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DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO PENAL II


GRADUANDO (A): Lana Keiphol Vidovix Oliveira
R.A.: 46168
TURMA: 4 A

Avaliação continuada
A Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, denominada Pacote Anticrime, entrou
em vigor em 23.01.2020, com exceção do Juiz de Garantias que ficou suspenso
por tempo indeterminado. À época, foram vetados 24 dispositivos pelo Presidente
da República. Entretanto, em abril de 2021, ocorreram profundas alterações no
pacote anticrime após a derrubada de 16 vetos pelo Congresso Nacional.
O objetivo do pacote anticrime é tornar mais efetivo o combate ao crime
organizado, a criminalidade violenta e à corrupção. Para isso, promoveu
mudança de diversos artigos do Código Penal, do Código de Processo Penal e
de várias leis especiais, tais como: Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal), Lei
8.702/1990 ( Lei dos Crimes Hediondos), Lei 8.429/1992 ( Lei de Improbidade
Administrativa), Lei 10.826/2003 ( Estatuto do Desarmamento), dentre outras.

As alterações feita pelo pacote anticrime no código penal foram:

1.1 Legitima defesa:


A alteração foi a inclusão do parágrafo único no referido artigo, com a
seguinte redação: “Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública
que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a
prática de crimes”.
Entendemos que se trata de um dispositivo redundante e desnecessário,
por dois motivos: (a) se estão “observados os requisitos previstos
no caput deste artigo” é porque já se caracteriza uma situação de legítima
defesa; (b) se existe “vítima mantida refém durante a prática de crimes”, o
agente de segurança pública não só pode como também deve repelir
agressão ou risco de agressão à vítima refém. Desta forma, nos parece que
foi criada, desnecessariamente, uma hipótese de legítima defesa específica
para agentes de segurança pública.

1.2 Pena de multa:

Com a alteração promovida pela Lei 13.964/2019, o art. 51 do Código Penal


passou a ter a seguinte redação: “Transitada em julgado a sentença
condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e
será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida
ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas
e suspensivas da prescrição.” Desta forma, o legislador deixou bem claro
que o juízo competente para executar a pena de multa é o juiz da execução
penal em ação promovida pelo Ministério Público, embora se possa utilizar o
rito da Lei de Execuções Fiscais.

Anteriormente, seria possível, concluir, erroneamente, que a dívida de valor


convertida da pena de multa estaria migrando para esfera cível, ferindo o
princípio da personalidade da pena, pelo qual “nenhuma pena passará da
pessoa do condenado” ( CF, art. 5º, XLV, primeira parte).
1.3 Limite de cumprimento da pena:

Com a alteração promovida pela Lei 13.964/2019, o art. 75, caput,


do Código Penal passou a ter a seguinte redação: “O tempo de
cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40
anos”.
Na redação anterior, o limite de cumprimento de pena privativa de liberdade
era de 30 anos, fixados em 1940 (idade do nosso Código Penal). Em 1984,
com a reforma da Parte Geral, por meio da Lei 7.209/1984, poderia ter
alterado, porém, manteve esse limite.

1.4 Livramento condicional:

Livramento condicional é a possibilidade de que tem o condenado que já


cumpriu certo tempo de pena privativa de liberdade de poder cumprir solto o
período restante, mediante determinadas condições que consistem em
determinados requisitos objetivos (relativos ao crime) e requisitos subjetivos
(relativos ao agente). Com a alteração promovida pela Lei 13.964/2019, o
art. 83, do Código Penal passou a ter a seguinte redação: “O juiz poderá
conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 anos, desde que:” (o caput e os incisos I e II
permanecem inalterados)

1.5 Efeitos da condenação:

Efeitos da condenação são todas as consequências que, direta ou


indiretamente, recaem sobre a pessoa do condenado por sentença penal
transitada em julgado. eles podem ser efeitos principais e secundários:
(a) Efeitos principais: cumprimento de pena privativa de liberdade, restritiva de
direitos, de multa, de medida de segurança e do período de prova da
suspensão condicional da pena; (b) Efeitos secundários (reflexos ou
acessórios) podem ainda ser genéricos (elencados no art. 91 do CP)
e específicos (elencados no art. 92 do CP). São exemplos de efeitos
secundários da condenação: obrigação de reparação civil do dano causado pelo
crime; confisco de instrumentos do crime, produto ou proveito do delito; perda
de cargo, função pública ou mandato eletivo; incapacidade para exercer o poder
familiar; inabilitação para dirigir veículo quando usado como meio para cometer
a prática de crime doloso.
Com a finalidade de combater o enriquecimento ilícito, introduziu-se pela
Lei 13.964/2019, o art. 91-A, do Código Penal

1.6 Causas impeditivas da prescrição:

Prescrição penal é a perda da pretensão punitiva ou executória do Estado, em


face de determinado criminoso, pelo decurso do tempo previsto em lei, sem o
seu exercício. A prescrição é uma das causas de extinção da punibilidade ( CP,
art. 107, V) e está prevista no art. 109 e seguintes do Código Penal.
A punibilidade compreende duas pretensões do Estado: (a) pretensão punitiva –
que consiste no direito do Estado de exigir a condenação do infrator penal,
aplicando-lhe a pena que a lei violada prevê em abstrato; (b) pretensão
executória – que consiste no direito do Estado de executar a pena que foi
concretamente aplicada na condenação do infrator. A pretensão punitiva do
Estado inicia-se, em regra, da data do crime e termina com o trânsito em
julgado definitivo da sentença condenatória. A pretensão executória, por sua
vez, inicia-se com o trânsito em julgado definitivo da sentença condenatória e
termina com o efetivo cumprimento da pena ou com a extinção da punibilidade.

O Pacote Anticrime alterou também algumas áreas da Lei de Execução Penal


nos seguintes termos:

• Inclusão de parágrafos do art. 9º-A sobre Identificação de Perfil Genético


para Crimes Hediondos
• Inclusão no art. 50 de um novo tipo de falta grave (por recusa à
identificação do perfil genético)
• Mudança no art 52, de Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)
• Mudança nas regras de Progressão de Regime do art. 112
• Proibição de saída temporária (art. 122) em caso de crime hediondo com
resultado de morte.

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