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Apontamentos Processo Civil Executivo

CONCEITO E FINALIDADE DA AÇÃO EXECUTIVA


Classificação legal das ações (art.10º, CPC):
AÇÕES
1 – Declarativas
2 - Executivas
1 - DECLARATIVAS - genericamente pretende-se discutir a existência ou não do facto. O juiz declara quem tem
razão/vai declarar o direito. Quando estamos nesta fase ainda não sabemos quem tem razão (art.10º, nº2).
Quanto à sua finalidade, há 3 categorias:
1.1. Simples apreciação
1.2. Condenação
1.3. Constitutiva
1.4. Mistas (condenação + constitutiva)

1.1. Simples apreciação (art.10º, nº3, al.a)):


 Positiva: quando se pede para declarar um direito/existência de um direito.
 Negativa: quando se pede para declarar a inexistência de um direito.
Estas ações acontecem quando estamos perante uma situação de incerteza e se vem pedir ao Tribunal que declare
a existência de um direito ou em desistência de um facto. O tribunal não emite nenhuma ordem contra alguém,
pede-se apenas que o tribunal se pronuncie, declarando se o direito existe ou não.
Ex.: Pessoa é proprietária de um imóvel e quer vendê-lo, mas não consegue porque uma pessoa da localidade, diz
que ela não tem direito de propriedade.

1.2. Condenação (art.10º, nº3, al.b)):


Pretende-se que o tribunal emita uma ordem, a ação ou omissão/abstenção ordenando a prestação de uma
obrigação ou de um facto. O autor pede que se reconheça a existência de um direito, que este foi violado e pede
que se condene o réu.
Ex.: Condenar o réu a pagar o preço (ação), ordenar ao réu que não pratique determinados atos (omissão). //
celebrei um contrato de compra e venda e o réu não pagou e venho pedir que o tribunal declare que o direito existiu,
foi violado e que emita uma ordem para honra pagar (em regra é uma ação, mas pode também ordenar-se
abstenção). // ação de reivindicação (art.1311º) - veio se pedir a restituição do que lhe pertence e também uma
indemnização.

1.3. Constitutiva (art.10º):


O autor pretende que o tribunal declare um efeito jurídico novo que veio alterar as férias jurídica do réu,
independentemente da sua vontade. Aqui não se pede a condenação do réu porque o efeito jurídico é produzido
automaticamente através da sentença. O efeito jurídico vai resultar da sentença, pode levar a uma criação/
modificação/ extinção de uma relação jurídica.
Ex.: Criação (art.1550º) - servidão de passagem - não depende da vontade do réu, basta que o autor consiga
demonstrar estes factos para que haja uma ação constitutiva.
Ex.: Modificação - requerer a separação de pessoas e bens - não a extinção do matrimónio, mas sim o controlo
matrimonial foi alterado.
Ex.: Extinção – divórcio - casamento é decretado, não existe ordem nenhuma porque ele extingue-se por efeito
da sentença.
1.4. Mistas (condenação + constitutiva)
Ex.: ação de despejo.

2 – EXECUTIVAS - atua se mediante o desencadear do mecanismo da garantia, ou seja, aqui já sabemos quem é
o titular do direito (exequente) e quem o violou (executado), então emprega-nos a força por parte do Estado,
para fazer cumprir o direito. Quanto à sua finalidade, há 3 categorias:
2.1. Para pagamento de quantia certa
2.2. Para entrega de coisa certa
2.3. Para prestação de facto

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Ex.: Uma sentença condenou uma parte a entregar um imóvel e este não é entregue (art.862º e ss, CPC). na ação
executiva, através do uso da força, vamos entregar o imóvel ao titular do direito (execução para entrega de coisa
certa).

2.1. Para pagamento de quantia certa (art.724º, CPC)


Temos que ter um título executivo, pois sem este não existe ação executiva, que diga que o credor tem o direito
a obter uma quantia pecuniária que lhe é devida pelo devedor (executado). Esse pagamento vai ser obtido através
da execução do património do devedor (art.817º, CC). O objetivo é apreender beijo que forem considerados
suficientes para cobrir o pagamento da dívida, quantia executada para pagamento dos juros, das custas do
processo e dos honorários e despesas do agente de execução. O tribunal vai penhorar os bens do devedor e estes
vão ser guardados e posteriormente vendidos para pagar os custos.
2.2. Para entrega de coisa certa (art.859º e ss, CPC)
Utiliza-se esta ação quando o título executivo que o credor (exequente) tem direito a entrega de uma coisa
concreta e determinada, e essa coisa não lhe foi entregue pelo devedor voluntariamente (executado). O credor
vai dar entrada com ação executiva e requerer que apreenda essa coisa e lhe entregue (art.827º, CC).
Ex.: não lhe entrega a Mota, apreende a coisa e entregue ao credor.

Mas, pode acontecer que a coisa não seja encontrada (art.867º, CPC), o credor no próprio processo executivo
fazer liquidar o valor da coisa (valor da Mota), e assim, vamos converter a execução de entrega de coisa certa
numa execução para pagamento de quantia certa (recebe o valor da coisa).
2.3. Para prestação de facto (art.868º e ss, CPC)
Esta dá entrada quando estamos perante um facto devedor que não é cumprido. Esta pode ser fungível ou não
fungível (art.767º, CC).
 Não fungível: aquelas em que o devedor não pode ser substituído por outra pessoa no cumprimento da
prestação (o devedor tem uma determinada característica que faz com que o credor não queira outro).
 Fungível: podem ser feitas pelo devedor ou outra pessoa.
Ex.: Eu contrato uma pessoa para me reparar o telheiro, se o empreiteiro não cumpre a prestação de facto
(empreitada), então eu (exequente), entro com a execução e são apreendidos os bens do devedor correspondentes
ao valor da obra e esse valor vai servir para depois contratar outra pessoa para fazer a obra. Mas, se só puder ser
realizada pelo próprio devedor (art.868º, nº1, parte final), então o credor requer a penhora e venda de bens do
devedor, mas não para que outra pessoa a faça, mas sim para indemnizar o credor pelos prejuízos sofridos pelo não
cumprimento da obrigação.

Art.876º, CPC – por vezes a execução para a prestação de facto, é um facto negativo, obriga a uma abstenção.
Ex.: Uma pessoa está obrigada a não construir e constrói, damos entrada com uma prestação de facto negativa, para
que se proceda à demolição da obra, uma indemnização pelo prejuízo sofrido e uma sanção pecuniária compulsória
(art.829º-A, CC) - valor diário enquanto não for cumprida a obrigação de demolição. // Vamos admitir que eu tinha
uma sentença (título executivo) que condenava no despejo (entrega da casa) e simultaneamente no pagamento das
rendas. - Condena A Entrega de coisa certa e simultaneamente no pagamento de quantia pecuniária. Até 2013,
tinha que dar entrada com 2 ações executivas.
Em 2013 (art.626º, CPC e 710º), e, desde aí, é possível a cumulação de ações, isto é, em vez de darmos entrada
com 2 execuções, damos a entrada com uma que cumula 2 fins, A Entrega de coisa certa e o pagamento de quantia
certa. Mas, isto só é possível se o título constitutivo for uma sentença.
Ex.: se for uma escritura em que uma pessoa se obriga a entregar uma casa e pagar o valor e não cumpre, aí instaura
2 execuções.

Em conclusão: a ação executiva pressupõe sempre o dever de realização de uma prestação. Tá são executiva, ao
contrário da ação declarativa, não pode ter por base a simples previsão da violação de um direito, ao contrário
da ação declarativa, o direito tem que ter sido já violado, porque o que se pretende com a ação executiva e
reparação do direito violado (art.10º, nº4).
Ex.: numa ação declarativa o autor pede ao Tribunal para o réu ser condenado a Não perturbar o seu direito de
propriedade sobre um prédio rústico.// Existe um negócio jurídico entre 2 pessoas e o outro vem dizer que não
paga, a obrigação ainda não se venceu, só se vence daqui a 60 dias, mas ele já Diz Que Não paga. Podemos instaurar
uma ação declarativa em que pedimos ao Tribunal que declare quem tem razão, e condena o réu apagar quando ela
se vencer.

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O tipo de ação executiva é sempre determinado pelo título executivo (ex.: cheque - quantia certa). A satisfação do
credor é obtida mediante a substituição do Tribunal ao devedor (ex. o devedor não paga voluntariamente a
quantia, procede à apreensão dos bens e o produto da venda para pagar ao credor.) .

Importantes: 817º a 827º, CC // 400º, nº2, CC // 548º// 777º // 828º-A


A ação declarativa termina quando o tribunal declara quem tem o direito e quem violou, mas na ação executiva
este é o ponto de partida. O processo executivo é autónomo em relação ao processo declarativo, e este pode ser
ou não precedido pela ação declarativa, ou seja, o título executivo pode ser uma sentença ou um título que nada
tenha a ver com o processo. só podemos ir para uma abdução executiva com um documento (título executivo -
tem que ser seguro) que a testa que o direito existe, que há uma prestação que tem que ser cumprida e que foi
violada.
AÇÕES

EXECUTIVA DECLARATIVA

Existe para servir o interesse do direito do Fazer cumprir através do uso da força uma prestação
credor. Não pode haver igualdade de direitos. que não foi cumprida (exequente) - defende os
O executado não é ouvido. interesses do exequente.

Ex.: O exequente requer ao agente de execução que vai penhorar bens necessários e suficientes que se encontram
na residência do executado para o pagamento de quantia certa. Se se obedecesse ao princípio do contraditório, o
agente de execução tinha de notificá-lo antes e o notificado desaparecia com os bens. O exequente só é notificado
depois da penhora.

AGENTE DE EXECUÇÃO
É um profissional liberal porque é pago pelas partes e não pelo Estado. Em Portugal, tivemos até 2003 um sistema
Público de execução, isto é, era inteiramente tramitada em tribunais. O juiz era uma figura central do processo e
quem era o braço do juiz (fazia as penhoras) era oficial de justiça. Não se fazia a penhora sem o juiz ordenar.
Em 2003, houve uma reforma da ação executiva e o sistema passou a ser misto, isto é, simultaneamente Público
e privado. Criou-se uma figura nova que se denominava solicitador de execução. Hoje denomina-se (desde 2008)
por agente de execução, este pode ser um solicitador, advogado ou oficial de justiça (Art.85º, nº3, Lei 145/2015).
O advogado pode ser agente de execução, mas desde que não exerça o mandato.
Mas, em algumas situações, as funções do agente de execução acabam por ser desempenhadas por oficial de
justiça (art.722º, CPC).
Oficial de justiça - tem menos poderes e não está sujeito ao estatuto dos agentes de execução.
No âmbito da ação executiva existe uma base de dados (art.717º, CPC), esta base é atualizada pelo agente de
execução que permite saber se o devedor tem execuções contra ele ou não, que bens foram penhorados (…). o
oficial de justiça não tem direito a esta base (art.718º, nº4).
Art.722º, al.c), CPC – ex.: existe mento que não existe nenhum profissional na comarca.
Art.722º, al.e), CPC – Se a execução não for superior a 10000 EUR e se o exequente for uma pessoa singular e
quiser cobrar um crédito que não tenha a ver com a sua atividade comercial ou industrial, pode requerer que a
execução seja tramitada pelo oficial de justiça e não pelo agente de execução, não pagando os honorários ao
agente de execução.
Art.722º, al.f), CPC – podemos pedir que seja o gerente de execução a tramitar a execução se o valor não for
superior a 30000 EUR e o crédito exequente por natureza laboral. Se o trabalhador tiver créditos perante a sua
entidade patronal e esse crédito não for superior a 30000 EUR, pode requerer que a execução seja tramitada pelo
oficial de justiça e não pelo agente de execução, têm de pagar a taxa de justiça acrescida.
Art.756º (o oficial de justiça não pode ser depositário) / art.764º, nº5/ 774º, nº3/ 777º, nº1, al.a)/ 779º, nº2/
824º/ 833º, nº4.
Concluindo, o oficial de justiça só pode intervir nos casos previstos na lei e quando intervém não têm os mesmos
poderes que o agente de execução.

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Portaria 282/2013 – art.59º, nº2 – O oficial de justiça e o escrivão de direito. O solicitador tem poderes
diminuídos face ao agente de execução.
Substituição e destituição do agente de execução
Art.720º, nº4 – antes o agente de execução podia ser livremente substituído pelo seu exequente, ou seja, até 2013
o agente de execução podia ser retirado do processo (o credor podia substituir o agente de execução livremente
sem necessidade de justificação) ou podia ser destituído pelo órgão com competência disciplinar (CAAJ).
O agente de execução é um profissional liberal porque não recebe do Estado, mas sim do exequente, apesar de
atuar no âmbito do processo executivo em nome do Estado. O agente de execução é escolhido pelo exequente ou
por sorteio, sendo o sistema que o nomeia.
O agente de execução estava pressionado a fazer o que o exequente lhe pedia e tendia a praticar atos que não
eram conformes com a lei, porque o exequente podia substituí-lo livremente. Estava em causa a Independência
da atuação do agente de execução e a sua conformidade com a lei (princípio da legalidade).
Atualmente, com a pressão feita pela ordem para que o artigo fosse alterado, tem que ser apresentada uma
justificação atendível para o agente de execução ser substituído, mas não resolveu muito o problema. A partir de
2013, o agente de execução está mais protegido (pagamentos de honorários, interesses, …).
Art.724º, nº6, al.a) – dá-se início à ação executiva quando damos entrada com o requerimento executivo, mas,
enquanto o valor não for pago ao agente de execução é como se a ação não tivesse sido intentada, em termos
práticos têm influência porque há prazos que estão a correr.
Art.724º, nº6, al.b) (-->> art.749º, nº8) -Não basta pagar ao agente de execução, se formos um grande litigante, é
necessário pagar uma remuneração por serviços prestados. Então, enquanto isto não tiver pago, a execução não
dá entrada, serve para penalizar os grandes litigantes que entopem os tribunais.
Art.721º - Em primeira linha quem adianta estas quantias, honorários, despesas ao agente de execução é o
exequente.
Art.541º - Quando se chega à fase da penhora e venda dos bens, será o produto dessa venda dos bens do
executado que irá pagar as despesas e custas do processo. Ou seja, o exequente vai ser pago e reembolsado pelas
quantias que despendeu. Mas, se o produto da venda não for suficiente e não houver mais bens, e o exequente
que tem que suportar essas custas, porque o gerente de execução tem que ser sempre pago. Antes de intentar a
ação há que atender se o devedor tem bens suficientes.
O agente de execução vai pedindo periodicamente o pagamento de honorários e despesas, então, quando ele pede
uma determinada quantia, enquanto o exequente não pagar/demonstrar que pagou, a execução não prossegue
porque o agente de execução não consegue praticar ato processual nenhum porque o próprio sistema informático
não permite (o agente de execução não faz nada que não fique registado informaticamente no sistema).
Art.721º, nº3 – no fim de 30 dias, se o pagamento não for feito, a instância extingue-se, sem prejuízo do -->> 849º,
nº3.
Art.721º, nº5 – ex.: processo termina porque o exequente não pagou os honorários e despesas que foram pedidas.
Neste caso o agente de execução elabora uma nota discriminativa juntamente com a notificação e pode ele próprio
instaurar uma execução contra o próprio exequente.

COMPETÊNCIA DO JUIZ
Art.723º - “especificamente” – só pode fazer ISTO porque tudo o resto é feito pelo agente de execução e Secretaria.
Art.723º, al.a) – “Despacho liminar” – é um despacho normalmente proferido no início da ação executiva, pelo
juiz, que visa verificar se o que é pedido pelo exequente está ou não conforme com a lei (-->> 726º, nº4 - Despacho
de aperfeiçoamento) (707º- falta de registo). O despacho pode terminar com uma citação do executado, mas
também com o indeferimento total ou parcial ou com um despacho de aperfeiçoamento.
 Indeferimento total – Art.734º - Normalmente dá-se no início, mas pode ocorrer mais tarde, até o
primeiro ato de Transmissão dos bens penhorados.
 Indeferimento parcial – título executivo permite 10 e são pedidos 100, só vai prosseguir contra 10.
Só se usa nas situações em que a lei estabelece:
 Quando estamos perante uma execução que segue a forma de processo ordinário (sempre).
 Excecionalmente no processo sumário.

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Em termos estatísticos é um processo excecional porque a generalidade das execuções segue a forma de processo
sumário.
Art.723º, al.b) – “Oposição à execução” - processo declara que corre ao lado da execução, em que o executado
vem aos autos invocar factos de que a prestação não é devida. // “Oposição à penhora” - executado alega que a
penhora é ilegal. Ex.: agente de execução vem penhorar metade do salário e eu só ganho 800 EUR, venho pedir ao
juiz que levante a penhora. // “Embargos de terceiros” - Que não é executada vê os seus bens serem penhorados
e os bens não pertencem ao devedor, então não tem que ser penhorados ou responder pela dívida.
Art.788º e ss – Juiz julga a reclamação, graduação e verificação de créditos. O credor que tenha uma garantia real
sobre os bens penhorados pode ir reclamar o pagamento da quantia que lhe é devida numa ação que não foi
intentada por si.
Ex.: Uma pessoa é executada e deve dinheiro a um determinado credor e esse credor vem penhorar o imóvel onde
ele vive, mas está hipotecado à Caixa geral de depósitos. Se isso acontecer este banco vai ser citado para vir reclamar
o pagamento do seu crédito, nomeadamente as prestações que se vencem com a penhora, porque estas vencem se
com a penhora automaticamente, então, o banco tem que vir reclamar créditos à execução, pois caso não o faça, o
bem é vendido e a hipoteca extingue-se ponto um dos efeitos da venda executiva é a extinção das garantias reais.

É o juiz que decide se o crédito é atendível ou não, e é ele que vai verificar e graduar, caso vários credores venham
reclamar os seus créditos, ele vai estabelecer uma ordem de pagamento. Se houver impugnação da reclamação,
ele também decide.
Art.723º, al.c) – O gerente de execução no âmbito da ação executiva praticados e tem alguns poderes decisórios,
mas as partes podem ir contra esses atos e é o juiz que vai julgar essas reclamações.
Art.723º, al.d) –O agente de execução tem dúvidas sobre o que deve fazer, ou a parte, podem fazer o requerimento
ao juiz para este esclarecer as partes. Mas, para além destas alíneas, há outras competências que a lei
especificamente lhe atribui:
 Art.714º/ 715º/ 716º - dirigir as diligências de acertamento e liquidação da obrigação. Ex.: Se estas
perante uma obrigação que ainda não é certa, o juiz intervém nesta fase. // Se a obrigação está sujeita a
obrigação ou dependente de prestação, o credor tem que alegar e provar que a condição se verificou para
poder exigir a prestação, antes do requerimento tem que provar que a condição se verificou. // se a
obrigação não é líquida, não se sabe ao certo o que é devido, é necessário no início da ação executiva
proceder a essas diligências de liquidação. Quem vai presidir é o juiz. Por isso é que segue a forma ordinária
e intervém o juiz (art.550º, nº3 al.a) e b)).
 Decidir a isenção ou diminuição da penhora (Art.738º, nº6). Ex: o agente de execução penhora 1/3 do
salário (é legal), o executado faz um requerimento ao juiz dizendo que recebe 1500 EUR por mês e foi
retirado do salário, mas tenho 12 filhos e não vou ter dinheiro para os alimentar, então penso que seja
diminuída a penhora de 1/3 para 1/10 por agora, porque para o ano vou ganhar mais.
 Art.741º/ 742º - quem declara se a dívida é comum ou não é o juiz. Ex.: Muitas vezes o título executivo diz
que o executado é só o marido, mas resulta do direito substantivo que a dívida é comum. O exequente pode
pedir que a mulher seja chamada.
 Art.744º - o juiz tem competência para fazer a apreciação da qualidade dos bens e âmbito da herança da
execução do herdeiro. O juiz tem também competência para decidir da execução que é devida contra o
herdeiro, quais são os bens que pertencem à herança e quais são os bens pessoais do herdeiro. Só
respondem pela dívida da herança os bens que forem deixados pelo falecido. Ex.: Pessoa recebe bens de
uma herança, mas antes da partilha têm que ser liquidadas as dívidas da herança e só o que sobrar é que
vai ser dividido pelos herdeiros. Mas, por vezes isto não acontece e os credores da herança vão intentar uma
ação contra os herdeiros, só que muitas vezes penhoram se bens pessoais dos herdeiros e não os bens que
estes receberam da herança. Então, é preciso determinar quais os bens que podem ser penhorados, sendo
o juiz que decide.
 Tem poder para autorizar, nalgumas situações o uso da força pública, porque nem sempre é necessária a
autorização do juiz (art.757º, nº4). O agente de execução tem competência por exemplo para entrar num
armazém/celeiro requisitando o auxílio da força pública sem necessidade de autorização do juiz. No
entanto, quando quer entrar no domicílio do executado e tem que arrombar a porta, ele não pode fazer
sem antes requerer ao juiz que o autorize. Por que está em causa um direito da CRP - inviolabilidade do
domicílio - este direito só pode ser restringido por ordem judicial.
 Art.759º - pode autorizar o fracionamento do imóvel se for divisível. Ex.: É penhorado um grande terreno,
o executado diz que vale muito dinheiro e ele só deve 10000 EUR, autoriza que fraciona o prédio para que
sejam vendidos os lotes.

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 Autorizar a venda antecipada de bens (Art.814º). Ex.: normalmente penhora se um bem, depois anuncia-
se a venda e vendê-lo. Demora muito tempo. Mas, se penhorar bens que se estragam podemos pedir ao juiz
que autorize a venda antecipada dos bens ou bens que perdem valor rapidamente.
 Art.871º / 872º -Na execução para prestação de facto é o juiz que julga a prestação de contas que tem que
ser feita.
 Presidir a sessão de abertura das propostas de compra em carta fechada (art.820º, nº1). Ex.: uma das
modalidades de venda dos bens penhorados é mediante vendas propostas de carta fechada em que as
pessoas que se propõem a comprar o bem penhorado fazem uma proposta num Envelope fechado que é
depositado no cofre do Tribunal e depois as propostas são abertas pelo juiz na sala de audiências, à vista de
Toda A Gente, num dia que está pré-determinado.
 No âmbito do estabelecimento comercial, tem competência para nomear o administrador se ele estiver
penhorado (art.782º, nº3).
 Art.734º - o juiz por regra, hoje não fiscaliza a legalidade do que é requerido. Por vezes a execução começa
e acaba sem o juiz nunca ter olhado para ela. Mas, o juiz por sua iniciativa pode conhecer, até ao primeiro
ato em que o bem é entregue ao comprador, das questões que poderiam levar ao indeferimento do
requerimento Executivo ou aperfeiçoamento. Ex.: parte não é legítima/ o requerimento não tem título
executivo/ pede 500 e só se deve 300.

COMPETÊNCIA DO AGENTE DE EXECUÇÃO


Art.719º - o agente de execução faz tudo o que não estiver atribuído à Secretaria e ao juiz, então tem uma
competência residual. O agente de execução é que tem que pedir direção geral do processo, tem o papel mais
importante.
Art.719º, nº2 – Mesmo depois da extinção da instância ele tem que intervir.
Art.780º - No passado, a penhora dos saldos bancários só podia acontecer mediante despacho e autorização do
juiz. Mas, atualmente o agente de execução já não carece de despacho judicial para o fazer. É o gerente de
execução que o faz por via eletrónica às instituições de crédito, ordenando o bloqueio do saldo.
O juiz tem poder decisório, então quando não há conflitos, o juiz não deve intervir (não deve praticar atos de
mero expediente, então só deve intervir em caso de litígio e todas devem ser entregues ao agente de execução).
O agente de execução praticados executivos, porém tem alguns poderes decisórios:
 Art.811º/812º - Decida modalidade da venda.
 Art.808º
 Art.803º - Autorização de pagamento por consignação de rendimento.
 Art.855º, nº2, al.a) – Poder de admitir ou recusar o requerimento executivo na ação que segue a forma de
processo sumário. No processo ordinário pertence à Secretaria. (-->> art.723º, nº1, al.c), CPC).
 Art.855º, nº2, al.b) –Decide se o processo deve ser remetido para despacho liminar (situação excecional)
– art.855º, nº5.
 Art.763º - levantar a penhora por falta de andamento do processo, em 6 meses, a pedido do executado.
 Art.747º, nº2 – Poder para qualificar juridicamente o direito do terceiro detentor como penhor ou como
direito de retenção.
 Art.849º - Extingue a execução, mas se desta resultar de um ato praticado pelo juiz, o juiz também deve
declarar extinta a execução. Ex.: O executado diz que não deve nada porque já pagou, e o juiz decide que
nada é devido. O juiz (entende a jurisprudência) deve declarar extinta a execução.

COMPETÊNCIA DA SECRETARIA
Oficial de justiça enquanto escrivão de direito e funcionários judiciais, são quem pratica os atos.
Art.157º
Art.719º, nº3 – A Secretaria tem que fazer tudo o que não estiver atribuído ao agente de execução.
Art.720º - Designa o agente de execução. Normalmente no requerimento executivo, o exequente escolhe o agente
de execução, mas se a parte não escolher o agente de execução recusar o processo, a Secretaria é que no meio
agente de execução aleatoriamente através do sistema eletrónico.
Art.725º - Poder de receber ou recusar o requerimento executivo, mas apenas na execução para pagamento de
quantia certa que segue a forma ordinária (art.550º). Se recusar e o exequente não concordar, pode reclamar
para o juiz, ou pode aceitar a recusa e em tentar outra ação corrigindo o erro. Ex.: Se seguir a forma sumária este
pedido, já não compete à Secretaria, mas sim o gerente de execução (art.855º).

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PRESSUPOSTOS PARA AÇÃO EXECUTIVA


1º - Título Executivo:
 O dever de prestar tem que estar no título executivo.
 Sem título executivo não há ação executiva, porque só este documento é que confere o grau de certeza
que o nosso direito de considera ser suficiente, para que seja possível o recurso à ação executiva (que
existe um direito e ele foi violado).
 É ele que determina quem é o exequente e quem é o executado (art.53º) - quem tem legitimidade ativa e
passiva.
 É o título executivo que vai determinar qual é o tipo de ação executiva quanto à sua finalidade.
 Art.713º - A obrigação tem que ser líquida, certa e exigível.
 É o título executivo que determina os limites da ação executiva.
Princípio da tipicidade - só são títulos executivos o que a lei especifica como tal --> Art.703º - “títulos
executivos” (só existem estes).
Art.703º, al.a) – “sentença condenatória” – aceita-se que qualquer tipo de ação (simples apreciação,
condenação, constitutiva), possa servir como título executivo desde que contenham implícita ou explicitamente
uma parte condenatória, ou seja fica incluído o dever de cumprimento de uma prestação. Ex.: Condenação que
condena juros de mora, pagar indenização, (art.290º), de acordo com o princípio do dispositivo, podem pôr termo
ao processo conciliando se as partes.

Sentença Homologatória – pode confessar ser um título executivo. Tem início com a iniciativa das partes.
Desistência do pedido - 285º, nº1. Ex.: dívida de 15000 EUR, o credor aceita baixar o preço e o devedor aceita
(art.290º, CPC) (caso não pague, pode ser executado, mas se confessar que não tem direito a nada então não é título
executivo). Art.1122º - quando são devidas tornas não há dúvidas, mas se nada disser tem-se entendido que
também é título executivo. O juiz limita-se a sancionar a composição dos interesses em litígio pelas próprias
partes, limitando-se a verificar a sua validade como negócio jurídico. Não obstante ser uma ação constitutiva e
que não estabelece uma condenação expressa, tem-se entendido que existe implicitamente uma obrigação, então
é um título executivo.
Sentença constitutiva - apesar de não se pretender condenar o réu, muitas vezes fica consignado o dever de
cumprimento de uma prestação, tem que adotar determinados comportamentos. Ex.: alguém não cumpre o
direito de preferência e pedimos que o juiz substitua as cabeças, se o bem não for entregue, o bem pode ser
executado, aqui não há condenação, mas resulta a obrigação da entrega da coisa. // a ação de despejo – mista
(condenação + constitutiva) // Constituição de servidão predial - posso lá passar, o juiz reconhece o direito, mas o
réu não cumpre. Resulta do direito que ele tem um dever de não impedir a passagem, também pode ser título
executivo. // Declarar anulação de compra e venda (art.289º, CC - título executivo).

Ação de Simples Apreciação: a doutrina diverge:


 Professor Lebre Freitas e Teixeira Sousa - entendem que nestas ações não se pode falar de título executivo
porque o réu nestas ações nunca é condenado numa obrigação para existente nem constituem nenhuma
obrigação nova, servem apenas para declarar a existência ou não de um direito ao facto. - É a mais correta.
Mas,
 Lopes Cardoso e Amâncio Ferreira -defendem que estas ações podem ser título executivo porque se o juiz
reconhece um direito e o réu ou viola este tem a obrigação de se abster da prática de alguns comportamentos.
Art.705º - Não é só a sentença final que pode ser executada. Ex.: Num processo de ação declarativa, o juiz manda
notificar uma testemunha para ir ao julgamento e ela não vai, então condena numa multa e ela não paga, aí pode
ser executada. //pagamento de honorários a peritos e a parte não paga, então pode ser executada. //
Procedimentos cautelares também podem ser.

Art.704º, nº1 – Para que se possa executar a sentença esta já tem que ter transitado em julgado (não admitir
recurso nem reclamação), a não ser que o recurso a interpor tenha um efeito meramente devolutivo, ou seja, o
recurso não tem efeito suspensivo. A sentença, apesar de ainda não ter transitado em julgado já produz efeitos e
tem que ser respeitada. Por norma as sentenças têm efeito meramente devolutivo e não suspensivo (ex.: despejo/
ações sobre o estado /…) - (art.647º/ 676º).

Art.704º, nº3 – ex.: Manuel foi condenado em 15000 EUR e recorre para a relação, com efeito meramente devolutivo
- pode executar os bens. Só não podem ser entregue o dinheiro ao credor enquanto não houver decisão final.

Art.704º, nº4 – ex.: Se o bem penhorado for a casa do executado, ele pode requerer que a casa ainda não seja
penhorada.

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Apontamentos Processo Civil Executivo

Art.704º, nº5 – ex.: O executado que recorreu está numa situação complicada - pode requerer que seja suspensa a
execução e antes de pagar a prestação de uma caução (art.906º e ss, CPC).

Art.704º, nº6 – sentença de condenação genérica - pode acontecer que no final do processo não seja possível
determinar uma parte ou a totalidade do pedido, porque o juiz não tem elementos para tal. Então, a sentença só
pode ser executada na parte que já está a líquida, quanto à parte ilíquida esta não pode ainda ser executada
(art.704º, nº6). Só poderá ser executada esta parte quando já for líquida (aí o processo volta a nascer novamente)
(art.358º, nº2). Ex.: Pessoa sofre acidente e temos que intentar uma ação de condenação para a seguradora. Temos
3 anos para intentar a ação. No final do processo não é elementos para fixar o valor total da indenização. Se for
possível determinar o valor dos medicamentos, carro estragado, salários perdidos … Então, o juiz condena em
100000 EUR (valor já líquido) mas, a pessoa ainda vai ser operada mais 2 vezes e ainda não sabemos com que grau
de incapacidade Vai Ficar. Então, o juiz não tem todos os elementos. Portanto vai fazer constar na sentença que
quando houver elementos, ele vai condenar no que vier a ser liquidado no futuro.

Art.706º - sentença proferida em tribunal estrangeiro - a regra é que só após uma ação de revisão e
confirmação de sentença estrangeira (art.978º a 985º) e que a mesma pode ser executada em Portugal, para que
possa ser um título executivo. Ex.: Um português casado com uma portuguesa, são imigrantes no Brasil e casaram
lá. E querem que a sentença que decretou o divórcio lá, seja válida em Portugal. Para isso, é necessário recorrer a
uma ação de revisão e confirmação de sentença estrangeira (art.978º) num tribunal da relação. Para que a mesma
seja confirmada, tem que estar preenchidos os requisitos do art.980º. se tudo for respeitado, o tribunal confirma a
sentença como válida em Portugal.

Porém, atualmente, nos Estados membros da União Europeia, a necessidade desta ação encontra-se reduzida
devido à vigência de tratados, convenções, (…), que reconhecem automaticamente essas decisões.
1º - Convenção de Lugano (1988) - estabelece o reconhecimento automático de sentenças proferidas noutro
Estado da União Europeia sem necessidade da ação (art.978º e ss).
2º - Regulamento de Bruxelas I (1215/2015) – relativo à competência judiciária e reconhecimento da execução
de decisões em matéria cível e Comercial. Ex.: Uma sentença proferida em França e queremos executá-lo em
Portugal sobre matéria comercial. Para que tenha força executiva temos que pedir a declaração de Executeriedade
que é emitida pelo Tribunal da comarca que emitiu a sentença, e com esta declaração podemos vir a executar
essa sentença em Portugal (art.38º/39º Reg. Bruxelas I).
3º - Regulamento de Bruxelas II (2201/2003) –Versa sobre o reconhecimento e à execução de decisões em
matéria matrimonial e de responsabilidade parental. Ex.: Divórcio// um pai português foge com o filho para a
França, o tribunal português pode requerer às autoridades francesas que entreguem a criança de imediato.

4º - Regulamento 805/2004 – relativamente aos créditos pecuniários não contestados. Neste regulamento se
tivermos uma pessoa que pede o pagamento em Tribunal de uma quantia pecuniária e o réu não contesta, aqui
nem é necessária a declaração de Executeriedade, pois pode ser executada noutro Estado da União Europeia sem
pedir esta declaração.
Art.703º, al.b) – “Entidades com competência para tal” – serviços de registo civil e predial, câmaras de
comércio e indústria, solicitadores e advogados e Notários (DL116/2008). // “documentos autênticos e
autenticados” - títulos executivos extrajudiciais (não produzidos em tribunal) e são negociais (provém de
negócio jurídico).
Documentos exarados (documentos autênticos) - documentos escritos e efetuados apenas pelo notário,
nomeadamente por escritura pública ou testamento.
Documentos autenticados - aqueles que não são efetuados nem escritos pelo notário, mas que são levados à
sua presença para que na presença das partes, o notário, confirma a identidade das partes e a testa conformidade
da sua vontade com o respetivo conteúdo. São documentos elaborados pelas partes e confirmados por notário
ou outras entidades. Ex.: art.2206º, nº4, CC – testamento cerrado, não é feito pelo notário, mas pelo testador.
Atenção - o testamento também pode ser título executivo, mas só será quando o testador confessar uma dívida
sua (ex.: o testador confessa que deve ao Manuel e reconhece a existência de uma obrigação) . Ou quando o
testamento impuser o pagamento de uma dívida a um seu sucessor (ex.: herança sob condição: “eu deixo a quinta
ao Manuel na condição de ele entregar 1000 EUR por mês a Maria”, se ele aceitar, a quinta e não pagar a Maria, esta
pode pegar no testamento e instaurar uma ação executiva) .

Os documentos autênticos e autenticados são títulos executivos, quando formalizam o ato de Constituição de
uma obrigação. Ex.: Escritura de contrato de compra e venda, se o comprador se obrigar a pagar o preço em 10
prestações mensais, se não cumprir é título executivo. // a escritura pública também será título executivo quando
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Apontamentos Processo Civil Executivo

se constitua o reconhecimento pelo devedor de uma obrigação que já existia antes, nomeadamente confessar uma
dívida que foi feita por escritura pública.

ATENÇÃO, a partir de 2013, o documento particular, já não é título executivo, porque não oferecia a segurança
e a certeza suficiente que um título executivo deveria conceder (quanto muito pode sustentar a prova de uma
ação declarativa). os documentos foram outorgados depois da entrada em vigor deste código, não é título
executivo, mas antes são. Ex.: Um Manuel reconhece dever a quantia de 6000 EUR a Maria e compromete-se a pagar
até ao dia 17. A assinatura reconhecida presencialmente - não é título executivo porque apesar de ter sido
reconhecido presencialmente não deixa de ser um documento particular, porque não é efetuado por um notário
(em escritura pública) nem é um documento autenticado. Tinha que ser levada A Entidade notarial. Só com esta
forma solene é que se prova que existiam direito e que o mesmo foi violado.

Art.707º - o legislador separa 2 situações:


1º - Documentos que convencionem prestações futuras (ex.: contratos de fornecimento/ abertura de crédito)
- o documento para que sirva de base à execução, não pode ser apenas o contrato celebrado por documento
autêntico ou autenticado, mas é necessário também demonstrar que alguma prestação foi realizada para a
conclusão do negócio, também tem que se juntar esse documento para ser título executivo.
2º - Documentos em que se constituam obrigações futuras - Obrigação futura é igual a vinculação futura à
satisfação, por execução de certa importância, entrega de coisa determinada, compromete a fazer no futuro, (…),
aqui também é necessário provar que a obrigação acabou, mesmo por ter sido constituída. Ex.: Foi feita uma
escritura em que foi constituída uma hipoteca para garantir uma obrigação que se irá celebrar mais tarde. Esse
cumprimento não pode ser exigido sem se comprovar que foi constituída uma obrigação. // um banco fez uma
escritura em que constitui uma hipoteca a seu favor, essa escritura por si só não é um título executivo. É necessário
ainda juntar o contrato de mútuo que demonstre que o mutuante entregou a quantia mutuada ao mutuário, tem
que ser o credor a prová-lo.

Art.703º, al.c) – “Títulos de crédito” – letras, livranças e cheques. Estes 3 documentos poderão ser títulos
executivos, se preencherem uma série de requisitos:
Letras:
 Devem conter a menção “sem protesto” ou “sem despesas”. - Para podermos instaurar a ação executiva contra
todos os obrigados da letra. Caso contrário, apenas podemos instaurar e execução contra o aceitante e temos
que lavrar um instrumento de protesto (art.119º, CN e arts.25º/ 44º/ 46º/ 53º, LULL). As despesas de
protesto e outras (art.48º, nº3, LULL) como é o caso das despesas bancárias que resultam dos descontos e
das formas das letras, só podem ser pedidas em sede de ação declarativa (art.45º, LURC = cheques), a não ser
que exista um acordo Expresso em contrário.
 Só se podem pedir, quando instaurarmos uma execução, juros cíveis (art.559º, CC) e não os juros comerciais
(so se podem pedir em sede de ação declarativa).
 Também tem o prazo de 3 anos (art.70º/77º, LULL).
Livranças:
 Art.77º, LULL – regula O Pacto preenchimento da livrança em branco. Se o credor preencher a livrança de
acordo com O Pacto de preenchimento, poderá ser dada à execução a livrança.
 Art.70º/77º, LULL – Também tem o prazo de 3 anos.
Cheque:
 Tem que ser apresentado o pagamento do Banco no prazo de 8 dias (art.29º, LUC).
 Dar entrada com execução no prazo de 6 meses a contar do termo do prazo de apresentação, ou seja a contar
dos 8 dias.
Faltando algum dos requisitos nestes 3 documentos, estes podem ser dados à execução enquanto meros
quirógrafos.
“Mero quirógrafo” - obrigação contraída por mero escrito particular. Documento particular no qual o devedor
conhece a existência de uma obrigação. Mas, tem que ser legar a relação subjacente ou fundamental, pois ela não
resulta do documento. É o negócio jurídico que faz nascer a obrigação. Ex.: Explicar o negócio: vendeu os sapatos
no valor de X, que foram entregues dia 4, e para pagar os sapatos houve entrega do título executivo. Se o título
executivo der entrada como título de crédito, já não necessitamos de alugar a relação subjacente.

Art.703º, al.d) – “Título executivo por força de disposição especial” –existem outros documentos que constituem
títulos executivos por força de normas avulsas.

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Apontamentos Processo Civil Executivo

Art.944º, nº5 – Este título executivo é formado no âmbito de um processo declarativo especial (processo de
prestação de contas). Se o autor/requerente requerer a prestação por contas e o réu quando presta as contas
vem reconhecer que deve dinheiro ao autor, o autor pode requerer que se proceda à penhora e que sigam os
termos da ação de execução para pagamento de quantia certa. Aqui, o título executivo são as contas apresentadas
pelo réu.
DL269/98 – PROCESSO DE INJUNÇÃO
Este diploma veio prever o regime dos procedimentos para cumprimento de obrigações com diárias e
emergentes do contrato de valor não superior ao valor da alçada do Tribunal de primeira instância. Temos 2
caminhos possíveis:
1º - Com base neste diploma podemos instaurar uma ação especial para cumprimento de obrigações pecuniárias
emergentes de contratos desde que o valor não seja superior a 15000 EUR.
2º - Obrigações pecuniárias emergentes de transações comerciais abrangidas pelo DL62/2013
independentemente do valor da dívida.
Quanto a tramitação deste processo:
É um processo especial de natureza simplificada, não vai ao juiz, o requerido é notificado para deduzir oposição
ou pagar no prazo de 15 dias. se o requerido não pagar, é a própria Secretaria que refere no requerimento de
injunção “este documento tem força executiva” (art.14º). A partir daqui temos um título executivo que é o
requerimento de injunção que não teve oposição. Não resulta de uma decisão judicial.
Títulos Executivos Administrativos
 Títulos de cobrança de impostos
 Títulos de cobrança de coimas
 Títulos de cobrança de dívidas que são determinadas por ato administrativo
 Títulos de reembolso ou reposição e outras receitas do Estado (art.148º e 162º, CPPT)
 Certificado de conta de emolumentos e demais encargos devidos por ato de registo ou ato notarial (art.133º,
DReg. 55/80). – Se formos a um advogado ou solicitador e não pagamos as custas.
 Certidão de dívida de contribuições à segurança social (art.9º, DL511/76) – se deixamos de pagar as
contribuições à segurança social.
 Cópia do despacho do diretor-geral do departamento para assuntos do Fundo social europeu (DAFSE) que
determina a restituição de quantias recebidas no âmbito do Fundo social europeu, acompanhada das outras
cópias referidas no Art.1º, nº2, DL158/90.
 Certidão, passada pelos serviços competentes da Câmara municipal, comprovativos das despesas efetuadas
com obras de conservação ou demolição Por Ela ordenados e não feitos no prazo estabelecido (art.721º, nº5).
Títulos Executivos Particulares
 Ata de reunião da Assembleia de condóminos em que se encontrem fixadas contribuições a pagar ao
condomínio (art.6º, nº1, DL268/44)
 Lei 6/2016 (NRAU) - Art.15º - Há documentos que hoje podem servir de base ao procedimento especial de
despejo, não como título executivo. O único que permanece na lei é o Art.14º-A.
 Art.14º-A – se enviar uma comunicação ao arrendatário pedindo-lhe o pagamento das rendas em atraso, essa
comunicação junto com o contrato de arrendamento permite instaurar uma ação executiva para pagamento
de quantia certa. Se o senhorio não fizer as obras que lhe competem e se o inquilino as fizer, este pode
instaurar uma ação executiva contra o senhorio pedindo as quantias que despendeu na realização dessas
obras.
 O extrato de conta passado por sociedade, com sede em Portugal, dedicada à concessão de crédito por via de
emissão e utilização de cartas de crédito, titulando o respetivo saldo (art.1º, DL45/79).
 Documento de contrato de mútuo conhecido pela caixa geral de depósitos (art.9º, nº4, DL 287/93) – (acórdão
22147AH-2).
 Contrato de aquisição de direito real de habitação periódica, relativamente às prestações devidas pelo titular
daquele direito (DL275/93).
Títulos Executivos Europeus
 Título executivo europeu para créditos não contestados (Regulamento 805/2009). ISTO vem conferir força
executiva na comunidade europeia. Passam a ser títulos executivos as decisões judiciais, transações e
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Apontamentos Processo Civil Executivo

instrumentos autênticos. Desde que o devedor tenha expressamente reconhecido a dívida, por meio de
instrumento autêntico, ou tenha expressamente admitida dívida através de confissão ou transação. Ou então,
o devedor tenha corrido em revelia por não ter deduzido oposição. Ex.: o réu contesta, mas depois não
comparece no tribunal.
 Procedimento Europeu de Injunção de Pagamento (1896/2006) – é um procedimento declarativo. É aplicado
em matéria cível e comercial (art.2º). Tem por objeto créditos pecuniários líquidos. Só pode ser aplicado em
casos transfronteiriços (art.3º).
 Art.18.
NATUREZA E FUNÇÃO DO TÍTULO EXECUTIVO
O título executivo é um documento escrito. Sem título executivo não há ação executiva, sendo este a condição
necessária da ação executiva.
O título executivo é ou não a própria causa de pedir da ação executiva? Os factos constitutivos da obrigação têm
ou não que ser alegados na ação executiva?
Causa de pedir = factos concretos que sustentam o pedido. Ex.: Se temos uma escritura pública como título
executivo, temos que invocar o fundamento do pedido ou estamos dispensados de o fazer porque o título executivo
seria a causa de pedir em si.

Há divergência na doutrina e jurisprudência, quer interna como externa:


 Lopes Cardoso, Anselmo Castro, Alberto Reis - defendem que a causa de pedir é o próprio título executivo.
 Antunes Varela, Castro Mendes - defendem que o título executivo é um documento, mas não equivale à causa
de pedir. Então, o exequente tem que no requerimento executivo vir invocar o facto constitutivo da obrigação.
 Fernando Amâncio Ferreira - a parte só tem que invocar a causa de pedir quando ela não consiste no título
executivo. Esta foi a posição adotada pelo código de processo civil (art.724º, nº1, al.e)).
Ex.: O título executivo é a escritura pública e diz lá qual é a causa de pedir, consta um negócio jurídico que deu
origem à dívida. A causa de pedir já consta do título executivo. // Título de crédito (cheque), que estava prescrito e
vamos dá-lo a execução. Aqui temos que invocar os factos constitutivos da obrigação, qual é a causa de pedir, temos
que alugar que aquele cheque foi passado para pagar uma televisão, valor, marca, …, e o devedor não pagou. // Letra
de câmbio - não diz qual é a relação subjacente ou fundamental.

Em suma, o título executivo não equivale à causa de pedir. Se não constar do título executivo qual é a causa de
pedir, temos que invocar expressamente e descrever na exposição dos factos. Se do título executivo constar a
causa de pedir, então já não é preciso invocá-la no requerimento executivo.
Consequências da falta de apresentação do título executivo: o título executivo deve acompanhar o
requerimento executivo:
 Em papel – original
 Eletronicamente – CITIUS - cópia digitalizada da mesma.
O original tem que ser entregue aos autos no prazo de 10 dias (art.724º, nº5).
Se estivermos perante uma execução de sentença, de acordo com o Art.85º, CPC, esta deixa de correr por apenso
e corre nos próprios autos como regra. Mas, se a execução de sentença correr no translado, casos em que haja
recurso e tenha subido para a relação, se nós queremos executar, porque o recurso tem efeito meramente
devolutivo, então aí temos que pedir uma certidão de sentença para que a execução possa ser instaurada. Se
correr nos autos não é necessário pedir a certidão.
Art.85º, nº2 – ex.: se estivermos em Coimbra, temos uma decisão proferida pela comarca de lá, se queremos
executar a sentença, ela corre no juízo de execução, assim damos entrada com execução no próprio juízo que
proferiu a decisão e depois o processo será remetido ao juiz de execução, e é o próprio tribunal a extrair uma cópia
da sentença para ir para o juízo de execução.

== Que atitude é que o tribunal deve tomar se der entrada um requerimento de execução que não esteja
acompanhado de título executivo? ou se dá entrada um requerimento executivo acompanhado de um título
executivo que nada tem a ver com a ação instaurada?
Com a reforma de 1995, existe uma solução que nem sempre é possível. Para o ser devem estar preenchidos os
pressupostos legais. O juiz pode proferir despacho de aperfeiçoamento (art.725º e 855º), se não existir título
executivo.
Inexistência do título executivo:
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Apontamentos Processo Civil Executivo

 Art.725º, nº1, al.d) – Secretaria - deve recusar o requerimento executivo e segue processo ordinário.
 Art.825º, nº2, al.a) – Agente de execução – tem os mesmos poderes e segue o processo sumário.
Art.726º - no âmbito do processo ordinário, existe sempre um despacho liminar, ou seja, o juiz na fase de liminar
da ação executiva (fase inicial), vai verificar a legalidade do que é pedido pelo exequente, através do despacho
liminar.
Art.726º, al.a) - Se não houver título executivo, o título não permita que ele pedido, o juiz pode indeferir
liminarmente o requerimento executivo, rejeitando-o.
Art.726º, nº4 – há situações em que o juiz pode ter a possibilidade, se existir justificação para convidar o
exequente a suprir a irregularidade do título executivo, apresentando o título em falta ou corrigindo o
requerimento inicial. Mas, só em situações em que seja patente que existe um lapso por parte do exequente e que
o título não está completo, ou não está lá por mero lapso.
Ex.: Invoca um título, mas por lapso não junta. Falta o resto do título executivo. // Título executivo é junto aos autos,
só que o título executivo apenas diz que é devida a quantia de 10000 EUR e o exequente pede pagamento de 50000
EUR. O juiz vai proferir um despacho de indeferimento liminar parcial (art.726º, nº3), vai permitir que a execução
apenas por siga para o pagamento de 10000 EUR e vai indeferir o pedido quanto ao pagamento dos restantes 40000
EUR. Se o juiz não se apercebeu do erro, ele prefere despacho de citação (art.726º, nº6). O próprio executado ao
abrigo do art.728º, pode vir deduzirem embargos (oposição à execução). // Há um cheque e dele consta que o
devedor é o Manuel, e o exequente intenta a execução contra o Manuel e contra a mulher. O juiz vai indeferir
liminarmente de forma parcial o que é pedido, absolvendo a executada (mulher).

A execução nunca pode ir além do que é pedido (princípio do dispositivo).


Uso desnecessário da ação declarativa
Ex.: o credor tem um título executivo, e com isso, pode instaurar uma ação executiva, mas, no entanto, em vez de um
usarmos, vamos instaurar uma ação declarativa para provar a existência da dívida.

Quando não há necessidade de socorrer do processo, o que a lei estabelece (art.535º, al.c)), é que a ação
declarativa não é recusada, só que é o autor que tem que pagar as custas do processo e a outra parte.
Certeza, exigibilidade e liquidez
Não basta um título executivo, porque também é necessário que a obrigação seja certa, líquida e exigível.
1. Certeza
Art.543º e 549º, CC – obrigação alternativa - existe quando o devedor se compromete a postar uma das 2 ou
mais prestações. A escolha ou determinação da prestação e efetuar, entre a pluralidade de “opções”, podem cobrir
ao credor, devedor ao terceiro. Ex.: A execução só pode incidir sobre uma destas coisas - pode acontecer que o
devedor fique obrigado a prestar uma de 2 obrigações possíveis. // devedor no contrato mútuo obriga-se a dar o
dinheiro ou entregar prédio rústico. // Devedor ou tem que pagar a quantia em dinheiro ou um valor equivalente
em presuntos.

Quando o devedor não cumpre tem que se definir primeiro, em concreto, o que é que é devido, pois só assim é
que a execução pode prosseguir.
Se a escolha pertencer ao credor (porque assim ficou estipulado) : o credor no requerimento executivo terá
que fazer a escolha indicando qual das prestações é que escolhe. Da seguida, e execução prossegue de acordo com
aquilo que o exequente escolheu. Se o credor não fizer esta escolha no requerimento executivo, então aplicam-se
os Art.724º, nº1, al.h) – pois, caso contrário, Art.725º, nº1, al.c), CPC – a Secretaria terá que recusar o
requerimento executivo.
Se a escolha pertencer ao devedor - o devedor não cumpriu a obrigação exequente tem que dar entrada com a
execução. Como a escolha pertence ao devedor, terá o exequente/ credor mencionar isso mesmo no
requerimento executivo (art.714º, nº1). o devedor será notificado pela Secretaria, porque segue a forma de
processo ordinário, para no prazo de 20 dias, dou oposição à execução o outro prazo se tiver sido fixado pelas
partes nos termos do acordo, declarar porque qual das opções opta. Se o devedor escolher a ação, por segue em
conformidade. Se o devedor nada disser aplica-se o Art.714º, nº3, e será o credor que poderá escolher.
Escolha não cabe nem ao credor nem ao devedor, mas sim a um terceiro - Art.714º, nº2 – se o terceiro não
escolher, ele será notificado para o efeito e, se continuar sem optar por uma das 2 ou mais prestações, passa a ser
o exequente a fazê-lo. Se porventura, o terceiro tiver escolhido antes de dar entrada à execução, o exequente
tenho que dizer que o terceiro já escolheu e o devedor não cumpriu, e a ação prossegue.
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Apontamentos Processo Civil Executivo

Obrigação genérica (art.539º a 542º, CC)


Ex.: o devedor obrigou se a entregar 1 tonelada de maçãs e falta concretizar qual é a marca. // O devedor obriga-se
a entregar um carro e falta a cor e a marca.

Aplicam-se os mesmos artigos das obrigações alternativas (art.714º, CPC/ 724º, nº1, al.h)/ 725º, nº1, al.c)).
2. Exigível
Obrigação a prazo – obrigação que tem que ser cumprida até dia 26, tem um prazo certo e só depois de decorrido
o prazo e se depois disso a obrigação não tiver sido cumprida, é que se pode dar entrada com a execução, porque
antes dessa data não há violação do devedor de prestar e não foi violado o direito do credor porque a obrigação
ainda não é exigível, a partir do dia 27 a obrigação já se considera vencida.
Art.805º, CC
Art.772º - ex.: se no contrato de arrendamento nada for dito onde se paga a renda, tem que ser o senhorio a ir a
casa do inquilino para cobrar a renda. Às vezes o que acontece é que o credor não vai a casa do devedor buscar o
dinheiro. Se isto acontecer, e se já passou o prazo para efetuar o pagamento. Coloca-se a questão se o exequente
pode interpor a ação executiva ou não, porque na prática quem está em atraso é o credor, porque não foi buscar
o dinheiro. A doutrina tende a entender que nestas situações se pode interpor a ação executiva, só que a doutrina
diz que se aplica o Art.610º, nº2, al.b) por analogia, simultaneamente com o Art.551º, nº1 e o art.535º, nº2, al.b)
– por que a obrigação só se considera vencida depois da citação e quem paga as custas é o credor/exequente.
== Se na obrigação não há prazo fixado e as partes não chegaram a acordo quanto a ele?
O Professor Lebre de Freitas entendo que o credor intenta a execução, mas depois tem que requerer ao juiz que
fixe um prazo para que a obrigação seja cumprida. A execução não prossegue enquanto esse prazo, que for fixado
pelo juiz da execução, não tiver passado. Pede-se logo no requerimento executivo que seja o juiz a declarar um
prazo Art.1026º/ 1027º, CPC – é uma tramitação que precede a determinação do tipo de ação executiva.
Mas, há quem faça de outra forma: intentou um processo especial de fixação judicial de prazo, o juiz fixa e só
depois de o prazo não ser cumprido é que se intenta a execução.
Obrigações puras (art.805º, nº1, CC) - são aquelas em que não está fixado um prazo entre as partes e, o
vencimento da obrigação está dependente de uma interpelação para pagamento do credor. Ex.: Comerciante
vende 1 tonelada de farinha, acordaram o valor e a pessoa levou-a, mas não ficou fixado quando é que tinha que
pagar, então nunca veio pagar.

Art.805º, nº1, CC – terá que ser o credor a promover as diligências necessárias para tornar a obrigação
exigível/vencida, através de uma interpelação extrajudicial ou judicial:
 Extrajudicial - envia-se uma carta registada ao devedor ou interpelando através de uma notificação especial
avulsa, por correio eletrónico ou através de um meio que chegue ao conhecimento dele. Explica os factos, dei-
lhe um prazo para pagar, ao fim do qual vai considerar a obrigação vencida. Se o devedor não pagar mesmo
assim, o credor intenta ação, mas terá que provar que efetuou a interpelação juntando esse mesmo
documento.
 Judicial - através da interposição da competente ação porque a citação também equivale à interpelação. A
partir daí considera-se vencida. Mas se o fizermos sem previamente interpelar-nos ao cumprimento
extrajudicialmente, o devedor pode vir dizer que só não cumpriu antes porque não foi interpelado para isso
e portanto a ação foi interposta sem necessidade, por isso o exequente é que tem que pagar as custas
(art.610º, nº2, al.b)/ 551º, nº1/ 805º, CC).
Ex.: no caso do comerciante - mandou carta ao devedor dizendo que tem 15 dias para pagar, se não pagar, o
comerciante intenta a execução e no requerimento executivo ele tem que alegar que fez a interpelação antes de
intentar a execução e que o devedor não pagou, junta a carta do requerimento executivo, justificando a razão de ser
da interposição da execução.

Obrigação sob condição suspensiva (art.270º, CC) - a obrigação só será exigível depois de ter acontecido algo
no futuro. Ex.: o estudante precisa de dinheiro para estudar e pede empréstimo ao Banco e enquanto for estudante
não pode pagar, então o que fica acordado é que ele só começará a pagar a prestação ao Banco depois de terminar
o curso. O estudante acaba o curso e não paga. O banco entende a execução, mas tem que alegar que se verificou a
condição. terá que juntar prova de verificação da condição, juntando o certificado que permite comprovar o
aluno/devedor já acabou o curso e mesmo assim não pagou.

Aplica-se o Art.715º, nº1 a 4 – no próprio requerimento executivo, o credor tem que provar que a condição se
verificou, senão a obrigação não prossegue.

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Apontamentos Processo Civil Executivo

Obrigações sinalagmáticas (Art.715º) - se o credor estiver obrigado com o devedor a uma contraprestação que
tem que ser efetuada simultaneamente. Aqui o credor tem que provar que efetuou a prestação, sob pena de não
poder executar em caso de incumprimento da outra parte.
Ex.: execução segue a forma de processo sumário, então não há lugar a despacho liminar e o agente de execução de
acordo com o art.855º, é que vai verificar se a obrigação é certa e exigível. Se for exigível, a execução prossegue
normalmente. Se o agente de execução tiver dúvidas quanto à certeza e exigibilidade ou achar que não é, ele tem
que suscitar a intervenção do juiz (art.855º, nº2, al.b)) para que este se pronuncie e decida em conformidade. Se
seguir o processo ordinário, vai para a Secretaria. Há sempre despacho liminar (art.726º, nº1) – é a Secretaria que
faz a primeira fiscalização (art.724º, nº1, al.h)) e esta se verificar que o autor não invocou os factos a que estava
obrigado, pode recusar o requerimento. Se não for o caso, esta abre conclusão ao juiz para este proferir despacho
liminar (art.726º) – o juiz vai sempre verificar se é obrigação em certa exigível em face do título executivo e prova
complementar junta pelo exequente no requerimento de execução (art.714º, nº1, al.b) e art.715º). Se o juiz chegar
à conclusão que a obrigação não é certa nem exigível, não pode deixar de prosseguir a execução. Deve indeferir
liminarmente o requerimento executivo ou convidar ao aperfeiçoamento.

O que tem entendido a doutrina e a jurisprudência é que o juiz não deve rejeitar sem fundamento. Primeiro deve
convidar a parte a suprir essa mesma irregularidade e só se não o fizer no prazo que lhe for dado e que deve
indeferir liminarmente o requerimento executivo.
3. Liquidez/ liquidação
A obrigação é ilíquida quando não está determinada, em termos de quantidade ou quando o objeto da obrigação
é uma universalidade. Ex.: não sabemos se é devido 50 EUR ou 100 EUR.// Sabemos que é devida uma biblioteca,
mas não sabemos quantos livros têm, temos que saber os Bens que compõem a universalidade.

== Quando e como se faz a liquidação? Depende do título executivo:


1º - SE O TÍTULO EXECUTIVO FOR UMA SENTENÇA ILÍQUIDA
Uma sentença pode condenar numa parte líquida, a qual pode desde logo ser executada, mas, também pode
condenar no cumprimento de uma parte ilíquida ou pode ela toda condenar numa parte ilíquida.
É através do “incidente de liquidação” (art.358º, CPC) - se tiver uma sentença que condenou no que vier a ser
liquidado, e já se tem elementos para proceder à liquidação, o autor vai pedir a renovação da instância, ao juiz,
porque o processo estava extinto, e vai requerer que a liquidação seja feita no processo declarativo. A outra parte
é notificada para deduzir contestação.
Art.716º, nº8 – ex.: sim tensa condena no pagamento de 5000 EUR e no que se vier a condenar mais tarde. Temos
uma parte líquida e outra ilíquida. A líquida pode ser logo executada. Não se pode executar o resto (art.609º, nº2,
CPC).

Se intentarmos uma ação declarativa em que se pede uma indemnização ao juiz, e este chega, no final do processo,
à conclusão que já há elementos que permitem fixar uma indemnização (30000 EUR), no entanto, relativamente
ao restante ainda não há elementos que permitam definir a indemnização que ainda é devida (ainda têm que
ocorrer alguns factos), o juiz condena logo nos desculpa 30000 EUR ao réu e quanto ao restante, o juiz condene
no que vier a ser liquidado. - Temos uma sentença que já pode ser executada em 30000 EUR, mas o restante
carece de liquidação posterior.
2º - SE O TÍTULO EXECUTIVO FOR EXTRAJUDICIAL
Tem que se distinguir 2 vertentes, consoante a liquidação que possa ser feita por simples cálculo aritmético ou
não.
Liquidação por simples cálculo aritmético – ex.: quando o exequente calcula os juros, a cotação de uma
bolsa/moeda. - Fazer-se esta liquidação no requerimento executivo, o exequente discrimina qual é a quantia a
título de capital, juros e diz como as colocou (art.716º).
O agente de execução também líquida os “juros vincendos”. - São os juros que se venceram desde a execução até
a íntegra do pagamento. Quem os calcula é o agente de execução (art.716º, nº2). Ex.: quando damos entrada com
o requerimento executivo, dizemos que são devidos 100 EUR de capital e dizemos 20 EUR a título de juros já
vencidos, e dizemos que juros se venceram a determinada dota. E também vamos pedir os juros vincendos.

O agente de execução também líquida a “sanção pecuniária compulsória” (art.829º, nº4, al.a), CC e art.716º, nº3)
- não é feita a requerimento do exequente.
Liquidação não depende de simples cálculo aritmético - não depende de simples cálculo aritmético, é o próprio
exequente no requerimento executivo que tem que vir especificar quais os valores que têm direito a receber
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(art.716º) e depois o executado é citado (art.719º) para contestar a liquidação feita pelo exequente. Se não
contestar é tida como verdadeira (art.716º, nº4 e 732º, nº2). Ex.: título executivo é uma escritura pública em que
o devedor tem que entregar uma casa até ao dia 25, se não cumprir, terá que indenizar o Luiz em todos os prejuízos
causado. O Luís não entregou a casa e o exequente interpõe uma execução pedindo 10000 EUR por prejuízo.

Art.716º, nº6 – prevê a possibilidade de a liquidação ser feita extrajudicialmente por árbitros.
Pedido de entrega de uma universalidade: ex.: exequente tem direito a um rebanho de ovelhas, nós não sabemos
quantas são. - Se o exequente pretender A Entrega de uma universalidade de bens e não tem meios para fazer a
liquidação, ou seja, para saber quantas são, o legislador permite que seja feito, excecionalmente um pedido
genérico no requerimento executivo (art.716º, CPC). O tribunal desloca-se ao local e faz um inventário, e só
depois é que são entregues ao exequente.
Consequência da iliquidez - se o processo chegar ao juiz, este deve proferir despacho de aperfeiçoamento, se o
exequente não aperfeiçoar, o juiz deverá indeferir liminarmente.
COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL
Onde se dá entrada com a execução.
Competência Internacional
Os bens imóveis (art.63º, al.d)) – Consagra a competência exclusiva dos tribunais portugueses quando as
execuções incidam sobre bens imóveis situados em território português. sempre que se pretenda penhorar uma
coisa imóvel, existente à data da propositura da ação de execução em território português, a regra é a da
competência exclusiva - leva a que a execução deva ser proposta em tribunal nacional. Ex.: Bem imóvel em
Portugal, a execução é proposta num tribunal português.

Não é possível proceder à penhora de bens imóveis existentes em Portugal através de carta rogatória
(art.173º/172º/ 180º/ 180º). quando pretendemos que um outro tribunal estrangeiro efetuou uma diligência, a
nosso pedido, temos que enviar uma carta rogatória, em que o tribunal pede ao Tribunal estrangeiro que pratique
uma determinada diligência.
As regras do art.62º/63º, CPC, São aplicáveis à ação declarativa, também se aplicam à ação executiva.
Existem 4 princípios que regem esta competência Internacional:
Princípio da coincidência (art.62º, CPC) – a jurisdição portuguesa será competente para a execução quando
esta possa ser intentada no tribunal português de acordo com as regras de competência territorial (foro real,
domicílio, …). denomina-se for de coincidência devido a coincidência entre a competência interna e Internacional.
Ex.: art.85º - Se execução tiver na sua base uma sentença proferida por um tribunal português, significa que será
competente para a execução também um tribunal português, mesmo que o exequente executado sejam
estrangeiros e mesmo que os bens a penhorar se localizem no estrangeiro. // art.89º, nº1 – Os tribunais portugueses
têm competência se o executado tiver domicílio em Portugal (art.82º a 88º, CC). // art.89º, nº2 – quiser A Entrega
de uma estátua e esta está em Castelo Branco, será competente o Tribunal de Castelo Branco. A ação executiva tem
normas específicas para a competência em razão do território (art.85º e ss).
Princípio da causalidade (art.62º, al.b)) – são competentes os tribunais portugueses desde que tenha sido
praticada em território português, o facto que serve de causa de pedir da execução.
Princípio da necessidade (art.62º, al.c)) – São competentes os tribunais portugueses para as execuções para as
quais nenhuma das outras ordens jurisdicionais se considerem competentes, ou, para as quais fosse
excessivamente oneroso para que se propusesse a ação no estrangeiro. Mas, para o tribunal português poder
tramitar essa mesma execução tem que haver um elemento poderoso de conexão pessoal (a nacionalidade de um
ou ambos ser portuguesa) ou conexão real (a situação dos bens a que se refere a execução, história em Portugal).
o objetivo deste princípio é evitar a degeneração da justiça, quando não exista outra ordem jurídica que queira
tratar do assunto, ou seja muito oneroso ir, para essa ordem jurídica, porque se encontra no estrangeiro.
Princípio da autonomia da vontade (art.94º) – as normas da competência territorial podem ser afastadas por
um pacto de competência no qual se pode atribuir ou excluir a competência. Ex.: Pode-se acordar que será o
tribunal estrangeiro a dirimir o litígio entre as partes (impactos de atribuição da jurisdição). Esta possibilidade
está consagrada na Convenção de Lugano e no Regime Comunitário 1215/2012 - Bruxelas I -> possibilita os
pactos de jurisdição quando a relação controvertida/ as partes tenham conexão com mais do que uma ordem
jurídica, desde que verifiquem os requisitos (nº3).

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COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA (CPC E LEI 62/2013)


1ª Regra: art.40º, Lei 62/2013 – a competência dos tribunais judiciais é residual.
Art.64º - A competência objetiva de um tribunal comum tem uma competência residual, e portanto, só por via
indireta (exclusão de partes) é que se pode apurar (tudo o que não cabe nos outros, cabe nos tribunais judiciais).
Cabe na competência dos tribunais judiciais, as ações executivas baseadas no incumprimento de uma prestação
que é devida de acordo com as normas do direito privado. Nesse sentido, são os tribunais judiciais que executam
as decisões que proferem (art.85º).
As execuções por custas e multas passam a ocorrer nas finanças (saiu dos tribunais judiciais) - (art.35º, DL
34/2008 – Finanças - é a administração tributária em sede de execução fiscal, a partir de 2019).
As sentenças dos julgados de paz e nos tribunais arbitrais correm nos tribunais judiciais (art.47º, Lei 62/2013)
Art.65º, CPC.
A jurisdição da segurança social tem competência executiva própria e os tribunais administrativos e fiscais.
Tudo o que resta cabe nos tribunais judiciais.
2ª Regra: Art.80º, Lei 62º/2013 – são da competência dos juízes de competência genérica, as causas que não
sejam atribuídas aos juízes de competência especializada e os tribunais de competência territorial alargada. Ou
seja, os juízos de competência genérica têm uma competência residual, porque só executam as ações executivas
que estão excluídas da competência dos juízos de competência especializada. Ex.: na comarca de Coimbra existe
um juízo de execução, logo vai ser o juízo de execução que vai executar todas as execuções. // Em Castelo Branco
não existe nenhum juízo de execução, logo vão ser os juízes de competência genérica que vão executar as decisões
que proferem (art.80º, nº2/ 81º, nº2 e 3/ 83º, Lei 62/2013).

Art.129º, Lei 62/2013 – ex.: em Coimbra, havendo um juízo de execução, o Tribunal de família executa as próprias
decisões que profere (art.122º, nº1, al.f)).

O juízo de família e menores tem competência executiva própria, isto é, executa as decisões que profere, mesmo
que existam tribunais de execuções naquela comarca (art.129º, nº2 (execução ocorre nestes juízos) -->> art.126º,
nº1, al.m) - tribunais de trabalho). Os juízos criminais também executam as decisões que proferem.
“Não devam correr perante um juízo cível” – se estivermos perante uma condenação genérica que carência de
liquidação prévia, aí já não corre no juízo criminal, corre no juízo cível. Ex.: pedido de indemnização cível e réu
não paga.

Nos termos da lei 62/2013 os tribunais de comarca desdobram se em juízos centrais e juízos de competência
genérica (locais) (art.81º - juízos de competência especializada). Dentro dos juízos de competência especializada
(centrais), termos os do Art.81º, nº3 e de entre estes, podemos ter um juízo de execução. Quando existem juízos
de competência especializada de acordo com o art.129º, nº2, é neste que tem competência. A competência do
juízo central e no âmbito do processo declarativo, julgar as ações declarativas cíveis de processo comum, de valor
superior a 50000 EUR. No âmbito das ações executivas (art.117º, nº1, al.b)) – ex.: estamos em Castelo Branco e
não existe juízo de execução.

Quando não haja juízo de execução, o juízo central cível tem competência para as ações executivas de valor
superior a 50000 EUR. E o juízo de competência genérica (local) tem competência para as execuções de valor
igual ou inferior a 50000 EUR (art.129º, nº3 e art.130º, nº2, al.c), Lei 62/2013). Ex.: temos um cheque no valor de
20000 EUR e o executado vive em Idanha a nova. Neste caso é competente o tribunal do domicílio do executado,
logo é o juízo local de Idanha a nova. // temos um cheque no valor de 70000 EUR. Aqui o tribunal competente é o da
comarca de Castelo Branco, e será competente o juízo central de Castelo Branco.

Se existir um juízo de execução – ex.: em Coimbra, o executado passou um cheque de 20000 EUR, logo é
competente o tribunal da comarca de Coimbra, mas já não instauramos no juízo local, porque existe um juízo de
execução (executa independentemente do valor). Se for proferida uma sentença no juízo central de Coimbra, uma
vez existindo juízo de execução, a ação dá entrada no juízo de central de Coimbra, mas depois vai ser remetida
ao juízo de execução, que vai executar as decisões proferidas pelos juízos de Coimbra, exceto o juízo de
competência especializada (tribunais de trabalho, comércio e família). Se tivermos um título executivo
extrajudicial cuja competência seja o tribunal da comarca de Coimbra, damos entrada com o processo no juízo
de execução.

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COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR


Estabelecem quais as execuções que competem aos juízes centrais e aos locais, quando não haja juízo de
execução.
Se o título executivo extrajudicial tem um valor superior a 50000 EUR, temos que dar entrada no juízo central.
Se o valor for inferior a 50000 EUR damos entrada num juízo de competência genérica (local). Se existir na
comarca ou juízo de execução, damos sempre entrada no juízo de execução que é um juízo de competência
especializada (independentemente do valor).
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA HIERARQUIA
Nos termos dos Art.85º a 90º, CPC, apenas os tribunais de primeira instância têm competência executiva.
Art.86º - É sempre o Tribunal de 1ª instância que vai executar.
Art.975º - nunca vai ser um tribunal superior a executar a decisão que profere.
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO TERRITÓRIO (art.85º a 90º)
1. Se tivermos perante um título executivo que é a sentença (--> art.709º, nº2/ 56º, nº3):
Se existirem juízos especializados execução, damos entrada com a execução no tribunal que proferiu a
sentença, mas depois a execução corre por translado.
Translado - extrai-se cópia da sentença e das peças processuais que relevam para a execução e essas são
remetidas para os juízos especializados da execução, e é aqui que vai correr a execução (art.85º, nº2). Ex.: em
Coimbra, foi o juízo local que proferiu a sentença, damos entrada com a execução no juízo local, mas depois este vai
remeter ao juízo da execução, as cópias, e é este que vai tramitar a execução.

Se não existir juízo especializado da execução, a execução vai decorrer nos próprios autos no mesmo
processo. Não corre por apenso nem se abre uma pasta nova, corre no mesmo processo, mas de forma autónoma.
Se estivermos a executar uma execução que tenha sido alvo de recurso e pode ser executada porque tem efeito
meramente devolutivo, significa que o processo vai para a Relação, o que quer dizer que a execução tem que
correr no translado (extrai-se certidões) (art.85º, nº1).
Translado – ex.: Decisão da comarca de Castelo Branco e eu recorri para o tribunal da relação de Coimbra, a pasta
do processo vai para Coimbra, mas posso intentar execução na pendência do recurso. Então, tem que se requerer
que se extraia certidão da sentença e elementos importantes para a execução, para correr em Castelo Branco
execução. Abre-se uma pasta nova em Castelo Branco. Não junto ao processo especial porque está em Coimbra.

Art.85º, nº3/ 86º/ 84º/ 88º/ 90.


2. Se estivermos perante um título executivo extrajudicial:
Art.89º, nº1 – quando há juízo de execução - É regra geral. - É competente o tribunal do domicílio do executado
(Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa – 12/12/2013). Ex.: execução por dívida pecuniária/prestação de
facto/sem garantia real. Se estivermos perante uma execução contra uma pessoa que não pagou o empréstimo
da casa. O título executivo é uma escritura de mútuo com hipoteca .
Art.89º, nº2 – Se não houver juízo de execução - se a casa está na Covilhã e a execução tem um valor inferior a
50000 EUR será no juízo local da Covilhã, se for superior a 50000 EUR será no juízo central de Castelo Branco.
Ex.: para entrega de coisa certa ou com garantia real.

Se dermos entrada com o processo no tribunal errado: Art.104º, nº1, al.a). Se o processo chegar às mãos do juiz,
o tribunal vai declarar incompetente e vai remeter o processo para o tribunal competente ponto a consequência
é o pagamento de custas e o atraso no processo. Se o juiz não se aperceber ou o processo não chegar às mãos
dele, o executado quando for citado para deduzir oposição à execução, pode alugar essa exceção de
incompetência (art.729º, al.c)).
Art.105º, nº3.
LEGITIMIDADE DAS PARTES (art.53º)
a regra que está estabelecida para a ação executiva é que se deve obedecer ao que consta no título executivo, pois
este faz presumir que quem consta do mesmo como credor, é credor e quem consta como devedor, é devedor.
Mas se tivermos um título “ao portador” (não tem lá ninguém) então é quem o tem na mão.

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Apontamentos Processo Civil Executivo

A legitimidade é oferecida por um critério meramente formal no processo executivo. No declarativo e por um
critério substancial (art.30º). por isso presume-se que quem figura no título executivo como credor, é credor e
quem figura como devedor, é devedor. Portanto será o próprio executado em sede de oposição à execução que
poderá elidir a presunção, isto é opor-se à execução.
Ex.: art.1691º, CC – temos um cheque que foi emitido pelo Manuel e esse cheque foi emitido para comprar as
mobílias da casa, o Manuel é casado e o cheque foi devolvido por falta de provisão. O senhor contraiu uma dívida
que responsabiliza, NOS termos do direito substantivo ambos os cônjuges. No entanto o título executivo apenas tem
como devedor o Manuel e não a mulher, e ao abrigo do Art.53º, só podemos instaurar a ação executiva contra ele e
não contra a mulher, porque o título executivo diz que só ele é que deve.

Mas, o processo civil não pode conduzir a resultados que violem/contrariar o código civil. O legislador arranjou
uma solução - Só podemos interpor a execução contra quem figura no título como devedor. Mas, no requerimento
executivo podemos (ou mesmo posteriormente) (art.741º, CPC), alugar que a dívida constante no título executivo
é comum. Se assim for, a mulher vai ser citada (741º, nº2), para no prazo de 20 dias declarar se aceita a
comunicabilidade da dívida, e se nada disser a dívida é considerada comum e ele pode ser executado
posteriormente.
741º, nº3 – Se ela impugnar a dívida, o juiz vai julgar essa questão e decidir se a dívida é comum ou não. Se for
comum a execução prossegue também contra ela, caso contrário não e terá que ir requerer a separação do
património, para que só o património do marido seja executado.
O incidente de comunicabilidade pode ser suscitado não só pelo próprio exequente, mas também pelo próprio
executado (art.742º) – o executado pode vir dizer que essa dívida também é da sua mulher.
Para o credor é indiferente se a dívida é comum ou própria:
1º- Comum: primeiro respondem bens comuns do casal e subsidiariamente os bens próprios (art.1695º, CC) -
aqui tem um património maior para executar.
2º- Própria: primeiro respondem os bens próprios e se não forem suficientes, responde subsidiariamente a
meação dos bens comuns – metade (art.1696º, nº1).
Art.1691º, CC - situações que responsabilizam ambos os cônjuges.
Art.1695º, CC – situações de incomunicabilidade.
Art.1692º, CC – importante.
Quando exequente intentou uma execução contra o marido e a mulher, e não evoca a comunicabilidade da dívida
(com base num cheque emitido pelo marido), como ela não consta do título executivo como devedor, estamos
perante uma ilegitimidade:
 Exceção dilatória (art.577º, al.e)).
 Exceção de conhecimento oficioso(art.578º).
Se o processo não chegar ao juiz, a própria executada quando for citada para deduzir a oposição de execução,
pode deduzir oposição à execução e ainda invocar A Exceção, dizendo que é parte ilegítima (art.728º, nº1 e 729º,
al.c)) – falta um pressuposto processual. O exequente não pode instaurar a execução contra ela desde o início,
mas nós podemos alegar a comunicabilidade da dívida.
Exceções/ desvios à regra geral (art.54º):
Art.54º, nº1 – há 2 hipóteses:
1º) Morte – ex.: dar entrada com execução e o credor vem a falecer na pendência do processo de execução (ou até
antes de dar entrada na execução). Se ele faleceu, terá sucessores que irão encabeçar a sua posição jurídica.

Havendo uma Transmissão Mortis causa na pendência do processo, vamos ter que interpor um incidente de
habilitação (art.351º e ss, CPC).
Incidente de Habilitação – temos que comprovar no processo que ele faleceu, juntando certidão de óbito, mas
que vai ser substituído na posição jurídica pelos seus sucessores.
Pode-se fazer:
 Nos próprios autos, ou
 Juntando uma escritura de habilitação de herdeiros

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Apontamentos Processo Civil Executivo

Se morrer antes de dar entrada com o requerimento executivo, temos que no requerimento executivo
demonstrar que o credor faleceu e juntar documento notarial que comprove.
2º) Vivos – Havendo uma Transmissão inter-vivos, pode acontecer que num documento que figure como credor
uma determinada entidade, e essa entidade já não seja a credora (porque por exemplo houve uma cessação de
crédito) - o credor pode ceder o seu crédito a terceiro (art.577º, CC). Ex.: O Novo Banco é o credor, mas este já não
o é, porque se deu o crédito a terceiro, assim sendo, o novo credor pode executar a execução, mas tem que no
requerimento executivo demonstrar que o crédito lhe foi cedido. // Sub-rogação (art.589º e ss). // Fiador (art.627º
e ss) - o fiador cumpriu a obrigação do devedor principal e assim fica sub-rogado na posição de credor (com a
titularidade do direito que era do credor) e podem tentar a execução com base na liderança: “era fiador e agora sou
credor porque paguei”, mas tem que alegar esse facto no requerimento inicial.

Art.54º, nº2 e 3 – Também são desvios. Ex.: alguém que deve dinheiro a terceiro ou pretende pedir dinheiro a
terceiro (banco), e este disco sim, mas que o credor não dá garantias suficientes e pede que alguém dê mais
garantias (pai, tio, …), como hipoteca sobre o terreno do tio. A pessoa consegue um empréstimo, mas há um terceiro
que não é devedor que dá um bem de garantia. As coisas correm mal, e o banco vem executar hipoteca (penhorar o
bem dado em garantia). para isso, a execução tem que ter como executado o terceiro que deu a garantia. Só aquele
bem é que vai responder, mais nenhum, mas ele continua a ser executado, não por ser devedor, mas porque um
bem do seu património vai ser executado. Aqui o título executivo contra o terceiro é sempre extrajudicial (escritura
e o registo respetivo).

Ação de impugnação pauliana (art.610º)


Ex.: uma pessoa tem dívidas e tem tanto fugir ao pagamento delas, coloca o seu património imobiliário na esfera
jurídica de outra pessoa, e a realiza vendas que não são verdadeiras, tem apenas o objetivo de não ter nada em seu
nome para os credores não executarem.

Os credores podem intentar uma ação pauliana e explicar que o devedor alienou dolosamente o património,
então não ficou com um património para não honrar os seus compromissos (juntou-se com um terceiro e atuaram
de má fé) - o credor pode impugnar essas transmissões.
Efeitos da ação pauliana:
Em relação ao credor (art.616º, CC): aqui há um desvio à regra geral da legitimidade, porque a lei permite que os
credores (se a impugnação pauliana for julgada procedente) possam executar o património mesmo formalmente,
estando ainda na titularidade de terceiro (a quem foram transmitidos os bens dolosamente). Portanto, pode ser
instaurada a execução contra o devedor e o terceiro.
Art.610º, nº4 - o legislador entende que se estivermos perante uma dívida e o bem estiver na posse de terceiro,
este também pode ser demandado. Não se pode mandar só o possuidor, tem que ser conjuntamente com o
devedor.
PATROCÍNIO JUDICIÁRIO
É diferente da ação declarativa. Art.58º, CPC - é menos exigente que o art.40º na ação declarativa.
Art.58º, nº1, CPC – Ação executiva com valor superior a 30000 EUR é obrigatória a Constituição de advogado. A
ação executiva com valor entre 5000 EUR até 30000 EUR é obrigatória a Constituição de advogado, solicitador,
advogado estagiário (nº3). o agente de execução com valor inferior a 5000 EUR pode litigar sozinho sem
Patrocínio judiciário.
Art.58º, nº1, parte final – Aplicam-se as regras do art.40º e processo declarativo. Ex.: embargos, incidentes de
liquidação, oposição à execução. Aqui nestes casos, se estamos perante algum procedimento que corre por apenso
ou que segue os termos do processo declarativo. É obrigatória a Constituição de advogado se o valor for superior
a 5000 EUR.
Se estivermos perante uma reclamação de créditos: os credores com garantia real vão ser chamados aos autos
para virem, querendo reclamar os seus créditos. Se existir um apenso em que é o juiz que vai verificar e graduar
os créditos, neste caso, para fazer a reclamação de créditos só obrigatória a Constituição de advogado quando os
créditos forem superiores a 5000 EUR (art.58º, nº2).
Podemos na ação executiva não concordar com algum despacho. Se podemos recorrer?...
Quando há recurso, é sempre obrigatória a Constituição de advogado (art.40º, nº1, al.c)).
Ex.: se estiver um solicitador a patrocinar uma ação executiva que tem um valor de 25000 EUR pode bater. Mas, se
for necessário recorrer tem que chamar um advogado. Trabalham juntos. O solicitador não sai dos autos, só se o
cliente pedir.
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Apontamentos Processo Civil Executivo

FORMAS DE PROCESSO EXECUTIVO


Há vários tipos de ação executiva consoante a finalidade que estão no Art.10º. há a possibilidade de termos um
título executivo que é a sentença e podemos acumular no mesmo pedido 2 ou 3 ações (art.626º).
Existem execuções que seguem em forma de processo comum e execuções que seguem forma especial.
PROCESSO COMUM
Ação para Pagamento de Quantia Certa
1. - Ordinário: Aplica-se a todas as execuções cujos títulos executivos não estejam enumerados no art.550º, nº2
ou que ainda estejam enumerados encaixam no nº3.
1) O processo dá entrada e vai para a Secretaria (art.724º).
2) A Secretaria ou recusa ou aceita (art.725º).
3) Se a Secretaria aceitar, o processo é distribuído e remete para o juiz (art.720º).
4) O juiz fiscaliza a legalidade do que é requerido (art.726º) - Despacho liminar.
5) Se tudo estiver bem, profere o despacho de citação para o executado se opor à execução, se não prefere
despacho de aperfeiçoamento ou indeferimento total ou parcial do requerimento executivo. (“Sito se o
executado para no prazo de 20 dias pagar ou opor-se à execução” - a Secretaria remete para o agente de
execução através do CITIUS, este é que faz a citação – art.726º, nº8 - Para o executado. / art.750º - Expurga
dos processos executivos aqueles em que não há bens para penhorar).
6) Só depois de correr o prazo para a oposição é que é feita a penhora. Porém há casos em que há execução
prévia (art.727º).
2. - Sumário: Todas as que estão enumeradas no art.550º, nº2. por regra, o juiz não tem intervenção, mas o agente
de execução pode pedir a sua intervenção (art.723º, nº1, al.d) e art.855º, nº2, al.b) e art.858º) - Pode haver
despacho de liminar neste caso.
1) Processo dá entrada e vai imediatamente para o agente de execução
2) Este aceita ou não aceita o requerimento executivo
3) Se aceitar, procura os bens penhoráveis
4) Faz a penhora
5) Por fim faz a citação do executado. Este não tem oportunidade de deduzir oposição ou então cita
simultaneamente com a penhora em 5 dias (art.856º).
Art.855º - aqui quase nunca há o despacho liminar. Ex.: não sabe se o título executivo é ou não, suscita dúvidas, é
preciso advogado e não está lá (art.723º, nº1, al.d) e art.855º, nº5).

Art.550º, nº2 – ex.: aplica-se a sentenças, requerimentos de injunção, contrato de mútuo celebrado por escritura
pública ou hipoteca, letra, livranças e cheques desde que não chega nunca aos 10000 EUR (valor significativo e
mais de 10000 EUR - ordinário).
Neste tipo de processos é o agente de execução que faz a penhora (art.855º, nº3).
Art.550º, nº2, al.c) – existem autores que não concordam - aqui emprega-se o processo sumário,
independentemente do valor, e Rui Pinto entende que isto viola o princípio da igualdade dos credores e o
princípio constitucional da defesa prévia, face à importância do bem jurídico em causa.
Ação para entrega de coisa certa e para prestação de facto - aqui o processo comum tem forma única
(art.859º e 868º).
Art.859º e ss – regula a forma aplicável à execução de sentença para entrega de coisa certa. Aqui a citação para
fazer A Entrega, e só se A Entrega não for feita é que há lugar à apreensão da coisa para a mesma ser entregue ao
credor. Se não se encontrar a coisa, converte esta ação para uma ação para pagamento de quantia certa.
Art.868º e ss - regula a forma aplicável à execução por sentença para prestação de facto.
Art.550º, nº2 – a forma que segue a execução de sentença e forma sumária e. Aqui não há citação, mas sim apenas
a notificação (art.626º, nº2), do executado, porque ele já foi citado NOS autos e a execução corre NOS autos. A
sentença não é executada nos próprios autos. Ex.: Se a sentença foi proferida no estrangeiro e queremos executá-
lo em Portugal, não corre nos autos. // Quando a sentença executada num juízo de execução // quando a sentença
foi proferida num tribunal superior porque é uma ação contra magistrados, então não corre no tribunal superior.

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PROCESSO ESPECIAL
Nos processos especiais temos que distinguir:
1) Processos exclusivamente executivos (a execução por alimentos)
2) Processos mistos
1 - Execução por Alimentos
Numa execução para pagamento de quantia certa até se obter o valor, poderá demorar bastante tempo.
“Alimentos” - tudo o que é indispensável para o sustento do alimentante - a pessoa não tem condições para ficar
muito tempo à espera das quantias a que têm direito. então, em vez de se fazer a penhora, vai ser notificado à
entidade patronal do trabalhador para entregar diretamente ao exequente a quantia correspondente à penhora.
Ex.: se a pessoa recebe 1000 EUR por mês e tem que pagar 200 EUR de pensão, A Entidade patronal entrega logo
os 200 EUR ao Estado e o executado trabalhador só vai receber 800 EUR.
A professora Orlinda de Coimbra defende que há outra forma de processo especial: “processo de entrega de coisa
imóvel arrendada” (art.864º/ 863º/ 865º), em que está prevista uma tramitação judicial que permite o
deferimento da desocupação do lugar arrendado para habitação, para atrasar A Entrega.
2 – Processos Mistos
Que tem uma fase declarativa a qual se segue uma fase executiva. São:
 O processo de investidura em cargos sociais (art.1070º/ 1071º).
 Providências cautelares (restituição provisória da posse (art.377º, CPC), arresto) - é feita pelo tribunal
através do oficial de justiça.
 Processo especial de despejo (art.15º e ss, Lei 6/2006 e CC) - dá entrada no local onde se encontra o
arrendamento (fase declarativa) e culmina com a obtenção de um título para despejo.
**
Título para Despejo – com base nesse mesmo título, quando terminada a fase declarativa, nós vamos pedir a
desocupação do local e o pagamento das rendas (art.15º, al.s)) e termina com o despejo (fase executiva).
Aplica-se também o art.861º, nº6, quando o agente de execução vai fazer o despejo (fase executiva), antes de
fazer o despacho tem que se deslocar ao local e tem que verificar se as pessoas que vão ser despejá-las têm
condições para se realojarem. se não tiverem, é o próprio agente de execução que tem a obrigação de comunicar
às entidades, que estão descritas neste artigo para estarem presentes no despejo, para os realojar.
Existem, processos declarativos, em que há lugar a atos executivos:
• Processo de divisão de coisa comum (art.929º), onde as partes pretendem pôr termo à comunhão -
podem ter lugar atos executivos, por exemplo, vender a coisa.
• Inventário Ex.: art.1124º/ 1131º/ 939º - a herança é entregue a favor do Estado quando não existe ninguém que queira
aceitar ou não existem sucessores (art.1045º a 1047º).

A ação executiva, na sua forma comum, para pagamento quantia certa, pode seguir a forma sumária ou ordinária,
então aplicam-se as normas próprias do processo comum.
Mas, o art.551º, Diz-me NOS que algumas normas do processo declarativo vão ser aplicadas ao processo
executivo desde que sejam compatíveis.
Art.551º, nº2 – as normas relativas à execução para pagamento de quantia certa vão ser usadas supletivamente,
para completar as disposições aplicáveis à execução de entrega de coisa certa e prestação de facto.
Art.551º, nº3 – A ação executiva para pagamento de quantia certa que segue a forma de processo ordinário, é a
que está mais exaustivamente tratada, porque tem mais normas. Aplicam-se as normas do processo ordinário
para completar as normas que regem a execução sumária.
Art.551º, nº4 – Às execuções especiais aplicam-se as disposições do processo ordinário.

Ação Executiva para Pagamento de Quantia Certa

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Como se dá entrada com um requerimento executivo?


• Através da utilização de um modelo eletrónico (CITIUS) – Portaria 282/2013, se existir mandatário
(art.132º/144º/ 712º, nº1).
OU
• Através do suporte em papel (mas só em casos excecionais) (art.144º, nº4), não importa a Constituição
de mandatário, mas os mandatários podem entregar em suporte de papel quando existir justo
impedimento.
Art.724º, al.e), CPC – Só se devem expor os factos quando os mesmos não constam do título executivo. Porém
existem situações em que é necessário indicar os factos. Ex.: Se a obrigação necessita de ser liquidada temos que
expor os factos importantes para a liquidação do título // se o título necessita de prova complementar, porque a
certeza e a exigibilidade não resultam do título (art.715º, nº1 e 2), em que alegar os factos. // se o estudante pede
dinheiro para estudar, o banco diz que a obrigação já é exigível porque ele já acabou o curso (a primeira prestação
só se vence quando o aluno terminar o seu curso).// houve sucessão de arrendamento em que consta que a Senhora
Paula é a senhoria, Mas virgula morre titular do arrendamento e é o filho que vai instaurar a execução, o filho no
requerimento executivo tem que alegar que a sua mãe faleceu e que ele é o único sucessor (tem que invocar estes
factos e colocá-los no requerimento executivo) // nas obrigações puras tem que se mostrar que se interpelou o
devedor ao cumprimento e ele não pagou (por que existem obrigações que dependem de interpelação (art.532º,
nº2, CPC).

Art.724º, al.k), CPC – se nós não preenchermos este número de identificação bancária do exequente não
conseguimos dar entrada com requerimento executivo. Ou seja, tudo o que for obrigatório, se não estiver lá não
conseguimos dar entrada com requerimento executivo/ processo.
Art.724º, al.h), CPC – pode ser obrigatório ou não. Ex:. Se couber ao credor temos que preencher, se esta não estiver
presente podemos preencher ou não

Art.724º, al.i), CPC – pode ser ou não providência cautelar executiva (o exequente só faz quiser) (art.727 CPC).
Art.724º, al.c), CPC – designa se quiser. Podemos não deduzir o incidente de comunicabilidade da dívida
(art.741º).
Art.724º, nº2, CPC – se queremos penhorar bens tenho que dar os elementos que tiver para ajudar o agente de
execução.
Art.724º, nº4, al.b), CPC – Não temos que juntar a certidão, temos que juntar o código. Se tivermos certidões em
papel temos que as digitalizar e juntar o PDF.
Art.724º, nº4, al.c), CPC – antes de dar entrada no CITIUS, temos que pagar e depois temos que juntar o
comprovativo do pagamento senão a Secretaria recusa (art.725º, nº1, al.c)).
aqui funcionam as mesmas regras do apoio judiciário na ação declarativa (art.552º, nº2 e ss). se queremos
beneficiar dele, temos que primeiro obter e de seguida é que se dá entrada com a execução. Se por algum motivo
foi indeferido o apoio judiciário temos 10 dias para pagar a taxa de justiça, sob pena de desentranhamento dos
autos.
Quando clicamos no “CITIUS” para dar entrada com o requerimento executivo. Até à Reforma de 2013,
considerava-se que, naquele momento em que fazemos o clique e aparecia a percentagem de 100%, que demos
entrada com ação (art.144º).
Mas, não se aplica ao processo executivo porque este rege-se pelo Art.724º, nº6 e só depois de pagar é que se
considera que se deu entrada (art.749º, nº8) (quando diferidos se não pagarmos, formalmente o processo nunca
deu entrada)
Ex:. vamos admitir que correu tudo bem, damos entrada com o requerimento executivo e pagamos a quantia.
Depois, se o processo for ordinário vai para a secretaria, se o processo for sumário vai para o agente de execução
(art.855º, nº2, al.a)). Partindo do pressuposto que foi para a secretaria, esta depois tem que cumprir o Art.725º, ou
seja, esta pode recusar (quando não quer o modelo inicial, ou seja, o requerimento clássico) ou aceitar o
requerimento executivo.

Art.724º, nº1 – se esta recusar (art.725º, nº2) – podemos reclamar para o juiz e temos 10 dias para o fazer. esta
decisão não é recorrível. A solução é que o exequente poderá apresentar outro requerimento executivo e a data
da entrada considera-se a primeira (do que foi recusado), se não fizermos extingue-se a execução.

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Se o requerimento executivo for aceite o que acontece é a apensação do processo e a designação do agente de
execução pela secretaria (se o mesmo não foi indicado pelo exequente no requerimento executivo) (art.720º,
nº2).
• se indicar o agente execução, será remetido para este mais tarde;
• pode acontecer que o exequente indique o agente de execução, e ele recusa o processo. Assim, esta
designação ficará sem efeito (art.720º, nº8) e será a secretaria a escolher outro. De seguida, envia para o
juiz para proferir despacho liminar (art.726º, nº1).
À parte: se o processo for sumário o processo vai logo para o agente de execução, este ou recusa ou aceita, se tudo
estiver bem faz a penhora e de seguida faz a citação.

Se o juiz proferir despacho de citação, o processo é remetido para o agente de execução, para este proceder à
citação (art.726º, nº6).
Como é feita a Citação?
Art.719º, nº1 e art.228º, nº1 – é feita por via postal. Se porventura se frustrar, será efetuada por contato pessoal
entre o agente de execução e o citando/ executado (art.231º, nº1).
se mesmo assim, não se conseguir temos a citação edital eletrónica (Portaria 282/2013 – art.10º, nº2). esta é
parecida a citação do processo declarativo, tendo apenas a particularidade de chamar a atenção do prazo para
oposição à execução, que é de 20 dias (há 20 dias para pagar ou opor-se à execução) Ex:. diz lá se é preciso
mandatário ou não// quando se estima ter que pagar ao advogado // tem referência multibanco, entidade...

ATENÇÃO- Art.855º, nº4 – e se o agente de execução não encontrar bens penhoráveis? Nunca se faz a citação?
Aplica-se o art.855º, nº4 e art.750º - se em 3 meses não se encontram bens, o agente de execução tem que
notificar o credor para ISTO vir dizer quais são os bens que pretende ver penhorados e ao mesmo tempo o
executado para ele dizer que bens é que tem. se mentirem as sanções, podem consistir em sanções pecuniárias
compulsórias, devido à omissão ou a uma falsa declaração.
Art.750º, nº2 – Depois de 10 dias extingue a execução e a instância (se eles não indicam bens, no prazo de 10
dias). sem prejuízo de, mais tarde existirem bens penhoráveis e poder se requerer a renovação da instância.
Cumulação Sucessiva (art.711º)
Ex.: muitas vezes, há um credor que tem muitas letras do devedor, e uma vence, por exemplo hoje, outra daqui a
um mês, outra daqui a 3 meses e eu outra daqui a 6 meses...O credor vai ao escritório do advogado e diz que a
primeira letra já se venceu. Passado algum tempo volta lá para dizer que a segunda letra também já se venceu, e
não vai pagando nenhuma. - Nestes casos, podemos requerer a cumulação sucessiva, ou seja, juntamos ao
processo e aos autos um novo título executivo (que até pode ser de uma relação subjacente diferente).
Porém, como juntámos um novo título executivo, o executado tem que ter a oportunidade de se opor a cada um
daqueles novos títulos executivos (oposição à execução). Ora, se isto acontecer, o executado não vai ser citado,
mas sim notificado (Art.778º nº4) para se opor à execução, porque já havia sido citado uma vez. - Tal acontece
no processo ordinário e sumário.
OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO (Art.728 e ss CPC)
O executado, pode opor-se, querendo, a execução no prazo de 20 dias. E esta consiste numa ação declarativa que
corre por apenso à executiva (não corre dentro da execução).
A oposição à execução pode ser deduzida pelo:
• próprio executado
• cônjuge do executado, nas situações do Art.786º, nº1, al.a) e art.787º ou no caso de a dívida não ser
comum (art.740º, nº1).
Em sede de oposição à execução pode-se invocar qualquer fundamento? - Não.
Fundamentos:
1. Se o título executivo for uma SENTENÇA, apenas os fundamentos do Art.729º podem ser invocados.
Porque, os outros que não constam daqui deviam e podiam ter sido invocados em sede de contestação na
ação declarativa.
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Art.729º, al.a) – o título apresentado não constitui título executivo segundo o olhaArt.703º (senão a titulo que
executivo não pode haver execução).
Art.729º, al.b) – tem a ver com a falsidade e infidelidade de todo o processo da sentença ou do translado (certidão
que é emitida para servir de base à execução). A falsidade é de conhecimento oficioso (art.372º, nº3, CC), se for
evidente, em face de um dos sinais exteriores do processo ou do translado (a certidão não reproduz com exatidão
o original da sentença).
Art.729º, al.c) – tem a ver com os pressupostos processuais que dizem respeito às exceções dilatórias (art.577º,
CPC).
Art.729º, al.d) – (--> 696º) – tem a ver com aquelas situações em que não há citação (art.188º) ou a citação é nula
(quando não cumpre a lei ou as formalidades) (art.191º) porque o réu não intervém no processo ou, por culpa
não imputável ao réu (ele não se pode defender no processo declarativo) por isso leva à nulidade todos os
processos subsequentes e leva à nulidade do título executivo, ou se não tiver conhecimento.
A falta de citação é de conhecimento oficioso e gera nulidade que tem que ser invocada pelo demandado
(art.195º/196º /197º).
Art.729º, al.e) – se estivermos perante uma obrigação incerta, inexigível ou ilíquida, o executado pode em sede
de oposição à execução vir alegar isso mesmo.
Art.729º, al.f) – (art.625º). - Caso julgado. - A possibilidade de existirem 2 sentenças com os mesmos sujeitos,
pedido e causa de pedir, e não foi alegado o caso julgado em nenhuma. Existem assim 2 sentenças contraditórias
sobre a mesma questão. Se Paulo suceder, só podemos executar a sentença que transitou em julgado em primeiro
lugar. Portanto, se for pedida a execução de uma decisão que transitou em julgado, em segundo lugar o executado
pode opor-se com o fundamento de caso julgado, e isto é, uma exceção de conhecimento oficioso (art.578º). -
Pode opor-se a execução.
Art.729º, al.g) – Estamos a falar de causas de extinção das obrigações (art.837º e ss, CC). Ex.:, dação em
cumprimento, prescrição, usucapião... Mas também estamos a falar das causas que modificam as obrigações Ex:.
extinção parcial da obrigação, garantia este pagamento, substituído o objeto da obrigação...

Porém, há 2 requisitos cumulativos, ou seja, tem que se opor à execução com estes fundamentos:
• é necessário que o facto seja posterior ao encerramento da discussão do processo declaração (Se este
facto é interior tinha que ter sido alegado no processo declarativo, senão o direito pecludiu).
Ex:. sou condenado no pagamento de 10000 EUR e paguei 5000 EUR, um e sequente pede os 10000 EUR na execução
quando eu já tinha pago 5000 EUR. - Aqui, só se pode provar por documento porque não é possível a prova
testemunhal.
• entre o momento em que se instaura ação executiva, a intensa que vier a ser proferida, pode já não
coincidir com a realidade jurídica que a sentença deferiu e por isso tem que ser admitido que o executado
deduza oposição à execução com o fundamento de que já pagou o que lhe é pedido.
A prescrição é relevante para a oposição à execução, porque é apenas esta que corre depois do trânsito em julgado
da sentença, é em regra o prazo ordinário de 20 anos (art.309º) – é a regra.
Mas, pode acontecer que a sentença condena em prestações ainda não de bebidas, em relação a elas ocorre a
prescrição e não a regra dos 20 anos (art.311º, nº2) – é a prescrição de curto prazo.
• Art.729º, al.h) – possibilidade de se o executado tiver um contra crédito, contra o exequente (ou seja, se
tiver um crédito igual ou maior ou inferior o que exequente está a reclamar) é ele é-lhe permitido .
Ex:. estou a ser executado pela quantia de 10000 EUR e obtive um crédito contra o exequente de 5000 EUR, eu posso
em sede de oposição à execução vir a indicar a existência do meu crédito, e requerer que exista compensação (a
execução prossiga apenas para a cobrança de 5000 EUR e não de 10000 EUR) - Tem-se entendido pela
jurisprudência (Acórdão da Relação do Porto – 16/05/2016), que o crédito tem que estar titulado por um título
executivo para que a compensação possa operar.
Ex.: o exequente pode dever-me 5000 EUR e eu tenho faturado 5000 EUR, a fatura não permite alegar a
compensação na execução que foi instaurada contra mim, o tribunal rejeita.

• Art.729º, al.i) – uma sentença que homologa/ de confirma como válida uma confissão/ acordo celebrado
entre as partes, constitui um negócio jurídico, sendo assim o legislador entende que se pode invocar
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qualquer causa de nulidade/ anulabilidade, ou seja trata-se de um negócio jurídico que foi
homologado e confirmado pelo juiz e pode haver um vício. Ex:. simulação, erro, dolo, incapacidade...
Ex.: acordo em processo de inventário em que uma das partes ficou com um prédio e não queria - (erro sobre o
objeto)

2. Se estivermos perante uma DECISÃO DE UM TRIBUNAL ARBITRAL (art.730º), podemos invocar os


mesmos fundamentos que constam do artigo Art.729º ou “aqueles em que pode basear-se a anulação
judicial da mesma decisão”.
Ex.: não ser o litígio suscetível de decisão Arbitral, mas tem que ser por um tribunal judicial// se estivermos perante
uma decisão Arbitral que versa sobre direitos de alimentos ou divórcio, tal é fundamento de nulidade// o tribunal
Arbitral ser incompetente para decidir aquela questão, ou se for irregularmente constituído (não respeita a norma
da convenção de arbitragem)// foi violado pelo Tribunal Arbitral o direito de defesa, ou se já foi violada algum
princípio da igualdade, contraditório, excesso ou ausência de pronúncia.

3. Se estivermos perante um TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL vamos invocar qualquer fundamento


ou causa desde que seja lícita e deduzi-la como defesa no processo declarativo. Ou seja, como estamos
perante um título executivo extrajudicial não houve o processo declarativo antes, ele formou-se sem que
exista um processo declarativo.
Não se pode deduzir um contra pedido, ou seja, com pedido reconvencional. Mas existe uma exceção (art.781º).
Neste caso, o legislador equipara o requerimento de injunção à sentença, então, só podemos invocar os mesmos
fundamentos que podemos usar no caso de ter uma sentença (art.729º).
Esta equiparação já foi declarada inconstitucional porque por, ex.: o acórdão388/2013 e o acórdão 714/2014 ,
dizem que não se pode equiparar uma coisa à outra porque elas são diferentes.
No requerimento de injunção não há um juiz a verificar a legalidade do que é pedido, por outro lado na sentença
já há. Nem os meios de defesa são os mesmos então não se podem restringir os meios de defesa. Ora, Hoje em dia
mantém-se o artigo assim porque o direito europeu equipara-o e não pode violar essas normas porque o direito
europeu prevalece sobre o direito interno (a lei portuguesa não o pode violar.
Mas, o legislador recentemente alterou o Art.857º e permite o que está consagrado no Art.14º-A, DL 269/98 e
veio permitir que para além dos fundamentos do Art.729º, se possam invocar alguns do Art.857º.
Art.857º: sobre este artigo há que destacar a:
• alegação do uso indevido do processo de injunção
• alegação de exceções dilatórias de conhecimento oficioso
• invocação de cláusulas contratuais gerais ilegais e abusivas
• exceções perentórias de conhecimento oficioso
Art.857º, nº2 – Ex:. se a parte vier alegar que não pode deduzir oposição à injunção porque estava na Índia pode
invocar estes factos. De referir que, o professor Lebre de Freitas entende que também é possível a dedução à
oposição por simples requerimento quando estão em causa as questões de conhecimento oficioso que ao abrigo
dos Art.734º/ 723º, nº1, al.d), relativamente a alguns pontos, não caibam no Art.729º. (Art.193º/ 305º, nº3, CPC/
590º, nº3, CPC/ 726º, nº4 (deduzir requerimento mesmo fora dos 20 dias)).
O c é normal e ocorrer o consagrado no Art.728º, nº1 ou no caso de acumulação sucessiva a sua posterior
notificação (art.728º, nº4/ 711º).
Art.728º, nº2 – a possibilidade de serem deduzidos embargos supervenientes:
• quando estamos perante factos que ocorreram só depois dos 20 dias (superveniência objetiva), ou
• superveniência subjetiva, quando o facto ocorreu há mais tempo, mas não foi invocado por um executado
não tinha conhecimento desse facto, ou seja, ele já podia ter sido invocado há mais tempo, mas não foi
porque não teve conhecimento. Ex:. o executado veio a saber que o pai tinha paga dívida 2 anos antes de
morrer.

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Tanto na superveniência objetiva, como na subjetiva o prazo para a dedução a oposição por embargos, conta-se
a partir do dia em que ocorra ao facto ou a partir do dia em que o executado tenha conhecimento de que o facto
ocorreu (tem 20 dias a contar daí).
Art.728º, nº3 – no processo declarativo (art.569º, nº2). Ex.: estamos perante um processo declarativo e pelos 2
réus e um deles é citado hoje e o outro só é citado daqui a 2 meses, o prazo para contestar do segundo réu aproveita
o ao primeiro réu. MAS, este artigo não se aplica ao processo executivo, porque cada um deles tem 20 dias e nada
mais (porque a oposição mais são não é uma contestação, mas sim uma verdadeira ação declarativa).

Efeitos dos embargos na pendência da execução:


A partir de 2013, independentemente da citação ser feita antes ou depois da penhora, temos a regra de que a
dedução de embargos e a oposição não suspende a marcha do requerimento executivo (a única coisa que não se
faz é a entrega dos bens o credor até à decisão).
O Art.733º consagra situações excecionais em que a execução suspende.
Art.733º, al.a) – embargante (executado) (art.906º).
Ex.: art.906º - se é instaurada uma execução contra mim e se eu disser que pago a quantia exequenda, juros e as
despesas, se chegarmos à conclusão que eu devo, então o direito vai para o credor. Caso contrário, é devolvido.

Art.733º, al.b) – ex.: se estamos perante um título executivo e o executado vem do deduzir, em sede de oposição à
execução, e diz que a assinatura do cheque não é dele, porque o cheque lhe foi furtado e a assinatura é falsa. - Após
ouvir o exequente, pode o juiz verificar que há indícios de aquela assinatura não ser do executado, então pode
suspender (se o juiz concordar). Se tiver dúvidas sérias pode suspender, a mesma, mas exige uma caução.
Art.733º, al.c) – se for impugnada a exigibilidade da obrigação ou liquidação da obrigação exequenda, o juiz
depois de ouvir o exequente, pode suspender a execução.
Art.733º, al.d) – só posição tiver como fundamento algumas das situações do art.696º, al.e), deve o juiz decretar
a suspensão da execução.
Art.733º, nº3 – a suspensão cessará se o apenso relativo aos embargos, estiver parado por culpa do executado
embargante (se o executado levar á demora do processo, e isso prejudicar o exequente, terá como penalização o
prosseguimento da execução).
Art.733º, nº4 – se não houver suspensão da execução, nem o exequente nem qualquer outro credor vai obter
pagamento, na pendência dos embargos sem prestar caução (é feita a penhora, a venda dos bens e não é entregue
ao credor o crédito exequendo enquanto não vier a decisão dos embargos).
Art.733º, nº5 – ex.: vamos admitir que eu venho deduzir embargos dizendo que nada devo, é penhorada a casa
onde vivo. Neste caso, se não há embargos o efeito é suspensivo. A a casa é penhorada e vendida, só não é entregue
produto da venda ao credor. No entanto, o legislador prevê a hipótese de o próprio executado vir em
requerimento dirigido ao juiz pedir que a sua casa não seja vendida enquanto não vier a decisão dos embargos.
Mas, para tal, tem que alegar e provar que se a venda ocorrer, lhe vai causar prejuízos graves e irreparáveis.

→ Em suma, pode acontecer que um juiz decida receber a oposição à execução e suspender a execução (com
base numa destas alíneas do art.733 CPC), mas este pode entender que suspende a execução, mas deve
ser reforçada a penhora, para garantia dos direitos do exequente.
A Oposição à execução inicia-se com a petição inicial e tem que obedecer o que está consagrado no Art.147º, nº2,
e segue as mesmas regras da petição inicial declarativa.
Art.732º - Os embargos devem ser autuados por apenso. Depois, vai para o juiz, e este profere despacho liminar,
rejeitando a oposição se esta for deduzida fora de prazo, de acordo com o (art.732º, al.a)/ b)/ c)).
Se estivermos a deduzir uma oposição à execução baseada em sentença e não encaixar nesta alínea, o juiz deve
indeferir liminarmente os embargos. Ou, se este entender que não existe qualquer fundamento para os embargos,
pode rejeitá-los se forem manifestamente improcedentes. Se não forem manifestamente improcedentes, o
exequente vai ser notificado para contestar dentro do prazo de 20 dias, e depois segue-se a tramitação normal
do processo declarativo(art.732º, nº2).

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Art.858º - se o exequente avançou, sem dever ter avançado está sujeito a sanções inclusive até a responsabilidade
criminal.
OBJETO DA PENHORA
==O é a penhora?
Art.817º CC – Penhora – ato judicial de apreensão dos bens do devedor. É uma manifestação do exercício do
poder coercivo do Tribunal (penhoram-se os bens através do uso da força, os bens são guardados (Devedor perde
os poderes de usufruição da coisa) e posteriormente, são vendidos e o produto dessa venda deve ser entregue ao
credor. O bem fica afeto desde a penhora até a satisfação do crédito exequendo (art.822º, nº1).

== O que pode ser penhorado?


Art.747º - Se o bem é do executado e está a ser usado por terceiro (estranho a execução) o bem pode ser
executado na mesma. Ex:. emprestei 1 bicicleta ao Rafael, este pode ser penhorado
Art.735º, nº2 – Aqui é o terceiro também é executado (sobre os bens deste incide um direito real constituído para
garantia do crédito exequendo). Isto, acontece quando foi procedente a impugnação pauliana. Ex:Art.53
Art.735º, nº3 – ex.: Dívida de 1000 Euros. Qual é o valor que podemos penhorar? - há limites quanto aos valores
que podem ser penhorados.
Regra da Proporcionalidade entre o Valor dos Bens a Penhorar e o Valor da Obrigação Exequenda:
A penhora deve limitar-se aos bens necessários para pagar a dívida exequenda, acrescida de despesas previsíveis
da execução (honorários, despesas e custas).
Ex.: (art.784º) - valor da execução e 1000 EUR, então podem penhorar se bens no valor de 1000 EUR + 20%, pois se
ultrapassar este valor a penhora é excessiva e será ilegal. O executado pode deduzir oposição à penhora.

Art.751º - Ordem da realização da penhora (a penhora deve começar por que bem?)
Art.751º, nº1 – ex.: Executado tem 10000 EUR e tem um carro de 1200 EUR. A conta bancária é de mais fácil
realização. Penhorar e vender o carro é mais difícil e consome-se mais tempo e recursos.

Art.721º, nº2 – O agente de execução deve penhorar os bens indicados pelo exequente. O exequente não é
obrigado a indicar bens, mas se o fizer, o agente de execução deve respeitar as indicações dadas pelo exequente
(esta é a regra).
MAS, não devo respeitar, se a penhora for ilegal, as indicações violarem o princípio da proporcionalidade e se não
for adequado ou não é de mais fácil realização (os art.751º, nº1 e art.735º, nº3 têm que ser respeitados).
Ex.: esse cliente indicou carro, casa e bicicleta (a quantidade de bens é excessiva porque bastava o carro) aqui o
agente de execução não deve respeitar as indicações do exequente.

Art.721º, nº3 - nestas situações permite-se que seja realizada uma penhora excessiva. Ou seja, Superior ao valor
do art.735º, nº3 e não existam outros bens em 6 meses. Ex.: dívida de 15000 EUR e tem um carro de 12000 EUR -
isto não chega. Mas se o executado tem um estabelecimento comercial que vale 200000 EUR, mesmo sendo
excessivo a lei permite penhorar.

Art.721º, nº4 - Imóvel De habitação própria e permanente do executado


Art.721º, nº4, al.a) - Valor da execução igual ou inferior a 10000 EUR - se não houver outros bens para pagar em
30 meses.
Art.721º, nº4, al.b) – Valor da execução superior a 10000 EUR - pode penhorar se a casa do executado se não
houver bens em 12 meses.
Ex.: uma ação executiva com valor de 30000 EUR e o executado só tem uma casa no valor de 60000 EUR e um carro
de 15000 EUR e uma pensão do salário mínimo. Presumivelmente não há outro bem que permita satisfazer o crédito
em 12 meses, então a casa dele pode ser penhorada (mesmo que a penhora seja excessiva).

Art.601º, CC –A Regra é que respondem todos os bens suscetíveis de penhora do devedor. Mas há limitações,
nomeadamente a questão de:
1º - Bens que não podem ser penhorados (insuscetíveis de penhora)
27
Apontamentos Processo Civil Executivo

2º -
1º - Há 3 modalidades:
 Art.736º -
 Art.737º
 Art.738º
Art.736º - Bens Absoluta ou totalmente impenhoráveis - Bens que em circunstância alguma podem ser
penhorados, ou seja, nunca podem ser alvo de penhora.
Art.736º, al.a) – Não podem ser vendidos. Mas, o objeto da penhora é obter dinheiro então não faria sentido
penhorar isto.
Ex.: art.1488º, CC// 2008º, nº1 e 2, CC (aqui quem recebe a pensão é o executado, é assim porque se a pessoa precisa
dos alimentos para subsistir então não podem ser penhorados) // art.1059º, CC// 2028º, CC// 50º, Cod. Direito do
autor e direitos conexos// art.78º da lei 98/2009
Lei 98/2009 – Esta lei é a que regulamenta o regime de reparação de acidentes de trabalho e doenças profissionais.
Vem dizer que são impenhoráveis os créditos provenientes de indemnizações por acidente de trabalho e doenças
profissionais. Porém, o que tem vindo a ser seguido, nomeadamente o Tribunal Constitucional, é que este artigo
impõe um sacrifício excessivo ao direito do credor então, é inconstitucional. Então, se temos uma pensão por doença
profissional ou acidente de trabalho, podem ser penhorados 1/3 dessa pensão, neste caso a indemnização.
Os subsídios de férias dos funcionários públicos não podem ser penhorados (art.17º, DL496/80).
O direito de subsídio por morte de funcionário Público não pode ser penhorado - Art.8º, DL223/95. Ex:. Mas hoje a
maior parte das pessoas que trabalham para o Estado não beneficia deste regime, então pode ser penhorado (Este
regime costuma ser apenas para pessoas mais velhas).
A Prestação inerente ao direito de rendimento e inserção social também não é penhorável- art.23º, Lei 13/2013.

Art.736º, al.b) – Também são alienáveis e estão sujeitos a um regime especial porque estão afetos a fins de
utilidade pública. Ex.: Estradas, águas...
Art.736º, al.c) – não se justifica vender, porque não tem valor económico ou então tem pouco valor. São menores
que não servem para nada, para além do vergonhar em o executado.
Art.736º, al.d) – Enquanto estiverem afetos a este fim. Ex.: não podemos penhorar imagens ou símbolos religiosos
afetos ao fim religioso. Quando a comunidade e as pessoas ainda vão à missa. // Podem ser penhorados se estiverem
numa capela que é só do seu proprietário e só ele é que usa, porque se forem lá todas as pessoas da aldeia já não
pode ser penhorado.

Art.736º, al.e) – Túmulos (incluindo todas as espécies de sepulturas, quer lá esteja o corpo ou não). Para além
disso, também não podem ser penhorados todos os objetos que estão em cima da campa ( ex:. jarras, colchas,
flores...). Porém, eles não podem ser penhorados se estiverem no cemitério. Agora se estivermos a falar de pedras
que ainda nem sequer estão montadas no cemitério estas já podem ser penhoradas. - É assim por respeito aos
mortos.
Art.736º, al.f) – ex.: deficiente como cadeira de rodas - Respeito pela dignidade humana
Art.736º, al.g) – não se pode penhorar nenhum animal de estimação por muito valioso que ele seja
(mas está no art.736º, mas também se enquadra o art.602º, CC).
Art.602º, CC – Ex:. É possível que as partes acordem entre si, que no caso de o devedor não cumprir uma
determinada obrigação, apenas poderá ser penhorado o bem que ficou acordado e mais nenhum . - apesar de não
resultar da lei, mas sim da convenção das partes (Impenhorabilidade convencional).
Art.737º - Bens relativamente penhoráveis - bens que só podem ser penhorados em determinadas circunstâncias
ou para pagamento de certas dívidas.
Art.737º, nº1 – Os bens do Estado e demais pessoas coletivas não podem ser penhorados. Mas, se o Estado der
aqueles bens em garantia real, já podem os mesmos ser penhorados.
Art.737º, nº2 – não podem ser penhorados, porque o legislador não quer que o executado fique privado dos bens
de subsistência e, para além disso a formação profissional deve ser promovida.

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Art.737º, nº2, al.a) – ex.: Pessoa que vende café não pode ser penhorada a máquina do café// solicitador que
trabalha com o computador não pode ser penhorado o computador// estudante que usa os livros por onde estuda
os livros não podem ser penhorados// Pescador que usa cana de pesca e barco não podem ser penhorados.

No entanto, se o devedor indicar esses bens para a penhora aí eles já podem ser penhorados
Art.737º, nº2, al.b) – ex.: compro barco ou o mando-o reparar e não pago// compro um fogão e não pago
Art.737º, nº2, al.c) – ex.: alguém vende café no fórum de Castelo Branco, no piso de baixo. Não pode o agente de
execução ir lá e penhorar só a máquina do café. Tem que penhorar o estabelecimento comercial inteiro porque isso
ele já pode fazer.

Art.737º, nº3 – Bens indispensáveis à economia doméstica (ex:. fogão, talheres, alguns agentes de execução
deixam a cama outros só deixam o colchão, mesa, cadeira, frigorífico, lençóis...) - porque isto é indispensável para
viver e subsistir em casa. Mas, só não são penhorados se estiverem dentro da casa de habitação efetiva do
executado (ex:. executado tem uma casa na Figueira da Foz para passar lá os fins de semana. Aqui já pode ser tudo
penhorado porque não é a casa de habitação efetiva).

Art.738º - Bens parcialmente penhoráveis- bens que não podem ser penhorados na totalidade, mas só em parte.
Porque o legislador pretende e tenta preservar a dignidade humana.
Art.738º, nº1 – asseguram a subsistência do executado e do seu agregado familiar, então só 1/3 pode ser
penhorado (os outros restantes 2/3 já não podem).
MAS, mesmo retirando apenas 1/3 há pessoas que vão ter muitas dificuldades ( ex:. tem 10 filhos e 2 netos em
casa para criar) - O executado pode requerer, num requerimento dirigido ao juiz, pedindo-lhe para que ele reduza
a penhora para 1/6 ou que não faça a penhora durante um ano (mas tem que ser o executado a requerer (art.738,
nº6)
Art.738º, nº3 – é uma exceção ao Art.738 nº1. Na medida em que, excecionalmente pode ser penhorado mais do
que 1/3 do salário. O executado tem que ficar no mínimo com 665 EUR. Ex:. Se o executado só recebe o salário
mínimo não pode ser nada, nem nenhuma parte deste salário penhorada (porque é o mínimo para a subsistência
humana).
Art.738º, nº5 – Na conta bancária tem que ficar lá pelo menos o salário mínimo nacional (se tivermos uma conta
bancária e a mesma for penhorada ela não pode ficar a zeros).
Art.738º, nº4 – Neste caso, não se aplicam os limites dos números anteriores, se o crédito for para alimentos.
Aqui intenta se uma ação contra quem tem que pagar a pensão. Ex:. pai não paga alimentos ao filho (este devedor
tinha que pagar). Aqui podemos penhorar mais do que o salário mínimo e só tínhamos que deixar livres os 211
EUR e 79 cêntimos. - A pensão de alimentos tem que ser imperativamente paga a quem necessita de alimentos
(este artigo é uma exceção ao artigo 738 nº1 e nº4).
Art.739º - Se não podemos penhorar 2/3 do salário, também não podemos ir à conta bancária do executado e
penhorá-los quando ele receber. As 2/3 não podem ser penhorados nem da conta bancária.
Execução do Herdeiro:
Art.744º - Na execução contra herdeiro só podem penhorar se os bens que ele tenha recebido do autor da
herança.
Quando estamos perante um processo sucessório, falece a pessoa e depois a herança fica aberta até que alguém
a aceite. Posteriormente devem ser liquidadas as dívidas que o falecido deixou e o que sobrar é que vai ser
dividido pelos sucessores. Mas, por vezes, o que acontece é que esta ordem não é respeitada, ou seja, às vezes os
bens do falecido são entregues o sucessor sem que antes tenham sido liquidadas todas as dívidas.
Se tal acontecer o credor tem que intentar a execução contra os herdeiros para a cobrança das dívidas que o de
cujus deixou e só poderão ser penhorados os bens que o falecido deixou e não os bens pessoais do herdeiro. Se
assim for, o executado pode requerer ao agente de execução que a penhora seja levantada justificando e provando
que aquele bem lhe pertence e deve indicar também os bens que efetivamente recebeu da herança, pois só estes
é que podem ser penhorados.
Se o herdeiro assim o fizer, o agente de execução vai notificar o exequente para que este se pronuncie. Se este
não se opuser é levantada a penhora do bem pessoal do herdeiro e segue a execução, para serem penhorados os
bens que o herdeiro recebeu do falecido.

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Apontamentos Processo Civil Executivo

Se o credor se opuser terá que o juiz dirimir o litígio e das duas, uma (consoante o modo da aceitação da herança):
• Ou a herança foi aceite sem inventário, sendo que aqui é o próprio herdeiro executado que tem que
demonstrar que só recebeu aqueles bens e não têm outros.
• Ou foi aceite a herança a benefício de inventário, ou seja, aceitou a herança instaurando um processo de
inventário, sendo que o herdeiro, tem que juntar, neste caso, a relação de bens e aí inverte-se o ónus da
prova e é o exequente que tem que provar que aquele bem que se quer penhorar constava do acervo do
de cujos (o executado faz prova de quais são os bens que recebeu e o exequente é que tem que provar
que a relação de bens não está correta).

2º- Autonomia patrimonial resultante da separação de patrimônios


Penhorabilidade subsidiária: existem casos em que os bens ou o património inteiro só podem ser penhorados
depois de outros bens do património se mostrarem insuficientes:
→ Responsabilidade própria dos cônjuges:
No direito substantivo, os Art.1735º/ 1736º, CC dizem respeito ao regime da separação de bens (pelas dívidas de
cada um respondem os bens de cada um)
No regime da comunhão geral releva o art.1733º, CC porque os bens adquiridos antes e depois do casamento são
comuns, mas mesmo neste regime, existem alguns bens que são próprios, ou seja, estão fora da comunhão.
No regime da comunhão de adquiridos, segundo o Art.1724º, CC são bens comuns os que se adquirem depois do
casamento, e são bens próprios os que se tinham antes do casamento.
Art.1722º e 1733º, CC – Bens próprios
➢ Se as dívidas forem da responsabilidade de ambos os cônjuges, é uma dívida comum (art.1691º). Então,
primeiro penhoram-se os bens comuns e só se não existirem ou não forem suficientes é que respondem,
subsidiariamente, os bens próprios de cada um dos cônjuges- Se forem penhorados primeiro os bens
próprios, a penhora é ilegal e os executados podem opor-se à execução (art.1695º, nº1).
➢ Se as dívidas forem exclusivamente da responsabilidade de um cônjuge é uma dívida própria. Só
respondem os bens próprios do cônjuge devedor. Se ele for casado, subsidiariamente, pode-se penhorar
a meação dos bens comuns, mas só se os bens próprios não existirem ou forem insuficientes.
No Código do Processo Civil, o Art.740º aplica-se quando a vida é própria de um dos cônjuges.
Se foi penhorada a meação dos bens comuns (metade de um bem comum do casal), quando a dívida é própria de
um cônjuge, porque não se encontraram bens próprios suficientes do executado. O Cônjuge do executado vai ser
citado para no prazo de 20 dias requerer a separação de bens ou juntar certidão comprovativa da pendência da
ação. Sendo a dívida da responsabilidade cuidado exclusiva do executado, a penhora começa NOS bens próprios
e só depois é que se vai à meação dos bens comuns.
Se for penhorado um bem comum o cônjuge do executado vai ser citado para:
➢ Requerer a separação de bens, em processo de inventário, nos termos do regime jurídico de inventário,
sendo certo que, no âmbito deste regime o exequente pode promover o andamento do processo, reclamar
do valor atribuído aos bens, intervir para que o processo não seja perpetuado no tempo... Isto, primeiro
pára a execução, em segundo lugar, em sede de inventário vai haver uma partilha dos bens comuns
(metade fica para o executado e a outra metade fica para o cônjuge do executado) e, por fim os bens que
ficaram para o executado é que vão ser penhorados e responder pela dívida exequenda.
OU
➢ Não requer a separação de bens, de novo, mas junta uma certidão comprovativa de que a ação já está a
correr os seus termos. Se assim for a penhora contra aquele bem é suspensa. Só após a partilha dos bens
é que se vai verificar se o bem que está a ser penhorado ficou a pertencer ao executado ou ao seu cônjuge.
Ex:. Se o bem ficou a pertencer ao executado, a penhora daquele bem continua. Se aquele bem não ficou a
pertencer ao executado, mas sim ao seu cônjuge, tem que se penhorar só os bens que couberem ao
executado.

OU

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Apontamentos Processo Civil Executivo

➢ Se o cônjuge nada faz, a consequência é que a execução prossegue contra aquele bem, ele vai ser vendido
e depois o produto da venda vai ser atribuído, metade para a execução e a outra metade vai para o cônjuge
que não é executado.

→ Responsabilidade comum dos cônjuges (dívida comum)


Há um título executivo contra ambos os cônjuges (art.1695º), então primeiro penhoram se os bens comuns e só
depois os bens próprios.
Se o título executivo for uma sentença pode acontecer que uma dívida seja comum e, nós em vez de darmos
entrada com uma ação para cobrança de dívida, contra ambos os cônjuges, só damos a entrada com ação contra
um deles. Ou seja, mesmo que a dívida seja comum só temos um título executivo contra um dos cônjuges, porque
o outro cônjuge nem chegou a intervir no processo. Neste caso só podemos executar um deles e não podemos
alugar, mais tarde, que a dívida é comum na execução, porque isso já devia ter sido alegado no processo
declarativo (Assim, segue-se o regime da penhora dos bens da responsabilidade exclusiva do executado, porque
do ponto de vista processual a dívida é só dele).
Se o título executivo for extrajudicial, aqui podemos sempre invocar a comunicabilidade da dívida (que a
dívida é comum) e até o executado a pode invocar em sede de processo executivo (art.741º/ 742º, CPC). Assim,
intentamos execução apenas contra aquele que figura no título executivo como devedor, mas podemos chamar a
execução para intervir como executado o outro cônjuge (que passa a ser esse que está mais tarde).
→ Responsabilidade subsidiária com a excussão prévia
Ex.: Fiador (art.627º, CC). - O fiador se não tiver prescindido deste direito de excussão prévia. O devedor-fiador
pode pedir a prévia excussão do património do devedor-principal antes dos seus próprios bens serem
penhorados. Só se os bens do devedor-principal forem insuficientes ou não existirem, é que se pode penhorar os
bens do devedor subsidiário.
Art.745º, nº1, CPC – Se damos a entrada com a execução contra ambos (devedor principal e devedor subsidiário)
aqui vamos penhorar primeiro os bens do devedor principal, porque os bens do devedor subsidiário só vão ser
penhorados se os bens do devedor principal não forem suficientes ou não existirem. Mas, tem que invocar o
benefício da excussão prévia em 20 dias (prazo da oposição à execução).
Art.745º, nº2, CPC – Se damos entrada com a execução tendo apenas o devedor subsidiário como executado (e
não o devedor principal) o fiador quando é citado pode invocar o benefício da excussão prévia. Assim, a ação fica
suspensa porque, primeiro têm que se discutir os bens do devedor principal e só depois de o devedor principal
ser chamado para ser executado, é que se pode recorrer aos bens do devedor subsidiário, se os bens do devedor
principal não forem suficientes ou não existirem.
Art.745º, nº3, CPC – Se damos entrada com a execução apenas contra o devedor principal, respondem os bens
deste e só se se chegar à conclusão que os bens não existiam ou não são suficientes é que o exequente pode
requerer, no mesmo processo, a citação do devedor subsidiário.
Art.745º, nº4, CPC – ex.: Os bens do devedor principal foram penhorados, mas não são suficientes e a execução
prosseguiu com a penhora contra os bens do fiador. Mais tarde, o fiador vem a saber que o devedor principal já tem
bens ou que já os tinha, mas que os ocultou. - A execução deve prosseguir contra os bens do devedor principal,
porque afinal ele tem património.
Art.745º, nº5, CPC – Só podemos penhorar certos bens se outros não chegarem. Há a hipótese de não haver
necessidade de chegar à fase da venda, porque pode acontecer que, mesmo antes de se proceder à mesma, se for
evidente que os bens são insuficientes, penhorem logo os bens do devedor subsidiário.
Atenção: para além da fiança também há outros casos em que estamos perante devedores subsidiários, com
benefício de excussão prévia:
▫ Sócios da sociedade comercial em nome coletivo (art.175º, nº1).
▫ Sócios da sociedade civil (art.465º, CSC).
▫ Sócios comanditados da sociedade comercial em comandita, que respondem solidariamente entre si, mas
subsidiariamente relativamente à sociedade, pelas dívidas sociais (art.997º, CC).
▫ Só respondem em último lugar, entre os bens do devedor, no caso de excussão por dívida pessoal do sócio,
o direito ao produto da liquidação da quota deste, na sociedade civil (art.999º, CC). O mesmo acontece na
sociedade em nome coletivo (art.183º, CSC). Quanto aos sócios comanditados na sociedade comercial em
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comandita simples (art.474º, CSC), em primeiro lugar tem que ser penhorado todo o seu património
pessoal, e o direito ao produto da liquidação da quota será último bem a ser penhorado.
▫ EIRL (DL248/86) – se tivermos um EIRL e tivermos dívidas o EIRL só pode ser penhorado em último
lugar (primeiro melhora se todo o património e o EIRL só é penhorado se os outros bens não chegarem)
- caso o EIRL seja penhorado em primeiro lugar, esta penhora é ilegal e o executado pode opor-se à
penhora.

→ Situações em que os bens do devedor estão afetos ao cumprimento da obrigação


Ex:. Pedir empréstimo para a casa. O Banco celebra um contrato de mútuo, mas pede uma garantia (hipoteca), o
devedor não paga e o Banco instaura a execução.

Art.752º - primeiro tem que se penhorar o bem hipotecado, ou seja, o bem dado em garantia. E só se este não for
suficiente é que podem ser penhorados os outros bens para responder por aquela dívida.
Nota à parte: há que atender ainda à ação de execução movida contra herdeiro (art.744º).

Fase da Penhora e Descoberta de Bens

O exequente no requerimento executivo, pode indicar os bens do executado que pretende ver penhorados
(art.724º, nº2/3).
O exequente deve fornecer ao agente de execução o máximo de informação que tiver e puder. O Agente de
execução deve respeitar as indicações do exequente, quanto aos bens do executado, desde que estas indicações
não violem a norma imperativa (art.751º, nº2 e 735º). O agente de execução deve obediência à lei e atua em nome
do Estado.
MAS, O exequente não é obrigado a indicar os bens do executado para serem penhorados. Neste caso é o agente
de execução que irá fazer as buscas e irá procurar bens penhoráveis, tendo que informar o exequente dos bens
que encontrou.
Mesmo que, sejam indicados bens pelo esse sequente, o agente de execução deve mesmo assim fazer as buscas,
também para respeitar os Art.751º e 735º. Ex.: é indicado o carro pelo exequente e o executado tem uma conta
bancária com muito dinheiro. O executado pode dizer que a penhora é ilegal. - Por estas razões, o agente de
execução não deve bastar-se com a indicação que é dada pelo exequente.
O agente de execução tem o seu dispor vários meios para descobrir bens penhoráveis.
O agente de execução deve começar por consultar o registo informático das execuções (art.748º, nº2). Este
registo informático é uma base de dados que permite saber a situação patrimonial do executado do ponto de
vista judicial (através deste registo o agente de execução consegue saber se, sobre aqueles bens já correm
execuções ou não, se as execuções ainda estão pendentes ou se já terminaram, se execuções terminaram com
pagamento ou não, que bens foram penhorados entretanto noutras execuções...) (art.717º/ 718º).
Art.749º - Hoje o agente de execução tem acesso a todas estas bases de dados.
Ex.: O agente de execução não encontra bens penhoráveis, então não faz sentido que a execução prossiga , - Aplica-
se o art.750º, nestes casos.
Ex:. O agente de execução consulta a base de dados e encontra bens. - Hoje a autorização da penhora pelo juiz, é
excecional porque normalmente o agente de execução pode logo penhorar.
A Penhora só depende de uma autorização do juiz se estiver em causa, a casa de habitação e o executado não
abrir a porta de forma voluntária. - Neste caso, O juiz primeiro tem que autorizar o uso da força pública porque
a Constituição da República portuguesa virgula consagra a inviolabilidade do domicílio (art.34º, CRP e art.757º,
nº2/3/4)
Art.757º, nº4 – O agente de execução precisa de autorização (não pode arrombar a porta), mas se o executado,
abrir voluntariamente a porta não é preciso autorização.
Art.767º, nº1 – Precisa de autorização
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Art.780º - Esta não carece de prévio despacho judicial

Reforço ou Substituição da Penhora


Art.751º, nº5 – Diz quando é que pode haver substituição ou o reforço da penhora.
Art.751º, nº5, al.a) – ex.: Um executado vai para o trabalho todos os dias de carro, o gerente de execução penhorou
carro. A executado interessa mais o carro elétrico (10000 EUR) que leva para o trabalho, do que o carro a gasolina
(10000 EUR) e tem na garagem. - Pede-se um seja levantada a penhora do carro eléctrico e substitui se pelo carro a
gasolina.

Art.751º, nº5, al.b) – Foi penhorado um bem e o agente de execução determinou o valor do bem. Depois vem-se
a verificar que aquele bem não chega para pagar a dívida exequenda. - Pode-se requerer que o agente de execução
penhore outros bens para além daqueles.

Expectativa de aquisição
Ex:. Somos Agentes de execução e o devedor usam um veículo ao abrigo de um contrato de locação financeira (não
podemos penhorar o direito de propriedade porque tal seria ilegal porque a propriedade é de um terceiro, ou seja,
do locador)

Art.778º: Pode-se penhorar a expectativa de aquisição, que por sua vez impõe a aplicação do procedimento do
artigo 773º. Sendo feita através de uma notificação por parte do agente de execução à locadora (art.733 nº1),
para declarar se, existe ou não, a expectativa de aquisição, ou seja, é no âmbito do contrato de locação que ele
tem o direito, querendo, a adquirir o bem no último mês de locação e é notificado também para declarar quais as
garantias que acompanham o contrato, em que dia irá ocorrer a aquisição e, quaisquer outras circunstâncias que
passam a interessar a execução (art. 773 nº1 e nº2)
A penhora da expectativa de aquisição estava ou não sujeita a registo? - Deve ser Registada. O Veículo deveria ser
apreendido (art.768 e 778 nº2) de forma a acautelar o efeito útil da futura penhora (mas as opiniões são
divergentes, e há quem entenda que não é assim).
O objeto da penhora e a expectativa de aquisição, o objeto da apreensão será o carro, mas uma vez consumada a
aquisição por parte do devedor, a penhora iria tornar-se numa penhora de direito de propriedade sobre o veículo
(art.778 nº3).

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