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7)COMENTE TAIS PP Princípio da congruência entre a ordem axiológico-

constitucional e a ordem legal dos bens jurídicopenalmente protegidos

Princípio da congruência entre a ordem axiológico-constitucional e a


ordem legal dos bens jurídico- penalmente protegidos:

Desta máxima decorre a exigência da necessidade e subsidiariedade da


intervenção jurídico-penal (art. 18o CRP), e decorre também a ideia de
que o direito penal é um direito de protecção dos bens jurídicos,
afastando-se por isso as finalidades retributivas das penas, e afirmando-
se que as sanções criminais têm finalidades preventivas, como consta do
art. 40o CP.

8) Princípio da proibição do excesso


nao pode ter excessso a pena nao pode ser maior que a culpa jamais

Em matéria de penas, este princípio manifesta-se através do princípio da


culpa; e em matéria de medidas de segurança, manifesta-se através do
princípio da proporcionalidade (art. 18o/2 CRP e art. 40o/3 CP).
Manifesta-se ainda, em geral, no princípio da proporcionalidade das
sanções penais (art. 18o/2 CRP), sendo entendimento uniforme o de que o
TC só deve censurar as soluções legislativas que contenham sanções
manifestamente excessivas.

9)O princípio da culpa significa que não há pena sem culpa nem pena
superior à medida da culpa.Comente
verdadeira,nao pode haver pena sem culpa ha proibilçao do excesso deve
ser sempre maior a culpa que apena pode haver culpa sem pena mas
nunca pena sem culpa
O princípio da culpa significa que não há pena sem culpa nem pena
superior à medida da culpa. O princípio da culpa não tem consagração
expressa na CRP, mas ele assume-se como um princípio constitucional
por via da proteção constitucional da dignidade da pessoa humana (art.
1o, 13o e 25o/1 CRP)3.

• O art. 40o/2 CP afirma que, em caso algum, a pena pode ultrapassar a


medida da culpa. A culpa surge, assim, como pressuposto e limite da
pena, não sendo seu fundamento nem medida - não pode haver pena sem
culpa nem pena superior à medida da culpa, mas pode haver culpa sem
pena. Este é o principio da unilateralidade da culpa/principio da culpa na
sua vertente unilateral como já vimos.

10)quais são os pressupostos da dispensa da pena?

1. O facto tem de constituir um crime punível com pena de prisão não


superior a 6 meses, ou com multa não
superior a 120 dias;
2. A ilicitude do facto e a culpa do agente têm de ser diminutas;
3. O dano tem de ter sido reparado;
4. À dispensa de pena não se podem opôr naturalmente exigências de
prevenção.
- A lei prevê ainda que a sentença possa ser adiada no caso de a
reparação do dano não se ter realizado, mas o juiz considera que essa
reparação se vai realizar (art. 74o/2 CP - esse adiamento pode ser de 1
ano).

11)pq a prisão é a ultima ratio

As sanções privativas da liberdade constituem a ultima ratio da política


criminal - Nota-se, no nosso sistema, uma preferência clara por sanções
não privativas da liberdade. A sanção privativa da liberdade é a sanção
mais
restritiva de direitos, e nem sempre é a sanção mais adequada. Esta ideia
resulta do art. 18o/2 da CRP, e está plasmada no art. 70o CP em relação
às penas, e no art. 98o CP em relação às medidas de segurança.

12)A pena de multa é um dto de crédito?fale sobre os limites quantitativos


diario e numero de dias.
nao é uma pena

No nosso sistema, a multa pode surgir como pena principal ou então


como pena de substituição.
1. É importante referir que que a pena de multa não é um direito de crédito
por parte do Estado; ela não é uma taxa nem um imposto - tem de ser
vista como uma verdadeira pena.

13)FAle sobre as penas de substituição.


Penas de substituição - são penas que podem substituir qualquer uma
das penas principais concretamente determinadas, radicando no
movimento da luta contra a aplicação de penas de prisão. Estão previstas
nos arts. 45o e ss. CP (lei nova).

Há penas de substituição da pena de prisão e penas de substituição da


pena de multa.
• Existe somente uma pena de substituição da pena de multa - a
admoestação (art. 60o CP). Se o juiz determinar uma pena de multa de
150/200/220 dias, pode, depois de encontrar esta pena, substitui-la pela
pena por admoestação (e isto fica escrito na sentença) - o juiz diz “eu
optei por aplicar a este agente, pelo crime de ofensa à integridade física
uma pena de multa até 150 dias; uma vez que estão reunidos os
pressupostos do art. 60o CP, decido substituir esta pena de multa por
uma pena de admoestação”. Está admoestação consiste numa censura
oral, feita ao agente em audiência. Depois, infra, vamos ver quais são os
critérios que o juiz segue para escolher uma pena ou outra, quais são os
critérios que ele segue para ver se pode ou não substituir. Isto vai ser o
cerne do nosso estudo na disciplina.
• Temos várias penas de substituição da pena de prisão:
- Pena de multa de substituição (art. 45o CP). Esta é uma numeração
nova. Vimos que a pena de multa pode surgir como multa principal
(quando está prevista expressamente num tipo legal de crime), mas pode
surgir também como pena de substituição. E isto dá-nos um trabalhão,
porque depois o regime de execução e o regime pelo incumprimento é
diferente consoante estejamos perante uma multa como pena principal,
ou estejamos perante uma multa enquanto pena de substituição (iremos
debruçar sobre isto mais à frente). Se o juiz determinar uma pena de
prisão não superior a 1 ano (ex.: 10 meses de prisão), ele pode depois
substituir por pena de multa - e aqui o arguido fica condenado por pena
de multa (substituiu a pena de prisão)
- Pena de proibição do exercício de profissão, função ou actividades
públicas ou privadas (art. 46o CP). Temos aqui que o crime foi cometido
no âmbito do exercício de uma profissão, e o juiz pode subsistir a pena de
prisão não superior a 3 anos pela pena de proibição do exercício da
profissão. Esta pena tem pressupostos especiais - é preciso que o crime
tenha sido cometido no exercício da profissão, e pode substituir uma pena
de prisão não superior a 3 anos.
- Pena de suspensão da execução da pena (art. 50o e ss CP). Não foi
muito mexido este art.. Substitui penas de prisão não superiores a 5 anos.
A suspensão de execução da pena pode ser simples, com imposição de
deveres ou regras de conduta, ou uma suspensão com regime de prova.
- Pena de prestação de trabalho a favor da comunidade (art. 58o e ss CP).
Foi um bocadinho alterado o no1 em Agosto, mas não vamos agora tratar
disso. Uma pena de prisão não superior a 2 anos pode ser substituída por
prestação de trabalho a favor da comunidade. Se o juiz determinar uma
pena de prisão de 3 anos e meio, pode substitui-la por multa? De acordo
com o que lemos nos últimos minutos, não. Mas já pode substituir por
pena de prestação de trabalho a favor da comunidade? Não.
• O leque das penas de substituição ao dispor do juiz depende da pena
que ele tiver concretamente determinado anteriormente.

14)quais são as fases da determinação da pena?

As fases de determinação da pena são 3:


1. O juiz investiga e determina a moldura penal aplicável ao caso. Nesta
fase, o juiz está à procura da medida legal ou abstrata da pena;
2. O juiz, dentro da moldura legal encontrada, vai determinar a medida
concreta da pena;
3. Numa 3a fase, o juiz escolhe a pena que vai efetivamente ser cumprida
pelo agente. Esta é uma fase eventual e que não tem de ser
cronologicamente posterior à 2a fase. Esta fase de escolha da pena pode
verificar-se logo no 1o momento, nos casos em que o tipo legal de crime
previr em alternativa a pena de prisão e a pena de multa. Mas pode
verificar-se também num 3o momento, porque se o juiz decidir aplicar ao
caso uma pena de prisão não superior a 5 anos, pode depois substituí-la
por uma pena de substituição.

15)fale sobre a teoria da medida do espaço ou liberdade da moldura da


culpa

Segundo esta teoria de ROXIN, a medida da pena é dada através da


medida da culpa. E para ROXIN a culpa não surge como uma medida exata
- ela vai surgir sim como uma moldura da culpa entre o máximo e o
mínimo.
• De acordo com ROXIN, a 1a operação que o juiz terá de fazer consiste
em determinar a moldura penal abstrata. Imaginemos que se tratava de
um crime de furto (art. 203o CP, que remete para o art. 41o CP para
definir o limite mínimo). Numa 2a operação, o juiz terá de determinar a
medida concreta da pena através da culpa. Mas a culpa não é uma medida
exata, e por isso a única coisa que o juiz consegue determinar é que, p.
ex., uma pena de 6 meses já é adequada à culpa do agente, e que, p. ex.,
uma pena de 2 anos ainda é adequada a essa mesma culpa. Assim, dentro
da moldura legal, o juiz vai construir a moldura da culpa. Em relação às
exigências de prevenção geral, ROXIN entende que qualquer pena
aplicada entre os 6 meses e os 2 anos (dentro da moldura da culpa)
satisfará as exigências da prevenção geral, porque ela será uma pena
justa, isto é, uma adequada à culpa do agente. Segundo ROXIN, é depois
dentro da moldura da culpa que vão atuar as exigências de prevenção
especial, e em último termo são as exigências de prevenção especial que
determinam a medida concreta da pena. P. ex., atendendo às exigências
de prevenção especial, o juiz poderia determinar uma pena de 1 ano e 6
meses.
ROXIN admite uma situação especial em que se pode aplicar uma pena
inferior à culpa do agente (p. ex., uma pena de 4 meses). Isto poderá
acontecer quando o agente não careça de socialização, e, ao nível das
exigências de prevenção especial, a pena vai cumprir somente a sua
função de advertência. Nestes casos, a pena pode ser inferior ao limite
mínimo da moldura da culpa, mas o que nunca pode acontecer é a
aplicação de uma pena que se situe abaixo do limite mínimo da moldura
penal - porque isto poria em causa a defesa do ordenamento jurídico
coincide com o mínimo da moldura legal. Para ROXIN, a pena mínima
ainda compatível com a defesa do ordenamento jurídico coincide com o
limite mínimo da moldura legal.
Quais as críticas a esta proposta de ROXIN?
• 1a crítica:
O modelo proposto por ROXIN não ignora as exigências de prevenção,
mas concede à culpa um papel determinante na medida da pena. Então, o
modelo por ele proposto será compatível com o art. 71o CP, mas já não
com o art. 40o CP, porque este artigo é muito claro ao afirmar o que são
as exigências de prevenção que constituem as finalidades das penas. Por
isso, o modelo a adotar por nós há-de ser um modelo que parte não da
culpa mas sim das exigências de prevenção.
• 2a crítica:
A teoria de ROXIN não é compatível com o art. 40o CP, também porque
este artigo é claro ao afirmar que a culpa é apenas pressuposto e limite
inultrapassável da pena, enquanto que na teoria da moldura da culpa, a
culpa surge como limite mínimo e limite máximo da pena.
• 3a crítica:
É também passível de crítica o facto de ROXIN fazer coincidir as
exigências mínimas de prevenção geral com o limite mínimo da moldura
legal. Na verdade, as exigências de prevenção geral dependem sempre
das características do caso concreto.
- Por um lado, no caso concreto pode acontecer que, para que as
exigências de prevenção geral se encontrem preenchidas, seja necessário
que a pena se situe acima do limite mínimo da moldura legal.
- Por outro lado, no nosso sistema sancionatório está previsto o instituto
da dispensa de pena no art. 74o CP, que permite que, em certos casos,
haja culpa e não haja pena, isto é, há casos em que é provada à culpa
mas, em relação aos quais, não se fazem sentir exigências de prevenção
que justifiquem a aplicação de uma pena.
16)Teoria da moldura de prevenção, proposta por FIGUEIREDO DIAS e
ANABELA

Este modelo é o que se mostra mais consentâneo com uma leitura


conjugada dos art. 40o e 71o do CP. À luz do art. 40o CP, com a aplicação
de uma pena visa-se a tutela de bens jurídicos, ou seja, finalidades de
prevenção geral. Por isso, a medida da pena há-de ser determinada a
partir da medida da necessidade de tutela de bens jurídicos no caso
concreto. Porém, essa necessidade de tutela dos bens jurídicos não surge
de uma medida exata - deste modo surge aqui uma moldura, a designada
moldura de prevenção.
Esta moldura tem como limite superior o ponto ótimo da tutela dos bens
jurídicos, e tem como limite inferior as exigências mínimas de defesa do
ordenamento jurídico e da paz social. Dentro desta moldura da prevenção
geral de integração, a medida da pena vai ser encontrada em função das
exigências da prevenção especial7 .
A culpa surge sempre como o limite da pena, quer quanto às exigências
de prevenção geral, quer quanto às exigências de prevenção especial.

17) A dispensa da pena prevista no 74 é expressão carater unilateral do pp


da culpa.

O art. 40o/2 CP afirma que, em caso algum, a pena pode ultrapassar a


medida da culpa. A culpa surge, assim, como pressuposto e limite da
pena, não sendo seu fundamento nem medida - não pode haver pena sem
culpa nem pena superior à medida da culpa, mas pode haver culpa sem
pena. Este é o principio da unilateralidade da culpa/principio da culpa na
sua vertente unilateral como já vimos.
• Só esta concepção do princípio da culpa nos permite entender o
instituto da dispensa de pena4, consagrado no art. 74o CP.

18) A dispensa de pena está sujeita a registro criminal

A sentença que decreta uma dispensa de pena é uma sentença


condenatória, e isto está no art. 375o/3 CPP. Sendo uma sentença
condenatória o agente vai ter de pagar as custas judiciais, e esta
condenação ficará inscrita no seu registo criminal (art. 6o/c da Lei de
Identificação Criminal). O que acontece em caso de dispensa de pena é
que o arguido é condenado mas não lhe é aplicada qualquer pena, porque,
no caso, não se fazem sentir exigências de prevenção, não sendo a pena
necessária. Quando assim é, o juiz pode dispensar de pena.
19) O primeiro objetivo de pena é evitar a dessocialização do recluso:

Este e o objetivo secundário da pena.


a finalidade primordial da pena é a de prevenção geral positiva/
integração, enquanto que a finalidade secundária é a de socialização do
delinquente (prevenção especial positiva). Esta norma estabelece que as
penas e medidas de segurança visam a protecção de bens jurídicos, ou
seja, finalidades de prevenção geral positiva.
Além disso, e também de acordo com o 40, a pena visa também a
reintegração do agente na sociedade, ou seja, tem também finalidades de
prevenção especial positiva. Deste modo, de acordo com o 40, a
finalidade primordial da pena é a de prevenção geral positiva ou de
integração, e a finalidade secundária é a de ressocialização do agente.
Este 40 CP não deixa margem para dúvidas.

20)A prestaçáo de trabalho é uma sanção pelo não pagamento de multa

ERRADO, O CONDENADO PODE POR VIA DE REQUERIMENTO PEDIR A


PRESTAÇÃO DE TRABALHO EM FAVOR DA COMUNIDADE EM
SUBSITUIÇÃO À PENA DE MULTA. AQUI O CONDENADO O FAZ DE
FORMA VOLUNTÁRIA.

PAGINA 56.
● 1a Hipótese:
Por regra, o condenado paga voluntariamente a pena de multa. O
pagamento voluntário pode dar-se de 2 modos:
• 1o Modo: pode haver o pagamento voluntário da quantia em que
o agente foi condenado, no prazo de 15 dias a contar da
notificação para pagamento. Neste caso prático, A paga a multa e
finda o processo de
execução (art. 489o CPP)
• 2o Modo: Há uma outra possibilidade - A pode requerer que a
multa seja paga em dias de trabalho (arts. 48o
CP e 490o CPP). Deste modo, no mesmo prazo de 15 dias, em vez de
pagar a multa em dinheiro , A pode
requerer o pagamento da multa através da prestação de dias de
trabalho. O pagamento da multa em dias de trabalho é ainda uma
forma de pagamento voluntário da pena de multa.
○ O art. 48o/2 CP remete-nos para os arts. 58o e 59o CP, que se

referem à prestação de trabalho a favor da comunidade. A


prestação de trabalho a favor da comunidade, prevista no art.


59o CP, é uma pena de substituição. No caso da pena de
substituição, é o juiz que decide substituir a pena de prisão
por esta prestação de trabalho a favor da comunidade.
○ Mas isto é diferente da situação que estamos ora a analisar - a
substituição da multa por trabalho prevista no art. 48o CP,
NÃO É uma pena de substituição (a epígrafe do artigo é muito
enganadora, a única pena de substituição da pena de multa é a
admoestação) - pois é o condenado em pena de multa que vai
requerer o seu pagamento em dias de trabalho. O instituto
previsto no art. 48o CP trata-se de uma forma de pagamento
da pena de multa. Porém, quanto a alguns pontos do regime, o
legislador remete para o regime da pena de substituição da
prestação de trabalho a favor da comunidade.

21)É distinto o regime de execução da pena principal e da pena de multa


de substituição

Imaginemos que o juiz opta pela pena de multa como pena de


substituição, nos termos do art. 45o/1 CP. Deste modo, na 1a operação,
quando identificou o tipo legal de crime, perante a escolha entre prisão e
multa, o juiz optou pela pena de prisão - ele determinou uma pena de
prisão de 10 meses, e depois substituiu essa pena de prisão por uma pena
de multa, e quer na 1a operação de escolha quer na última, o critério a ter
em conta é sempre o do art. 70o CP. Como é que explicamos que na 1a
operação o juiz tenha rejeitado a multa enquanto pena principal, e depois
acabe por substituir os 10 meses de prisão por uma pena de multa de
substituição? Parece contraditório, mas isto é aceitável porque o juízo
que o juiz tem de fazer na última operação é um juízo mais exigente
do que o que está pressuposto na 1a operação - nesta está em causa
um critério de conveniência e de maior ou menor adequação (o juiz vai
averiguar se, tendo em conta as finalidades de prevenção, é preferível
aplicar a pena de prisão ou a pena de multa); já na última operação está
em causa um critério de necessidade (se o juiz não aplicar a pena de
substituição, ele tem de justificar que a pena de prisão é necessária para
que, naquele caso concreto, se cumpram as exigências de prevenção/
punição). Além disso, é aceitável que, no primeiro momento, o juiz opte
pela pena de prisão.
Só nos casos em que for flagrante que a pena de prisão não faz qualquer
sentido, é que o juiz deve optar logo pela pena de multa enquanto pena
principal - se o juiz optar na primeira operação pela aplicação da pena de
multa, a única pena que pode ser efetivamente ser aplicada será a pena
de multa, porque a admoestação é aplicada em casos raros. Já se, na 1a
operação, o juiz optar por aplicar pena de prisão, depois na última
operação o juiz terá uma multiplicidade de penas de substituição ao seu
dispor, e poderá escolher aquela que melhor satisfizer as exigências de
prevenção. Além disso, o juiz vai ter em consideração ainda que a pena de
multa principal e a pena de multa de substituição têm regimes diferentes
em caso de incumprimento, e isso pode influenciar também as escolhas
do juiz. VER OS REGIMES DE INCUMPRIMENTO DE AMBAS, QUE SÃO
DIFERENTES.

. Tratando-se de uma pena de multa de substituição, o condenado


vai ter de cumprir a pena de prisão que foi substituída, e,
verificados os pressupostos do art. 43o CP, pode vir a ser
aplicado o regime de permanência na habitação
. Por sua vez, tratando-se de uma pena de multa principal, o
condenado vai cumprir prisão subsidiária por tempo
correspondente ao da pena de multa, reduzido a 2/3. Neste caso,
não sendo a prisão subsidiária uma verdadeira pena, nunca
poderá aplicar-se o regime de permanência na habitação, previsto
no art. 43o cp.
3. Deste modo, só podemos falar de prisão subsidiária quando
estamos perante uma pena de multa principal. Sempre que
estivermos perante uma multa de substituição, a prisão que se fala
não é a prisão subsidiária - é sim a pena de prisão que o juiz aplicou na
sentença e que decidiu depois substituir por multa.
Decidindo que quer substituir os 10 meses de prisão por multa, como é
que o juiz vai determinar a pena de multa de substituição?
● - Em relação às penas de substituição em sentido
próprio, vale atualmente a regra de determinação da medida
concreta da pena de substituição de forma autónoma, a partir dos
critérios estabelecidos no art. 71o CP10.
● - Isto não acontece, porem, quando a pena de
substituição for a prestação de trabalho em favor da comunidade
- neste caso, a duração da pena de substituição é a que resultar
da regra de correspondência legalmente estabelecida no art.
58o/3 CP.
No nosso caso prático, tratava-se de uma pena de multa de
substituição, e o art. 45o/1 CP limita-se a remeter para o art. 47o CP, e
não estabelece qualquer correspondência entre a pena de prisão e a
pena de multa de substituição. Deste modo, o juiz terá de
determinar a pena de multa de substituição de forma autónoma,
tendo em conta os critérios gerais de determinação da pena do
art. 71o CP, dentro da moldura de 10 a 360 dias referida no art.
47o CP - o juiz vai ter de seguir as regras gerais de determinação da
pena de multa, fazendo as operações do sistema dos dias de multa.
Trata-se de uma pena diferente.

22)dispensa de pena e execução da pena:


Faltou so execucao da pena!

23: O que são circunstâncias modificativas? Elas são os pressupostos que


não dizem respeito nem ao tipo de ilícito nem ao tipo de culpa, nem
mesmo à punibilidade em sentido próprio, mas que contendem com a
maior ou menor gravidade do crime como um todo, e relevam, por isso,
diretamente para a doutrina da determinação da pena.
As circunstâncias modificativas são diferentes dos fatores de medida da
pena. Porquê? Porque as circunstâncias modificativas intervêm atenuando
ou agravando a moldura penal abstrata, ao passo que os fatores de
medida da pena, enunciados exemplificativamente no art. 71o/2 CP,
intervêm no momento de determinação da medida concreta da pena

24: quais são então os fins das penas e das medidas de segurança no
nosso sistema
sancionatório?
A esta questão responde-nos o art. 40o CP, que foi inserido na revisão de
1995, e, de acordo com esta norma, as penas e as medidas de segurança
têm exclusivamente finalidades preventivas e nunca retributivas. Nos
termos do art. 40o CP, a finalidade primordial da pena é a de prevenção
geral positiva/integração, enquanto que a finalidade secundária é a de
socialização do delinquente (prevenção especial positiva). Esta norma
estabelece que as penas e medidas de segurança visam a protecção de
bens jurídicos, ou seja, finalidades de prevenção geral positiva.
Além disso, e também de acordo com o 40, a pena visa também a
reintegração do agente na sociedade, ou seja, tem também finalidades de
prevenção especial positiva. Deste modo, de acordo com o 40, a
finalidade primordial da pena é a de prevenção geral positiva ou de
integração, e a finalidade secundária é a de ressocialização do agente.
Este 40 CP não deixa margem para dúvidas.

25: qual a importância do principio da dupla valoracao?

No âmbito dos factores da medida da pena é muito importante o principio


da proibição da dupla valoração. O no 2 do artigo 71o CP estabelece que
“na determinação concreta da pena, o juiz atenderá a todas as
circunstancias que, não fazendo parte do tipo de crime, deponham a favor
do agente ou contra ele”. Assim, no principio da proibição da dupla
valoração, “não fazendo parte do tipo de crime” significa que não devem
ser utilizadas pelo juiz para a determinação da medida da pena
circunstâncias que o legislador já tomou em consideração ao estabelecer
a moldura penal do facto.
• Ex.: Art. 132o CP - homicídio qualificado - conduta tem de revelar
especial censurabilidade ou perversidade. Filho matou o pai então o juiz
considera-o como um homicídio qualificado com moldura legal de 12 a 25
anos. Não pode o juiz para determinar a medida concreta da pena
considerar o facto da vitima ser pai do agressor porque o agressor já teve
esse facto em consideração ao criar a moldura penal do artigo.
Este princípio vale ainda na medida em que o juiz não pode avaliar a
mesma circunstância duas vezes, e é um principio relevante em diversas
matérias, p. ex. na matéria de determinação da pena de multa, na matéria
da reincidência e na matéria do concurso de crimes. Mas este princípio
não impede que o juiz atenda à intensidade ou aos efeitos do
preenchimento do tipo legal de crime.
• Artigo 144o CP - Ofensa à integridade física grave - moldura penal de 2
a 10 anos - imaginemos que A amputou uma perna a B, privou membro de
um importante membro daí ser um crime de ofensa à integridade física
grave. O facto de B ter ficado sem uma perna não pode ter sido em conta
pelo juiz para fundamentar a medida da pena sendo violaria o principio da
proibição da dupla valoração uma vez que a moldura penal da ofensa à
integridade física grave já foi agravada pelo legislador devido às
circunstancias do crime. No entanto o juiz pode atender à gravidade ou
intensidade do tipo. Se A tivesse cortado as duas pernas a B então o juiz
poderia ter em conta este facto. Não será indiferente para questões de
determinação da pena concreta o grau de preenchimento do tipo, a
diferença entre cortar uma ou duas pernas releva.

26: classifique os fatores das medidas das penas em 3 grupos.

Fatores relativos à execução do facto: aqueles que estão na alínea a) b) c)


e parte final da e) do 71o/2;

Fatores relativos à personalidade do agente: alínea d) e f) do artigo 71o/2;

Fatores relativos à conduta do agente anterior e posterior ao facto: alínea


e), o juiz lança mão destes fatores para aferir a medida concreta da pena.
Costuma dizer-se que estes fatores da medida da pena são ambivalentes,
isto é, o mesmo fator pode relevar para a determinação da culpa e para a
averiguação das exigências de prevenção e esta ambivalência pode ser
dupla, isto é é, os fatores de medida da pena podem ser duplamente
ambivalentes - o mesmo fator pode ter um efeito agravante quando
considerado ao nível da culpa e um efeito atenuante quando considerado
ao nível das exigências de prevenção e vice versa.

27: todos os fatores sao ambivalentes?

Nem todos os factores são ambivalentes. Os fatores relacionados com o


comportamento posterior à pratica do facto (art. 71o/2/e) CP) nunca
podem relevar para efeitos de determinação da culpa do agente porque a
culpa do agente fixa-se no momento da prática do facto. Depois da
prática de um crime o agente pode tomar uma de duas atitudes: confessar
ou fugir. Isto é importante para determinar a medida concreta da pena, no
entanto este fator não é ambivalente porque o comportamento posterior à
pratica do facto não afere a culpa do agente porque esta é aferida no
momento da pratica do facto, nas circunstancias em que se encontrava
naquele momento. Todos os fatores do 71o/2 são ambivalentes? Não. O
art. 71o/2/e) CP não é um fator ambivalente.

28:Não estaríamos a violar o principio da duopolio valoracao na 3


operação da reincidencia???

Podemos aqui questionar se não estaremos a violar o princípio da


proibição da dupla valoração. Ou seja, não estaremos com isto a valorar
duas vezes o pressuposto material da reincidência? Esta pergunta faz-se
porque o juiz na 2a operação agravou a moldura penal em nome da maior
culpa do agente, e depois na 3a operação o juiz vai encontrar uma pena
concreta mais grave também em nome da maior culpa do agente. A
resposta é negativa, porque o que foi valorado para a construção da
moldura da reincidência foi o facto de o agente ter desrespeitado a solene
advertência contida na condenação anterior. E, na 3a operação, quando
está a determinar a concreta pena da reincidência, aquilo que o juiz vai
valorar é o grau desse desrespeito. Ora, como vimos anteriormente, o
princípio da proibição da dupla valoração não impede que o juiz atenda à
intensidade da realização de um elemento do tipo, ou à intensidade da
violação de um dever determinante da aplicação da moldura legal.

29:A PRIMEIRA OPERAÇÃO QUE SE REALIZA EM CASO DE REINCIDÊNCIA


E DUPLAMENTE INSTRUMENTAL.
COMENTE:
É costume dizer-se que a 1a operação de determinação da pena no caso
de reincidência (ou seja, a operação e determinação da pena como se o
agente não fosse reincidente é uma operação duplamente instrumental
(porque não é nesta pena que o agente vai ser condenado) - por um lado,
ela é necessária para sabermos se está cumprido o pressuposto de o 2o
crime ser punido com prisão efetiva superior a 6 meses; e por outro lado,
ela é necessária para sabermos se está respeitado o limite da agravação
imposto pelo art. 76o/1/parte final CP.

30: o que acontece quando estivermos perante uma situacao modificativa


atenuante e outra agravante??

Nestes casos de concorrência entre a reincidência e uma circunstância


modificativa atenuante, primeiro tem de funcionar a circunstância
modificativa atenuante, porque só assim é possível determinar a medida
da pena do 2o crime independentemente da reincidência. Repare-se ainda
que, por um lado, só deste modo nós saberemos se está preenchido o
requisito de o 2o crime ser punido com pena de prisão efetiva superior a 6
meses, porque poderia acontecer, p. ex., que dentro da moldura atenuada
pela tentativa, o juiz viesse a determinar uma pena de substituição. Por
outro lado, só fazendo atuar primeiro a circunstância modificativa
atenuante, é que nós conseguiremos saber de quanto é que foi a
agravação no caso concreto.

31: Em abstrato, quais são os sistemas de determinação da pena


possíveis no caso de concurso de crimes?

1 - Sistema da acumulação material


2 - Sistema da pena única ou pena do concurso 2.1 - Sistema da pena
unitária
2.2 - Sistema da pena conjunta
2.2.1 - Método da absorção
2.2.2 - Método da exasperação
2.2.3 - Método do cúmulo jurídico

vamos falar apenas do método que adoptamos, porque não temos tempo
de falar dos outros). Adoptamos o sistema da pena única. Dentro dele,
adoptamos o sistema da pena conjunta, e dentro desse, segundo o
método do cúmulo jurídico (2 -> 2.2 -> 2.2.3). Este sistema que
adoptamos (art. 77o CP), comporta 3 operações:

32: nao estará o juiz na 3 operação de concurso a violar o pp da dupla


valoracao???

Determinação da pena concreta dentro da moldura do concurso. O juiz vai


determinar a medida concreta da pena única de acordo com os critérios
gerais da culpa e da prevenção referidos no art. 71o CP, mas partindo de
um critério especial previsto no art. 77o/1/2a Parte CP, que estabelece
que, na determinação da medida concreta da pena do concurso, são
considerados em conjunto os factos e a personalidade do agente (art.
77o/1/2a parte CP). Mas, o juiz já considerou os factos e a personalidade
do agente enquanto fatores de medida da pena, quando, na 1a operação,
determinou a pena concreta para cada crime. Não estará ele, na 3a
operação, a violar o princípio da proibição da dupla valoração? Não,
porque na 3a operação o juiz vai considerar os factos e a personalidade
do agente em conjunto - i. é., tendo em conta a totalidade dos crimes
cometidos. O juiz vai ter de determinar, p. ex., se há alguma conexão entre
os factos, e qual o tipo de conexão - vai averiguar se se trata de uma
carreira criminosa, ou se é apenas uma situação de pluri-ocasionalidade/
conjunto de tipos legais de crime que não têm qualquer relação entre si. O
critério especial que está previsto no art. 77o/1 CP radica em o juiz avaliar,
em conjunto, os factos e a personalidade do agente - por esta razão não
se viola o princípio da proibição da dupla valoração (em conjunto em
relação ao conjunto dos crimes cometidos, é esse o critério especial -
ORAIS).

33:O que se faz quando temos penas parcelares de natureza diferente no


ambito do concurso???

penas parcelares de espécie diferente. Antes de 1995, valia nestes casos


um sistema de acumulação material, por isso o D cumpriria os 6 anos de
prisão e pagava a multa. Mas desde 1995 vale também neste caso o
sistema da pena única conjunta - para tal oi juiz terá de converter a multa
em prisão seguindo o critério previsto no art. 49o/1 CP que estabelece a
redução da pena A 2/3 (240 dias de multa ficará a 160 dias de prisão). Só
podemos construir a moldura do concurso depois de termos penas da
mesma espécie!

• 3a Operação: Determinação da pena única conjunta (atendendo aos


critérios gerais do art. 71o CP e ao critério especial do art. 77o CP).
Imaginemos que fica então o valor (entre os limites mínimo e máximo) de
6 anos e 3 meses - qualquer pena é possível desde que dentro da
moldura por nós criada. Mas neste nosso caso, temos de ter em atenção o
disposto no art. 77o/3 CP, que nos diz que, no caso de penas parcelares
de espécie diferente, as penas mantêm a sua diferente natureza. Isto
significa que o condenado tem a possibilidade de pagar a pena de multa,
evitando assim que a multa se repercuta na pena única do concurso.
Deste modo, quando as penas parcelares são de espécie diferente, há
duas alternativas:
- 1a possibilidade: a multa é convertida prisão subsidiária (art. 49o/1 CP)
para efeito da determinação da pena do concurso;
- 2a possibilidade: o condenado opta por pagar a pena de multa e esta
deixa de entrar no procedimento de determinação da pena única conjunta.
O juiz tem sempre de indicar as duas possibilidades, deixando o
condenado escolher. Porém, a jurisprudência continua na sua maioria a
seguir o critério da acumulação material - está atrasada 22 anos (já é
assim desde 1995).

34: Quais são então pressupostos do conhecimento superveniente do


concurso de crimes (art. 78o CP)?

1o Pressuposto: O crime de que só agora se tomou conhecimento tem de


ter sido praticado antes da condenação anteriormente proferida. Deste
modo, o momento temporal decisivo é o momento em que a condenação
foi proferida, e não o momento em que tal decisão transitou em julgado.

• 2o Pressuposto: Os crimes em questão têm de ter sido já objeto de


condenações transitadas em julgado.

• 3o Pressuposto: Até à revisão de 2007, estava expressamente previsto


no art. 78o/1 CP um outro requisito - para haver conhecimento
superveniente do concurso, era necessário que a pena da condenação
anterior não estivesse ainda cumprida, prescrita ou extinta. Apesar de na
atual redação o art. 78o/1 CP ter deixado de fazer referência expressa a
este pressuposto, tem-se entendido que as penas prescritas, cumpridas,
prescritas ou extintas, não devem ser tidas em conta para a formação de
uma pena única conjunta.

35: como o juiz avalia a suspensão da execucao da pena de prisao?

A determinação da suspensão de execução é feita, desde Agosto, de


modo autónomo. Em houve uma alteração 2007 valia a regra de que a
suspensão da execução da pena de prisão tinha sempre a mesma duração
da pena de prisão. Foi alterado em Agosto de 2017 - atualmente a
suspensão de execução da pena agora é determinada autonomamente, e
faz sentido (o juiz determina uma pena de prisão de 3 anos, mas não faz
sentido que a suspensão seja só de 3 - por regra a suspensão é por um
período superior, porque o agente vai estar em liberdade). Se ele
estivesse preso, tínhamos de o estar a vigiá-lo 3 anos; se ele já está em
liberdade, compreende-se que o juiz possa suspender por um tempo
superior.

36: quando estivermos perante penas de diferentes naturezas como se da


oi desconto nos casos de conhecimento superveniente?

Haverá lugar a desconto, não por inteiro, mas sim a um desconto


equitativo (arts. 78o/1 e 81o/2 CP) - pois são penas de natureza diferente.
Passaram 7 meses e um ano, ele agora foi condenado em 8 anos mas o
juiz não vai descontar 1 ano e 7 meses (ele não esteve este tempo preso,
mas sim a cumprir suspensão de execução da pena), e o desconto vai ser
feito segundo aquilo que parecer equitativo (o juiz tem de justificar
conforme a pena de substituição em causa - ex.: estava num regime de
suspensão da execução da pena com um regime de prova muito apertado,
obrigatoriedade de frequência de certos programas de violência
doméstica, uma vigilância apertada; o juiz pode considerar que por causa
disto desconta mais).

37: se um segundo crime for cometido entre a condenacao e o transito em


julgado do primeiro crime, Será que ainda estamos aqui perante um caso
de concurso de crimes? O problema deste caso é saber o significado da
expressão “anteriormente àquela condenação”, que está no art. 78o/1 CP.
Será o momento em que a condenação é proferida, ou será o momento do
trânsito em julgado)?

• Se entendermos que esta expressão “àquela condenação” se refere ao


momento em que a condenação transita em julgado, então o nosso caso
seria um caso de conhecimento superveniente do concurso.

Mas se entendermos que a expressão “àquela condenação” se refere ao


momento em que a condenação é proferida (o dia do julgamento), então já
não se tratará de um conhecimento superveniente do concurso.

Isto é muito importante - se entendermos a segunda posição já não será


um caso de concurso de crimes, porque o 2o crime foi cometido depois
da 2a condenação; mas se entremos que a expressão se refere ao trânsito
em julgado, então o nosso caso seria um caso de concurso de crimes,
porque foi cometido antes do trânsito em julgado daquelas condenação.
Se fizermos concurso, encontramos uma única pena que não pode
exceder os 25 anos, se não fizermos concurso vamos condená-lo a 2
penas por 2 crimes de homicídio qualificado (22 mais 22 anos = 44 anos),
e nós dissemos que aquela norma que refere que o limite máximo da pena
de prisão é de 25 anos, diz respeito a cada condenação - pode acontecer
que uma pessoa ao longo da vida fique presa mais de 25 anos, se for alvo
de várias condenações.

Qual é então a solução deste nosso caso? MARIA JOÃO ANTUNES


entende que, no caso de um crime ser praticado entre a condenação e o
seu trânsito em julgado, nós não estamos perante um caso de
conhecimento superveniente do concurso. O momento relevante é o
momento em que a condenação é proferida, e não o momento do trânsito
em julgado da condenação.

Há 2 argumentos que justificam essa posicao:


1. O 1o argumento está relacionado com a razão de ser do próprio art. 78o
CP. Este artigo existe para corrigir falhas na justiça, e a verdade é que, no
nosso caso prático, não houve qualquer falha na justiça, porque, quando o
agente foi condenado pelo 1o crime, na verdade ele só tinha mesmo
cometido esse crime. Aqui reside o argumento mais forte.
2. O 2o argumento reside no facto de que se se entendesse que os crimes
cometidos entre a condenação e o trânsito em julgado deviam ser
considerados para efeitos de determinação de uma pena única do
concurso, criar-se-ia um período de impunidade para o agente, entre o
momento da condenação e o momento do trânsito em julgado. Se o
agente tivesse sido condenado na pena máxima, ao ter em conta o
período intermédio, o agente poderia ser tentado a cometer os crimes que
quisesse nessa altura (nunca seria condenado em mais de 25 anos, por
mais horrorosos e escabrosos que sejam esses tais crimes).
Deste modo, o momento decisivo para sabermos se estamos ou não
perante uma situação de concurso de crimes, quer para efeitos do art.
78o CP, quer para efeitos do art. 77o CP, é sempre o momento em que a
condenação é proferida. Para haver concurso o agente tem de ter
cometido todos os crimes antes da condenação por qualquer um deles.
Se o agente cometer um crime depois da condenação mas antes do
trânsito em julgado, não estaremos perante um concurso de crimes, mas
sim perante um caso de execução sucessiva de penas.

38: o primeiro problema que surge sempre quando o juiz analisa um caso,
para aplicar uma pena e o problema de escolha de pena, sendo assim, E
qual é o critério de escolha da pena?

O critério de escolha está no art. 70o CP, que estabelece que o tribunal
deve dar preferência à pena não privativa da liberdade sempre que esta
satisfizer, de modo adequado e suficiente, as finalidades da punição.

E quais são essas finalidades da punição? (fazer desde logo uma bela
remissão do art. 70o para o 40o CP). As finalidades são as exigências de
prevenção geral e de prevenção especial.

Este critério do art. 70o CP vale quer para a escolha da pena feita na 1a
operação (quando o tipo legal de crime previr estas duas penas
principais), quer quando a escolha da pena se der numa última operação
(quando o juiz determina uma pena de prisão não superior a 5 anos, e
surge, por isso, a possibilidade de substituição). Vemos, deste modo, que
o critério da escolha da pena é independente de considerações de culpa.
A culpa é critério de determinação da medida concreta da pena, mas não
é critério de escolha da pena. No momento de escolha da pena, intervêm
somente considerações relativas às exigências de prevenção.

39: Qual A diferença entre critérios de escolha da pena e os critérios de


determinação da medida da pena????

- quando se fala em escolha, o que está em causa é saber se implica


prisão ou pena principal, ou depois na última operação se há possibilidade
de substituição da pena de prisão por uma pena não privativa da liberdade
(art. 70o CP, que remete somente paras as finalidades de prevenção); os
critérios de determinação da medida concreta da pena, está em causa
saber se o juiz aplica para um crime x 15, 16,19, 20, 22 anos. Para a
escolha da pena intervêm somente as exigências de prevenção (o critério
de escolha da pena radica nas exigências de prevenção), e os critérios de
determinação da medida da pena são 2 - culpa e exigências de prevenção
(art. 71o/1 CP).

Na última operação da determinação da medida da pena, quando se abriu


a possibilidade de substituição, o juiz recusou a substituição porque
considerou que o agente era muito culpado. Comente.”

Temos de dizer que esta decisão do juiz não está devidamente


fundamentada porque a culpa não é critério de escolha (o juiz nunca pode
recusar a substituição com base numa ideia de culpa). A culpa não é
critério de escolha, e tão-só de determinação medida da pena.

-vamos supor que o juiz aplique uma pena de prisao de 10 meses, sendo
assim ele se depara novamente com o artigo 70 e tem um leque de penas
de subsituicao, Quando o juiz tem em alternativa diversas penas de
substituição, deve aplicar aquela que melhor satisfazer as exigências de
prevenção especial.

Como é que explicamos que na 1a operação o juiz tenha rejeitado a multa


enquanto pena principal, e depois acabe por substituir os 10 meses de
prisão por uma pena de multa de substituição?

Parece contraditório, mas isto é aceitável porque o juízo que o juiz tem de
fazer na última operação é um juízo mais exigente do que o que está
pressuposto na 1a operação - nesta está em causa um critério de
conveniência e de maior ou menor adequação (o juiz vai averiguar se,
tendo em conta as finalidades de prevenção, é preferível aplicar a pena de
prisão ou a pena de multa); já na última operação está em causa um
critério de necessidade (se o juiz não aplicar a pena de substituição, ele
tem de justificar que a pena de prisão é necessária para que, naquele
caso concreto, se cumpram as exigências de prevenção/punição). Além
disso, é aceitável que, no primeiro momento, o juiz opte pela pena de
prisão.

os casos em que for flagrante que a pena de prisão não faz qualquer
sentido, é que o juiz deve optar logo pela pena de multa enquanto pena
principal - se o juiz optar na primeira operação pela aplicação da pena de
multa, a única pena que pode ser efetivamente ser aplicada será a pena
de multa, porque a admoestação é aplicada em casos raros. Já se, na 1a
operação, o juiz optar por aplicar pena de prisão, depois na última
operação o juiz terá uma multiplicidade de penas de substituição ao seu
dispor, e poderá escolher aquela que melhor satisfizer as exigências de
prevenção. Além disso, o juiz vai ter em consideração ainda que a pena de
multa principal e a pena de multa de substituição têm regimes diferentes
em caso de incumprimento, e isso pode influenciar também as escolhas
do juiz.

40: Decidindo que quer substituir os 10 meses de prisão por multa, como
é que o juiz vai determinar a pena de multa de substituição?

- Em relação às penas de substituição em sentido próprio, vale atualmente


a regra de determinação da medida concreta da pena de substituição de
forma autónoma, a partir dos critérios estabelecidos no art. 71o CP10.
- Isto não acontece, porem, quando a pena de substituição for a
prestação de trabalho em favor da comunidade - neste caso, a duração da
pena de substituição é a que resultar da regra de correspondência
legalmente estabelecida no art. 58o/3 CP.

tratando-se de uma pena de multa de substituição, e o art. 45o/1 CP


limita-se a remeter para o art. 47o CP, e não estabelece qualquer
correspondência entre a pena de prisão e a pena de multa de
substituição. Deste modo, o juiz terá de determinar a pena de multa de
substituição de forma autónoma, tendo em conta os critérios gerais de
determinação da pena do art. 71o CP, dentro da moldura de 10 a 360 dias
referida no art. 47o CP - o juiz vai ter de seguir as regras gerais de
determinação da pena de multa, fazendo as operações do sistema dos
dias de multa. Trata-se de uma pena diferente.

EXECUCAO DAS PENAS:


MUITO IMPORTANTE
GRAVAR

EXECUCAO DA PENA DE MULTA:

1. Cumprimento voluntário (multa principal/de substituição)


1.1 Pagamento da quantia em dinheiro (art. 489o CPP)
1.2 Pagamento da multa em dias de trabalho (arts. 48o CP + 490o CPP;
DL no 375/97 de 24 Dezembro)
2. Pagamento coercivo (multa principal/de substituição)
2.1 Execução de bens (art. 491o CPP)
3. Não pagamento (nem voluntário nem coercivo) / Incumprimento
3.1 Por motivo imputável ao agente
3.1.1 Pena de multa principal - cumpre prisão subsidiária (art. 49o/1 e 2
CP)
3.1.2 Pena de multa de substituição - cumpre a pena de prisão principal
aplicada na sentença (art.45o/ 2 CP - alterado em Agosto de 2017)
3.2 Por motivo não imputável ao agente
3.2.1 Multa principal (art. 49o/3 CP)
3.2.2 Multa de substituição (arts. 45o/2 + 49o/3 CP)

Da execução da pena de multa, falam-nos os arts. 48o e 49o CP, e ainda


os arts. 489o a 491o-A do CPP.

41: A SUBSTITUIÇÃO DA MULTA POR TRABALHO E UMA PENA DE


SUBSTITUIÇÃO???

a substituição da multa por trabalho prevista no art. 48o CP, NÃO É uma
pena de substituição (a epígrafe do artigo é muito enganadora, a única
pena de substituição da pena de multa é a admoestação) - pois é o
condenado em pena de multa que vai requerer o seu pagamento em dias
de trabalho. O instituto previsto no art. 48o CP trata-se de uma forma de
pagamento da pena de multa. Porém, quanto a alguns pontos do regime, o
legislador remete para o regime da pena de substituição da prestação de
trabalho a favor da comunidade.

42: tratANDO se de um caso de não pagamento imputável ao agente. E


vamos agora partir do principio que esta multa de 240 dias é uma multa
principal.
O QUE OCORRE SE ELE NÃO PAGAR, SENDO QUE O NAO PAGAMENTO E
IMPUTÁVEL À ESTE AGENTE???

Tratando-se de uma pena de multa principal, temos de lançar mão do art.


49o CP, que estabelece no no1 a conversão da multa não paga em prisão
subsidiária. O tempo de prisão subsidiária corresponde aos dias de multa
reduzidos a 2/3. Como A tinha sido condenado a 240 dias de multa de
pena principal, ele vai ter de cumprir uma pena de prisão subsidiária de
160 dias (2/3 de 240 dias).
Se A tivesse pago já uma parte da multa, ele só iria cumprir prisão
subsidiária pelo tempo correspondente à multa não paga, porque o
pagamento reflete-se proporcionalmente no tempo de prisão subsidiária a
cumprir - isto infere-se do art. 49o/2 CP.
Não podemos esquecer que esta prisão subsidiária não é uma verdadeira
pena (é errado dizer “PENA de prisão subsidiária” - HÁ desconto na
cotação do exame cada vez que se diz isto) - a pena em causa continua a
ser a pena de multa. A prisão subsidiária é, assim, uma sanção de
constrangimento para o pagamento da pena de multa.

43: O AGENTE E OBRIGADO A CUMPRIR A PRISÃO SUBSIDIÁRIA???

Imaginemos agora que A não pagou a pena de multa principal de 2400€ e


vai, efetivamente, cumprir a prisão subsidiária. Será que A tinha de
cumprir necessariamente os 160 dias de prisão? Ou teria alguma forma de
obstar a esse cumprimento total da prisão? Nos termos do art. 49o/2 CP e
491o-A CPP, o condenado pode, a todo o tempo, evitar, total ou
parcialmente, a execução da prisão subsidiária, pagando a multa.
Neste caso, também se reflete proporcionalmente o tempo de prisão já
cumprida no montante a pagar.

44: Imaginemos agora que, após a condenação na pena de multa


principal, A perdeu o seu emprego porque a empresa faliu (p. ex.), e a sua
situação económica alterou-se de tal forma que ele não pode pagar a
pena de multa, ou seja, o não pagamento não lhe é imputável. O que fazer
neste caso?

O art. 49o/3 CP prevê esta hipótese - neste caso, se A provar que o não
pagamento não lhe é imputável, o juiz converte a multa em prisão
subsidiária, e depois procede à suspensão da execução da prisão
subsidiária, acompanhando esta suspensão da imposição de deveres e
regras de conduta de caráter não económico ou financeiro.
O disposto no art. 49o/3 CP vale tanto para as situações em que o
condenado deixa de poder pagar a pena de multa por razões
supervenientes, como para as situações em que, no momento da
condenação, o condenado já vivia no limiar mínimo de subsistência ou até
abaixo dele. Na verdade, pode acontecer que, no momento em que o juiz
vai determinar o quantitativo diário, ele se depare com uma situação em
que o agente não pode pagar sequer o mínimo legal (5€/dia). Nestes
casos, o juiz deve fixar o quantitativo diário no mínimo legal, depois
procede à conversão da pena de multa em prisão subsidiária, e finalmente
suspender a execução da prisão subsidiária, impondo ao agente o
cumprimento de deveres ou regras de conduta que não tenham carácter
económico-financeiro.
Se o condenado cumprir esses deveres e regras de conduta, a pena de
multa é declarada extinta; se não cumprir os deveres e as regras de
conduta, terá de cumprir a prisão subsidiária.

45: Vamos supor agora que o agente foi condenado em 6 meses de


prisão, que o juiz decidiu substituir por 240 dias de pena de multa com o
quantitativo diário de 10€. O que é que acontece se A não cumprir,
voluntária nem coercivamente, esta pena de multa de substituição, por
motivo que lhe é imputável?
Se a multa não for paga por motivo imputável ao agente, ele vai cumprir a
pena de prisão que havia sido aplicada na sentença (art. 45o/2 CP). No
nosso caso, o condenado teria de cumprir então os 6 meses de prisão,
podendo eventualmente vir a ser aplicado o regime de permanência na
habitação, atualmente previsto no art. 43o/1/c) CP. Este artigo é essencial!

Há deste modo diferenças de regime no caso de incumprimento de uma


pena de multa principal, e de uma pena de multa de substituição. Quais
são essas diferenças? (EXAMES)
1. Tratando-se de uma pena de multa de substituição, o condenado vai ter
de cumprir a pena de prisão que foi substituída, e, verificados os
pressupostos do art. 43o CP, pode vir a ser aplicado o regime de
permanência na habitação
2. Por sua vez, tratando-se de uma pena de multa principal, o condenado
vai cumprir prisão subsidiária por tempo correspondente ao da pena de
multa, reduzido a 2/3. Neste caso, não sendo a prisão subsidiária uma
verdadeira pena, nunca poderá aplicar-se o regime de permanência na
habitação, previsto no art. 43o CP.

46 : Imaginemos que A não pagou a pena de multa de substituição de


2.400€, por motivo que lhe é imputável, e vai efetivamente ter de cumprir
a pena de prisão de 6 meses a que foi condenado. Será que A pode obstar
ao cumprimento total da prisão?
Se se tratasse de uma pena de multa principal, nos termos do art. 49o/2
CP, o agente podia, a todo o tempo, evitar a execução da prisão
subsidiária, pagando a multa.
Mas este regime de favor não se aplica no caso da pena de uma multa de
substituição - o agente que foi condenado numa multa de substituição, e
que depois, não pagando a pena de multa, acaba por ter de cumprir a
pena de prisão principal a que foi condenado, não poderá obstar ao
cumprimento desta pena, pagando posteriormente a multa. O art. 45o/2
CP não remete para o art. 49o/2 CP.

47:Imaginemos agora que A pediu para pagar a pena de multa de


substituição em prestações. Uma vez que A pagou apenas algumas
dessas prestações e não as restantes. O juiz revogou a substituição da
pena de prisão por pena de multa, e ordenou o cumprimento da pena de
prisão de 6 meses. O pagamento parcial da pena de multa de substituição
poderá repercutir-se no tempo de prisão a cumprir?

A resposta é não - esta possibilidade de repercussão do pagamento já


feito no tempo de prisão a cumprir é uma possibilidade que se infere do
art. 49o/2 CP, e o art. 45o/2 CP não remete para o art. 49o/2 CP,
remetendo apenas para o art. 49o/3 CP. Por isso, no caso de o juiz
revogar a substituição, ainda que já tenham sido pagas algumas
prestações da pena de multa, o condenado terá sempre de cumprir a pena
de prisão na sua totalidade.

QUANTO A EXECUCAO DA PENA DE PRISÃO:

48: FALE SOBRE O REGIME DE PERMANÊNCIA NA HABITAÇÃO.

Em relação ao atual regime de permanência na habitação, previsto no art.


43o CP e que resultou da revisão de Agosto de 2017, não há dúvidas
quanto à sua natureza jurídica - trata-se de uma forma/incidente de
execução da pena de prisão não superior a 2 anos. Deste modo, uma pena
de prisão não superior a 2 anos poderá ser cumprida na prisão ou em casa
em regime de permanência na habitação. Antigamente esta previsto no
art. 44o CP para penas não superiores a 1 ano, e só em casos excecionais
(caso de execução de grávidas, de pessoas portadoras de doença é que
era de 2 anos). Agora é 2 anos, mas há regras diferentes no CEP (não
vamos ter muito mais tempo para falar neste regime).
Tratando-se de uma forma de execução da pena de prisão, a possibilidade
de aplicação do regime de permanência na habitação é decidida depois
de o juiz ter determinado a medida concreta da pena, e depois de ter
procedido à operação de escolha da pena. Deste modo, quando o juiz
determina uma pena de prisão não superior a 2 anos, abre-se sempre a
possibilidade de substituir a pena, e tendo optado por não substituir a
pena, o juiz terá depois de considerar a possibilidade de aplicação do
regime de permanência na habitação. E só se este regime não puder ser
aplicado é que condenado vai efetivamente para a prisão.

49: DESDE 1995 HA DUAS NORMAS QUE NOS MOSTRAM QUE A LC E UM


INCIDENTE DE EXECUCAO DA PENA DE PRISÃO.
QUAIS SÃO?

O art. 61o/1 CP, que nos diz que a liberdade condicional depende sempre
do consentimento do condenado;
• E o art. 61o/5 CP, que diz que a duração da liberdade condicional não
pode ultrapassar o tempo de prisão que ainda
falte cumprir.

Quais são os pressupostos da liberdade condicional?


• 1o pressuposto (formal) - O pressuposto base é sempre o
consentimento do condenado (arts. 61o/1 CP e 176o/ 1 Código de
Execução de Penas);
• 2o pressuposto (formal) - É necessário que o condenado tenha
cumprido metade da pena (art. 61o/2 CP);
• 3o pressuposto (formal) - É necessário que o condenado tenha
cumprido, no mínimo, 6 meses da pena de
prisão (art. 61o/2 CP);
• 4o pressuposto (material) - É necessário que seja feito um juízo de
prognose favorável, nos termos do qual a liberdade condicional só poderá
ser concedida se estiverem respeitadas as exigências de prevenção
especial (art. 61o/2/a) CP) e de prevenção geral (art. 61o/2/b) CP). Isto
está na referência à condução da vida de modo socialmente responsável e
sem cometer crimes, vai ao encontro das exigências de prevenção
especial de socialização.

Liberdade condicional obrigatória: O QUE E??


Até agora temos estado a falar dos casos de liberdade condicional
facultativa, isto é, os casos em que a liberdade condicional depende da
verificação do pressuposto material. Mas existem também casos de
liberdade condicional obrigatória, em que a aplicação da liberdade
condicional não depende da verificação de qualquer pressuposto material
- o que se pretende é promover a transição entre a vida na prisão e a vida
em liberdade. A liberdade condicional obrigatória está referida no art. 61o/
4 CP, e depende apenas do consentimento do condenado. É, no entanto,
preciso que a pena de prisão seja superior a 6 anos!
- Duração e regime da liberdade condicional:
Quanto tempo dura a liberdade condicional? Tem uma duração igual ao
tempo de prisão que faltar cumprir, mas nunca superior a 5 anos (art. 61o/
5 CP). O art. 64o CP, que estabelece o regime da liberdade condicional,
remete no no1 para os artigos relativos à suspensão da execução da pena.
Por isso, a liberdade condicional pode ficar sujeita à imposição ao
libertado de regras de conduta ou do regime de prova.
Uma pessoa que foi condenada a 16 anos de prisão, é-lhe concedida a
liberdade condicional a meio (aos 8); ele só vai estar em liberdade
condicional 5 anos (8 + 5 até aos 13, e ainda sobrariam 3 anos de prisão);
estes 3 anos são considerados extintos. A interpretação deste artigo não
é “a liberdade condicional só é concedida 5 anos antes do fim da pena” -
esta é concedida ou a meio, ou aos 2/3, ou aos 5/6, ou então havendo
renovação da instância -, e ela nunca pode ter uma duração superior a 5
anos (se ainda faltar cumprir pena, esse resto da pena é considerado
extinto).

50: O desconto na LC o que e???


Exemplo de um caso pratico

Caso Prático no 2 sobre liberdade condicional


A foi condenado a uma pena de prisão de 10 mas ele esteve 2 anos em
prisão preventiva pelo que actuando a figura do desconto (nos termos do
art. 80o CP) A tem apenas 8 anos de prisão para cumprir. Quando é que A
poderá sair em liberdade condicional?
Resolução:
Em abstrato há duas hipóteses:
1. Desconta-se o tempo de prisão preventiva na pena e depois determina-
se a metade da pena. Logo a primeira hipótese no nosso caso seria: pena
de 10 anos menos 2 de prisão preventiva igual a 8. 8 a dividir por dois
igual a 4. Poderia sair ao fim de 4 anos de cumprimento de prisão.
Seguindo esta hipótese A ficou privado da liberdade 6 anos.
2. Determina-se a metade da pena e depois desconta-se por inteiro o
tempo de prisão preventiva nessa metade da pena. Esta segunda hipótese
no nosso caso seria: encontrar a metade da pena, ou seja 10 anos a dividir
por dois igual a 5 anos. 5 anos menos 2 anos de prisão preventiva igual a
3. Segundo esta hipótese o sujeito ficaria privado da liberdade durante 5
anos.
Devemos optar pela 2a hipótese porque se optássemos pela primeira
estaríamos a prejudicar o gente que esteve em prisão preventiva em
relação a um outro agente que tivesse sido condenado numa pena com
igual duração mas que não tivesse estado em prisão preventiva.
Na última operação da determinação da medida da pena, quando se abriu
a possibilidade de substituição, o juiz recusou a substituição porque
considerou que o agente era muito culpado. Comente.”

Aqui no nosso caso e igual, porem o juiz levou em consideracao que o


agente tinha uma culpa diminuta, e decidiu aplicar a pena de multa. O juiz
nao fundamentou devidamente. A culpa e criterio apenas para a
determinacao da medida da pena.

Temos de dizer que esta decisão do juiz não está devidamente


fundamentada porque a culpa não é critério de escolha (o juiz nunca pode
recusar a substituição com base numa ideia de culpa). A culpa não é
critério de escolha, e tão-só de determinação medida da pena.

-vamos supor que o juiz aplique uma pena de prisao de 10 meses, sendo
assim ele se depara novamente com o artigo 70 e tem um leque de penas
de subsituicao, Quando o juiz tem em alternativa diversas penas de
substituição, deve aplicar aquela que melhor satisfazer as exigências de
prevenção especial.

c: 8 meses de prisao, subsitui pena pena de multa, quantos dias e qual o


quantitativo diário?????

As penas de subsituicao são determinas autonomamente pelo juiz,


Sendo assim temos de fazer aqui as várias operações, para determinar
uma nova pena de multa ao agente.

Dentre elas
A fixação dos dias de multa

A determinacao do quantitativo diário

A terceira operação sendo eventual, da forma que vai se concretizar o


pagamento.

Nosso sistema e o sistema de dias de multa, nao o sistema global.

DEPOIS FAZER AS OPERAÇÕES E VER UM VALOR.


A única pena que nao e determinada de forma autonoma e a prestacao de
trabalho a favor da comunidade.
Artigo 58 numero 3.
Ver depois como faz a conta que nao entendi direito!

ÉPOCA ESPECIAL 2015:

PENA DE PRISÃO ÚNICA E SIMPLES:

1 - A nossa pena de prisão é uma pena única e simples. Porquê?5


1. É única porque no nosso CP atual (de 1982) desapareceram as formas
diversificadas de prisão. Hoje, as penas só se distinguem umas das outras
em função da sua maior ou menor duração. Antes não era assim - no CP
anterior distinguia-se entre prisão maior (a perda de vínculo à função
publica, a perda de condecorações que tivesse), e a prisão correcional
(era menos grave, e implicava p. ex. a suspensão de exercício de algumas
funções públicas, algumas delas implicavam a possibilidade de eleger
órgãos de soberania e de eleição para alguns cargos públicos).
2. Além de ser uma pena única, a pena de prisão é também uma pena
simples, porque, à condenação numa qualquer pena de prisão, não se
ligam efeitos necessários ou automáticos, isto é, a pena de prisão não
envolve como efeito necessário a perda de direitos civis, profissionais ou
políticos. Isto decorre do art. 30o/4 CRP e do art. 65o CP. A perda de
direitos civis, profissionais ou políticos pode ocorrer, mas por via da
aplicação de uma outra pena (acessória).
2 - Além de ser única e simples, a pena de prisão tem sempre uma pena
de duração limitada ou definida:

CIRCUNSTANCIAS MODIFICATIVAS: repete MUITO

As circunstancias modificativas são os pressupostos que não dizem


respeito nem ao tipo de ilícito nem ao tipo de culpa, nem mesmo à
punibilidade em sentido próprio, mas que contendem com a maior ou
menor gravidade do crime como um todo, e relevam, por isso, diretamente
para a doutrina da determinação da pena.

AMBIVALÊNCIA DOS FATORES DE MEDIDAS DAS PENAS:

TEMOA OS Fatores relativos à execução do facto: aqueles que estão na


alínea a) b) c) e parte final da e) do 71o/2;

Fatores relativos à personalidade do agente: alínea d) e f) do artigo 71o/2;


Fatores relativos à conduta do agente anterior e posterior ao facto: alínea
e), o juiz lança mão destes fatores para aferir a medida concreta da pena.
Costuma dizer-se que estes fatores da medida da pena são ambivalentes,
isto é, o mesmo fator pode relevar para a determinação da culpa e para a
averiguação das exigências de prevenção e esta ambivalência pode ser
dupla, isto é é, os fatores de medida da pena podem ser duplamente
ambivalentes - o mesmo fator pode ter um efeito agravante quando
considerado ao nível da culpa e um efeito atenuante quando considerado
ao nível das exigências de prevenção e vice versa.

Nem todos os factores são ambivalentes. Os fatores relacionados com o


comportamento posterior à pratica do facto (art. 71o/2/e) CP) nunca
podem relevar para efeitos de determinação da culpa do agente porque a
culpa do agente fixa-se no momento da prática do facto. Depois da
prática de um crime o agente pode tomar uma de duas atitudes: confessar
ou fugir. Isto é importante para determinar a medida concreta da pena, no
entanto este fator não é ambivalente porque o comportamento posterior à
pratica do facto não afere a culpa do agente porque esta é aferida no
momento da pratica do facto, nas circunstancias em que se encontrava
naquele momento. Todos os fatores do 71o/2 são ambivalentes? Não. O
art. 71o/2/e) CP não é um fator ambivalente.

REEXAME DA MEDIDA DE INTERNAMENTO:

QUANTO A REGRA DE DURAÇÃO DA MS DE INTERNAMENTO:

A regra é a de que a medida de segurança cessa quando cessar o estado


de perigosidade criminal que lhe deu origem - art. 92o/1 CP. Não pode ser
previamente determinada - quando o juiz aplica esta medida de
segurança ele não pode fixar a sua duração concreta porque ela há-de
cessar quando cessar a perigosidade criminal do agente. Quando o
tribunal verificar que cessou a perigosidade criminal do agente este tem
de ser libertado. A perigosidade é assim o pressuposto de aplicação da
medida de segurança e depois ela tem de perdurar também durante a
própria execução da medida de segurança. É também esta ideia que
justifica o instituto do re-exame da medida de internamento previsto no
art. 96o CP.

VER MELHOR DAS AULAS

2:
Admitindo que o pressuposto material está preenchido, estarão
preenchidos os pressupostos formais para que A possa ser condenado
pelo 2o crime como reincidente? Fazemos uma distinção entre
pressupostos formais relativos ao 1o crime e pressupostos formais
relativos ao 2o crime:

Pressupostos relativos ao 1o crime:


- 1o Pressuposto: É necessário que haja uma decisão com trânsito em
julgado. Então, se a decisão for irrecorrível, ela transita imediatamente em
julgado. Mas, por regra, as decisões são recorríveis, e neste caso, a
decisão transitará em julgado quando já tiver passado o prazo para
recurso, que, nos termos do art. 411o CPP, é de 30 dias.
- 2o Pressuposto: Tem de se tratar de um crime doloso.
- 3o Pressuposto: Tem de ter sido punido com prisão efetiva superior a 6
meses. Dois esclarecimentos:
• O 1o crime tem de ter sido punido com prisão efetiva - por isso, não
opera a reincidência se a pena for substituída.
• Para além disso, o art. 75o/1 CP exige que o 1o crime tenha sido punido
com pena de prisão efetiva superior a 6 meses. Mas, nos termos do art.
75o/4 CP, não se exige que o agente tenha efetivamente cumprido essa
pena de prisão.

• Pressupostos relativos ao 2o crime:


- 1o Pressuposto: Tem de se tratar de um crime doloso.
- 2o Pressuposto: Tem também de ser punido com prisão efetiva superior
a 6 meses, e não com uma pena de substituição.

3 - Pressuposto formal relativo aos 2 crimes (art. 75o/2 CP):


Entre a prática do 1o crime e a prática do 2o, não podem ter decorrido
mais do que 5 anos. Se tiverem passado mais do que 5 anos, prescreve o
regime da reincidência. Isto é assim porque, se tiver decorrido um tão
longo tempo, e o agente estiver na sociedade sem ter cometido nenhum
crime de natureza análoga, não faz sentido afirmar que desrespeitou a
solene advertência que lhe foi feita há 15 anos atrás (não se consegue
estabelecer a conexão material entre os 2 crimes). Mas aqui não é
computado o tempo em que ele esteve privado da liberdade (temos de
subtrair ao tempo de permeio entre os 2 crimes o tempo em que não
esteve em liberdade - 4 anos), logo o regime da reincidência do agente do
nosso caso prático ainda não prescreveu ao momento do 2o crime
praticado (apesar de a uma primeira vista parecer que já tinha prescrito -
passaram mais de 5 anos). Só em liberdade é que podemos saber se a
sua relação com os outros está a cumprir as tais exigências de prevenção
geral e especial - durante o tempo em que está preso, ele não está a ser
posto à prova em sociedade, não conseguimos ver se a advertência da
condenação anterior está ou não a ser respeitada. Mesmo que tenha saído
em liberdade condicional, esse tempo conta como tempo de prisão (é um
incidente de execução da pena). Se ele não estivesse estado preso - ex.:
tinha fugido, prescreveu a pena, ou que se tivesse sido dado o indulto -
não obsta a verificação da reincidência.

1a Operação:
Vamos determinar a pena concreta em que o agente seria condenado se
não fosse reincidente, atendendo aos critérios gerais do art. 71o CP. Só
fazendo esta operação é que ficaremos a saber se, pelo 2o crime, o
agente seria ou não punido com pena de prisão efetiva superior a 6
meses. Se o juiz determinasse para o 2o crime uma pena de, p. ex., 3 anos
de prisão, que depois viesse a substituir pela suspensão de execução da
pena, nesta caso não estaria preenchido o requisito de, pelo 2o crime, o
agente ser punido com prisão efetiva superior a 6 meses. Mas vamos
imaginar então que no nosso caso que, se o agente não fosse reincidente,
o juiz determinaria uma pena de prisão de 2 anos.

MOLDURA ERA DE 1 MÊS A 3 ANOS.


• 2a Operação:
Vamos construir a moldura penal da reincidência (art. 76o/1 CP). O limite
mínimo será elevado de 1/3, e o limite máximo permanecerá inalterado. É
nesta 2a operação que a reincidência atua como circunstância
modificativa agravante, pois vamos agravar a moldura legal. No nosso
caso, A nova moldura, pelo facto de se tratar de um agente reincidente,
será de 1 MÊS A 10 DIAS A 3 anos.

• 3a Operação:
Dentro da moldura da reincidência, vamos determinar a pena concreta, de
acordo com os critérios do art. 71o CP, mas tendo agora em conta que o
agente é reincidente. Agora vamos chegar a uma pena necessariamente
mais grave do que aquela a que chegámos na 1a operação, porque o
agente reincidente é mais culpado, e porque em relação a ele são maiores
as exigências de prevenção.
Imaginemos então que o juiz aplica uma pena de 2 anos E 6 MESES.
Podemos aqui questionar se não estaremos a violar o princípio da
proibição da dupla valoração. Ou seja, não estaremos com isto a valorar
duas vezes o pressuposto material da reincidência? Esta pergunta faz-se
porque o juiz na 2a operação agravou a moldura penal em nome da maior
culpa do agente, e depois na 3a operação o juiz vai encontrar uma pena
concreta mais grave também em nome da maior culpa do agente. A
resposta é negativa, porque o que foi valorado para a construção da
moldura da reincidência foi o facto de o agente ter desrespeitado a solene
advertência contida na condenação anterior. E,na 3a operação, quando
está a determinar a concreta pena da reincidência, aquilo que o juiz vai
valorar é o grau desse desrespeito. Ora, como vimos anteriormente, o
princípio da proibição da dupla valoração não impede que o juiz atenda à
intensidade da realização de um elemento do tipo, ou à intensidade da
violação de um dever determinante da aplicação da moldura legal.

• 4a Operação:
Esta não é verdadeiramente uma operação de determinação da pena - é
sim uma operação de limitação, que está referida no art. 76o/1/2a parte
CP. De acordo com esta norma, o juiz tem de averiguar se a agravação
respeita o limite estabelecido pela pena mais grave aplicada nas
condenações anteriores. Pretende-se evitar que uma condenação anterior
numa pena pequena possa, por efeito da reincidência, agravar
desproporcionadamente a medida da pena do 2o crime - a ideia que está
presente é uma ideia de proporcionalidade. Como é que se determina a
agravação?
A agravação determina-se subtraindo à pena da reincidência (isto é, à
pena que foi encontrada na 3a operação), aquela pena a que o agente
seria condenado se não fosse reincidente (ou seja, a pena que foi
encontrada na 1a operação). Deste modo ficamos a saber de quanto foi a
agravação.
Então, neste caso prático, 2,6-2 = 0,6a agravação foi de 6 MESES.
Cumprimos ou não o limite da agravação do art. 76o/ 1/2a parte CP? Sim.

3:

PRINCIPIO DA ABSORÇÃO
EXASPERAÇÃO
CÚMULO JURÍDICO

Em abstrato, quais são os sistemas de determinação da pena possíveis no


caso de concurso de crimes?

1 - Sistema da acumulação material:

Segundo o sistema da acumulação material, determina se a pena


correspondente a cada crime em concurso e aplicam se as penas na sua
totalidade, as quais sao depois sucessivamente cumpridas se tiverem a
mesma natureza ou simultaneamente cumpridas se tal for materialmente
possivel. Um tal sistema pode levar a modificação real da especie de
pena, podendo transformar penas temporarias de prisao em pena de
prisao perpetua, pode acarretar o desrespeito do principio da culpa, e nao
e compaginavel com a finalidade preventiva de reintegração do agente,
dada a execucao fracionada das penas.
2 - Sistema da pena única ou pena do concurso

Aos crimes em concurso corresponde uma pena: uma pena unitária ou


uma pena conjunta.

2.1 - Sistema da pena unitária:


O sistema e de pena unitária quando a punição do concurso ocorra sem
considerar o numero de crimes concorrentes e independentemente da
forma como poderiam combinar-se as penas que a cada um caberiam.

2.2 - Sistema da pena conjunta: o sistema e da pena conjunta sempre que


as molduras penais previstas, ou as penas concretamente determinadas,
para cada um dos crimes em concurso sejam depois transformadas
segundo um principio de absorção ou um principio de exasperacao.

2.2.1 - Método da absorção


No primeiro caso, a punição do concurso é levada a cabo através da pena
concretamente determinada e cabida ao crime mais grave, com a
consequência da impunidade dos outros crimes de menor ou de igual
gravidade.

2.2.2 - Método da exasperação: a punição do concurso ocorre em funcao


da moldura penal prevista para o crime mais grave, devendo a pena
concreta ser agravada por forca da pluralidade de crimes, com a
consequência de o efeito agravante ser tanto menor quanto maior for o
numero de crimes praticados pelo agente.

2.2.3 - Método do cúmulo jurídico: o direito portugues adota um sistema


de pena conjunta, obtida mediante um principio de cúmulo jurídico.
Segundo este sistema, o Tribunal começa por determinar a pena (de
prisão ou de multa) que concretamente caberia a cada um dos crimes em
concurso, seguindo o procedimento normal de determinação até a
operação de escolha da pena, uma vez que é relativamente à pena
conjunta que faz sentido pôr a questão da substituição.

vamos falar apenas do método que adoptamos, porque não temos tempo
de falar dos outros). Adoptamos o sistema da pena única. Dentro dele,
adoptamos o sistema da pena conjunta, e dentro desse, segundo o
método do cúmulo jurídico (2 -> 2.2 -> 2.2.3). Este sistema que
adoptamos (art. 77o CP), comporta 3 operações:
Ver depois o principio da absorção e da exasperação.

EXAME ÉPOCA ESPECIAL 2015:

SISTEMA DOS DIAS DE MULTA: REPETE MUITO

SISTEMA DA SOMA GLOBAL E SISTEMA DOS DIAS DE MULTA:

EM abstrato temos dois sistemas de determinação da pena de multa.

a) Sistema da soma global:


aa) modalidade de multa em quantia certa
ab) modalidade de multa em quantia variável

b) Sistema dos dias-de-multa:


ba) na primeira operação, o juiz vai determinar o no de dias de multa
bb) na segunda operação, o juiz vai fixar o quantitativo diario
bc) na terceira operação, o juiz vai determinar o modo concreto do
pagamento (eventual)

aa) Sistema da soma global, na modalidade de multa em quantia certa:


No sistema da soma global na modalidade de multa em medida certa
fixada por lei, não há qualquer procedimento a adoptar pelo juiz para a
determinação da pena concreta. O juiz teria apenas de identificar o tipo
legal de crime e aplicar a pena nele prevista.

• Ex.: “quem furtar coisa de valor diminuto é punido com a multa de 300€”.
O juiz apenas teria de ver se a conduta era de furto de coisa de valor
diminuto e se se tratou de um crime de furto.

Este sistema não é aceitável, sendo inconstitucional porque viola desde


logo o princípio da culpa - não permite atender à culpa concreta do
agente, podendo vir a aplicar-se uma pena superior à culpa do agente.
Por outro lado, este sistema viola também o princípio da igualdade e o
princípio da proporcionalidade, porque não permite atender à situação
económico-financeira do agente. Este sistema prejudica o agente com
uma situação económica mais débil e beneficia os mais ricos, e em
relação aos agentes mais ricos esta multa em quantia fixa pode acabar
por perder a sua eficácia politico-criminal.

ab) Sistema da soma global na modalidade de multa em quantia variável:


O sistema da soma global na modalidade de multa em quantia variável,
afirmar-se-ia num tipo legal de crime que estabelecesse o seguinte:
“Quem cometer um crime de coisa de valor diminuto é punido com uma
pena entre 200 e 400€”. Este sistema já permite de alguma forma atender
à culpa e à situação económico-financeira do agente.
No entanto, este não é ainda um sistema satisfatório, uma vez que,
considerando a culpa e a situação económica do agente num único ato, o
juiz fica impedido de atender ao diferente peso que cada um destes
elementos pode assumir na operação de determinação da pena (no caso
concreto).
Nós não aceitamos nenhuma das modalidades do sistema global.
Adoptamos sim o sistema dos dias de multa, que passamos a analisar.

ba) Sistema dos dias de multa - 1a operação (determinação dos dias de


multa):
O art. 47o CP estabelece que a multa é fixada em dias, de acordo com os
critérios estabelecidos no art. 71o/1 CP. Deste modo, para a determinação
da pena de multa, o juiz deve seguir os critérios gerais de determinação
da pena referidos no art. 71o/1 CP: a culpa e as exigências de prevenção.
Concluímos assim que o no de dias de multa se determina do mesmo
modo que se determinam os dias ou os meses de prisão, isto é, segundo
os critérios referidos no art. 71o/1 CP, e atender aos factores de medida da
pena exemplificados no art. 71o/2 CP.
No art. 71o/2 CP, o legislador enuncia de forma exemplificativa um
conjunto de fatores de medida da pena que relevam para a culpa e/ou
para a prevenção. Um desses factores é a situação económica do agente,
que está na alínea d): no caso da pena de multa, como a situação
económica do agente vai ter posteriormente um tratamento autónomo
aquando da 2a operação (da determinação/fixação do quantitativo diário),
não faz sentido o juiz atender à situação económica do agente logo na 1a
operação (de determinação do no de dias de multa); se o juiz
considerasse a situação económico-financeira do agente, quer na 1a
operação, quer na 2a operação, ele estaria claramente a violar o princípio
da proibição da dupla valoração.
EXCETO QUANDO A SITUAÇÃO ECONÔMICA DO AGENTE FOR
DETERMINANTE DA SUA CULPA.

Sistema dos dias de multa - 2a operação (fixação do quantitativo diário):

Nos termos do art. 47o/2 CP, o quantitativo diario é fixado entre 5 e 500€,
atendendo à situação económico-financeira do agente, bem como aos
seus encargos pessoais.

Para determinar o quantitativo diário, atende-se ao último momento


processualmente possível, isto é, determina-se o quantitativo diário tendo
em conta a situação económico-financeira do agente no momento da
condenação. Isto está relacionado com o princípio da proibição da
reformatio in pejus (art. 409o CPP). Segundo este princípio, em termos
resumidos, sempre que um recurso for interposto no interesse exclusivo
da defesa, o condenado não pode ver a sua pena agravada em sede de
recurso. Visa-se com este princípio garantir o direito ao recurso por parte
do condenado (art. 32o/1 CRP).

bc) Sistema dos dias de multa - 3a operação [determinação do modo


concreto do pagamento da pena de multa (momento eventual)]:

Às 2 operações de determinação da pena de multa que acabámos de ver,


pode eventualmente seguir-se uma 3a, relativa à fixação do prazo e às
condições de pagamento.
Normalmente, a multa tem de ser paga dentro de 15 dias a contar da
notificação para o efeito (art. 489o/2 CPP).
Mas, nos termos do art. 47o/3 CP, o juiz pode diferir (adiar ≠ deferir) o
prazo para pagamento, ou permitir o pagamento em prestações, tendo em
conta a situação económico-financeira do condenado. Esta é, por isso,
uma operação meramente eventual - na maioria das vezes não ocorre (a
pessoa recebe a guia para pagamento da multa, vai ao Multibanco e
paga).
Esta possibilidade pretende evitar que a pena de multa não seja cumprida.
Mas claro que tem de haver limites a esta possibilidade de diferimento e
de pagamento em prestações, para que a multa continue a ser sentida
como uma sanção penal pelo AGENTE). Esses limites constam do art. 47o/
3 CP - nunca pode ser o diferimento ser superior a 1 ano, e nunca pode
ser permitido o pagamento em prestações para lá dos 2 anos (note-se
que a lei não diz qual o valor dos prestações e de quantas prestações são
- isso está na disponibilidade do juiz, que irá analisar a situação
económico-financeira do condenado, e ver o que é mais adequado no
caso concreto). Na prática, o que se verifica é que o juiz não prevê logo na
sentença a possibilidade de pagamento diferido ou em prestações - por
regra, é o advogado do condenado que, após o trânsito em julgado da
condenação, apresenta requerimento com este pedido - ex.: acidente com
o automóvel e gastou-se muito dinheiro com a reparação; o início do ano
letivo e está cheia de despesas; é um trabalhador independente e naquele
mês não prestou quaisquer serviços e por isso não têm rendimentos
disponíveis.

LIBERDADE PARA PROVA:


Revisão da medida de segurança de internamento
O instituto da revisão do internado está previsto nos arts. 93a CP e 158o e
159o CEP. Se desta revisão resultar que há razões para esperar que a
finalidade da medida possa ser alcançada em meio aberto, o tribunal
colocará o internado em liberdade para prova, ficando o agente sujeito a
deveres e regras de conduta. A liberdade para prova prevista no art. 94o
CP é um incidente de execução da medida de segurança de internamento,
à semelhança do que acontece com a liberdade condicional no âmbito das
penas.
Note-se que o agente é colocado em liberdade para prova se ainda for
perigoso, i. é., a liberdade para prova pressupõe sempre ainda a
perigosidade do agente, porque se numa revisão da situação do internado
se concluir que o agente já não é perigoso, cessa a medida de segurança
de internamento.

2:

A: Pressupostos relativos ao 1o crime:


- 1o Pressuposto: É necessário que haja uma decisão com trânsito em
julgado. Então, se a decisão for irrecorrível, ela transita imediatamente em
julgado. Mas, por regra, as decisões são recorríveis, e neste caso, a
decisão transitará em julgado quando já tiver passado o prazo para
recurso, que, nos termos do art. 411o CPP, é de 30 dias.
- 2o Pressuposto: Tem de se tratar de um crime doloso.
- 3o Pressuposto: Tem de ter sido punido com prisão efetiva superior a 6
meses. Dois esclarecimentos:
• O 1o crime tem de ter sido punido com prisão efetiva - por isso, não
opera a reincidência se a pena for substituída.
• Para além disso, o art. 75o/1 CP exige que o 1o crime tenha sido punido
com pena de prisão efetiva superior a 6 meses. Mas, nos termos do art.
75o/4 CP, não se exige que o agente tenha efetivamente cumprido essa
pena de prisão.
• Pressupostos relativos ao 2o crime:
- 1o Pressuposto: Tem de se tratar de um crime doloso.
- 2o Pressuposto: Tem também de ser punido com prisão efetiva superior
a 6 meses, e não com uma pena de substituição.
3 - Pressuposto formal relativo aos 2 crimes (art. 75o/2 CP):
Entre a prática do 1o crime e a prática do 2o, não podem ter decorrido
mais do que 5 anos. Se tiverem passado mais do que 5 anos, prescreve o
regime da reincidência. Isto é assim porque, se tiver decorrido um tão
longo tempo, e o agente estiver na sociedade sem ter cometido nenhum
crime de natureza análoga, não faz sentido afirmar que desrespeitou a
solene advertência que lhe foi feita há 15 anos atrás (não se consegue
estabelecer a conexão material entre os 2 crimes). Mas aqui não é
computado o tempo em que ele esteve privado da liberdade (temos de
subtrair ao tempo de permeio entre os 2 crimes o tempo em que não
esteve em liberdade - 4 anos), logo o regime da reincidência do agente do
nosso caso prático ainda não prescreveu ao momento do 2o crime
praticado (apesar de a uma primeira vista parecer que já tinha prescrito -
passaram mais de 5 anos). Só em liberdade é que podemos saber se a
sua relação com os outros está a cumprir as tais exigências de prevenção
geral e especial - durante o tempo em que está preso, ele não está a ser
posto à prova em sociedade, não conseguimos ver se a advertência da
condenação anterior está ou não a ser respeitada. Mesmo que tenha saído
em liberdade condicional, esse tempo conta como tempo de prisão (é um
incidente de execução da pena). Se ele não estivesse estado preso - ex.:
tinha fugido, prescreveu a pena, ou que se tivesse sido dado o indulto -
não obsta a verificação da reincidência.

O pressuposto material da reincidência está referido no art. 75o/1/2a parte


CP. É pressuposto sempre que se mostre, segundo as circunstâncias do
caso, que a condenação ou as condenações anteriores não serviram ao
agente de suficiente advertência contra o crime. Para que esteja
preenchido este pressuposto material, é necessário que entre os dois
crimes exista uma conexão íntima. Mas o que significa esta conexão
íntima?
Contudo, para haver uma conexão íntima, não tem de se tratar de uma
repetição do mesmo crime. É preciso sim que estejamos perante factos de
natureza análoga, atendendo-se por regra ao bem jurídico em causa, aos
motivos, à espécie e à forma de execução (p. ex., crime de violação e a
seguir crime de coacção sexual; crime de furto e crime de abuso de
confiança).

B:

Operação:
Vamos determinar a pena concreta em que o agente seria condenado se
não fosse reincidente, atendendo aos critérios gerais do art. 71o CP. Só
fazendo esta operação é que ficaremos a saber se, pelo 2o crime, o
agente seria ou não punido com pena de prisão efetiva superior a 6
meses. Se o juiz determinasse para o 2o crime uma pena de, p. ex., 3 anos
de prisão, que depois viesse a substituir pela suspensão de execução da
pena, nesta caso não estaria preenchido o requisito de, pelo 2o crime, o
agente ser punido com prisão efetiva superior a 6 meses. Mas vamos
imaginar então que no nosso caso que, se o agente não fosse reincidente,
o juiz determinaria uma pena de prisão de 5 anos.
• 2a Operação:
Vamos construir a moldura penal da reincidência (art. 76o/1 CP). O limite
mínimo será elevado de 1/3, e o limite máximo permanecerá inalterado. É
nesta 2a operação que a reincidência atua como circunstância
modificativa agravante, pois vamos agravar a moldura legal. No nosso
caso, 3 anos + 1/3 = 3+1 = 4. A nova moldura, pelo facto de se tratar de
um agente reincidente, será de 4 a 12 anos.
• 3a Operação:
Dentro da moldura da reincidência, vamos determinar a pena concreta, de
acordo com os critérios do art. 71o CP, mas tendo agora em conta que o
agente é reincidente. Agora vamos chegar a uma pena necessariamente
mais grave do que aquela a que chegámos na 1a operação, porque o
agente reincidente é mais culpado, e porque em relação a ele são maiores
as exigências de prevenção.
Imaginemos então que o juiz aplica uma pena de 7 anos. Podemos aqui
questionar se não estaremos a violar o princípio da proibição da dupla
valoração. Ou seja, não estaremos com isto a valorar duas vezes o
pressuposto material da reincidência? Esta pergunta faz-se porque o juiz
na 2a operação agravou a moldura penal em nome da maior culpa do
agente, e depois na 3a operação o juiz vai encontrar uma pena concreta
mais grave também em nome da maior culpa do agente. A resposta é
negativa, porque o que foi valorado para a construção da moldura da
reincidência foi o facto de o agente ter desrespeitado a solene
advertência contida na condenação anterior. E, na 3a operação, quando
está a determinar a concreta pena da reincidência, aquilo que o juiz vai
valorar é o grau desse desrespeito. Ora, como vimos anteriormente, o
princípio da proibição da dupla valoração não impede que o juiz atenda à
intensidade da realização de um elemento do tipo, ou à intensidade da
violação de um dever determinante da aplicação da moldura legal.
• 4a Operação:
Esta não é verdadeiramente uma operação de determinação da pena - é
sim uma operação de limitação, que está referida no art. 76o/1/2a parte
CP. De acordo com esta norma, o juiz tem de averiguar se a agravação
respeita o limite estabelecido pela pena mais grave aplicada nas
condenações anteriores. Pretende-se evitar que uma condenação anterior
numa pena pequena possa, por efeito da reincidência, agravar
desproporcionadamente a medida da pena do 2o crime - a ideia que está
presente é uma ideia de proporcionalidade. Como é que se determina a
agravação?
A agravação determina-se subtraindo à pena da reincidência (isto é, à
pena que foi encontrada na 3a operação), aquela pena a que o agente
seria condenado se não fosse reincidente (ou seja, a pena que foi
encontrada na 1a operação). Deste modo ficamos a saber de quanto foi a
agravação.
3:

Faça uma exposicao sobre os criterios que presidem a escolha da pena.

Nesta operação o juiz vai selecionar a pena que vai ser efetivamente
cumprida pelo agente, e uma operação meramente eventual, nao tem que
ser cronologicamente posterior as operações de determinacao.

A operação de escolha pode ter lugar no primeiro momento sempre que o


tipo legal de crime preve em alternativa pena principal de prisao ou pena
principal de multa - escolha da pena principal-, mas também pode ter
lugar so em um terceiro momento nos casos em que o juiz decida aplicar
uma pena de prisao nao superior a 5 anos ou uma pena de multa nao
superior a 240 dias e decida substituir a pena principal -escolha da pena
de subsituicao-.

Esta operação e feita segundo as finalidades da punição -artigo 70


numero 1- que sao as finalidades de prevenção geral e prevenção especial
elencadas no artigo 40 numero 1.

Exame 2010:

1: a dispensa da pena prevista no artigo 74, numero 1 e expressão do


caráter unilateral do principio da culpa.
SAIU JA.

Vamos começar por referir o principio da proibição do excesso, que tem


uma vertente nas penas e outra nas medidas de seguranca, na pena, a
culpa e pressuposto e limite, nao pode a pena ser maior do que a culpa do
agente, e nas medidas de segurança se refletem na proporcionalidade.
Principio da culpa e principio da proporcionalidade.
So podemos entender a dispensa de pena, por causa do principio da
culpa.

• O princípio da culpa significa que não há pena sem culpa nem pena
superior à medida da culpa. O princípio da culpa não tem consagração
expressa na CRP, mas ele assume-se como um princípio constitucional
por via da proteção constitucional da dignidade da pessoa humana (art.
1o, 13o e 25o/1 CRP)3.

O art. 40o/2 CP afirma que, em caso algum, a pena pode ultrapassar a


medida da culpa. A culpa surge, assim, como pressuposto e limite da
pena, não sendo seu fundamento nem medida - não pode haver pena sem
culpa nem pena superior à medida da culpa, mas pode haver culpa sem
pena. Este é o principio da unilateralidade da culpa/principio da culpa na
sua vertente unilateral como já vimos.
• Só esta concepção do princípio da culpa nos permite entender o
instituto da dispensa de pena4, consagrado no art. 74o CP.
- É um caso especial de determinação da pena. Ela é, no fundo, uma
declaração de culpa sem declaração de pena (WEBER). Mas note-se que
a dispensa de pena não dá lugar à absolvição do agente;
- A sentença que decreta uma dispensa de pena é uma sentença
condenatória, e isto está no art. 375o/3 CPP. Sendo uma sentença
condenatória o agente vai ter de pagar as custas judiciais, e esta
condenação ficará inscrita no seu registo criminal (art. 6o/c da Lei de
Identificação Criminal). O que acontece em caso de dispensa de pena é
que o arguido é condenado mas não lhe é aplicada qualquer pena, porque,
no caso, não se fazem sentir exigências de prevenção, não sendo a pena
necessária. Quando assim é, o juiz pode dispensar de pena.
- Quais os pressupostos da dispensa de pena (art. 74o /1CP)?
1. O facto tem de constituir um crime punível com pena de prisão não
superior a 6 meses, ou com multa não
superior a 120 dias;
2. A ilicitude do facto e a culpa do agente têm de ser diminutas;
3. O dano tem de ter sido reparado;
4. À dispensa de pena não se podem opôr naturalmente exigências de
prevenção.
- A lei prevê ainda que a sentença possa ser adiada no caso de a
reparação do dano não se ter realizado, mas o juiz considera que essa
reparação se vai realizar (art. 74o/2 CP - esse adiamento pode ser de 1
ano).

2: POR FALTA DE PREVISÃO LEGAL EXPRESSA, AS MEDIDAS


PROCESSUAIS PRIVATIVAS DA LIBERDADE NÃOS SAO DESCONTADAS
NAS MEDIDAS DE SEGURANÇA DE INTERNAMENTO.

NAO CONCORDO COM A AFIRMAÇÃO, POIS DADA A FINALIDADE


PREVENTIVO- ESPECIAL DA MEDIDA DE SEGURANCA DE
INTERNAMENTO APLICADA A AEGTNE INIMPUTAVEL EM RAZAO DE
ANOMALIA PSIQUICA, ASSIM DECLARADO NOS TEMROS DO ARTIGO 20
NUMERO 1 DO CP, O NUMERO 2 DO ARTIGO 91 E APLICAVEL SOMENTE
QUANDO O AGENTE TENHA SIDO DECLARADO INIMPUTAVEL NOS
TERMOS DO ARTIGO 20 NÚMEROS 2 E 3 DO CP, POR NESTA HIPÓTESE
DE INIMPUTABILIDADE JURIDICA SE FAZEREM SENTIR DE FORMA
AUTÓNOMA AS EXIGENCIAS DE PREVENÇÃO GERAL POSITIVA. NESTA
HIPÓTESE, DEVE SER DESCONTADA NO PERÍODO MÍNIMO DE DURAÇÃO
A MEDIDA PROCESSUAL -DETENCAO, PRISÃO PREVENTIVA OU
INTERNAMENTO PREVENTIVO3 E OBRIGACAO DE PERMANENCIA NA
HABITACAO- QUE O INTERNADO TENHA SOFRIDO ANTERIORMENTE.

-AS MEDIDAS PROCESSUAIS DEVEM SER TAMBÉM DESCONTADAS NO


PERÍODO MÍNIMO DE DURAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANCA DE
INTERNAMENTO, PREVISTO NO ARTIGO 91, NUMERO 2 DO CP,
APLICANDO SE, POR ANALOGIA O DISPOSTO NO ARTIGO 80 NUMERO 1
DO CP.

3: NO ARTIGO 77 DO CP PREVE SE UMA MEDIDA MODIFICATIVA


ATENUANTE.

NAO ESTA CORRETA A AFIRMAÇÃO, NO ARTIGO 77 DO CP PREVE SE AS


REGRAS DA PUNIÇÃO DO CONCURSO.

No caso de concurso de crimes temos de socorrer-nos da norma do art.


77o CP. Quais são os pressupostos para que se aplique o regime do art.
77o CP?
• 1o Pressuposto: Tem de se tratar de um concurso efetivo ou verdadeiro
de crimes e, nos termos do art. 30o/1 CP, existe um concurso de crimes
quando um mesmo agente pratica vários tipos legais de crime, ou quando
o mesmo agente pratica várias vezes o mesmo tipo legal de crime.
• 2o Pressuposto: O agente tem de ter praticado os vários crimes antes de
transitar em julgado a condenação por qualquer deles.

Adoptamos o sistema da pena única. Dentro dele, adoptamos o sistema


da pena conjunta, e dentro desse, segundo o método do cúmulo jurídico
(2 -> 2.2 -> 2.2.3). Este sistema que adoptamos (art. 77o CP), comporta 3
operações:
1a Operação: Determinação da pena concreta para cada um dos crimes
(segundo o critério geral do art. 71o CP). Nesta 1a operação, o juiz não vai
considerar a possibilidade de substituição - ele vai somente determinar a
pena enquanto pena principal, isto é, ou uma pena de prisão ou uma pena
de multa.
2a Operação: Construção da moldura do concurso. Nesta 2a operação, é
preciso distinguir 2 situações, nos termos do art. 77o/2 e 3 CP:
- 1a situação: se se tratar de penas parcelares da mesma espécie, ou seja,
se forem todas penas de prisão ou todas penas de multa, o limite mínimo
da moldura penal corresponde à pena concreta mais grave; e o limite
máximo dessa moldura corresponde à soma dessas penas concretamente
aplicadas. Mas, o limite máximo nunca pode exceder os 25 anos de pena
de prisão, e os 900 dias de pena de multa - temos de ter sempre em
conta estas limitações máximas.
- 2a situação: se se tratar de penas parcelares de espécie diferente, ou
seja, umas penas são de prisão e outras são de multa, antes de 1995 valia
o sistema da acumulação material - o agente cumpria a pena de prisão e
pagava a pena de multa. Mas, após 1995, vale também nestes casos o
sistema da pena única. O juiz tem de proceder à conversão da pena de
multa em prisão subsidiária, de acordo com os critérios no art. 49o CP. Ou
seja, vai reduzir os dias de multa a 2/3, e depois vai encontrar a moldura
do concurso de acordo com o disposto no art. 77o/2 CP.
3a Operação: Determinação da pena concreta dentro da moldura do
concurso. O juiz vai determinar a medida concreta da pena única de
acordo com os critérios gerais da culpa e da prevenção referidos no art.
71o CP, mas partindo de um critério especial previsto no art. 77o/1/2a
Parte CP, que estabelece que, na determinação da medida concreta da
pena do concurso, são considerados em conjunto os factos e a
personalidade do agente (art. 77o/1/2a parte CP). Mas, o juiz já
considerou os factos e a personalidade do agente enquanto fatores de
medida da pena, quando, na 1a operação, determinou a pena concreta
para cada crime. Não estará ele, na 3a operação, a violar o princípio da
proibição da dupla valoração? Não, porque na 3a operação o juiz vai
considerar os factos e a personalidade do agente em conjunto - i. é.,
tendo em conta a totalidade dos crimes cometidos. O juiz vai ter de
determinar, p. ex., se há alguma conexão entre os factos, e qual o tipo de
conexão - vai averiguar se se trata de uma carreira criminosa, ou se é
apenas uma situação de pluri-ocasionalidade/conjunto de tipos legais de
crime que não têm qualquer relação entre si. O critério especial que está
previsto no art. 77o/1 CP radica em o juiz avaliar, em conjunto, os factos e
a personalidade do agente - por esta razão não se viola o princípio da
proibição da dupla valoração (em conjunto em relação ao conjunto dos
crimes cometidos, é esse o critério especial - ORAIS).
4a Operação (eventual): Depois de ter determinado a pena única conjunta,
se a pena encontrada não for superior a 5 anos de prisão, pode ainda o
juiz proceder à sua substituição nos termos do art. 70o CP.

As circunstâncias modificativas são diferentes dos fatores de medida da


pena. Porquê? Porque as circunstâncias modificativas intervêm atenuando
ou agravando a moldura penal abstrata, ao passo que os fatores de
medida da pena, enunciados exemplificativamente no art. 71o/2 CP,
intervêm no momento de determinação da medida concreta da pena
(MUITAS VEZES PERGUNTADO NOS EXAMES).
No nosso sistema sancionatório apenas está prevista uma circunstância
modificativa agravante geral, que é a reincidência. Mas existem várias
circunstâncias modificativas ateunantes gerais - estas podem ser de dois
tipos:
- 1o tipo: Circunstâncias modificativas atenuantes expressamente
previstas na lei: caso da comissão por omissão (art. 10o/3 CP), o caso da
tentativa (art. 23o/2 CP), o caso da cumplicidade (art. 27o/2 CP), e ainda
o caso do art. 4o regime especial dos jovens adultos, que está previsto no
DL 401/1982 de 23 Setembro - este é o regime que se aplica aos jovens
entre os 16 e os 21 anos, e que prevê expressamente no art. 4o a
possibilidade de atenuação especial da pena por parte do juiz, se for
expectável que isso tenha um efeito positivo ao nível nas exigências de
prevenção especial (uma mais fácil reinserção na sociedade do agente).
- 2o tipo: Cláusula geral de atenuação especial da pena (art. 72o CP): o
legislador indica exemplificativamente um conjunto de circunstâncias que
podem conduzir à atenuação especial da pena.
Concluímos daqui que, quer se trate de uma atenuação expressamente
prevista, quer se trate de um caso previsto no art. 72o CP, para que o juiz
saiba de que modo deve proceder à atenuação, tem de seguir os critérios
do art. 73o CP.

QUANDO HA UMA CONCORRENCIA, UM CONCURSO DE


CIRCUNSTANCIAS MODIFICATIVAS, O NOSSO SISTEMA E DO:
- Sistema do funcionamento sucessivo
Vamos fazer funcionar cada uma das circunstâncias modificativas
atenuantes sucessivamente.

EM CASOS DE de concorrência entre a reincidência e uma circunstância


modificativa atenuante, primeiro tem de funcionar a circunstância
modificativa atenuante, porque só assim é possível determinar a medida
da pena do 2o crime independentemente da reincidência. Repare-se ainda
que, por um lado, só deste modo nós saberemos se está preenchido o
requisito de o 2o crime ser punido com pena de prisão efetiva superior a 6
meses, porque poderia acontecer, p. ex., que dentro da moldura atenuada
pela tentativa, o juiz viesse a determinar uma pena de substituição. Por
outro lado, só fazendo atuar primeiro a circunstância modificativa
atenuante, é que nós conseguiremos saber de quanto é que foi a
agravação no caso concreto.

2:

Não é correto nós chamarmos reincidente a todo o agente que praticar


mais do que um crime. A reincidência depende de certos pressupostos
referidos no art. 75o CP: punição por um crime doloso com pena superior
a 6 meses, condenação transitada em julgado por outro crime doloso com
pena superior a 6 meses, e as condenações anteriores não serviram de
advertência suficiente contra a prática de crime.

O pressuposto material da reincidência está referido no art. 75o/1/2a parte


CP. É pressuposto sempre que se mostre, segundo as circunstâncias do
caso, que a condenação ou as condenações anteriores não serviram ao
agente de suficiente advertência contra o crime. Para que esteja
preenchido este pressuposto material, é necessário que entre os dois
crimes exista uma conexão íntima. Mas o que significa esta conexão
íntima?

PRESSUPOSTOS FORMAIS:

Pressupostos relativos ao 1o crime:


- 1o Pressuposto: É necessário que haja uma decisão com trânsito em
julgado. Então, se a decisão for irrecorrível, ela transita imediatamente em
julgado. Mas, por regra, as decisões são recorríveis, e neste caso, a
decisão transitará em julgado quando já tiver passado o prazo para
recurso, que, nos termos do art. 411o CPP, é de 30 dias.
- 2o Pressuposto: Tem de se tratar de um crime doloso.
- 3o Pressuposto: Tem de ter sido punido com prisão efetiva superior a 6
meses. Dois esclarecimentos:
• O 1o crime tem de ter sido punido com prisão efetiva - por isso, não
opera a reincidência se a pena for substituída.
• Para além disso, o art. 75o/1 CP exige que o 1o crime tenha sido punido
com pena de prisão efetiva superior a 6 meses. Mas, nos termos do art.
75o/4 CP, não se exige que o agente tenha efetivamente cumprido essa
pena de prisão.
• Pressupostos relativos ao 2o crime:
- 1o Pressuposto: Tem de se tratar de um crime doloso.
- 2o Pressuposto: Tem também de ser punido com prisão efetiva superior
a 6 meses, e não com uma pena de substituição.
3 - Pressuposto formal relativo aos 2 crimes (art. 75o/2 CP):
Entre a prática do 1o crime e a prática do 2o, não podem ter decorrido
mais do que 5 anos. Se tiverem passado mais do que 5 anos, prescreve o
regime da reincidência. Isto é assim porque, se tiver decorrido um tão
longo tempo, e o agente estiver na sociedade sem ter cometido nenhum
crime de natureza análoga, não faz sentido afirmar que desrespeitou a
solene advertência que lhe foi feita há 15 anos atrás (não se consegue
estabelecer a conexão material entre os 2 crimes). Mas aqui não é
computado o tempo em que ele esteve privado da liberdade (temos de
subtrair ao tempo de permeio entre os 2 crimes o tempo em que não
esteve em liberdade - 4 anos), logo o regime da reincidência do agente do
nosso caso prático ainda não prescreveu ao momento do 2o crime
praticado (apesar de a uma primeira vista parecer que já tinha prescrito -
passaram mais de 5 anos). Só em liberdade é que podemos saber se a
sua relação com os outros está a cumprir as tais exigências de prevenção
geral e especial - durante o tempo em que está preso, ele não está a ser
posto à prova em sociedade, não conseguimos ver se a advertência da
condenação anterior está ou não a ser respeitada. Mesmo que tenha saído
em liberdade condicional, esse tempo conta como tempo de prisão (é um
incidente de execução da pena). Se ele não estivesse estado preso - ex.:
tinha fugido, prescreveu a pena, ou que se tivesse sido dado o indulto -
não obsta a verificação da reincidência.
COMO SE VERIFICA NO CASO CASO ELE ESTAVA EM LIBERDADE
CONDICIONAL, POREM ESTE CONTA COMO TEMPO DE PRISÃO, ESTAVA
A CUMPRIR UMA PENA. SENDO ASSIM, NAO PRESCREVEU O REGIME DA
REINCIDENCIA POIS ESSE AGENTE NAO ESTEVE EM NENHUM MOMENTO
POSTO NA SOCIEDADE SEM ESTAR A CUMPRIR UMA PENA, SE
FÔSSEMOS PENSAR, SERIA MUITO FÁCIL O AGENTE PODERIA PRATICAR
OUTRO CRIME, EM LIBERDADE CONDICIONAL E SABERIA QUE NAO
SERIA MAIS PREJUDICADO, QUE NAO SERIA ENQUADRADO ESTE PARA
EFEITOS DE REINCIDENCIA.

VAMOS FAZER AS OPERAÇÕES DE DETERMINAÇÃO DA PENA NESSE


CASO PRATICO.

1a Operação:
Vamos determinar a pena concreta em que o agente seria condenado se
não fosse reincidente, atendendo aos critérios gerais do art. 71o CP. Só
fazendo esta operação é que ficaremos a saber se, pelo 2o crime, o
agente seria ou não punido com pena de prisão efetiva superior a 6
meses. Se o juiz determinasse para o 2o crime uma pena de, p. ex., 3 anos
de prisão, que depois viesse a substituir pela suspensão de execução da
pena, nesta caso não estaria preenchido o requisito de, pelo 2o crime, o
agente ser punido com prisão efetiva superior a 6 meses. Mas vamos
imaginar então que no nosso caso que, se o agente não fosse reincidente,
o juiz determinaria uma pena de prisão de 12 anos.
• 2a Operação:
Vamos construir a moldura penal da reincidência (art. 76o/1 CP). O limite
mínimo será elevado de 1/3, e o limite máximo permanecerá inalterado. É
nesta 2a operação que a reincidência atua como circunstância
modificativa agravante, pois vamos agravar a moldura legal. No nosso
caso, 8 + 1/3 = 8+2 = 10. A nova moldura, pelo facto de se tratar de um
agente reincidente, será de 10 a 16 anos.
• 3a Operação:
Dentro da moldura da reincidência, vamos determinar a pena concreta, de
acordo com os critérios do art. 71o CP, mas tendo agora em conta que o
agente é reincidente. Agora vamos chegar a uma pena necessariamente
mais grave do que aquela a que chegámos na 1a operação, porque o
agente reincidente é mais culpado, e porque em relação a ele são maiores
as exigências de prevenção.
Imaginemos então que o juiz aplica uma pena de 15 anos. Podemos aqui
questionar se não estaremos a violar o princípio da proibição da dupla
valoração. Ou seja, não estaremos com isto a valorar duas vezes o
pressuposto material da reincidência? Esta pergunta faz-se porque o juiz
na 2a operação agravou a moldura penal em nome da maior culpa do
agente, e depois na 3a operação o juiz vai encontrar uma pena concreta
mais grave também em nome da maior culpa do agente. A resposta é
negativa, porque o que foi valorado para a construção da moldura da
reincidência foi o facto de o agente ter desrespeitado a solene
advertência contida na condenação anterior. E, na 3a operação, quando
está a determinar a concreta pena da reincidência, aquilo que o juiz vai
valorar é o grau desse desrespeito. Ora, como vimos anteriormente, o
princípio da proibição da dupla valoração não impede que o juiz atenda à
intensidade da realização de um elemento do tipo, ou à intensidade da
violação de um dever determinante da aplicação da moldura legal.
• 4a Operação:
Esta não é verdadeiramente uma operação de determinação da pena - é
sim uma operação de limitação, que está referida no art. 76o/1/2a parte
CP. De acordo com esta norma, o juiz tem de averiguar se a agravação
respeita o limite estabelecido pela pena mais grave aplicada nas
condenações anteriores. Pretende-se evitar que uma condenação anterior
numa pena pequena possa, por efeito da reincidência, agravar
desproporcionadamente a medida da pena do 2o crime - a ideia que está
presente é uma ideia de proporcionalidade. Como é que se determina a
agravação?
A agravação determina-se subtraindo à pena da reincidência (isto é, à
pena que foi encontrada na 3a operação), aquela pena a que o agente
seria condenado se não fosse reincidente (ou seja, a pena que foi
encontrada na 1a operação). Deste modo ficamos a saber de quanto foi a
agravação.

15-12= 3, ESTA NO LIMITE.

B:

QUANTO TEM FALTA CUMPRIR???

ELE CUMPRIU 12 ANOS DE PRISÃO, SAIU EM LC, CUMPRIU UM ANO EM


LC, A PENA ERAM DE 18 ANOS, O MÁXIMO DA LC E DE 17 ANOS. Porém
foi revogada
A LC DELE FOI REVOGADA, ELE AINDA TEM 5 POR CUMPRIR.

A liberdade condicional está prevista nos arts. 61o e ss. CP e nos arts.
173o e ss. do Código de Execução das Penas e Medidas Privativas da
Liberdade. É um incidente da execução da pena de prisão, isto é, o
condenado que se encontre em liberdade condicional está ainda a cumprir
pena de prisão.
Desde 1995, há duas normas no CP que nos mostram claramente que a
liberdade condicional é um incidente de execução da pena de prisão:

• O art. 61o/1 CP, que nos diz que a liberdade condicional depende
sempre do consentimento do condenado;
• E o art. 61o/5 CP, que diz que a duração da liberdade condicional não
pode ultrapassar o tempo de prisão que ainda
falte cumprir.
Quais são os pressupostos da liberdade condicional?
• 1o pressuposto (formal) - O pressuposto base é sempre o
consentimento do condenado (arts. 61o/1 CP e 176o/ 1 Código de
Execução de Penas);
• 2o pressuposto (formal) - É necessário que o condenado tenha
cumprido metade da pena (art. 61o/2 CP);
• 3o pressuposto (formal) - É necessário que o condenado tenha
cumprido, no mínimo, 6 meses da pena de
prisão (art. 61o/2 CP);
• 4o pressuposto (material) - É necessário que seja feito um juízo de
prognose favorável, nos termos do qual a liberdade condicional só poderá
ser concedida se estiverem respeitadas as exigências de prevenção
especial (art. 61o/2/a) CP) e de prevenção geral (art. 61o/2/b) CP). Isto
está na referência à condução da vida de modo socialmente responsável e
sem cometer crimes, vai ao encontro das exigências de prevenção
especial de socialização.

Cumprimento e incumprimento da liberdade condicional:


Se decorrido o período de liberdade condicional não houver motivos que
possam conduzir à sua revogação, a pena é declarada extinta - art. 61o/5
CP. Mas há situações em que a liberdade condicional pode ser revogada,
nos mesmos termos em que deve ser a suspensão da execução da pena -
art. 64o/1 CP (que nos remete para o art. 56o/1 CP).
Deste modo, a liberdade condicional é revogada sempre que, no seu
decurso, o condenado infringir grosseira ou repetidamente as regras de
conduta impostas ou o plano de reinserção social - art. 56o/1/a) CP ou
então quando o condenado cometer crime pelo qual venha a ser
condenado e revelar que as finalidades que estavam na base da liberdade
condicional não puderam por meio dela ser alcançadas - art. 56o/1/b) CP.
Nos termos do art. 64o/2 CP a revogação da liberdade condicional
determinada a execução da pena de prisão ainda não cumprida.
Para determinar a pena de prisão ainda não cumprida deve subtrair-se ao
quantuum (medida) da condenação o tempo da pena de prisão já
cumprida e o período em que o condenado esteve em liberdade
condicional. Não podemos esquecer que a liberdade condicional é
coincidente com a execução da pena. De acordo com o art. 64o/3 CP,
relativamente à pena de prisão que vier a ser cumprida em virtude da
revogação da liberdade condicional, pode ter lugar nova liberdade
condicional.

Sendo assim, este agente ainda tem 5 anos para cumprir, ele ja cumpriu
12 anos, mais 1 em LC, faltam 5 anos de prisao para cumprir.
Sendo assim, ele cumprira a pena que lhe resta, e sucessivamente terá de
cumprir a pena pelo segundo crime pelo qual foi condenado, havendo
nova possibilidade de LC para o crime em que esta foi revogada, e outra
liberdade condicional para o segundo crime.

Este é também um caso de execução sucessiva de penas. Temos 5 anos


pelo primeiro crime e 15 anos pelo segundo crime mas como a execução
da pena de 5 anos resulta da revogação da liberdade condicional não vai
atuar aqui o regime especial do art. 63o CP porque o art. 63o/4 CP exclui
expressamente a aplicação do regime nestes casos. Então tudo se vai
passar como se esta norma especial não existisse.

Esquema cronológico:

Pena1—> 5 anos de remanescente que resulta da revogação da liberdade


condicional
Pena2 —> 15 anos

O que vamos fazer é apreciar a liberdade condicional autonomamente em


relação a cada uma das penas. Em relação à pena 1 - podia ser avaliada a
possibilidade de liberdade condicional ao final de 2 anos e 6 meses, ié, 1/2
da pena de 5 anos (art. 61o/2 CP). Se o tribunal entender que estão
reunidos os pressupostos começa a contar a liberdade condicional mas o
agente não sai. Continua a cumprir pena mas em relação ao segundo
crime.
Se o tribunal entender que não estão reunidos os pressupostos da
concessão da liberdade condicional então o agente continuará a cumprir a
pena 1, a pena pelo crime 1. O que acontece? Aos 2/3 da pena 1 ou seja
aos 3 anos e 3 meses de pena cumprida o juiz vai voltar a avaliar a
possibilidade de concessão de liberdade condicional (art. 61o/3 CP). Se o
juiz entender que estão reunidos os pressupostos começa a cumprir a
liberdade condicional mas dentro da prisão, a cumprir a pena pelo crime
2. Se por outro lado o tribunal não conceder a liberdade condicional então
terá de cumprir o resto da pena. Não se aplica a reapreciação ao final de
5/6 da pena porque esta é inferior a 6 anos. Começa então o agente a
cumprir a pena 2.
A liberdade condicional quanto à pena 2 pode ser concedida ao final de 7
anos e 5 meses (1/2 de 15 anos) Se cumpridos os requisitos e o tribunal
consentir. Se o tribunal entender que não estão reunidos os pressupostos,
a reapreciação será feita aos 2/3 da pena 2 ou seja, aos 10 anos nos
termos do art. 61o/3 CP. Teremos só de ver se estão reunidos os
pressupostos de reinserção social visto que já passaram 2/3 da pena. Ao
fim de 11 anos ha a renovação anual de instancia nos termos do art. 180o
CE. Neste caso há liberdade condicional obrigatória porque a pena é
superior a 6 anos, sendo apenas necessario o consentimento do
condenado, artigo 61/4.

Conclusão: o disposto do art. 63o/4 CP ao estabelecer que o regime


especial não se aplica quando a execução da pena resultar da revogação
da liberdade condicional, é então um regime mais gravoso para o
condenado e é um regime mais gravoso porque já lhe foi dada uma
oportunidade ao aplicar-se a liberdade condicional pelo 1o crime e ele
desperdiçou essa oportunidade levando à revogação da liberdade
condicional. Este regime é mais gravoso porque se se aplicasse o regime
especial do art. 63o CP, a 1a pena que o A tem de cumprir (que
corresponde ao remanescente da pena do crime 1) interromper-se-ia sem
se fazer qualquer juízo e ele começava logo a cumprir a pena pelo crime 2.
Além disso, haveria ainda a liberdade condicional obrigatória aos 5/6
(cinco sextos) da soma das penas, coisa que não conhece no nosso caso
pratico porque a execução da 1a pena resulta da revogação da liberdade
condicional.

quais são então os fins das penas e das medidas de segurança no nosso
sistema
sancionatório?
A esta questão responde-nos o art. 40o CP, que foi inserido na revisão de
1995, e, de acordo com esta norma, as penas e as medidas de segurança
têm exclusivamente finalidades preventivas e nunca retributivas. Nos
termos do art. 40o CP, a finalidade primordial da pena é a de prevenção
geral positiva/integração, enquanto que a finalidade secundária é a de
socialização do delinquente (prevenção especial positiva). Esta norma
estabelece que as penas e medidas de segurança visam a protecção de
bens jurídicos, ou seja, finalidades de prevenção geral positiva.
Além disso, e também de acordo com o 40, a pena visa também a
reintegração do agente na sociedade, ou seja, tem também finalidades de
prevenção especial positiva. Deste modo, de acordo com o 40, a
finalidade primordial da pena é a de prevenção geral positiva ou de
integração, e a finalidade secundária é a de ressocialização do agente.
Este 40 CP não deixa margem para dúvidas.

II: A esta a ser julgado pela pratica de um crime de homicidio (artigo 131
do CP). EStando reunidos os pressuposyos de aplicação de uma pena
relativamente indeterminada (artigo 83 do CP), determine os limites de
duração dessa pena e diga quando poderá o condenado ser libertado.

A pena relativamente indeterminada aplica-se aos delinquentes por


tendência - arts. 83o e 84o CP; aplica-se aos delinquentes alcoólicos e
equiparados - arts. 86o e ss. CP; e também aos agentes da prática de
crime de incendio florestal - art. 274o-A/4 CP.
Quais são os pressupostos de aplicação de uma pena relativamente
indeterminada? Os pressupostos variam de caso para caso e encontram-
se elencados nos respetivos arts. acima mencionados.
Como se determina a pena relativamente indeterminada? Também varia
de caso para caso. Vamos na aula aplicar o art. 83o CP nos casos de
delinquência grave:
1. A primeira operação que o juiz tem de fazer será sempre a de encontrar
a pena concreta que aplicaria ao agente se ele não fosse delinquente por
tendência;
2. Numa segunda operação o juiz vai fixar a pena relativamente
indeterminada que nos termos do art. 83o/2 CP tem o mínimo
correspondente a 2/3 da pena de prisão que concretamente caberia ao
caso e o máximo correspondente a esta pena acrescida de 6 anos sem
exceder os 25 anos. O juiz fixa só o mínimo e o máximo.

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