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Caso práticos:

(1) Alberto e Bruno celebraram um contrato de compra e venda com objeto x, acordaram por escrito que
na pendencia do litígio, o mesmo será resolvido recorrendo a mediação.
1- Perante o incumprimento contratual de Bruno, Alberto decide interpor ação judicial.
Alberto e Bruno celebraram uma convenção de mediação, artigo 12/1 “sejam submetidos a
mediação”, devendo adotar uma forma escrita, nº2. No entanto o Bruno fez um incumprimento e
assim segundo o nº4 do presente artigo, a instância deve ficar suspensa e remeter o processo
para mediação.
2- Posteriormente, as partes vêm a obter acordo por via da mediação, carece esse acordo de
homologação para ter força executiva? Justifique.
Sim, segundo o artigo 45 conjugado com o artigo 14 da lei da mediação.
(2) António e Berta celebraram um controlo de mandato, após algum tempo António envia uma carta a
Berta propondo-lhe a celebração uma convenção de mediação, ao que Berta responde por email da
seguinte forma “quanto á convenção que referes estou de acordo”. Entretanto surge o litígio quanto ao
valor de remuneração de Berta quanto á qualidade de mandatário. António contacta Berta no sentido de
iniciar o processo de convenção, mas esta alega que a convenção não é válida e indica que pretende
iniciar uma ação judicial.
António e Berta celebraram uma convenção de mediação segundo o artigo 12/1 da lei da mediação. E
segundo o mesmo artigo esta convenção é válida, pois é adotada a forma escrita e neste caso realizada
por carta e mail, nº2.

(3) Carla e Daniel celebram um contrato de arrendamento para fins habitacionais no seguimento de um
litígio relativo á responsabilidade por reparações do imóvel. As partes recorrem á mediação e chegaram
ao seguinte acordo: O proprietário assume as responsabilidades pelas reparações e o inclino abdica do
direito de preferência na eventual alienação do imóvel. O acordo foi obtido perante o mediador não
certificado.
1- Poderá o referido acordo ser executado judicialmente? Justifique
Não para o acordo ser executado judicialmente os requisitos do artigo 9 tem de ser cumpridos, e
neste caso não o são, pois no enunciado refere que o mediador não é certificado, ou seja, a
alínea e) “inscrito na lista de mediadores de conflitos” não é cumprida.

(4) Andreia trabalha na empresa x,lda. Em 2021 quando chegou a altura de marcar férias a empresa
recusou que Andreia o fizesse alegando que no ano anterior estiveram muito tempo parados por causa
da pandemia e acrescentou que todas as faltas que desse por conta das férias seriam consideradas
injustificadas
1- Poderá Andreia recorrer a algum sistema de mediação para resolver o litígio com a entidade
patronal
De acordo com o artigo 2 do protocolo de mediação laboral, Andreia tendo direito a férias e a
empresa não querendo lhe dar esse direito teria que recorrer ao tribunal judicial.
2- Seria a sua resposta diferente se em causa estivesse a recusa em aceitar o pedido de Andreia,
lhe ser atribuído o estatuto de trabalhador-estudante, como deveria agir andreia?
O procedimento de mediação voluntária de conflitos inicia-se mediante solicitação expressa do
utente do serviço, em que descreve sucintamente o objeto do litígio, a pretensão e a entidade
visada, artigo 4 do manual de procedimentos e boas práticas do sistema de mediação laboral.
Sendo um meio voluntário terá que haver acordo entre as partes, artigo 13/5.

(5) Aberto e Bernardo residentes no Fundão celebraram um contrato de compra e venda de um


automóvel pelo valor de 15mil€. Alberto vendedor comprometeu se a entregar o veículo a Bernardo no
mês seguinte à celebração do negócio. Após receber o valor do automóvel, Alberto encerrou o stand e
nunca mais atendeu as chamadas telefónicas de Bernardo.
1. Bernardo pretende interpor ação nos julgados de paz, poderia fazê-lo?
Estamos perante uma ação para entrega de coisa móvel, em que tem de ser interposta no
julgado de paz no domicílio do demandado em regra geral artigo 13. O julgado de paz pode ser
no Fundão, sendo que ambos são residentes lá.
Em relação ao valor poderá faze-lo, pois, o limite máximo é 15mil€, artigo 8 da lei dos julgados
de paz e o valor do automóvel também é de 15mil euros.
Em razão da matéria também poderá faze-lo pois destina se ao cumprimento de obrigação,
artigo 9/1 alínea a).
Em suma, Bernardo pode interpor a ação nos julgados de paz pois enquadra se em razão do
objeto, do valor, da competência e território artigos 6 e seguintes.
2. Imagine que bernardo interpõe a ação nos julgados de paz e a secretaria não conseguiu citar
Alberto, quid iuris?
Estamos perante um caso de ausência, logo a sentença é notificada ao ministério público junto
do tribunal territorialmente competente, nº3 do artigo 60 da lei dos julgados de paz.
No código processo civil o ministério publico defende o ausente enquanto o esteja, artigo 21, 236
e 48 nº2 do cpc, no entanto os julgados de paz não tem ministério público, assim a citação deve
ser feita para o defensor oficioso que tenha sido nomeado pela secretaria dos julgados de paz
quando pedido
3. Imagine agora que alberto foi regularmente citado, mas não contesta, não aparece na sessão de
pré-mediação, mas comparece na audiência de julgamento, quid iuris?
Quando se falta a pré-mediação compete a secretaria marcar data de audiência julgamento,
assim são confessados os factos pelo artigo 54/1 “o processo é remetido á secretária para
marcação da data de audiência de julgamento”, 58 nº2 “ quando o demandado não apresentar
contestação escrita, consideram-se confessados os factos articulados pelo autor” e 59/1 “até ao
dia de julgamento devem as partes apresentar as provas que reputem necessárias ou úteis, não
podendo cada parte oferecer mais de cinco testemunhas”.
4. No caso de Bernardo não comparecer nas sessões de pré-mediação e na audiência de
discussão e julgamento o que sucederia?
No caso de Bernardo não comparecer nas sessões de pré-mediação e na audiência de
discussão e julgamento segundo o previsto no artigo 58/1 considera-se desistência do pedido.
5. Uma vez proferida a sentença a parte vencida pretende recorrer, quid iuris?
O valor do automóvel é de 15 mil euros, ou seja, superior a 2mil, logo tal como dispõe o artigo
62/1 poderá recorrer.

(6) Inês e Mariana foram colegas de faculdade em Lisboa. Tendo terminado os cursos, ambas emigraram
e residem em países estrangeiros, com morada fiscal em cada um deles. No último ano da faculdade,
2021, Inês emprestou 3.500€ a Mariana para que esta pudesse liquidar propinas e rendas em atraso,
como prova desse mútuo assinaram um DP com assinaturas reconhecidas perante um solicitador, tendo
ficado acordado que até 6 de junho de 2022, Mariana devolveria a Inês o valor emprestado.
1- Chegada a data prevista de devolução do valor Mariana interpelada para o efeito alega não ter
qualquer dívida perante Inês. Pode Inês recorrer aos julgados de paz? Se sim, qual o julgado de
paz competente territorialmente.
A Inês pode recorrer ao julgado de paz em razão da matéria, artigo 9/1 alínea a), cumprimento
de uma obrigação, neste caso o pagamento da dívida.
Relativamente ao valor também é competente, pois não excede os 15 mil euros, artigo 8.
Tem competência pelo objeto artigo 10 cpc, pois é uma ação declarativa artigo 6 da lei dos
julgados de paz. Territorialmente em princípio artigo 13/3 julgado de paz de Lisboa, pois tem
“domicilio e residência em país estrangeiro, é demandado no do domicílio do demandante e,
quando este domicílio for em país estrangeiro, é competente para a causa qualquer julgado de
paz em Lisboa”.
2- Imaginemos que Inês interpõe ação contra Mariana no julgado de paz, e que com o
requerimento inicial juntou documento escrito e assinado por ambas as partes. Mariana invoca
que o documento não faz prova uma vez que a assinatura não é dela. Que poderá Inês fazer
para atestar a assinatura de Mariana no documento.
Inês poderá recorrer aos meios probatórios, artigo 59.
Para atestar a assinatura teremos de ter prova testemunhal ou prova pericial, artigo 59/3
Para fazer prova que a assinatura é efetivamente da Mariana fazia se essa prova pericial pois
não há meios para saber se as assinaturas foram reconhecidas então a prova é o meio mais
adequado.
3- Suponhamos que o processo chega à fase de julgamento e no início da sessão, o juiz de paz
pede autorização às partes para que a decisão seja tomada com base na equidade. É
admissível a proposta do juiz de paz? O que sucederia se Mariana recusasse a
proposta do juiz de paz?
Sim, compete ao juiz proferir de acordo com a equidade, artigo 26.
Se as partes não concordarem na equidade segue se para o nº2 desse artigo, sendo que o valor
metade da alçada é de 7 500 euros, ou seja, não excede. O recurso á equidade pressupõe
ambas as partes estejas de acordo.

(7) A empresa X limitada concelho da Covilhã propôs uma ação contra Bento com domicílio profissional
no Fundão que deu entrada nos julgados de paz no agrupamento de concelhos de Belmonte, Covilhã e
Fundão. Na referida ação a sociedade exige que Bento seja condenado a pagar a quantia de 11 mil euros
com fundamento nos seguintes factos:
- A demandante tem como objeto a produção e comércio de publicidade;
- No dia 8 de outubro de 2021 o demandando encomendou á comandante um serviço de estampagem no
valor de 11 mil euros;
- Foi acordado o pagamento no prazo de 30 dias;
- O pagamento não foi efetuado até aos dias de hoje.
Na sequência da ação, Bento foi citado e em sua defesa alega o seguinte:
- O julgado de paz não é competente em razão da matéria nem em razão do território pelo que o
processo deve ser remetido para o tribunal judicial competente;
- O demandante devia estar representado por mandatário judicial.
Bento aproveitou ainda para alegar e reconvencionar com fundamento na outra relação comercial
estabeleceu com a x limitada acerca de 2 meses em que procedeu á devolução de uma mercadoria com
defeito no valor de 6 mil euros valor que ainda não foi restituído, pedindo assim Bento a condenação da
demandante no pagamento de 6 mil euros.
1- Em fase dos factos postos prenuncie-se sobre a contestação apresentada por Bento.
- É competente em razão da matéria segundo o artigo 9 alínea a), porque se destina ao
cumprimento de uma obrigação, bem como também é competente em razão do território,
segundo o artigo 12 dos julgados de paz.
- Artigo 8, a ação é apenas de 11 mil euros logo é competente em razão do valor, pois não
excede os 15mil euros;
- Artigo 6, é competente também em razão do objeto pois é uma ação declarativa.
- Segundo o artigo 38/1 da lei dos julgados de paz não é obrigatória a representação por
mandatário judicial.
- Artigo 48 nº1 e 2 – o valor peticionado na reconvenção juntamente com o valor peticionado no
pedido pode ultrapassar o valor da alçada do julgado de paz, artigo 8, desde que o valor da
reconvenção não ultrapasse esse valor.
2- Admita que o demandado não apresentava contestação, mas uma vez marcada a audiência de
julgamento comparecia, qual o resultado processual desse facto?
Segundo o artigo 57/1 é proferida a prova e feita a sentença. Quando o demandado não
apresenta contestação no prazo de 3 dias, consideram-se os factos articulados pelo autor, artigo
58 nº2
No entanto até ao dia da audiência pode apresentar meios probatórios, artigo 59 nº1
A conduta do Bento não acarreta a revelia, ou seja, é uma revelia não operante.
3- Admitindo que o processo segue uma tramitação normal seguindo para julgamento seria
possível a causa ser julgada segundo juízos de equidade.
Sim, artigo 26 compete ao juiz proferir de acordo com a equidade, metade do valor é 7500 euros.
Se as partes não concordarem na equidade segue se para o nº2 desse artigo. O recurso á
equidade pressupõe ambas as partes estejas de acordo.
4- Admita que o processo seguiu a tramitação normal e que no final o juiz procede a sentença que
condena o demandado no pedido. Pode este recorrer da decisão?
Segundo o artigo 62 nº1 da lei dos julgados de paz que se refere aos recursos, o demandado
poderá recorrer da decisão, pois o valor da causa excede os 2 mil euros

(8) António é dono de uma loja de material informático e de assistência técnica, celebrou com Bernardo
um contrato pelo qual lhe fornece 10 computadores para a sua empresa de calçado, o preço acordado foi
5 000 euros. O contrato foi celebrado por escrito assinado por ambos e contém 5 cláusulas:
- Qualquer litígio emergente desta relação contratual será resolvido com recurso á arbitragem;
- Devidamente instalados os computadores, Bernardo recusa-se a pagar o devido preço;
1. O litígio descrito é passível abstratamente sendo submetido á arbitragem? Responda
prenunciando se da mesma forma sobre a validade da clausula transcrita.
António e Bernardo celebraram uma convenção arbitral, clausula compromissório artigo 1
nº1 e 3, pois trata-se de um litígio eventual emergente de determinada relação jurídica
contratual ou extracontratual. Esta cláusula é válida, pois foi reduzida a escrito, artigo 1 nº1
e artigo 2/1 “deve adotar forma escrita”.
2. Imagine que António dá início á ação arbitral e nomeia um arbitro. Bernardo chamado á
demanda também o pretende fazer, é possível? Como se constitui o tribunal arbitral?
Sim, ambas partes podem designar os árbitros como dispõe o artigo 10/1 “As partes podem,
na convenção de arbitragem ou em escrito posterior por elas assinado, designar o árbitro ou
os árbitros”. No artigo 10/3 refere o nº de árbitros.
3. Já depois de escolhidos os árbitros, Bernardo descobre que o arbitro de António é o ex
marido da irmã. Quid iuris.
No artigo 9, mostra os requisitos que os árbitros necessitam, devem ser pessoas singulares
e plenamente capazes, nº1, independentes e imparciais, nº3. Dispõe o artigo 13/1 e que
devem ser revelados todos os factos que possam suscitar dúvidas sobre a imparcialidade e
imparcialidade do arbitro, bem como só pode ser recusado se essas dúvidas surgirem nº3
do mesmo artigo. Se as partes não chegarem a acordo em relação ao arbitro que suscita
dúvidas qualquer uma das partes pode requerer ao tribunal estadual sendo uma decisão
insuscetível de recurso, artigo 15/3.
4. No recurso da instância vem António a saber que Bernardo já retirou da empresa 4 dos 10
computadores por ele instalados e não pagos. Quid iuris.
António poderá recrutar uma providencia cautelar ou uma ordem preliminar prevista nos
artigos 20 a 23. No entanto, segundo o artigo 26, a parte que solicite a providencia cautelar
ou ordem preliminar é responsável por quaisquer custos ou prejuízos causados á outra
parte caso o tribunal decida que a providente ou ordem não deveria ter sido decretado ou
ordenada. O tribunal, no entanto, pode no último caso, condenar a parte requerente no
pagamento da correspondente indemnização, artigo 26. Em suma pode ser decretado uma
audiência preliminar.
5. A sentença arbitral vem a considerar o pedido de António totalmente procedente.
Imaginando que o tribunal se havia declarado competente pesa embora que a convenção de
arbitragem fosse invalida, facto que Bernardo teria arguido na sua defesa, como pode este
reagir á referida sentença.
Segundo o artigo 18/1, o tribunal arbitral pode decidir sobre a sua própria competência. Só
pode ser arguida até á apresentação da defesa quanto ao fundo da causa, ou juntamente
com esta, nº4. o bernardo veio arguir a sua defesa, não tem que impugnar. Cessa a
competência do tribunal, artigo 46. O tribunal pode impugnar pelo pedido de anulação.
Podem as partes combinar recorrer pelo tribunal estadual, caso não acordem acabou, artigo
46/4. Pode interpor a anulação da sentença neste caso segundo o artigo 46/3 alínea a) i)
devendo ser interposto o pedido de anulação no tribunal judicial da relação, artigo 59/1
alínea g.

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