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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

CURSO DE DIREITO

Thamires Gonçalves Monteiro

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS E CONDIÇÕES DA AÇÃO

Cabo Frio
2023
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Nome: Thamires Gonçalves Monteiro


Data: 30/06/2023
Disciplina: Teoria Geral do Processo
Professor: Luiz Carlos Secca
Trabalho: Pressupostos processuais e condições da ação

INTRODUÇÃO

Tendo em vista que, utilizando-se da garantia constitucional do acesso à justiça e o


direito de ação (art. 5°, inciso XXXV da CRFB/88), provoca a atividade jurisdicional do
Estado, retirando-o de sua inércia, faz nascer o processo.

O princípio da inércia que está assegurado pelo art. 2° da CPC, que fala sobre a
necessidade de iniciativa da parte na manifestação do seu direito de ação para então
haver o impulso oficial por parte do juiz, sendo também chamado como princípio da
demanda.
A análise processual tem que ter a identificação daquilo que a doutrina denomina de as
categorias fundamentais da ciência do processo: “pressupostos processuais”, “condições
da ação” e mérito.
O mérito se equipara com a res in iudicum deducta, que traz a relação jurídica do direito
material exposta na petição inicial.

Muito se discute sobre a distinção entre os pressupostos processuais e condições da ação


sejam aceitam pela unanimidade da doutrina pátria, tanto que acolhida pelo próprio
legislador, não se vê tanta concordância entre as doutrinas.
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Diante do exposto, podemos inferir que os pressupostos processuais não se confundem


com as condições da ação, pois estas são requisitos de eficácia, enquanto aqueles são
requisitos de validade do processo.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

O conceito dos pressupostos processuais tem origem na obra de Oskar Von Bülow, que
lhes deu autonomia. E suas concepções vem sendo repetidos e integrados pela doutrina
brasileira.
Büllow diz acerca dos pressupostos processuais como sendo as condições prévias para o
nascimento de toda a relação processual, ou seja, as condições de de existência legal da
relação de direito processual.

De acordo com Prof. Fredie Didier Jr, diz que os pressupostos de existência podemos
tratar como pressupostos de existência e requisitos de validades, juntas podemos dizer
que são pressupostos processuais. "Pressupostos processuais" é denominação que se
deveria reservar apenas aos pressupostos de existência. Ocorre que "pressupostos
processuais" é aspecto consagrada na doutrina, na lei (o inciso IV do art. 485 do CPC) e
na jurisprudência. É possível, assim, falar em "pressupostos processuais" lato sensu,
como essa expressão que engloba tanto os requisitos de validade como os pressupostos
processuais stricto sensu (somente aqueles concernentes à existência do processo). O
uso da expressão "pressupostos processuais" (entre aspas) indica referência aos
pressupostos processuais largamente considerados.
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Pressupostos Processuais de Existência

Em suma, como toda relação jurídica, estabelece a coexistência de elementos:


Subjetivos (sujeitos) e os Objetivos (fato jurídico e objeto).

O Subjetivo diz a respeito ao Juiz (investidura, competência e a imparcialidade) e ás


partes (capacidade de ser parte, capacidade de estar em juízo e capacidade postulatória).

O processo existe sem réu; para ele, porém, só terá eficácia, somente poderá produzir
alguma consequência jurídica, se for validamente citado (art. 312 do CPC).
Em relação a capacidade de ser parte, decorre da garantia da inafastabilidade do Poder
judiciário, prevista no inciso XXXV do art. 5° da CF/88.

 São pressupostos de existência subjetivos:

1. A capacidade de ser parte;


2. Órgão investido de jurisdição.
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Os elementos objetivos, por sua vez, se subdividem em positivos (petição inicial apta,
citação válida e regularidade procedimental) e negativos (litispendência, coisa julgada e
perempção), conforme prevê os art. 240 e 312 do CPC.

Já os requisitos de validade do processo surgem, então, o ato jurídico, a forma do ato


deve ser respeitada bem como os sujeitos (juiz e partes) hão de ser capazes e o
procedimento também.

O terceiro pressuposto processual é a existência de demanda, demanda é o ato de


provocar o poder judiciário com o ajuizamento da ação, por quem afirma ser titular do
direito material. Sem provocar a jurisdição não existe processo. Ao dirigir-se ao Poder
judiciário, o autor dá origem ao processo (art. 312 do CPC); a sua demanda delimita a
prestação jurisdicional, que tem o pedido e a causa de pedir como os elementos do seu
objeto litigioso. Se o ato inicial não trouxer pedido (art. 3 30, I, c/c §10, I, do CPC), o
caso é de extinção do processo por inadmissibilidade do procedimento, em razão de
defeito do ato inicial.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE VALIDADE (REQUISITOS


PROCESSUAIS DE VALIDADE)

Assim como os pressupostos de existência, os requisitos de validade podem ser


subjetivos e objetivos.

Os requisitos de validade subjetivo, também como o anterior, guardam relação com os


sujeitos que integram a relação jurídica processual (autor, réu e juiz).

 Em relação ao autor e ao réu, os pressupostos de validade subjetivos são:

1. Capacidade processual (legitimatio ad processum)


2. Capacidade postulatória;
3. Legitimidade “ad causam“;

 Capacidade Processual
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A capacidade processual (ou legitimatio ad processum) é a capacidade de exercício.


Trata-se de quem pode praticar atos processuais em nome próprio.
Sobre o tema, o art. 70 do CPC esclarece que “toda pessoa que se encontre no exercício
de seus direitos tem capacidade para estar em juízo“.
O menor, por exemplo, não pode, sozinho, praticar atos processuais em nome próprio.

 Capacidade postulatória

A capacidade postulatória está relacionada à parte ter um profissional habilitado para


postular em juízo. Esse profissional pode ser o advogado devidamente inscrito na OAB,
os procuradores judiciais, os promotores e procuradores de justiça, os defensores
públicos. Há casos em que a lei confere tal capacidade à própria parte, sem a
necessidade de ter habilitação profissional para postular em juízo, como nos casos dos
Juizados Especiais Estaduais, em causas até 20 salários mínimos, Juizados Especiais
Federais, Justiça do Trabalho, habeas corpus, alguns dos legitimados para as ações de
constitucionalidade e inconstitucionalidade.

 Legitimidade “ad causam”.

A legitimidade ad causam é requisito de admissibilidade subjetivo relacionado às partes


de uma demanda, ao passo que o interesse de agir consiste em requisito objetivo
extrínseco positivo. Pode-se conceituar a legitimidade como a pertinência subjetiva da
ação.
Há de existir um vínculo entre os sujeitos da demanda e a situação jurídica afirmada.
A legitimidade, aqui, poderá ser:
1. Ordinária: exercida em nome próprio e defendendo interesse próprio;
2. Extraordinária: exercida em nome próprio, porém defendendo interesse alheio.
Fala-se, aqui, em substituição processual.
A legitimidade extraordinária depende de lei ou de negócio jurídico processual.

 Em relação ao juiz, por sua vez, são requisitos de validade subjetivos:


1. Competência;
2. Imparcialidade.

 Competência do juiz
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A competência do juiz traz o princípio do juiz natural, (art. 5°, inciso LII da CF/88). A
doutrina diverge com relação à competência relativa, se seria ou não pressuposto
processual de validade, já que ela pode ser convalidada e, nesse caso, não geraria
nulidade (art. 65 do CPC). Por outro lado, a incompetência absoluta é causa de nulidade
dos atos decisórios, podendo ensejar até mesmo o ajuizamento de ação rescisória (arts.
64, § 1º e 966, II do CPC).

 Imparcialidade do juiz

Sobre a imparcialidade do juiz também é assegurado no princípio do juiz natural, que


busca garantir a imparcialidade e a independência do Poder Judiciário. (art. 5°, inciso
XXXVII da CF/88).

O Juiz é sujeito processual imparcial, não podendo defender, favorecer ou tender sua
decisão para determinada parte. Para preservar esse requisito é defeso ao juiz exercer
suas funções nos casos de impedimento (art. 144 do CPC) e nos de suspeição (art. 145
do CPC). O juiz parcial deve abster-se de funcionar no processo quando impedido, ou
declarar-se suspeito nos casos de suspeição, podendo a parte arguir nos próprios autos o
impedimento ou a suspeição do juiz (art. 146 do CPC).

 Quanto aos requisitos processuais de validade objetivos podem ser:

1. Extrínsecos (dentro do processo);


2. Intrínsecos (fora do processo);

1. Requisitos de validade objetivos extrínsecos

Os requisitos processuais de validade extrínsecos, por sua vez, podem ser:


Positivos, quando precisam existir para o processo ser válido;
Negativos, quando NÃO podem existir para o processo ser válido;
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Objetivos extrínsecos possuem os requisitos negativos, ou seja, de inexistência de


determinadas situações para que o processo não sofra vício de validade. Esses
requisitos são analisados fora da relação processual e são matérias preliminares ao
mérito.

As situações que não devem existir como requisitos de validade do processo são:
perempção; litispendência; coisa julgada material; convenção de arbitragem;

 Inexistência de perempção

Perempção é a perda do direito de o autor ajuizar novamente a mesma ação, por já ter
dado causa a extinção do processo por três vezes, sem julgamento do mérito, em
decorrência de abandono por mais de trinta dias (arts. 485, V e 486, § 3º do CPC).

É importante destacar que ocorre a preempção quando a parte deixa o processo


extinguir, por três vezes, pelo abandono da causa.

 Inexistência de litispendência

Há litispendência quando se reproduz ação já ajuizada, ainda em andamento, com as


mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido (art. 337, VI, §§ 1º e 3º do
CPC).

 Inexistência de coisa julgada material

Há coisa julgada material quando se reproduz ação já ajuizada, com as mesmas partes, a
mesma causa de pedir e o mesmo pedido, mas que já teve sentença da qual não é mais
possível recorrer (art. 337, VII, §§ 1º e 4º do CPC).

 Inexistência de convenção de arbitragem


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Convenção de arbitragem é a opção que as pessoas, capazes de contratar, fazem para


resolver o litígio fora da esfera judicial, por meio de árbitro (art. 851 do CC; art. 42 do
CPC, e Lei 9.307/96).

Também a classificação dos requisitos processual de validade objetivos positivos em


relação ao interesse de agir. O interesse de agir é requisito processual que deve ser
examinado em duas dimensões: Necessidade e Utilidade da tutela jurisdicional.

Há quem acrescente, ainda, uma terceira dimensão: a "adequação do remédio


judicial ou procedimento" como elemento necessário à configuração do
interesse de agir. Não se adota essa posição, pois procedimento é dado estranho
à análise da demanda e, ademais, eventual equívoco na escolha do
procedimento é sempre sanável'', o que não é possível nos casos de falta de
utilidade ou de necessidade.

O interesse de agir é um requisito processual extrínseco positivo: é fato que deve existir
para que a instauração do processo se dê validamente. Se por acaso faltar interesse de
agir, o pedido não será examinado. Ambas as dimensões devem ser examinadas à luz da
situação jurídica litigiosa submetida a juízo - especificamente, ao menos no caso da
necessidade, na causa de pedir remota

Também é importante lembrar que a convenção de arbitragem, embora


pressuposto de validade, não pode ser reconhecida de ofício.

2. Requisitos de validade objetivos intrínsecos

Ao contrário dos extrínsecos, são analisados dentro da relação jurídica processual e


deverão estar presentes para que não haja vício nessa relação.
Os requisitos intrínsecos de validade podem ser reunidos sob a seguinte rubrica: respeito
ao formalismo processual.

Considera-se formalismo processual a totalidade formal do processo, "compreendendo


não só a forma, ou as formalidades, mas especialmente a delimitação dos poderes,
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faculdades e deveres dos sujeitos processuais, coordenação da sua atividade, ordenação


do procedimento e organização do processo, com vistas a que sejam atingidas as suas
finalidades primordiais".

De acordo com o pensamento de Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, podem ser citadas
algumas funções do formalismo processual:
a) indicar as fronteiras para o começo e o fim do processo) circunscrever o
material processual que poderá ser formado; c) estabelecer dentro de quais
limites devem cooperar e agir as pessoas atuantes no processo para o seu
desenvolvimento; d) emprestar previsibilidade ao procedimento; e) disciplinar o
poder do juiz, atuando como garantia de liberdade contra o arbítrio dos órgãos
que exercem o poder do Estado, pois "a realização do procedi mento deixada ao
simples querer do juiz, de acordo com as necessidades do caso concreto,
acarretaria a possibilidade de desequilíbrio entre o poder judicial e o direito das
partes;" f) controle dos eventuais excessos de uma parte em face da outra,
atuando por conseguinte como poderoso fator de igualação (pelo menos formal)
dos contendores entre si, seja no plano normativo, impondo uma distribuição
equilibrada dos poderes das partes, seja no plano de fato, impondo a paridade de
armas, garantindo o exercício bilateral dos direitos; 3) formação e valorização
do material fático de importância para a decisão da causa; e, ainda,
h) determinar como, quando e quais os julgados podem adquirir a
imutabilidade característica da coisa julgada.

CONDIÇÕES DA AÇÃO

Condições da ação são requisitos processuais eficazes para o regular trâmite processual
e eventual julgamento do mérito. Diante a ausência de qualquer uma das condições da
ação, teremos a carência da ação, causa de extinção do processo sem julgamento de
mérito. No entanto, essa regra foi e vem sendo discutida pela teoria da asserção.

No que tange a condições da ação é constituído por três elementos, quais seja: a
legitimidade de parte, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido.
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Legitimidade ad causam é a relação de pertinência subjetiva da ação, ou seja, conflito


trazido a juízo e a qualidade explicada em lei que autoriza o sujeito (autor) a recorrer a
tutela jurisdicional.

A legitimidade Ad causam poderá ser de duas espécies, vejamos:

Legitimidade Ordinária: quando a parte é o titular do direito, defende ou buscam seu


próprio direito.

Legitimidade Extraordinária: ocorre quando o a lei traz expressamente a autorização


de terceiros para atuar em nome próprio sobre direito de outrem em juízo, assim é
chamada de Substituição Processual.

Para entendimento do interesse de agir (art. 3º do CPC/73), devemos abranger o


conceito em duas acepções:

· Necessidade ou Utilidade da Ação: traduz a ideia que a prestação jurisdicional deve


ser um meio hábil para a solução da lide, ou seja, o processo deve ser o procedimento
necessário e útil para a obtenção do bem da vida almejado pela parte;

· Adequação da Ação: O procedimento usado pelo autor deve ser o adequado, ou seja,
compreende-se que o autor deve escolher a via processual adequada aos fins que almeja.

Parte da doutrina critica esta última acepção do interesse de agir, vez que, nas palavras
de Fredie Didier Jr.

“O procedimento é a espinha dorsal da relação jurídica processual. O


processo, em seu aspecto formal, é procedimento. O exame da
adequação do procedimento é um exame de sua validade. Nada diz
respeito ao exercício do direito de ação.
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“Não há erro na escolha do procedimento que não possa ser corrigido,


por mais discrepantes que sejam o procedimento indevidamente
escolhido e aquele que se reputa correto. Um exemplo talvez sirva para
expor o problema: se o caso não é de mandado de segurança, pode o
magistrado determinar a emenda da petição inicial, para que o autor
providencie a adequação do instrumento da demanda ao procedimento
correto. Não existisse o inciso V do art. 295, que expressamente
determina uma postura do magistrado no sentido aqui apontado,
sobraria a regra da instrumentalidade das formas, prevista nos arts. 244
e 250 do CPC, que impõe o aproveitamento dos atos processuais,
quando houver erro de forma. ”

Nesse modo, podemos conceituar interesse de agir como o binômio


necessidade/adequação.

A possibilidade jurídica do pedido, é a pretensão do autor que deve ser legal, ou seja,
não deve ser tapada pelo ordenamento jurídico. Todo pedido ilegal é juridicamente
dificílimo de ser apreciado pelo o Poder Judiciário. Além disso, o pedido deve ser
perfeitamente possível concedê-lo no plano fático. Assim sendo o pedido deve ser licito
e faticamente possível para que haja a possibilidade jurídica do pedido.

Teoria Eclética da Ação e suas controvérsias

Cumpre-se destacar inicialmente que embora expressamente prevista no Código de


Processo Civil de 1973 as condições da ação nunca foram matéria doutrinamento
pacifica ou unânime.

As condições da ação são invenção de uma teoria começada por Liebman que informa
todo o CPC de 1973: a Teoria Eclética da Ação.
Considera que para o exercício regular do direito de ação, é imprescindível o
preenchimento dos requisitos (legitimidade ad causam, interesse de agir e possibilidade
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jurídica do pedido), que alinhariam a categoria denominada “condições da ação”. Não


preenchidas estas condições, estaríamos diante da carência da ação.

Ocorre que na realidade processual, se constata que o magistrado não consegue analisar
um juízo específico das condições da ação, recaindo, portanto em um juízo de
admissibilidade e um juízo de mérito. Dessa forma, tem-se que as condições da ação ou
seriam questões de admissibilidade ou questões de mérito.
Diante das circunstâncias, duas correntes se formaram:

A primeira corrente é a Teoria da Apresentação, conduzida por Cândido Rangel


Dinamarca.

Sustenta, na linha do disposto no § 3º, artigo 267, CPC:

“O juiz conhecerá a qualquer tempo ou grau de jurisdição, enquanto não


proferida sentença de mérito, as matérias constantes nos incisos VI (...)”.
O inciso VI, por sua vez, trata justamente da extinção do processo sem
resolução de mérito por ausência de “possibilidade jurídica, a legitimidade das
partes e o interesse processual”.

A segunda corrente chamada Teoria da Asserção, abrange o momento e os efeitos do


reconhecimento de ausência de qualquer das condições da ação.

Inicialmente, o magistrado analisará, abstratamente, a presença das condições da ação


na fase postulatória. Caso constate a ausência de qualquer uma delas, extinguirá o feito
sem resolução de mérito, nos termos do artigo 267, VI, CPC.

Todavia, se a ausência de uma das condições da ação for constatada após o início da
fase instrutória, extinguirá o feito com resolução do mérito, julgando improcedente o
pedido.

Como podemos imaginar, os efeitos de tais decisões são absolutamente distintos. Tendo
no primeiro caso a carência da ação, permitindo-se sua propositura novamente, não
sendo apta, tal decisão, a gerar coisa julgada. O oposto ocorre no segundo caso.
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Estaremos diante sentença que soluciona o mérito, apta, portanto, à coisa julgada. Do
mesmo modo, incabível a propositura da ação novamente, devendo o autor
inconformado perseguir a procedência de sua demanda pelas vias recursais.

Parece-nos, de fato que correta seria a aplicação da Teoria da Asserção, inclusive por
privilegiar os princípios da efetividade e da celeridade.
Contudo, verifica-se que com a criação do novo Código de Processo Civil, tal teoria
perdeu a razão de ser.

O Código de Processo Civil de 2015 extinguiu, como categoria, as condições da ação.


Nota-se, portanto, que o instituto foi extinto, mas seus requisitos permaneceram
intactos, tendo sofrido, contudo, um deslocamento.

Levando em conta o fato de que o magistrado realiza dois juízos (de admissibilidade e
mérito), o novo CPC buscou distinguir os elementos integrantes das condições da ação
separando-os em pressupostos processuais (relativos ao juízo de admissibilidade da
ação) e como questão de mérito.

O artigo 17 do NCPC 2015 dispõe: “Para postular em juízo é necessário ter interesse e
legitimidade”. Assim, o interesse de agir e a legitimidade ad causam começaram a ser
tratados como pressuposto processuais.
Dessa forma, o juiz ao receber a inicial, deve averiguar se encontram ausentes interesse
de agir ou legitimidade ad causam, verificado indeferirá a petição inicial. Nesse sentido:
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:

(..)

II - A parte for manifestamente ilegítima;

III - o autor carecer de interesse processual;

Será decretada a carência da ação, caso for verificado a ausência de um desses


pressupostos após a fase postulatória.
Afirma o art. 485. CPC 2015:
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Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


(...)

VI - Verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

A possibilidade jurídica do pedido, por sua vez, passou a ser estimada questão de
mérito. De fato, nada mais coerente quando a parte oferece demanda de manifesta
impossibilidade jurídica, por certo não se abordaria de carência da ação, mas sim de
uma verdadeira improcedência do pedido, solucionando, assim, o mérito.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - Acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

Em suma, tem-se que, no CPC atual, o assunto “condições da ação” desaparece, a


ausência de “possibilidade jurídica” do pedido passa a ser examinada como hipóteses de
improcedência liminar do pedido, em capítulo próprio e legitimidade ad causam e
interesse de agir passam a ser estudados no capítulo sobre pressupostos processuais.

Referências Bibliográficas:

DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol. I, ed. 11. Ed. Juspodivm.
JÚNIOR, Humberto Theodoro - Curso de Direito Processual Civil Vol. I. 60ª. Rio de
Janeiro: Forense, 2019.
BÜLOW, Oskar Von. La Teoria das Excepciones Procesales y Presupuestos Procesales.
Buenos Aires: EJEA, 1964.
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; PELLEGRINI, Ada Grinover; RANGEL, Cândido
Dinamarco. Teoria Geral do Processo. — 30. ed. — São Paulo: Malheiros Editores,
2014, p. 313.
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DIDIER JR., Fredie. Reconstruindo a Teoria Geral do Processo. — 1. ed. — Salvador:


Ed. Jus Podivm, 2012.
JARDIM, Eduardo. A cidadania e o devido processo legal: Os Pressupostos
Processuais e as Condições da Ação. 1. ed. Minas Gerais: Editora, Ano da Publicação.
109 p. ISBN revista jurídica unijus.

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