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Universidade Lusíada do

Porto Política Criminal


2011/2012

Branqueamento de
Capitais

Marcos Miguel nº 21525609

Emanuel Bártolo nº 21555509

João Jardim nº 21509009

Fernando Pitrêz nº 21592109

3º Ano da Licenciatura de Criminologia


Índic
e

pág.

Introdução 2

A origem 3

Objectivos do Branqueamento 4

Ligações ao Terrorismo 4

Medidas Tomadas 4

Fases do Branqueamento 5,6

Fontes de Dinheiro Ilícito 7

Consequências do branqueamento de capitais 8

Criminalização 9

Competência de Investigação e Supervisão 10,11,12,13

Política criminal – Nível Nacional 14,15

Política Criminal – Nível Comunitário 16

Grupo de Acção Financeira Internacional 17

Prevenção e Detenção 18

Medidas e Soluções de Política Criminal 19,20

Conclusão 21

Referências Bibliográficas 22

1
Introdução

A temática do Branqueamento de Capitais (money-laundering) abrange


múltiplos aspectos e rodeia-se de bastante complexidade pelo que importa rever
algumas das suas componentes, revisão esta que por mais aprofundada que se pretenda é
sempre escassa e sumária se considerarmos a dimensão do nosso objecto de estudo.

Como a respectiva designação indica, o ‘branqueamento’ é de ‘capitais’, os


quais em si são uma velha questão que vai tendo novas roupagens que importa perceber
para que se compreenda o quê e o porquê do Branqueamento de Capitais. Há pois, antes
de tudo, que entender os capitais na medida em que são o móbil em torno do qual gira a
temática que aqui nos ocupa.

Trata-se de uma matéria que tem a ver com o mercado ilegal e, partir dos
próprios textos de natureza internacional, o branqueamento de capitais (dinheiro ou
outros bens) pode definir-se como o procedimento através do qual o produto de actos ou
operações criminosas é investido em actividades aparentemente lícitas, mediante
dissimulação da origem desses actos ou operações”, ou seja, consiste num processo
utilizado para que capitais obtidos ilicitamente sejam ‘branqueados’, ‘lavados’ ou
‘reciclados’ e, portanto, sejam incorporados no sistema financeiro de modo a não serem
reconhecidos como suspeitos e passem a ser transaccionados legalmente. Pela sua
natureza, o Branqueamento de Capitais envolve procedimentos muito complexos e, em
geral, está ligado a ‘corrupção’, falta de ‘ética’ e falta de ‘responsabilidade social’ na
medida em que estão subjacentes actos que não zelam pela sociedade e que, pelo
contrário, além de altamente reprováveis lhe são nocivos.
A origem

É uma expressão que se refere a práticas económico-financeiras que têm por finalidade
dissimular ou esconder a origem ilícita de determinados activos financeiros ou bens
patrimoniais, para que tais altivos aparentem uma origem lícita ou a que, pelo menos, a
origem ilícita seja difícil de demonstrar ou provar. É dar fachada de dignidade a
dinheiro de origem ilegal.

A sua origem: A expressão inglesa money laundering resulta do fato que o dinheiro
adquirido ilegalmente é sujo devendo ser lavado ou branqueado. Uma origem lendária
leva a Al Capone que teria comprado em 1928, em Chicago, uma cadeia de lavandarias,
da marca Sanitary Cleaning Shops. Esta fachada legal ter-lhe-ia permitido fazer
depósitos bancários de notas de baixo valor nominal, habituais nas vendas de lavandaria
- mas resultantes afinal do comércio de bebidas alcoólicas interdito pela Lei Seca e de
outras actividades criminosas como a exploração da prostituição, do jogo e a extorsão.

Ainda que a associação da Máfia ao termo não seja precisa, papel de destaque nos
modernos processos de lavagem tem o mafioso Meyer Lansky (nascido Majer
Suchowliński em 1904), especialmente quanto ao uso de offshores no processo.

A expressão "laundering" aparece pela primeira vez no jornal inglês "Guardian" e


populariza-se nos anos 1970 quando do Caso Watergate. ntão Presidente dos Estados
Unidos, Richard Nixon, envolvera-se em transacções financeiras que direccionavam
fundos ilegais de campanha para o México e depois de volta para os Estados Unidos,
através de uma companhia em Miami.

Evolução: A questão da lavagem de dinheiro como um problema social de carácter


internacional surgiu no final dos anos 80 - mais exactamente com a Convenção de
Viena em 1988 - e foi rapidamente inserida em variados instrumentos internacionais que
exigiram a respectiva criminalização. O impulso inicial foi motivado pelas
consequências dos lucros do tráfico de drogas.

Nos anos 1990 surge a tendência de usar essa aproximação para a prevenção e o
combate ao crime organizado e particularmente sua associação com a corrupção. As 40
recomendações é o documento sobre prevenção e combate à lavagem de dinheiro do
Grupo de Acção Financeira sobre Lavagem de Dinheiro (GAFI) - escritas em 1990,
foram revisadas em 1996.

Em 2000, doze grandes bancos privados internacionais criam o The Wolfsberg Group,
voltado para o desenvolvimento de melhores práticas na prestação de serviços
financeiros, especialmente enfatizando as políticas de conhecer o cliente e desenvolver
acções de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao terrorismo internacional.
Objectivos do Branqueamento
O objectivo da lavagem de dinheiro não é o lucro, mas a dissimulação da origem
ilícita dos valores, o que pode acarretar custos. Assim, os lavadores podem fazer
negócios que seriam considerados "muito ruins" ou "desaconselháveis" pelas regras da
Economia e os princípios da Administração. Isso pode acontecer, por exemplo, quando
se utiliza da técnica de compra de passivos: empresas endividadas ou falidas são
compradas por preços irreais e usadas mais tarde como fachada para novas transacções.
É possível fazer a lavagem de dinheiro através de cassinos, utilizando combinações de
apostas que se destinam a não perder muito dinheiro, ou quase nenhum, como por
exemplo através de apostas que se cancelam mutuamente.

Ligações ao Terrorismo
Na sequência dos ataques de 11 de Setembro de 2001, passa a ser seriamente
considerada a questão correlata do financiamento ao terrorismo.

Tornou-se então mais evidente para a comunidade internacional a necessidade de


adoptar medidas legislativas que, em articulação com o quadro preventivo do
branqueamento de capitais, facilitassem a detecção, a prevenção e a supressão do
financiamento do terrorismo, reduzindo as possibilidades de acesso ao sistema
financeiro internacional por parte dos autores de actos de terrorismo, de organizações e
grupos terroristas e dos seus financiadores.

Medidas Tomadas
Alguns exemplos foram o congelamento e a perda de bens pertencentes a autores
de actos de terrorismo e a quem apoie e financie grupos e organizações terroristas, o
dever de comunicação de transacções suspeitas de terem algum tipo de conexão com o
terrorismo, o reforço dos deveres de prevenção do branqueamento de capitais (em
especial do dever de identificação) no âmbito das operações de transferência de fundos
e, naturalmente, a criminalização do financiamento do terrorismo.

Trata-se de uma excepção: no caso do terrorismo, a origem do dinheiro não precisa ser
necessariamente ilícita - contrariando a definição clássica de lavagem. Um milionário
pode financiar um grupo terrorista usando dinheiro lícito, obtido de seus negócios
regulares. Terá, curiosamente, que "lavar dinheiro ao contrário"; ou seja, dar legalidade
a um gasto ilegal, e não a um ganho.
Fases do Branqueamento

Tendo como ponto de partida o facto de que o Branqueamento de Capitais é tido


como um processo, a Doutrina tem-se esforçado por delimitar as várias fases
constitutivas do mesmo. Para tanto, foram sendo construídos ao longo do tempo
inúmeros modelos explicativos. Não obstante, o modelo mais conhecido e utilizado pela
Doutrina para a explicação e o estudo do processo de Branqueamento de Capitais é o
chamado “modelo das três fases” construído e adoptado pelo Grupo de Acção
Financeira Internacional (GAFI). Segundo este modelo, o processo é composto por três
fases distintas, designadas na terminologia inglesa, habitualmente usada, por placement
(colocação), layringe (circulação) e integracion (integração).

1ª Fase de Colocação
É nesta fase que se lida com as grandes quantidades de dinheiro em numerário e é o
momento em que se está temporalmente, e não só, mais próximo do crime ou do acto
ilícito que gerou o dinheiro.

Entra no circuito financeiro de forma fraccionada, em pequenas somas depositadas em


numerário, que depois são trocadas por outros instrumentos monetários também
negociáveis. Este processo de fraccionamento destina-se a evitar os controlos bancários
aplicados sobre as grandes operações como:

• Depósitos de numerário em Contas de Depósito à Ordem, em grandes quantidades ou


em fracções, em várias localidades ou Balcões, em diversas contas tituladas por pessoas
distintas, e/ou em dias consecutivos;

• Compra de moeda estrangeira, cheques sobre o estrangeiro, etc.;

• Negócios que envolvem muito numerário (casinos, restaurantes, estabelecimentos de


diversão nocturna, etc.).
2ª Fase de Circulação

Não se tendo detectado ou impedido o depósito de uma grande quantidade de


numerário, passa-se para a segunda fase.

Consiste em efectuar uma série de transacções financeiras de forma rápida, diversificada


e tanto quanto possível anónima de forma que permitam “afastar” o dinheiro da sua
origem, com o objectivo de apagar o rasto ou pista que leve o Banco ou as Autoridades
a seguir para montante e jusante do fluxo. Desta forma complica-se o acompanhamento
e controlo das operações por parte das autoridades, conseguindo-se por meio de:

• Movimento de fundos por ordens de pagamento para/ou provenientes de paraísos


fiscais;

• Operações através de sociedades offshore, intermediárias e representantes;

• Investimento ou amortização de activos duvidosos;

• Pedidos de crédito com garantia de operações passivas;

• Negócios fictícios com o estrangeiro (importações, exportações, etc.);

• Aquisição efectiva de bens, por exemplo o ouro que em todas as suas formas tem
ampla aceitação;
• Manipulação de transacções fictícias;

• Empréstimos de dinheiro;

• Manipulação de pessoas colectivas (“empresas de fachada”).

3ª Fase de Integração

Depois de diversos movimentos consecutivos entre várias entidades, bancos e


jurisdições, o dinheiro chega por fim a um banco suficientemente credível, entra no
circuito monetário dando a impressão que foi obtido de forma legal. Já não se trata aqui
de dissimular a origem dos fundos mas sim de os fazer “aparecer” ou “reaparecer” nos
circuitos económicos, sob um manto de licitude, de forma visível – designadamente ao
fisco

Nesta fase já é extremamente difícil distinguir quais os Rendimentos/fundos lícitos e


ilícitos, uma vez que ele é investido em:
• Aplicações aparentemente legais a partir de países com alguma credibilidade;

• Aplicações em negócios imobiliários e em activos financeiros;

• Criação de sociedades legais com fins comerciais, etc.;


Fontes de Dinheiro Ilícito

O Branqueamento de Capitais está criminalizado e pressupõe uma forma de


criminalidade complexa cujo processo não é simples uma vez que implica não só o
crime de Branqueamento em si como também outros que lhe estão subjacentes. Essa
complexidade liga-se ao facto dos crimes subjacentes ou crimes primários, serem da
mais variada natureza e de estar envolvido um enredado processo de
dissimulação/ocultação dos capitais previamente obtidos pela via ilícita até se chegar ao
crime secundário – o Branqueamento de Capitais propriamente dito – através da
utilização e usurpação do sistema financeiro.

Ora, enquanto crime, é importante notar que do ponto de vista jurídico se


considera que se trata de um ‘crime de dano’ e não de um ‘crime de perigo’ pois tem
consequências danosas ao lesar terceiros mesmo que só no plano material e não físico,
inclusivamente lesa a sociedade em geral conforme destaca Vitalino Canas (2004). Pelo
tipo de actividade que lhe está associada colocam-se questões no que toca à condenação
pela prática de crimes neste âmbito porquanto, havendo os crimes primários e o
secundário, a condenação se fica mais pelos primeiros e não chega a este. Autores como
Jorge Godinho (2009) alertam para este facto e salientam o quanto a ocultação e
dissimulação dos bens e capitais de origem ilícita é um factor que está na base desta
dificuldade com que se confronta a acção judicial.

Imagem 1: Principais Fontes de Dinheiro Ilícito


Consequências do Branqueamento de Capitais

Todos nós estamos conscientes dos graves danos provocados pelo uso ilícito de
drogas em alguns sectores das sociedades ocidentais. Além disso, também o crime
organizado, dedicado ao tráfico de drogas e a outras actividades ilegais como o
financiamento do terrorismo, está a causar alarme na sociedade actual, representando
uma verdadeira ameaça aos países, respectivos governos e instituições.

As consequências do branqueamento de capitais são tão devastadoras que podem pôr


em causa os valores fundamentais de um estado de direito. Vejamos algumas das
consequências do branqueamento de capitais:

• Fornece aos grupos criminosos os meios e recursos para a continuação da sua


actividade ilícita;

• Mina ou destrói as economias e os sectores financeiros, em especial em países


emergentes;

• Promove fortemente a concorrência desleal destruindo projectos de investimento


consubstanciados em fundos de origem legítima (economia paralela);

• Provoca a diminuição das receitas fiscais;

• Corrói a integridade e a reputação dos mercados, designadamente do financeiro;

• Aumenta os custos sociais (segurança, saúde publica, regulação, etc.);


Criminalização

A criminalização da lavagem de dinheiro foi exigida por vários instrumentos de


Direito Internacional, com destaque para a Convenção de Viena de 1988, a Convenção
Contra o Crime Organizado Transnacional de 2000, e a Convenção Contra a Corrupção
de 2003. O Grupo de Acção Financeira Internacional sugeriu a criminalização logo nas
suas primeiras recomendações, emitidas em 1990.

Em Portugal, a criminalização foi introduzida por lei de 1993, sob a influência da


primeira Directiva comunitária. Em 2004, o crime foi introduzido no Código Penal (Lei
n. 11/2004, de 27 de Março, que aditou o artigo 368-A).

A criminalização da lavagem de capitais, de um ponto vista dogmático jurídico-penal,


levanta múltiplos problemas, como:
• A definição do bem jurídico protegido;

• Os elementos objectivos (designadamente, a ligação com o crime precedente);

• Os elementos subjectivos (designadamente, a punibilidade do dolo eventual);

• O concurso de normas com o crime precedente;

• E outros problemas debatidos pela dogmática e pelos tribunais.

Do ponto de vista da acção penal, as principais dificuldades consistem em provar que os


bens são de origem ilícita e provar que o agente conhece essa origem.

Também o problema da definição do bem jurídico é de cariz primordial e de máxima


identificação, uma vez que é preciso compreender primeiramente o problema e as suas
vertentes, e depois quais os bens jurídicos que se pretende salvaguardar com a
criminalização do acto.

Assim sendo, neste caso, a definição concreta do bem jurídico é crucial, pois o
branqueamento de capitais como já visto, representa uma forma de lavagem de dinheiro
resultante da pratica de actividades ilícitas, que cria uma concorrência desleal ao estado
através da pratica de uma economia paralela, prejudicando não só a gestão saudável da
economia nacional mas também prejudicando todos aqueles que pagam impostos e
possuem negócios lícitos contribuindo para a circulação da economia nacional.

O bem jurídico protegido deverá restringir-se à protecção de toda a economia nacional


no caso do branqueamento de capitais.
Competência de Investigação e Supervisão
SIS - Serviço de Informações de Segurança
O SIS tem como missão a produção de informações de segurança para apoio de tomada
de decisão do Executivo, desta forma compete-lhe recolher, processar e difundir
informações que se mostrem essenciais, para a segurança interna.

Visto isto, a criminalidade económica e financeira é uma das preocupações do Serviço


de Informações de Segurança (SIS). Dentro desta criminalidade e com vista a combater
o branqueamento de capitais, que é parte do estruturante do crime organizado da sua
transnacionalidade e o financiamento do terrorismo, o SIS tem um papel preponderante
na prevenção e detecção de possíveis actividades ilícitas e a suas tentativas de
“transformar” os lucros ilícitos destas actividades em dinheiro lícito, sendo assim, após
detecção de possíveis casos de branqueamento, financiamento ao terrorismo este
organismo contacta com a polícia judiciária e o DCIAP.

OPC´s – Órgãos de Polícia Criminal


Segundo a lei 49/2008, a Lei da Organização da Investigação Criminal, o órgão de
polícia criminal competente para investigar criminalmente, o crime de branqueamento
(artigo 368-Aº do CP) é a Polícia Judiciária (PJ).

A PJ por sua vez tem uma maior capacidade de acção e mecanismos de investigação
podendo assim facilitar o processo. Visto que possui nos seus quadros técnicos
indivíduos que estão habilitados de capacidades técnicas na área económica-financeira.
Este OPC tem uma equipa dedicada à investigação denominada por Unidade de
Informação Financeira (UIF) que é especializada nos crimes económicos e financeiros e
pela sua investigação criminal, tendo como competências recolher, centralizar, tratar e
difundir, a nível nacional, a informação respeitante à prevenção e investigação dos
crimes de branqueamento de vantagens de proveniência ilícita, financiamento do
terrorismo e dos crimes tributários, actuando em articulação e cooperação com a
autoridade judiciária, e com as autoridades de supervisionação e fiscalização das
entidades financeiras e não financeiras que podem ser alvo desta criminalidade, estando
previsto esta cooperação na Lei n.º 25/2008, de 5 de Junho e a nível internacional esta
unidade coopera com as suas congéneres.

Esta unidade está em contacto com outras unidades criados pelos países pertencentes à
União Europeia devido a se tratar de criminalidade transnacional, envolvendo crimes
como o terrorismo, tráfico de droga e outros tráficos.

Podemos observar através de recomendações no âmbito de política criminal que


se trata de criminalidade de prevenção e investigação prioritária.
Banco de Portugal (BdP)

Missão e funções do Banco de Portugal

Dentro das missões e funções que estão atribuidas ao BdP temos orientação e
fiscalização dos mercados monetários e cambial. Supervisão prudencial e
comportamental que exerce sobre as instituições de crédito, das sociedades financeiras e
das instituições de pagamento.

O Banco de Portugal exerce a função de supervisão – prudencial e


comportamental – das instituições de crédito, das sociedades financeiras e das
instituições de pagamento, tendo em vista assegurar a estabilidade, eficiência e solidez
do sistema financeiro, o cumprimento de regras de conduta e de prestação de
informação aos clientes bancários, bem como garantir a segurança dos depósitos e dos
depositantes e a protecção dos interesses dos clientes.

As atribuições e competências do Banco de Portugal enquanto autoridade de


supervisão encontram-se definidas na sua Lei Orgânica, no Regime Geral das
Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (RGICSF) e no Regime Jurídico
relativo ao acesso à actividade das Instituições de Pagamento e à prestação de Serviços
de Pagamento (RJIPSP).

O BdP com esta supervisão da qual é responsável, para com diversas instituições
financeiras envia directivas que devem ser seguidas por estas, que desta forma permite
obter um maior controlo e uma maior prevenção na luta contra o financiamento de
terrorismo e o branqueamento de capitais, sendo que qual quer actividade suspeita
destes crimes é reportada ao BdP, que assim sendo, investiga possíveis suspeitas e no
caso de tiver fortes indícios, esta por sua vez, reporta ao órgão de polícia criminal
responsável e com competência para investigar criminalmente.

As instituições financeiras têm um papel importante nesta acção de prevenção e


detecção da criminalidade económica e financeira do ponto de vista que estas são
directamente “afectadas” por estes crimes, sendo que estão em contacto directo com as
contas e seus respectivos titulares.
Desta forma os bancos criaram na sua organização, normas internas e directivas, as
quais os seus funcionários deverão de seguir, como por exemplo, a partir da Lei
25/2008, a Instrução do Banco de Portugal nº 26/2005 e o Aviso nº 11/2005 do Banco
de Portugal impõem às entidades financeiras alguns deveres e obrigações, às quais os
colaboradores têm necessariamente de dar cumprimento:

- Dever de exigir a identificação;

- Dever de identificação do empregado;

- Dever de diligência

- Dever de recusa de realização de operações;

- Dever de conservação de documentos;

- Dever de exame e comunicação;

- Dever de abstenção e poder de suspensão;

- Dever de colaboração e segredo;

- Dever de controlo;

- Dever de formação;

Dentro dos deveres e obrigações vamos incidir sobre o dever de exigir a


identificação, pois trata-se do primeiro contacto que o indivíduo tem com as instituições
bancárias para que consiga branquear o dinheiro. Ora neste ponto, a comprovação pelo
cliente de quaisquer elementos exigíveis para a abertura de conta só pode ser efectuada
mediante documentos originais ou cópia certificada dos mesmos. Deve-se identificar e
verificar a identidade dos clientes e representantes quando estes efectuem transacções
ocasionais de montante igual ou superior a 15.000 Euros, independentemente de a
transacção ser realizada através de uma única operação ou de várias operações que
aparentem estar relacionadas entre si. No caso em que se suspeite de que as operações,
independentemente do seu valor e de qualquer excepção ou limiar, possam estar
relacionadas com o crime de branqueamento de capitais ou de financiamento do
terrorismo. Nas situações em que o cliente for uma pessoa ou, em qualquer caso, sempre
que haja conhecimento ou fundada suspeita de que um cliente não actua por conta
própria, devem as entidades sujeitas obter do cliente informação que permita conhecer a
identidade do beneficiário efectivo, devendo ser tomadas as adequadas medidas de
verificação da mesma, em função do risco de branqueamento de capitais ou de
financiamento do terrorismo. Deve-se proceder à identificação dos clientes, seus
representantes e a outros intervenientes das operações, presencialmente ou à distância,
relativamente a quem efectuar depósitos em numerário em contas tituladas por terceiros,
no caso de os montantes depositados serem, isoladamente ou em conjunto, iguais ou
superiores a 12.500 euros.
Desta forma, temos que ao efectuar um depósito nas condições (acima referidas),
junta ao depósito efectuado uma identificação do indivíduo, e uma declaração onde o
depositante diz a proveniência do dinheiro assinando assim uma declaração que fica
junto ao processo. No caso do banco logo ao início suspeitar tratar-se de operações
suspeitas, pode recusar-se a abrir a conta. No caso de o depósito ser concretizado, este
se for suspeito, dentro da própria instituição financeira são realizadas investigações de
forma a “medir” o grau de suspeição. Assim sendo, se concluir que as operações são
suspeitas tendo um grau elevado, o banco através da sua Unidade de Prevenção de
Branqueamento de Capitais, encaminha para a Procuradoria-Geral da República e para a
Unidade de Informação Financeira da PJ.

Os bancos dispõem de um sistema de informação que selecciona as transacções


de maior risco (a aplicação BlanCa I), que as apresenta diariamente para análise aos
Balcões e aqui o Subdirector ou o Director classifica-as de acordo com o risco das
mesmas (Normal – a operação não tem risco e está de acordo com o conhecimento do
cliente; Comunicar – a operação tem risco, dado que existem indícios suficientes para
tal, a operação é incoerente com a actividade ou o cliente é desconhecido e a transacção
é de montante elevado e/ou provem de jurisdição e banco de risco; Seguimento –
aguarda-se a justificação da transacção pelo cliente, o cliente não é conhecido e vai
ser/foi contactado nesse sentido, sendo que pelo menos no prazo de 30 dias a operação
dever ser reclassificada em Normal ou Comunicar). Para além das razões aludidas atrás,
este é um processo rastreado pela Auditoria Interna, pela Supervisão do Banco de
Portugal, que pondera a oportunidade, a pertinência, as justificações quanto à operação
considerada de risco.

Assim sendo na base da estrutura interna de prevenção dos bancos temos a


unidade de prevenção de branqueamento de capitais que investiga e detecta possíveis
focos de criminalidade nas contas dos seus clientes, elaborando relatórios que depois
são enviados a um comité interno que analisa e apresenta resoluções e propostas.
Política Criminal
Nível Nacional

Começando pelo nosso país não só porque ratificámos a citada Convenção de Viena
como também porque esta é uma matéria com elevado reflexo também a nível nacional,
nomeadamente, no plano económico-financeiro e no âmbito do ordenamento jurídico,
verificamos que Portugal continuou a acompanhar desde 2002 o emanado internacional
e comunitariamente com uma produção normativa que engloba a aprovação de quatro
leis, três decretos-lei e uma portaria.

A nível do conteúdo dos diplomas adoptados verificamos que, no essencial, são tratados
temas sensíveis de que é exemplo o segredo bancário (Lei n.º 5/2002 de 11 Jan.). São
também agravadas as sanções penais aplicáveis aos infractores com a introdução no
Código Penal do art.º 368.º-A, n.º 6 (Lei n.º 11/2004 de 27 Mar.), do qual passa a
constar o aumento de 1/3 nos respectivos limites mínimo e máximo. Tais medidas são
ditadas pela preocupação em melhorar os resultados da luta contra o Branqueamento de
Capitais quer no caso particular da Droga quer nos outros casos de crimes subjacentes
àquele.

Ainda em matéria de alteração de normativos no nosso país após 2002referentes ao


Branqueamento de Capitais e muito sumariamente, ocorreu o seguinte:

a) - Alargamento do tipo de crimes subjacentes de conformidade com as Directivas


Comunitárias 91/308/CEE de 10 Jun. e 2001/97/CE de 04 Dez., passando a ser
incluídos no nosso ordenamento jurídico, primeiramente, o tráfico de órgãos ou tecidos
humanos, o tráfico de produtos nucleares, a pornografia envolvendo menores, o tráfico
de espécies protegidas e a fraude fiscal (Lei n.º 5/2002 de 11 Jan.) e, posteriormente, o
tráfico de influências, a corrupção e infracções referidas no nº 1 da Lei nº 36/94 de 29
Set., o peculato, o abuso sexual de crianças, a administração danosa e certas infracções
económico-financeiras (Lei n.º 11/2004 de 27 Mar.); cumpre salientar que já em 1995
tinham sido introduzidos, com o DL n.º 325/95 de 02 Dez., os crimes de lenocínio,
rapto, terrorismo, extorsão e tráfico de armas; também é de relembrar que a introdução
do crime de tráfico de Droga tinha sido em 1993 com o DL n.º 15/93 de 22 Jan.; para
mais fácil leitura dos anos de adopção na legislação nacional dos crimes subjacentes ao
Branqueamento de Capitais e da continuidade dos mesmos no tempo;

b) - Aumento da lista das entidades ‘sujeitas a deveres’, passando a mesma a


incluir, com a Lei n.º 5/2002 de 11 Jan., os técnicos de contas, os auditores externos, os
transportadores de fundos, os notários e conservadores de registos, as profissões
forenses independentes (advogados e solicitadores);
c) - Aumento progressivo do tipo de deveres, genéricos e específicos, a que estão
sujeitas entidades de supervisão e fiscalização, tendo sido elencados em 2004 deveres
gerais de exigir identificação, de recusa de realização de operações, de conservação de
documentos, de exame, de comunicação, de abstenção, de segredo, de criação de
mecanismos de controlo e de formação, bem como tendo sido definidas condições
específicas a observar por parte das instituições financeiras e não financeiras no
cumprimento desses deveres (Lei n.º 11/2004 de 27 Mar.) aos quais, em 2008, foram
acrescentados o dever de diligência e o dever de formação (Lei n.º 25/2008 de 05 Jun.);

d) - Criação de um sistema de coimas a aplicar pela violação desses deveres com


indicação das entidades com responsabilidade de averiguação das infracções e aplicação
das coimas e sanções acessórias (Lei n.º 11/2004 de 27 Mar.), o qual sofreu alterações
posteriormente no que diz respeito àquelas entidades (Lei n.º 25/2008 de 05 Jun.);

e) - Designação das Autoridades de Supervisão e Fiscalização, bem como das


responsabilidades e competências respectivas (art.º 38.º da Lei n.º 25/2008 de 05 Jun.),
quer para entidades financeiras (Banco de Portugal, Instituto de Seguros de Portugal e
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) quer para entidades não financeiras
(Serviço de Inspecção de Jogos do Turismo de Portugal, IP; Instituto da Construção e
do Imobiliário, IP; Autoridade de Segurança Alimentar e Económica; Ordem dos
Revisores Oficiais de Contas; Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas; Instituto dos
Registos e Notariado; Ordem dos Advogados; Câmara dos Solicitadores).
Nível Comunitário

É reconhecido unanimemente que em muitas situações, em geral as mais graves e


significativas, o crime organizado é transnacional, ultrapassa as fronteiras entre os
países e os continentes, como que de uma empresa multinacional se tratasse. Os Estados
uniram os seus esforços e uniformizaram as suas legislações para lutar conjunta e
eficazmente contra estas organizações, em especial a União Europeia, ou de forma mais
alargado sob a égide do Grupo de Acção Financeira contra o Branqueamento de
Capitais, de que Portugal faz parte.
A União Europeia emitiu diversas directivas sobre a prevenção do branqueamento de
capitais e do financiamento do terrorismo, designadamente os seguintes:

 Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Narcóticos e


Substâncias Psicotrópicas, aprovado em Viena a 19 de Dezembro de 1988;

 Declaração de Basileia, aprovada em 28 de Dezembro de 1988, pelo Comité de


Basileia sobre Regulamentação e Supervisão Bancária;

 “Convenção do Conselho da Europa” e do estabelecimento de 40


Recomendações sobre a luta contra o branqueamento pelo Grupo de Acção
Financeira - GAFI, em 1990, revistas em 1996 e em Junho de 2003 e as 9
Recomendações contra o Financiamento do Terrorismo;

 Directiva 91/308/CEE, de 10 de Junho, relativa à prevenção de utilização do


sistema financeiro para efeitos de branqueamento de capitais;

 Directiva do Conselho das Comunidades Europeias nº 2001/97/CEE de 4 de


Dezembro de 2001, relativa à prevenção de uso do sistema bancário para o
branqueamento de capitais;

 Directiva 2005/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Outubro


de 2005, relativa à prevenção da utilização do sistema financeiro para o
branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo;

 Directiva 2006/70/CE da Comissão das Comunidades Europeias de 1 de Agosto


de 2006, relativa à definição de pessoa exposta politicamente e os critérios
aplicáveis à diligência devida.
Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI)

O Grupo de Acção Financeira Internacional (Financial Action Task Force) é um Grupo


inter-governamental que reúne organizações e Estados Membros.

Foi criado em 1989 pelo G7, o grupo de países mais industrializados de então
constituído pela Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, numa
resposta internacional para combater a lavagem de dinheiro.

Actualmente é formado por 34 países ou territórios e duas organizações regionais


(Comissão Europeia e o Conselho de Cooperação do Golfo). Além disso, o GAFI
trabalha em colaboração com vários organismos e organizações internacionais. Estas
entidades têm estatuto de observador junto do GAFI, que não dão direito a voto, no
entanto permite a plena participação em sessões plenárias e grupos de trabalho.

Está direccionado para as políticas de combate ao Branqueamento de Capitais e ao


Financiamento do Terrorismo. O seu reconhecimento e o seu prestígio devem-se ao
diálogo estreito e permanente entre os representantes dos Estados Membros:

 À realização de avaliações mútuas (Mutual Evaluations);


 À produção de notas interpretativas;
 Bem como à recolha, tratamento e difusão de informação relevante quanto a
formas de melhorar a intervenção e eficácia dos sistemas de controlo desse
domínio.

A acção do GAFI traduz-se, essencialmente, na emissão de Recomendações


Internacionais destinadas a prevenir e a reprimir esse tipo de crimes, os quais são
considerados padrões internacionais nestas matérias, na avaliação mútua do grau de
observância desses mesmos padrões por parte dos respectivos membros, bem como na
identificação de novos riscos e de metodologias de combate a estas actividades
criminosas

Neste contexto, o GAFI emitiu, em 1990, recomendações sobre as medidas necessárias


para combater eficazmente o branqueamento de capitais (as denominadas "Quarenta
Recomendações"), as quais foram já objecto de duas revisões (a última em 2003).

O mandato do GAFI foi alargado, em 2001, na sequência do atentado terrorista de 11 de


Setembro. Em Outubro desse ano foram emitidas Recomendações Especiais sobre
financiamento do terrorismo, posteriormente desenvolvidas – nomeadamente através de
Notas Interpretativas – e actualizadas em 2004.

Portugal é membro activo do GAFI desde 1990, tendo o seu sistema preventivo e
repressivo do branqueamento sido avaliado em três ocasiões, respectivamente em 1994,
1999 e 2006.
Prevenção e Detenção

As regras e recomendações internacionais apontam no sentido da criação de


mecanismos específicos de prevenção e detecção da lavagem de dinheiro, a instituir por
bancos, seguradoras, casinos, advogados, notários e outras entidades.

Tais mecanismos giram à volta de três aspectos centrais:

 Identificação dos clientes;


 Conservação de registos das operações e de documentos de identificação;
 E informação sobre indícios de transacções suspeitas às autoridades competentes
para a investigação.

Outras obrigações, que devem ser asseguradas pelas entidades bancarias de modo a
prevenir o branqueamento de capitais passa pela:

 - Obtenção de informação sobre o objecto e natureza da relação de negócio e definir


perfis de risco, tanto dos clientes como das operações;
 - Manter um acompanhamento continuado da relação de negócio e examinar
atentamente as operações realizadas durante a relação, verificando a sua
conformidade com a informação previamente obtida (perfil);
 - Estabelecer procedimentos de verificação periódica da actualidade e exactidão das
informações referentes aos seus clientes com base em critérios de materialidade e
risco, promovendo a alteração dos dados que figurem nos registos quando existam
razões para crer que podem estar desactualizados;
 - Estabelecer procedimentos regulares de confirmação da actualização dos dados
que figuram nos seus registos com uma periodicidade máxima de 5 anos.

O combate ao branqueamento de capitais e outros produtos provenientes da actividade


criminosa faz-se mediante a criminalização dos referidos comportamentos e de medidas
preventivas com vista à sua detecção junto do sistema financeiro, como é o caso do
artigo 368-A do Código Penal.

A Lei nº 25/2008 estabelece medidas preventivas e repressivas relativamente ao


financiamento do terrorismo, punindo as práticas numa moldura penal que vais dos 8
aos 15 anos.
Medidas e Soluções de Política Criminal

Legalização das drogas leves


Será que a legalização de drogas leves não poderá ser uma forma de atenuar o incentivo
ao branqueamento, diminuindo assim uma das fontes de dinheiro ilícito?

É um dos problemas com que nos debatemos, uma vez que combatendo o
branqueamento automaticamente nos levaria a um combate de todo o tipo de
actividades ilícitas de onde provem o “dinheiro sujo” que alimenta as lavagens de
dinheiro, poderemos inverter a situação, legalizando as drogas leves passando estas a
não constar numa das fontes de rendimento e “alimentação” das lavagens,
possibilitando assim o atenuar do volume de rendimentos.

Dinheiro digital
Se um dos principais problemas passa pela lucro das actividades ilícitas, representando
assim todo esse lucro dinheiro ilícito, posteriormente à sua colocação é de muita
dificuldade a perseguição do seu rasto e por fim a sua lavagem ou aplicação no merca.

Por assim sendo, levantamos um “velha” máxima questão que trata da utilização
exclusiva de dinheiro digital. Pensamos que a utilização de dinheiro digital, possibilita
às autoridades saber sempre de uma forma fácil e eficaz a circulação do nosso dinheiro,
sabendo as compras que efectuamos e as transferências de uma forma fácil.

Impedia a venda de qualquer tipo de mercadoria ou serviço ilegal pois seria impossível
a sua justificação às autoridades, uma vez que actualmente a maioria das trocas de
serviços e mercadorias é feita em dinheiro “vivo”.

As únicas desvantagens perceptíveis seria a restrição de direitos fundamentais, tais


como a liberdade de poder de compra e uso das economias de cada individuo, e a
confidencialidade das transacções.

Também a que perceber que o facto de as pessoas não lidarem com o dinheiro
fisicamente, as pode levar a uma desvalorização do mesmo e à não percepção daquilo
que gastam.

Achamos que num futuro próximo será uma realidade, devido a facilidade de utilização
e aos benefícios tanto em termos de eficácia como em termos práticos de investigação
criminal.
Aumento da moldura penal
Tais crimes aqui referidos gerem muitos milhões por vezes e a moldura penal é
demasiado pequena em compensação com aquilo que se lucra neste tipo de
criminalidade.

Portugal actualmente tem apostado mais numa política criminal repressiva em vez de
preventiva, pois bem uma das nossas ideias seria não só apostar numa maior repressão
com o aumento das molduras penais e do tempo de prescrição dos crimes mas ao
mesmo tempo de uma forma dual apostar com as mesmas medidas numa sensibilização
da sociedade através de uma prevenção geral negativa expressa por esse conjunto de
normas.

A que ter em consideração que grande parte dos condenados possui o lucro das suas
actividades ilícitas guarda em paraísos fiscais que lhe possibilita o acesso ao mesmo
após o período carcerário, sem o problema de que as autoridades lhe intersectem o
mesmo.

Assim sendo com um tempo maior de prisão estes não poderão usufruir dos mesmos
lucros ilegais e numa perspectiva de prevenção geral negativa isso pode ser um modelo
de prevenção adoptar.

Contas Offshore
As contas Offshore também conhecidos de paraísos fiscais, são uma das formais mais
fiáveis de colocação de dinheiros ou criação de empresas sem que estes sejam sujeitos a
taxas ou impostos, sem precisar do nome de um titular, bastando apenas um
administrador, o que trás uma vantagem absolutamente notória fase a colocação de
dinheiros provenientes de actividades ilícitas.

Estas contas não podem ser investigadas pelas forças policiais, e depois de colocado o
dinheiro nelas torna-se absolutamente difícil seguir o seu trajecto uma vez que o seu
titular é anonimo.

Pois bem achamos que o termino deste tipo de contas, pelo menos em comunidades
como a União Europeia, se tornaria uma mais-valia, à investigação das lavagens de
dinheiro e financiamento ao terrorismo, pois seria mais fácil, acompanhar o seu trajecto
de umas contas para as outras e por fim a sua aplicação e identificação dos criminosos.

Não só o termino deste tipo de contas mas também o alargamento do tempo de


transacção do dinheiro entre contas nacionais e contas Offshore daria mais espaço de
manobra à investigação pelas entidades bancarias da proveniência do mesmo, podendo
se houvesse suspeita o cancelamento da transacção e a comunicação às autoridades
competentes.
Conclusão

Através de um percurso sumário pela História apercebemo-nos o quanto o


fenómeno não é novo se tomado no sentido da aspiração à riqueza por vias ilícitas,
porém, enquanto entidade internacionalmente instituída, criminalizada e subordinada a
punição, ou seja, enquanto entidade jurídica, o Branqueamento de Capitais ganha a sua
forma contemporânea com a Convenção das Nações Unidas de 1988. No seguimento
desta, a respectiva transposição para o direito interno vem a processar-se no nosso país
apenas em 1993 (DL n.º 15/1993 de 22 Jan.).

Porém, outros tipos de criminalidade foram ganhando peso na sociedade e


enredando-se na Lavagem de Dinheiro até que veio a haver um alargamento dos crimes
considerados subjacentes ao crime de Branqueamento de Capitais entre os quais o crime
de Droga permaneceu. Desenvolve-se entretanto todo um quadro normativo de âmbito
internacional, regional e nacional sobre o qual aqui nos debruçámos, bem como todo um
aparelho institucional para prevenção da Reciclagem de Dinheiro, cuja eficácia tem sido
questionada face à desproporção entre o que foi sendo criado e os resultados obtidos.

Ao chegar ao fim desta fase do nosso estudo, entre as muitas conclusões que se
poderiam tirar, escolhemos apenas algumas que de certo modo aglutinam as restantes,
sendo que a primeira é o próprio inacabada insuficiência deste trabalho para que se
possa considerar suficientemente aprofundado o nosso objecto de estudo. A matéria é de
tal modo vasta e versátil que exige investigações selectivas. Com este nosso estudo
ficam várias pistas em aberto como não podia deixar de ser pois, por mais que
restringíssemos, seria sempre imenso o que abordássemos dadas as características da
matéria. Satisfazer o nosso objectivo de ‘compreender o que se passa a nível do
Branqueamento de Capitais ligado e, ao aprofundar o assunto, tentar contribuir para que
um melhor conhecimento nestes domínios reverta a favor da prevenção de um problema
fundamental que muito afecta a sociedade’.

A problemática em análise no contexto aqui assinalado caracteriza-se por, um


amplo domínio de múltiplas vertentes, que como concluímos, é inesgotável. Porém,
sejam quais forem e qualquer que seja a criminalidade que lhe esteja subjacente, Lavar
Dinheiro sujo é a respectiva vertente comum, retirar dos outros e acumular para si é a
marca da falta de valores, da falta de responsabilidade social e da falta de ética.

Criminalidade esta que devera ser combatida ao máximo incapacitando a entrada


de dinheiro ilícito na economia nacional, como se a sua proveniência fosse natural e de
forma licita. O combate a mesma é crucial e uma mais valia para toda a economia
nacional de um estado.
Referências Bibliográficas

 Jean Ziegler, Os Senhores do Crime, Terramar, Lisboa, 1999;

 Jorge Godinho, Do crime de branqueamento de capitais, Introdução e tipicidade,


Almedina, Coimbra, 2001;

 Dias Duarte, Branqueamento de Capitais - O Regime do D. L. 15/93, de 22 de


Janeiro, e a Normativa Internacional. Porto: Publicações Universidade Católica,
2002;

 GAFI/FATF (2003). As Quarenta Recomendações. Paris: OCDE.

 GAFI/FATF (2004). As Nove Recomendações Especiais. Paris: OCDE.

 Vitalino Canas, O crime de branqueamento: regime de prevenção e de repressão,


Almedina, Coimbra, 2004;

 Fausto Martin de Sanctis, Combate à Lavagem de Dinheiro -Teoria e Prática,


Editora Millenium, Brasil, 2008;

 Jorge Godinho, Sobre a punibilidade do autor de um crime pelo branqueamento das


vantagens dele resultantes, in Estudos em Homenagem ao Doutor Jorge de
Figueiredo Dias, Coimbra, 2010;

Sites na Internet:
http://europa.eu
http://www.bportugal.pt
http://www.cmvm.pt
http://www.coe.int
http://www.diarioeconomico.pt/
http://www.dre.pt
http://www.fatf-gafi.org
http://www.incm.pt
http://www.isp.pt
http://www.jornaldenegocios.pt

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