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Explicite as fases de inquérito e de instrução e audiência de julgamento.

Justifique,
legalmente, sempre que possível.
A fase de inquérito é a fase processual destinada à investigação da existência de um crime, bem
como o apuramento dos seus agentes, artigo 262/1 do CPP. Cabe ainda a fundamentação da
aplicação de medidas de coação e garantia patrimonial, nos termos do artigo 196 e seguintes do
CPP. A noticia do crime é o momento em que desencadeia o inquérito, artigos 48, 241 e 262/2
do CPP.
A fase de instrução é a fase processual que ocorre entre o inquérito e o julgamento (artigo 286
e seguintes do CPP). Esta visa a comprovação judicial de deduzir a acusação ou arquivar o
inquérito, com vista a submeter ou não, o arguido a julgamento. A fase de instrução termina
com um despacho de pronuncia ou não pronuncia.
Por fim, o julgamento, regulada nos artigos 311 a 380 do CPP. O julgamento é a fase após a
dedução de acusação pelo MP ou ainda após o despacho de pronuncia se esta tiver sido
requerida. Esta fase contem 3 momentos: a instrução, a discussão e o julgamento.

O que distingue os exames das perícias?


Podemos identificar como principal diferença entre exames e perícias, a exigência de especiais
conhecimentos técnicos, científicos artísticos, nos termos do artigo 151 do CPP, exigível para a
perícia e não para o exame, sendo que os vestígios recolhidos através de exame poderão ser
sujeitos à perícia.

No que consistem as revistas e as buscas?


As revistas e as buscam consistem tambem num dos meios de obtenção da prova (artigo 174),
como medida cautelar ou de policia e ainda como medida preventiva ou de segurança, artigo
251/1 alínea b). Quando ás revistas, elas consistem em proceder ao exame ou à inspeção de
uma pessoa a qualquer hora do dia ou da noite, para se verificar se a mesma oculta ou não
objetos relacionados com o crime ou que possam servir de prova do mesmo. Estas têm de ser
autorizadas (artigo 174/3 do CPP). Ainda quanto às revistas, estas têm de ser efetuadas quanto
às formalidades previstas no artigo 175 do CPP.

Enuncie e explicite alguns principios fundamentais no Processo Penal.


Os principios que caracterizam o processo penal na inocência são: O principio da oficialidade,
que segundo ele o impulso da tramitação processual compete ao MP. Existindo algumas
exceções entre o exercício da ação penal nos crimes públicos, semi-públicos e particulares. O
principio do inquisitório. O MP deve orientar-se pelo principio da legalidade, na medida em que
lhe compete representar o Estado. O principio do acusatório, em que ambas as partes têm o
direito a defender-se, nos depoimentos/declarações (artigo 32/5 da CRP). Principio da
investigação da verdade material, dever do tribunal em descobrir a verdade (artigo 323 e 340/1
do CPP). O principio da igualdade. Principio da acusação, um dos principios fundamentais do
processo penal e consagrado no artigo 32/5 da CRP. O processo penal tem uma tramitação
unitária, artigo 32/2 da CRP, segundo o principio da concentração. O principio da livre apreciação
de prova. O principio da oralidade, em que toda a atividade processual deve ser feita oralmente.
O principio da recorribilidade, previsto no artigo 399 do CPP. O principio “in dúbio pro reo”, em
que o arguido é inocente ate ser julgado com sentença. O principio da imediação, incide no
contacto pessoal entre os julgadores e os meios de prova, artigo 355/1 do CPP. Por ultimo, o
principio da publicidade, em que todo o processo deve ser público (artigos 86 e 321 do CPP).

Explicite o conteúdo dos artigos 71, 72 e 77 CPP.


O artigo 71 consiste no pedido no próprio processo, principio de adesão. A regra geral é que o
pedido de adesão advém da prática do ilícito criminal, é sempre pedido nesse mesmo processo
de crime. Só não o é, nos casos previstos na lei, este é o principio da adesão obrigatório da ação
cível à ação penal.
O artigo seguinte, consiste no pedido em separado. Pode se optar entre pedir a indeminização
no próprio processo ou em separado, não excluindo as limitações do artigo 72/1 do CPP. Em
relação ao lesado, quem tiver sido informado de que pode deduzir pedido de indemnização
cível, ou que de alguma forma se considere lesado, pode manifestar no processo até ao
encerramento do inquérito o propósito de o fazer (artigo 75 e 77).

Em termos processuais o que desencadeia a noticia do crime.


A noticia do crime é condição indispensável para abertura do inquérito e consequentemente
para o inicio da atividade de investigação criminal pelo MP, com exceção para os crimes semi-
públicos e particulares, artigos 262/2 e 241 do CPP.

Qual o significado dos despachos de pronuncia e não pronuncia.


A fase de instrução termina com um despacho de pronuncia ou não pronúncia. Se no
encerramento da instrução tiverem sido recolhidos indícios suficientes para se verificar a
aplicação da pena ou medida de segurança ao arguido, o juiz por despacho pronuncia o arguido
pelos respetivos factos. Caso não existem indícios suficientes, o juiz pronuncia o despacho não
prenuncia. Quando for proferido despacho de pronuncia o juiz deve proceder ao reexame dos
pressupostos de prisão preventiva, bem como da obrigação de permanência na habitação, artigo
213/1 alínea b) do CPP. Ao contrário é aplicável o disposto na acusação pública, artigo 308 e
283/2 e 3 do CPP.

Crimes públicos, semi-públicos e particulares


Para se determinar a natureza de crime, temos de recorrer a alguns termos, ou seja, “queixa”
refere-se a um crime semi-públicos, a “acusação particular” que se refere a crime particular, e
se não se referir a nenhum termo, refere se a crime público, assim o procedimento depende da
queixa (artigo 153/2 do CP). Por outro lado, o procedimento criminal depende as vezes
exclusivamente da acusação particular nos termos do artigo 188/1 do CP. O procedimento
criminal poderá também depender de participação, artigo 49/4 do CPP.
Nos Crimes públicos, o MP toma conhecimento do crime e promove oficiosamente o processo
penal dando inicio à fase de inquérito (artigo 48 do CPP), de seguida o MP decide se o individuo
deverá ou não ser submetido a julgamento, a falta de promoção do processo pelo MP constitui
nos termos do artigo 48 do CPP uma nulidade insanável. Não sendo obrigatório, o assistente
pode vir a ser constituído.
Nos crimes semi-públicos, a promoção do processo penal está sempre dependente de
apresentação de queixa por parte do ofendido ou de outras pessoas a quem a lei confere esse
direito (artigo 49 do CPP e 113 do CP). Após a apresentação de queixa o MP inicia a fase de
inquérito e tudo se desenvolve como se fosse um crime público. Aqui o ofendido tambem se
pode constituir assistente. Por último, os crimes particulares e, que é exigido obrigatoriamente
a apresentação de queixa pelo ofendido ou pelas pessoas a quem a lei confere esse direito
(artigo 50 do CPP e artigos 113 e 117 do CP).
Nestes crimes é o ofendido que se constitui assistente e sustenta a acusação em julgamento.
Após a fase de inquérito, o MP notifica o assistente para que este deduza acusação particular
(artigos 262 e 285/1 do CPP). Se o assistente se abstiver de acusar, o MP arquiva o processo por
falta de legitimidade para prosseguir com a ação penal.
A queixa e a denúncia
A queixa consiste na expressão de vontade do titular do respetivo direito, manifestado por
requerimento na forma e prazo previsto na lei, para que se proceda criminalmente contra
alguém pela prática de crime. Nos crimes semi-públicos e particulares, a apresentação de queixa
é condição essencial para que o MP possa iniciar o procedimento criminal, arts.48º, 49º e 50º
do CPP. No caso de flagrante delito, por crime semi-público a detenção só se mantém quando
de seguida o titular do direito respetivo exercer o direito de queixa, art.255º/1 e 3, 1ª parte do
CPP. Conforme resulta dos arts.113º e 117º do CP, tem legitimidade para apresentar a queixa,
nos crimes semi-públicos e particulares: o ofendido, artigo 130; se o ofendido morrer, o
respetivo direito de queixa pertence a outras pessoas. Quanto ao lugar onde se pode apresentar
queixa é diretamente ao MP ou aos órgãos judicias competentes. Quanto à extinção do direito
de queixa, o prazo da extinção e da prescrição são autónomos e não devem ser confundidos.
Assim, quanto à prescrição, tem-se o art.118º e ss. do CP. O regime da extinção do direito de
queixa também se aplica nos termos do art.117º do CP. Quanto ao prazo de extinção o
art.115º/1 e 2 do CP. Quanto à renúncia ao abrigo do art.116º/1 do CP, o direito de queixa não
pode ser exercido se o titular do direito de queixa a ele tiver renunciado.
A denúncia corresponde a uma comunicação prática de um crime ao MP, podendo ser feita por
escrito ou oralmente, artigo 264 do CPP. Caso não seja assinada, é uma irregularidade.

Assistente e outras figuras afins


O assistente é o sujeito processual que intervém no processo penal como colaborador do MP,
cuja atividade subordina a sua intervenção com vista à investigação dos factos jurídicos com
relevo no âmbito criminal, tendo por fim a condenação dos seus autores, artigo 68. Esta é apenas
obrigatória dos crimes particulares. O ofendido é o titular do interesse que a lei especialmente
quis proteger com a incriminação, distinguindo-se do assistente porque não é sujeito processual,
sendo um mero participante processual.
O lesado é aquele que sofreu os danos proporcionados pelo crime, pode coincidir com o
ofendido e constituir-se assim como assistente. O queixoso é uma figura determinante para
desencadear o procedimento criminal nos crimes semi-públicos e particulares. Com efeito, nos
crimes desta natureza o processo criminal só se inicia com a apresentação de queixa pelos
titulares desse direito, caso contrário, o MP carece de legitimidade para abrir um inquérito
(artigo 48 e seguintes, e artigo 262/2 do CPP).

Sentença e acórdãos
Após a audiência de julgamento, tem lugar a tomada de decisão por parte do Tribunal. Pretende-
se que esta seja o mais célere possível, arts.360º, 361º/1 e 365º, do CPP. O tribunal não pode
abster-se de julgar, nem deve violar o dever de obediência à lei. O art.365º/5, do CPP, determina
que as deliberações são tomadas por maioria simples. O Tribunal decide separadamente as
questões prévias ou incidentais sobre as quais não tenha recaído a decisão.
Os atos decisórios do tribunal simples que conheçam a final do processo designam-se por
sentenças. Os atos decisórios do tribunal colegial, designam-se por acórdãos.

Processo sumário
Está subjacente neste processo especial, o princípio da celeridade processual, isto porque o
arguido deve ser julgado no prazo máximo de 48 horas após a detenção, sendo a tramitação
processual reduzida ao conhecimento indispensável e boa decisão da causa, arts.386º/1 e 2 e
387º/1, do CPP. São julgados em processo sumário: os detidos em flagrante delito, arts.255º e
256º, do CPP; Crime punível com pena de prisão, cujo limite máximo não seja superior a 5 anos,
mesmo em caso de concurso de infrações, art.381º/1, do CPP; Quando a detenção for efetuada
por autoridade judiciária ou entidade policial, art.381/1, al. a), do CPP. O início da audiência de
julgamento ocorrer no prazo máximo de 48 horas após a detenção.

Processo abreviado
São julgados sob esta forma de processo, em regra, os crimes de média gravidade. O julgamento
obedece às mesmas formalidades do processo comum, art.391º-E, do CPP. Nos termos do
disposto do art.391º-A, do CPP, o MP, face ao auto de notícia ou após realizar o inquérito simples
pode deduzir acusação para julgamento em processo abreviado quando: O crime for punível
com pena de multa ou de prisão não superior a 5 anos; existirem provas simples e de total
evidência de que resultem indícios de prática do crime e de quem foi o seu agente.

Processo sumaríssimo
No processo sumaríssimo vigora o princípio da economia processual da simplicidade e da
consensualidade não tendo lugar a uma audiência solene e formal. Assim, a decisão do Tribunal
resulta num despacho baseado no requerimento do MP e no acordo do arguido. É possível a
constituição de assistente, mas não intervenção das partes civis. O processo sumaríssimo tem
lugar em caso de crimes puníveis com pena de prisão não superior a 5 anos ou só com pena de
multa. O MP requer ao Tribunal que o processo sumaríssimo ocorra: sempre que o arguido assim
o solicitar ou depois de o ter ouvido e entender que no caso concreto deverá ser aplicada pena
ou medida de segurança de segurança não privativa da liberdade; sempre que o procedimento
dependa de acusação particular, o requerimento do MP depende também da concordância do
assistente, art.392º/1 e 2, do CPP.

Escutas telefónicas
A escuta telefónica é uma técnica e meio de obtenção de prova. Estas deveram restringir-se
àquilo que é estritamente necessário para a prova, dependendo da autorização judicial (artigos
187 a 190 do CPP). As escutas telefónicas fundamentam o seu carater em 3 fatores: a
sistematização da obtenção dos meios de prova; os principios inerentes aos meios de obtenção
de prova; o artigo 187 que sujeita a utilização das escutas ao principio da indispensabilidade da
descoberta da verdade e da dificuldade de obter a verdade por outra via.

Agente infiltrado
Considera-se agente infiltrado, o investigador que tenha como função atuar sob o controle da
policia judiciária, com vista, à prevenção dos crimes com a ocultação da sua identidade e da sua
qualidade como investigador.

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