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SUMÁRIO
LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO) ........................................................................................................... 2
DISPOSIÇÕES PENAIS ................................................................................................................................. 4
DOS CRIMES EM ESPÉCIE ........................................................................................................................... 6
QUESTÕES EXTRAS .......................................................................................................................................... 14
GABARITO .................................................................................................................................................... 15
Os crimes que a pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 anos aplicar-se-á o
rito processual estabelecido na Lei no 9.099/1995, e, subsidiariamente, no que couber, as
disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.
Por outro lado, a Lei dos Juizados Especiais Criminais foi criada para tratar sobre as
infrações penais de menor potencial ofensivo, que são aquelas a que a lei comina pena
privativa de liberdade NÃO SUPERIOR A 2 ANOS. Essa normativa tem como objetivo desafogar
o judiciário, tratando dos crimes de menor gravidade, aplicando aos autores medidas
despenalizadoras, como a transação penal, composição civil dos danos e o sursis processual.
LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo,
para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a
lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou
não com multa.
ESTATUTO DO IDOSO
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa
de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o
procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995,
e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e
do Código de Processo Penal.
INFRAÇÃO PENAL
DE MENOR
POTENCIAL APLICAÇÃO
OFENSIVO
INTEGRAL
PENA MÁXIMA
APLICAÇÃO DA ATÉ 2 ANOS
LEI 9099/1995
(JECRIM)
CRIMES NO
ESTATUTO DO
IDOSO
RITO
PENA MÁXIMA ATÉ SUMARÍSSIMO
4 ANOS
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIO: Tipo de questão mais recorrente em prova. Vai querer testar
seu conhecimento misturando entendimento entre leis específicas. A questão peca
ao afirmar que os crimes com pena máxima entre 2 e 4 anos, previstos no Estatuto
do Idoso, aplicam as medidas despenalizadoras. Não é isso! Se assim fosse, a
essência protetiva da Lei não seria efetiva!
Lembre-se da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.096-STF, que deu
interpretação ao Estatuto do Idoso conforme a Constituição Federal de 1988,
consolidando a proteção ao idoso, pois entendeu que a aplicação da Lei dos Juizados
Especiais Criminais beneficiaria tão somente o grupo objeto da lei, o idoso.
Portanto, aos crimes descritos na Lei n.º 10.741/2003 para os quais a pena
máxima privativa de liberdade não ultrapasse quatro anos, aplica-se apenas o
procedimento sumaríssimo previsto na Lei n.º 9.099/1995, mas não suas medidas
despenalizadoras, como, por exemplo, a transação penal. Além disso, na mesma
decisão foi consolidado que as disposições do Código Penal que beneficiar o autor do
crime também não lhe serão concedidas.
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não
ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de
setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do
Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF).
Aos crimes cuja pena máxima ultrapasse 4 anos, ser-lhe-á aplicada as
disposições do Código de Processo Penal.
DISPOSIÇÕES PENAIS
Caro aluno, tomo a iniciativa para conversarmos sobre esse tema. Alguns tipos penais não
carecem de discussões, mas outros casos será necessário diferenciá-los dos crimes tipificados
no Código Penal. Fique tranquilo! Você está cada vez mais perto da sua aprovação. Continue!
Todos os delitos tipificados no Estatuto do Idoso são de Ação Penal Pública
Incondicionada, não havendo necessidade de representação da vítima. É importante destacar a
natureza da ação nesses crimes, pois a maioria deles acontecem no seio familiar, o que acabaria
por inviabilizar a aplicabilidade da lei se fosse necessária a vontade da vítima para prosseguir
na ação.
OS CRIMES PREVISTOS NA LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO)
SÃO TODOS DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA!
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública
incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código
Penal.
Ademais, há de se discutir também a não aplicação das escusas elencadas no Título Dos
Crimes Contra o Patrimônio, arts. 181 e 182 do Código Penal. O ordenamento jurídico não aceita
ISENTAR A PENA nem tampouco condicionar à representação ou qualquer requisito de
procedibilidade da ação penal nos crimes definidos no Estatuto do Idoso.
(CESPE – 2014) Com relação aos crimes contra o idoso e à violência familiar
e doméstica contra a mulher, julgue o item.
Caso um filho, maior de dezoito anos de idade, pratique atos humilhantes
contra seu pai — com sessenta anos de idade — e, por esse motivo, seja processado
e condenado por crime previsto no Estatuto do Idoso, haverá isenção da pena
prevista no Código Penal em razão de o condenado ser descendente da vítima.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIO: Não há de se aplicar as escusas absolutórias nem tampouco as
relativas por expressa previsão legal. Apesar de ter uma relação parental entre pai e
filho, a circunstância pessoal do pai ser sexagenário (sessenta anos de idade) impede
os benefícios que, porventura, seu filho teria direito, pois o Estatuto do Idoso não foi
criado para beneficiar o réu, mas o objeto a ser protegido, a vítima idosa.
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada,
não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código Penal.
CÓDIGO PENAL
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a
raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou
portadora de deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa
Tutela a dignidade do idoso, a fim de manter sua autonomia no exercício de cidadania.
Pode ser cometido por qualquer pessoa, admitindo-se coautora ou participação na modalidade
comissiva. O crime é consumado no momento em que o autor impede ou dificulta o exercício
de cidadania do idoso, com o dolo específico de DISCRIMINAÇÃO por causa da idade.
Difere da injúria qualificada do Código Penal, porque este afeta a autoestima da vítima de
modo geral, atribuindo qualidade negativa à pessoa de forma direta por meio de insultos e
palavras de calão em razão de sua idade. Já o crime do art. 96 da Lei 10.471 afeta a honra com
finalidade específica, que é para IMPEDIR/DIFICULTAR o acesso a operações bancárias, aos
meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento
necessário ao exercício da cidadania.
CÓDIGO PENAL
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem
risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
CÓDIGO PENAL
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,
vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de
defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº
10.741, de 2003)
É importante destacar a diferença do crime de Abandono que está no Estatuto do Idoso e
do outro que está no art. 133, § 3º do Código Penal. Este traz uma circunstância que aumenta a
pena no crime de Abandono de Incapaz, já aquele é a elementar do art. 98. Ambos cuidam da
saúde da vítima e só podem ser cometidos por grupo determinado, sendo, portanto, crime
próprio. No estatuto do idoso, fica caracterizado o crime de abandono por aqueles que são
obrigados, por lei ou mandado, a cuidar do idoso ou prover suas necessidades básicas.
Por outro lado, o crime de Abandono de Incapaz só pode ser cometido por quem tem a
guarda, cuidado, vigilância ou autoridade sob a pessoa que seja incapaz de se defender dos
riscos oriundos do abandono. Destaque ao § 3º desse artigo, pois a Lei 10.741/03 introduziu
aumento de pena no caso de um idoso ser abandonado nas condições do CAPUT. Percebe-se
claramente que a lei quis diferenciar as duas figuras: art. 96 do Estatuto e 133, § 3º do CP.
E qual a diferença? No crime de Abandono da Lei 10.741/03, a vítima é abandonada em
locais específicos, como hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou
congêneres. Por outro lado, no delito de Abandono de Incapaz, a vítima é abandonada em
qualquer lugar distinto daquele tipificado no caput do art. 96.
ABANDONAR IDOSO
ABANDONO DE
EM LOCAIS
INCAPAZ
ESPECÍFICOS
(Aart.. 133, § 3º do Código Penal)
(Art. 98 DO ESTATUTO DO IDOSO)
- Casas de saúde
- Entidades de longa - Qualquer lugar
permanência ou distinto do art. 98
Congêneres
§ 2o Se resulta a morte:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos
CÓDIGO PENAL
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Perceba que são dois tipos penais praticamente idênticos, diferenciando-se na figura da
vítima. Apesar de parecer um conflito aparente de normas, o caso do art. 99 é mais específico
do que o delito de maus-tratos tipificado no CP. Mais uma vez é possível observar a proteção da
saúde do idoso nesse estatuto, além de resguardar o direito ao trabalho sem qualquer tipo de
discriminação. Outra diferença importante é que o delito do CP é integralmente próprio, sendo
cometido somente por quem detém a guarda da vítima, já no caso do crime contra o idoso, não
há de se falar em crime integralmente próprio, pois qualquer pessoa pode ser autor dessa
infração.
A consumação ocorre no momento em que expõe a perigo, priva de alimentos ou sujeita
a trabalho excessivo, permitindo a tentativa desse crime somente na conduta comissiva. É
importante ressaltar que ambos os crimes podem ser qualificados se da conduta resulta lesão
corporal de natureza grave ou se resulta na morte da vítima.
CÓDIGO PENAL
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou
a detenção
Estamos diante de dos crimes contra o patrimônio, um tipificado em Lei Especial, outro,
no Código Penal. O bem jurídico tutelado é o patrimônio da vítima, podendo qualquer pessoa
cometer as infrações descritas. O crime do Estatuto do Idoso se consuma no momento em que
as condutas são praticadas, dando finalidade diversa. Se a vítima tiver idade inferior a 60 anos,
estar-se-á diante do crime de Apropriação Indébita ou, até mesmo, furto. Importa destacar que
não há possibilidade do arrependimento posterior quando a vítima é idosa, não
descaracterizando o crime se o infrator restituir a pessoa idosa pós fato.
QUESTÕES EXTRAS
1. (CESPE – 2016) De acordo com a Lei n.º 10.741/2003, a retenção, sem justo motivo, de
cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios de pessoa idosa é considerada
a) Crime de ação penal pública incondicionada.
b) Infração administrativa.
c) Crime punível com reclusão, seja a conduta culposa, seja ela dolosa.
d) Fato atípico, pois constitui conduta que não pode ser considerada crime.
e) Contravenção penal.
3. (CESPE – 2016) Acerca do Estatuto do idoso, Lei n° 10.741, de 2003, é correto afirmar
que:
a) Constitui crime discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a
operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer
outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade.
b) Constitui crime deixar de prestar assistência ao idoso, mesmo quando impossível fazê-
lo sem risco pessoal.
c) O Estatuto do idoso é destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade
igual ou superior a 65 (sessenta e cinco) anos.
d) Admite-se possibilidade de cobrança de valores diferenciados em razão da idade, sem a
caracterização da discriminação do idoso.
e) A limitação expressa no edital concurso público para o provimento de cargo efetivo,
quanto ao limite de idade, afasta a incidência da prática do crime de obstar o acesso de
alguém a qualquer cargo público por motivo de idade.
GABARITO
1. A (pág. 4)
2. E (pág. 3)
3. A (pág. 6)
4. C (págs. 8 e 9)