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Teoria da ação

I. TEMA

Teoria da ação

II. OBJETIVO DA AULA

O escopo da aula é a analise das ações e suas condições. Serão estudadas


as teorias referentes à ação e às suas condições, assim como o modo como são
compreendidas pelo direito brasileiro.

III. FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA

1. Fundamentos teóricos da ação

Deve-se notar que a palavra ação pode ser usada e compreendida em vários
sentidos, podendo ser entendida como um direito, um poder, uma pretensão
ou ainda como o correto exercício de um direito anteriormente existente.
A ação é considerada como sendo o direito ao exercício da jurisdição ou
a possibilidade de exigir sua atuação. Segundo o principio da inércia, a utili-
zação desse direito é necessária ao exercício da função jurisdicional, que, de
outra forma, não poderá ser exercida.
Deve-se considerar a ação, portanto, como o direito à prestação da ju-
risdição, favorável ou não, àquele que a provoca. Tal direito possui condi-
ções impostas ao seu exercício que, se não satisfeitas, o impossibilitam. Com
fundamento no Art. 5º, XXXV, CRFB, a ação propicia a garantia da tutela
jurisdicional efetiva, que permite ao titular do direito obter à proteção de seu
direito material.
Em se tratando do direito à atuação jurisdicional, deve ser entendido que
a ação serve ao interesse público de garantir o direito a quem de fato o pos-
sui, preservando a ordem na sociedade. Tal entendimento foi construído pela
doutrina até se chegar à atual concepção do “direito de ação”, que é, inicial-
mente, identificado com o direito material litigioso. Posteriormente, evoluiu
para um estágio de autonomia em relação ao direito material, criando uma
base para o desenvolvimento do direito processual nessa área.
2. As Teorias da ação quanto à sua natureza jurídica

Alcançado certo consenso em relação ao conceito de ação como direito,


grandes juristas propuseram teorias acerca da natureza jurídica de tal direito.
Essas teorias servem para auxiliar a compreensão da evolução da ciência e do
caminho percorrido até se chegar ao entendimento adotado no nosso Código
de Processo Civil, de 2015.

a. Teoria imanentista, civilista, ou clássica

Essa teoria tem como origem e base o direito romano. Para ela, a ação
nada mais é do que o próprio direito material, ajuizado em decorrência de
ameaça de dano ou de dano efetivo. Logo, não poderia haver ação que não
versasse sobre direito material, já que ele seria o foco e o agente dela. Assim,
considerando que o direito de ação é decorrente do direito material, compre-
ende-se a ação como emanação do direito material.

b. Teoria do direito concreto de ação (teoria concreta)

Em 1885, Adolph Wach, na Alemanha, reconheceu a relativa indepen-


dência entre o direito de ação e o direito subjetivo material, encerrando assim
o domínio da teoria clássica. Segundo ele, sendo pretensão de tutela jurídica,
a ação é um direito público ao exercício da jurisdição, sujeitando o demanda-
do ao dever de obedecer a suas determinações.
Essa concepção trazia a consequência de que, embora separado do direito
material discutido, o direito de ação se restringia a quem tivesse razão. Isso
quer dizer que o direito só teria existido se houvesse sentença favorável. A
teoria afirmava que somente existia direito a ação quanto houvesse uma pro-
teção ao direito subjetivo.
A maior importância dessa teoria foi a separação entre o direito de ação e
o direito material.

c. Teoria da ação como direito potestativo

Uma variante da teoria concreta condiciona a existência do direito de ação


à obtenção de uma sentença favorável estando sujeita às mesmas críticas da-
quela teoria. De acordo com Chiovenda, a ação pode ser definida como o
“poder jurídico de dar vida à condição para a atuação da vontade da lei”,
ou seja, o direito de fazer a lei agir para preservar um direito em face de um
opositor que deve obedecer a determinação legal.
A ação era considerada um direito (direito potestativo) independente do
direito material, sendo o direito do autor de submeter o réu aos efeitos jurídi-
cos pretendidos. Logo o direito de ação é contra o réu e não contra o Estado.

d. Teoria da ação como direito abstrato

Essa teoria define ação como um direito do indíviduo perante o Estado


de exigir que lhe seja prestada a atividade jurisdicional. Isso impõe ao réu o
dever de comparecer em juízo e acatar a decisão proferida.
Desse modo, se desvincula ainda mais o direito de ação do direito material
discutido. Isso porque o direito de ação, de prestação da jurisdição, seria rea-
lizado mesmo que o autor seja considerado não detentor do direito material
discutido.

e. Teoria Eclética

Elaborada por Liebman, essa variante da teoria abstrata considera que o


direito de ação é o “direito ao processo e ao julgamento do mérito”, e não
garante ao autor o provimento da demanda. Essa teoria tem como principal
diferencial a criação das chamadas condições da ação, que são requisitos de ad-
missibilidade de uma ação. Na ausência das condições da ação, o juiz não está
obrigado a julgar o mérito do processo, podendo extingui-lo sem seu exame.
Logo, trata-se de um direito abstrato capaz de provocar o exercício da
jurisdição. A ação é compreendida como o direito de obter o julgamento do
mérito pedido, independentemente do resultado da demanda, desde que ob-
servadas as condições da ação. É então um direito subjetivo instrumental, já
que independe do direito subjetivo material, embora seja conexo a ele.
Essa teoria prevaleceu por muitos anos, durante toda a vigência do CPC
de 1.973. O novo CPC, de 2015, retira um pouco da importância das con-
dições da ação, permitindo o exame do mérito para beneficiar o réu, mesmo
que essas não se encontrassem preenchidas.

3. Caracterização da Ação

A ação é predominantemente considerada como um direito subjetivo do


autor perante o Estado de obter a prestação da atividade jurisdicional. Esse
direito é, portanto, público, uma vez que demanda a atuação estatal.
O direito de ação é um direito individual constitucionalmente garantido
junto com outros direitos referentes ao processo. Tais previsões se encontram
no Art. 5º, XXXV e LIV, da CRFB.
Levando em consideração a natureza jurídica e as características da ação,
pode-se conceituá-la como um direito autônomo de natureza abstrata e ins-
trumental, já que objetiva solucionar pretensão de direito material, sendo,
assim, conexo a uma situação jurídica concreta.

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