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Tópico: Prova. Teoria Geral e Admissibilidade da Prova. Meios de prova. Provas em espécie.
Cautelares reais e pessoais.
Nesse tópico temos uma divisão entre a parte doutrinária e a parte legal, além de dois assuntos:
teoria da prova e meios de prova.
Primeiramente, iremos ler todo conteúdo no CPP: Artigos: 155 a 250 do CPP, além da Lei 9.296/96.
Há pontos que você terá que utilizar a doutrina para aprofundar, por exemplo, na teoria geral da
prova.
Pontos chaves:
a) Sistema da íntima convicção/da certeza moral do julgador: neste sistema o juiz valora a prova
livremente, pois não existe hierarquia entre elas e, assim, à luz do caso concreto, o julgador irá
determinar o peso de cada prova. Neste sistema, adotado no Tribunal do Júri quanto às atividades
dos jurados, o juiz não possui necessidade de motivar as suas decisões.
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2. Conceitos e classificações
2.1. Provas
Conceito: tudo aquilo que contribui para a formação do convencimento do julgador, demonstrando
fatos e, excepcionalmente, o Direito. A partir deste conceito, é possível identificar que o destinatário
direto da prova é o julgador, podendo ser este o juiz singular ou o órgão colegiado. O objeto da
prova, por sua vez, são os fatos.
e) Prova anômala: utilizada para fins diversos, com características de outra prova, ou seja, usa-se o
modelo legal de outra prova. Ex: testemunha ouvida por telefone com posterior certidão.
f) Prova irritual: prova típica seguida sem a observância de modelo legal. Trata-se de prova
ilegítima, passível de nulidade.
g) Prova cautelar: são aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova por
decurso do tempo. Se não forem produzidas logo perdem sua razão de produção, depende de
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h) Prova não repetível: é aquela que é produzida na fase de investigação e não tem como ser
reproduzida, como, por exemplo, o exame de corpo de delito. Esta prova também será submetida
a um contraditório posterior na fase de processo.
j) Prova antecipada: é a produzida na fase de investigação, de ofício, pelo próprio juiz, quando
houver, no caso concreto, os requisitos da relevância e da urgência. As provas antecipadas possuem
contraditório real, exemplo clássico da testemunha que está hospital em fase terminal, nesse caso,
depende de autorização judicial.
Lembre-se que essas três últimas classificações são especialmente relevantes pelo previsto no art.
155, CPP:
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
não repetíveis e antecipadas.
Logo, as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas podem ser realizadas inclusive na
investigação, podendo ser espécies dos elementos informativos.
2.2. Fontes de prova: pessoas ou coisas em si as quais se consegue a prova. São divididas em
fontes reais (exemplo: documento) ou pessoais (ex: ofendidos, testemunhas, acusado).
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3. Teorias
3.1. Teoria da Contaminação das provas derivadas das ilícitas ou teoria dos Frutos da Árvore
Envenenada
O art. 157, §1o, versa sobre a teoria da contaminação das provas derivadas ou teoria dos frutos da
árvore envenenada, segundo a qual as provas derivadas da ilícita são contamina- das por esta
ilicitude e, portanto, as provas derivadas da ilícita não poderiam ser utilizadas no processo:
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Segundo essa teoria, se provado os executores agiram de boa-fé, de forma minimamente razoável,
a prova obtida não pode ser considerada ilícita. No Brasil, em princípio, não há como ser adotada
tal teoria, já que a ilicitude de uma prova (originária ou derivada) independe da verificação de o
agente ter – ou não – agido de boa-fé.
Teoria de origem norte-americana, segundo a qual as provas descobertas no curso da re- alização
de uma prova legal são consideradas legítimas e poderão ser utilizadas no processo. O STJ passou a
admitir a prova encontrada fortuitamente, ainda que sem relação com o fato investigado.
b) serendipidade de segundo grau: é o encontro fortuito de provas quando não houver co- nexão
ou continência com o fato que se apurava.
Atenção: A prova obtida fortuitamente somente será considerada lícita se, além de presentes todos
os requisitos constitucionais e legais daquela investigação em curso, não se verificar a ocor- rência
de desvio de finalidade ou mesmo simulação ou fraude para a sua obtenção, como um “simulacro
de investigação”, como o notório objetivo de se obter provas não relacionadas com a investigação
criminal em andamento5.
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Segundo essa teoria, haveria vínculo entre a prova ilícita e a prova derivada, mas ele seria tão tênue,
insignificante, que não levaria à ilicitude da prova derivada. Essa teoria não é aceita pelo
ordenamento jurídico brasileiro.
Aqui, o mais importante é o estudo da lei seca e alguns pontos jurisprudenciais, que irei tentar trazer
para vocês nesse material de apoio.
As provas mais importantes, que você tem que saber tudo, são o interrogatório (videoconferência,
inclusive) e o exame de corpo de delito. Atencão especial também deve ser colocada na oitiva de
testemunhas e na prova pericial.
1. Interrogatório
1.1. Conceito: Segundo uma doutrina moderna do processo penal, o interrogatório é um meio de
prova (previsto entre os artigos 185 a 196 do CPP) e também um meio de defesa, consoante posição
do STF e do STJ.
1.2. Direito ao silêncio: No interrogatório, o acusado pode se calar, sem que o seu silêncio seja
interpretado em seu desfavor (art. 186, parágrafo único, CPP), assim como poderá mentir, em
decorrência do princípio constitucional do direito ao silêncio e de não produção de provas contra
ele mesmo.
No entanto, lembre-se que o interrogado não pode mentir ou ficar em silêncio na primeira parte do
interrogatório judicial, referente às perguntas sobre a sua qualificação pessoal, o que é permitido
apenas na segunda parte do ato, relativos aos fatos em análise.
1.3. Momento de realização: antes de 2008, o interrogatório era o primeiro ato da instrução. O
indivíduo era citado para ser interrogado (prevalecia a ideia de que o interrogatório era um “meio
de prova”).
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Com a edição da Lei nº 11.719/2008, o interrogatório passou a ser o último ato da instrução
probatória. Isso reforçou a ideia de que o interrogatório possui natureza jurídica de meio de defesa.
No entanto, alguns diplomas legais continuaram com rito diferente do CPP, com o interrogatório
como primeiro ato, como o CPPM e a lei de drogas. O STF e o STJ decidiram que o interrogatório
deve ser o último ato da instrução, ainda que previsto em lei de forma diferente:
STJ. 6ª Turma. HC 403.550/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
15/08/2017.
2. Testemunhas
2.1. Conceito: meio de prova previsto entre os artigos 202 a 225, CPP. Testemunha é a pessoa que
declara em juízo o que sabe acerca dos fatos. Ao contrário do interrogado, a testemunha não
pode mentir e, em regra, não pode se negar a depor.
Art. 206 do CPP. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,
entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta,
o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a
prova do fato e de suas circunstâncias.
Art. 207 do CPP. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela
parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
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2.3. Quantidade de testemunhas: a quantidade de testemunhas que cada parte poderá arrolar varia
de acordo com o procedimento adotado. Assim, nos procedimentos mais importantes, temos:
2.4. Modo de inquirição: o sistema de inquirição no Brasil, por um tempo, já foi o presidencialista,
na qual o juiz formulava as questões passadas pelas partes. Atualmente, as perguntas são
formuladas pelas partes diretamente à testemunha. É o chamado sistema da inquirição direta.
b) cross examination (quando a parte contrária é quem formula as perguntas). Em provas, contudo,
é comum vir a expressão cross examination como sinônima de inquirição direta.
STJ. 6ª Turma. HC 735.519-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/08/2022 (Info
745).
2.5. Classificações
a) Testemunhas indiretas: aquelas que souberam dos fatos por intermédio de outras pessoas.
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e) Testemunhas próprias: testemunha ouvida sobre os fatos criminosos que integram o objeto do
processo.
f) Testemunhas impróprias, instrumentárias ou fedatárias: são as que depõem sobre algum ato da
persecução criminal. É o que ocorre, por exemplo, na leitura do auto de prisão em flagrante.
h) Testemunhas inócuas: aquelas que não sabem absolutamente nada da causa, de maneira que
não são computadadas no limite máximo.
III. Jurisprudência
è Súmula 545 do STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do
julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do CP. Todavia, divergindo da
referida súmula, vale considerar que o STF possui julgados no sentido de que a confissão
qualificada não autoriza a incidência da atenuante (HC n. 119.671/SP, rel. Min. Luiz Fux).
è O depoimento do policial tem a natureza jurídica de prova testemunhal e assim deve ser
valorado pelo juiz.
Dessa forma, o testemunho policial não pode ser, aprioristicamente, sobrevalorizado, sob o
único argumento de que o policial goza de fé pública.
Por outro lado, o testemunho policial não pode ser subvalorizado, sob a justificativa de que
sua palavra não seria confiável para, isoladamente, fundamentar uma condenação.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1936393-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2022 (Info
756).
è O simples fato de o tráfico de drogas configurar crime permanente não autoriza, por si só, o
ingresso em domicílio sem o necessário mandado judicial. Exige-se, para que se configure a
legítima flagrância, a demonstração posterior da justa causa ou, em outros termos, de
fundadas razões quanto à suspeita de ocorrência de crime no interior da residência.
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STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2004877-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 16/8/2022
(Info Especial 10).
è No caso em que a audiência para oitiva da vítima e da testemunha é realizada por meio de
videoconferência, a interpretação mais consentânea com o objetivo do disposto no art. 217
do CPP é a de que o réu também pode ser impedido de acompanhar os depoimentos. STJ.
5ª Turma. AREsp 1961441/MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2022 (Info
Especial 10).
è Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida mediante
abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo.
STF. Plenário. RE 1116949, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Edson Fachin,
julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 1041) (Info 993).
è É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do WhatsApp via Código QR para acesso
no WhatsApp Web. Também são nulas todas as provas e atos que dela diretamente
dependam ou sejam consequência, ressalvadas eventuais fontes independentes. Não é
possível aplicar a analogia entre o instituto da interceptação telefônica e o espelhamento,
por meio do WhatsApp Web, das conversas realizadas pelo aplicativo WhatsApp.
STJ. 6ª Turma. RHC 99735-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/11/2018 (Info 640).
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