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Condições da Ação
Noção
A expressão “condições da ação” é um pouco imprecisa, pois o direito de ação é um direito subjetivo
incondicionado. No entanto, essa expressão é usada para se referir aos requisitos necessários para o exercício
regular do direito de ação.
Condições genéricas
Segundo a doutrina tradicional, existem três condições genéricas para o exercício regular do direito de
ação que devem ser preenchidas pelo autor para obter uma decisão de mérito por meio do provimento
jurisdicional. No entanto, o CPC/2015 reduziu essas condições para apenas duas.
A legitimidade pode ser ativa (do autor) ou passiva (do réu), e pode ser ordinária (quando os sujeitos do
processo são os mesmos da relação material) ou extraordinária (quando alguém defende em nome próprio
o interesse de outrem). Um exemplo de legitimidade extraordinária é a ação de investigação de paternidade
proposta pelo Ministério Público em favor do menor. Isso é conhecido como substituição processual.
A legitimidade extraordinária a, só admitida se legalmente prevista, no art. 18 do CPC/2015 é a capacidade
de alguém defender em nome próprio o interesse de outrem.
A legitimidade extraordinária pode ser subordinada (o titular em questão não está habilitado para iniciar ou
ser alvo de uma ação legal em relação a uma situação litigiosa. No entanto, ele pode deduzir a situação,
seja ativa ou passivamente, junto com a parte legitimada ordinária, em um processo que já tenha sido
iniciado por esta parte ou contra ela. Nesse processo, o titular se limita a intervir.) ou autônoma (respectivo
titular a possibilidade de atuar em juízo com total independência em relação à pessoa que ordinariamente
seria legitimada”).
A legitimidade extraordinária autônoma pode ser exclusiva (quando somente o substituto pode ajuizar
ação) ou concorrente (tanto o substituto como o titular do direito substancial ou o responsável pela
obrigação serão admitidos como legitimados).
Interesse processual em agir
É a necessidade, utilidade e adequação de se buscar a tutela jurisdicional para satisfazer um direito
pleiteado. O Estado só deve intervir quando houver um resultado útil a ser obtido.
Interesse processual x interesse material: O interesse processual se refere ao interesse na ação judicial,
enquanto o interesse material se refere ao interesse no bem da vida disputado.
Há divergência na doutrina sobre os elementos do interesse processual. Alguns defendem que são dois:
necessidade e utilidade. Outros defendem que são três: necessidade, utilidade e adequação.
Jurisprudência sobre o interesse processual: A jurisprudência vem evoluindo sobre o tema, especialmente
em relação às ações de revisão de benefício previdenciário. O STJ decidiu que, em alguns casos, dispensa-
se o prévio requerimento administrativo para ajuizar a ação judicial. O STF decidiu que a concessão de
benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado.
A exclusão da possibilidade jurídica do pedido do rol de condições para o regular
exercício do direito de ação
Possibilidade jurídica do pedido: Era uma condição para o exercício do direito de ação, que consistia na
previsão legal da pretensão do autor. Estava relacionada ao princípio da legalidade e podia ser positiva ou
negativa.
Exemplos de impossibilidade jurídica do pedido: Um exemplo era o pedido de divórcio, que era proibido
pela lei até 1977. Outro exemplo não era a cobrança de dívida de jogo, pois o pedido era lícito, mas o
fundamento era ilícito.
Exclusão da possibilidade jurídica do pedido* O CPC/2015 excluiu a possibilidade jurídica do pedido do rol
de condições da ação, que agora são apenas a legitimidade e o interesse. Isso foi considerado acertado
por alguns doutrinadores.
Condições específicas
São requisitos que se aplicam a certas ações, além das condições genéricas de legitimidade e interesse.
Elas variam conforme a natureza e o objeto da ação.
Um exemplo é o mandado de segurança, que tem um prazo de 120 dias para ser ajuizado. Outro exemplo é
a ação rescisória, que exige um depósito de 5% sobre o valor da causa e um prazo de dois anos.
As condições podem ser positivas ou negativas. As positivas são as que devem ser demonstradas pelo
autor, como a legitimidade e o interesse. As negativas são as que devem ser afastadas pelo autor, como a
coisa julgada e a litispendência.
Aferições das condições da ação
É a verificação da legitimidade e do interesse do autor para propor a ação, com base na afirmação e nas
provas que ele apresenta na petição inicial.
O autor deve afirmar e provar que tem direito à tutela jurisdicional, caso contrário, será julgado carecedor
de ação. A asserção deve ser verossímil e as provas devem ser mínimas.
A jurisprudência predomina no sentido de examinar as condições da ação apenas pela petição inicial, sem
produzir mais provas. Mas há vozes que defendem uma maior flexibilidade nesse exame.
Carência de ação x improcedência do pedido: A carência de ação é a falta de condições da ação, que impede
o juiz de examinar o mérito. A improcedência do pedido é a rejeição do mérito, que gera a coisa julgada. O
autor pode renovar a ação se for carecedor, mas não se for improcedente.
Elementos da Ação
Os elementos da ação são fundamentais para identificar e diferenciar as ações judiciais, devido à variedade de
fatos e relações jurídicas que podem ser submetidos à jurisdição. Segundo Leonardo Greco, esses elementos
são um imperativo democrático, pois através da jurisdição, o Estado intervém na vida e nos direitos dos
indivíduos. Para evitar que o Estado intervenha mais de uma vez na mesma controvérsia ou no mesmo direito,
é necessário identificar cada uma de suas atuações. Portanto, os elementos da ação são:
1. As partes: Quem está envolvido na ação, ou seja, o autor e o réu.
2. A causa de pedir: O motivo pelo qual a ação está sendo movida, que pode ser um fato ou uma relação jurídica.
3. O pedido: O que se espera obter com a ação, como uma decisão favorável ou uma determinada sentença.
Partes
São os sujeitos que figuram respectivamente como autor e como réu na relação processual. São aqueles que
pedem e em relação a quem o provimento jurisdicional é pedido.
É preciso também que se verifique a qualidade com que a pessoa esteja litigando. A regra no direito brasileiro
é a legitimidade ordinária, segundo a qual o titular do direito material deve ser o autor da ação eventualmente
ajuizada para tutelar esse mesmo direito.
Em uma relação processual, podemos encontrar ainda, os institutos indicados a seguir:
Litisconsórcio: O litisconsórcio é a presença de múltiplas partes em uma relação processual. Pode ser ativo
(dois ou mais autores), passivo (dois ou mais réus) ou misto. Pode ser facultativo, dependendo da vontade das
partes, ou necessário. A Lei n. 8.952/94 permite ao juiz limitar o número de litigantes no litisconsórcio
facultativo para não comprometer a rápida solução do litígio. Em casos com muitas pessoas afetadas, a ação
coletiva é o instrumento adequado, como nos direitos do consumidor. O litisconsórcio necessário, disposto
no art. 114 do CPC/2015, ocorrerá por duas razões: por determinação de lei ou pela natureza da relação jurídica
discutida no processo, qual seja uma relação jurídica una e indivisível – e, portanto, incindível. Neste último
caso, também por força dos limites subjetivos da coisa julgada, essa relação só pode ser alterada por inteiro,
isto é, ou atinge a todos ou não atinge ninguém.
Intervenção de terceiros: A intervenção de terceiros é uma ampliação da relação processual, permitindo
a entrada de pessoas que demonstram interesse jurídico. Esse interesse é caracterizado pela possibilidade de
uma decisão judicial alterar a relação jurídica da qual o terceiro é titular. Um terceiro é alguém que não é
originalmente parte da demanda, nem autor, nem réu. A intervenção pode ser voluntária ou forçada.
Causa de pedir ou causa petendi: é o fato jurídico que fundamenta a demanda autoral, dividindo-se em
causa de pedir próxima (fundamentos jurídicos do pedido) e causa de pedir remota (fatos que constituem o
direito do autor). Existem duas correntes principais: a teoria da substanciação, que se baseia nos fatos
articulados pelo autor, e a teoria da individualização, que considera tanto os fundamentos jurídicos quanto os
fatos na identificação da demanda. O Código de Processo Civil de 1973 adotou a teoria da substanciação,
enquanto o CPC/2015 adota uma teoria híbrida, elevando o contraditório também ao plano dos fundamentos
jurídicos. Portanto, é importante na petição inicial descrever não apenas o fato, mas também o fundamento
que embasa o pedido.
Pedido: É o objeto da jurisdição e se divide em imediato (o provimento jurisdicional solicitado ao juiz) e
mediato (o bem ou interesse que o autor busca assegurar). O pedido deve ser certo e determinado, mas existem
exceções quando a precisão não pode ser exigida no início da demanda. O pedido é sempre interpretado
restritivamente, e o autor deve mencionar expressamente o que pretende. Existem pedidos implícitos que
podem ser deferidos pelo juízo mesmo que não sejam requeridos na inicial. O autor pode cumular dois ou mais
pedidos, que podem ser simples, alternativos, eventuais ou sucessivos. A cumulação de pedidos requer que
os pedidos sejam compatíveis entre si, que o mesmo juízo seja competente para conhecer deles e que o tipo
de procedimento seja adequado para todos os pedidos.