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1. PRELIMINARES
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Pode, por isso, ser proposta tanto pelo Ministério Público, quanto pela
União, Estados, Municípios, autarquias, dentre outros, como genuíno instrumento
participativo da sociedade civil, por associações privadas, desde que constituídas há
pelo menos um ano e que seus estatutos prevejam como finalidade institucional a
proteção ao direito coletivo lesado.
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prevê o cabimento de ações coletivas para salvaguardar direitos ou
interesses individuais homogêneos, que são, segundo o Supremo Tribunal
Federal, subespécies de direitos coletivos (RE – 163.231-3/SP, Tribunal
Pleno, Relator Ministro Maurício Corrêa, DJ de 29.06.2001) e decorrem de
uma origem comum.
No Direito do Trabalho, a referida ação coletiva é um mecanismo de
proteção dos direitos sociais constitucionalmente garantidos e, uma vez
verificada a lesão ou ameaça de lesão a direito difuso, coletivo ou
individual homogêneo decorrente da relação de trabalho, será cabível a ação
civil pública na esfera trabalhista.
Quanto à legitimidade para a propositura da ação civil pública no
âmbito trabalhista, tem-se que as associações, assim como no âmbito
civil, também estão legitimadas, desde que possuam, dentre seus fins
sociais, a defesa dos direitos de seus associados, registrando-se a
incompatibilidade, in casu, entre os interesses dos sindicato e os dos
substituídos.
Recurso de Revista não conhecido.” (Ministro Relator: Vantuil
Abdala, 2ª Turma, DJ 15.08.08) (g. n.)
A lei 7.347/85, que disciplina a ação civil pública, em seu artigo 5º,
prevê a legitimidade das associações para propô-la, nos seguintes termos:
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Com o advento da Lei n.º 8078/90 – Código de Defesa do Consumidor
-, as associações passaram a constar do rol de legitimados para ajuizar ação civil pública,
consoante se verifica do seu artigo 82, inciso IV:
“Art. 82
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e
que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos
protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear”.
A presente ação civil pública visa a tutela dos direitos coletivos dos
empregados aposentados e aposentáveis da ECT para reconhecimento do direito à Lei
8.529/92 de todos os empregados que tenham sido integrados nos quadros daquela
empresa até 31.12.1976.
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Esta referida lei trouxe aos aposentados e aposentáveis da ECT a
complementação de aposentadoria devida pela União e paga pelo INSS, nos moldes
definidos pelos artigos 1º e 2º da Lei 8.529/92, senão vejamos:
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Assim, é de responsabilidade da ECT o repasse das informações da
remuneração da ativa dos empregados para a União, a fim de que seja garantida a
equiparação de ativos e inativos.
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fiscalização das relações de trabalho; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
VIII a execução, de ofício, das
contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX outras controvérsias decorrentes da
relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)”
“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR
PÚBLICO. VÍNCULO CELETISTA. APOSENTADORIA.
INCORPORAÇÃO DE GRATIFICAÇÃO. ORIGEM
TRABALHISTA DO EVENTUAL DIREITO. COMPETÊNCIA
DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
1. O simples fato de o requerente encontrar-se
aposentado não retira o caráter eminentemente trabalhista da
incorporação pleiteada, sendo a incidência sobre a aposentadoria
mero reflexo da declaração de incorporação eventualmente
reconhecida em sede trabalhista.
2. Considerando que a relação litigiosa possui
origem em um contrato individual de trabalho, impõe-se a
incidência da norma constante do art. 114 da Constituição da
República, mormente após a publicação da Emenda Constitucional
nº 45, que ampliou a competência da Justiça do Trabalho.(...) (STJ
- Conflito de Competência n.º 41625/MG; Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima; DJU 27.06.05).
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“DIREITO CONSTITUCIONAL.
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. JURISDIÇÃO.
COMPETÊNCIA. COMPLEMENTAÇÃO DE PENSÃO OU DE
PROVENTOS DE APOSENTADORIA. QUANDO
DECORRENTE DO CONTRATO DE TRABALHO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO: (...) Se o servidor veio a aposentar-se sob o
regime da CLT, compete para julgar as questões relativas à
complementação de aposentadoria é a Justiça do Trabalho” (STF,
1ª Turma, RE 135.937-4/SP, 26.08.94)
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Vale trazer à baila entendimentos do TST sobre o assunto:
COMPETÊNCIA TERRITORIAL PARA
JULGAR A AÇÃO CIVIL PÚBLICA QUE ENVOLVE
MATÉRIA DE ÂMBITO SUPRA-REGIONAL. Em se tratando
de ação civil pública, a competência territorial é fixada levando-se
em conta a extensão do dano causado ou a ser reparado, pautando-
se pela incidência analógica do artigo 93 do Código de Defesa do
Consumidor. Como no caso a extensão do dano teria âmbito supra-
regional, pois não atingiria apenas os fumicultores de Santa
Catarina, mas também todos os demais trabalhadores do estado do
Paraná e do Rio Grande do Sul, a competência é de uma das
Varas do Trabalho do Distrito Federal. Neste sentido a
Orientação Jurisprudencial nº 130 da SBDI-2 do TST.
Oportuno ressaltar, por relevante, que em razão dos conflitos
de competência suscitados pelos Juízes das 18ª Vara do
Trabalho de Curitiba, 16ª Vara do Trabalho de Brasília e 6ª
Vara do Trabalho de Brasília, a Egrégia SBDI-2 deste Colendo
Tribunal Superior, em voto de minha relatoria (CC-2022426-
69.2008.5.00.0000), decidiu pela incidência da Orientação
Jurisprudencial nº 130 da SBDI-2 do TST, bem como pela
conexão das ações, definindo a competência da 6ª Vara do
Trabalho de Brasília para processar e julgar todas as ações
públicas vinculadas a tal decisão. Recurso de revista conhecido e
provido. (Processo: RR - 921300-83.2007.5.12.0035 Data de
Julgamento: 28/04/2010, Relator Ministro: Renato de Lacerda
Paiva, 2ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 28/05/2010)
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ajuizamento da ação, como de fato ocorreu. Recurso de revista
conhecido e não provido. (Processo: RR - 206000-
90.2000.5.01.0321 Data de Julgamento: 11/02/2009, Relator
Ministro: Carlos Alberto Reis de Paula, 3ª Turma, Data de
Divulgação: DEJT 20/03/2009)
2. DOS FATOS
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“Art. 1º. O Departamento dos Correios e
Telégrafos (DCT) fica transformado em empresa pública, vinculada
ao Ministério das Comunicações, com a denominação de Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); nos termos do art. 5º,
item II, do Decreto Lei n.º 200, de 25 de fevereiro de 1967.”
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Art. 1º Os funcionários públicos de órgão da
Administração Federal Direta e Autarquias que se transformaram
ou venham a transformar-se em sociedades de economia mista,
empresas públicas ou fundações poderão ser integrados, mediante
opção, nos quadro de pessoal dessas entidades.
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Autarquias Federais, na conformidade das normas legais e
regulamentares pertinentes.
No entanto, apesar do fato gerador ter sido o mesmo para as Leis n.º
8.286/91 (Lei de complementação de aposentadoria dos Ferroviários) e Lei n.º 8.529/92
(Lei de complementação de aposentadoria dos empregados do extinto DCT), a
conseqüência jurídica foi distinta, gerando enormes prejuízos à centenas de aposentados e
aposentáveis da ECT, como adiante se demonstrará.
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daqueles funcionários que estavam sob o regime da Lei n° 1.711/52, para laborarem,
desde então, sob o regime da CLT, e a sistematização dos servidores celetistas, para
que passassem a contribuir juntamente com os estatutários para o INPS, de forma a
que ambos - celetistas e ex-estatutários - ficassem protegidos e sob o mesmo sistema
de recolhimento de contribuições previdenciárias, situação que perdura até hoje.
Desta forma, feita a opção, ficaram todos sob o efeito da mesma
norma, qual seja, a legislação trabalhista, e daquele momento em diante extinguiu-se
a única distinção que havia entre eles, posto que passaram a trabalhar sob o mesmo
regime, e, da mesma forma que antes, sem qualquer distinção, seja nos salários, seja
nos recolhimentos previdenciários. Esta situação só se modificou em um único ponto
em 1992, quando aqueles que já haviam sido beneficiados na forma de contratação,
agora também o foram na forma de aposentação.
Assim, a partir da edição da Lei 8.529/92, foi corrigida grave injustiça
com relação a estes ex-servidores públicos, tendo lhes sido concedida a complementação
do valor da aposentadoria, ou seja, aposentadoria integral. Todavia, face a uma
interpretação míope do texto legal, alijou-se parte destes servidores. Observe-se que
como a Lei foi editada PARA OS EMPREGADOS admitidos até 31/12/1976, não faz
qualquer sentido conceder a complementação aos ex-estatutários, e negar aos celetistas.
Note-se ainda que de 1969 até 1976, TODOS OS QUE FORAM
ADMITIDOS o foram COMO CELETISTAS. Assim, é evidente que a Lei nº 8529/92
os protegeu, já que a conversão dos antigos estatutários ocorreu em 1974.
Consequentemente, TODOS, de 1974 a 1976, data limite do direito de complementação
previsto no art. 1º da Lei, foram admitidos e integrados na Empresa como
CELETISTAS. Porque então a data limite de 31.12.76, haja visto que a Lei não contém
palavras inúteis, que dirá de prazos inúteis???
Fosse diferente, o art. 1º da Lei 8.529/92 não teria posto a data de
31/12/1976, já que após 1974, ocorrida a conversão do sistema, TODOS OS
ADMITIDOS ERAM CELETISTAS.
O respectivo diploma estabelece, em seu primeiro dispositivo legal, o
norte a delinear os imperativos da Lei Federal:
“Art. 1º. É garantida a complementação da
aposentadoria, paga na forma prevista pela Lei Orgânica da
Previdência Social – LOPS, AOS EMPREGADOS da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT QUE TENHAM SIDO
INTEGRADOS NO SEUS QUADROS ATÉ 31 DE DEZEMBRO
DE 1976” (grifos nossos).
Assim, está delimitado o campo de aplicação, cujo requisito único
deve ser o ingresso na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT -, na condição
de empregado, até 31 de dezembro de 1976.
A disposição legal é cristalina: impõe ao regramento complementar,
dada a sujeição relativa à legislação previdenciária, o direito aos empregados que estejam
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aposentados, eis que o tema trata de complementação de aposentadoria. Observe-se que a
lei refere-se a “EMPREGADOS” termo de uso exclusivo para aqueles regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho, ou seja, CELETISTAS.
Portanto, o dispositivo definidor da norma complementar fixa o direito
a tal complementação para os “empregados”, sem distinção, figurando como único
requisito a data de integração nos quadros da empresa.
No caso dos substituídos da Reclamante, viu-se através da cópia de
suas Carteiras Profissionais e outros documentos que estão vinculados à empresa desde
muito antes de 31.12.1976, e, aliado ao tempo de serviço anterior ao ingresso na ECT,
portanto, gozam do direito à aposentadoria pelo INSS, E, OBVIAMENTE, DO DIREITO
À COMPLEMENTAÇÃO paga pela UNIÃO FEDERAL nos termos do art. 1º e 4º da Lei
8.529/92.
Cabe observar que as contradições na aplicação da norma apontada
são inúmeras, cujas análises hão de ser feitas para perfeita interpretação do texto no seu
inteiro teor.
Cumpre salientar, também, que a própria Lei estabelece três situações
diferentes, mas correlatas, para a concessão do direito, sendo que o caso dos substituídos
da Reclamante se enquadra não só no art. 1º, como também no art. 4º do referido diploma
legal, senão vejamos:
Situação 1 – “Art. 1º - É garantida a complementação da
aposentadoria, paga na forma prevista pela Lei Orgânica da Previdência Social
– LOPS, aos empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos –
ECT que tenham sido integrados nos seus quadros até 31 de dezembro de
1976.”
Situação 2 – “Art. 3.º - Os efeitos desta Lei alcançam,
também, os ex-empregados da ECT que já se encontram na inatividade mas
optaram pela integração nos seus quadros, sob o regime da Consolidação das
Leis do Trabalho – CLT, até 31 de dezembro de 1975.”
Situação 3 – “Art. 4.º - Constitui requisito essencial para a
concessão da complementação de que trata esta Lei a condição de empregado
da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, integrado nos seus
quadros com base na Lei nº 6.184, de 11 de dezembro de 1974, e originário do
extinto Departamento de Correios e Telégrafos.”
Como na realidade cada artigo apresenta uma formação e um
requisito, além de abranger um universo diferente de destinatários, não há que se inquinar
a prevalência de um sobre o outro e, se assim fosse, seria sempre dominante o art. 1.º
sobre os demais, dada circunstância relativa à sistematização legal.
Como o disposto no art. 1º é de natureza específica, há que se fazer
uma pequena interpretação e complementação com o art. 4º, que impõe os requisitos não
manifestados pelo artigo anterior (art. 1º), o qual é prevalente por ser o mais abrangente,
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e na ordem legislativa colocado como o primeiro artigo para nortear o alcance TOTAL da
lei.
O art. 1º estabelece a complementação para TODOS OS
EMPREGADOS integrados no quadro da ECT, aposentados pela Previdência Social,
vez que todos a partir de 1967, data do último concurso, passaram a ser celetistas, ou seja,
defere a complementação para todos os trabalhadores celetistas da Empresa que,
aposentando-se, terão direito à complementação, desde que o ingresso na ECT –
empregadora – tenha ocorrido até 31 de dezembro de 1976. Este artigo primeiro é
amplo, e atinge um universo superior ao abrangido pelos arts. 3º e 4º da referida Lei.
Por outro lado, o art. 3o nos dá a indicação que os mesmos direitos
foram assegurados aos beneficiários do INSS, aposentados anteriormente à Lei em
tela, o qual gozarão do direito, repise-se, independentemente da situação de ex-
estatutários ou celetistas, mas desde que hajam optado pela integração ao quadro da
empresa até 31 de dezembro de 1975, ou seja, limite temporal inferior ao previsto no art.
1º, porém superior ao previsto no art. 4º da Lei 8.529/92.
Já o art. 4º atinge outro universo, qual seja, os antigos servidores do
DCT, integrados no quadro da Empresa ECT por força dos arts. 1o e 6o da Lei 6.184/74.
Esse grupo abrange os antigos estatutários e os celetistas (“agregados” daquela época) e
tem como data limite a publicação da Lei 6.184, de 11 de dezembro de 1974. Todavia, a
ECT e a União vêm aplicando incorretamente esse dispositivo por entender,
erroneamente, estar esse universo restrito aos ex-estatutários, fazendo assim “tábula rasa”
dos dispositivos que expressamente englobaram os celetistas-agregados do quadro do
antigo Departamento de Correios e Telégrafos.
Assim, percebe-se que há clara redação legal dispondo sobre as
distinções para cada situação relativa aos empregados que, regidos pelo sistema
abrangente da LOPS, terão direito a complementação, desde que TODOS tenham sidos
admitidos até 31 de dezembro de 1976, prazo final e limite do direito ao benefício
legal da complementação das aposentadorias previdenciárias.
Aqueles aposentados (art. 3º), antes da vigência da Lei em foco –
8.529/92, terão direito à complementação uma vez que tenham optado para ingressar nos
quadros da empresa até 31 de dezembro de 1975, (com aparente conflito com o art. 1º,
que fixa 31/12/76, e com o art. 4º, que fixa a data da Lei 6184, ou seja, 11/12/1974).
Já aqueles que tiveram de optar, passando do regime estatutário para o
celetista, e os agregados que optaram pela ECT (celetistas), terão direito à
complementação desde que tenham ingressado no quadro pela previsão do art. 1º da Lei
6.184/74, e sejam originários do extinto DCT. Trata-se de situação jurídica peculiar, não
atingindo ou interferindo no impositivo do art. 1 o, ou do art. 3º da Lei n° 8.529/92, já que
para estes não há data prevista, senão a do regime de conversão e da própria lei, ou
seja, 11/12/1974.
Assim, devidamente diferenciadas as condições de cada uma das
situações previstas pela lei nos seus artigos, verificando-se o total enquadramento dos
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substituídos da Reclamante no enunciado do art. 1º, da Lei n° 8.529/92, onde,
devidamente caracterizado no imperativo deste artigo, não poderia o administrador impor
outras condições para a concessão da complementação senão as previstas na lei.
Destaque-se que, muito embora a natureza jurídica dos contratos de trabalho, ex-
estatutários e celetistas, sejam diversas, in casu, todos eram funcionários públicos cujo
desempenho das tarefas ocorreu nas mesmas condições, com igual salário e com a mesma
forma de seleção para ingresso.
Por outro lado, a partir da Lei n° 6.184/74, todos passaram a ser
regidos pelo regime da CLT, prevalecendo, com mais razão, os impositivos do art. 1º, da
Lei n° 8.529/92, já que de 1974 até 1992, ou seja, durante mais de 20 (vinte) anos ambos
trabalharam e recolheram à Previdência, portanto, aos cofres públicos como
celetistas, não fazendo sentido esta interpretação esdrúxula dada a lei, editada vinte anos
após a transformação do Departamento (DCT) em Empresa (ECT), vir a beneficiar
apenas uma clientela, justamente aquela que já havia sido beneficiada no ingresso, por
mera circunstância de que na época o quadro funcional do Departamento era limitado.
Antes de se avaliar o texto das duas leis, cabe dizer que a ECT, assim
como a Rede Ferroviária Federal foram criadas por lei, com o objetivo principal de
promover e gerir os interesses da União no setor de transportes ferroviários, haja vista ser
competência da União a exploração desta atividade, conforme art. 21, inciso XII, da
CF/88. Ela era vinculada ao Ministério dos Transportes.
A ECT, por seu turno, foi criada por lei para desenvolver atividade
que também é de competência exclusiva da União, qual seja: manter o serviço postal e o
correio aéreo nacional (art. 21, inciso X, da CF/88) e era vinculada ao Ministério das
Comunicações.
Por outro lado, tendo em vista o advento do Decreto 200/67 (art. 182),
ambas tiveram que alterar o regime de pessoal de seus funcionários, passando todos ao
regime celetista, sob a promessa de que teriam suas aposentadorias resguardadas, em que
pese serem todos celetistas.
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Ocorre que, quando os primeiros ferroviários começaram a se
aposentar verificaram que o INSS somente estava deferindo o pagamento do limite de 10
(dez) salários mínimos, o que gerou um movimento daquele grupo no Congresso
Nacional para que seus direitos de aposentadoria fossem resguardados.
E assim foi feito: foi promulgada a Lei 8.186/91 que garantiu a todos
os ferroviários admitidos até 31.10.1969 a complementação de aposentadoria a todos os
celetistas, fossem eles ex-servidores públicos, fossem eles celetistas, sem qualquer
distinção: todos sendo tratados como simplesmente – ferroviários.
Senão vejamos:
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Nacional do Seguro Social (INSS) e o Nacional do Seguro Social (INSS) e o
da remuneração do cargo valor da remuneração correspondente à
correspondente ao do pessoal em do pessoal em atividade na Empresa
atividade na RFFSA e suas Brasileira de Correios e Telégrafos
subsidiárias, com a respectiva (ECT), com a respectiva gratificação
gratificação adicional por tempo de adicional por tempo de serviço.
serviço. Parágrafo único. O
Parágrafo único. O reajuste do valor da aposentadoria
reajustamento do valor da complementada obedecerá aos mesmos
aposentadoria complementada prazos e condições em que for
obedecerá aos mesmos prazos e reajustada a remuneração dos
condições em que for reajustada a empregados da Empresa Brasileira de
remuneração do ferroviário em Correios e Telégrafos (ECT), em
atividade, de forma a assegurar a atividade, de forma a assegurar a
permanente igualdade entre eles. permanente igualdade entre eles.
Art. 4° Constitui
condição essencial para a concessão da Art. 4º Constitui
complementação de que trata esta lei a requisito essencial para a concessão da
detenção, pelo beneficiário, da complementação de que trata esta lei a
condição de ferroviário, na data condição de empregado da Empresa
imediatamente anterior ao início da Brasileira de Correio se Telégrafos
aposentadoria previdenciária. (ECT), integrado nos seus quadros
com base na Lei n° 6.184, de 11 de
dezembro de 1974, e originário do
extinto Departamento de Correios e
Telégrafos.
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Art. 5° A Art. 5º A
complementação da pensão de complementação da pensão de
beneficiário do ferroviário abrangido beneficiário do ferroviário abrangido
por esta lei é igualmente devida pela por esta lei é igualmente devida pela
União e continuará a ser paga pelo União e continuará a ser paga pelo
INSS, observadas as normas de INSS, observadas as normas de
concessão de benefícios da Lei concessão de benefícios da Lei
Previdenciária e as disposições do Previdenciária e as disposições do
parágrafo único do art. 2° desta lei. parágrafo único do art. 2° desta lei.
Parágrafo único. Parágrafo único.
Em nenhuma hipótese, a pensão Em nenhuma hipótese, a pensão
previdenciária complementada poderá previdenciária complementada poderá
ser paga cumulativamente com as ser paga cumulativamente com as
pensões especiais previstas nas Leis pensões especiais previstas nas Leis
n°s 3.738, de 3 de abril de 1960, e n°s 3.738, de 3 de abril de 1960, e
6.782, de 20 de maio de 1980, ou 6.782, de 20 de maio de 1980, ou
quaisquer outros benefícios pagos pelo quaisquer outros benefícios pagos pelo
Tesouro Nacional. Tesouro Nacional.
É nítido que as Leis são idênticas na redação, com exceção dos caputs
dos artigos 3º e 4º, que notoriamente foram trocados na versão da Lei 8.529/92, alterando
para pior toda a situação dos aposentados e aposentáveis da ECT e ainda trazendo uma
nítida DISCRIMINAÇÃO NO EXERCÍCIO DO DIREITO DA COMPLEMENTAÇÃO
DE APOSENTADORIA, de pessoas que entraram na empresa na mesma época e
exerceram as mesmas funções e atividades.
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No entanto, enquanto a Lei aplicada ao caso dos Ferroviários não
houve qualquer distinção de tratamento quanto aos chamados agregados (celetistas) e
estatutários para efeito de recebimento de complementação de aposentadoria; a Lei
8.529/92 fez alusão à Lei 6.184/74 e ao fato dos empregados serem oriundos do antigo
DCT, que é exatamente o caso dos associados da Reclamante.
Para isso, deve-se esclarecer que apesar da Lei definir que a ECT tem
natureza jurídica de empresa pública, ela mais se assemelha a uma autarquia, inclusive
com pronunciamento do Supremo Tribunal Federal a respeito do tema.
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I - Autarquia - o serviço autônomo, criado
por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
para executar atividades típicas da Administração Pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada.
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caracterização de sua natureza como um ente autárquico,
como:
Uma prova disso é o fato do serviço postal prestado pela ECT não ser
gratuito, mas sim pago pelo usuário por meio de uma tarifa – preço público – cobrada
com a venda do selo que deve estar estampado no documento postal.
Impende ressaltar que esta tese aqui colocada é defendida pela própria
ECT nos seus Recursos Extraordinários em que buscam imunidade tributária,
impenhorabilidade de bens, dentre outros.
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consoante entendimento desta Corte, foi recepcionado pela
Constituição;
c) Os bens da ECT são públicos e, portanto,
impenhoráveis e imprescritíveis;
d) A ressalva à imunidade da União de suas
autarquias e fundações, contida no art. 150, VI, a, §3º, da CF, a
impostos sobre o patrimônio quando houver contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, aplica-se
exclusivamente à prestação de serviço público por particulares (art.
175, segunda parte da CF);
e) A ECT goza da imunidade prevista no art.
150, VI, a , da CF, sendo certo que “(...) a essencialidade da
prestação do serviço de correios estabelecida constitucionalmente
como direito de todos à sua utilização, amalgamado ao princípio de
que o serviço público precisa ser necessariamente contínuo,
regular, correto e impessoal, leva à conclusão inquestionável de
que os bens postos na execução dos serviços postais são
inatingíveis por interferências ou onerações que possam
inviabilizar ou mesmo obstar a sua fruição pela coletividade.”
RE 220.907-5/RO
EMENTA: CONSTITUCIONAL.
PROCESSUAL CIVIL. EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA
DE SERVIÇO PÚBLICO: PRECATÓRIO.
I – Os bens da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, uma empresa pública prestadora de serviço público, são
impenhoráveis, porque ela integra o conceito de fazenda pública.
Compatibilidade, com a Constituição vigente, do DL 509, de 1969.
Exigência do precatório: CF, art. 100.
II – Precedentes do Supremo Tribunal Federal:
Re 220.906-DF, 229.696-PE, 230.072 – RS, 230.051 –SP e 225.011
– MG, Plenário, 16.11.00.
III – RE conhecido e provido.
RE 407.099-5/RS
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CONSTITUCIONAL. TRIBUÁRIO.
EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA:CF, ART. 150, VI, a.
EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE
ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE
SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO
I – As empresas públicas prestadoras de serviço
público distinguem-se das que exercem atividade econômica. A
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço
público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por
que está abrangida pela imunidade tributária recíproca: CF, art. 150,
VI,a.
II – RE conhecido em parte e, nessa parte,
provido.
É nítido que a única questão ainda não apreciada pelo STF, no que se
refere à natureza jurídica anômala, é referente ao tratamento conferido aos seus
empregados, conforme trecho do voto no Agravo Regimental no Agravo de Instrumento
561.230-0 RS, quando o relator, Ministro Gilmar Mendes, concluiu da seguinte maneira:
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‘Da mesma forma, no §1º do art. 173 a
expressão conota atividade econômica em sentido estrito:
determina fiquem sujeitas ao regime próprio das empresas
privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e
tributárias, a empresa pública, a sociedade de economia mista
e outras entidades que atuem no campo da atividade
econômica em sentido estrito; o preceito, à toda evidência,
não alcança empresa pública, sociedade de economia mista
e entidades (estatais) que prestam serviço público’ (Eros
Roberto Grau, “A ordem econômica na Constituição de 1988
– interpretação e crítica, Ed. R.T. , 2ª ed., 1991, página 140).’
(...)
Neste voto, estou deixando expresso o que ficara
implícito no raciocínio desenvolvido nos votos acima indicados.
‘ É que a disposição inscrita no art. 173,
caput, da Constituição, contém ressalva: “ressalvados os
casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou o
relevante interesse coletivo; conforme definidos em lei’. Quer
dizer, o artigo 173 da CF está cuidando da hipótese em que o
Estado esteja na condição de agente empresarial, isto é, esteja
explorando, diretamente atividade econômica em
concorrência com a iniciativa privada. Os parágrafos, então,
do citado art. 173, aplicam-se com observância do comando
constante do caput. Se não houver concorrência – existindo
monopólio, CF, art. 177 – não haverá aplicação do
disposto no §1º do mencionado art. 173. É que, conforme
linhas atrás registrado, o que quer a Constituição é que o
Estado-empresário não detenha privilégios em relação aos
particulares. Se houver monopólio, não há concorrência,
desaparece a finalidade do disposto no §1º do art. 173.
Impõe-se, então, a suspensão parcial da
eficácia das expressões impugnadas, sem redução de texto.
É dizer, referentemente às empresas públicas e sociedade
de economia mista que explorem atividade econômica, em
sentido estrito, não monopolistas, as mencionadas
expressões não têm aplicação.’
No caso, tem-se uma empresa pública de
serviço público – a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
– ECT – o serviço postal (C.F. , art. 21, X). Além de não estar,
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portanto, equiparada às empresas privadas, integram o
conceito de fazenda pública.
Assim, os seus bens não podem ser penhorados,
estando ela sujeita à execução própria das pessoas públicas: CF, art.
100.”
(RE 407.099-5/RS, Ministro Relator Carlos
Velloso, Segunda Turma).
Cabe aqui esclarecer que o que se pretende com esta ação não é e nem
nunca foi converter a natureza jurídica dos atuais empregados da ECT, mas apenas
conferir direito de complementação aos empregados ativos e inativos que
integraram os quadros da ECT até a data de 31.12.76.
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3.2. DO POSICIONAMENTO DA ECT. AUTO-
CARACTERIZAÇÃO COMO AUTARQUIA
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APLICAÇÃO DO ARTIGO 100 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL.
1. A empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à
Fazenda Pública, é aplicável o privilégio da
impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços.
Recepção do artigo 12 do Decreto-lei n. 509/69 e não
incidência da restrição contida no artigo 173, §1º, da
Constituição Federal, que submete a empresa pública, a
sociedade de economia mista e outras entidades que
explorem atividade econômica ao regime próprio das
empresas privadas, inclusive quanto às obrigações
trabalhistas e tributárias.
2. Empresa pública que não exerce
atividade econômica e presta serviço público da
competência da União Federal e por ela mantido.
Execução.Observância do regime de precatório, sob
pena de vulneração do disposto no artigo 100 da
Constituição Federal. Recurso Extraordinário conhecido
e provido.” (RE 220906/DF, Re.: Ministro Maurício
Correia, julgamento 16.11.00, Tribunal Pleno, DJ14.11.02,
p. 0015)
Destaca-se, por oportuno, que os Tribunais
Regionais Federais, já se posicionaram acerca dessa questão,
aludindo que à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, na
esteira do julgamento do STF, é assegurado os benefícios da
Fazenda Pública previstos no Decreto-Lei 509/69:
‘EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS. DECRETO-LEI Nº 509/69
RECEPCIONADO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
PRAZO RECURSAL EQUIPARADO AO DA FAZENDA
PÚBLICA.
1. Tendo o Decreto-lei nº 509/69 – que
criou e concedeu à EBCT os mesmos privilégios concedidos à
Fazenda Pública – sido recepcionado pela Constitução Federal
de 1988, a EBCT goza de prazo em dobro para interpor
apelação (art. 12, DL 509/69; c/c arts. 188 e 508, CPC).
2. Agravo de instrumento conhecido e provido.(TRF4ª
Região, 3ª Turma, AI 200204010259591/PR, Decisão de
23.09.03, DJU 01.10.03, Rel. Carlos Eduardo Thompson
Flores Lenz)’”
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Assim, resta evidente que a própria ECT admite não só que presta
serviço público de competência da União, como reconhece que NÃO explora atividade
econômica, sendo visível que todos os que se encontravam em atividade até 31.12.76
exerciam esses serviços e estavam sob as mesmas condições, motivo pelo qual não deve
prevalecer a interpretação discriminatória da Lei 8.529/92, como adiante se demonstrará
pelo estudo hermenêutico da Lei.
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Vale destacar, entretanto, que o ato de interpretar é complexo, ou seja,
ele é único e não se fraciona. Assim, as operações de interpretação aplicados a seguir
devem atuar conjuntamente, pois todas trazem sua contribuição para a descoberta do
sentido e alcance da norma, que é único.
a) Da contenda
b) Solução
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transformação, excluídos os que tenham sido redistribuídos ou
transferidos para quadros de outros órgãos da Administração.”
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“Extranumerário: segundo o sentido da
própria expressão (além do número), é o vocábulo empregado na
terminologia administrativa, para designar os empregados que
não se acham incluídos nos quadros aprovados ou oficiais, mas
admitidos, segundo os princípios das leis vigentes.
São os empregados ditos contratados,
mensalistas, diaristas, nomeados ou admitidos em caráter
temporário, segundo a natureza e a necessidade do serviço. “
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“1) As palavras podem ter significação comum
e técnica, caso em que se deve dar preferência ao sentido técnico;
2) deve ser considerada a colocação da norma; 3) havendo
antinomia entre o sentido gramatical e o sentido lógico, este deve
prevalecer; 4) o significado da palavra deve ser tomado em
conexão da lei; 5) o termo deve ser interpretado em relação aos
demais; 6) havendo palavras em sentido diverso, cumpre ao
intérprete fixar-lhes o adequado ou o verdadeiro.” (Lei de
introdução ao Código civil brasileiro interpretado, DINIZ, Maria
Helena, 15 ed, Ed. Saraiva: São Paulo, 2010, p. 178).
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Art. 7o O primeiro artigo do texto indicará o
objeto da lei e o respectivo âmbito de aplicação, (...)
(...)
Art. 11. As disposições normativas serão
redigidas com clareza, precisão e ordem lógica, observadas, para
esse propósito, as seguintes normas:
I - para a obtenção de clareza:
a) usar as palavras e as expressões em seu
sentido comum, salvo quando a norma versar sobre assunto técnico,
hipótese em que se empregará a nomenclatura própria da área em
que se esteja legislando;
(...)”
O inciso IV, do art. 7º, da LC95/98 dispõe que “o mesmo assunto não
poderá ser disciplinado por mais de uma lei, exceto quando a subseqüente se destine a
complementar lei considerada básica, vinculando-se a esta por remissão expressa”.
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Desta forma, não faria sentido dispor no art. 1º da Lei 8.529/92 o
prazo de 31.12.1976, se após 1969 todos os empregados integrados ao quadro da
Empresa o foram como “celetistas”, vez que como esclareceu a LC n.º 95/98, no art. 7º,
inciso II – “a lei não conterá matéria estranha a seu objeto ou a esta não vinculada por
afinidade, pertinência ou conexão”.
Justamente por este motivo que a Lei 8.529/92 não utilizou os termos
“servidor público estatutário” ou “funcionário público efetivo”; mas, ao contrário, em
todo o seu texto usou o termo amplo – “pessoal”, que abrange toda a coletividade de
pessoas em atividade na empresa sejam estatutários ou celetistas. O termo técnico
específico “empregados” também caracteriza “o pessoal que presta serviço pelo regime
da Consolidação das Leis do Trabalho”, ou seja, os CELETISTAS.
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Ora, é inadmissível no direito, que um artigo de uma mesma lei limite
o dispositivo da ementa ou o dispositivo de um outro artigo antecedente e
hierarquicamente superior.
Assim, tendo em vista que tanto a ementa da Lei, como o seu próprio
artigo 1º dispõe que a complementação de aposentadoria deverá ser extensiva aos
empregados da ECT e antigo DCT admitidos até 1976, não deve haver qualquer
restrição ao exercício desse direito.
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em que a empresa era vinculada à Administração Direta (DCT) e que mesmo após a
transformação continuaram com o exercício da mesma atividade.
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Ou seja, por este método pode-se verificar que tanto a ementa, como o
artigo primeiro da Lei 8.529/92 inexiste qualquer restrição ou limitação para o exercício
do direito: basta que o EMPREGADO da ECT tenha integrado os quadros da
empresa até 1976.
Do mesmo modo, a lei dos ferroviários, que foi criada nos mesmas
condições dos ecetistas e que retratava situação de pessoas naquelas mesmas situações,
não fez qualquer restrição: todos os ferroviários admitidos até 1969 têm o direito de
complementação de aposentadoria da União.
E tudo leva a crer que o resultado que se buscava com a lei era
justamente garantir a todos àqueles empregados da ECT o direito ao recebimento de
complementação de aposentadoria, sem qualquer limitação.
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Aliás, os ecetistas ao se organizarem e pleitearem junto ao Poder
Legislativo, se basearam numa lei criada para os Ferroviários, onde não houve qualquer
restrição ou limitação no exercício do direito.
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E como diz Carlos Maximiliano, as epígrafes da normas, ementas
auxiliam a reconhecer o seu fim e, por tudo que foi exposto resta demonstrado que o
sentido e alcance da lei é mais amplo, ou seja, abarca também os substituídos da FAACO
que foram admitidos na ECT até 31.12.1976.
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Em que pese o fato deste processo não ter o objeto de trazer o mesmo
tipo de benefício aos associados da FAACO, visto que lá se buscou a estabilidade e aqui
se objetiva a complementação da aposentadoria, é indiscutível a similitude de alguns
pontos que merecem, por conseguinte a aplicação do recurso da interpretação ou
utilização da analogia.
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Na verdade, no entanto, a única diferença que havia entre eles,
diferença que deixou de existir a partir da opção dos que eram estatutários, é o fato de
que, em face da lei n.º 6.184, alguns optaram pela CLT e outros foram contratados, quer
pelo DCT quer pela ECT, já sob essa égide, destacando-se que, na data limite de 31 de
dezembro de 1976, TOTOS ELES ERAM REGIDOS PELA CLT.
Como doutrina José Afonso da Silva in Curso de Direito
Constitucional Positivo - 8ª edição, Malheiros Editores:
“As constituições só têm reconhecido a
igualdade no seu sentido formal jurídico: igualdade perante a lei. A
constituição de 1988 abre o capítulo dos direitos individuais com o
princípio de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza (art. 5º, caput), reforça o princípio com muitas
outras normas sobre a igualdade ou buscando a igualização dos
desiguais pela outorga de direitos sociais substanciais. Assim é que,
já no mesmo art. 5º, I, declara que homens e mulheres são iguais
em direitos e obrigações. Depois, no art. 7º, XXX e XXXI, vêm
regras de igualdade material, regras que proíbem distinções
fundadas em certos fatores, ao vedarem diferença de salários, de
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil e qualquer discriminação no tocante a
salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
deficiência. A previsão, ainda que programática, de que a República
Federativa do Brasil tem como um de seus objetivos fundamentais
reduzir as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III), a veemente
repulsa a qualquer forma de discriminação (art. 3º, IV), a
universalidade da seguridade social, a garantia ao direito à saúde, à
educação baseada em princípios democráticos e de preocupação
com a justiça social como objetivo das ordens econômicas e social
(arts. 170, 193, 196 e 205) constituem reais promessas de busca da
igualdade material.”
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“a igualdade perante o juiz decorre, pois, da
igualdade perante a lei, como garantia constitucional
indissoluvelmente ligada à democracia.”1
E acrescenta:
“O princípio da igualdade jurisdicional ou
perante o juiz apresenta-se, portanto, sob dois prismas: 1) como
interdição ao juiz de fazer distinção entre situações iguais, ao
aplicar a lei; 2) como interdição ao legislador de editar leis que
possibilitem tratamento desigual a situações iguais ou tratamento
igual a situações desiguais por parte da Justiça.”2
“A realização da igualdade perante a justiça,
assim, exige a busca da igualização de condições dos desiguais, o
que implica conduzir o juiz a dois imperativos, como observa
Ingber: de um lado, cumpre-lhe reconhecer a existência de
categorias cada vez mais numerosas e diversificadas, que
substituem a idéia de homem, entidade abstrata, pela noção mais
precisa de indivíduo caracterizada pelo grupo em que se insere de
fato; de outro lado, deve ele apreciar os critérios de relevância que
foram adotados pelo legislador.”
“A Constituição vigente é mais veemente e mais
abrangente na condenação nas desequiparações entre pessoas.
Confere a igualdade perante a lei sem distinções de qualquer
natureza.
Assim, conclui o Prof. José Afonso da Silva, in
verbis:
“São inconstitucionais as discriminações não
autorizadas pela Constituição. O ato discriminatório é
inconstitucional.
Há duas formas de cometer essa
inconstitucionalidade. Uma consiste em outorgar benefício legítimo
a pessoas ou grupos, discriminando-os favoravelmente em
detrimento de outras pessoas ou grupos em igual situação.
A outra forma de inconstitucionalidade revela-se
em se impor obrigação, dever, ônus, sanção ou qualquer sacrifício a
pessoas ou grupos de pessoas, discriminando-as em face de outros
na mesma situação que, assim, permaneceram em condições mais
favoráveis. O ato é inconstitucional por fazer discriminação não
1
In Direito Constitucional Brasileiro – José Afonso da Silva – 8ª ed. – pág. 193/194/195/199/201
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In Direito Constitucional Brasileiro – José Afonso da Silva – 8ª ed – pág. 193/194/195/199/201
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autorizada entre pessoas em situação de igualdade.” (Pág.
205/206/207/208)
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Contudo, conquanto o Legislador tivesse plena ciência e compreensão
destes fatos, a União Federal tem solenemente ignorado esse dispositivo legal (art. 1°, da
Lei 8.529/92), e vem excluindo os celetistas do direito à complementação baseando-se
em interpretação equivocada do art. 4° da Lei 8.529/92, que, repita-se, dispõe:
"Art. 4° - Constitui requisito essencial para a
concessão da complementação de que trata esta Lei a condição de
empregado da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT,
integrado nos seus quadros com base na Lei número 6.184, de 11
de dezembro de 1974, e originário do extinto Departamento de
Correios e Telégrafos".
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Constata-se pois que a Lei ao mencionar “EMPREGADOS”, não faz
qualquer diferenciação no tocante a ex-estatutários ou celetista. Ora, se houvesse
discriminação seria de maneira EXPRESSA - determinando que a complementação seria
apenas para os “ex-estatutários”, ou para os “Servidores Públicos efetivos” - não existe
discriminação tácita, que fica ao alvedrio do intérprete!
Assim, o que a lei não distingue, não cabe ao intérprete fazê-lo, ainda
mais quando o texto tem figura ampliativa e o intérprete sem justificativa restringe o
objeto da norma.
3
In Direito Administrativo Brasileiro., Malheiros Editores, 17.ª ed., 1992
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Consoante os cânones da lealdade e boa-fé, a Administração deverá
proceder em relação aos administrados com sinceridade e lhaneza, sendo-lhe interdito
qualquer comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a confundir
dificultar ou minimizar o exercício de direitos por parte dos cidadãos.4
Ora, no sistema constitucional a isonomia depende de ato de natureza
legislativa capaz de fixar idênticos vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
assemelhados do mesmo Poder, ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário.5
No caso em tela, os substituídos da FAACO, conquanto celetistas,
desempenhavam as mesmas funções dos ex-estatutários, e com a edição da Lei n°
6.184/74, os ex-estatutários ficaram no mesmo patamar deles, ou seja, passaram a ser
celetistas. Posteriormente, com o ato legislativo específico (Lei n° 8529/92), fixou-se
proventos aos aposentados idênticos ao do pessoal da atividade (art. 6°), bem como tratou
todos os beneficiários de maneira isonômica, (o art. 1° preceitua que é garantida a
complementação da aposentadoria aos EMPREGADOS da ECT que tenham sido
integrados nos seus quadros até 31 de dezembro de 1976); logo, a negativa desse direito
para os celetistas desse período com certeza atenta contra o princípio da moralidade
administrativa, vez que por mais de 20 anos ambos exerceram as mesmas tarefas, e, em
quase todo este período ambos foram celetistas.
Com efeito, resta evidenciado da obrigação legal e moral dos
Requeridos em complementar, na forma da lei, as aposentadorias dos Requerentes.
Deve ser esclarecido que esta questão já foi posta em debate judicial,
in casu, na Justiça Federal, vez que a discussão ocorreu antes da inovação trazida pela EC
n.º 45 que ampliou a competência da Justiça Obreira.
“PREVIDENCIÁRIO. COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. EMPREGADOS DA ECT. LEI 8.529/92.
I - A Lei 8.529/92 garantiu complementação de
aposentadoria aos empregados da ECT que tinham sido integrados nos
seus quadros até 31 de dezembro de 1976.
4
MELLO, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE. In Elementos de Direito Administrativo. 3.ª edição
revista e atualizada, 1992.
5
STF, RMS 21.512-7/DF, Relator: MIN. MOREIRA ALVES, pg. 538
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II – Comprovado que os fizeram parte dos quadros
da ECT antes de 31.12.76, têm direito à complementação.
III – Apelo provido. (APC 1999.34.00.032939-6,
Des. Rel. Carlos Fernando Mathias, 2ª Turma do TRF/1ª Região, Data
do julgamento: 28.06.02)
“PREVIDENCIÁRIO – COMPLEMENTAÇÃO
DE APOSENTADORIA. DECRETO N. 882/93 – LEI 8.529/92
(ART. 6º)
I – Comprovado que os substituídos da Reclamante
fizeram parte dos quadros da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos antes de 31.12.76, fazem jus à pleiteada complementação.
II – O Tesouro Nacional manterá à disposição do
INSS, à conta de dotações próprias consignadas no Orçamento da
União, os recursos necessários ao pagamento da complementação de
que trata esta lei (art. 6º da Lei 8.529/92).
III – O INSS providenciará os ajustes para
implantação e pagamento da referida vantagem através do Sistema de
Benefícios (Decreto n. 882 – art. 8º).
IV – Recurso e remessa improvidos.” (APC
98.02.036395-2, 180657/ES, 1ª Turma do TRF/2ª Região, Des. Rel. J.
E, Carreira Alvim)
4. DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
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RELEVÂNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO.
NECESSIDADE INCONTESTÁVEL À TUTELA ANTECIPADA: “PERICULUM
IN MORA”, DANO IRREPARÁVEL, DANO ALIMENTAR, IDADE AVANÇADA.
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6
Apud CARREIRA ALVIM, Ação Monitória e Temas Polêmicos da Reforma Processual, 2.ª edição, Ed. DEL REY, 1996.
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Em que pese a restrição do cabimento dos honorários advocatícios à
assistência sindical (Súmulas 219 e 329 do TST), há que se pleitear a condenação das
reclamadas nos honorários advocatícios em percentual sobre o valor da condenação.
É que quando do advento da orientação acima citada, a realidade tanto
da Justiça do Trabalho como da própria atuação dos advogados foi modificada
substancialmente.
Atualmente, deixar a sucumbência restrita às ações propostas por
trabalhadores de categorias cujos sindicatos sejam mais fortes evidencia uma
discriminação de tratamento à diversos advogados que atuam de forma profícua nas
secretarias e em audiências de causas trabalhistas tradicionais, desvalorizando todo o
trabalho intelectual e braçal prestado ao longo de todo o procedimento.
Cabe aqui transcrever trecho da sentença proferida pelo Nobre Juiz
Antônio Humberto, no processo de n.º 01601-2009-006-10-00-0, em trâmite na 6ª Vara
do Trabalho de Brasília-DF, verbis:
Em segundo lugar, o jus postulandi (CLT, art.
791), base jurídica sempre invocada para descartar a
universalização do princípio da sucumbência em matéria de
honorários advocatícios, não é uma obrigação das partes no
processo do trabalho, mas uma mera faculdade, cada vez mais em
franco desuso, como empiricamente se pode verificar pelo
manuseio de autos ou pela assistência de audiências.
Em terceiro lugar, esta situação discriminatória
mais se agravou com o advento da Emenda Constitucional nº
45/2004. Explica-se: a ampliação do espectro de controvérsias
apreciáveis pela Justiça do Trabalho (CF, art. 114, incisos I a IX;
Leis nºs 11.101/2005, arts. 6º, § 2º, e 19, § 1º, e 11.457/2007, art.
42) acabou por criar uma dicotomia socialmente intolerável entre as
lides decorrentes de vínculo de emprego e as lides não
empregatícias. Àquelas assegura-se o jus postulandi das partes e,
conseqüentemente, persiste-se negando o direito aos honorários
advocatícios; a estas nega-se o jus postulandi e, conseqüentemente,
assegura-se o direito aos honorários advocatícios (Instrução
Normativa nº 27/2005/TST, art. 5º).
Isto significa que, hoje, um profissional
autônomo extremamente valorizado no mercado pode vir à Justiça
do Trabalho, compartilhando os escaninhos das secretarias e as
pautas de audiências com as causas trabalhistas tradicionais, para
reclamar a paga da contraprestação de um caríssimo serviço cujo
montante será acrescentado por honorários de advogado, sendo,
pois, garantida a condenação aos honorários advocatícios. No
entanto, ao advogado da empregada doméstica que bata às portas da
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Justiça do Trabalho para postular seu último salário mínimo se
indeferirá a verba honorária.
Ora, se o problema é o jus postulandi, a solução
mais justa e equânime (CLT, art. 8º; Decreto-Lei nº 4.657/42, art.
4º) não é negar aos advogados dos trabalhadores subordinados o
direito aos honorários de sucumbência, mas negar tal direito
exclusivamente àqueles casos onde os trabalhadores não estejam
assistidos por advogados, pois neste caso a verba ficaria sem
destinatário (Lei nº 8.906/94, art. 23). Dirá alguém que, neste
contexto, o trabalhador, então, arcaria com os honorários do
advogado patronal quando fosse derrotado na causa. Todavia, isto
só ocorrerá com aquela ínfima parcela de trabalhadores tão pobres
eis que a gratuidade judicial é ampla (CF, art. 5º LXXIV; Lei nº
1.060, art. 3º, V). E mesmo a esses nada impedirá que o juiz arbitre,
a depender das circunstâncias do caso concreto, valores modestos à
condenação para que esta não sirva como fator inibidor de acesso à
Justiça. A doutrina tem chamado a atenção para este fenômeno:
“Mais coerente com os modernos contornos do
mundo do trabalho - que doravante serão mais visíveis na Justiça
Especializada -, a adoção do mesmo tratamento dado a
empregados e trabalhadores em geral, garantindo-lhes a
postulação pessoal, se assim desejar, e aplicando-se o princípio da
sucumbência, na hipótese de optar o trabalhador (empregado ou
não) pela assistência profissional, porquanto deve competir à parte
sucumbente o ônus de remunerar o trabalho do advogado da parte
adversa” (CHAVES, Luciano Athayde. A recente reforma no
processo comum e seus reflexos no Direito Judiciário do Trabalho.
São Paulo: LTr, 2006, p. 228).
Assim, em nome do princípio constitucional da
proteção judicial efetiva, defiro a paga de honorários advocatícios,
que arbitro, considerando o grau de complexidade da causa e o zelo
profissional, em 10% sobre o valor da condenação (CPC, art. 20,§
3º).
Neste sentido, resta evidente a necessidade e a possibilidade em se
arbitrar um percentual de honorários de sucumbência em prol dos advogados da
associação autora em caso de procedência dos pedidos da inicial.
6. CONCLUSÃO. IMPORTÂNCIA DO PLEITO. GRUPO
LIMITADO E EM PROGRESSIVA EXTINÇÃO.
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abaixo indicado, é limitado (não ultrapassa 6.000 pessoas) e, principalmente, está em
progressiva extinção, haja vista que em decorrência da idade avançada que se encontram
(a maioria das pessoas estão acima dos 60 anos e parte do grupo tem mais de 80 anos),
estão falecendo e perdendo a oportunidade de usufruírem o direito à isonomia garantida
pela Constituição Federal de 1988.
7. DO PEDIDO
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advocatícios no valor de 20% sobre o montante da condenação e observando-se a
prescrição qüinqüenal;
d) seja ouvido o ilustre parquet, tendo em vista que, por
força do art. 5º. , §1º.da Lei n.º 7.437/85, e ainda pelo arts. 75 e 77 do Estatuto do
Idoso, a sua intervenção é obrigatória nas ações civis públicas, senão como parte,
atuando como fiscal da lei;
e) sejam todas as publicações realizadas em nome do
advogado devidamente constituído, Dr. Fábio Soares Janot, OAB/DF n.º 10.667.
Atribui-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), para
efeitos meramente fiscais.
Brasília-DF, 07 de outubro de 2010.
Nestes termos,
pede e espera deferimento.
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