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PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS

1. Verdade “real” / processual

Admite-se a busca pela verdade, mas não desenfreada, como nos sistemas inquisitivos. Essa
busca deve ser orientada pelo devido processo legal.

Verdade “real” antepõe-se sobre a verdade formal. Tutela-se interesses delicados e, por isso,
não se contenta apenas com o que está nos autos, busca-se a verdade “verdadeira” – o que não
está nos autos pode estar no mundo.

Entretanto, jurisprudencialmente, busca-se a verdade processual. Existe, hoje, uma releitura


dessa verdade “real”, pois não se pode busca-la a todo custo. Assim, o que não está nos autos,
não está no mundo, as provas devem ser buscadas de acordo com a forma adequada, se há a
permissão de uma busca pela verdade real, admite-se até mesmo provas ilícitas. Em algumas
questões objetivas, pode-se apontar como princípio a verdade real, mas deve-se atentar para
essas problemáticas.

2. Imparcialidade

O sistema acusatório demanda a separação entre quem acusa e julga, para se estabeleça uma
paridade de armas. Juiz não deve ter vínculo algum anterior com o processo.

- Objetiva: imparcialidade em relação ao processo, aos fatos discutidos. Juiz não deve ter
interesse no processo ou em seu resultado.

- Subjetiva: imparcialidade em relação aos sujeitos do processo.

3. Devido Processo Legal

Processar segundo regras previamente estabelecidas. O devido processo legal não orienta
apenas a aplicação das leis, o processo em si, mas também sua elaboração.

- Aspectos: *substantivo/material/de conteúdo: concepção de devido processo legal vai além da


forma, ela preza pela justiça da forma, não se pode adotar qualquer forma, a regra tem que estar
de acordo com os valores constitucionais do sistema de justiça; *formal/procedimental: ser
julgado dentro uma forma.

4. Juiz Natural – Art. 5º, LIII, CF.

Vedação ao envolvimento pessoal do juiz e aos tribunais de exceção.

*O juiz natural é:

- competente: juiz que a lei estabelece como competente. O indivíduo vai ser julgado de acordo
com as regras de competência, não se pode nomear um juiz específico para aquela causa.

- legal: juiz que está investido na função de maneira regular, que está trabalhando e executando
suas atividades, protegido pelas garantias de exercer suas atividades de maneira livre. O poder
judiciário deve ser independente, sem ser subordinado à dissolução pelo executivo.

*varas especializadas: criar vara especializada em determinado crime fere o juiz natural?
Jurisprudência e doutrina tradicional: tribunal de exceção não é o mesmo que tribunal
especializado. O de exceção é o tribunal designado especificamente para aquele caso, a
especialização é para todos os casos relativos àquele crime. Essa diferença persiste mesmo
quando aquela vara é criada depois da prática de determinado crime [porque a vara não é para o
indivíduo x, é para todos os casos anteriores]. A criação de varas é livre, porque trata-se de mera
norma de organização do tribunal.
5. Promotor Natural

Construção doutrinária e jurisprudencial. O promotor também deve ser imparcial, competente,


legal e não designado casuisticamente. Um promotor motivado pessoalmente prejudica o
processo.

6. Presunção de Inocência

Antepõe-se ao sistema inquisitivo.

Ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

*Dimensões através das quais se vislumbra o princípio:

- Dimensão de tratamento: o fato de adotar a presunção de inocência implica em tratar o


acusado como um inocente. Assim, a vida dele não muda durante o processo (há exceções para
isso, como as medidas cautelares, medidas que restringem a liberdade ou o patrimônio do
indivíduo para efetivar o processo). Dimensão diz respeito também, teoricamente, ao ponto de
vista externo do processo (ex.: não culpar publicamente, não espalhar cartazes, etc.). Do ponto
de vista externo, não segue muito o princípio a rigor.

- Dimensão de garantia: não se perde direitos de nenhuma natureza, nem as garantias


individuais durante o processo.

- Dimensão probatória: “in dubio pro reo”: se não houver provas, deve ser absolvido, pois o
indivíduo é presumido inocente. Ônus da prova: o MP que deve demonstrar a culpa.

*Precedentes: HC 126292, STF. ADCs.

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