Você está na página 1de 9

Processo, procedimento e autos?

Por mais básicos e simples que sejam os conceitos destacados no título, muitos estudantes
e mesmo profissionais do Direito têm utilizado de forma confusa ou inadequada as
terminologias em questão.

Já de longa data se chegou à concepção de que o processo é uma relação jurídica,


destacando-se as seguintes facetas de sua definição:

* o processo aparece como instrumento de atuação da jurisdição.

* o processo é método de trabalho, em que há organização da forma de atuar dos órgãos


jurisdicionais.

* o processo aparece, finalmente, como relação jurídica instrumentalizada para que se


possa desenvolver perante o Poder Judiciário.

Processo é diferente de procedimento, porque procedimento é apenas o meio extrínseco


pelo qual se instaura, desenvolve-se e termina o processo; o procedimento é a
manifestação extrínseca do processo, a sua realidade fenomenológica perceptível.
Conclui-se, pois, que o procedimento (aspecto formal do processo) é o meio pelo qual a
lei estampa os atos e fórmulas da ordem legal do processo.
O processo é o instrumento através do qual a jurisdição opera, ou seja, é um veículo para
a positivação do poder.

O processo é a síntese da relação jurídica progressiva (relação processual) e da série de


fatos que determinam a sua progressão (procedimento).

Autos, por sua vez, são a materialidade dos documentos nos quais se corporificam os atos
do procedimento. Exemplo: não se deve dizer consultar o processo, mas sim consultar os
autos do processo.
Afinal o que é uma ação?
A ação no direito Processual - ações individuais

A todo tempo escutamos falar em ação:

- "Entrei com a ação" "-Fulano entrou com uma ação" "Moveram uma ação contra a
minha empresa"

Mas afinal o que é uma ação?

Ação é o direito de exigir do Estado a prestação jurisdicional na resolução de uma


determinado caso.

O Direito de ação é uma característica do direito material de reagir a uma violação de


direitos, e é autônomo em relação ao direito material violado. É sempre
processual porque é através do processo que ele se exerce.

De acordo com a Ada Pellegrini Grinover:

A ação seria o direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou poder de exigir esse
exercício). Invocar esse direito implica provocar a jurisdição (provocação necessária,
visto que, em regra, ela é inerte), o que se faz através de um complexo de atos
denominado processo.

Num conceito ainda mais completo:

A ação seria o direito público, subjetivo, autônomo e abstrato à prestação jurisdicional


sobre uma demanda de direito material.
Em poucas palavras, a ação trata-se de um
direito à jurisdição, desde que preenchidas
algumas condições.

Encontra fundamento constitucional na garantia da tutela jurisdicional efetiva


art. 5º, XXXV, da CF.
Portanto, o direito abstrato de ação se concretiza mediante uma demanda apresentada a
um órgão que detenha poder de jurisdição, o qual é exercido mediante
um processo (instrumento) cuja finalidade é a prestação de efetiva tutela jurisdicional.

Diversas teorias surgiram para explicar a natureza jurídica da ação, abaixo as principais
com destaque para que vigora no ordenamento jurídico:a teoria eclética.

• Teoria Imanentista, Civilista ou Clássica

• Teoria do Direito Concreto de Ação (Teoria Concreta)


• Teoria da Ação como Direito Potestativo (variante da teoria concreta)

• Teoria da Ação como Direito Abstrato

• **Teoria Eclética (adotada pelo nosso ordenamento, arts. 3º e 267, VI, do


CPC) - Elaborada por Liebman, a teoria em questão tem assento na teoria
abstrata, porém, com a inclusão de uma nova categoria, qual seja, as
“condições da ação”, preliminar ao exame do mérito. Para Liebman, a ação
é o “direito ao processo e ao julgamento do mérito”, o qual não repres enta,
porém, a garantia de um resultado favorável ao demandante.

É satisfeita com um julgamento favorável ou desfavorável ao demandante.


Assim, considerando tratar-se de um direito abstrato voltado a provocar o exercício da
jurisdição, a ação é defendida como o direito de obter o julgamento do pedido, ou seja, a
análise do mérito, independentemente do resultado da demanda. Trata -se, portanto, de
um direito subjetivo instrumental, visto que independe do direito subjetivo material,
embora seja conexo a ele. A teoria eclética preconiza a existência do direito de ação
quando presentes determinadas condições, mesmo que inexistente o direito material.

Diversas teorias surgiram para explicar a natureza jurídica da ação, abaixo


as principais com destaque para que vigora no ordenamento jurídico: a
teoria eclética.

• Teoria Imanentista, Civilista ou Clássica

• Teoria do Direito Concreto de Ação (Teoria Concreta)

• Teoria da Ação como Direito Potestativo (variante da teoria concreta)

• Teoria da Ação como Direito Abstrato

• **Teoria Eclética (adotada pelo nosso ordenamento, arts. 3º e 267, VI, do


CPC) - Elaborada por Liebman, a teoria em questão tem assento na teoria
abstrata, porém, com a inclusão de uma nova categoria, qual seja, as
“condições da ação”, preliminar ao exame do mérito. Para Liebman, a ação
é o “direito ao processo e ao julgamento do mérito”, o qual não representa,
porém, a garantia de um resultado favorável ao demandante . É satisfeita
com um julgamento favorável ou desfavorável ao demandante.

Assim, considerando tratar-se de um direito abstrato voltado a provocar o exercício da


jurisdição, a ação é defendida como o direito de obter o julgamento do pedido, ou seja, a
análise do mérito, independentemente do resultado da demanda. Trata -se, portanto, de
um direito subjetivo instrumental, visto que independe do direito subjetivo material,
embora seja conexo a ele. A teoria eclética preconiza a existência do direito de ação
quando presentes determinadas condições, mesmo que inexistente o direito material.

Características do direito de ação


Abaixo as principais características da ação com um maior destaque a característica mais
marcante da ação: A instrumentalidade

• Subjetividade

• Publicidade

• Garantia constitucional

• Instrumentalidade - Tem por finalidade solucionar uma pretensão de direito


material. Em virtude da intensa produção doutrinária, essa característica tem
assumido grande importância no cenário jurídico atual pois privilegia um
processo civil de resultados e o considera não como um fim em si mesmo,
mas como instrumento capaz de garantir a máxima efetividade da tutela
jurisdicional.
Condições para o regular exercício do direito
de ação
De acordo com a doutrina tradicional, são três as condições genéricas para o regular
exercício do direito de ação a serem preenchidas pelo autor a fim de obter uma decisão
de mérito por meio da jurisdição. O novo CPC reduziu esse rol para apenas duas
condições.

1-Legitimidade das partes: É a capacidade de estar em juízo. Ao verificá-la, o juiz


deverá examinar se os sujeitos que figuram como autor e réu no processo são aqueles
que, considerando os fatos narrados na petição inicial, deveriam realmente figurar
como autor e réu.

Deve ser verificada em dois planos: a legitimidade ativa se refere ao autor e pode ser
ordinária ou extraordinária, e a legitimidade passiva diz respeito ao demandado. A regra
é a legitimidade ordinária, isto é, a equivalência entre os sujeitos da relação processual
com os sujeitos da relação material deduzida em juízo. É necessário destacar que há
diversas espécies e subespécies de legitimidade, como a primária e a secundária, a
originária e a superveniente, a privativa e a concorrente, que terão grande aplicação
prática, sobretudo, na tutela coletiva.

2-Interesse processual em agir


Representado pelo binômio necessidade-adequação do provimento judicial solicitado.
Nesse sentido, a necessidade decorreria da impossibilidade de obter a satisfação do
alegado direito sem a atuação do Estado.
Refere-se à necessidade, à utilidade e ao proveito da tutela jurisdicional para que o autor
obtenha a satisfação do direito pleiteado e justifica-se na medida em que não convém ao
Estado acionar o aparato judicial sem que dessa atividade possa ser extraído algum
resultado útil.
Para alguns doutrinadores, a compreensão do interesse de agir além do binômio
necessidade-adequação, também contempla a utilidade:
a) Necessidade: traduz-se na idéia de que somente o processo é o meio hábil à obtenção
do bem da vida almejado pela parte;

b) Utilidade: significa que o processo deve propiciar, ao menos em tese, algum proveito
ao demandante;

c) Adequação: por ele, entende-se que a parte deve escolher a via processual adequada
aos fins que almeja

Condições específicas para o exercício do


direito de ação
Além das mencionadas condições genéricas, que devem estar presentes em todas as ações,
há que se falar, ainda, nas condições específicas, previstas para d eterminadas ações,
como, por exemplo:

• Mandado de segurança: sua condição específica é o ajuizamento da ação no


prazo máximo de 120 dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato
impugnado (art. 23 da lei n. 12.016/2010)

• Ação rescisória (ação especial utilizada para desconstituir a coisa julgada):


duas são as condições específicas nesse caso: o depósito de 5% sobre o valor
da causa pelo autor no momento em que ele propõe a demanda rescisória
(art. 488, II, do CPC) e o ajuizamento da demanda dentro do prazo de dois
anos contados do trânsito em julgado da decisão (art. 495 do CPC).Aferição
das condições da ação
Aferição das condições da ação
As condições da ação devem ser aferidas in status assertiones, ou seja, em face da
afirmação constante da petição inicial.
A asserção porem não é suficiente para demonstrar a presença das condições da ação. Na
verdade, ela deve ser examinada em conjunto com as provas que instruem a petição
inicial.

É necessário um mínimo de provas a demonstrar a **verossimilhança (verossimilhança


# semelhança) das asserções formuladas na petição inicial caso contrário criaria a
possibilidade de submeter o réu ao ônus de defender-se de uma demanda manifestamente
inviável.
Assim, o exame das condições da ação não trata de um juízo de mérito, mas de um juízo
sobre questões de direito material a partir da situação fática e concreta relatada pelo
demandante como fundamento de sua pretensão, que deve estar acompanhada de um
mínimo de verossimilhança e de provas que evidenciem a possibilidade do acolhimento.
Isso porque, da mesma forma que é garantido a todos o direito de ação, é também
assegurado o direito constitucional daquele contra quem a ação é exercida de não ser
molestado por uma demanda inviável.

Elementos da ação
• Partes - São os sujeitos que figuram respectivamente como autor e como réu na
relação processual
• Causa de pedir - é o fato jurídico com todas as suas circunstâncias que
fundamenta a demanda (art. 319, III, do CPC/2015). Divide-se em causa de pedir
próxima – fundamentos jurídicos que embasam o pedido – e causa de pedir remota
– fatos constitutivos do direito do autor.
• Pedido É o objeto da jurisdição que se divide em imediato – provimento
jurisdicional solicitado ao juiz que pode ter natureza declaratória, constitutiva,
condenatória, executiva ou cautelar – e mediato – bem da vida pretendido pelo
autor, ou seja, o bem ou interesse que se busca assegurar por meio da prestação
jurisdicional.

Referência bibliográfica:

CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. GRINOVER, Ada Pellegrini. DINAMARCO,


Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros, 2010.

Referencias:

Do direito de ação à tutela jurisdicional - Marcos Ribeiro -Blog direito online

Testes de conhecimento/Banco de questões - Universidade Estácio de Sá- Disciplina


Teoria Geral do Processo.

Teoria Geral do Processo / Aula 6: Ação e as condições para o seu regular exercício /
Universidade Estácio de Sá / Material didático

Você também pode gostar