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LÊDA SOARES JANOT

FÁBIO SOARES JANOT


DENISE SCHIPMANN DE LIMA
______________________________________________________________________
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DR. JUIZ DA ____ª VARA
DO TRABALHO DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

A FAACO – Associação dos Aposentados e Aposentáveis


dos Correios e Telégrafos, sociedade civil sem fins lucrativos, de âmbito
nacional, inscrita no CNPJ sob o nº 00580438/0001-96, com sede na Avenida
Hélio Falcão, 560, apt. 1.202, Boa Viagem – Recife/PE, através de seus
advogados, nos termos dos instrumentos de mandato anexos, ao amparo do art.
5º, XXI, da Constituição Federal, vem, respeitosamente à presença de V. Exa.,
propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

contra a ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, com sede


no SBN, Quadra 01, bloco A, Ed. Sede, 16º andar, ala norte, Brasília-DF, União,
podendo ser citada através da Advocacia Geral da União, com sede no Palácio do
Planalto, Anexo IV, Brasília - DF e, em litisconsórcio, contra o Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS, com sede em Brasília - DF, no SAS, Quadra 2, Bloco O, 1º andar,
aduzindo os fatos e fundamentos a seguir expostos:

1. PRELIMINARES

A) LEGITIMIDADE DA ASSOCIAÇÃO EM ÂMBITO NACIONAL.


SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL DOS APOSENTADOS E APOSENTÁVEIS
AUTORIZADA POR LEI. DA AUTORIZAÇÃO DA ASSEMBLÉIA PARA A
PROPOSITURA DA DEMANDA.

Em conformidade com o artigo 5º da Lei n.º 7347/85 a ação civil


pública (ou coletiva) tem legitimidade ativa disjuntiva e concorrente.

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Pode, por isso, ser proposta tanto pelo Ministério Público, quanto pela
União, Estados, Municípios, autarquias, dentre outros, como genuíno instrumento
participativo da sociedade civil, por associações privadas, desde que constituídas há
pelo menos um ano e que seus estatutos prevejam como finalidade institucional a
proteção ao direito coletivo lesado.

A FAACO é uma associação legalmente constituída com o fim


precípuo de defender os interesses dos aposentados e aposentáveis dos Correios, tanto os
que continuam em atividade quanto os já inativos, conforme estatuto em anexo (doc.02).

Nos termos do art. 2º, §1º, do estatuto, está a FAACO autorizada a


representar os interesses da categoria perante o Poder Judiciário e, na condição de
substituto processual, pleitear direitos atinentes a seus associados.

Destaque-se que a FAACO, com sede em Recife, na qualidade de


substituta processual de seus filiados, de acordo com o art. 6º do CPC, tem legitimidade
para defender em Juízo o direito de seus associados, em nome próprio.

Assevere-se que o acesso à Justiça, por parte dos filiados de


associação, é irrestrito, notadamente por se tratar de entidade associativa cuja
legitimidade para agir em juízo, na defesa dos bens tutelados e dos direitos de seus
associados, é inconteste.

Embora a autorização estatutária dispense, de acordo com remansosa


jurisprudência, a autorização específica para demandar, por cautela, junta-se aos autos o
teor da assembléia convocada com o fim específico de autorizar a propositura da presente
demanda.

O rol dos substituídos é apresentado em anexo, para facilitar,


futuramente,a execução do julgado, caso a demanda seja julgada procedente.

Vale dizer que no julgamento do Recurso de Revista n.º 424/1998-


036-02-00.6, o Ministro Vantuil Abdala jogou uma pá de cal sob a questão ao definir:

“PRELIMINAR DE NÃO-CABIMENTO DA AÇÃO CIVIL


PÚBLICA NA ESFERA TRABALHISTA E DE ILEGITIMIDADE
ATIVA DA ASSOCIAÇÃO.
A ação civil pública é um instrumento de defesa dos interesses da
sociedade, direitos e interesses metaindividuais, que encontra fundamento
legal na Lei n.º 7347/85 – Lei da Ação Civil Pública – e na Lei n.º 8078/90
– Código de Defesa do Consumidor. Esse, em seu artigo 81, inciso III,
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prevê o cabimento de ações coletivas para salvaguardar direitos ou
interesses individuais homogêneos, que são, segundo o Supremo Tribunal
Federal, subespécies de direitos coletivos (RE – 163.231-3/SP, Tribunal
Pleno, Relator Ministro Maurício Corrêa, DJ de 29.06.2001) e decorrem de
uma origem comum.
No Direito do Trabalho, a referida ação coletiva é um mecanismo de
proteção dos direitos sociais constitucionalmente garantidos e, uma vez
verificada a lesão ou ameaça de lesão a direito difuso, coletivo ou
individual homogêneo decorrente da relação de trabalho, será cabível a ação
civil pública na esfera trabalhista.
Quanto à legitimidade para a propositura da ação civil pública no
âmbito trabalhista, tem-se que as associações, assim como no âmbito
civil, também estão legitimadas, desde que possuam, dentre seus fins
sociais, a defesa dos direitos de seus associados, registrando-se a
incompatibilidade, in casu, entre os interesses dos sindicato e os dos
substituídos.
Recurso de Revista não conhecido.” (Ministro Relator: Vantuil
Abdala, 2ª Turma, DJ 15.08.08) (g. n.)

Vale transcrever a brilhante justificativa do Relator para a


legitimidade ativa das associações como no presente caso, verbis:

“A legitimidade das associações para representar seus filiados tem


status constitucional, pois prevista no artigo 5º, inciso XXI, da Carta
Magna, verbis:
Art. 5º (...)
XXI – as entidades associativas, quanto expressamente autorizadas,
têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente.”

A lei 7.347/85, que disciplina a ação civil pública, em seu artigo 5º,
prevê a legitimidade das associações para propô-la, nos seguintes termos:

“Art.5º A ação principal e a cautelar poderão ser propostas pelo


Ministério Público, pela união, pelos Estados e Municípios. Poderão
também ser propostas por autarquia, empresa pública, fundação, sociedade
de economia mista ou por associação que:
I – esteja constituída há pelo menos um ano, nos termos da lei civil;
II – inclua entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.”
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Com o advento da Lei n.º 8078/90 – Código de Defesa do Consumidor
-, as associações passaram a constar do rol de legitimados para ajuizar ação civil pública,
consoante se verifica do seu artigo 82, inciso IV:

“Art. 82
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e
que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos
protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear”.

E, mais especificamente quanto ao objeto desta ação, verifica-se que


consta do artigo 2º, inciso II, dos seus estatutos que a AFABESP tem por objetivos –
representar os interesses dos aposentados junto ao Banco do Estado de São Paulo S/A,
empresas e entidades a ele vinculadas, existentes ou que venham a ser criadas, bem como
a entidades previdenciárias e aos Poderes Públicos. Ou seja, foi criada com o intuito de
proteger os interesses e os direitos dos aposentados do Banespa, decorrentes da relação de
emprego, direitos sociais constitucionalmente garantidos, tais quais os defendidos pelo
Ministério Público do Trabalho.”

É justamente este o caso dos autos, pois como já foi afirmado, o


objetivo da FAACO (associação reclamante), previsto no Artigo 2º de seu Estatuto, é
justamente “promover a defesa dos interesses comuns dos associados junto ao Poder
Judiciário e demais órgãos público federais, estaduais ou municipais”, sendo que está
previsto no parágrafo primeiro que a Associação, “desde que autorizada pelos
interessados terá poderes para defender os interesses comuns administrativa ou
judicialmente, nos casos previstos em leis pertinentes ou quando necessária a sua atuação
para salvaguardar direitos dos associados.”

Registre-se que os substituídos pela FAACO são aposentados e


aposentáveis, pobres, com elevada faixa etária, quase todos com mais de 65 anos de
idade, espalhados nas diversas cidades do Brasil. Desse modo, o manejo da ação civil
pública foi o meio mais rápido e eficaz para se obter a defesa de seus direitos. E, para isso
é que existe a FAACO.

B) DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO, DO INSS E DA


ECT. DO OBJETO DA PRESENTE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DA TUTELA DE
INTERESSES COLETIVOS DOS APOSENTADOS E APOSENTÁVEIS

A presente ação civil pública visa a tutela dos direitos coletivos dos
empregados aposentados e aposentáveis da ECT para reconhecimento do direito à Lei
8.529/92 de todos os empregados que tenham sido integrados nos quadros daquela
empresa até 31.12.1976.
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Esta referida lei trouxe aos aposentados e aposentáveis da ECT a
complementação de aposentadoria devida pela União e paga pelo INSS, nos moldes
definidos pelos artigos 1º e 2º da Lei 8.529/92, senão vejamos:

“Art. 1º - É garantida a complementação da aposentadoria paga na


forma prevista pela Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS, aos
empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT que
tenham sido integrados nos seus quadros até 31 de dezembro de 1976.
Art. 2º - Observadas as normas de concessão de benefícios da Lei
Previdenciária, a complementação da aposentadoria devida pela União é
constituída pela diferença entre o valor da aposentadoria paga pelo Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS e o valor da remuneração
correspondente à do pessoal em atividade na Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos – ECT, com a respectiva gratificação adicional por
tempo de serviço.
Parágrafo único - O reajuste do valor da aposentadoria
complementada obedecerá os mesmos prazos e condições em que for
reajustada a remuneração dos empregados da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos - ECT em atividade, de forma a assegurar a
permanente igualdade entre eles." (grifamos)

Em resumo, pode se dizer que para os que ingressaram nos quadros da


ECT até 31.12.76 foi assegurada a complementação da aposentadoria para assegurar
permanente igualdade entre a remuneração do pessoal da ativa.

Ocorre, no entanto, que sem qualquer justificativa, alguns empregados


que estavam nos quadros daquela empresa até 31.12.76 não foram amparados pelos
benefícios da Lei 8.529/92, o que se pretende reparar com esta ação.

Evidente a origem trabalhista do direito dos substituídos neste


processo, considerando-se que a relação litigiosa decorre de um contrato individual do
trabalho, motivo pelo qual a ECT também merece estar presente no pólo passivo da
presente demanda.

Os aposentados e aposentáveis estão ligados entre si por vínculo


associativo. Unem-se, por outro lado, aos réus por relações jurídicas de ordem trabalhista
e previdenciária.

É que os associados da reclamante são empregados da ECT e


pretendem o benefício da Lei 8.529/92, que é uma complementação de aposentadoria
devida pela União e disponibilizada por ela e paga através do INSS.
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Assim, é de responsabilidade da ECT o repasse das informações da
remuneração da ativa dos empregados para a União, a fim de que seja garantida a
equiparação de ativos e inativos.

Em decorrência desta informação da ECT, a União disponibiliza os


recursos necessários e os repassa ao INSS, que é responsável pelo pagamento aos
aposentados da ECT.

Além disso, o direito em questão é indivisível, por pertencer a toda a


categoria dos associados constante do rol juntado à inicial.

Neste sentido, os interesses metaindividuais sob exame qualificam-se


como coletivos stricto sensu, de acordo com o art. 81, II, do CDC, aplicável
analogicamente aos processos coletivos por força do art. 21 da Lei n.º 7347/85 e do art.
769 da CLT.
Há, portanto, relação jurídica de base interna e externa a justificar a
classificação dos direitos em debate como coletivos.
Por tudo isso, é cabível e é ritualmente adequada a ação civil coletiva.

C) DA COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO


TRABALHO PARA PROCESSAR E JULGAR A PRESENTE DEMANDA. DA
EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 45.

Diante das alterações trazidas pela Emenda Constitucional n.º 45, a


competência da Justiça do Trabalho passou a ser mais abrangente. A Constituição Federal
em seu art. 114, traz o texto normativo que disciplina a questão, in verbis:

“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho


processar e julgar: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
I as ações oriundas da relação de trabalho,
abrangidos os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004);
(...);
VI as ações de indenização por dano moral
ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VII as ações relativas às penalidades
administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de
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fiscalização das relações de trabalho; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
VIII a execução, de ofício, das
contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX outras controvérsias decorrentes da
relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)”

Destaque-se que a causa de pedir remota (fundamentação jurídica), é


eminentemente trabalhista, visto que o objeto da ação é a equiparação de situação jurídica
advinda de relação de trabalho, ou seja, a paridade entre aposentados e
empregados/aposentáveis que estavam naquela empresa nos idos de 1976 e, no entanto,
não tiveram o mesmo tratamento legal.
Veja Excelência que a grande maioria das pessoas que estão no rol
juntado pela Reclamante ainda não estão aposentadas, mas são empregados ativos da
ECT desde 1968 e, no entanto, tiveram os direitos de usufruir a complementação de
aposentadoria cerceados, sem qualquer justificativa plausível.
Dirimindo qualquer dúvida acerca da competência da Justiça do
Trabalho pertinente a menção quanto ao conflito negativo de competência decidido pelo
C. Superior Tribunal de Justiça e STF, conforme se depreende, in verbis:

“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR
PÚBLICO. VÍNCULO CELETISTA. APOSENTADORIA.
INCORPORAÇÃO DE GRATIFICAÇÃO. ORIGEM
TRABALHISTA DO EVENTUAL DIREITO. COMPETÊNCIA
DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
1. O simples fato de o requerente encontrar-se
aposentado não retira o caráter eminentemente trabalhista da
incorporação pleiteada, sendo a incidência sobre a aposentadoria
mero reflexo da declaração de incorporação eventualmente
reconhecida em sede trabalhista.
2. Considerando que a relação litigiosa possui
origem em um contrato individual de trabalho, impõe-se a
incidência da norma constante do art. 114 da Constituição da
República, mormente após a publicação da Emenda Constitucional
nº 45, que ampliou a competência da Justiça do Trabalho.(...) (STJ
- Conflito de Competência n.º 41625/MG; Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima; DJU 27.06.05).

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“DIREITO CONSTITUCIONAL.
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. JURISDIÇÃO.
COMPETÊNCIA. COMPLEMENTAÇÃO DE PENSÃO OU DE
PROVENTOS DE APOSENTADORIA. QUANDO
DECORRENTE DO CONTRATO DE TRABALHO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO: (...) Se o servidor veio a aposentar-se sob o
regime da CLT, compete para julgar as questões relativas à
complementação de aposentadoria é a Justiça do Trabalho” (STF,
1ª Turma, RE 135.937-4/SP, 26.08.94)

Portanto, em atenção à correta aplicação do art. 114 da Constituição


da República, principalmente sob o enfoque da Emenda Constitucional n.º 45, resta
cristalina a competência da Justiça do Trabalho para o julgamento da presente lide.

D) DA COMPETÊNCIA FUNCIONAL DA CAPITAL DA


REPÚBLICA PARA AJUIZAMENTO DA AÇÃO.
Em consonância com o disposto no art. 93, I, c/c art. 21 da Lei n.º
7347/85 e com o art. 769 da CLT, compete a uma das Varas do Trabalho de Brasília,
funcionalmente, processar e julgar a presente ação civil pública, pois os danos causados
pelo não-pagamento aos aposentados e aposentáveis dos benefícios da Lei 8.529/92
são dotados de extensão nacional.
No TST, há, também, súmula específica sobre o tema:

OJ 130 da SBDI- II do TST: “Ação civil


Pública, competência territorial. Extensão do dano causado ou
a ser reparado. Aplicação analógica do art. 93 do Código de
Defesa do Consumidor. Para a fixação da competência
territorial em sede de ação civil pública, cumpre tomar em
conta a extensão do dano causado ou a ser reparado,
pautando-se pela incidência analógica do art. 93 do Código de
Defesa do Consumidor. Assim, se a extensão do dano a ser
reparado limitar-se ao âmbito regional, a competência é de
uma das Varas do Trabalho da Capital do Estado; se for
de âmbito supra-regional ou nacional, o foro é o do
Distrito Federal. (g. n.)
Para a fixação da competência territorial em sede de ação civil
pública, cumpre tomar em conta a extensão do dano causado ou a ser reparado, pautando-
se pela incidência analógica do art. 93 do CDC, que diz que é competente o foro do
Distrito Federal, para os casos de danos de âmbito nacional ou regional.

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Vale trazer à baila entendimentos do TST sobre o assunto:
COMPETÊNCIA TERRITORIAL PARA
JULGAR A AÇÃO CIVIL PÚBLICA QUE ENVOLVE
MATÉRIA DE ÂMBITO SUPRA-REGIONAL. Em se tratando
de ação civil pública, a competência territorial é fixada levando-se
em conta a extensão do dano causado ou a ser reparado, pautando-
se pela incidência analógica do artigo 93 do Código de Defesa do
Consumidor. Como no caso a extensão do dano teria âmbito supra-
regional, pois não atingiria apenas os fumicultores de Santa
Catarina, mas também todos os demais trabalhadores do estado do
Paraná e do Rio Grande do Sul, a competência é de uma das
Varas do Trabalho do Distrito Federal. Neste sentido a
Orientação Jurisprudencial nº 130 da SBDI-2 do TST.
Oportuno ressaltar, por relevante, que em razão dos conflitos
de competência suscitados pelos Juízes das 18ª Vara do
Trabalho de Curitiba, 16ª Vara do Trabalho de Brasília e 6ª
Vara do Trabalho de Brasília, a Egrégia SBDI-2 deste Colendo
Tribunal Superior, em voto de minha relatoria (CC-2022426-
69.2008.5.00.0000), decidiu pela incidência da Orientação
Jurisprudencial nº 130 da SBDI-2 do TST, bem como pela
conexão das ações, definindo a competência da 6ª Vara do
Trabalho de Brasília para processar e julgar todas as ações
públicas vinculadas a tal decisão. Recurso de revista conhecido e
provido. (Processo: RR - 921300-83.2007.5.12.0035 Data de
Julgamento: 28/04/2010, Relator Ministro: Renato de Lacerda
Paiva, 2ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 28/05/2010)

COMPETÊNCIA TERRITORIAL - AÇÃO


CIVIL PÚBLICA - LIMITAÇÃO DOS EFEITOS DA
SENTENÇA A interpretação sistemática dos arts. 16 e 21 da Lei
n.º 7.347/85 e do art. 93 da Lei n.º 8.078/90 revela que os efeitos da
sentença proferida em sede de ação civil pública estão vinculados à
abrangência territorial da competência do órgão julgador. Assim, se
o Ministério Público entendia que o dano era supra-regional ou
nacional, haja vista que a Reclamada atua em outros Estados
do território nacional, de modo que deveria regularizar sua
conduta em relação a todos os seus estabelecimentos, a ação
civil pública deveria ter sido ajuizada em uma das Varas do
Trabalho do Distrito Federal e não na Vara do Trabalho de São
João do Meriti/RJ, sob pena de limitar os efeitos da decisão à
área geográfica da Vara do Trabalho escolhida para o
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ajuizamento da ação, como de fato ocorreu. Recurso de revista
conhecido e não provido. (Processo: RR - 206000-
90.2000.5.01.0321 Data de Julgamento: 11/02/2009, Relator
Ministro: Carlos Alberto Reis de Paula, 3ª Turma, Data de
Divulgação: DEJT 20/03/2009)

Os substituídos pela Associação estão distribuídos, por todo o país,


podendo-se ressaltar que a pessoa jurídica citada tem muitos agremiados nos Estados de
São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do sul, Pernambuco, dentre outras
localidades.
Ante a dispersão dos titulares do direito e a extensão do dano, não
houve outra alternativa senão ajuizar a demanda no Distrito Federal. Nos termos do art.
93 do CDC e do Enunciado da Súmula 130 do TST.

2. DOS FATOS

2.1. Antecedentes da questão dos empregados da ECT.

O Departamento de Correios e Telégrafos (DCT) foi criado em 1931,


pela fusão da Repartição Geral dos Telégrafos com a Diretoria Geral dos Correios, pelo
Decreto n.º20.853, de 26.12.1931, ficando subordinado ao Ministério da Viação e Obras
Públicas.

O quadro de pessoal do DCT era constituído de funcionários públicos


nomeados e, a partir de 28.10.1952, passou a ser regido pelo Estatuto do Funcionalismo
Público Federal instituído pela Lei 1711, dessa mesma data, com seus funcionários sendo
denominados de “estatutários”.

Entretanto, inúmeros foram os funcionários contratados pelo DCT


como celetistas, a partir de 1960 (tarefeiros) visando suprir necessidades temporárias de
seus serviços, para os quais seu Quadro de Pessoal se mostrava insuficiente, mediante
participação de provas seletivas internas e concursos de provas e títulos.

Destaque-se que nessas provas de seleção apenas os melhores


classificados eram admitidos pelo regime da Lei n.º 1711/52, os demais eram colocados
sob o regime da CLT, apesar de desempenharem as mesmas tarefas na mesma época e
receberem os mesmos salários e terem as mesmas responsabilidades e direitos de
progressão funcional.

Em 1969, o DCT foi transformado em Empresa Brasileira de Correios


e Telégrafos pelo Decreto n.º 509, em 20.03.1969, cujo art. 1º tinha a seguinte redação:
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“Art. 1º. O Departamento dos Correios e
Telégrafos (DCT) fica transformado em empresa pública, vinculada
ao Ministério das Comunicações, com a denominação de Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); nos termos do art. 5º,
item II, do Decreto Lei n.º 200, de 25 de fevereiro de 1967.”

Ressalte-se que o art. 11 do Decreto –Lei n.º 509 foi, em menos de 1


(um) mês, alterado pelo Decreto-Lei n.º 538, de 17 de abril de 1969, a fim de se
compatibilizar com o artigo 182 do Decreto-Lei 200 de 25.02.1967, passando a vigorar
com a seguinte redação:

“Art. 11. O regime jurídico do pessoal da ECT


será o da Consolidação das Leis do Trabalho aprovada pelo
Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943.”

Assim, a partir de 10 de março de 1969 todos os servidores da ECT


tornaram-se CELETISTAS, sem qualquer distinção.

No entanto, apesar de tanto do Decreto Lei 200/67, como o Decreto-


Lei 538/ 69 colocarem de forma expressa que o regime de pessoal seria o da CLT, a ECT
detinha naquela época funcionários públicos, concursados e contratados sob o regime
celetista e funcionários estatutários desempenhando as tarefas e funções.

É nítido, portanto, que o Decreto 538-69 veio extinguir a única


distinção que poderia haver entre os dois grupos de empregados (celetistas e
estatutários), porquanto passaram a trabalhar sob o mesmo regime da CLT,
executando as mesmas tarefas, exercendo os mesmos cargos e funções, percebendo
os mesmos salários e gratificações e, contribuindo para o mesmo sistema
previdenciário.

Com efeito, devido à transformação do DCT em ECT, os funcionários


celetistas oriundos do DCT continuaram sob o regime da CLT, com alteração do Instituto
Previdenciário para o qual contribuíram, ou seja, para o antigo IPASE e atual INSS.

Por outro lado, aos estatutários foi facultado permanecerem como


estatutários e serem redistribuídos para outros órgãos da Administração Direta ou, se
quisessem continuar a atuar na nova empresa pública, a obrigação de renunciar ao regime
da Lei 1711, sendo submetidos ao regime da CLT em igualdade de condições com os
demais empregados. Quanto a esta possibilidade de continuar no regime estatutário ou ir
para o regime celetista, há que se verificar o que dispõe a Lei 6184/74, senão vejamos:

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Art. 1º Os funcionários públicos de órgão da
Administração Federal Direta e Autarquias que se transformaram
ou venham a transformar-se em sociedades de economia mista,
empresas públicas ou fundações poderão ser integrados, mediante
opção, nos quadro de pessoal dessas entidades.

§ 1º A integração prevista neste artigo somente


se aplica a ocupantes de cargos de provimento efetivo e aos
agregados existentes nos quadros dos órgãos e autarquias à data da
transformação, excluídos os que tenham sido redistribuídos ou
transferidos para quadros de outros órgãos da Administração.
§ 2º A integração se efetivará mediante
contratação, por prazo indeterminado, no regime da legislação
trabalhista, para emprego compatível com as atribuições do cargo
ocupado pelo funcionário quando da opção.
§ 3º Efetivada a integração na forma do
parágrafo anterior, considerar-se-á extinto e automaticamente
suprimido o cargo que o funcionário venha ocupando no regime
estatutário.

Art. 2º Será computado, para o gozo dos direitos


assegurados na legislação trabalhista e de previdência social,
inclusive para efeito de carência, o tempo de serviço anteriormente
prestado à Administração Pública pelo funcionário que, por motivo
de que trata o artigo 1º, integre ou venha a integrar quadro de
pessoal de sociedade de economia mista, empresa pública ou
fundação.

Parágrafo único. A contagem de tempo de


serviço de que trata este artigo far-se-á segundo as normas
pertinentes ao regime estatutário, inclusive computando-se em
dobro, para fins de aposentadoria, os períodos de licença especial
não gozada, cujo direito tenha sido adquirido sob o mesmo regime.

Art. 3º Os funcionários que permanecerem no


regime estatutário poderão concorrer à inclusão no Plano de
Classificação de Cargos de que trata a Lei nº 5.645, de 10 de
dezembro de 1970, para o preenchimento de claros na lotação dos
Ministérios, órgãos integrantes da Presidência da República e
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Autarquias Federais, na conformidade das normas legais e
regulamentares pertinentes.

Parágrafo único. Os funcionários de que trata


este artigo que não satisfizerem os requisitos da Lei nº 5.645, de 10
de dezembro de 1970, passarão a integrar Quadro Suplementar, na
forma e para os efeitos do disposto no parágrafo único do artigo 14,
da referida Lei.

Ou seja, foi garantido tanto aos servidores estatais como agregados


(celetistas) do antigo DCT, caso dos associados da Reclamante, a oportunidade de serem
contratados pelo regime celetista, como ocorreu de fato, vez que todos os associados são
empregados celetistas da ECT oriundos do DCT.

Importante destacar que havia sido prometido a todos os empregados


que, em que pese a alteração da natureza jurídica da empresa e do regime de pessoal de
algumas pessoas, não haveria prejuízos no momento da jubilação (aposentadoria), motivo
pelo qual a grande maioria, para não se dizer unanimidade, aderiu ao regime celetista.

No entanto, quando as primeiras pessoas iniciaram os pedidos de


aposentadoria, tiveram uma surpresa: o INSS não lhes reconhecia o direito à
aposentadoria integral, ficando todos limitados ao teto de dez salários mínimos.

A partir desse fato, os empregados da ECT se organizaram e fizeram


um grande movimento junto ao Congresso Nacional, conseguindo aprovar um projeto de
Lei semelhante ao que beneficiara os ferroviários e assim foi promulgada a Lei 8.529/92,
em 14.12.92, que instituiu a complementação de aposentadoria, paga pelo Tesouro
Nacional para empregados celetistas da ECT.

No entanto, apesar do fato gerador ter sido o mesmo para as Leis n.º
8.286/91 (Lei de complementação de aposentadoria dos Ferroviários) e Lei n.º 8.529/92
(Lei de complementação de aposentadoria dos empregados do extinto DCT), a
conseqüência jurídica foi distinta, gerando enormes prejuízos à centenas de aposentados e
aposentáveis da ECT, como adiante se demonstrará.

2.2. ANÁLISE DOS DISPOSITIVOS DA LEI Nº 8529/92


É notório que, quando da transformação do extinto DCT em ECT, já
havia funcionários públicos, concursados e contratados, naquele órgão, trabalhando sob o
regime celetista, desempenhando as mesmas funções de funcionários estatutários;
portanto, o que houve, com o advento da Lei 6.184/74, foi a regulamentação da transição
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daqueles funcionários que estavam sob o regime da Lei n° 1.711/52, para laborarem,
desde então, sob o regime da CLT, e a sistematização dos servidores celetistas, para
que passassem a contribuir juntamente com os estatutários para o INPS, de forma a
que ambos - celetistas e ex-estatutários - ficassem protegidos e sob o mesmo sistema
de recolhimento de contribuições previdenciárias, situação que perdura até hoje.
Desta forma, feita a opção, ficaram todos sob o efeito da mesma
norma, qual seja, a legislação trabalhista, e daquele momento em diante extinguiu-se
a única distinção que havia entre eles, posto que passaram a trabalhar sob o mesmo
regime, e, da mesma forma que antes, sem qualquer distinção, seja nos salários, seja
nos recolhimentos previdenciários. Esta situação só se modificou em um único ponto
em 1992, quando aqueles que já haviam sido beneficiados na forma de contratação,
agora também o foram na forma de aposentação.
Assim, a partir da edição da Lei 8.529/92, foi corrigida grave injustiça
com relação a estes ex-servidores públicos, tendo lhes sido concedida a complementação
do valor da aposentadoria, ou seja, aposentadoria integral. Todavia, face a uma
interpretação míope do texto legal, alijou-se parte destes servidores. Observe-se que
como a Lei foi editada PARA OS EMPREGADOS admitidos até 31/12/1976, não faz
qualquer sentido conceder a complementação aos ex-estatutários, e negar aos celetistas.
Note-se ainda que de 1969 até 1976, TODOS OS QUE FORAM
ADMITIDOS o foram COMO CELETISTAS. Assim, é evidente que a Lei nº 8529/92
os protegeu, já que a conversão dos antigos estatutários ocorreu em 1974.
Consequentemente, TODOS, de 1974 a 1976, data limite do direito de complementação
previsto no art. 1º da Lei, foram admitidos e integrados na Empresa como
CELETISTAS. Porque então a data limite de 31.12.76, haja visto que a Lei não contém
palavras inúteis, que dirá de prazos inúteis???
Fosse diferente, o art. 1º da Lei 8.529/92 não teria posto a data de
31/12/1976, já que após 1974, ocorrida a conversão do sistema, TODOS OS
ADMITIDOS ERAM CELETISTAS.
O respectivo diploma estabelece, em seu primeiro dispositivo legal, o
norte a delinear os imperativos da Lei Federal:
“Art. 1º. É garantida a complementação da
aposentadoria, paga na forma prevista pela Lei Orgânica da
Previdência Social – LOPS, AOS EMPREGADOS da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT QUE TENHAM SIDO
INTEGRADOS NO SEUS QUADROS ATÉ 31 DE DEZEMBRO
DE 1976” (grifos nossos).
Assim, está delimitado o campo de aplicação, cujo requisito único
deve ser o ingresso na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT -, na condição
de empregado, até 31 de dezembro de 1976.
A disposição legal é cristalina: impõe ao regramento complementar,
dada a sujeição relativa à legislação previdenciária, o direito aos empregados que estejam
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aposentados, eis que o tema trata de complementação de aposentadoria. Observe-se que a
lei refere-se a “EMPREGADOS” termo de uso exclusivo para aqueles regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho, ou seja, CELETISTAS.
Portanto, o dispositivo definidor da norma complementar fixa o direito
a tal complementação para os “empregados”, sem distinção, figurando como único
requisito a data de integração nos quadros da empresa.
No caso dos substituídos da Reclamante, viu-se através da cópia de
suas Carteiras Profissionais e outros documentos que estão vinculados à empresa desde
muito antes de 31.12.1976, e, aliado ao tempo de serviço anterior ao ingresso na ECT,
portanto, gozam do direito à aposentadoria pelo INSS, E, OBVIAMENTE, DO DIREITO
À COMPLEMENTAÇÃO paga pela UNIÃO FEDERAL nos termos do art. 1º e 4º da Lei
8.529/92.
Cabe observar que as contradições na aplicação da norma apontada
são inúmeras, cujas análises hão de ser feitas para perfeita interpretação do texto no seu
inteiro teor.
Cumpre salientar, também, que a própria Lei estabelece três situações
diferentes, mas correlatas, para a concessão do direito, sendo que o caso dos substituídos
da Reclamante se enquadra não só no art. 1º, como também no art. 4º do referido diploma
legal, senão vejamos:
Situação 1 – “Art. 1º - É garantida a complementação da
aposentadoria, paga na forma prevista pela Lei Orgânica da Previdência Social
– LOPS, aos empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos –
ECT que tenham sido integrados nos seus quadros até 31 de dezembro de
1976.”
Situação 2 – “Art. 3.º - Os efeitos desta Lei alcançam,
também, os ex-empregados da ECT que já se encontram na inatividade mas
optaram pela integração nos seus quadros, sob o regime da Consolidação das
Leis do Trabalho – CLT, até 31 de dezembro de 1975.”
Situação 3 – “Art. 4.º - Constitui requisito essencial para a
concessão da complementação de que trata esta Lei a condição de empregado
da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, integrado nos seus
quadros com base na Lei nº 6.184, de 11 de dezembro de 1974, e originário do
extinto Departamento de Correios e Telégrafos.”
Como na realidade cada artigo apresenta uma formação e um
requisito, além de abranger um universo diferente de destinatários, não há que se inquinar
a prevalência de um sobre o outro e, se assim fosse, seria sempre dominante o art. 1.º
sobre os demais, dada circunstância relativa à sistematização legal.
Como o disposto no art. 1º é de natureza específica, há que se fazer
uma pequena interpretação e complementação com o art. 4º, que impõe os requisitos não
manifestados pelo artigo anterior (art. 1º), o qual é prevalente por ser o mais abrangente,

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e na ordem legislativa colocado como o primeiro artigo para nortear o alcance TOTAL da
lei.
O art. 1º estabelece a complementação para TODOS OS
EMPREGADOS integrados no quadro da ECT, aposentados pela Previdência Social,
vez que todos a partir de 1967, data do último concurso, passaram a ser celetistas, ou seja,
defere a complementação para todos os trabalhadores celetistas da Empresa que,
aposentando-se, terão direito à complementação, desde que o ingresso na ECT –
empregadora – tenha ocorrido até 31 de dezembro de 1976. Este artigo primeiro é
amplo, e atinge um universo superior ao abrangido pelos arts. 3º e 4º da referida Lei.
Por outro lado, o art. 3o nos dá a indicação que os mesmos direitos
foram assegurados aos beneficiários do INSS, aposentados anteriormente à Lei em
tela, o qual gozarão do direito, repise-se, independentemente da situação de ex-
estatutários ou celetistas, mas desde que hajam optado pela integração ao quadro da
empresa até 31 de dezembro de 1975, ou seja, limite temporal inferior ao previsto no art.
1º, porém superior ao previsto no art. 4º da Lei 8.529/92.
Já o art. 4º atinge outro universo, qual seja, os antigos servidores do
DCT, integrados no quadro da Empresa ECT por força dos arts. 1o e 6o da Lei 6.184/74.
Esse grupo abrange os antigos estatutários e os celetistas (“agregados” daquela época) e
tem como data limite a publicação da Lei 6.184, de 11 de dezembro de 1974. Todavia, a
ECT e a União vêm aplicando incorretamente esse dispositivo por entender,
erroneamente, estar esse universo restrito aos ex-estatutários, fazendo assim “tábula rasa”
dos dispositivos que expressamente englobaram os celetistas-agregados do quadro do
antigo Departamento de Correios e Telégrafos.
Assim, percebe-se que há clara redação legal dispondo sobre as
distinções para cada situação relativa aos empregados que, regidos pelo sistema
abrangente da LOPS, terão direito a complementação, desde que TODOS tenham sidos
admitidos até 31 de dezembro de 1976, prazo final e limite do direito ao benefício
legal da complementação das aposentadorias previdenciárias.
Aqueles aposentados (art. 3º), antes da vigência da Lei em foco –
8.529/92, terão direito à complementação uma vez que tenham optado para ingressar nos
quadros da empresa até 31 de dezembro de 1975, (com aparente conflito com o art. 1º,
que fixa 31/12/76, e com o art. 4º, que fixa a data da Lei 6184, ou seja, 11/12/1974).
Já aqueles que tiveram de optar, passando do regime estatutário para o
celetista, e os agregados que optaram pela ECT (celetistas), terão direito à
complementação desde que tenham ingressado no quadro pela previsão do art. 1º da Lei
6.184/74, e sejam originários do extinto DCT. Trata-se de situação jurídica peculiar, não
atingindo ou interferindo no impositivo do art. 1 o, ou do art. 3º da Lei n° 8.529/92, já que
para estes não há data prevista, senão a do regime de conversão e da própria lei, ou
seja, 11/12/1974.
Assim, devidamente diferenciadas as condições de cada uma das
situações previstas pela lei nos seus artigos, verificando-se o total enquadramento dos
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substituídos da Reclamante no enunciado do art. 1º, da Lei n° 8.529/92, onde,
devidamente caracterizado no imperativo deste artigo, não poderia o administrador impor
outras condições para a concessão da complementação senão as previstas na lei.
Destaque-se que, muito embora a natureza jurídica dos contratos de trabalho, ex-
estatutários e celetistas, sejam diversas, in casu, todos eram funcionários públicos cujo
desempenho das tarefas ocorreu nas mesmas condições, com igual salário e com a mesma
forma de seleção para ingresso.
Por outro lado, a partir da Lei n° 6.184/74, todos passaram a ser
regidos pelo regime da CLT, prevalecendo, com mais razão, os impositivos do art. 1º, da
Lei n° 8.529/92, já que de 1974 até 1992, ou seja, durante mais de 20 (vinte) anos ambos
trabalharam e recolheram à Previdência, portanto, aos cofres públicos como
celetistas, não fazendo sentido esta interpretação esdrúxula dada a lei, editada vinte anos
após a transformação do Departamento (DCT) em Empresa (ECT), vir a beneficiar
apenas uma clientela, justamente aquela que já havia sido beneficiada no ingresso, por
mera circunstância de que na época o quadro funcional do Departamento era limitado.

2.3. Paralelo do histórico e texto das Leis 8.186/91 e 8.529/92

Antes de se avaliar o texto das duas leis, cabe dizer que a ECT, assim
como a Rede Ferroviária Federal foram criadas por lei, com o objetivo principal de
promover e gerir os interesses da União no setor de transportes ferroviários, haja vista ser
competência da União a exploração desta atividade, conforme art. 21, inciso XII, da
CF/88. Ela era vinculada ao Ministério dos Transportes.

A ECT, por seu turno, foi criada por lei para desenvolver atividade
que também é de competência exclusiva da União, qual seja: manter o serviço postal e o
correio aéreo nacional (art. 21, inciso X, da CF/88) e era vinculada ao Ministério das
Comunicações.

Tanto em uma empresa como em outra os funcionários eram


contratados mediante realização de prova seletiva, sendo os melhores colocados regidos
pela Lei 1711 e os demais pelo regime celetista.

No entanto, enquanto a Rede Ferroviária tinha natureza jurídica de


sociedade de economia mista a ECT tinha natureza jurídica de empresa pública.

Por outro lado, tendo em vista o advento do Decreto 200/67 (art. 182),
ambas tiveram que alterar o regime de pessoal de seus funcionários, passando todos ao
regime celetista, sob a promessa de que teriam suas aposentadorias resguardadas, em que
pese serem todos celetistas.

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Ocorre que, quando os primeiros ferroviários começaram a se
aposentar verificaram que o INSS somente estava deferindo o pagamento do limite de 10
(dez) salários mínimos, o que gerou um movimento daquele grupo no Congresso
Nacional para que seus direitos de aposentadoria fossem resguardados.

E assim foi feito: foi promulgada a Lei 8.186/91 que garantiu a todos
os ferroviários admitidos até 31.10.1969 a complementação de aposentadoria a todos os
celetistas, fossem eles ex-servidores públicos, fossem eles celetistas, sem qualquer
distinção: todos sendo tratados como simplesmente – ferroviários.

Portanto, o texto do art. 4º da Lei 8.529/92 sempre foi tido pelos


empregados da ECT, integrados até 31 de dezembro de 1976, como uma odiosa
discriminação, violadora do basilar direito ao tratamento igualitário perante a lei.

Senão vejamos:

Lei 8.186/91 Lei 8.529/92


Dispõe sobre a Dispõe sobre a
complementação de aposentadoria de complementação da aposentadoria do
ferroviários e dá outras providências pessoal do extinto Departamento de
Correios e Telégrafos (DCT) e dá
outras providências.

Art. 1° É garantida Art. 1° É garantida


a complementação da aposentadoria a complementação da aposentadoria,
paga na forma da Lei Orgânica da paga na forma prevista pela Lei
Previdência Social (LOPS) aos Orgânica da Previdência Social
ferroviários admitidos até 31 de (LOPS), aos empregados da Empresa
outubro de 1969, na Rede Ferroviária Brasileira de Correios e Telégrafos
Federal S.A. (RFFSA), constituída ex- (ECT) que tenham sido integrados nos
vi da Lei n° 3.115, de 16 de março de seus quadros até 31 de dezembro de
1957, suas estradas de ferro, unidades 1976.
operacionais e subsidiárias.

Art. 2° Observadas Art. 2° Observadas


as normas de concessão de benefícios as normas de concessão de benefícios
da Lei Previdenciária, a da Lei Previdenciária, a
complementação da aposentadoria complementação da aposentadoria
devida pela União é constituída pela devida pela União é constituída pela
diferença entre o valor da diferença entre o valor da
aposentadoria paga pelo Instituto aposentadoria paga pelo Instituto
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Nacional do Seguro Social (INSS) e o Nacional do Seguro Social (INSS) e o
da remuneração do cargo valor da remuneração correspondente à
correspondente ao do pessoal em do pessoal em atividade na Empresa
atividade na RFFSA e suas Brasileira de Correios e Telégrafos
subsidiárias, com a respectiva (ECT), com a respectiva gratificação
gratificação adicional por tempo de adicional por tempo de serviço.
serviço. Parágrafo único. O
Parágrafo único. O reajuste do valor da aposentadoria
reajustamento do valor da complementada obedecerá aos mesmos
aposentadoria complementada prazos e condições em que for
obedecerá aos mesmos prazos e reajustada a remuneração dos
condições em que for reajustada a empregados da Empresa Brasileira de
remuneração do ferroviário em Correios e Telégrafos (ECT), em
atividade, de forma a assegurar a atividade, de forma a assegurar a
permanente igualdade entre eles. permanente igualdade entre eles.

Art. 3° Os efeitos Art. 3º Os efeitos


desta lei alcançam também os desta lei alcançam, também, os ex-
ferroviários, ex-servidores públicos ou empregados da ECT que já se
autárquicos que, com base na Lei n° encontram na inatividade, mas optaram
6.184, de 11 de dezembro de 1974, e pela integração nos seus quadros, sob o
no Decreto-Lei n° 5, de 4 de abril de regime da Consolidação das Leis do
1966, optaram pela integração nos Trabalho (CLT), até 31 de dezembro
quadros da RFFSA sob o regime da de 1975.
Consolidação das Leis do Trabalho,
inclusive os tornados inativos no
período de 17 de março de 1975 a 19
de maio de 1980.

Art. 4° Constitui
condição essencial para a concessão da Art. 4º Constitui
complementação de que trata esta lei a requisito essencial para a concessão da
detenção, pelo beneficiário, da complementação de que trata esta lei a
condição de ferroviário, na data condição de empregado da Empresa
imediatamente anterior ao início da Brasileira de Correio se Telégrafos
aposentadoria previdenciária. (ECT), integrado nos seus quadros
com base na Lei n° 6.184, de 11 de
dezembro de 1974, e originário do
extinto Departamento de Correios e
Telégrafos.
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Art. 5° A Art. 5º A
complementação da pensão de complementação da pensão de
beneficiário do ferroviário abrangido beneficiário do ferroviário abrangido
por esta lei é igualmente devida pela por esta lei é igualmente devida pela
União e continuará a ser paga pelo União e continuará a ser paga pelo
INSS, observadas as normas de INSS, observadas as normas de
concessão de benefícios da Lei concessão de benefícios da Lei
Previdenciária e as disposições do Previdenciária e as disposições do
parágrafo único do art. 2° desta lei. parágrafo único do art. 2° desta lei.
Parágrafo único. Parágrafo único.
Em nenhuma hipótese, a pensão Em nenhuma hipótese, a pensão
previdenciária complementada poderá previdenciária complementada poderá
ser paga cumulativamente com as ser paga cumulativamente com as
pensões especiais previstas nas Leis pensões especiais previstas nas Leis
n°s 3.738, de 3 de abril de 1960, e n°s 3.738, de 3 de abril de 1960, e
6.782, de 20 de maio de 1980, ou 6.782, de 20 de maio de 1980, ou
quaisquer outros benefícios pagos pelo quaisquer outros benefícios pagos pelo
Tesouro Nacional. Tesouro Nacional.

Art. 6° O Tesouro Art. 6° O Tesouro


Nacional manterá à disposição do Nacional manterá à disposição do
INSS, à conta de dotações próprias INSS, à conta de dotações próprias
consignadas no Orçamento da União, consignadas no Orçamento da União,
os recursos necessários ao pagamento os recursos necessários ao pagamento
da complementação de que trata esta da complementação de que trata esta
lei. lei.

É nítido que as Leis são idênticas na redação, com exceção dos caputs
dos artigos 3º e 4º, que notoriamente foram trocados na versão da Lei 8.529/92, alterando
para pior toda a situação dos aposentados e aposentáveis da ECT e ainda trazendo uma
nítida DISCRIMINAÇÃO NO EXERCÍCIO DO DIREITO DA COMPLEMENTAÇÃO
DE APOSENTADORIA, de pessoas que entraram na empresa na mesma época e
exerceram as mesmas funções e atividades.

Destaque-se também o fato de que ambas as leis fazem referência à


Lei 6.184/74, vez que as duas antes da alteração para “empresa pública” detinham
empregados sob os dois regimes (estatutário e celetistas).

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No entanto, enquanto a Lei aplicada ao caso dos Ferroviários não
houve qualquer distinção de tratamento quanto aos chamados agregados (celetistas) e
estatutários para efeito de recebimento de complementação de aposentadoria; a Lei
8.529/92 fez alusão à Lei 6.184/74 e ao fato dos empregados serem oriundos do antigo
DCT, que é exatamente o caso dos associados da Reclamante.

Assim, é com o objetivo de exterminar essa desvantagem criada por


lei, que vem a FAACO, representando os associados aposentados celetistas e empregados
aposentáveis da ECT, pleitear a equiparação do direito de complementação de
aposentadoria, pelas razões a seguir retratadas.

3. DA RAZÃO DA EXTENSÃO DO DIREITO À


COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA AOS ASSOCIADOS DA FAACO

3.1. NATUREZA JURÍDICA ANÔMALA DA ECT.


DECISÕES DO SUPREMO E DO TST. CONFIGURAÇÃO DE
AUTARQUIA.

Antes de adentrar no mérito sobre a ilegalidade e a flagrante


desarmonia do artigo 4º com o restante do texto da lei 8.529/92, é importante destacar
que a ECT detém uma natureza anômala.

Essa questão é de suma importância, pois evidenciará aos Nobres


Julgadores que a lei não deve apenas ser interpretada de forma gramatical, visto que a
história e os fatos atuais demonstram que a discriminação causada pela lei não pode
persistir.

Para isso, deve-se esclarecer que apesar da Lei definir que a ECT tem
natureza jurídica de empresa pública, ela mais se assemelha a uma autarquia, inclusive
com pronunciamento do Supremo Tribunal Federal a respeito do tema.

Primeiro é importante diferenciar uma autarquia de uma empresa


pública, conforme o que estabelece o artigo 5º do Decreto Lei 200/67, verbis:

“Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:


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I - Autarquia - o serviço autônomo, criado
por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios,
para executar atividades típicas da Administração Pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada.

II - Empresa Pública - a entidade dotada de


personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e
capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de
atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força
de contingência ou de conveniência administrativa podendo
revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.”

A primeira incompatibilidade aparece no fato da ECT desempenhar


atividade não reservada à empresas públicas, mas à autarquias. Explica-se:

 Antes da criação da ECT, o serviço


postal, em função de sua natureza, era prerrogativa da União,
executando por um ente diretamente vinculado à
Administração Direta, no caso o Departamento de Correios e
Telégrafos.

 Assim, apesar da alteração da


natureza jurídica daquela entidade, houve continuidade tanto
na prerrogativa da União, como na execução de atividade
típica da Administração Pública por uma empresa pública.

 Sabe-se que a Constituição Federal


de 1988 determina em seu artigo 21, inciso X que compete à
União manter o serviço postal e o correio aéreo nacional,
bem como legislar privativamente sobre o serviço postal (art.
22 da CF/88).

 O artigo 2º do Decreto Lei 509/69,


por sua vez, define como competência da ECT “executar e
controlar, em regime de monopólio, os serviços postais em
todo o território nacional”.

 O artigo 13 do Decreto-Lei 509/69


define outras atribuições, de importante relevância para a

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caracterização de sua natureza como um ente autárquico,
como:

 Zelar, no âmbito das


comunicações, pelo sigilo da correspondência;
 Cumprimento das leis e
regulamentos relacionados com a segurança nacional;
 Garantia do tráfego postal-
telegráfico.

Além disso, há que se dizer que a Empresa Brasileira de Correios não


exerce atividade econômica, vez que é prestadora de serviço de prestação obrigatória e
exclusiva do Estado.

Uma prova disso é o fato do serviço postal prestado pela ECT não ser
gratuito, mas sim pago pelo usuário por meio de uma tarifa – preço público – cobrada
com a venda do selo que deve estar estampado no documento postal.

Acresça-se que o fato de todos terem direito à utilização do serviço


postal, de forma eficiente e satisfatória e isso, por si só, já caracteriza a obrigatoriedade
da atividade exercida pelo Estado.

Impende ressaltar que esta tese aqui colocada é defendida pela própria
ECT nos seus Recursos Extraordinários em que buscam imunidade tributária,
impenhorabilidade de bens, dentre outros.

Vale transcrever o trecho do Voto do processo (RE 407.099-5/RS),


onde o Ministro indica a tese da própria ECT, ora recorrente, verbis:

“Daí o RE, interposto pela ECT, fundado no art.


(...), sustentando em síntese o seguinte:
a) O art. 173, §2º, da Constituição se aplica
exclusivamente às empresas públicas que exploram atividade
econômica em regime de concorrência com o setor privado, não
incidindo, pois, na hipótese, dado que a ECT se caracteriza como
empresa pública federal prestadora de serviço público
reservado à União, valendo salientar que o serviço postal não
perde a natureza e o regime públicos por ter sido delegado a
uma empresa pública;
b) Inocorrência de revogação do art. 12 do
Decreto-Lei 509/69, sendo certo que o mencionado dispositivo,
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consoante entendimento desta Corte, foi recepcionado pela
Constituição;
c) Os bens da ECT são públicos e, portanto,
impenhoráveis e imprescritíveis;
d) A ressalva à imunidade da União de suas
autarquias e fundações, contida no art. 150, VI, a, §3º, da CF, a
impostos sobre o patrimônio quando houver contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, aplica-se
exclusivamente à prestação de serviço público por particulares (art.
175, segunda parte da CF);
e) A ECT goza da imunidade prevista no art.
150, VI, a , da CF, sendo certo que “(...) a essencialidade da
prestação do serviço de correios estabelecida constitucionalmente
como direito de todos à sua utilização, amalgamado ao princípio de
que o serviço público precisa ser necessariamente contínuo,
regular, correto e impessoal, leva à conclusão inquestionável de
que os bens postos na execução dos serviços postais são
inatingíveis por interferências ou onerações que possam
inviabilizar ou mesmo obstar a sua fruição pela coletividade.”

Esta tese defendida pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos


deu origem a todas as jurisprudências do STF acerca da imunidade tributária da empresa,
impenhorabilidade de bens, pagamento por precatórios, dentre outros benefícios,
conforme se verifica nas ementas ora transcritas:

RE 220.907-5/RO
EMENTA: CONSTITUCIONAL.
PROCESSUAL CIVIL. EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA
DE SERVIÇO PÚBLICO: PRECATÓRIO.
I – Os bens da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, uma empresa pública prestadora de serviço público, são
impenhoráveis, porque ela integra o conceito de fazenda pública.
Compatibilidade, com a Constituição vigente, do DL 509, de 1969.
Exigência do precatório: CF, art. 100.
II – Precedentes do Supremo Tribunal Federal:
Re 220.906-DF, 229.696-PE, 230.072 – RS, 230.051 –SP e 225.011
– MG, Plenário, 16.11.00.
III – RE conhecido e provido.

RE 407.099-5/RS

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CONSTITUCIONAL. TRIBUÁRIO.
EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA:CF, ART. 150, VI, a.
EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE
ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE
SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO
I – As empresas públicas prestadoras de serviço
público distinguem-se das que exercem atividade econômica. A
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço
público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por
que está abrangida pela imunidade tributária recíproca: CF, art. 150,
VI,a.
II – RE conhecido em parte e, nessa parte,
provido.

Por outro lado, quando se trata de conferir direitos às pessoas que


trabalharam na mesma empresa num momento de alteração legislativa, faz o uso da tese
mais vantajosa, qual seja: de que tem natureza jurídica de empresa pública e por tal
motivo todos devem ser regidos pela CLT, somente podendo ser beneficiados da Lei
8.529/92 àqueles que efetivamente fizeram a opção pelo regime celetista pela Lei 6.184.

É nítido que a única questão ainda não apreciada pelo STF, no que se
refere à natureza jurídica anômala, é referente ao tratamento conferido aos seus
empregados, conforme trecho do voto no Agravo Regimental no Agravo de Instrumento
561.230-0 RS, quando o relator, Ministro Gilmar Mendes, concluiu da seguinte maneira:

“Não se aplica, no caso, o precedente


estabelecido no RE 220.906, no qual foi afastada a restrição contida
no artigo 173, § 1º, da Constituição Federal, para reconhecer
impenhorabilidade dos bens da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos. Nada se discutiu, naquela oportunidade, sobre a
estabilidade de funcionário de empresa pública.”

Todavia, vale transcrever trecho do voto do Ministro Carlos Velloso,


no RE 407.099-5/RS, que se pronunciou sobre a impossibilidade de aplicação do artigo
173 da CF à ECT, pelo fato dela não explorar atividade econômica por ter o monopólio
da mesma, dentre outros, senão vejamos:

“(...) Este último autor, escrevendo sobre o tema,


já sob o pálio da CF/88, leciona:

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‘Da mesma forma, no §1º do art. 173 a
expressão conota atividade econômica em sentido estrito:
determina fiquem sujeitas ao regime próprio das empresas
privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e
tributárias, a empresa pública, a sociedade de economia mista
e outras entidades que atuem no campo da atividade
econômica em sentido estrito; o preceito, à toda evidência,
não alcança empresa pública, sociedade de economia mista
e entidades (estatais) que prestam serviço público’ (Eros
Roberto Grau, “A ordem econômica na Constituição de 1988
– interpretação e crítica, Ed. R.T. , 2ª ed., 1991, página 140).’
(...)
Neste voto, estou deixando expresso o que ficara
implícito no raciocínio desenvolvido nos votos acima indicados.
‘ É que a disposição inscrita no art. 173,
caput, da Constituição, contém ressalva: “ressalvados os
casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou o
relevante interesse coletivo; conforme definidos em lei’. Quer
dizer, o artigo 173 da CF está cuidando da hipótese em que o
Estado esteja na condição de agente empresarial, isto é, esteja
explorando, diretamente atividade econômica em
concorrência com a iniciativa privada. Os parágrafos, então,
do citado art. 173, aplicam-se com observância do comando
constante do caput. Se não houver concorrência – existindo
monopólio, CF, art. 177 – não haverá aplicação do
disposto no §1º do mencionado art. 173. É que, conforme
linhas atrás registrado, o que quer a Constituição é que o
Estado-empresário não detenha privilégios em relação aos
particulares. Se houver monopólio, não há concorrência,
desaparece a finalidade do disposto no §1º do art. 173.
Impõe-se, então, a suspensão parcial da
eficácia das expressões impugnadas, sem redução de texto.
É dizer, referentemente às empresas públicas e sociedade
de economia mista que explorem atividade econômica, em
sentido estrito, não monopolistas, as mencionadas
expressões não têm aplicação.’
No caso, tem-se uma empresa pública de
serviço público – a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
– ECT – o serviço postal (C.F. , art. 21, X). Além de não estar,
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portanto, equiparada às empresas privadas, integram o
conceito de fazenda pública.
Assim, os seus bens não podem ser penhorados,
estando ela sujeita à execução própria das pessoas públicas: CF, art.
100.”
(RE 407.099-5/RS, Ministro Relator Carlos
Velloso, Segunda Turma).

Ou seja, no entendimento do Nobre Ministro, no caso da ECT, tendo


em vista que exerce serviço público com monopólio, não poderiam ser aplicados os
regimes trabalhista e tributário das empresas privadas, vez que sequer se equipara às
empresas privadas, vez que inexiste concorrência e exploração de atividade econômica.

É legítima, portanto, a postulação dos substituídos da FAACO ao


enquadramento na Lei 8.529/92, face ao discorrido acima, corroborado com os
entendimentos do STF já citados.

Cabe aqui esclarecer que o que se pretende com esta ação não é e nem
nunca foi converter a natureza jurídica dos atuais empregados da ECT, mas apenas
conferir direito de complementação aos empregados ativos e inativos que
integraram os quadros da ECT até a data de 31.12.76.

Isso porque como já foi amplamente esclarecido, pela técnica jurídica,


a única diferença entre empresa pública e autarquia aqui não existe, visto que no caso da
ECT o serviço prestado é de competência exclusiva da União e atividade típica da
Administração Pública.

É que por tudo o que se demonstrou aqui, percebe-se que a ECT


mesmo após o passar dos anos continuou a operar no modo do antigo DCT e a se
beneficiar dos privilégios de autarquia e, no entanto, o grupo de associados da FAACO
aqui representado, mesmo tendo participado da empresa em momento anterior à 1976,
não teve o direito de ter a complementação de aposentadoria.

Neste sentido, resta configurada por um outro ângulo, a irregularidade


de tratamento e a fragilidade do único fator diferenciador dos associados da FAACO e
dos beneficiários atuais da Lei 8.529/92: a forma de contratação das pessoas antes de
1976 (estatutária ou celetista) , em que pese o fato da ECT SEMPRE TER EXERCIDO
SERVIÇO PÚBLICO, COM TODOS OS PRIVILÉGIOS DE AUTARQUIA.

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3.2. DO POSICIONAMENTO DA ECT. AUTO-
CARACTERIZAÇÃO COMO AUTARQUIA

É importante destacar que a própria ECT se auto reconhece como


autarquia, o que caracteriza por si só que os seus empregados exercem, como dito acima,
atividade típica da ECT.

É o que se depreende da petição inicial da Suspensão de Segurança de


n.º 4220 impetrada no Supremo Tribunal Federal, conforme cópia anexo, cujo trecho se
transcreve:
“A ECT entende que é isenta de custas e porte
de retorno com fundamento no artigo 12 do Decreto-lei n.º 509/69,
recepcionado pela Constituição Federal de 1988, conforme abaixo
transcrito:
“A ECT gozará de isenção de direitos de
importação de materiais e equipamentos destinados aos seus
serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer
em relação a imunidade tributária, direta ou indireta,
impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer no
concernente a foro, prazos e custas processuais.”
Consoante entendimento sedimentado no
Supremo Tribunal Federal, a ECT, por prestar serviço público, sem
portanto, explorar atividade econômica, é equiparada à Fazenda
Pública com base no artigo 12 do Decreto-lei n.º 509/69, que foi
recepcionado pela Constituição Federal de 1988.
Desta forma, para a Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, devem ser concedidos os prazos
diferenciados para apresentar defesa e interpor recursos e a
isenção do pagamento de custas e preparo, além de seus bens
não sofrerem penhorabilidade e os seus débitos ser pagos pelo
regime de precatório.
Para comprovar o entendimento do Supremo
Tribunal Federal, transcreve-se a ementa do RE 220906/DF,
julgado por aquela corte:
‘RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
CONSTITUCIONAL. EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRADOS, IMPENHORABILIDADE
DE SEUS BENS, RENDAS E SERVIÇOS. RECEPÇÃO DO
ARTIGO 12 DO DECRETO-LEI N. 509/69. EXECUÇÃO.
OBSERVÂNCIA DO REGIME DE PRECATÓRIO.
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APLICAÇÃO DO ARTIGO 100 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL.
1. A empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à
Fazenda Pública, é aplicável o privilégio da
impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços.
Recepção do artigo 12 do Decreto-lei n. 509/69 e não
incidência da restrição contida no artigo 173, §1º, da
Constituição Federal, que submete a empresa pública, a
sociedade de economia mista e outras entidades que
explorem atividade econômica ao regime próprio das
empresas privadas, inclusive quanto às obrigações
trabalhistas e tributárias.
2. Empresa pública que não exerce
atividade econômica e presta serviço público da
competência da União Federal e por ela mantido.
Execução.Observância do regime de precatório, sob
pena de vulneração do disposto no artigo 100 da
Constituição Federal. Recurso Extraordinário conhecido
e provido.” (RE 220906/DF, Re.: Ministro Maurício
Correia, julgamento 16.11.00, Tribunal Pleno, DJ14.11.02,
p. 0015)
Destaca-se, por oportuno, que os Tribunais
Regionais Federais, já se posicionaram acerca dessa questão,
aludindo que à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, na
esteira do julgamento do STF, é assegurado os benefícios da
Fazenda Pública previstos no Decreto-Lei 509/69:
‘EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELÉGRAFOS. DECRETO-LEI Nº 509/69
RECEPCIONADO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
PRAZO RECURSAL EQUIPARADO AO DA FAZENDA
PÚBLICA.
1. Tendo o Decreto-lei nº 509/69 – que
criou e concedeu à EBCT os mesmos privilégios concedidos à
Fazenda Pública – sido recepcionado pela Constitução Federal
de 1988, a EBCT goza de prazo em dobro para interpor
apelação (art. 12, DL 509/69; c/c arts. 188 e 508, CPC).
2. Agravo de instrumento conhecido e provido.(TRF4ª
Região, 3ª Turma, AI 200204010259591/PR, Decisão de
23.09.03, DJU 01.10.03, Rel. Carlos Eduardo Thompson
Flores Lenz)’”
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Assim, resta evidente que a própria ECT admite não só que presta
serviço público de competência da União, como reconhece que NÃO explora atividade
econômica, sendo visível que todos os que se encontravam em atividade até 31.12.76
exerciam esses serviços e estavam sob as mesmas condições, motivo pelo qual não deve
prevalecer a interpretação discriminatória da Lei 8.529/92, como adiante se demonstrará
pelo estudo hermenêutico da Lei.

3.3 DA INTERPRETAÇÃO DA LEI 8.529/92.


AVALIAÇÃO DO SEU OBJETIVO.

São os dizeres de Degni:

“Uma disposição poderá parecer clara a quem a


examinar superficialmente, ao passo que se revelará tal a quem a
considerar nos seus precedentes históricos, nas suas conexões com
todos os elementos sociais que agem sobre a vida do direito na sua
aplicação a relações que, como produto de novas exigências e
condições, não poderiam ser consideradas, ao tempo da formação
da lei, na sua conexão com o sistema geral do direito positivo
vigente” (L`interpretazione della legge, Napoli, 1909, apud Diniz,
Maria Helena, Lei de introdução ao Código Civil Brasileiro
interpretado, 15ed, São Paulo, Saraiva, 2010, p. 168).

Isso significa que as leis claras contêm o perigo de serem entendidas


apenas no sentido imediato decorrente de seus dizeres, quando na verdade, têm valor
mais amplo e profundo que não advém de suas palavras.

Daí a importância do modo de interpretação a ser utilizado, vez que é


necessário conferir a aplicabilidade da norma jurídica às relações sociais que deram
origem àquela lei, estender o sentido da norma a relações novas ao tempo de sua criação
e temperar o alcance do preceito normativo, para fazê-lo corresponder às necessidades
reais e atuais de caráter social.

A seguir será demonstrado que por várias técnicas de interpretação das


leis, o artigo 4º da Lei 8.529/92 não deverá ser considerada como obstáculo ao
recebimento de complementaçao de aposentadoria pelos substituídos da Reclamante.

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Vale destacar, entretanto, que o ato de interpretar é complexo, ou seja,
ele é único e não se fraciona. Assim, as operações de interpretação aplicados a seguir
devem atuar conjuntamente, pois todas trazem sua contribuição para a descoberta do
sentido e alcance da norma, que é único.

E, neste sentido, restará efetivamente demonstrado que o fim da Lei


8.529/92 é abranger os substituídos da FAACO, ou seja, todos àqueles empregados que
estavam na empresa desde 31.12.1976.

a) Da contenda

Como já foi exaustivamente exposto, a Lei 8.529/92 foi criada para


conferir o direito de recebimento de complementação de aposentadoria aos empregados
da ECT que foram integrados àquela empresa até a data de 31 de dezembro de 1976.

Ocorre que o artigo 4º dessa lei criou uma restrição ao exercício do


direito e limitou o número de pessoas abrangidas pela lei ao definir que seria “requisito
essencial” a condição dos empregados terem sido integrados aos quadros da ECT com
base na Lei 6.184/74 e originário do extinto DCT para poderem receber tal
complementação.
Como já foi dito aqui, uma lei semelhante à de n. 8.529/92 foi criada
para os Ferroviários, não havendo qualquer restrição ao fato de terem sido integrados aos
quadros daquela empresa com base na Lei 6.184/74 e originária Rede Ferroviária Federal.
Ou seja, não houve qualquer distinção entre servidores estatutários e
agregados, motivo pelo qual não há qualquer razão em fazer essa distinção no caso dos
autos.
De qualquer forma, deve ser feita a interpretação da Lei 8.529/92
utilizando-se todos os métodos, a fim de que seja verificada a impossibilidade na
permanência nessa distinção que tantos prejuízos causa aos associados da autora.

b) Solução

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer o que o termo “agregado”


previsto no §1º do art. 1º da Lei 6.184/74 quer dizer.

Vale transcrever a letra da lei:

“§1º A integração prevista neste artigo somente


se aplica a ocupantes de cargo de provimento efetivo e aos
agregados existentes nos quadros dos órgãos e autarquias à data da

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transformação, excluídos os que tenham sido redistribuídos ou
transferidos para quadros de outros órgãos da Administração.”

O que seriam esses agregados?

Seriam exatamente os associados da Reclamante, que à época


prestavam serviços no DCT sem ser exatamente pelo regime estatutário, apesar de terem
prestado concurso para entrar na empresa, mas prestavam os mesmos serviços de seus
colegas estatutários.

Ou seja, os associados da reclamante e os estatutários trabalhavam


juntos, ganhavam os mesmos valores, e até se confundiam, estavam no mesmo conjunto,
mas tinham a situação funcional distinta, pois efetivamente não eram regidos pela Lei
1711/51, em que pesem terem passado no mesmo concurso em colocações distintas.

Cabe, assim, trazer o significado do termo “agregado”, segundo o


Dicionário Jurídico, verbis:

Agregado. Sem divergir do sentido que lhe vem


do latim, aggregatum, na acepção de associado, misturado,
adjuntado, o termo tem sentido adjetivo e substantivo.
Como adjetivo, vem dizer da qualidade de coisas
ou pessoas reunidas, mostrando por isso, uma coletividade, seja de
coisas, seja de pessoas.
E, por isso, as coisas agregadas se dizem
universais ou coletivas.
O patrimônio e a herança, olhadas pelo seu todo,
indicam-se coisas coletivas ou universais.
Como substantivo, indica, também a própria
mistura que ocorreu. E, assim, se diz agregado de animais, para
indicar a mistura que se verificou com animais de diferentes donos,
em um só rebanho.
E agregado designa ainda a pessoa que se
empregou em uma fazenda pecuária ou agrícola, tendo a mesma
equivalência de camarada.
É ainda aplicado para indicar o funcionário
público que se incluiu entre os efetivos de uma repartição ou de
uma classe, em virtude de uma necessidade do serviço. Tem, então,
o mesmo sentido de adido ou extranumerário.”

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“Extranumerário: segundo o sentido da
própria expressão (além do número), é o vocábulo empregado na
terminologia administrativa, para designar os empregados que
não se acham incluídos nos quadros aprovados ou oficiais, mas
admitidos, segundo os princípios das leis vigentes.
São os empregados ditos contratados,
mensalistas, diaristas, nomeados ou admitidos em caráter
temporário, segundo a natureza e a necessidade do serviço. “

Nítido, portanto, que os associados da reclamante eram exatamente


esses agregados, vez que todos passaram por processo seletivo para entrar no antigo
DCT, sendo que alguns foram colocados como estatutários e outros como celetistas,
executando as mesmas atividades laborais e ganhando o mesmo valor, em que pese se
tratar de regimes jurídicos distintos.

Com a transformação do DCT em ECT estes associados da FAACO


que já tinham à época contrato de trabalho por tempo indeterminado assim continuaram
naquela empresa.

Assim, está evidente que eles se misturaram com os estatutários seja


na época do antigo DCT, seja na época em que houve a transformação para ECT, vez que
de 1969 até 1975, praticamente só existia empregado celetista, vez que poucos quiseram
continuar como estatutários. Portanto, evidente a impossibilidade de se fazer qualquer
distinção, visto que tanto um quanto o outro era oriundo do DCT e ficou até 1975 como
celetista, devendo, assim, fazer jus ao recebimento à complementação de aposentadoria
pela Lei 8.529/92.

É exatamente isso que pretende esta Lei (n.º 8.529/92), conforme se


verificará nas suas diversas formas de interpretação abaixo indicadas.

b.1) Técnica Gramatical

Percebe-se que por este método, a análise gramatical não se limita ao


simples conteúdo da palavra ou do trecho da lei sem influência dos demais dispositivos,
da história da lei, do local do dispositivo questionado.

Por essa técnica, o cientista busca os sentidos literais possíveis do


termo, sempre tendo em vista as seguintes regras:

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“1) As palavras podem ter significação comum
e técnica, caso em que se deve dar preferência ao sentido técnico;
2) deve ser considerada a colocação da norma; 3) havendo
antinomia entre o sentido gramatical e o sentido lógico, este deve
prevalecer; 4) o significado da palavra deve ser tomado em
conexão da lei; 5) o termo deve ser interpretado em relação aos
demais; 6) havendo palavras em sentido diverso, cumpre ao
intérprete fixar-lhes o adequado ou o verdadeiro.” (Lei de
introdução ao Código civil brasileiro interpretado, DINIZ, Maria
Helena, 15 ed, Ed. Saraiva: São Paulo, 2010, p. 178).

No entanto, antes de se fazer a conexão do dispositivo questionado e o


exterior, vale analisar o texto da lei em consonância com a Lei Complemementar n.º95-
98, que normatizou dentre outros, a forma de elaboração e redação das leis, estabelecendo
um formato único que auxilia principalmente o intérprete e aplicador da lei.

Assim, vale destacar trechos mais importantes da referida Lei:

“Art. 3º A lei será estruturada em três partes


básicas:
I – parte preliminar, compreendendo a
epígrafe, a menta, o preâmbulo, o enunciado do objeto e a
indicação do âmbito de aplicação das disposições normativas.
II - parte normativa, compreendendo o
texto das normas de conteúdo substantivo relacionadas com a
matéria regulada;
III - parte final, compreendendo as
disposições pertinentes às medidas necessárias à
implementação das normas de conteúdo substantivo, às
disposições transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e
a cláusula de revogação, quando couber.
Art. 4o A epígrafe, grafada em caracteres
maiúsculos, propiciará identificação numérica singular à lei e será
formada pelo título designativo da espécie normativa, pelo número
respectivo e pelo ano de promulgação.
Art. 5o A ementa será grafada por meio de
caracteres que a realcem e explicitará, de modo conciso e sob a
forma de título, o objeto da lei.
Art. 6o O preâmbulo indicará o órgão ou
instituição competente para a prática do ato e sua base legal.

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Art. 7o O primeiro artigo do texto indicará o
objeto da lei e o respectivo âmbito de aplicação, (...)
(...)
Art. 11. As disposições normativas serão
redigidas com clareza, precisão e ordem lógica, observadas, para
esse propósito, as seguintes normas:
I - para a obtenção de clareza:
a) usar as palavras e as expressões em seu
sentido comum, salvo quando a norma versar sobre assunto técnico,
hipótese em que se empregará a nomenclatura própria da área em
que se esteja legislando;
(...)”

Assim, o artigo 1º da Lei 8.529/92 indica o “objeto da lei” e o


“respectivo âmbito de aplicação”, na forma abaixo identificada:

a) O OBJETO DA LEI SERÁ: “garantir a


complementação da aposentadoria”;
b) O ÂMBITO DA APLICAÇÃO SERÁ:
aos “empregados” da ECT que tenham sido integrados em seus
quadros até 31 de dezembro de 1976.

O inciso IV, do art. 7º, da LC95/98 dispõe que “o mesmo assunto não
poderá ser disciplinado por mais de uma lei, exceto quando a subseqüente se destine a
complementar lei considerada básica, vinculando-se a esta por remissão expressa”.

Ora, a Lei 6.184, de 31.12.74, no seu artigo 4º dispunha:

“A União custeará, nos casos dos funcionários a


que se refere o artigo 1º, a parcela da aposentadoria correspondente
ao tempo de serviço prestado sob o regime estatutário, mediante
inclusão no orçamento, anualmente, de dotação específica em favor
do INPS.”

Verifica-se, portanto, que a Lei 8.529/92 não poderia disciplinar o


mesmo assunto, exceto para completar lei considerada básica, ou seja, in casu, para
estender os seus efeitos aos empregados celetistas integrados no quadro da Empresa até
31 de dezembro de 1976, porquanto, a partir de 1969 (data da transformação do DCT em
ECT), todos os que ingressaram na Empresa o foram como “celetistas”.

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Desta forma, não faria sentido dispor no art. 1º da Lei 8.529/92 o
prazo de 31.12.1976, se após 1969 todos os empregados integrados ao quadro da
Empresa o foram como “celetistas”, vez que como esclareceu a LC n.º 95/98, no art. 7º,
inciso II – “a lei não conterá matéria estranha a seu objeto ou a esta não vinculada por
afinidade, pertinência ou conexão”.

Neste sentido, é nítido que o art. 1º da Lei 8.529/92 ampliou o


universo previsto no art. 4º da Lei 6.184/74, assim, como os artigos 3º e 4º da Lei
8.529/92, alcançaram outros universos, também “a este vinculado por afinidade,
pertinência e conexão” já que todos eram empregados (celetistas) da ECT integrados aos
seus quadros até 31.12.1976 – data limite do benefício concedido pelo legislador, vez
que, como dispõe a LC95/98 “o âmbito de aplicação da lei será estabelecido de forma tão
específica quanto possibilite o conhecimento técnico ou científico da área respectiva”.

No que se refere ao tipo de linguagem aplicada na lei, a LC95/98 há a


preferência por palavras em seu sentido comum.

Justamente por este motivo que a Lei 8.529/92 não utilizou os termos
“servidor público estatutário” ou “funcionário público efetivo”; mas, ao contrário, em
todo o seu texto usou o termo amplo – “pessoal”, que abrange toda a coletividade de
pessoas em atividade na empresa sejam estatutários ou celetistas. O termo técnico
específico “empregados” também caracteriza “o pessoal que presta serviço pelo regime
da Consolidação das Leis do Trabalho”, ou seja, os CELETISTAS.

Ora, o termo “empregado” é conhecido no nosso ordenamento jurídico


num único sentido, como sendo aquele prestador de serviço de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e sob salário (art. 3º da CLT).

Assim, quando o artigo 1º da Lei 8.529/92 colocou o termo


EMPREGADOS (= celetistas), quis englobar todos àqueles que estavam na empresa até a
data 31.12.76 sob o regime da CLT.

Do mesmo modo, o artigo 3º da Lei 8.529/92, quando colocou o termo


“ex-empregados”, quis dizer pessoas que se aposentaram, fossem elas celetistas ou
optantes, desde que tivessem integrado os quadros da empresa até 31.12.1976.

Feita a análise do termo questionado no sentido gramatical, importante


é destacar a sua colocação no teor da norma, devendo se avaliar a posição ocupada pelo
termo debatido.

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Ora, é inadmissível no direito, que um artigo de uma mesma lei limite
o dispositivo da ementa ou o dispositivo de um outro artigo antecedente e
hierarquicamente superior.

A regra de solução de conflito de normas diz que deve-se dar


prioridade ao dispositivo hierarquicamente superior e, se forem da mesma hierarquia,
opta-se pela norma primária (ex: dar preferência ao caput do artigo, em detrimento dos
parágrafos, incisos ou alíneas).

Ora, in casu, tanto a ementa, como o artigo 1º são anteriores ao artigo


4º e, por este motivo, devem prevalcer sobre este último.

Pelo sentido lógico-gramatical, o artigo 4º também não merece


prevalecer. É que, como já foi dito, a lógica interpretativa sugere que normas que
assegurem direitos, garantias e prerrogativas, que favoreçam os interesses sociais tenham
interpretação extensiva.

Assim, tendo em vista que tanto a ementa da Lei, como o seu próprio
artigo 1º dispõe que a complementação de aposentadoria deverá ser extensiva aos
empregados da ECT e antigo DCT admitidos até 1976, não deve haver qualquer
restrição ao exercício desse direito.

A ideia do artigo 4º deve ser interpretada em conexão com o restante


da lei e, por tal motivo, não deve ter um caráter restritivo, como a interpretação
puramente literal quer fazer crer.

Assim, percebe-se que pela interpretação gramatical, o artigo 4º


não pode ser considerado como limitador do direito dos substituídos da FAACO,
vez que em nenhum momento a Lei 8.529/92 excluiu os celetistas, muito pelo
contrário, o seu texto teve por único e exclusivo objetivo protegê-los, já que os
estatutários já estavam protegidos pela Lei 6.184/74, cuja implementação poderia
ocorrer através da “regulamentação”

b.2) Processo lógico de interpretação

Por este métido, há uma análise do motivo, do fim, da ocasião e


comparando-se a norma jurídica com outra, busca-se o exato sentido e alcance da lei.

Assim, vale destacar o motivo de criação da Lei 8.529/92: atender o


pleito daquelas pessoas que faziam parte do antigo DCT (ECT) (de complementação de
aposentadoria), que prestavam atividade típica da Administração Pública, num momento
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em que a empresa era vinculada à Administração Direta (DCT) e que mesmo após a
transformação continuaram com o exercício da mesma atividade.

Deste modo, se a essência dos serviços prestados era de serviço


público, seja na época do DCT, seja na época da ECT, não haveria porque colocar todos
como empregados celetistas, razão pela qual foi prometida vantagem na jubilação, qual
seja, a complementação de aposentadoria, a qual foi criada pela Lei 8.529/92.

Daí o fim da lei: conferir direito aos empregados da ECT ou antigo


DCT que integraram os quadros da empresa até 1976 à complementação de
aposentadoria.

A ocasião da Lei 8.529/92, por sinal, foi posterior à criação do mesmo


direito aos aposentados e empregados aposentáveis da Rede Ferroviária Federal, que
passava por situação jurídica semelhante e, inclusive, tem texto de lei idêntico, com
exceção das particularidades de cada empresa, como se viu no quadro comparativo feito
nesta petição.

Aliás, quando se fala em comparar a Lei 8.529/92 com a Lei dos


Ferroviários, há que se ressaltar que nesta inexiste qualquer limitação ou restrição ao
direito de complementação pelo regime de pessoal dos empregados. Ou seja, sejam os
ferroviários estatutários ou celetistas, todos tiveram o direito à complementação de
aposentadoria, sendo que eles eram mais de 100.000 (cem mil) servidores, enquanto que
os empregados da ECT, do antigo DCT não totalizam 20.000 (vinte mil) hoje reduzidos a
número inferior, haja vista o falecimento e a idade avançada de todos.

Ou seja, comparando o caso da ECT com o caso dos empregados da


Rede Ferroviária, há que se dizer que a ECT possuía situação muito mais vantajosa,
diante do número cinco vezes inferior, se tratando, portanto, de situação menos onerosa à
União Federal.

Assim, percebe-se que o sentido e alcance da norma, pela avaliação


lógica da lei, é que seu fim é conferir sem qualquer distinção o direito à complementação
de aposentadoria.

b.3) Processo sistemático de interpretação

Por este método, todas as normas devem ser analisadas tendo em


conta as suas inter-relações com outras normas do ordenamento jurídico.

Diniz (2010) cita os aconselhamentos de Horst Bartholomeyczik:


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“(...) na leitura da norma nunca se deve ler o


segundo parágrafo sem antes ter lido o primeiro, nem deixar de ler
o segundo depois de ter lido o primeiro; nunca se deve ler um só
artigo, leia-se também o artigo vizinho. Deve-se, portanto,
comparar o texto normativo, em exame, com outros do mesmo
diploma legal ou de leis diversas, mas referentes ao mesmo
objeto, pois por umas normas pode-se desvendar o sentido de
outras. Examinando as normas, conjuntamente, é possível verificar
o sentido de cada uma delas.”

Ou seja, por este método pode-se verificar que tanto a ementa, como o
artigo primeiro da Lei 8.529/92 inexiste qualquer restrição ou limitação para o exercício
do direito: basta que o EMPREGADO da ECT tenha integrado os quadros da
empresa até 1976.

Do mesmo modo, a lei dos ferroviários, que foi criada nos mesmas
condições dos ecetistas e que retratava situação de pessoas naquelas mesmas situações,
não fez qualquer restrição: todos os ferroviários admitidos até 1969 têm o direito de
complementação de aposentadoria da União.

Na verdade, é nítido pelo comparativo textual das duas leis, que a


segunda parte dos textos do artigos 3 e 4 foram trocados, trazendo imenso prejuízo aos
substituídos da FAACO, ora reclamante.

Ou seja, pelo método sistemático, percebe-se que o sentido da lei é


abranger a todos os empregados da ECT admitidos até 1976, sem qualquer restrição.

b.4) Processo histórico de interpretação

Por este método, há a averiguação dos antecedentes da norma.

Ora, as circunstâncias fáticas que precederam a lei e lhe deram origem


ou as necessidades que induziram o Poder Legislativo a elaborar a lei já foram por
demais exploradas nesta peça, inclusive, com a indicação que os ecetistas buscaram o
mesmo direito conferido aos ferroviários.

E tudo leva a crer que o resultado que se buscava com a lei era
justamente garantir a todos àqueles empregados da ECT o direito ao recebimento de
complementação de aposentadoria, sem qualquer limitação.

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Aliás, os ecetistas ao se organizarem e pleitearem junto ao Poder
Legislativo, se basearam numa lei criada para os Ferroviários, onde não houve qualquer
restrição ou limitação no exercício do direito.

Assim, percebe-se que pelo desenvolvimento histórico da chamada


“complementação de aposentadoria” no nosso ordenamento jurídico brasileiro para os
empregados de entidades que integravam a Administração Direta, o sentido da norma é
abranger a todos àqueles que prestavam serviços típicos da Administração Pública.

b.5) Processo sociológico ou teleológico

O objetivo deste método é adaptar a finalidade da norma às exigências


sociais, tendo em vista o bem comum, se aplicando o princípio da boa-fé, da exigência de
justiça, o do respeito aos direitos de igualdade perante a lei, dentre outros.

Carlos Maximiliano aponta algumas regras norteadoras do emprego


do processo teleológico:

“1º ) as normas conformes ao seu fim devem ter


idêntica execução, não podendo ser entendidas de modo que
produzam decisões diferentes sobre o mesmo objeto; 2º ) se o fim
advém de várias normas, cada um delas deve ser compreendida de
maneira que corresponda ao objetivo resultante do conjunto; 3º)
deve-se conferir ao texto normativo um sentido que resulte
haver a norma regulado a espécie a favor e não em prejuízo de
quem ela visa proteger; 4º) os títutlos, as epígrafes, o preâmbulo
e as exposições de motivos da norma auxiliam a reconhecer o
seu fim.” (Hermenêutica, 1965, p. 149/162, apud Diniz, Maria
Helena, Lei de introdução ao Código Civil Brasileiro interpretado,
15ed, São Paulo, Saraiva, 2010, p. 182)

Ou seja, se mais de um dispositivo da Lei 8.529/92 dispõe que a


complementação é um direito dos EMPREGADOS CELETISTAS do antigo DCT ou
ECT admitidos até a data de 31.12.1976, é porque a norma visa proteger todas as pessoas
admitidas na empresa até este limite temporal, sem qualquer outra limitação.

A Lei 8.529/92 visa proteger o grupo de pessoas admitidas pelo antigo


DCT e que prestavam serviço típico da Administração Pública e não desfavorecer quem
ela visa proteger.

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E como diz Carlos Maximiliano, as epígrafes da normas, ementas
auxiliam a reconhecer o seu fim e, por tudo que foi exposto resta demonstrado que o
sentido e alcance da lei é mais amplo, ou seja, abarca também os substituídos da FAACO
que foram admitidos na ECT até 31.12.1976.

b.6) Aplicação do artigo 5º da Lei de


Introdução ao Código Civil ao caso em debate

Dispõe o artigo 5º da LICC:

“Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos


fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.”
(g.n.)

Isso significa dizer que é o dispositivo do art. 5º da LICC que permite


o Magistrado corrigir a inadequação da norma à realidade fático-social e aos valores
positivados, harmonizando o abstrato e rígido da norma com a realidade concreta,
mitigando seu rigor e corrigindo-lhe os desacertos, ajustando-a do melhor modo possível
ao caso emergente.

Neste sentido, na procura do fim social e bem comum, deverá haver a


repulsa à exclusiva intepretação literal da lei ou à sua aplicação mecânica e predomínio
do caráter valorativo, político-social.

Assim, se o bem comum no caso da Lei 8.529/92 é justamente a


garantir a complementação de aposentadoria aos EMPREGADOS CELETISTAS da ECT
ou DCT admitidos até 31.12.1976, deve este teor prevalecer sobre qualquer outra ideia
constante da lei, vez que este é o bem maior e caracteriza o respeito ao princípio da
igualdade, como adiante restará demonstrado.

b.7) Analogia com o caso previsto na Constituição Federal

Como se sabe, a Constituição Federal de 1988 previu no artigo 19 da


ADCT a garantia aos servidores públicos, entre eles empregados celetistas, da União,
Estados, DF, Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas a
estabilidade, desde que estivessem há pelo menos cinco anos continuados em exercício e
que não tenham sido admitido via concurso público.

Ou seja, foi um benefício concedido a todos de forma indiscriminada,


previsto pela Lei maior.

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Em que pese o fato deste processo não ter o objeto de trazer o mesmo
tipo de benefício aos associados da FAACO, visto que lá se buscou a estabilidade e aqui
se objetiva a complementação da aposentadoria, é indiscutível a similitude de alguns
pontos que merecem, por conseguinte a aplicação do recurso da interpretação ou
utilização da analogia.

Merece destaque o ponto que tanto no caso dos servidores abrangidos


pelo art. 19 da ADCT, como o caso dos substituídos da FAACO, as pessoas exerciam
atividade típica da Administração Pública. Veja que a própria ECT têm todos os
benefícios de Autarquia, tanto que o próprio STF já se manifestou neste sentido!!

Em segundo lugar: enquanto no caso das pessoas beneficiárias do art.


19 da ADCT houve a garantia pelo exercício mínimo de 05 (cinco) anos contínuos
naquela função, há que se dizer que os associados da FAACO já se encontravam em
exercício há mais de 20 anos exercendo a mesma atividade.

Em terceiro lugar: enquanto a Constituição Federal beneficiou


centenas de milhares de pessoas, há que se dizer que a restrição prevista na Lei 8.529/92
deixou para trás menos de 6.000 (três mil ) pessoas espalhadas por todo país.

Veja Excelência, esta é a situação de poucos idosos trabalhadores dos


Correios (carteiros, motoristas) pessoas humildes que entraram para essa função na flor
da idade em uma empresa sólida, exercendo serviço típico da Administração Pública.

Assim, se a própria Constituição Federal previu um benefício tão


melhor e amplo a milhares de pessoas, que contavam com uma história de serviço na
Administração Pública muito menor, o que dirá então a Lei 8.529/92, que apenas trouxe
o benefício da “Complementação de Aposentadoria” a um grupo pequeno de aposentados
e aposentáveis dos Correios, que entraram na empresa antes de 31.12.76???

Por todo o exposto, resta evidenciado o direito desses substituídos a


receberem a Complementação de Aposentadoria, nos moldes definidos na Lei 8.529/92!!!

3.3. DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA

É nítido que atualmente está havendo violação ao princípio da


isonomia, uma vez que estaria se dando tratamento privilegiado a um grupo de
empregados com carreira profissional idêntica à de outros – também integrados à
Empresa até 31 de dezembro de 1976 -, somente havendo, com diferencial entre eles, a
forma de integração.
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Na verdade, no entanto, a única diferença que havia entre eles,
diferença que deixou de existir a partir da opção dos que eram estatutários, é o fato de
que, em face da lei n.º 6.184, alguns optaram pela CLT e outros foram contratados, quer
pelo DCT quer pela ECT, já sob essa égide, destacando-se que, na data limite de 31 de
dezembro de 1976, TOTOS ELES ERAM REGIDOS PELA CLT.
Como doutrina José Afonso da Silva in Curso de Direito
Constitucional Positivo - 8ª edição, Malheiros Editores:
“As constituições só têm reconhecido a
igualdade no seu sentido formal jurídico: igualdade perante a lei. A
constituição de 1988 abre o capítulo dos direitos individuais com o
princípio de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza (art. 5º, caput), reforça o princípio com muitas
outras normas sobre a igualdade ou buscando a igualização dos
desiguais pela outorga de direitos sociais substanciais. Assim é que,
já no mesmo art. 5º, I, declara que homens e mulheres são iguais
em direitos e obrigações. Depois, no art. 7º, XXX e XXXI, vêm
regras de igualdade material, regras que proíbem distinções
fundadas em certos fatores, ao vedarem diferença de salários, de
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil e qualquer discriminação no tocante a
salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
deficiência. A previsão, ainda que programática, de que a República
Federativa do Brasil tem como um de seus objetivos fundamentais
reduzir as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III), a veemente
repulsa a qualquer forma de discriminação (art. 3º, IV), a
universalidade da seguridade social, a garantia ao direito à saúde, à
educação baseada em princípios democráticos e de preocupação
com a justiça social como objetivo das ordens econômicas e social
(arts. 170, 193, 196 e 205) constituem reais promessas de busca da
igualdade material.”

Acrescenta o autor que “a justiça formal” consiste em “um princípio


de ação segundo o qual os seres de uma mesma categoria essencial devem ser tratados da
mesma forma”. Aí a justiça formal se identifica com a igualdade formal. A justiça
concreta ou material seria, para Perelman, a especificação da justiça formal, indicando a
característica constitutiva da categoria essencial, chegando-se às formas: a cada um
segundo a sua necessidade; a cada um segundo seus méritos; a cada um a mesma coisa.”

Por outro lado, destaca o Ilustre Professor:

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“a igualdade perante o juiz decorre, pois, da
igualdade perante a lei, como garantia constitucional
indissoluvelmente ligada à democracia.”1

E acrescenta:
“O princípio da igualdade jurisdicional ou
perante o juiz apresenta-se, portanto, sob dois prismas: 1) como
interdição ao juiz de fazer distinção entre situações iguais, ao
aplicar a lei; 2) como interdição ao legislador de editar leis que
possibilitem tratamento desigual a situações iguais ou tratamento
igual a situações desiguais por parte da Justiça.”2
“A realização da igualdade perante a justiça,
assim, exige a busca da igualização de condições dos desiguais, o
que implica conduzir o juiz a dois imperativos, como observa
Ingber: de um lado, cumpre-lhe reconhecer a existência de
categorias cada vez mais numerosas e diversificadas, que
substituem a idéia de homem, entidade abstrata, pela noção mais
precisa de indivíduo caracterizada pelo grupo em que se insere de
fato; de outro lado, deve ele apreciar os critérios de relevância que
foram adotados pelo legislador.”
“A Constituição vigente é mais veemente e mais
abrangente na condenação nas desequiparações entre pessoas.
Confere a igualdade perante a lei sem distinções de qualquer
natureza.
Assim, conclui o Prof. José Afonso da Silva, in
verbis:
“São inconstitucionais as discriminações não
autorizadas pela Constituição. O ato discriminatório é
inconstitucional.
Há duas formas de cometer essa
inconstitucionalidade. Uma consiste em outorgar benefício legítimo
a pessoas ou grupos, discriminando-os favoravelmente em
detrimento de outras pessoas ou grupos em igual situação.
A outra forma de inconstitucionalidade revela-se
em se impor obrigação, dever, ônus, sanção ou qualquer sacrifício a
pessoas ou grupos de pessoas, discriminando-as em face de outros
na mesma situação que, assim, permaneceram em condições mais
favoráveis. O ato é inconstitucional por fazer discriminação não

1
In Direito Constitucional Brasileiro – José Afonso da Silva – 8ª ed. – pág. 193/194/195/199/201
2
In Direito Constitucional Brasileiro – José Afonso da Silva – 8ª ed – pág. 193/194/195/199/201
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autorizada entre pessoas em situação de igualdade.” (Pág.
205/206/207/208)

O sentido do § 1º do art. 39 repousa, então, no seguinte mandamento,


imposto à Administração para quando editar suas leis de organização do quadro de
pessoal: sempre que observar a igualdade, ou mesmo a semelhança pronunciada, entre
vários cargos e empregos, seja dentro de um só Poder, seja mesmo de cargos ou
empregos de um Poder comparados com os de outro Poder, sempre que a respectiva
esfera de governo patentear essa igualdade precisará igualar, correspondentemente, a
remuneração básica (o padrão, o valor inicial) desses postos. É como dizer: a trabalho
igual corresponde a salário igual, como já consta há décadas da CLT.

E sobre a igualdade de funções (atribuições), e não de nomes, como


fator igualador e desigualador do trabalho, cabe citar a ementa da AC 162.400, já de
1967, do TJSP:
“Não é a identidade de expressão denominadora
do cargo que dá ao funcionário direito à paridade de vencimentos, e
sim a identidade de funções”. Ou a dos EI 193.575, SP, do mesmos
TJSP, de 1971, de um sintetismo lapidar: “A função exercida pelo
servidor público determina a remuneração correspondente”.

Acrescente-se ainda que mesmo na condição de contratados, os


substituídos da FAACO desempenhavam serviço público. O contrato não retira a
condição pública dos serviços prestados, pois, segundo Pontes de Miranda, não é na
estrutura da relação que se há de buscar a sua caracterização. Por isso, pensamos, admite
Themistocles Cavalcanti, que os contratados são funcionários, com garantias limitadas,
por exemplo, ausente de estabilidade, mas não deixam de ser funcionários.

Se no atual regime constitucional e principalmente da década de 80


para cá, havia argumentos para separação da designação do serviçal público, antes não
havia, como a rigor nunca houve, pelo simples fato de que o Estado nunca foi
empregador na acepção jurídica do termo, não explora atividade econômica, embora o
contratado pudesse ser empregado.

A descaracterização de tal dicotomia acentua-se, mais ainda, quando o


contratado desempenha atividades lado a lado com o estatutário, e tanto mais nos idos de
1970, quando os contratos não eram temporários, seguindo-se indefinidamente por vários
anos até chegarem ao ponto de comporem quadro provisório (quadro de agregados), mas
em cargo de provimento efetivo. Esses, mas do que qualquer outro, se afeiçoam a
designação de funcionário.

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Contudo, conquanto o Legislador tivesse plena ciência e compreensão
destes fatos, a União Federal tem solenemente ignorado esse dispositivo legal (art. 1°, da
Lei 8.529/92), e vem excluindo os celetistas do direito à complementação baseando-se
em interpretação equivocada do art. 4° da Lei 8.529/92, que, repita-se, dispõe:
"Art. 4° - Constitui requisito essencial para a
concessão da complementação de que trata esta Lei a condição de
empregado da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT,
integrado nos seus quadros com base na Lei número 6.184, de 11
de dezembro de 1974, e originário do extinto Departamento de
Correios e Telégrafos".

Desconhece a União e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos


os termos do art. 1º, da Lei 8.529/92, que estende esse direito a TODOS OS
EMPREGADOS, ou seja, os INTEGRADOS NOS QUADROS DA EMPRESA
BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS até 31 de dezembro de 1976, vez que
após 1969 o Departamento de Correios e Telégrafos deixou de existir para surgir a
EMPRESA, sendo que o regime de admissão após esta data era regido, exclusivamente,
pela Consolidação das Leis do Trabalho, portanto, TODOS OS QUE FORAM
ADMITIDOS NESTE PERÍODO O FORAM COMO CELETISTAS.

Discriminá-los e excluí-los, como vêm fazendo a União Federal e a


ECT, atenta contra o direito adquirido e o princípio da isonomia, indo de encontro ao
texto legal e a mens legis, que em sua essência visou um tratamento igualitário para
pessoas que participaram de uma mesma situação jurídica, fizeram uma mesma prova
seletiva, pertenceram ao mesmo quadro funcional e só tiveram regimes jurídicos diversos
(CLT e 1.711) por um curto período de tempo, vez que após a transformação do
Departamento em Empresa (1969) todos passaram a ser celetistas. Ou seja, durante mais
de 30 anos, a situação jurídica deles, ambos celetistas, foi a mesma, tanto para os ex-
estatutários como para os celetistas.

Ademais, a própria Lei, se quisesse discriminá-los, faria


EXPRESSAMENTE; contudo, a Lei 8.529/92 em seu preâmbulo dispõe o seguinte, in
verbis:
"Dispõe sobre a Complementação da
Aposentadoria do Pessoal do Extinto Departamento de Correios e
Telégrafos - DCT e dá outras Providências".

Novamente a lei fala “PESSOAL”, sem qualquer limitação ou


referência ao “servidor público efetivo” do antigo DCT. No conceito “PESSOAL” estão
incluídos TODOS OS EMPREGADOS, ESTATUTÁRIOS E CELETISTAS.

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Constata-se pois que a Lei ao mencionar “EMPREGADOS”, não faz
qualquer diferenciação no tocante a ex-estatutários ou celetista. Ora, se houvesse
discriminação seria de maneira EXPRESSA - determinando que a complementação seria
apenas para os “ex-estatutários”, ou para os “Servidores Públicos efetivos” - não existe
discriminação tácita, que fica ao alvedrio do intérprete!

Assim, o que a lei não distingue, não cabe ao intérprete fazê-lo, ainda
mais quando o texto tem figura ampliativa e o intérprete sem justificativa restringe o
objeto da norma.

Consequentemente, a Lei 8.529/92 veio para criar o benefício para


TODOS os empregados da ECT, integrados no seu quadro até 31/12/76,
independentemente de terem sido inicialmente estatutários ou celetistas, vez que por mais
de 18 (dezoito) anos ambos são e foram celetistas, e privilegiar um grupo, em
detrimento de outro, é ferir o princípio da isonomia afrontando os princípios
constitucionais que regulam a relação de trabalho e que estabelece a “igualdade de todos
perante a lei sem privilégios ou benefícios”.

Portanto, na Lei 8.529/92 ficou estabelecida a garantia da


complementação a TODOS OS EMPREGADOS da ECT integrados no seu quadro até
31/12/76, e até por uma razão topográfica, se fosse o caso de prevalecer a distinção, viria
ela encabeçando a Lei.

Observe-se o conceito de “empregado” que nos é dado pelo art. 3º da


Consolidação das Leis do Trabalho, in verbis:
“Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa
física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador,
sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único. Não haverá distinções relativas
à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o
trabalho intelectual, técnico e manual.”
Portanto, evidencia-se que houve flagrante violação ao princípio da
isonomia e do direito adquirido por parte da Requerida em não complementar as
aposentadorias dos Requerentes, pois ambos, (ex-estatutários e celetistas), participaram
do mesmo "fato gerador", qual seja a criação de uma nova empresa, razão pela qual
a necessidade de tratamento igualitário entre ambos, sob pena de ferir o aludido princípio
e violar o direito adquirido.
Segundo HELY LOPES MEIRELLES, tal princípio assegura a igualdade
jurídica, ou seja, tratamento igual, aos especificamente iguais perante a lei.3

3
In Direito Administrativo Brasileiro., Malheiros Editores, 17.ª ed., 1992
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Consoante os cânones da lealdade e boa-fé, a Administração deverá
proceder em relação aos administrados com sinceridade e lhaneza, sendo-lhe interdito
qualquer comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a confundir
dificultar ou minimizar o exercício de direitos por parte dos cidadãos.4
Ora, no sistema constitucional a isonomia depende de ato de natureza
legislativa capaz de fixar idênticos vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
assemelhados do mesmo Poder, ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário.5
No caso em tela, os substituídos da FAACO, conquanto celetistas,
desempenhavam as mesmas funções dos ex-estatutários, e com a edição da Lei n°
6.184/74, os ex-estatutários ficaram no mesmo patamar deles, ou seja, passaram a ser
celetistas. Posteriormente, com o ato legislativo específico (Lei n° 8529/92), fixou-se
proventos aos aposentados idênticos ao do pessoal da atividade (art. 6°), bem como tratou
todos os beneficiários de maneira isonômica, (o art. 1° preceitua que é garantida a
complementação da aposentadoria aos EMPREGADOS da ECT que tenham sido
integrados nos seus quadros até 31 de dezembro de 1976); logo, a negativa desse direito
para os celetistas desse período com certeza atenta contra o princípio da moralidade
administrativa, vez que por mais de 20 anos ambos exerceram as mesmas tarefas, e, em
quase todo este período ambos foram celetistas.
Com efeito, resta evidenciado da obrigação legal e moral dos
Requeridos em complementar, na forma da lei, as aposentadorias dos Requerentes.

3.4. DA PRÉ-EXISTÊNCIA DE APRECIAÇÂO JUDICIAL

Deve ser esclarecido que esta questão já foi posta em debate judicial,
in casu, na Justiça Federal, vez que a discussão ocorreu antes da inovação trazida pela EC
n.º 45 que ampliou a competência da Justiça Obreira.

Muitos aposentados e empregados da ECT aposentáveis já


conseguiram êxito na primeira e segunda instância, como pode se verificar nos julgados
abaixo:

“PREVIDENCIÁRIO. COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. EMPREGADOS DA ECT. LEI 8.529/92.
I - A Lei 8.529/92 garantiu complementação de
aposentadoria aos empregados da ECT que tinham sido integrados nos
seus quadros até 31 de dezembro de 1976.

4
MELLO, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE. In Elementos de Direito Administrativo. 3.ª edição
revista e atualizada, 1992.
5
STF, RMS 21.512-7/DF, Relator: MIN. MOREIRA ALVES, pg. 538
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II – Comprovado que os fizeram parte dos quadros
da ECT antes de 31.12.76, têm direito à complementação.
III – Apelo provido. (APC 1999.34.00.032939-6,
Des. Rel. Carlos Fernando Mathias, 2ª Turma do TRF/1ª Região, Data
do julgamento: 28.06.02)

“PREVIDENCIÁRIO – COMPLEMENTAÇÃO
DE APOSENTADORIA. DECRETO N. 882/93 – LEI 8.529/92
(ART. 6º)
I – Comprovado que os substituídos da Reclamante
fizeram parte dos quadros da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos antes de 31.12.76, fazem jus à pleiteada complementação.
II – O Tesouro Nacional manterá à disposição do
INSS, à conta de dotações próprias consignadas no Orçamento da
União, os recursos necessários ao pagamento da complementação de
que trata esta lei (art. 6º da Lei 8.529/92).
III – O INSS providenciará os ajustes para
implantação e pagamento da referida vantagem através do Sistema de
Benefícios (Decreto n. 882 – art. 8º).
IV – Recurso e remessa improvidos.” (APC
98.02.036395-2, 180657/ES, 1ª Turma do TRF/2ª Região, Des. Rel. J.
E, Carreira Alvim)

Ora Excelência, essas decisões se basearam justamente na imensa


discriminação perpetrada pela Lei 8.529/92, ao privilegiar indevida e
inconstitucionalmente, um grupo de empregados com carreira profissional idêntica à de
outros – também integrados à ECT até 31 de dezembro de 1976, só havendo como
diferencial a forma de contratação.

Não há como se admitir que a forma de integração à ECT seja


motivo único e determinante a justificar o tratamento diferenciado a empregados
integrados à Empresa dentro do mesmo intervalo de tempo definido pelo diploma legal,
sem que sobreviessem quaisquer outras diferenças entre eles.

É nítido, portanto, o caráter discriminatório da norma do seu art. 4º o


que justifica plenamente a concessão da complementação de aposentadoria aos
substituídos da FAACO.

4. DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

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RELEVÂNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO.
NECESSIDADE INCONTESTÁVEL À TUTELA ANTECIPADA: “PERICULUM
IN MORA”, DANO IRREPARÁVEL, DANO ALIMENTAR, IDADE AVANÇADA.

Do que se expôs observa-se que o objeto da presente demanda é o


pagamento da complementação de aposentadoria devidos aos substituídos da autora, seja
para os já aposentados, seja para àqueles que ainda vão se aposentar, sendo todos
empregados celetistas do DCT e ECT, admitidos antes de dezembro de 1976.

Como se demonstrou de forma farta, os substituídos participaram de


seleção para entrar naquela empresa quando ela ainda era chamada de Departamento de
Correios e Telégrafos, juntamente com outras pessoas que foram designadas como
servidoras estatutárias; exerceram as mesmas funções e ganharam os mesmos salários
que os estatutários; quando da transformação de DCT para ECT se confundiram com os
ex-estatutários, uma vez que todos passaram a ser celetistas sem qualquer distinção.

Além disso, a idéia central da Lei 8.529/92, como se demonstrou pelos


diversos métodos de interpretação da Lei, é que todos sem distinção deveriam ter o
direito de receber a complementação, uma vez que o seu artigo 1º define que “é
garantida a complementação de aposentadoria ais empregados da ECT que tenham sido
integrados a seus quadros até 31.12.1976”, justamente o caso dos substituídos.

Ou seja, a negativa da União, do INSS e da própria ECT caracteriza


uma não só uma ilegalidade, mas uma discriminação sem qualquer justificativa prática e
teórica plausível.

Além disso, há que se fazer referência a um dado relevante:


praticamente todas as pessoas beneficiárias da Lei 8.529/92 não mais estão na ativa, ou
seja, não estão mais trabalhando na ECT, visto que a complementação de aposentadoria
garantiu a todos uma melhor condição financeira na chamada terceira idade.

Isso, infelizmente, não está ocorrendo com os antigos colegas de


trabalho ora substituídos pela Reclamante, uma vez que por mais que já possam se afastar
por tempo de serviço da ECT, não o fazem pelo fato da aposentadoria do INSS não lhes
garantir uma melhor sobrevida.

É evidente que se os substituídos da FAACO fossem efetivamente


abarcados pelo benefício da Lei 8.529/92, como reza o seu artigo 1º, outra seria a
realidade não só desses aqui representados, mas também de outras pessoas. Quer dizer,
isso geraria uma aposentadoria do grupo aqui defendido e desligamento da ECT, assim
gerando vagas para novos empregados, via celebração de concursos públicos.
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Quanto a segurança da prestação jurisdicional, esta consiste na


existência da prova inequívoca do direito violado e da verossimilhança da alegação
que são: a condição de aposentados; o fato de serem empregados da empresa desde antes
de 31.12.1976; o fato do objetivo da Lei 8.529/92 ser a concessão da complementação de
aposentadoria a todos que integrassem os quadros da ECT até 31.12.1976; o não
pagamento a estes associados da FAACO o benefício da Lei 8.529/92.

A segurança da prestação jurisdicional consiste na existência da


prova inequívoca do direito violado, e da verossimilhança da alegação que são: a
condição de aposentados, os termos dos art. 1º e 6º da Lei 6.184/74 que abrangeu os
servidores celetistas do extinto DCT, os termos dos arts. 1º e 4 o da Lei 8.529/92, que
literalmente garantiram aos substituídos da Reclamante o direito de complementação de
suas aposentadorias, ora usurpado pela interpretação limitadora da União e da ECT que
violam flagrantemente o texto legal, além dos princípios constitucionais da isonomia e
do direito adquirido, lesando direito líquido e certo dos associados da FAACO.

Portanto, cumpridos os seus requisitos, contribui para dar efetividade


ao inciso XXXV, do art. 5º, da Constituição, assegurando não só o acesso a justiça, mas
como rapidez. Justiça tardia não é justiça!

De outro lado, o prejuízo de difícil reparação, que está aliado a


efetividade da prestação jurisdicional, está patente, uma vez que os associados da
Reclamante, se não solucionada de imediato a presente demanda, sofrerão incalculáveis
prejuízos, que assumem mais relevo ao se considerar que o direito em discussão é de
natureza alimentar, imprescindível para assegurar a estes aposentados a
SOBREVIVÊNCIA QUOTIDIANA!

O prejuízo que acarretará a estas pessoas caso haja a demora na


concessão da medida é evidente e, a avançada faixa etária desaconselha a demora do
provimento, podendo torná-la inútil ao final.

Por outro lado, não existe qualquer perigo de irreversibilidade, vez


que no caso de uma suposta decisão negativa, apenas ad argumentandum, os valores
adiantados poderão ser repostos por meio de descontos em folha de pagamento.

Por tudo quanto exposto, fica evidenciado que estão presentes os


pressupostos necessários para a concessão da antecipação da tutela. Também encontra-se
demonstrada a sobeja a necessidade da mais absoluta urgência na concessão da medida,
sob pena de deixarmos ao desamparo estas famílias, e restarem violados os princípios
Constitucionais da Isonomia e do Direito Adquirido!
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Ademais, o indeferimento de um pedido de antecipação de tutela, nos


moldes do art. 273, pode configurar a tardança na prestação de justiça e, justiça tardia,
dizia CARNELLUTI, freqüentemente é uma justiça pela metade.6

Portanto, o deferimento da antecipação da tutela é de suma


importância, cabendo trazer à lume a ilustre ótica do Juiz Federal do TRF - 4ª Região-
SC, e Professor de Direito Administrativo na Unisul, Dr. Paulo Afonso Burm Vaz,
discorrendo sobre o tema, não teve dúvida em defender a existência do periculum in
mora interligado ao tempo decorrido da decisão definitiva da lide, que no presente caso
é fatal, haja visto a avançada idade dos substituídos da Reclamante:

“O periculum in mora patenteia-se


exatamente na possibilidade de a parte autora experimentar
prejuízo irreparável ou de difícil reparação, se tiver que
aguardar o tempo necessário para a decisão definitiva da lide.
Resguarda-se, destarte, o litigante de maléficos efeitos do
tempo, isto porque situações existem, e o não são raras, em que
a parte interessada não pode aguardar a tramitação do
processo sem prejuízo moral ou material insuscitável de
recomposição.”
(In “Síntese Trabalhista, Administrativa e
Previdenciária”, n. 73, julho/95, pág. 22)

No tocante à urgência da medida cabe relembrar que praticamente


todos os substituídos são aposentados ou empregados aposentáveis com mais de 35 anos
de serviço no DCT/ECT, ou seja, são no mínimo senhores e senhoras sexagenários que
podem não ter os anos necessários para aguardar o trânsito em julgado da decisão, e
a sua posterior execução. Assim, a não concessão da antecipação da tutela, significaria,
para muitos deles, o mesmo que a negativa do pedido. Não se diga, ironicamente, que
neste caso seus herdeiros teriam direito ao recebimento destes valores, não vamos
espezinhar mais do que faz o governo amnésico os nossos velhos aposentados! Eles não
são dignos deste tratamento, mas sim da nossa estima, consideração e respeito !!!

Destarte, torna-se imprescindível para os substituídos da FAACO, ora


Reclamante, o deferimento da tutela antecipada.

5. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

6
Apud CARREIRA ALVIM, Ação Monitória e Temas Polêmicos da Reforma Processual, 2.ª edição, Ed. DEL REY, 1996.
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Em que pese a restrição do cabimento dos honorários advocatícios à
assistência sindical (Súmulas 219 e 329 do TST), há que se pleitear a condenação das
reclamadas nos honorários advocatícios em percentual sobre o valor da condenação.
É que quando do advento da orientação acima citada, a realidade tanto
da Justiça do Trabalho como da própria atuação dos advogados foi modificada
substancialmente.
Atualmente, deixar a sucumbência restrita às ações propostas por
trabalhadores de categorias cujos sindicatos sejam mais fortes evidencia uma
discriminação de tratamento à diversos advogados que atuam de forma profícua nas
secretarias e em audiências de causas trabalhistas tradicionais, desvalorizando todo o
trabalho intelectual e braçal prestado ao longo de todo o procedimento.
Cabe aqui transcrever trecho da sentença proferida pelo Nobre Juiz
Antônio Humberto, no processo de n.º 01601-2009-006-10-00-0, em trâmite na 6ª Vara
do Trabalho de Brasília-DF, verbis:
Em segundo lugar, o jus postulandi (CLT, art.
791), base jurídica sempre invocada para descartar a
universalização do princípio da sucumbência em matéria de
honorários advocatícios, não é uma obrigação das partes no
processo do trabalho, mas uma mera faculdade, cada vez mais em
franco desuso, como empiricamente se pode verificar pelo
manuseio de autos ou pela assistência de audiências.
Em terceiro lugar, esta situação discriminatória
mais se agravou com o advento da Emenda Constitucional nº
45/2004. Explica-se: a ampliação do espectro de controvérsias
apreciáveis pela Justiça do Trabalho (CF, art. 114, incisos I a IX;
Leis nºs 11.101/2005, arts. 6º, § 2º, e 19, § 1º, e 11.457/2007, art.
42) acabou por criar uma dicotomia socialmente intolerável entre as
lides decorrentes de vínculo de emprego e as lides não
empregatícias. Àquelas assegura-se o jus postulandi das partes e,
conseqüentemente, persiste-se negando o direito aos honorários
advocatícios; a estas nega-se o jus postulandi e, conseqüentemente,
assegura-se o direito aos honorários advocatícios (Instrução
Normativa nº 27/2005/TST, art. 5º).
Isto significa que, hoje, um profissional
autônomo extremamente valorizado no mercado pode vir à Justiça
do Trabalho, compartilhando os escaninhos das secretarias e as
pautas de audiências com as causas trabalhistas tradicionais, para
reclamar a paga da contraprestação de um caríssimo serviço cujo
montante será acrescentado por honorários de advogado, sendo,
pois, garantida a condenação aos honorários advocatícios. No
entanto, ao advogado da empregada doméstica que bata às portas da
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Justiça do Trabalho para postular seu último salário mínimo se
indeferirá a verba honorária.
Ora, se o problema é o jus postulandi, a solução
mais justa e equânime (CLT, art. 8º; Decreto-Lei nº 4.657/42, art.
4º) não é negar aos advogados dos trabalhadores subordinados o
direito aos honorários de sucumbência, mas negar tal direito
exclusivamente àqueles casos onde os trabalhadores não estejam
assistidos por advogados, pois neste caso a verba ficaria sem
destinatário (Lei nº 8.906/94, art. 23). Dirá alguém que, neste
contexto, o trabalhador, então, arcaria com os honorários do
advogado patronal quando fosse derrotado na causa. Todavia, isto
só ocorrerá com aquela ínfima parcela de trabalhadores tão pobres
eis que a gratuidade judicial é ampla (CF, art. 5º LXXIV; Lei nº
1.060, art. 3º, V). E mesmo a esses nada impedirá que o juiz arbitre,
a depender das circunstâncias do caso concreto, valores modestos à
condenação para que esta não sirva como fator inibidor de acesso à
Justiça. A doutrina tem chamado a atenção para este fenômeno:
“Mais coerente com os modernos contornos do
mundo do trabalho - que doravante serão mais visíveis na Justiça
Especializada -, a adoção do mesmo tratamento dado a
empregados e trabalhadores em geral, garantindo-lhes a
postulação pessoal, se assim desejar, e aplicando-se o princípio da
sucumbência, na hipótese de optar o trabalhador (empregado ou
não) pela assistência profissional, porquanto deve competir à parte
sucumbente o ônus de remunerar o trabalho do advogado da parte
adversa” (CHAVES, Luciano Athayde. A recente reforma no
processo comum e seus reflexos no Direito Judiciário do Trabalho.
São Paulo: LTr, 2006, p. 228).
Assim, em nome do princípio constitucional da
proteção judicial efetiva, defiro a paga de honorários advocatícios,
que arbitro, considerando o grau de complexidade da causa e o zelo
profissional, em 10% sobre o valor da condenação (CPC, art. 20,§
3º).
Neste sentido, resta evidente a necessidade e a possibilidade em se
arbitrar um percentual de honorários de sucumbência em prol dos advogados da
associação autora em caso de procedência dos pedidos da inicial.
6. CONCLUSÃO. IMPORTÂNCIA DO PLEITO. GRUPO
LIMITADO E EM PROGRESSIVA EXTINÇÃO.

Importante destacar, novamente, que o grupo admitido até 1976 no


DCT/ECT, que não foi beneficiado pela Lei 8.529/92 e busca o deferimento do pleito
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abaixo indicado, é limitado (não ultrapassa 6.000 pessoas) e, principalmente, está em
progressiva extinção, haja vista que em decorrência da idade avançada que se encontram
(a maioria das pessoas estão acima dos 60 anos e parte do grupo tem mais de 80 anos),
estão falecendo e perdendo a oportunidade de usufruírem o direito à isonomia garantida
pela Constituição Federal de 1988.

Assim, por tudo o que foi exposto, percebe-se a flagrante necessidade


da concessão da tutela antecipada e do julgamento pela procedência do pedido, a fim de
que a Lei aqui debatida seja corretamente aplicada, afastando-se a violação constitucional
do princípio da isonomia tendo em vista, que, como repetidamente demonstrado, todas
são e foram empregados da ECT admitidos antes de dezembro de 1976.

7. DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, a associação reclamante requer seja


deferida:

a) a concessão da antecipação da tutela:


a.1) para determinar que a ECT efetue o comando
administrativo e o INSS/ União efetue o pagamento da Complementação de
Aposentadoria, previsto na Lei 8.529/92, para todos os substituídos que
atualmente estão trabalhando e que venham se aposentar pelo INSS no curso deste
processo;
a.2) para determinar que a ECT efetue o comando
administrativo e o INSS/ União efetuem o pagamento imediato da
Complementação de Aposentadoria prevista na Lei 8.529/92 para todos os
substituídos da Reclamante já aposentados pelo INSS;
b) a citação da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – ECT, da União Federal e do Instituto Nacional de Seguro Social
- INSS, na pessoa de seu representante jurídico e nos endereços fornecidos, para
contestarem a lide;
c) no mérito seja julgada procedente a presente ação
coletiva, para que, confirmando a antecipação de tutela pleiteada, seja reconhecida
a ilegalidade da retenção dolosa do pagamento da complementação de
aposentadoria da Lei 8.529/92, perpetrada pela Reclamante, a fim de que seja
declarado o direito dos seus substituídos a receberem o beneficio da citada Lei e,
para os casos de pessoas já aposentadas pelo INSS sejam condenados os
Reclamados, de forma solidária, ao pagamento dos valores referentes à
complementação de aposentadoria desde à época da aposentação de cada um,
incluindo-se os acréscimos legais (juros e correção monetária) e honorários

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advocatícios no valor de 20% sobre o montante da condenação e observando-se a
prescrição qüinqüenal;
d) seja ouvido o ilustre parquet, tendo em vista que, por
força do art. 5º. , §1º.da Lei n.º 7.437/85, e ainda pelo arts. 75 e 77 do Estatuto do
Idoso, a sua intervenção é obrigatória nas ações civis públicas, senão como parte,
atuando como fiscal da lei;
e) sejam todas as publicações realizadas em nome do
advogado devidamente constituído, Dr. Fábio Soares Janot, OAB/DF n.º 10.667.
Atribui-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), para
efeitos meramente fiscais.
Brasília-DF, 07 de outubro de 2010.
Nestes termos,
pede e espera deferimento.

Lêda S. Janot Fábio


Soares Janot
OAB/DF 721-A
OAB/DF 10.667

Denise Schipmann de Lima


OAB/DF 18.587

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