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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAZONAS – CIESA

CURSO DE DIREITO
TEORIA GERAL DO PROCESSO

AS CONDIÇÕES DA AÇÃO

Manaus, AM
2008
CAIO TASSO GAMA SAMPAIO CALLADO

NINA CRUZ ANTONY HOAEGEN

Trabalho para complemento de nota da


matéria Teoria Geral do Processo.

Manaus, AM
2008
SUMÁRIO

1. CONDIÇÕES DA AÇÃO..............................................................................................................04
2. TEORIAS DA AÇÃO....................................................................................................................04
3.TEORIA CONCRETISTA...................................................................................................04
4.TEORIA ABSTRATA DA AÇÃO.......................................................................................04
5. TEORIA ECLÉTICA..........................................................................................................04
6. INTERESSE PROCESSUAL OU DE AGIR.................................................................................05
7. LEGITIMIDADE DAS PARTES...................................................................................................05
8. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO.................................................................................06
9. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO.............................................................................................06
CONDIÇÕES DA AÇÃO

Existem três condições de admissibilidade para instauração de uma ação: interesse


processual ou de agir, legitimidade das partes e possibilidade jurídica do pedido. Ação é o direito a
um pronunciamento do Estado, portanto, ação é um poder subjetivo processual provocando o
efetivo exercício da jurisdição, desde que presentes as condições da ação.
As condições da ação não são requisitos para existência de uma ação, nem mesmo no âmbito
processual. São requisitos estabelecidos para o exercício regular da ação, pois, se não preenchidos,
impedem a condução do processo para a avaliação do mérito.
Como acentua Kazuo Watanabe, "São razões de economia processual que determinam a
criação de técnicas processuais que permitam o julgamento antecipado, sem a prática de atos
processuais inteiramente inúteis ao julgamento da causa. As condições da ação nada mais
constituem que técnica processual instituída para a consecução deste objetivo".
As condições da ação se encontra respaldado em mais dois outros princípios: o princípio da
inadmissibilidade das demandas inviáveis, que caracterizaria o vício conhecido por inépcia do
libelo; e o princípio do saneamento do processo, objetivando impedir que se realize a audiência de
instrução e julgamento sem que haja certeza, ou probabilidade, de ser proferida decisão sobre o
mérito.
Portanto, mesmo que exista a ausência de uma condição da ação, haverá atividade
jurisdicional pois além do direito a um julgamento da lide, todos possuem o direito a uma decisão
sobre a possibilidade de ser decidida a própria lide.

TEORIAS DA AÇÃO

Existem algumas teorias desenvolvidas pela doutrina processualista, cujos fundamentos


teriam norteado a elaboração do Código de Processo Civil, quais sejam, a teoria do direito concreto
de ação, a teoria abstrata e a teoria eclética.

TEORIA CONCRETISTA

Esta teoria é também chamada de Teoria Concretista e foi desenvolvida por Adolf Wach.
Segundo esta corrente doutrinária, o direito de ação consistiria no direito a um provimento
jurisdicional favorável. Nas palavras de Alexandre Câmara, "defendem seus adeptos que a ação
seria o direito de se obter em juízo uma sentença favorável". Desta forma, somente a decisão que
reconhecesse ser o autor detentor do direito material que alegou ter em sua demanda denunciaria o
legítimo exercício do direito de ação.

A doutrina formula questionamentos que o conceito concretista de ação não é capaz de


responder, como, por exemplo, a questão da improcedência da ação, pois se o direito de ação
somente seria exercido quando se alcança um provimento favorável, o que teria impulsionado a
atividade do juiz quando este não acolhe a pretensão deduzida em juízo?

TEORIA ABSTRATA DA AÇÃO

Também chamada de Teoria do Direito Abstrato de Agir, cujos adeptos defendem que o
direito de ação seria o direito a um provimento jurisdicional, independente do seu resultado. Nesse
diapasão, seus seguidores conceituam o direito de ação como o direito a um provimento
jurisdicional, o direito de provocar a intervenção do Poder Judiciário, implementando e efetivando a
heterocomposição dos conflitos de interesses. Para o desenvolvimento do estudo aqui proposto,
adotaremos a Teoria Abstrata do Direito de Ação.

TEORIA ECLÉTICA

Teoria desenvolvida por Liebman e adotada pelo nosso Código de Processo Civil. Na mesma
esteira de raciocínio da Teoria Abstrata, a Teoria Eclética desvincula o direito de ação da existência
de um direito material ou da obtenção de um provimento favorável. Outrossim, restringe o direito
de ação a existência de algumas condições, as chamadas condições da ação, cuja ausência
implicaria a extinção do feito sem exame do meritum causae.

INTERESSE PROCESSUAL OU DE AGIR

O interesse de agir é a possibilidade de um dano injusto sem a pronta intervenção estatal. É a


relação existente entre um bem da vida e sua satisfação em favor do sujeito. Nessas situações em
que pedem a intervenção judicial, a fim de se evitar que um dos sujeitos sofra um prejuízo – tendo
em vista a impossibilidade da autodefesa –, é que caracteriza o interesse de agir, balizador da
máxima em que “a função jurisdicional não pode ser movimentada sem que haja um motivo”.
Alguns interesses de agir são obrigatórios por lei como nos casos de separação e divórcio ou
em outros casos quando o réu se recusa a efetuar pagamento de dívidas, resultantes de um contrato,
no dia do vencimento.
Uma questão que deve ser observada quanto ao interesse de agir é o que diz respeito às
ações preventivas, em que a simples ameaça de lesão constitui-se em motivo para a tutela
jurisdicional, uma vez que “todo aquele que tenha justo receio de ser molestado em seu direito pode
promover uma ação preventiva”, como no caso do credor que tem provas tanto da insolvência do
devedor e como da prática, por este, de atos fraudulentos, como a alienação de bens para fugir à
execução (fraude a credores), havendo, portanto, pleno interesse de agir, ainda que
preventivamente.
Deve-se observar que esse interesse não se confunde com o interesse processual, pois este se
dirige à atividade jurisdicional e aquele ao bem da vida.

O interesse processual é o interesse de agir do titular de direitos. Se houver propositura


inadequada então haverá nulidade da ação e o resultado final não será alcançado. Portanto, cada
espécie de ação enseja um específico interesse de agir ou processual. É composto do binômio
necessidade e utilidade e sem eles não haverá tutela jurisdicional do Estado de direito. Alguns
autores falam em adequação no lugar de utilidade, no que tange ao interesse processual, o que não
concordamos. O termo utilidade é mais amplo e pode ter até um sentido de moralidade que é
intrínseco do ser e, por isso, tem que necessitar da via judicial e esta tem que resultar numa
providência mais útil do que aquela que obteria com o uso da autodefesa
Por fim, O artigo 295 do Código de Processo Civil assim se pronuncia "pois até mesmo
quando desatendido de plano e liminarmente ele o exerceu" mostrando que o autor tem sempre o
direito de invocar a tutela jurisdicional para exercer seu direito de ação.

LEGITIMIDADE DAS PARTES

No sistema do CPC, o autor é o polo ativo, é aquele que se diz titular de direitos e requer
proteção da justiça, ao passo que o réu, é o polo passivo, aquele a quem caiba cumprir obrigações
decorrente do pedido ou objeto da ação. O artigo sexto do CPC, o autor deve ser o titular da
situação jurídica afirmada em juízo e a outra parte legítima no processo, o réu, é preciso que haja
relação de sujeição à pretensão do autor.
Forma-se a relação jurídica processual entre autor e Juiz, de forma angular, com a
propositura da demanda. No entanto, esta somente se completa quando o réu integra a lide, após ser
citado, formando, assim, a figura triangular da relação jurídica processual, já que entre autor e réu
existe o dever de boa-fé e lealdade processual.
A relação jurídica processual deve ser composta pelas mesmas partes que compõem a
relação jurídica de direito material que originou a lide. Sendo assim, autor e réu devem ter uma
relação jurídica de direito material que os una para que sejam partes legítimas para integrarem a
relação jurídica processual. Outrossim, como exceção a esta regra tem-se os casos de legitimação
extraordinária previstos em lei, nos quais uma parte pleiteia, em nome próprio, direito alheio, a
exemplo dos casos de substituição processual, na forma do art. 8º, III, da Constituição Federal.
Existe também a chamada legitimação extraordinária, situação em que os sujeitos da lide
não são os sujeitos do processo, como por exemplo, o acionista majoritário que em nome próprio
pode demandar em favor da sociedade ou o marido que tem legitimidade para promover, em nome
próprio, ações em prol dos bens da mulher no regime dotal ou a legitimidade que possui o credor da
falência para promover, em favor da massa, ação revocatória de bens alienados no período suspeito.
Concluindo, a legitimidade é uma atribuição específica para agir concretamente, conferida
exclusivamente pelo direito objetivo aos titulares da lide, podendo, às vezes, ser conferido a outras
pessoas que não integram diretamente a relação jurídica afirmada em juízo.

Exemplificando temos que se A, como credor, requer o cumprimento de contrato


estabelecido por ele e B, como devedor, A será parte legítima como autor da ação ao passo que B
será parte legítima como réu da ação. Se, no entanto, A mover ação contra C que, por exemplo, é
sublocatário de B, C não será parte legítima para figurar como réu na ação.

POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO

Pressupõe por possibilidade jurídica que o pedido está previsto em lei é porque não é
vetado, o que não quer dizer que se não houver previsão legal o pedido seja considerado impossível,
pois o legislador, quanto a este assunto, vale-se do princípio da liberdade jurídica, em que é lícito
pedir se não há vedação legal.
Porém, o melhor entendimento seria o de que não existe pedido juridicamente impossível.
Pode haver, sim, uma pretensão deduzida em juízo que não tenha guarida no ordenamento jurídico,
o que equivale a dizer que o demandante não tem o direito material alegado.Vale ressaltar que a
doutrina costuma tratar a possibilidade jurídica do pedido como uma das nuances do interesse de
agir. Neste sentido VICENTE GRECO FILHO, em seu Manual de Direito Processual Civil
Brasileiro, ao tratar da possibilidade jurídica do pedido:

“(…) Com efeito, se a lei condiciona a atividade jurisdicional a certa exigência


prévia, está, também, declarando que o interesse processual somente será
adequado se o autor cumprir tais encargos. Aliás, Liebman, na última edição do
Manuale de diritto processuale civile, não mais enumera a possibilidade jurídica
do pedido como condição da ação, ampliando, pois, o conceito de interesse
processual, especialmente na forma de interesse adequação, considerando como
falta de interesse aquelas hipóteses em que a outra parte da doutrina classifica
como de falta de possibilidade jurídica do pedido (…)”.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2004, Vol. I, 10ª
ed.

FILHO, Vicente Greco. Direito Processual Civil Brasileiro. São Paulo : Saraiva, 2003, 17ª ed., 1º vol.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004, Volume
III, 31ª ed.

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