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Termo Circunstanciado de Ocorrência

TCO/PM

INSTRUTORES: Tenente PM Edson e 3º Sgt PM Vinicius


O que é o TCO?

O Termo Circunstanciado de Ocorrência –


TCO, é um procedimento do processo penal
utilizado para substituir o Auto de Prisão em
Flagrante.
Utilizado no caso de crimes com penas não
superiores a 2 anos e nos casos de
contravenções penais.

Quem faz?

PC, PRF, PF, PM


Quais os conceitos contemporâneos de TCO

Definição de infração de menor potencial ofensivo;


A Lei 9.099 de 1995 (Lei dos Juizados Especiais) estabelece o critério para ser considerado
infração de menor potencial ofensivo, utilizando o limite de pena máxima até dois anos e as
contravenções penais, prescritas na Lei de Contravenções, explicadas da seguinte forma:
— As contravenções penais: São todas as
contravenções constantes do Decreto- Lei
3.688/1941, independente da pena. Trata-se
de infrações não tão relevantes penalmente
mas que se ficarem impunes podem Ievar a
uma desordem generalizada.

— Os crimes que a lei comine pena máxima


não superior a 2 anos, cumulada ou não com
multa: São os crimes do código penal ou de
outra legislação penal com penas até 2 anos,
independente de multa.
Cabe ressaltar que quando há o acúmulo de naturezas deve-se fazer a somatória das
penas e obedecer também o limite de dois anos.

Por exemplo:

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
As duas naturezas anteriores podem se acumular e o procedimento será o mesmo
com a lavratura do termo circunstanciado de ocorrência, uma vez que a somatória das
penas está dentro do limite de dois anos.

Agora, observe as naturezas abaixo:

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a


funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos
Nesse caso, a somatória das penas ultrapassa o limite de dois anos, então não se
considera mais infração de menor potencial ofensivo, sendo assim, o procedimento a
ser empregado é diverso, então as partes devem ser encaminhadas para a Delegacia de
Polícia para que a Autoridade de Polícia Judiciária avalie a possibilidade de lavratura do
Auto de Prisão em Flagrante.
Há uma exceção nos casos em que se está
no limite da pena de dois anos e se acumula
com a natureza do crime de uso de drogas,
pois as penas desse crimes são alternativas
(advertência, prestação de serviço e
comparecimento a curso), logo, não se pode
somar penas de naturezas diversas.

Então, esse crime é uma exceção em que se


pode acumular com outra natureza, ainda
que se esteja no limite da pena de dois
anos.
Repare que se o fato se amoldar na injúria comum,
cabe perfeitamente o procedimento do Termo
Circunstanciado de Ocorrência - TCO. Se ocorrer a
injúria com violência ou vias de fato (Art. 140, § 2º),
ainda assim, cabe o TCO.

No entanto, se o crime for a injúria racial (elementos


referente a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência),
a pena aumenta para até três anos, então as partes
devem ser encaminhadas para a Delegacia de Polícia.
Conceituação do Termo Circunstanciado de Ocorrência

Após delimitado o conceito de infração de menor potencial ofensivo, deve-se saber qual
procedimento a ser tomado com esse tipo de infração.

A LEI Nº 9.099 dispões sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais (JECrim) diz:

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
Em caso de violência doméstica, a Polícia Militar não faz o TCO-PM, encaminha as partes
para delegacia.
A Lei lei 9099/95 traz também os seguintes critérios como princípios:

Oralidade 🡪 A predominância dos atos será na forma oral

Simplicidade 🡪 Visa a desburocratização com supressão de atos que gerem prejuízos às


partes.

Informalidade 🡪 Desnecessidade do rigor nas normas processuais.

Economia processuais 🡪 Atos processuais devem ser aproveitados ao máximo, tanto no


emprego de recursos humanos quanto de materiais.

Celeridade 🡪 Processos devem ser rápidos de acordo com o princípio da razoável


duração do processo.
O JECRIM (Juizado Especial Criminal) é um órgão da Justiça Ordinária com competência
para julgar crimes considerados de menor potencial ofensivo. Vale destacar que é a lei
9099/95 que regulamenta e dispõe sobre o Juizado.
O que acontece depois de assinar TCO?
O TCO está para o juizado assim como o inquérito está para as demais demandas.
Você encontra no TCO: o fato ocorrido, os envolvidos, as testemunhas.
E o TCO-PM é encaminhado imediatamente para o Juizado especial via sistema RAI.
Qualificação obrigatória no RAI e RAI TCO-PM:
Autor:
Vítima:
Na qualificação do art. 28 a vítima é PESSOA JURÍDICA: ESTADO DE GOIÁS CNPJ
01.409.580/0001-38.
Comunicante: É sempre o cmt da VTR. Ele que comunica o histórico do RAI.
Testemunha 01: O motorista da VTR. Ele testemunha o relato das partes.
Testemunha 02: Caso houver, será qualificado um civil que tiver visto o fato.
O que o Jecrim julga?

Os Juizados Especiais Criminais são órgãos da Justiça que julgam infrações penais de
menor potencial ofensivo, buscando-se, com rapidez e informalidade, a reparação do
dano sofrido pela vítima, a transação penal, a suspensão condicional do processo e, em
último caso, uma possível condenação.

O que acontece no Jecrim?

O objetivo do Juizado Especial é propiciar a reparação do dano e a aplicação de pena não


privativa de liberdade, aplicando penas restritivas de direitos ou pena de multa. No
entanto, dependendo da infração cometida e dos antecedentes criminais do réu, o Juiz
pode aplicar uma pena privativa de liberdade.
Quais são os procedimentos do Jecrim?

O Juizado Especial Criminal é caracterizado pela oralidade, informalidade, economia


processual e celeridade e os procedimentos são divididos em cinco fases: termo
circunstanciado, audiência preliminar, rito sumaríssimo, recurso e execução.

Quais crimes vão pro JECRIM?

Os Juizados Especiais Criminais são competentes para o processo e julgamento das


infrações penais de menor potencial ofensivo, entendidas como os crimes e contravenções
penais cujas penas máximas não sejam superiores a 2 (dois) anos de privação de
liberdade.
A autoridade policial, ao tomar conhecimento da
ocorrência, deve lavrar o termo circunstanciado.

Houve um debate quanto à natureza do termo


circunstanciado, se este seria considerado um
procedimento investigativo ou um procedimento
administrativo.

O Supremo Tribunal Federal sacramentou que


trata-se de procedimento administrativo, pois não
possui caráter investigativo.
Ou seja, o policial que atendeu a ocorrência vai apenas relatar o que ocorreu, com as
versões das partes, e encaminhar essa documentação ao Juizado Especial Criminal.

É basicamente os mesmos dados que já existia em um boletim de ocorrência, agora de


forma CIRCUNSTANCIADA, detalhada para que os membros do Juizado Especial
Criminal possam vislumbrar o fato e tomar suas decisões bem fundamentadas.

Além disso, o artigo diz que as partes devem ser encaminhadas imediatamente ao
Juizado Especial Criminal e devem ser providenciadas as requisições dos exames
periciais necessários.
Porém é sabido que os juizados, em regra, não
possuem plantão de atendimentos, por isso o
parágrafo único do mesmo artigo traz a possibilidade
de que o autor do fato assuma o compromisso de
comparecimento ao Juizado.

Ele assume esse compromisso por meio do Termo de


Compromisso de Comparecimento e ao autor que faz
esse compromisso não se imporá prisão em flagrante,
nem se exigirá fiança.
Ao lado, a imagem do modelo físico que a PMGO
adota. Hoje ele também já é gerado digitalmente pelo
RAI.
Conclui-se também que NÃO PODE ser feito um TCO da Polícia Militar sem estar em
situação flagrancial e sem a presença do autor para a respectiva assinatura, tampouco
pode ser exigida a assinatura, uma vez que é um direito do autuado.

Ao revés, quando o autor do fato se recusar a assumir o compromisso de comparecer


ao Juizado, poderá ser imposta a prisão em flagrante ou se exigir a fiança.

Há uma exceção específica e expressa na LEI Nº 11.343 - Plano Nacional de Políticas


sobre Drogas, para o crime de uso de drogas, conforme abaixo:
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste Título rege-se
pelo disposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de
Processo Penal e da Lei de Execução Penal.

§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo se houver
concurso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na
forma dos arts. 60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre
os Juizados Especiais Criminais.

§ 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante,
devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta
deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e
providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários.

§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas no § 2º deste artigo serão


tomadas de imediato pela autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a
detenção do agente. (Vide ADIN 3807)
Então, no caso do crime de uso de drogas, ainda que o autor do fato, se recuse a
assumir o compromisso de comparecimento ao Juizado Especial Criminal, será vedada
a sua detenção, o que inviabiliza também a possibilidade da lavratura de auto de prisão
em flagrante, uma vez que não há previsão de pena de prisão.
Portanto, o procedimento a ser feito será o Termo Circunstanciado de Ocorrência
consignando a recusa em assumir o compromisso de comparecimento a ser enviado ao
Juizado Especial Criminal. Não esquecendo das qualificações abaixo:

Qualificação obrigatória no RAI REATIVO e RAI TCO-PM:


Autor:
Vítima:
Na qualificação do art. 28 a vítima é PESSOA JURÍDICA: ESTADO DE GOIÁS CNPJ
01.409.580/0001-38.
Comunicante: É sempre o cmt da VTR. Ele que comunica o histórico do RAI.
Testemunha 01: O motorista da VTR. Ele testemunha o relato das partes.
Testemunha 02: Caso houver, será qualificado um civil que tiver visto o fato.
Poderão ser necessários outros termos, a depender do
caso, na lavratura do TCO, quais sejam os delineados a
seguir:

Termo de Compromisso de Comparecimento:

Termo em que o autor do fato se compromete a


comparecer ao Juizado Especial Criminal em data
previamente agendada ou a ser informada
posteriormente. Ao fazer essa assunção fica vedada a
prisão ou a fiança.
Termo de Manifestação da Vítima:

Termo em que a vítima manifesta o interesse no


prosseguimento da ação. É necessário nas ações
penais públicas condicionadas à representação ou
ações penais privadas. Quando a vítima
manifestar que não tem interesse no
prosseguimento da ação deve ser consignado no
relato do atendimento policial e não será feito o
encaminhamento ao Juizado Especial Criminal.
Termo de Verificação de Drogas:

Termo em que o policial faz a verificação da droga, supondo, tratar de certa


substância, considerada ilegal pela Portaria 344/1998, por meio de análise das
características visuais apresentadas.
Termo de Apreensão/Depósito:

Utilizado nos casos em que há apreensão do


objeto envolvido na ocorrência, sendo que no
Termo de Apreensão o objeto é levado pela
Autoridade Policial e no Termo de Depósito o
objeto fica sob responsabilidade de pessoa
relacionada no termo.

Termo de Entrega do bem apreendido:

Esse termo é feito quando após a apreensão do


bem é feita sua devolução ao interessado,
mediante autorização judicial.
É de extrema importância que o policial militar preencha o TCO com o máximo de
dados da qualificação das partes, principalmente o contato das partes, uma vez que
muitas audiências são por videoconferência e as notificações são feitas por aplicativos
de mensagens e também é importante acrescentar no sistema o e-mail das partes,
porque assim elas recebem automaticamente os termos assinados no e-mail.

Além disso, deve-se complementar o TCO com fotos dos documentos pessoais dos
envolvidos, dos objetos apreendidos e demais que se fizerem necessárias para o
esclarecimento dos fatos.

A qualificação da equipe policial (Comunicante e Testemunha 01) deve ser feita com os
dados pessoais do policial, como nome completo, RG militar, e-mail e telefone de
contato.
Benefícios da lavratura do TCO pela PMGO

Pode-se dizer que a Polícia Militar de Goiás hoje é referência na lavratura do


Termo Circunstanciado de Ocorrência, e dentre os benefícios do procedimento, temos
vantagens no âmbito da sociedade, justiça e polícia, conforme a seguir:

* Liberação das partes no local, sem necessitar ir para a Delegacia, evitando


maior desgaste entre autor e vítima e/ou condução desnecessária;

* Liberação e consequente retorno da guarnição para a atividade ostensiva de


patrulhamento de forma imediata;

* Economia de tempo de trabalho e de gastos públicos, uma vez que a guarnição


não irá precisar se deslocar para a delegacia de polícia e também no que se refere à
economia de atos processuais;
Benefícios da lavratura do TCO pela PMGO

* Celeridade e consequente credibilidade no trabalho da Justiça e garantia de


punibilidade, haja vista que os procedimentos são levados à apreciação do juiz em um
prazo muito curto, dando uma breve e certeira resposta às partes envolvidas;

* Redução no número de crimes de maior gravidade, tendo em vista que a


imediata atuação da PM em crimes de menor potencial ofensivo evita com que crimes
mais graves ocorram;

* Garantia do direito de liberdade das partes nos crimes de menor potencial


ofensivo;

* Melhoria no atendimento policial militar e fortalecimento da autoridade


policial, uma vez que haverá resolução no local do fato com encaminhamento direto ao
Poder Judiciário.
Os benefícios são sentidos pela tropa
policial na medida em que se adaptam
ao sistema e reconhecem a facilidade e
agilidade de lidar com um
procedimento inerente à atividade
policial.

Ressalta-se que o foco deve ser a


eficiência do atendimento policial
militar para que este esteja preparado
para as providências necessárias ao se
deparar com esse tipo de ocorrência.
Sistemas Eletrônicos utilizados na lavratura do TCO/PM

Sistema de Registro Integrado de Ocorrências - RAI


Sistemas Eletrônicos utilizados na lavratura do TCO/PM

* Consulta no site CNJ – Portal BNMP


https://portalbnmp.cnj.jus.br/

*Consulta no Mportal
https://mportal.ssp.go.gov.br/#/

* Consulta Talonário Eletrônico – Via App

* Caso as partes estejam sem a documentação, e a equipe policial não consiga dados
de identificação nos sistemas acima sem foto, dirigir a delegacia para identificação das
partes envolvidas.

*Obs: Os prints no anexo do RAI devem conter:

Fotos da documentação ou print do mportal com foto dos envolvidos;


Print da consulta do CNJ, foto dos objetos envolvidos e os termos anexados.

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