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Processos em Espécie

Processos em Espécie
LIVRO II
DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
TÍTULO I
DO PROCESSO COMUM
CAPÍTULO I
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo.
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual
ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja
inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da
lei.
§ 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em
contrário deste Código ou de lei especial.
§ 3º Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as
disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código.
§ 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código.
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo
as disposições do procedimento ordinário.
Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade
de tramitação em todas as instâncias. (Incluído pela Lei nº 13.285, de 2016).
De acordo com o art. 394 do Código de Processo Penal, os procedimentos
podem ser comuns ou especiais.
Os procedimentos denominados comuns são três, nos termos do art. 394, §
1º:
a) ordinário, para apurar os crimes que tenham pena máxima em abstrato
igual ou superior a 4 anos, e para os quais não haja previsão de rito
especial. Exs.: crimes de furto, roubo, extorsão, estelionato, estupro, tortura,
falsificação de documento público, corrupção etc.;
b) sumário, para os delitos que tenham pena máxima superior a 2 anos e
inferior a 4, e para os quais não haja previsão de procedimento especial.
Exs.: crimes de homicídio culposo, tentativa de furto ou de apropriação
indébita, embriaguez ao volante, associação criminosa em sua modalidade
simples etc.;
c) sumaríssimo, para a apuração das infrações de menor potencial
ofensivo, que tramitam perante os Juizados Especiais Criminais, nos termos
do art. 98, I, da Constituição Federal. São infrações de menor potencial as
contravenções penais (todas) e os crimes cuja pena máxima não exceda 2
anos.
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Para a definição do procedimento em relação aos crimes, o que se leva em


conta, portanto, é o montante da pena máxima, e não a sua espécie —
reclusão ou detenção.
Os procedimentos especiais, por sua vez, são os demais previstos no
Código de Processo Penal e em leis especiais, como, por exemplo, na Lei de
Drogas (Lei n. 11.343/2006), na Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), na
Lei de Falências (Lei n. 11.101/2005), no Estatuto do Idoso (Lei n.
10.741/2003). São chamados de especiais porque aplicáveis somente a
determinada categoria de crimes. No Código de Processo Penal há
procedimento especial para apurar os crimes dolosos contra a vida
(procedimento do Júri), os crimes contra a honra, os crimes cometidos
por funcionário público no desempenho das funções (crimes funcionais) e os
crimes contra a propriedade imaterial.
Passaremos, então, a analisar cada um desses procedimentos, primeiro
aqueles classificados como comuns.
1 – Procedimento Comum Ordinário
Durante muitos anos nossa legislação adotou a regra segundo a qual o rito
ordinário era aplicado aos crimes apenados com reclusão, independentemente
da pena, contudo, com o advento da Lei n. 11.719/2008, que alterou o art.
394 do Código de Processo Penal, houve uma reviravolta em torno do tema,
passando referido procedimento a ser aplicado aos crimes que tenham pena
máxima em abstrato igual ou superior a 4 anos, quer sejam apenados
com reclusão ou com detenção. Assim, atualmente, crime de associação
criminosa simples (art. 288, caput, do CP) não segue o rito ordinário porque
sua pena máxima é de 3 anos, embora seja apenado com reclusão. Ao
contrário, o crime de duplicata simulada, apenado com detenção, observa tal
procedimento porque sua pena máxima é de 4 anos.
Para a definição do procedimento devem ser levadas em conta as
qualificadoras, bem como as causas de aumento e de diminuição de
pena, porque influenciam no montante da pena máxima em abstrato. Assim, o
crime de associação criminosa armada segue o rito ordinário porque o
parágrafo único do art. 288 do Código Penal determina que a pena (reclusão,
de 1 a 3 anos) seja aumentada em até metade se os integrantes atuarem
armados ou se houver envolvimento de criança ou adolescente. A pena
máxima, portanto, é de 4 anos e 6 meses, seguindo, por isso, o rito ordinário.
Por outro lado, o crime de tentativa de furto simples tem pena máxima inferior
a 4 anos exatamente em razão do redutor de 1/3 a 2/3 que deve ser aplicado
em decorrência da tentativa sobre sua maior pena (4 anos).
No caso de concurso de crimes que sejam conexos e devam ser apurados
conjuntamente, não há dificuldade em se concluir pela adoção do rito
ordinário, caso um deles tenha pena máxima igual ou superior a 4 anos e o
outro não. Suponha-se uma pessoa que tenha cometido um roubo (pena
máxima de 10 anos) e que, ao ser abordada por policiais, os agrida a fim de
evitar a prisão, cometendo, destarte, crime de resistência (pena máxima de 2
anos). Evidente que a necessidade de apuração em ação penal única faz com
que seja adotado o rito ordinário.
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A questão torna-se um pouco mais complexa se houver conexão entre dois


delitos que, individualmente, adotariam o rito sumário. Suponha-se uma
pessoa que, embriagada, efetue disparo acidental com arma de fogo, da qual
tem porte, provocando a morte de terceiro e que, em seguida, fuja dirigindo
um veículo em via pública. Os crimes por ela cometidos (homicídio culposo e
embriaguez ao volante) têm pena máxima, cada qual, de 3 anos. Fica a
dúvida: deve ser adotado o rito sumário porque nenhum dos delitos tem pena
que alcance o limite de 4 anos, ou deve ser seguido o rito ordinário baseado na
soma das penas por se tratar de hipótese de concurso material? Na ausência
de resposta no próprio texto legal, recomendável se mostra a adoção do rito
mais amplo, que confere maiores possibilidades de defesa, ou seja, o
ordinário, observando-se que, no caso em tela, a soma das penas acarreta
mudança no procedimento judicial, mas não na competência.
Por fim, se houver conexão entre qualquer crime com pena máxima igual ou
superior a 4 anos, com delito doloso contra a vida, ambos serão julgados pelo
Tribunal do Júri, ainda que a pena deste último seja menor. Ex.: durante a
execução de um aborto em uma clínica, assaltante entra no local, mas é
flagrado por policiais cometendo o roubo, sendo que os policiais prendem
também o médico por crime de aborto com o consentimento da gestante (art.
126 do CP) e esta pelo consentimento dado ao ato abortivo (art. 124, 2ª parte,
do CP). A pena máxima do médico é de 4 anos, a da gestante de 3 anos e a do
ladrão de 10 anos. Todos, porém, serão julgados pelo Tribunal do Júri, com o
respectivo procedimento especial.

Fases do procedimento ordinário


As fases do rito ordinário estão elencadas nos arts. 395 a 405 do CPP.
a) Recebimento da denúncia ou queixa
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Finda a fase das investigações, caso seja oferecida denúncia pelo Ministério
Público, nos crimes de ação pública, ou queixa-crime pelo ofendido ou seu
representante, nos crimes de ação privada ou de forma subsidiária nos crimes
de ação pública em razão da inércia do Ministério Público, os autos serão
encaminhados conclusos ao juiz para que verifique se estão presentes os
requisitos legais para o seu recebimento.
O juiz tem prazo de 5 dias para proferir a decisão, pois ela tem natureza
interlocutória simples (art. 800, II, do CPP).
Caso a denúncia seja recebida, considera-se iniciada a ação penal. A
prescrição, por consequência, se interrompe passando a correr novo prazo
prescricional a partir da decisão (art. 117, I, do CP).
Contra o recebimento da denúncia não existe recurso específico, podendo o
acusado impetrar habeas corpus a fim de trancar a ação penal, alegando, por
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exemplo, que o fato narrado na denúncia é evidentemente atípico. A


impetração, contudo, não suspende o andamento da ação penal, salvo se o
Relator, liminarmente, determinar a sustação até o julgamento final do habeas
corpus.
Tendo em vista o princípio do impulso oficial o juiz, ao receber a denúncia ou
queixa, determina a adoção do ato seguinte do procedimento que é a citação
do acusado.
As hipóteses de rejeição da denúncia estão descritas no art. 395 e são as
seguintes:
I — inépcia manifesta: a peça apresentada contém narrativa incompreensível
dos fatos, ou não identifica suficientemente o réu, ou não observa os requisitos
mínimos exigidos pelo art. 41 do Código de Processo Penal para a denúncia ou
queixa etc.;
II — falta de pressuposto processual ou de condição da ação penal: a
referência à falta de pressuposto processual diz respeito à ilegitimidade de
parte, que pode ser ativa (queixa-crime oferecida por quem não é a vítima do
crime ou seu representante legal) ou passiva (denúncia contra menor de 18
anos, p. ex.).
Dá-se a falta de condição da ação quando o promotor, por exemplo, oferece
denúncia em crime de ação pública condicionada sem que exista a necessária
representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça.
Nas hipóteses de rejeição da denúncia ou queixa, previstas nesse inciso II, a
ação poderá ser reproposta, desde que o seja pela parte legítima (1ª hipótese)
ou presente a condição antes ausente (2ª hipótese);
III — falta de justa causa para o exercício da ação penal: existem várias
situações em que se verifica ausência de justa causa, como, por exemplo,
atipicidade evidente da conduta descrita na denúncia ou queixa, falta de
indícios suficientes de autoria ou materialidade em relação ao crime narrado,
ocorrência de prescrição ou outra causa extintiva da punibilidade etc.
Contra a decisão que denega (rejeita) a denúncia ou queixa cabe recurso em
sentido estrito (art. 581, I, do CPP). Se interposto tal recurso, o juiz deve
intimar a parte contrária para que, querendo, ofereça contrarrazões. De acordo
com a Súmula n. 707 do Supremo Tribunal Federal, “constitui nulidade a falta
de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto
da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo”. Se o
Tribunal der provimento ao recurso, a decisão vale, desde logo, por seu
recebimento, interrompendo, pois, o prazo prescricional (Súmula n. 709 do
STF).
b) Citação e resposta à acusação
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o
juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir
a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.
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Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário.
§ 1º A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste
Código.
§ 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista
dos autos por 10 (dez) dias.
Dispõe o art. 396, caput, do Código de Processo Penal que o juiz, ao receber a
denúncia ou queixa, ordenará a citação do acusado para responder à
acusação, por escrito, no prazo de 10 dias.
Citação é o ato processual que tem a finalidade de dar conhecimento ao réu da
existência da ação penal, do teor da acusação, bem como cientificá-lo do prazo
para a apresentação da resposta escrita.
De acordo com o art. 363, caput, do Código de Processo Penal, “o processo
terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado”, ou
seja, a relação jurídico-processual considera-se perfeita por estar presente o
trinômio acusação, defesa e juiz.
A falta de citação ou vícios insanáveis no ato citatório constituem causas de
nulidade absoluta do processo (art. 564, III, e, do CPP), salvo se o acusado
comparecer em juízo, dentro do prazo legal e apresentar a resposta escrita,
por ter sido cientificado da acusação por outro meio qualquer.
Segundo estabelece o art. 396-A, na resposta, o acusado poderá arguir
preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar
testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
Após a reforma feita pela Lei 11.719/08, a resposta à acusação passou a ser
uma grande arma em favor do acusado, que poderá alegar tudo quanto for a
seu favor.
Caso o acusado apresente alguma EXCEÇÃO (de suspeição, impedimento,
etc.), esta será autuada EM APARTADO (fora dos autos do processo principal),
nos termos do art. 396-A, §1°. Não apresentando resposta nem constituindo
defensor, o Juiz nomeará defensor ao acusado, na forma do §2° do art. 396-A.
Portanto, fica claro que a resposta acusação é uma peça OBRIGATÓRIA em
todo PROCESSO CRIMINAL, não podendo ser dispensada.
Além disso, se mesmo tendo o acusado constituído advogado este não
apresentar a defesa, o Juiz deverá, de ofício, remeter os autos à Defensoria
Pública (se houver na localidade. Se não houver, deverá nomear um defensor
dativo) para que apresente a defesa em favor do acusado.
Isto se dá porque, como vimos, a defesa técnica é absolutamente
indispensável, e sua ausência gera nulidade. Assim, a não apresentação da
resposta à acusação (principal peça defensiva) não pode ser admitida, de
forma que se o réu não providenciar sua apresentação (por meio de seu
advogado), o Juiz deverá fazê-lo.
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O STF, inclusive, possui entendimento sumulado no sentido de que a ausência


de defesa técnica é causa de nulidade ABSOLUTA:
Súmula 523 do STF - "No processo penal, a falta de defesa
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se
houver prova de prejuízo para o réu."

c) Absolvição sumária
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código,
o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.
Oferecida a resposta pelo acusado, os autos deverão ser conclusos ao juiz,
ocasião em que verificará a possibilidade de antecipar, mediante juízo de valor,
o resultado final da demanda, para o fim de absolver sumariamente o acusado,
com fundamento no art. 397. Ressalta-se que, nesta oportunidade, a decisão
do magistrado deverá louvar-se em critério eminentemente pro societate, o
que lhe impõe, na dúvida, não absolver o réu e determinar o prosseguimento
normal do processo.
A absolvição sumária será decretada, nos termos do art. 397 do Código de
Processo Penal, quando o juiz verificar:
I - Existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato (art.
397, I, do CPP)
Para a decretação da absolvição sumária é necessária a existência de prova
que permita ao juiz a plena certeza de que o réu agiu em legítima defesa,
estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular
de direito. Nesse momento processual, havendo dúvida, o juiz deve determinar
o prosseguimento do feito para que a instrução seja realizada, de modo que,
com a coleta das provas em sua presença, possa ter melhores condições de
apreciar o caso. Se persistir a dúvida, na sentença final deverá ser aplicado o
princípio in dubio pro reo e o acusado absolvido.
II - Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
agente, exceto inimputabilidade (art. 397, II, do CPP)
Esse dispositivo também exige prova cabal nesse momento processual de que
o sujeito agiu em razão de coação moral irresistível, obediência hierárquica de
ordem não manifestamente ilegal, embriaguez fortuita e completa, erro de
proibição etc.
O dispositivo exclui a possibilidade de absolvição sumária em caso de
inimputabilidade referindo-se aos doentes mentais (os menores de idade
sequer podem ser parte do processo penal), porque, em tais casos, há a
necessidade de aplicação de medida de segurança. Por isso, preferiu o
legislador que a instrução judicial prossiga até o seu final porque as provas
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perante ele colhidas podem levá-lo à conclusão de que o réu é inocente, de


forma a absolvê-lo sem a aplicação da medida de segurança.
III - Que o fato narrado evidentemente não constitui crime (art. 397, III,
do CPP)
Pode ocorrer, por exemplo, de o promotor, considerando o fato de o indiciado
estar preso, oferecer imediatamente a denúncia por crime de porte ilegal de
arma de fogo, sem a existência nos autos do laudo de constatação de eficácia
da arma. Durante a fase da resposta escrita, o laudo é encaminhado e é
negativo. O juiz deve absolver sumariamente o réu. Do mesmo modo haverá
absolvição sumária, se o acusado apresentar documento que não havia sido
juntado na fase do inquérito, demonstrando sua boa-fé em ação que apura
crime de estelionato.
Note-se que se a narrativa do fato contida na denúncia ou queixa não constitui
crime, o juiz deve, desde logo, rejeitá-las. A regra da absolvição sumária foi
prevista no Código de Processo Penal para situações em que a atipicidade
decorre de provas juntadas após o recebimento da inicial acusatória.
IV - Que ocorreu causa extintiva da punibilidade do agente (art. 397, IV,
do CPP)
Houve equívoco do legislador quando estabeleceu que o reconhecimento de
causa extintiva da punibilidade constitui hipótese de absolvição, pois, neste
caso, não há análise de mérito, e sim de causa impeditiva; e tanto é assim que
o art. 61 do Código de Processo Penal permite que o juiz, em qualquer fase do
processo, reconheça a extinção da punibilidade, agindo, inclusive, de ofício.
Comparativo entre as hipóteses de rejeição da denúncia ou queixa, absolvição
sumária e absolvição final:
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d) Audiência de instrução, debates e julgamento


Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a
audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público
e, se for o caso, do querelante e do assistente.
§ 1º O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o
poder público providenciar sua apresentação.
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo
de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem,
ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em
seguida, o acusado.
§ 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as
consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
§ 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes.
Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela
acusação e 8 (oito) pela defesa.
§ 1º Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as
referidas.
§ 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas,
ressalvado o disposto no art. 209 deste Código.
Se o juiz não tiver absolvido sumariamente o acusado, deverá marcar a
audiência de instrução e julgamento para data não superior a 60 dias (art.
400 do CPP) e ordenará a intimação do Ministério Público, do acusado, de seu
defensor e, se for o caso, do querelante e do assistente de acusação (art. 399
do CPP).
O CPP determina, ainda, que o Juiz que presidir a audiência DEVERÁ PROFERIR
A SENTENÇA. Esta norma inserta no art. 399, § 2° constitui o que se chama de
PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ.
Aberta a audiência, o juiz passará a colher os depoimentos. Em primeiro lugar,
será ouvida a vítima ou as vítimas. Em seguida, serão ouvidas as testemunhas
de acusação. Por fim, prestarão depoimento as testemunhas de defesa. O art.
400 do Código de Processo expressamente exige que os depoimentos ocorram
nesta ordem. Assim, se faltar alguma testemunha de acusação e o promotor
insistir em sua oitiva, o juiz não poderá ouvir as testemunhas de defesa que
estejam presentes. Deverá redesignar a audiência para que primeiro seja
ouvida a testemunha de acusação faltante e, somente depois, as da defesa.
Assim, é relativa a regra do art. 400, § 1º, do Código de Processo Penal que
dispõe que a audiência é una, já que ela poderá ser cindida por diversas razões
(falta de testemunha, deferimento de diligências requeridas na audiência etc.).
Em seguida, se a acusação ou a defesa tiverem previamente requerido, o
perito prestará os esclarecimentos que lhe forem solicitados (art. 400, § 2º).
De acordo com o art. 401, na instrução poderão ser inquiridas até 8
testemunhas arroladas pela acusação e 8, pela defesa, não se incluindo,
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porém, nessa conta, aquelas que não prestam compromisso e as referidas (art.
401, § 1º, do CPP). Não é muito lembrar que as testemunhas de acusação
devem ter sido arroladas na denúncia ou queixa e as de defesa na resposta
escrita.
As partes poderão desistir do depoimento de qualquer das testemunhas por
elas arroladas se já considerarem suficientes as provas produzidas (art. 401, §
2º, do CPP). Caso se trate de testemunha comum (arrolada pela acusação e
pela defesa) deve haver anuência da parte contrária para que a desistência
seja válida. Em qualquer caso, a desistência deve ser homologada pelo juiz,
pois este pode considerar relevante o depoimento faltante e determinar a
oitiva da testemunha, tudo na busca da verdade real (art. 401, § 2º, e 209 do
CPP).
e) Requerimento de diligências
Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o
querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja
necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução.
Terminado o interrogatório, o Ministério Público, o querelante, o assistente de
acusação e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade
se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução (art. 402).
O próprio juiz pode também determinar, de ofício, a realização de diligência
que entenda necessária. Com efeito, diz o art. 156, II, do Código de Processo
que é facultado ao juiz, de ofício, determinar, durante a instrução, ou antes de
proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto
relevante.
f) Debates orais e diligências
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão
oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela
acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir,
sentença.
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será
individual.
§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos
10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da
defesa.
§ 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados,
conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de
memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a
requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais.
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes
apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por
memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença.
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado
pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos.
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§ 1º Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado,


ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética,
estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior
fidelidade das informações.
§ 2º No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do
registro original, sem necessidade de transcrição.
Caso não haja requerimento de diligência no fim da audiência, ou se
eventualmente tiverem sido indeferidos os pedidos feitos, o juiz declarará
finalizada a instrução e dará a palavra às partes para a apresentação oral de
alegações finais por 20 minutos, respectivamente, pela acusação e pela
defesa, prorrogáveis por mais 10 minutos, proferindo, em seguida, a sentença
(art. 403 do CPP).
Se houver mais de um acusado, o tempo para as alegações orais de cada
defensor será individual (art. 403, § 1º), ou seja, cada um terá o prazo de 20
minutos, prorrogáveis por mais 10, para fazer sua sustentação oral.
Ao assistente de acusação é reservado o tempo de 10 minutos após a
manifestação do Ministério Público, hipótese em que será acrescido o mesmo
tempo aos defensores.
Apresentados os debates orais em audiência, o juiz pode, de imediato, proferir
sentença, hipótese em que as partes já saem intimadas, ou chamar os autos à
conclusão para prolatá-la no prazo de 10 dias.
Se houver conversão dos debates em memoriais escritos — quer em razão da
complexidade do fato ou do número excessivo de réus, quer em face da
determinação de novas diligências —, o juiz também terá 10 dias para proferir
sua decisão final.
Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio assinado pelo
juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos
(art. 405, caput, do CPP). Sempre que possível, o registro dos depoimentos do
investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou
recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,
inclusive audiovisual, destinado a obter maior fidelidade das informações (art.
405, § 1º, do CPP). No caso de registro por meio audiovisual, será
encaminhada às partes cópia do registro original, sem necessidade de
transcrição.

2 – Procedimento Comum Sumário


De acordo com o art. 394, § 1º, II, do Código de Processo Penal, o rito
sumário é reservado aos delitos que tenham sanção máxima cominada
inferior a 4 anos de pena privativa de liberdade. São, entretanto,
excluídos desse rito os delitos para os quais haja procedimento especial, bem
como as infrações de menor potencial ofensivo (crimes com pena máxima até
2 anos e contravenções penais), para as quais se adota o rito sumaríssimo da
Lei n. 9.099/95.
A bem da verdade, portanto, o rito sumário alcança poucos delitos, pois
pressupõe que a pena máxima seja superior a 2 anos e inferior a 4 e, ainda,
que não exista previsão de rito especial. É de lembrar, entretanto, que, em
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algumas hipóteses será adotado este procedimento sumário para a apuração


de infrações de menor potencial ofensivo em situações específicas previstas
na legislação: a) quando o réu não for encontrado para citação pessoal no
Juizado Especial Criminal, hipótese em que o art. 66, parágrafo único, da Lei n.
9.099/95 determina a remessa dos autos ao Juízo comum e o art. 538 do CPP
impõe expressamente a adoção do rito sumário; b) se o delito de menor
potencial envolver violência doméstica ou familiar contra a mulher, uma vez
que o art. 41 da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) veda a adoção do
rito sumaríssimo.
O rito sumário está regulamentado nos arts. 531 a 538 do Código de Processo
Penal.
CAPÍTULO V
DO PROCESSO SUMÁRIO
Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo
de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível,
à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem,
ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em
seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate.
Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) testemunhas arroladas
pela acusação e 5 (cinco) pela defesa.
Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o disposto nos parágrafos do art. 400
deste Código.
Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente,
à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10
(dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será
individual.
§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos
10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da
defesa.
Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível a prova faltante,
determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer.
Art. 536. A testemunha que comparecer será inquirida, independentemente da
suspensão da audiência, observada em qualquer caso a ordem estabelecida no art.
531 deste Código.
Art. 537. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado
especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de
outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo.
O procedimento comum pelo rito SUMÁRIO é muito semelhante, em estrutura,
ao rito ordinário, até porque este último é norma que serve de aplicação
subsidiária a todos os demais ritos.
No entanto, existem algumas pequenas diferenças que devem ser
lembradas, pois geralmente as Bancas cobram aquilo que é diferente.
Vejamos:
Processos em Espécie

- A audiência deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias (No rito


ordinário o prazo é de 60 dias);
- O número máximo de testemunhas é de CINCO (art. 532) e aqui não há
a ressalva feita no rito ordinário quanto às testemunhas não compromissadas e
referidas, ou seja, esse número de 05 inclui também estes tipos de
testemunha;
- Não há previsão de fase de “requerimento de diligências”, como no rito
ordinário;
- Não há possibilidade de apresentação de alegações finais por escrito,
devendo ser, necessariamente, ORAIS;
- O rito sumário será aplicável às Infrações de Menor Potencial Ofensivo
quando, por alguma razão, estas infrações penais não puderem ser julgadas
pelos Juizados (Quando, por exemplo, é necessária citação por edital, que é
modalidade de citação vedada nos Juizados).

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O RITO ORDINÁRIO E O SUMÁRIO


Ordinário Sumário
Crimes com pena máxima igual ou Crimes com pena superior a 2 anos e
superior a 4 anos. inferior a 4 (ou crimes com pena não
superior a 2 anos em que o réu não
tenha sido encontrado para citação
pessoal ou cometidos com violência
doméstica ou familiar contra a
mulher).
- Máximo de 8 testemunhas. - Máximo de 5 testemunhas.
- Prazo de 60 dias para a audiência de - Prazo de 30 dias para a audiência de
instrução. instrução.
- Possibilidade de requerimento de - Impossibilidade de pedido de novas
diligências ao término da instrução. diligências ao término da instrução.
- Possibilidade de conversão dos - Impossibilidade de conversão dos
debates orais em memoriais e da debates orais em memoriais e da
prolação posterior da sentença no prolação posterior da sentença.
prazo de 10 dias.

3 – Procedimento Comum Sumaríssimo


Os Juizados Especiais Criminais foram instituídos pela Lei 9.099/95,
estabelecendo um rito próprio para o processo e julgamento de determinadas
infrações penais, consideradas de MENOR POTENCIAL OFENSIVO.
Este rito próprio foi chamado pelo CPP de rito SUMARÍSSIMO. Vejamos o art.
394, §1°, III do CPP:
Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:
(...)
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.
Processos em Espécie

Os Juizados Especiais Criminais, em nível estadual, estão regulamentados pela


Lei 9.099/95, e, em nível federal, pela Lei 10.259/01, aplicando-se,
subsidiariamente, a Lei 9.099/95 quando não houver previsão na Lei
10.259/01.
Os Juizados Criminais são competentes para processar e julgar as infrações de
menor potencial ofensivo, que, nos termos do art. 61 da Lei 9.099/95, são as
contravenções (quaisquer) e crimes cuja pena máxima não seja superior a dois
anos, cumulada ou não com multa. Vejamos:
Capítulo III
Dos Juizados Especiais Criminais
Disposições Gerais
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos,
tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais
de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do
júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os
institutos da transação penal e da composição dos danos civis.
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

O § único do art. 60 diz que havendo de ser julgada uma IMPO (Infração de
menor potencial ofensivo) perante outro Juízo (em razão de regras de conexão
ou continência), devem ser observados os institutos da Transação Penal e da
composição dos danos civis.
RESUMINDO: Se o infrator cometer uma IMPO em conexão com um crime do
Júri, por exemplo (Homicídio), ambos serão julgados pelo Júri, pois a
competência deste prevalece (segundo as regras de conexão do CPP), mas à
infração de menor potencial ofensivo devem ser aplicados os institutos
despenalizadores previstos na Lei 9.099/95, conforme preconiza o art. 60, §
único da Lei 9.099/95.

Princípios processuais dos juizados criminais


Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da
oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a
aplicação de pena não privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.603, de
2018)
Processos em Espécie

Desde a entrada em vigor da Lei 9.099/95, os processos em trâmite nos


Juizados Especiais criminais devem ser guiados pelos seguintes critérios:
a) oralidade, por meio da qual se privilegia a palavra oral sobre a palavra
escrita, o que torna o procedimento mais célere e muito menos burocrático.
Trata-se, aliás, de princípio constitucional atribuído aos Juizados Especiais (art.
98, I).
b) informalidade, que estabelece formas menos rígidas para os atos
processuais, que devem privilegiar a célere prestação jurisdicional em
detrimento de solenidades muitas vezes inúteis.
c) economia processual, que incentiva a rápida resolução da demanda
mediante o afastamento de atos protelatórios e desprovidos de relevância
prática.
d) celeridade, decorrência direta do anterior. Processo célere é aquele no qual
os atos procedimentais são realizados com a menor complexidade e no menor
tempo possível.
Agora, com a entrada em vigor da Lei 13.603/18, inclui-se outro critério, o da
simplicidade, que aliás já estava inserido no art. 2º da Lei 9.099/95 na
qualidade de disposição geral, ou seja, já deveria ser um princípio informador
inclusive dos processos perante os Juizados Especiais Criminais. É nesse
sentido a lição de Guilherme de Souza Nucci:
“Faltou mencionar no art. 62 o critério da simplicidade, porém
devemos considerá-lo presente, para uma interpretação
harmônica do texto da Lei 9.099/95”.
Ainda que assim não fosse, o critério da simplicidade não agrega, na verdade,
nada de novo, pois trata simplesmente de buscar a realização de atos
processuais de forma facilitada, sem formalismo exagerado e mesmo com uma
linguagem que preze a clareza em oposição a termos exageradamente
técnicos, o que se pode extrair do próprio critério da informalidade. O que fez
o legislador foi apenas e tão somente adequar a redação do art. 62 a todos os
critérios gerais que já integravam o art. 2º.
Também no art. 62 da Lei 9.099/95 temos os objetivos dos Juizados Especiais
Criminais:
- Reparação dos danos sofridos pela vítima – É a chamada “composição
dos danos civis”, ou seja, objetiva-se sempre a reparação do dano causado
pelo infrator, de forma a garantir que a vítima seja indenizada pelo prejuízo
que sofreu, seja ele de ordem material ou moral;
- Aplicação de pena não-privativa de liberdade – Busca-se, sempre,
aplicar pena que não seja a privativa de liberdade, como forma de evitar a
prisão de pessoas que tenham cometido infrações que não causam lesão tão
grave à sociedade, podendo ser punidas de outras formas. Friso a vocês que
isso não se confunde com impunidade, pois o infrator seria punido, só que com
uma pena que não seria privativa de liberdade.
Processos em Espécie

Competência
A competência dos Juizados Especiais, como vimos, é para o processo e
julgamento dos crimes cuja pena máxima não seja superior a dois anos (art.
60 da Lei).
Entretanto, qual é a competência ratione loci (competência territorial)?
A competência territorial está definida no art. 63 da Lei:
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a
infração penal.
A competência para as infrações de menor potencial ofensivo será fixada pelo
local em que for praticada a infração penal.
Vejam, portanto, que foi adotada a teoria da ATIVIDADE.
Porém, existem determinados crimes que não se submetem ao rito dos
Juizados Especiais. São eles:
- Crimes militares: Não importa qual a pena cominada (se é menor que dois
anos ou não), não se aplica o rito sumaríssimo aos crimes militares. Vejamos o
art. 90-A da Lei 9.099/95:
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.

Das formalidades e das nulidades


Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno
e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização
judiciária.
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades
para as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por
qualquer meio hábil de comunicação.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais.
Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em
fita magnética ou equivalente.
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou
por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as
peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal
ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao
encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo
necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta
precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo
cientes as partes, os interessados e defensores.
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado,
constará a necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a
advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público.
Processos em Espécie

No art. 65, ao contrário das regras complexas do Código de Processo Penal, a


Lei n. 9.099/95 estabeleceu dois preceitos básicos para o tema das nulidades
dentro do juizado especial:
a) Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades
para as quais foram realizados, mesmo que a forma utilizada não seja aquela
prevista na legislação (art. 65, caput). Adotou-se o princípio da
instrumentalidade das formas.
b) Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo (art.
65, § 1º).
O § 2º permite a solicitação de atos processuais em outras comarcas por
qualquer meio de comunicação. A consequência primordial desse dispositivo é
a desnecessidade de expedição de carta precatória para a oitiva de testemunha
que resida em outra comarca. A oitiva dessa testemunha, portanto, poderá ser
solicitada mediante telegrama, carta, fax, telefonema etc. Trata-se da
aplicação dos princípios da celeridade e da economia processual.
Também em razão desses princípios, mas principalmente em face do princípio
da oralidade, estabelece o § 3º que apenas serão objeto de registro os atos
principais, como denúncia, queixa, composição de danos civis e sua respectiva
homologação, transação e sua homologação, representação do ofendido,
citação, depoimentos, sentença de mérito etc.
Os atos chamatórios no rito sumaríssimo (citação e intimações) também
seguem um regramento específico. Nos termos do art. 66 da Lei, a citação
será NECESSARIAMENTE PESSOAL, não havendo possibilidade de citação
editalícia.
NÃO É POSSÍVEL CITAÇÃO POR EDITAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS
CRIMINAIS!
A Doutrina entende ser inadmissível também, por analogia, a citação por hora
certa.
Mas e se o acusado não for encontrado? Nesse caso, o § único do art. 66
determina que sejam remetidas as peças do processo ao Juízo comum,
seguindo-se o processo, no Juízo comum, pelo rito sumário.
O art. 67 diz respeito às intimações, seguindo a linha do PRINCÍPIO DA
INFORMALIDADE, poderá elas ser enviadas por correspondência com aviso de
recebimento. Tendo sido o ato praticado em audiência, as partes são
consideradas cientes, nos termos do art. 67, § único da Lei.
Da intimação do autor do fato ou citação do acusado, deverá constar a
necessidade de acompanhamento por advogado e, caso ele não constitua um,
os autos serão remetidos à Defensoria Pública, segundo o art. 68.

Fase Preliminar
Tomando ciência da ocorrência de uma IMPO, a autoridade policial NÃO
INSTAURARÁ INQUÉRITO POLICIAL, essa é a primeira distinção. A autoridade,
nestes casos, deverá lavrar o que se chama de TERMO CIRCUNSTANCIADO.
Processos em Espécie

Seção II
Da Fase Preliminar
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o
juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou
local de convivência com a vítima.
O art. 69 da Lei n. 9.099/95, visando dar maior celeridade ao procedimento
investigatório, dispensou a instauração do inquérito policial para apurar as
infrações de menor potencial ofensivo. Em seu lugar foi instituído o termo
circunstanciado que a autoridade policial deve lavrar assim que tomar
conhecimento da ocorrência do ilícito penal. A finalidade do termo
circunstanciado é a mesma do inquérito policial, mas realizado de maneira
menos formal e sem a necessidade de colheita minuciosa de provas.
O referido termo, portanto, deve apontar as circunstâncias do fato criminoso e
os elementos colhidos quanto à autoria, para que o titular da ação possa
formar a opinio delicti.
Se o autor do fato se comprometer a comparecer a todos os atos do processo,
NUNCA PODERÁ SER PRESO EM FLAGRANTE, nos termos do § único do art. 69.

Audiência preliminar e composição civil dos danos


Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização
imediata da audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão
cientes.
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria
providenciará sua intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos
arts. 67 e 68 desta Lei.
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o
autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus
advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da
aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade.
Após esta etapa em sede policial, será designada audiência preliminar (art.
70), na qual o Juiz deverá cientificar as partes acerca da conveniência da
composição civil dos danos.
Esta audiência é realizada no mesmo dia em que cometida a infração de menor
potencial ofensivo quando o autor da infração for apresentado de imediato ao
Juizado após a lavratura do termo circunstanciado ou, quando isso não for
possível, no dia designado pelo juiz após receber o termo. Neste último caso,
do mandado de intimação do autor da infração deverá constar a necessidade
de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertência de
que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público (art. 68 da Lei n.
9.099/95).
Processos em Espécie

Nos termos do art. 72, devem estar presentes à audiência o juiz e o


conciliador, o representante do Ministério Público, o autor da infração e seu
defensor (constituído ou nomeado pelo juiz para o ato) e a vítima.
Desse modo, instalada a audiência, o procedimento seguirá fases específicas,
de acordo com o tipo de ação penal prevista para o delito.
Interessante notar que, no art. 73, a audiência de conciliação pode ser
presidida pelo Juiz ou pelo conciliador, que é um auxiliar da Justiça, sob
orientação do Juiz:
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da
lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam
funções na administração da Justiça Criminal.
Segundo o art. 74, obtida a composição civil dos danos causados, o Juiz a
homologará por sentença, que será IRRECORRÍVEL, eis que nenhuma das
partes sucumbiu. Nesse caso, a sentença valerá como título executivo na seara
cível. Se o crime for de ação penal pública CONDICIONADA ou de ação penal
privada, a composição civil dos danos acarreta a RENÚNCIA DO DIREITO DE
OFERECER REPRESENTAÇÃO OU QUEIXA. Nos termos do § único do art. 74:
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz
mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil
competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal
pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao
direito de queixa ou representação.
Nos termos do art. 75, caso não seja obtida a composição civil dos danos, e
sendo caso de ação penal privada ou pública condicionada à representação, o
Juiz dará oportunidade ao ofendido para que apresente a sua representação ou
ofereça a queixa. Caso o ofendido não a exerça no momento, poderá exercer
esse direito posteriormente (oferecimento de queixa ou representação), desde
que dentro do período legal.
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao
ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será
reduzida a termo.
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não
implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.

Transação penal
A transação penal possui natureza de acordo.
Conforme se infere da letra do art. 76 da Lei 9.099/1995, nos crimes de ação
penal pública incondicionada e condicionada (exige-se, neste último caso,
representação do ofendido ou de quem o represente), cabe ao Ministério
Público a iniciativa da proposta de transação penal, sendo absolutamente
irrelevante a eventual oposição do ofendido a respeito. Já nos crimes de ação
penal privada, prevalece a orientação no sentido de que cabe ao ofendido
realizá-la. Lembre-se, por oportuno, que nos crimes de ação penal pública
Processos em Espécie

condicionada e nos delitos de ação penal privada a fase procedimental relativa


à transação penal somente é alcançada se não houver prévia composição dos
danos cíveis. Isto porque, diversamente do que ocorre em relação aos crimes
de ação penal pública incondicionada, naqueles casos a composição civil
implica renúncia ao direito de representação e de queixa, acarretando, por
consequência, a extinção do procedimento.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor
a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na
proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la
até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela
aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da
medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à
apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz
aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência,
sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de
cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82
desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão
de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não
terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
Ordinariamente, é na própria audiência preliminar que o juiz faculta ao
Ministério Público (crimes de ação penal pública), ou ao ofendido (crimes de
ação penal privada), a efetivação da proposta de transação, sendo esta, então,
realizada oralmente.
Entretanto, nada obsta que tais legitimados, visando a uma melhor análise do
fato em discussão, das suas circunstâncias e consequências, requeiram ao juiz
a apresentação da proposta posteriormente, podendo fazê-lo por escrito, em
prazo assinalado pelo magistrado. Nesse caso, apresentada a proposta, será
instado o autor do fato e seu procurador a manifestarem aceitação ou não
quanto aos respectivos termos, também em prazo estabelecido pelo juiz.
Esta proposta de TRANSAÇÃO PENAL não poderá ser oferecida se ocorrer uma
das hipóteses do § 2° do art. 76 da Lei:
- Se o autor do fato tiver sido condenado, pela prática de crime, à pena
privativa de liberdade, por sentença definitiva;
Processos em Espécie

- Se o autor do fato tiver sido beneficiado anteriormente, no prazo de cinco


anos, com a transação penal;
- Os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias não indicarem ser necessária e suficiente a adoção
da medida.
Sendo aceita a proposta, ela será submetida ao Juiz, para que a acolha ou não.
Caso o Juiz acolha a proposta, aplicará a pena restritiva de direitos ou multa,
mas essa sanção não é considerada uma condenação, nem é levada em conta
para fins de reincidência, sendo apenas um “ACORDO” entre o MP e o acusado,
de forma que o MP deixa de oferecer a ação penal e solicita, em troca disso,
que o acusado pague alguma multa ou cumpra uma pena restritiva de direitos.
Da decisão do Juiz que acolhe ou não a proposta, caberá APELAÇÃO.
Mas e se o acusado NÃO ACEITAR a proposta de transação penal?
Nesse caso, o MP oferecerá denúncia oral, se não for caso de realização de
alguma diligência. Vejamos:
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena,
pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76
desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não
houver necessidade de diligências imprescindíveis.
Se a ação penal for privada, o ofendido poderá oferecer a queixa, nos termos
do art. 77, §3° da Lei:
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral,
cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a
adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.
Por fim, deve ser ressaltado que se a causa for complexa, os autos poderão ser
remetidos ao Juízo comum, para que seja processado pelo rito sumário. Esse
pedido deverá ser feito pelo MP (se for caso de ação penal pública) ou
verificado de ofício pelo Juiz, se for caso de ação penal privada. Vejamos:
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de
ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-
se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por
boletim médico ou prova equivalente.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da
denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças
existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.

Do Procedimento Sumaríssimo propriamente dito


Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia
ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de
dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão
ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.
§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68 desta
Lei e cientificado da data da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela
trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo
cinco dias antes de sua realização.
Processos em Espécie

§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos


termos do art. 67 desta Lei para comparecerem à audiência de instrução e
julgamento.
§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no art. 67 desta
Lei.
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento, se na
fase preliminar não tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação e de
oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos arts.
72, 73, 74 e 75 desta Lei.
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a
condução coercitiva de quem deva comparecer.
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa,
interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos
debates orais e à prolação da sentença.
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento,
podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou
protelatórias.
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas
partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a
sentença.
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do
Juiz.
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação,
que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da
sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual
constarão as razões e o pedido do recorrente.
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que
alude o § 3º do art. 65 desta Lei.
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do
julgamento servirá de acórdão.
Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição ou omissão. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de
cinco dias, contados da ciência da decisão.
§ 2º Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso.
(Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

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