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DO PROCESSO
Rosana Antunes
Pressupostos processuais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os pressupostos processuais e explorar
a sua aplicação pelas Cortes Superiores.
A concepção dos pressupostos processuais tem origem na obra de
Oskar Von Bülow, que lhes deu autonomia. A doutrina de Bülow serviu
para elevar o Direito processual a uma posição de destaque, afastando-o
dos domínios do Direito material.
Os pressupostos processuais são requisitos necessários para que o
processo atinja seu objetivo, ou seja, uma sentença de mérito, compondo
condições imprescindíveis para que o processo exista e se desenvolva de
forma válida e regular, evitando, assim, o acometimento de vícios graves e
constituindo um filtro capaz de reter postulações formalmente inviáveis.
A teoria dos pressupostos processuais ainda é alvo de constantes
críticas pela doutrina, sendo um tema controverso na sua sistematização.
Entretanto, não há maiores inconvenientes em seguir uma ou outra
sistematização ou classificação. O que mais importa para os operado-
res do Direito é saber as consequências advindas do desrespeito aos
pressupostos processuais de validade e existência do processo e se a
sua ausência vai afetar todo o procedimento, alguns atos ou apenas um
ato isolado.
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Pressupostos processuais
A instauração regular e o desenvolvimento do processo dependem do preenchi-
mento de alguns requisitos. Tais requisitos são conhecidos como pressupostos
processuais, os quais estão divididos em duas categorias: pressuposto de
existência e pressuposto de validade.
Essa terminologia é aceita pela doutrina e pela jurisprudência. Apesar
disso, há autores que fazem críticas quanto à terminologia pressupostos
processuais de existência e pressupostos de validade processual, preferindo
utilizar a terminologia pressupostos de existência e requisitos de validade,
sistematizando o tema de forma diferente da proposta nesse capítulo.
Contudo, nos esquemas didáticos, não se mostra inconivente utilizar a
terminologia consagrada na doutrina, na lei e na jurisprudência, sendo assim,
examinaremos dessa forma.
Inicialmente, você precisa entender que o processo é um feixe de relações
jurídicas, por meio do qual ocorre o exercício do poder democrático estatal.
Ainda, segundo Alexandre Câmara (2017, p. 33), o processo “[...] é mecanismo
de exercício do poder democrático estatal, e é através dele que são construídos
os atos jurisdicionais”. Pois bem, como em toda relação jurídica, impõe-se a
coexistência de elementos subjetivos e objetivos.
Os elementos subjetivos de existência são os sujeitos principais do processo,
ou seja, as partes (autor e réu) e o Estado-juiz. Para que um processo exista, é
necessário que uma pessoa postule perante a um órgão investido de jurisdição.
É importante fixar que a existência do autor postulando a um órgão investido de
jurisdição completa o elemento subjetivo do processo, ou seja, o processo existe
sem o réu. Contudo, para que o processo exista para o réu, ou seja, para produzir
consequências jurídicas para ele, é necessário a sua citação válida. Esse é o co-
mando do artigo 312 do Código de Processo Civil (CPC) de 2015 (BRASIL, 2015).
Vale ressaltar que o citado artigo tem incidência nos processos de conhe-
cimento, no processo de execução ou a qualquer outro cuja instauração seja
de inciativa de parte.
Já os elementos objetivos de uma relação jurídica são os fatos jurídicos e o
objeto. O fato jurídico é ato postulatório, pois instaura a relação processual. É
o que chamamos de ato inaugural. O objeto litigioso do processo é a prestação
jurisdicional solicitada no ato inaugural, o que a doutrina chamada de demanda.
A ausência de algum pressuposto de existência implica na própria inexis-
tência jurídica do processo.
Preenchidos os elementos de existência subjetivos e objetivos, o processo
existe. Entretanto, pode ser que o processo exista, mas lhe falte um pressuposto
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Pressupostos processuais
de existência e validade
Vamos agora analisar cada um dos pressupostos processuais objetivo e subjetivo
de existência e validade do processo.
O autor demanda sem indicar o réu. Nos casos em que a sua presença é exigida, o juiz
intimará o autor para que este regularize a petição inicial.
Se o autor não o fizer, o processo será extinto sem julgamento de mérito.
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nulidade está previsto nos arts. 276 a 283 do CPC. Esses dispositivos legais
têm, principalmente, o objetivo de evitar a decretação de nulidade.
BRASIL. Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF, 2015.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.
htm>. Acesso em: 14 jun. 2018.
CÂMARA, A. F. O novo processo civil brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2017.
DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual
civil, parte geral e processo de conhecimento. 20. ed. Salvador: Juspodivm, 2018. v. 1.
Leituras recomendadas
ALVIM, J. E. C. Teoria geral de processo. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
CINTRA, A. C. de A.; GRINOVER, A. P.; DINAMARCO, C. R. Teoria geral do processo. 28.
ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
TUCCI, J. R. C. e. A causa petendi no processo civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2009. (Coleção estudos de direito de processo Enrico Tullio Liebman, 27).
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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