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LEI N. 11.

343/06
Lei de Entorpecentes

LEI DE ENTORPECENTES

Dando continuidade à lei antidrogas, nesta aula será estudada uma parte mais procedi-
mental, mais processual, que cai bem menos do que o núcleo da lei, que vai do art. 27 até o
art. 40, mas o conteúdo desta aula já caiu em provas e é preciso estar atento, focando no que
é mais importante nessa parte final da lei antidrogas.

17. Delação Premiada (art. 41)

Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o
processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recupe-
ração total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um
terço a dois terços.

Obs.: A colaboração premiada pode se dar tanto durante a investigação quanto durante a
instrução, ou seja, pode ocorrer durante as etapas da persecução criminal. Essa de-
lação premiada deve ser, de acordo com a lei, voluntária, sendo que a lei não exige
espontaneidade, mas exige voluntariedade, porque, muitas vezes, a pessoa que vai
delatar, mas não espontaneamente, pode ter sofrido uma pressão da família ou da
esposa, mas ainda é voluntário.

ATENÇÃO

Muito cuidado para não confundir com a colaboração premiada da lei de organização cri-
minosa (Lei n. 12.850/13), porque esta pode inclusive acarretar o perdão judicial, também
podendo o Ministério Público nem denunciar, em determinadas hipóteses, como a pessoa ser
a primeira a colaborar, não ser o líder ou trazer um fato novo não conhecido.Se for uma orga-
nização criminosa praticando crimes da Lei n. 11.343/06, pode-se aplicar o procedimento de
colaboração da Lei n. 12.850/13, mas se não tiver configuração de uma organização crimi-
nosa, os requisitos para aplicação da Lei n. 12.850/13, o que pode ser aplicado, é a delação
apenas da Lei n. 11.343/06. Muitas vezes o examinador sabe que o candidato faz provas de
concurso em que caem as duas leis e o confunde, até porque, no Brasil, normalmente as
organizações criminosas estão relacionadas ao tráfico, sendo fácil de confundir nas provas.
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LEI N. 11.343/06
Lei de Entorpecentes

• Voluntariedade
• Requisitos cumulativos: Sim, porque a lei colocou “e”.
• Abrange o proveito do crime? A lei não exige o proveito. O produto do crime é a própria
droga, os entorpecentes e apetrechos, mas o proveito é o resultado financeiro, ou seja,
o dinheiro da venda da droga e os bens oriundos do dinheiro. Porque a intenção dessa
delação é retirar a droga de circulação, ou seja, quanto menos droga estiver circulando,
menos perigo para a sociedade.

DIRETO DO CONCURSO
1. (ADAPTADA/CESPE/2008/TJ-AL/JUIZ) O indiciado ou acusado que colaborar voluntaria-
mente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-
autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no
caso de condenação, poderá ser beneficiado com o perdão judicial.

COMENTÁRIO
Não tem perdão judicial nesse caso. O perdão judicial é na Lei n. 12.850/13.

2. (ADAPTADA/CESPE/2014/TJ-SE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGIS-


TROS/PROVIMENTO) O juiz poderá conceder o perdão judicial ou reduzir a pena pela
delação premiada, se o réu colaborar de forma efetiva e voluntária e a relevância da infor-
mação prestada contribuir, de fato, com as investigações ou com o processo, por meio da
identificação dos corréus e partícipes do crime de tráfico de drogas.

COMENTÁRIO
A banca tenta conduzir o candidato ao erro. Perdão judicial não.

18. Definição da Pena Base (art. 42)

Existem três etapas na dosimetria: definir a pena-base, as atenuantes e agravantes gené-


rica e as causas de aumento e diminuição de pena, que é a 3ª fase. A definição da pena-base
é a 1ª fase, quando o juiz irá definir qual a pena-base que será aplicada, considerando o
mínimo e o máximo previsto, combinado no tipo penal.

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Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art.
59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e
a conduta social do agente.
CP, art. 59: O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalida-
de do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comporta-
mento da vítima, (...)

Obs.: Muitas vezes o examinador traz uma questão dizendo que a pessoa foi encontrada
com 50 kg de cocaína e 50 kg de maconha e afirma que responderá por dois crimes.
Errado! É um crime único, mas, nessa situação, se considera quantidade e qualidade,
a natureza, na definição da pena-base, com preponderância sobre as demais circuns-
tâncias judiciais.

DIRETO DO CONCURSO

3. (ADAPTADA/CESPE/2008/TJ-AL/JUIZ) O juiz, na fixação das penas, considerará, com


preponderância sobre as circunstâncias judiciais previstas no CP, a natureza e a quantida-
de da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente.

COMENTÁRIO
O mais importante é a natureza e a quantidade, porque isso de fato não está espelhado no
no art. 59 do Código Penal.
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19. Fixação da Pena de Multa

Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que
dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as
condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5
(cinco) vezes o maior salário-mínimo.

ATENÇÃO

Muito cuidado! Quando há mula do tráfico, a condição econômica desta é muito baixa. Quem
está acima dela, o senhor do tráfico, é quem tem dinheiro, podendo-se aplicar uma multa

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mais elevada. Deve ser levada em consideração essa circunstância econômica: quem se deu
melhor com o tráfico, que é extremamente lucrativo. Essa pena de multa será determinada
segundo dias-multas de acordo com os parâmetros definidos nos preceitos secundários dos
tipos penais. Cada dia-multa não poderá ser inferior a 1/30 nem superior a 5x o salário mínimo.

Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre cumu-
lativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação econômica do
acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.

Obs.: Lembre-se que isso é diferente do Código Penal, pois no CP os patamares são bem
inferiores. Essa lei fez muito bem em trazer patamares mais elevados.

DIRETO DO CONCURSO

4. (CESPE/2012/PC-AL/DELEGADO DE POLÍCIA) Para a fixação da pena de multa nos


casos de crime de tráfico de entorpecentes, o juiz deverá obedecer aos critérios fixados
na parte especial do Código Penal, que determina que o número de dias-multa será, no
mínimo, de 10 e, no máximo, de 360.

COMENTÁRIO
Isso se aplica para o Código Penal, não para a lei de drogas, existindo penas de 150 dias-
multas. Não há esse máximo de 360.

Chuva de Inconstitucionalidades (art. 44)

Obs.: Dispositivo com muitas inconstitucionalidades, que não se aplica.

Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e
insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de
suas penas em restritivas de direitos.

Esse artigo veda a liberdade provisória, o que é inconstitucional, porque não se pode
proibir de maneira geral e restrita, já que a regra é a liberdade até a sentença condenatória

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definitiva transitada em julgado, a não ser que estejam presentes os requisitos da prisão pre-
ventiva, devendo se justificar, caso a caso, se estão ou não presentes os requisitos da prisão
preventiva. A proibição de conversão em pena restritiva de direito já foi estudada em aula ante-
rior e também é inconstitucional. O princípio da individualização da pena é ferido com essa
proibição, pois é possível desde que estejam satisfeitos os requisitos para conversão do art.
44 do CP.
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ATENÇÃO
Quando se fala de inafiançabilidade, é preciso tomar cuidado, pois é possível a liberdade
provisória, com ou sem fiança, mas o que é inafiançável é inafiançável. O fato de não caber
fiança não irá vedar a liberdade provisória, por ser inconstitucional. A insuscetibilidade de
sursis também é inconstitucional. É possível, estando satisfeitos os requisitos do CP. Graça,
indulto e anistia a crime equiparado a hediondo não cabe.

Cuidado! A lei traz uma impropriedade no art. 44, porque traz os arts. 33, § 1º e 34 a
37, só que, dentro desses últimos, está o 35, por exemplo, que é o crime de associação
para o tráfico, que a jurisprudência entende que não é equiparado a hediondo, enquanto
o 34 tem divergências doutrinárias e o 37 não traz entendimento que seja equiparado a
hediondo. Quem tem entendimento é o art. 33, seu § 1º (modalidade equiparada). Há uma
dubiedade na doutrina em relação ao 34 e ao 36. Existe a jurisprudência quanto ao custeio
e financiamento do tráfico, que é considerado equiparado.

Livramento Condicional

Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional
após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico
(reincidente em crimes de tráfico).

Obs.: No art. 83 do CP, estão os requisitos do livramento condicional. Para os crimes he-
diondos ou equiparados, exige-se o cumprimento de mais de 2/3. O que prevalece é
esta lei, até porque traz tratamento melhor, mais benéfico para o acusado. A aplicação
desse parágrafo alcança os crimes de tráfico, § 1º, modalidade equiparada e art. 36.

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Reconhecimento jurisprudencial. Com relação ao livramento condicional, há algumas


modificações do pacote anticrime que podem cair em prova, não dentro desta lei, mas
dentro de outras, principalmente dentro da lei de execução penal. Por exemplo, hoje
não é o caso porque dificilmente um crime de tráfico de drogas resulta em morte, mas
pode acontecer. Nesse caso, por ser um crime equiparado a hediondo com resultado
morte, é proibido o livramento condicional, por mais que não haja reincidência.
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DIRETO DO CONCURSO

5. (CESPE/2013/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) O reincidente específico em tráfico ilícito


de entorpecentes e drogas afins poderá pleitear o livramento condicional após cumprir
dois terços da sua pena privativa de liberdade.

COMENTÁRIO
Se ele é reincidente específico, será vedada a concessão do livramento condicional.

6. (ADAPTADA/CESPE/2014/TJ-SE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGIS-


TROS/PROVIMENTO) A segregação cautelar do preso acusado da prática dos crimes
atinentes ao tráfico ilícito de entorpecentes não pode ser afastada, haja vista o impeditivo
legal previsto na referida lei, que veda a liberdade provisória.

COMENTÁRIO
Nada de vedar a liberdade provisória! A lei não veda liberdade provisória porque isso foi
considerado inconstitucional pelo STF.

20. Inimputabilidade (exclui a culpabilidade)

Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente
de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que
tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

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Por exemplo, uma pessoa foi para um determinado local realizar um procedimento esté-
tico e lá injetaram uma substância errada nela. Ao invés de injetar um anestésico, houve uma
confusão e injetaram heroína. Foi algo de força maior, que fugiu do controle. Nessa situação,
não se tem um dolo de consumo de drogas.
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Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresen-
tava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá
determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado (a
doutrina entende que esse tratamento médico está se referindo ao dependente, pois alguém que
usou por força maior não tem do que se tratar).

21. Semi-imputabilidade

Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias
previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
mento (aplicável na 3ª fase da dosimetria).
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que ateste a necessidade de en-
caminhamento do agente para tratamento, realizada por profissional de saúde com competência
específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei.

22. Procedimento Penal (arts. 48-49)

• Aplicação subsidiária do CPP e da LEP: a doutrina também entende que se aplica sub-
sidiariamente o próprio CP.
• Art. 28 → Lei n. 9.099/95, inclusive os institutos despenalizadores: a competência será
do juizado especial criminal, o rito será o sumaríssimo da Lei n. 9.099/95, aplicando-se
inclusive os institutos penalizadores como, por exemplo, a transação penal.
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• Art. 33, caput e §1º e 34 a 37 → Lei de proteção às vítimas e às testemunhas ameaça-
das (Lei n. 9.807/99): sabe-se que os crimes da lei de drogas têm por trás de si grandes
organizações perigosas, então aplica-se essa lei.

DIRETO DO CONCURSO
7. (ADAPTADA/CESPE/2016/TJDFT/JUIZ) O agente que praticar crime de porte de drogas
para consumo pessoal será processado e julgado perante uma das Varas de Entorpecen-
ANOTAÇÕES

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Lei de Entorpecentes

tes do DF, sob o rito processual previsto na Lei Antidrogas, tendo em vista que a lei espe-
cial prevalece sobre a lei geral.

COMENTÁRIO
O artigo 28 vai para o juizado, rito sumaríssimo na Lei n. 9.099/95.

8. (ADAPTADA/CESPE/2016/TJDFT/JUIZ) O autor do crime de porte de drogas para uso


pessoal será processado e julgado perante o Juizado Especial Criminal, sob o rito da Lei
n. 9.099/1995.

GABARITO
1. E
2. E
3. C
4. E
5. E
6. E
7. E
8. C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Diego Fontes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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