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PRESCRIÇÃO

AULA 1

 Prescrição nada mais é do que a influência do tempo nas relações jurídicas


entre Estado e indivíduo. Nas relações entre Estado e delinquente, a
ocorrência da prescrição impede que o Estado exerça o seu poder-dever de
punir.

 Conceito de Prescrição Penal: A prescrição penal consiste na perda do direito


de punir do Estado, isto é, na perda da pretensão punitiva e da pretensão
executória estatal, pelo seu não exercício dentro do prazo previsto em Lei
(art. 109 do CPB), gerando, como consequência legal, a extinção da
punibilidade do agente (art. 107, inciso IV, do CPB).

 Natureza Jurídica da Prescrição: É causa de extinção da punibilidade do


agente, apresentando-se, pois, como um instituto de direito MATERIAL. (se
relaciona ao jus puniendi). O prazo prescricional deve, portanto, ser contado
incluindo-se o primeiro dia e excluindo-se o último.

Obs.: Se o instituto versar sobre o jus puniendi (nascimento ou extinção), será um


instituto de direito MATERIAL. Se versar sobre o processo (início, meio ou fim),
será um instituto de direito PROCESSUAL (denúncia, queixa-crime, audiência,
suspensão do processo, questão prejudicial, sentença, coisa julgada, prazo para
recurso).

 Como regra geral, o prazo prescricional começa a correr do dia da


consumação do crime (art. 111, inciso I do CPB).

 Macete: se a prescrição é instituto de direito material, computando-se o


primeiro dia e excluindo-se o último, A PRESCRIÇÃO OCORRE SEMPRE
NO DIA ANTERIOR, DO MESMO MÊS, DE TANTOS ANOS QUANTOS
FOREM DE PRAZO PRESCRICIONAL (até as 23h59min).
 Espécies de Prescrição: As espécies de prescrição variam conforme as
espécies de pretensão (punitiva ou executória). Temos, portanto, duas
espécies de prescrição:

1) Prescrição da Pretensão Punitiva


2) Prescrição da Pretensão Executória

A diferença entre elas consiste justamente na pretensão que o Estado está


perdendo: a pretensão de PUNIR ou a pretensão de EXECUTAR. O Estado exerce
a pretensão PUNITIVA no momento em que forma contra o agente um título
executivo: a sentença penal condenatória com trânsito em julgado. A partir daí,
nasce a pretensão EXECUTÓRIA. A pretensão EXECUTÓRIA é exercida quando
o Estado faz o condenado cumprir a pena imposta no título executivo. Em
termos de limite temporal, a pretensão punitiva vai até o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória, marco a partir do qual nasce a pretensão executória.

ENTÃO:

 PPP: Se ocorreu a Prescrição da Pretensão Punitiva é porque o


Estado NÃO formou o título executivo judicial no prazo legal, perdendo
o poder de punir o agente. O agente, por sua vez, continuará sendo
primário. Não haverá reincidência, porque não existirá sentença penal
condenatória anterior transitada em julgado. A PPP também não
permite a execução na esfera cível, porque o título executivo judicial
não foi formado.

 PPE: Se ocorreu a Prescrição da Pretensão Executória é porque o


Estado FORMOU o título executivo judicial no prazo legal, exercendo a
pretensão punitiva, mas não conseguiu executar esse título
executivo. Na PPE, ocorre a perda do poder do Estado de executar a
sentença. Caso ocorra a PPE, o agente será considerado
reincidente se cometer novo crime, porque o título executivo judicial
já foi formado, isto é, existe sentença penal condenatória anterior com
trânsito em julgado. Na PPE, existe também a possibilidade de
execução do título formado na esfera cível, mesmo que não haja
mais a possibilidade de execução na esfera criminal.

AULA 2

 PPP: Ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal


condenatória – art. 109 do CPB

 Critério para fins de cálculo da prescrição: pena máxima abstratamente


cominada no tipo penal

 As circunstâncias judiciais (art. 59 do CPB), atenuantes e agravantes


(artigos 61, 62, 65 e 66) e causas de aumento e diminuição de pena
devem ser computadas na pena máxima para fins de cálculo da
prescrição?

a) Circunstâncias judiciais => NÃO! As circunstâncias judiciais


servem para modular a pena-base no caso concreto, mas em
nada influenciam na pena máxima para fins de cálculo da
PPP.

b) Atenuantes e Agravantes => NÃO! As atenuantes e


agravantes não possuem frações, porque a Lei não diz o
quantum de agravamento ou atenuação. Portanto, as
atenuantes e agravantes não são consideradas para fins de
cálculo da PPP.

c) Causas Gerais e Especiais de Aumento e Diminuição de


Pena => SIM! Causas de aumento e diminuição são
computadas para fins de cálculo da PPP. Podem ser
definidas como quaisquer causas (fixas ou variáveis) que
aumentem ou diminuam a pena, mas que não estejam
previstas no art. 59, nem nos artigos 61, 62, 65 e 66 do CPB.
 Causa especial de aumento de pena fixa: art. 155, §1º, do
CPB (A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
praticado durante o repouso noturno.). A pena do furto
simples será aumentada para 5 anos e 4 meses. A
pretensão prescreverá, portanto, em 12 anos (art. 109, III,
CPB).

 Causa especial de diminuição de pena fixa: art. 312, §3º,


do CPB (No caso do parágrafo anterior, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.). A pena do peculato culposo, com reparação do
dano posterior à sentença irrecorrível, será de seis
meses. A pretensão prescreverá em 3 anos (art. 109, VI,
CPB).

 Causa especial de aumento de pena variável : art. 157,


§2º, do CPB (A pena aumenta-se de 1/3 até metade). O
que mais aumenta é a metade. Então: 10 anos + metade
= 15 anos. A pretensão prescreverá em vinte anos.

 Causa geral de diminuição de pena variável : art. 14,


inciso II, do CPB (Salvo disposição em contrário, pune-se
a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços.). O que
menos diminui é 1/3. No crime de sequestro, por exemplo,
a pena máxima é de 3 anos, prescrevendo a pretensão
punitiva em 8 anos. Numa tentativa de sequestro, a pena
máxima abstratamente cominada é de 2 anos (3 – 1/3),
prescrevendo a PP em 4 anos.
1ª OBS.: Quando se tratar de causa de aumento ou diminuição VARIÁVEL, a
regra de ouro é sempre encontra a MAIOR pena possível = AUMENTAR DO
MÁXIMO E DIMINUIR DO MÍNIMO.

2ª OBS.: CAUSA DE AUMENTO DE PENA QUE NÃO É COMPUTADA PARA


FINS DE CÁLCULO DA PPP: O aumento decorrente da exasperação da pena no
crime continuado e no concurso formal próprio.

Vide art. 119 do CPB - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade


incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.

Súmula 497 do STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se


pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da
continuação. O entendimento da doutrina é de que a súmula 497 se aplica também
ao concurso formal próprio, porque o sistema de exasperação da pena aplica-se
tanto ao crime continuado, quanto ao concurso formal próprio. Motivo de não se
computar o acréscimo decorrente da exasperação: O cômputo do acréscimo
faria com que a prescrição, no crime continuado, ocorresse em prazo maior,
prejudicando o réu. Em outras palavras, um instituto criado para beneficiar o réu
(crime continuado) poderia prejudicá-lo. Então: O aumento decorrente da
exasperação da pena no crime continuado e no concurso formal próprio não é
computado para fins de cálculo da PPP.

Obs.: “Pena imposta na sentença”: A súmula 497 não trata da PPE? Sim. A súmula
trata da PPE, mas o raciocínio também se aplica à PPP. ‘Quando se tratar de crime
continuado, a prescrição regula-se pela pena abstratamente cominada, não se
computando o acréscimo decorrente da continuação’.

 TERMO INICIAL DA PPP:

Termo inicial da prescrição ANTES de transitar em julgado a sentença


final
Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final,
começa a correr: 
I - do dia em que o crime se consumou; 
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;  
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;  
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do
registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes,
previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima
completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta
a ação penal. (Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012)

 TEMPO DO CRIME: O crime considera-se praticado (para fins de aplicação


da Lei) no momento da ação ou omissão => TEORIA DA ATIVIDADE (art. 4º -
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro
seja o momento do resultado.).

 PARA FINS DE TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO: Adota-se a TEORIA DO


RESULTADO. “A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa
a correr: I - do dia em que o crime se consumou”.

 Para fins de termo inicial da prescrição, é fundamental perquirir sobre a


natureza do crime: se o crime é material, formal ou de mera conduta.

 REGRA GERAL: No dia em que o crime se consumar, já começa a ser


contado o prazo da PPP.

 E se o crime não se consumar? Inciso II – no caso de tentativa, do dia em


que cessou a atividade criminosa. 

 Crimes permanentes: Inciso III – nos crimes permanentes, do dia em que


cessou a permanência.

 Crimes de bigamia e de falsificação ou alteração de assentamento do


registro civil: Inciso IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de
assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. Crimes
praticados de forma clandestina.
 Crimes contra a dignidade sexual: Inciso V – nos crimes contra a dignidade
sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse
tempo já houver sido proposta a ação penal.

AULA 3

 PPE: Ocorre após o trânsito em julgado – art. 110 do CPB

Prescrição DEPOIS de transitar em julgado sentença final condenatória


Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença
condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados
no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é
reincidente.
§1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data
anterior à da denúncia ou queixa. (Redação dada pela Lei nº 12.234/2010).
§2o (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).

 A PPE ocorre após o trânsito em julgado da sentença penal


condenatória.

 A PPE regula-se pela pena APLICADA/CONCRETIZADA na sentença.


Implica dizer que não nos cabe analisar, aqui, causas de aumento ou
diminuição de pena. A pena já foi aplicada e é o norte para fins de
cálculo da PPE.

 Atenção à Súmula 497 do STF : Quando se tratar de crime


continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença,
não se computando o acréscimo decorrente da continuação.

Exemplo: Penas aplicadas de 6 anos (após o critério trifásico) +


exasperação do crime continuado (2/3 = 4 anos) => Pena concretizada
em 10 anos.
Critério trifásico. Art. 68 do CPB: A pena-base será fixada atendendo-
se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida, serão consideradas
as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.

A pena foi concretizada em 10 anos, mas, para fins de cálculo da


prescrição, devem ser consideradas as penas aplicadas antes da
exasperação, em observância à súmula 497 do STF.

 A parte final do art. 110 do CPB versa que “a prescrição, depois de


transitar em julgado a sentença condenatória, regula-se pela pena
aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais
se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. Essa
norma sobre a reincidência (aumento de 1/3) NÃO se aplica à PPP;
somente à PPE. Súmula 220 do STJ: A reincidência não influi no
prazo da prescrição da pretensão punitiva.

 Termo inicial da PPE:

Termo inicial da prescrição APÓS a sentença condenatória irrecorrível


Art. 112. No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: 
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a
acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o
livramento condicional; 
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da
interrupção deva computar-se na pena.  

 Três termos iniciais no INCISO I:

1) Dia em que transita em julgado a sentença condenatória para


a acusação => Porque a pena não pode mais aumentar.
2) Dia em que transita em julgado a sentença que revoga a
suspensão condicional da pena (sursis da pena, aplicado na
própria sentença – fase de conhecimento);
3) Dia em que transita em julgado a sentença que revoga o
livramento condicional (instituto da fase executória).

 Uma hipótese no INCISO II: Dia em que se interrompe a execução,


salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
Exemplo: Fuga. A partir da fuga, o prazo da PPE começa a ser
computado.
Exceção – Caso clássico de tempo de interrupção que deve
computar-se na pena: superveniência de doença mental do
condenado. A prisão cessará, a execução será interrompida, o
condenado será internado e cumprirá o tratamento, mas o tempo
de tratamento será computado no tempo de prisão.

 OBS.: Art. 113 do CPB

Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do


livramento condicional
Art. 113. No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento
condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.

Exemplo 1: Pena de 10 anos. Cumprimento de 8 anos da PPL. Condenado foge. 2


anos serão levados para o art. 109 do CPB. Resultado: Prescrição de 4 anos.

Exemplo 2: Pena de 10 anos. Cumprimento de 5 anos da PPL. Livramento


Condicional. 2 anos de livramento cumpridos. Revogação do livramento condicional
por desrespeito aos requisitos. Vide art. 88 do CPB: Revogado o livramento, não
poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta de
condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o
tempo em que esteve solto o condenado. Tempo restante de pena = 5 anos.
Prescrição em 12 anos.

 QUESTÕES IMPORTANTES:

 Alterações do prazo prescricional:


1) Aumento de 1/3 (art. 110 do CPB) => Súmula 220 do STJ => SÓ SE APLICA
À PPE

Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória


regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os
quais se aumentam de um terço, se o condenado é REINCIDENTE.

Súmula 220 do STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão


punitiva.

2) Redução de metade (art. 115 do CPB) => Aplicação à PPP e à PPE

Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era,
ao tempo do crime, menor de 21 (VINTE E UM) anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (SETENTA) anos.

3) Suspensão (art. 116 do CPB)

 A contagem do prazo sofre ‘ruptura parcial’


 O prazo voltará a ser contado de onde parou
 Considera-se o tempo decorrido antes da suspensão

Previsão legal:

Causas impeditivas da prescrição


Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não
corre: 
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o
reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Parágrafo único. Depois de passada em julgado a sentença condenatória,
a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por
outro motivo. 
O art. 116 do CPB, ao prever que “antes de passar em julgado a sentença
final, a prescrição não corre: [...]”, está se referindo à PPP (Prescrição da Pretensão
Punitiva).

1ª hipótese: Inciso I – suspensão enquanto não resolvida, em outro processo,


questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime (QUESTÃO
PREJUDICIAL).

Exemplo 1: agente é acusado de furto de uma caneta valiosa, mas alega que a
caneta era própria e não poderia, portanto, ser objeto de furto.

Exemplo 2: agente é acusado de bigamia, mas alega nulidade do casamento


anterior.

Não confunda QUESTÃO PREJUDICIAL com questão preliminar! É a


questão prejudicial que pode acarretar a suspensão do processo.

 Conceito: Questão prejudicial é toda questão jurídica cuja solução


constitua um pressuposto para a decisão da controvérsia principal
submetida a juízo. (Vincenzo Manzini)

 Características de uma QUESTÃO PREJUDICIAL:

1) É julgada antes da prejudicada (prejudicada = questão de


mérito)
2) Sempre influencia na existência, ou não, do crime
3) Pode existir autonomamente (pode ser levada a juízo de
forma autônoma)
4) Às vezes, acarreta a paralisação da questão principal

 Quadro comparativo:

QUESTÃO PREJUDICIAL QUESTÃO PRELIMINAR


É sempre de direito MATERIAL É sempre de direito PROCESSUAL
Cinge-se ao mérito da questão principal Cinge-se aos pressupostos processuais
Pode existir autonomamente Não tem autonomia
É solucionada pelo juízo penal ou É sempre decidida pelo juízo penal
extrapenal

2ª hipótese: Inciso II – suspensão enquanto o agente cumpre pena no


estrangeiro. Essa norma existe para evitar que o cumprimento de pena no
estrangeiro implique escoamento do prazo prescricional no Brasil (o que esvaziaria o
jus puniendi estatal no país).

3ª hipótese: REFERE-SE À PPE! Parágrafo único – Depois de passada em


julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o
condenado está preso por outro motivo.

O art. 116 do CPB traz ROL EXEMPLIFICATIVO, visto que há outras


hipóteses de suspensão do prazo prescricional fora do Código Penal Brasileiro.
Exemplos:

 Art. 53, §§4º e 5º, da CR/88: imunidade parlamentar

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por


quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
§1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão
submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
§2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional
não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse
caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre
a prisão.
§3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido
após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo
voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, SUSTAR o
andamento da ação.
§4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa
Diretora.
§5º A SUSTAÇÃO DO PROCESSO SUSPENDE A PRESCRIÇÃO,
ENQUANTO DURAR O MANDATO.
[...].

OBS.: Crime ocorrido ANTES da diplomação não permite a suspensão do


processo.

 Art. 89, §6º, da Lei nº. 9.099/95: suspensão condicional do processo

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz,
este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o
acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
[...]
§6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do
processo.

 Art. 366 do Código de Processo Penal: citação por edital

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir


advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos
termos do disposto no art. 312.

 Art. 368 do CPP: cumprimento de carta rogatória

Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado


mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição
até o seu cumprimento.  

 Crimes contra a ordem tributária – Lei nº. 10.684/13 : Plano de


Recuperação Fiscal – REFIS II
Art. 9º. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes
previstos nos arts. 1o
 e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e
nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940
– Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada
com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de
parcelamento.
§1o A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da
pretensão punitiva.
§2o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a
pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos
débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios.

 Hipótese jurisprudencial: Ordem de HC 81.611 do STF (embrião da


Súmula Vinculante nº. 24)

Súmula Vinculante nº. 24. Não se tipifica crime material contra a ordem
tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990, antes do
lançamento definitivo do tributo.

Art. 1°. Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo,
ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes
condutas:       
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou
omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido
pela lei fiscal;
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou
qualquer outro documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou
deva saber falso ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou
documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de
serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a
legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Tese desenvolvida:
 A suspensão ou redução do tributo é elemento do tipo penal e precisa
se fazer presente para a configuração do crime (crimes materiais dos
incisos I a IV);

 É o PAF (Processo Administrativo Fiscal) que vai apurar se houve a


efetiva supressão ou redução do tributo;

 Enquanto não houver a conclusão do PAF, não se pode ter certeza da


efetiva supressão ou redução do tributo;

 O crime, portanto, só estará consumado com a conclusão do PAF, que


é chamada de “lançamento definitivo do tributo”.

 O STF concluiu que o lançamento definitivo do tributo configura justa


causa e CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE para o processo
pelos crimes previstos no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº. 8.137/90.

QUAL É A RELAÇÃO ENTRE A SÚMULA VINCULANTE Nº. 24 E A SUSPENSÃO


DO PRAZO PRESCRICIONAL?

Resposta: O contribuinte pode impugnar o lançamento provisório efetivado pela


Fazenda Pública, e, fazendo-o, fará nascer o PAF (Processo Administrativo Fiscal).
Enquanto o PAF estiver em curso, ficará suspenso o prazo prescricional dos crimes
previstos no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº. 8.137/90 (ementa do HC 81.611).

EMENTA: I. Crime material contra a ordem tributária (L. 8137/90, art. 1º): lançamento do tributo
pendente de decisão definitiva do processo administrativo: falta de justa causa para a ação penal,
suspenso, porém, o curso da prescrição enquanto obstada a sua propositura pela falta do
lançamento definitivo. 1. Embora não condicionada a denúncia à representação da autoridade fiscal
(ADInMC 1571), falta justa causa para a ação penal pela prática do crime tipificado no art. 1º da L.
8137/90 - que é material ou de resultado enquanto não haja decisão definitiva do processo
administrativo de lançamento, quer se considere o lançamento definitivo uma condição objetiva de
punibilidade ou um elemento normativo de tipo. 2. Por outro lado, admitida por lei a extinção da
punibilidade do crime pela satisfação do tributo devido, antes do recebimento da denúncia (L.
9249/95, art. 34), princípios e garantias constitucionais eminentes não permitem que, pela antecipada
propositura da ação penal, se subtraia do cidadão os meios que a lei mesma lhe propicia para
questionar, perante o Fisco, a exatidão do lançamento provisório, ao qual se devesse submeter para
fugir ao estigma e às agruras de toda sorte do processo criminal. 3. NO ENTANTO, ENQUANTO
DURE, POR INICIATIVA DO CONTRIBUINTE, O PROCESSO ADMINISTRATIVO SUSPENDE O
CURSO DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA QUE
DEPENDA DO LANÇAMENTO DEFINITIVO.

AULA 4

4) Interrupção (art. 117 do CPB)

 Uma vez interrompido, o prazo volta a ser contado novamente, desde o


início.

Causas interruptivas da prescrição


Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se: 
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; INTERRUPÇÃO DA PPP

II - pela pronúncia; INTERRUPÇÃO DA PPP NO RITO DO JÚRI


III - pela decisão confirmatória da pronúncia; INTERRUPÇÃO DA PPP – JÚRI
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
INTERRUPÇÃO DA PPP
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; INTERRUPÇÃO DA
PPE
VI - pela reincidência. INTERRUPÇÃO DA PPE
§1º. Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da
prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos
crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos
demais a interrupção relativa a qualquer deles.
§2º. Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo,
todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.  

 Inciso I: Recebimento da denúncia ou queixa (não é o oferecimento


da denúncia; é o RECEBIMENTO)

 O recebimento pode ocorrer em 1ª ou 2ª instância


(competência originária ou competência recursal)
Competência recursal: é possível o recebimento da
denúncia em 2ª instância quando, por exemplo, o
Juiz rejeitar a denúncia ou queixa em 1ª instância.
Poderá ser interposto RSEstrito perante o Tribunal
de Justiça, e, se a ele for dado provimento, a
decisão do TJ já valerá como “recebimento” da
denúncia/queixa. Súmula 709 do STF (Salvo
quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão
que provê o recurso contra a rejeição da denúncia
vale, desde logo, pelo recebimento dela.)

 Outra questão interessante: se a denúncia foi recebida


por juízo absolutamente incompetente, haverá interrupção
do prazo prescricional? Resposta: NÃO!

 Se a denúncia for retificada por erro material, haverá nova


interrupção de prazo? Resposta: NÃO! A mera
retificação da denúncia por erro material não influencia a
persecução criminal (exemplos: erro no nome do réu, erro
no endereço, data de nascimento errada, etc.).

 Momento exato de interrupção do prazo: quando o Juiz


profere o despacho de recebimento da denúncia e
entrega para o escrivão. A decisão de recebimento da
denúncia é publicada em cartório.

 Aditamento à denúncia interrompe o prazo prescricional?


Depende. O aditamento pode ser subjetivo ou objetivo.
Somente no aditamento objetivo, e para o crime incluído,
haverá interrupção do prazo prescricional. Aditar é somar,
incluir, acrescentar. O Juiz tem que receber o aditamento
à denúncia.
- Aditamento subjetivo: inclusão de sujeito ativo => não
haverá interrupção do prazo prescricional, porque, no
aditamento subjetivo, o crime não muda; haverá apenas
inclusão de mais um autor. A interrupção da prescrição do
crime ocorreu anteriormente, no momento do recebimento
da denúncia.

- Aditamento objetivo: inclusão de fato criminoso =>


haverá interrupção do prazo prescricional em relação ao
crime incluído na denúncia pelo aditamento. O crime que
já constava do processo teve a sua prescrição
interrompida anteriormente, no momento do recebimento
da própria denúncia.

 Inciso II: Pronúncia

 Tem incidência no procedimento do Tribunal do Júri

 A pronúncia é a decisão do Juiz na qual ele entende


estarem presentes PEC (prova da existência do crime) +
ISA (indícios suficientes de autoria)

 Desclassificação do crime em plenário, de homicídio


para lesão corporal grave: a decisão de pronúncia
proferida lá atrás continua produzindo efeito interruptivo
da prescrição? Gabriel Habib entende que não. A
Jurisprudência, porém, entende contrariamente. Vide
Súmula 191 do STJ: A pronúncia é causa interruptiva da
prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a
desclassificar o crime.

 Recurso cabível da decisão de pronúncia: RSEstrito

 Inciso III: Decisão confirmatória da pronúncia


 A decisão confirmatória da pronúncia é proferida em sede
de Recurso em Sentido Estrito. Quando o Tribunal
conhecer do RSEstrito, mas negar-lhe provimento, estará
confirmando a decisão de pronúncia.

 Inciso IV: Publicação da sentença ou acórdão condenatórios


REcorríveis

 Sentença ou acórdão CONDENATÓRIOS: A sentença e


acórdão ABSOLUTÓRIOS não interrompem o prazo
prescricional. Implica dizer que, caso uma sentença seja
absolutória e o MP interponha recurso de apelação, só
haverá interrupção do prazo prescricional se o TJ
condenar o réu. Nessa hipótese, o prazo prescricional
será computado desde o recebimento da denúncia até o
acórdão condenatório (notadamente porque a sentença
foi absolutória).

 Quando ocorre a publicação da sentença


condenatória recorrível? A publicação da sentença
condenatória ocorre em cartório. Para fins de interrupção
da prescrição, o que vale não é, necessariamente, a data
em que o Juiz assinou a sentença. O que vale é o
momento em que o Juiz entrega os autos em cartório,
com a sentença proferida e assinada.

 Quando, em sede de recurso, o Tribunal de Justiça


proferir acórdão CONDENATÓRIO recorrível, haverá
interrupção do prazo prescricional novamente.
 Sentença ou acórdão que concedem perdão judicial não
interrompem o prazo prescricional, porque não têm
natureza condenatória. Natureza da decisão:
declaratória de extinção da punibilidade. Vide Súmula 18
do STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é
declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo
qualquer efeito condenatório.

 ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL RELEVANTE


(STF e STJ): Todo acórdão é substitutivo da sentença. É
como se a sentença deixasse de existir. Isso é importante
porque, hoje, a jurisprudência está pacificada no seguinte
sentido: O ACÓRDÃO QUE MERAMENTE CONFIRMAR
A SENTENÇA CONDENATÓRIA NÃO INTERROMPERÁ
O PRAZO PRESCRICIONAL. Obs.: Ainda que reduza a
pena imposta ao réu, o acórdão condenatório NÃO
interromperá novamente o prazo prescricional.

 Então, ATENÇÃO: Somente nos seguintes casos é que o


acórdão condenatório interromperá a prescrição:

1) quando a sentença for ABSOLUTÓRIA e, havendo


recurso, for prolatado ACÓRDÃO CONDENATÓRIO;

2) quando O ACÓRDÃO DÁ OUTRA CAPITULAÇÃO


LEGAL À CONDUTA. Exemplo: o réu foi denunciado
e condenado em 1ª Instância por falsidade ideológica.
A acusação recorre e o TJ, no acórdão, muda a
capitulação legal – muda a tipificação –, entendendo
que a infração penal praticada foi, em verdade, a de
sonegação fiscal (crime contra a ordem tributária).
 O dia exato da interrupção do prazo prescricional pela
publicação do acórdão condenatório é, segundo o STF, O
DIA DA SESSÃO DE JULGAMENTO (e não o dia da
publicação do acórdão no órgão oficial de imprensa). O
julgamento é público e, naquele instante, portanto, é que
houve a publicação do acórdão.

 Inciso V: Início ou continuação do cumprimento da pena

 Trata-se da situação em que:

1) o condenado começa a cumprir a pena => início do


cumprimento da pena
OU

2) o cumprimento de pena é paralisado por algum


motivo e o condenado volta a cumprir a pena
(exemplo: fuga, com recaptura do condenado =>
continuação do cumprimento da pena)

 Inciso VI: Reincidência (durante o cumprimento da pena)

 A reincidência interrompe o prazo da PPE (Prescrição da


Pretensão Executória). Isto porque verifica-se a
reincidência quando o agente comete novo crime, depois
de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior (art.
63 do CPB). Se a sentença anterior já transitou em
julgado, a prescrição que estava correndo já era a PPE.

 Dia da interrupção do prazo:

- Doutrina majoritária (Nucci e outros): data da prática do


novo crime
- Doutrina minoritária (Rogério Greco): no dia do trânsito
em julgado da sentença condenatória pelo crime objeto
da reincidência (à luz do princípio da presunção de
inocência)

AULA 5

PRESCRIÇÃO RETROATIVA (para trás) – se dirige ao JUIZ

Histórico:

 Havia divergência no STF entre os Ministros Nelson Hungria e Luiz


Gallotti

 Nelson Hungria: Seria justo e razoável computarmos o


prazo prescricional novamente quando a pena definitiva é
encontrada na sentença, visto que, desde o início do
processo, aquela era a pena justa para o réu. O menor
senso de justiça nos informa que a pena aplicada na
sentença era, desde o início, a pena justa para o réu.
Logo, devemos fazer o caminho de volta, para a
contagem da prescrição novamente, com base na pena
aplicada (e não mais com base na pena máxima
cominada em abstrato).

 Luiz Gallotti: Se ainda não houve o trânsito em julgado


para as duas partes, a prescrição que corre é a PPP
(Prescrição da Pretensão Punitiva), que leva em
consideração a pena máxima abstratamente cominada
em Lei, e não a pena aplicada na sentença.

 De início, a tese vencedora foi a do Ministro Luiz Gallotti.


Posteriormente, houve uma alteração na composição do STF.
Entraram no Supremo os Ministros Cordeiro Guerra e Leitão de Abreu,
que passaram a aderir à tese do Ministro Nelson Hungria. Esses
Ministros, contudo, questionaram a tese de Hungria no seguinte
sentido: se a pena fosse alterada em sede de recurso, o prazo
prescricional sofreria alteração. Aí todo o raciocínio desenvolvido iria
por água abaixo. Por isso, foi encontrado um mecanismo para que não
se corresse o risco de aumento da pena em sede de recurso: o
trânsito em julgado da sentença para a acusação ou o
improvimento de seu recurso. Conclusão: após o trânsito em julgado
para a acusação, já é possível retroagir no tempo, para verificação da
prescrição, porque a pena aplicada na sentença não pode mais
aumentar.

Pressupostos da Prescrição Retroativa:

1) Princípio da pena justa

2) Trânsito em julgado para a acusação ou o improvimento de seu recurso

Conceito de Prescrição Retroativa: (Espécie de PPP)

Prescrição dada de acordo com a pena aplicada na sentença, com trânsito em


julgado para a acusação ou depois de improvido o seu recurso, calculando-se a
partir da sentença condenatória, mediante retorno no tempo (para trás), para
verificar-se se entre os marcos interruptivos ocorreu a prescrição.

Súmula 146 do STF: A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada
na sentença, quando não há recurso da acusação.
Alteração do CPB em 1984: O art. 110 do CPB ganhou dois parágrafos, com a
inclusão da prescrição retroativa.

§1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado


para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§2º A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial
data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Alteração legislativa em 2010: Lei nº. 12.234/10, publicada em 06/05/2010

Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença


condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados
no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é
reincidente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada, NÃO PODENDO, EM NENHUMA HIPÓTESE, TER POR TERMO
INICIAL DATA ANTERIOR À DA DENÚNCIA OU QUEIXA. (Redação dada
pela Lei nº 12.234, de 2010).
§2º  (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).

 Após o advento desta Lei nº. 12.234/10, acabou a possibilidade de


configuração da prescrição retroativa entre a data do recebimento da
denúncia e a data da consumação do crime, MAS APENAS PARA OS
CRIMES PRATICADOS APÓS A DATA DE VIGÊNCIA DA LEI (do dia
06/05/2010 em diante) => IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS
SEVERA

 Essa lei também aumentou o prazo prescricional previsto no art. 109, inciso
VI, do CPB, DE 2 (DOIS) PARA 3 (TRÊS) ANOS (se o máximo da pena
abstratamente cominada é inferior a 1 (um) ano). Essa alteração só se
aplica, porém, aos crimes praticados após a vigência da Lei nº. 12.234/10
(a partir de 06/05/2010) => IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS
SEVERA

1ª OBS.: SÓ É POSSÍVEL A INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL


ENQUANTO ESTE AINDA NÃO SE ESVAIU.

2ª OBS.: À PRESCRIÇÃO RETROATIVA SE APLICAM AS SITUAÇÕES DE


REDUÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL (MENOR DE 21 ANOS NA DATA DOS
FATOS OU MAIOR DE 70 ANOS NA DATA DA SENTENÇA) => ART. 115 DO
CPB.

AULA 6

PRESCRIÇÃO SUPERVENIENTE (para frente) – se dirige ao TRIBUNAL DE


JUSTIÇA (sede recursal)

Conceito: é a prescrição que se dirige ao Tribunal, sendo computada a partir da


sentença condenatória (até o acórdão condenatório recorrível). Também é espécie
de PPP (Prescrição da Pretensão Punitiva).
Premissas:
1) Princípio da Pena Justa
2) Trânsito em julgado para a acusação ou improvimento de seu recurso
ATENÇÃO: ACÓRDÃO MERAMENTE CONFIRMATÓRIO DA SENTENÇA OU
QUE APENAS REDUZ A PENA IMPOSTA NA SENTENÇA NÃO INTERROMPE O
PRAZO PRESCRICIONAL. Vejamos:

1ª OBS.: À PRESCRIÇÃO SUPERVENIENTE TAMBÉM SE APLICA O ART. 115


DO CPB – SITUAÇÕES DE REDUÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL (MENOR
DE 21 ANOS NA DATA DOS FATOS OU MAIOR DE 70 ANOS NA DATA DA
SENTENÇA).

2ª OBS.: RECURSO PARA O STJ – A PRESCRIÇÃO SUPERVENIENTE TAMBÉM


SERÁ COMPUTADA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA ATÉ A PROLAÇÃO DE
ACÓRDÃO CONDENATÓRIO PELO STJ. Vejamos:

MAIS TEMAS SOBRE PRESCRIÇÃO:

PRESCRIÇÃO NO CONCURSO DE CRIMES => ART. 119 DO CPB

Art. 119. No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de
cada um, isoladamente.

PRESCRIÇÃO PELA PENA HIPOTÉTICA


OU
PRESCRIÇÃO PELA PENA EM PERSPECTIVA
OU
PRESCRIÇÃO VIRTUAL
OU
PRESCRIÇÃO PELA PENA IDEAL

Conceito: Trata-se do reconhecimento antecipado da prescrição com base em uma


futura e hipotética pena, (a ser) aplicada em caso de condenação. Se a prescrição é
absolutamente provável, o Juiz a reconhece antecipadamente, para não ter que dar
continuidade a um processo cuja persecução criminal será infrutífera. Estaria
ausente a justa causa e/ou o interesse de agir.

Entendimento doutrinário majoritário: Não se admite a prescrição pela pena


hipotética!

Entendimento jurisprudencial: O STF, o STJ e todos os Tribunais NÃO ADMITEM


a Prescrição pela Pena Hipotética. O STJ, inclusive, editou a Súmula 438: “É
inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do
processo penal”.

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