e se submete a ■=
apreciação judicial s z
m
m
m
f t í , 5.2. Os mom entos processuais da fixação do objecto do processo.
-Sg.
ii. No Julgam ento: art. 358/1 e 2
• Sendo de relevo par a a de cisã o da causa, o ju iz comunica a ANSF ao
arguido e pode ocorrer uma de duas situaçõeí:
aj Se a ANSF não foi gerada por factos alegados pela defe sa: é
concedido o prazo estritamente necessário para a preparação
da defesa (oficiosamente ou a requerimento),
b) Se a ANSF foi gerada por factos alegados, nos term os do art.
358/2 não é necessário aplicar o regime garantístico previsto
no n.® 1 do mesmo preceito.
5 OUJÇÃO
IjNa Instrução (303/3): os factos autonomizáveis devem ser destacados
do processo em curso e dar lugar à abertura do inquérito noutro
processo penal (ressalvadas as excepções dos crimes semi-públicos e
particulares), devendo o primitivo processo prosseguir os seus
trâmites.
r
■ c. Factos não autonom izáveis
■ Na hipótese de os factos novos serem inseparáveis do objecto do processo em
curso, a solução não é pacífica.
■ Nas soluções a dar, caberá estabelecer uma concordância prática entre o interesse
■ do arguido e o interess e público.
e.g. circunstâncias modificativas agravantes especiais nominadas (art. 132.2)
K nunc a teriam, po r definição, a relevância suficiente para suste ntar sozinhos um
objecto de processo à parte.
1
9
n
i
1 São crimes complexos aqueles tipos legais de crime que mantêm uma flliaçSo de especialidade com
i respeita a dois ou mais tipos fundamentais (e.g. roubo, o qual é, preferencialmente, especial por
referência ao furto, e é também, secundariamente, especial por referência - agora em alternativa - às
v ofensas à integridade física ou à coacção).
_ i_
I
*S
í. Na Instruçã o 8=
Neste âmbito defrontam-se duas correntes, sendo a segunda subdividida em
C
três.
(
B) S e g u n d a c o r r e n t e : devem conhecer-se todos os factos em conjunto (os (
«antigos» e os novos não autonomizáveis); porém, esse conhecimento não
poderá ser imediato
" Este conhecimento tem de ser no âmbito do mesmo processo, só
que não pode s er imediato.
* Defende-se entSo que há uma lacuna (art. 4.2): quidjúris?
61
o
Ou o MP condui pela suficiênc ia de indícios
quanto a todos os factos e dedu 2 acusação
também pelos factos que levantaram a
suspeita da alteração substa ncial de factos
o Ou não conclui naque le sentido e mantém a
primeira acusação
* No primeiro caso, todos os factos são introduzidos na
instrução, ficando consequen temente sujeita s a um
despacho de pronúncia ou de não pronúncia
(portanto, a uma decisão judicial de com provação),
» Isto significa que o processo regre ssar ia à fase de
inquérito para que houvesse novo inq uérito sobre
todos os factos em conjunto
B 2 ) T es e d a o r g a n i z a ç ã o d £ u m m o v o pr o c es s o c o m t o d o s o s f a c t o s
esta solução passa novam ente pelo
( A b s o l v i ç ã o d a I n s t â n c i a ) ;
recurso às normas do processo civil, com base n o art. 4.b CPP,
aplicando-se agora o regime da absolvição do instância (art.
288, 289, 393/2 e 494 CPC), por se considerar have r uma
excepção dilatória inominada (devido à falta de um
pressuposto processua l relativo ao objecto do processo),
arquivando-se o processo.
* A solução seria , pois, a da não pross ecuçã o dos autos
de instrução, emitindo-se uma me ra decisão de f orma.
* Rigorosamente, nem se poderá falar aqui de «não
pronún cia», porque a debruçar-se sobre o fundo da
questão , o juiz só o fará na est rita medida do
necess ária à apreciação da questão prévia da falta de
poderes de cognição do juiz.
* Assim, o JIC proferirá uma decisão instrutória que não
é de mérito, porque antes deparou com o obstáculo da
falta dum verdadeiro pressuposto processual, relativo
3o objecto do processo (cfr. art.-308/3 CPP),
* Esta solução parece basear-se na ideia de que a falta
de acusação do MP relativamente aos factos que
viriam a consubstanciar a alteração de factos ocorrida
na instrução tornaria o juij de instrução
absolutamente incompetente (incompetência
material), o que valeria como falta de um pressuposto
processual, dado lugar à absolvição da instância
i
I
I tt, ■=> SOL UÇÃO: R egressar ao inquérito no âmb ito do processo penal pen dente para
I conhe cer todos os factos em conjunto.
Como? Aplicando a anulação do processado por analogia (art. 120/2d) CPP)
I • Ju s t i f i c a ç ã o :
e :
£5
&
PARTE 1: INTRODUÇÃO E TEORIA DA LEI PROCESSUAL PENAL 2 _j
B
1. Co n c e i t o d e d i r ei t o P r o c e s s u a l P e n a l 2 E
2. R e l a ç ã o e n t r ê o D ir e it o P r o c e s s u a l P e n a l e o D i r e i t o P e n a l 2
3. M o d e l o s h i s t ó r i c o s d o P r o c e s s o P e n a l . 2
S
4. 0 CPP '8 7 E A ESTRUTURA ACUSATÓRIA 00 PROCESSO 2 E
5. A NATUREZA PROCESSUAL DOS CR1ME5. 2
E
5.1. CRIMES-PÚBLICOS 2
5 .2 . CRIMES SEMI-PÚBLICOS 3 E
5 .3 . CRIMES PARTICULARES 3
c
6. A RELEVÂNCIA CONSTITUCIONAL DO PROCESSO PENAL. A ARTICULAÇÃO ENTRE AS GARANTIAS PENAIS
SUBSTANTIVAS E AS GARANTIAS PROCESSUAIS. 3 c
6.1. V a l i d a d e t e m p o r a l d a l ei p r o c e s s u a l pe w a l 3
6-1 .1- AS NORMAS PROCESSUAIS MATERIAIS 3 (JÉ
( ^
PARTE II: A TRAMITAÇÃO DO PROCESSO PENAL 4
m
1. AS FORMAS DE PROCESSO ACTUAÍ5. 4 m
2. O CARÁCTER SUBSIDIÁRIO DA FORMA DE PROCESSO COMUM. 4 E
3. A GRAVIDADE DOS CRIMES E A5 FORMAS DE PROCESSO. 4
4. A NATUREZA PROCESSUAL DOS CRIMES E AS FORMAS DE PROCESSO. 4 c
5. AS FASES DO PROCESSO COMUM. 5 E
5.1. A AQUISIÇÃO DA NO TÍCIA DO CRIME. 5
5 .2 . 0 AUTO DE NOTÍCIA. 6 IS
6
5.3.
5 .4 .
C r im e s c u j o p r o c e d i m e n t o c r im in a l d e p en d e d e q u e i x a
AS MEDIDAS CAUTELARES E DE POLÍCIA. 7
IS
5.5. De t e n ç ã o . 7 m.
5.5.1. d e t e n ç ã o em f l a g r a n t e d e l i t o 7
í
5.5.2. d e t e n ç ã o f o r a d e f l a g r a n t e delito 8 (
5 .6 . A FASE DE INQUÉR/TO. 8 "c
5-6 .1 . A DECISÃO DE ABERTURA DO INQUÉRITO. 8
5 .6 .2 . 0 ACTO DE ABERTURA DO INQUÉRITO. 9
ic
5 .6 .3 . ÂMBITO E FINALIDADE DO INQUÉRITO. 9 E
5 .6 .4 . A DIRECÇÃO 0 0 INQUÉRITO. 9
5 -6 .4 .1 . INTERVENÇÃO DO JUIZ DE INSTRUÇÃO CRIMINAL. 9
c
5 .6 .5 . OS PRAZOS DO INQUÉRITO. 9 m
5 .6 .6 . A CONSTITUIÇÃO DE ARGUIDO NA FASE DE INQUÉRITO 10
5 .6 .7 . 0 SEGREDO DE JUSTIÇA NA FASE DE INQUÉRITO 10
E£
5 .6 .8 . A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO. 10 ■=
5 .6 .8 .1 . 0 DESPACHO DE ACUSAÇÃO 10
5.6.8.2. O DESPACHO DE ARQUIVAMENTO (SIMPLES). 12
5.6.9. A CRIMÍNAUDAD E BAGATELAR EA NECESSIDADE DE CRITÉRIOS DE OPORTUNIDADE 13 m
5 .6 .9 .1 . 0 ARQUIVAMENTO EM CASO DE DISPENSA DE PENA. 14
69 ■E
n=
m
5 .6 .9 .Z . A SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO. 16
5 .6 .9 .3 . O ENVIO PARA A FORMA DE PROCESSO SUMARÍSSIMO. 18
5.7. A FASE DE INSTRUÇÃO. 18
5.7.1. O REQUERIMENTO PARA ABERTUR A DA INSTRUÇÃO DO ARGUIDO. 19
5 .7 .2 . O REQUERIMENTO PARA ABERTURA DA INSTRUÇÃO DO ASSISTENTE. 20
5 .7 .3 . DA INSTRUÇÃO EM GERAL 21
5.7.4. O ENCERRAMEN TO DA INSTRUÇÃO: O DESPACHO DE PRONÚNCIA E O DESPACHO DE NÃO PRONÚN CIA.
21
5 .8 . A FASE DE JULGAMENTO. 23
6. FORMAS DE PROCESSO ESPECIAIS. 26
6 .1 . O PROCESSO SUMÁRIO. 26
6 .2 . O PROCESSO ABREVIADO. 26
6 .3 . O PROCESSO SUMARÍ5SIM0. 27
70
i=
£
7. AS PARTES CIVIS. O PEDIDO DE INDEMNIZAÇÃO CIVIL EM PROCESSO PENAL. O SISTEMA DITO DE ADESÃO.
51 e
7.1. CONJUGAÇÃO DO ART. 7 2 / 1 / c ) COM O ART. 72/2 52
E=
7 .2 . CONFISSÃO 53
E E
PARTE IV: O OBJECTO DO PROCESSO 54 CE
C f
1. O PROBLEMA E O SEU RELfVO PROCESSUAL 54
2. O PRINCÍPIO IDENTIDADE, DA UNIDADE OU INDIVISIBILIDADE E DA CONSUNÇÃO 54 EE
3. O CRITÉRIO DA IDENTIDADE DO OBJECTO DO PROCESSO 55
4. O OBJECTO DO PROCESSO, A ESTRUTURA ACUSATÓRIA E O PRINCÍPIO DA INVESTIGAÇÃO- 56 W
5. O REGIME LEGAL 56 B
5.1. D efinição de con ceitos 56
5 .2 . OS MOMENTOS PROCESSUAIS DA FHíAÇÃO DO OBJECTO 0 0 PROCESSO. 58 M
5 .3 . O REGIME DA ALTERAÇÃO NÃO SUBSTANCIAI. DE FACTOS (A NSF ). 58
5.4. O REGIME DA ALTERAÇÃO SUBSTANCIAL DE FACTOS (ASF). 59
( '*
65
13
5.4.1. S o l u ç õ e s d e c o n s e n so
5 .5 . A ALTERAÇÃO DE QUALIFICAÇÃO JURÍDICA. 65 Cl
5.5.1. R eg im e d a a l t e r a ç ã o de q u a l if ic a ç ã o j u r í d i c a . 66
Ê
f\
V /