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Parte II – A EMPRESA

NOÇÃO DE EMPRESA

Para definirmos a empresa, de acordo a doutrina,


precisamos saber, as várias concepções ou sentidos
de empresa, contudo, neste âmbito, a abordaremos
como soma de vários elementos, que reunidos, dão
lugar a empresa, nomeadamente: imóvel,
equipamentos, máquinas, contratos de trabalho e
outros, know-how, logotipo, etc. Esses elementos
agrupados é que dão origem a um bem jurídico novo
ao qual chamamos empresa.
No âmbito da empresa, coloca-se a questão de saber,
se é legítimos chamarmos a empresa de
estabelecimento comercial? A resposta a esta
questão é sim, é possível chamarmos a empresa de
estabelecimento comercial, aliás, esta enunciação é
nos dada pelas leis, isto é, o Código Comercial,
Código Civil, Lei das Sociedades Comerciais, e leis
extravagantes (1).

Coutinho de Abreu prefere chamá-la de empresa,


porque entende que assim o sentido dela parece
mais amplo.
CONCEPÇÕES OU SENTIDOS DA EMPRESA

A empresa pode ser entendida em dois sentidos que


são: subjectivo e objectivo.

Em sentido subjectivo, a empresa tem que ver com o


sujeito jurídico que exerce a actividade económica.

Em sentido objectivo, a empresa é vista como a


estrutura económica, estabelecimento, organização
de factores de produção,
objecto de direitos e negócios.

A empresa sujeito (sentido subjectivo)na maioria dos casos


implica a empresa objecto, mas elas não se confundem.

A empresa sujeito (sentido subjectivo), na maior parte dos


casos implica a empresa objecto, mas elas não se
confundem.
Um vendedor ambulante pode ser considerado como uma
empresa, de acordo com o que acima foi exposto?

Sim, embora não tenha estrutura económica organizada,


o vendedor ambulante é visto como uma empresa em
sentido subjectivo.

Não é possível termos um conceito unitário de


empresa, por causa destas duas acepções,
essencialmente, no que concerne ao direito de
defesa de concorrência onde o sentido que se acolhe
é o da empresa em sentido objectivo. A
predominância que encontramos na lei é de empresa
em sentido objectivo, é exemplo disto o artigo 230.º
C.Com. e o artigo 3.º, al. d) da Lei da Concorrência
(Lei 5/18 de 10 de Maio)
Coutinho de Abreu, define a empresa, dando-lhe a
definição em sentido objectivo que é uma unidade
jurídica fundada em organização de meios que
constitui um instrumento de exercício relativamente
estável e autónomo de uma actividade comercial (de
produção para troca).

ESPÉCIE DE EMPRESA
Quanto a espécie a empresa é dividida quanto ao
sujeito e ao objecto.
Por ora, trataremos da empresa quanto ao sujeito, que
pode ser dividida em empresas: Públicas, Privadas e
Cooperativas.
As empresas públicas prosseguem um fim público, não
têm um escopo de lucratividade, conforme ocorre
com as empresas em sentido puro, no caso as
empresas privadas, que exercem a actividade
comercial com o intuito de gerar lucros para a
empresa, as empresas públicas, tendem a arrecadar
receitas para fazer face as necessidades da
colectividade.

As empresas do sector empresarial público em Angola,


são reguladas pela lei 11/13 de 3 de Setembro.
Não temos uma definição de empresa pública como tal,
tudo que podemos afirmar, é que, as empresas
públicas são organizações empresarias sob o
controlo do Estado.

No nosso ordenamento jurídico, o sector público


abrange: as empresas públicas, as empresas com
domínio público e as participações públicas
minoritárias , conforme dispõe o art.º 2.º, da lei 1/13
de 3 de Setembro.

As empresas públicas são aquelas que por diploma


legal são expressas,
e que têm capital integral detido pelo Estado, art.º 3.º,
da Lei 11/13 de 3 de Setembro.

Como de empresas onde o estado é o único detentor


temos: A Sonangol, EPAL, TCUL, Endiama, ENDE, etc.

As empresas públicas têm o controle exercido pelo


Estado, considerando o capital que ele investe nelas
ou é fornecido por outras entidades públicas ou
conjuntamente (Estado pessoa colectiva pública no
sentido jurídico), art.º 42.º, n.º 1 e 2da Lei 11/13 de
3 de Setembro.
O capital das empresas públicas é denominado capital
estatutário, (entrada em bem ou dinheiro que o
Estado aplica na empresa aquando da sua criação),
art.º 42.º da lei 11/13 de 3 de Setembro.

As empresas públicas são sempre criadas por Decreto


Presidencial ou Decreto executivo Conjunto do
Ministério responsável pelo sector da actividade,
por delegação do titular do poder executivo, art.º
40º, da lei 11/13 de 3 de Setembro.
As empresas públicas estão sujeitas a registo, nos
termos gerais, com as devidas adaptações, nos
termos do art.º 55.º, da lei 1/13 de 3 de Setembro

Empresas públicas, com domínio público, prevista na al.


b) do art.º 4.º, da lei 11/13 de 3 de Setembro, são
empresas constituídas sob a forma comercial, em
que o Estado directa ou através de outras entidades
públicas exerce isolada ou conjuntamente uma
influência dominante, tendo neste caso detenção da
totalidade ou maioria do capital ou direitos de voto,
ou ainda, possa designar ou destituir a maioria
dos membros dos órgãos de administração e
fiscalização, conforme dispõe o art.º 4.º, al. a) e b, da
lei 11/13 de 3 de Setembro.

Ex. de empresa com domínio púbico é a Aldeia Nova e


a BODIVA, de acordo com estudos feitos, mais de
50% das acções destas empresa são detidas pelo
Estado, de acordo com o jornal de Angola.

Também são criadas sob a forma comercial, nos termos


do art.º 2º da lei das sociedades Comerciais
combinado com o art.º 65.º, n.º 1, da lei 11/13 de 3
de Setembro.
Porém, para isso, devem ser autorizados pelo ministro
responsável pelo sector empresarial público, por
delegação do titular do poder executivo, art.º 108.º,
n.º 1, da CRA.

Nas empresas com domínio público, isto é, com


participação pública maioritária, também defendem
interesses privados.

As empresas com domínio público têm autonomia


administrativa, financeira e patrimonial, nos termos
do art.º 7.º, n.º 1, da lei 11/13 de 3 de Setembro;
a ela está subjacente o princípio da especialidade do
fim, previsto no art.º 160.º, n.º 1, do Cód. Civil, isto
é, não pode prosseguir um fim diferente daquele
para o qual a empresa foi criada.

Empresas do sector empresarial público com


participação minoritária, prevista no art.º 2.º, al. c) e
art.º 5.º, da lei 11/13 de 3 de Setembro. Nestas
empresas a participação do estado é menor, porém,
por questões de interesse público elas fazem parte
do sector público, art.º 70.º, da mencionada lei.
Exemplo, Tofa, empresa de produtos alimentar e de
confeitaria, faz parte do grupo Nestlé Angola.
Os órgãos de administração das empresas publicas são
designados gestores, e via de regra são designados
por nomeação ou eleição, nos termos do art.º 44.º,
n.º 2, al. c), da lei 11/13 de 3 de Setembro.

As empresas publicas e o fim lucrativo


As empresas do sector empresarial público têm de
necessariamente ter fim lucrativo?
As empresas públicas não impõem o escopo lucrativo,
porém, nada obsta que lucre,
as estratégias das empresas públicas visam o equilíbrio,
económico e financeiro, existe uma certa contradição
sobre isto nas empresas públicas, porque por um
lado, são criadas em função de uma certa actividade
económico-financeira, que é um indício a favor do
lucro; por outro lado, são vocacionadas a prestar
serviços públicos ou do interesse geral, estando
neste último incluído o lucro.

Dissemos ainda, que a empresa quanto ao sujeito pode


ser privada, em regra, a propriedade e gestão de
uma empresa privada
pertence a uma pessoa singular (pessoa nascida
completa e com vida), conforme o art.º 66.º, do Cód.
Civil; ou ainda uma pessoa colectiva.

Pessoa colectiva: são colectividade de pessoas ou


complexos patrimoniais organizados, em vista de um
fim comum ou colectivo a que o ordenamento
jurídico atribui a qualidade de sujeito de direito.

Trata-se de uma organização integrada essencialmente


por pessoas ou bens, que constituem centros
autónomos de relação jurídica.
Na nossa realidade temos as empresas privadas são: as
sociedades unipessoais, as sociedades comerciais, as
associações e fundações.

As sociedades unipessoais: são constituídas por um


sócio único (pessoa singular ou colectiva) e, é
reguada pela lei 19/12 de 11 de Julho, nos termos do
que dispõe o art.º 7.º da lei 19/12 de 11 de Julho.

As sociedades unipessoais podem adoptar uma das


duas formas:
• Sociedades unipessoal por Quotas e;
• Sociedades unipessoal Anónimas, nos termos da al.
a) e b), do art.º 2.º, da lei 19/12 de 11 de Julho.

Responsabilidade do sócio nas sociedades unipessoais

Nas sociedades unipessoais, via de regra, só responde


perante aos credores pelas dívidas da sociedade, o
património social da sociedade, conforme o art.º 3.º,
da lei 19/12 de 11 de Julho, significa dizer que a
responsabilidade é limitada.
Não obstante, existem situações, em que o património
do sócio responde solidariamente ante aos credores
sociais da sociedade unipessoal;

Pode o sócio, responder solidária, subsidiária ou


conjuntamente pelas dívidas sociais até determinado
montante desde que assim fique estabelecido no
contrato social, porém, isto se efectivará apenas em
fase de liquidação que, no entanto, não pode ser
inferior à metade do capital social, nos termos do
art.º 4.º, n.º 1 e 2, da lei 19/11 de 11 de Julho.
na constituição de uma sociedade unipessoal seja de
forma originária ou por transformação de sociedade
unipessoal, é necessário redigi-lo a escrito e ser
assinado pelo titular e reconhecido por Notário ou
Conservatória do Registo Comercial, e assim então,
publicado em Diário de República, nos termos do
art.º 12.º, nºs 1 e 4 , da lei 19/12 de 11 de Julho, .
Para tanto, pode o sócio ser representado por
mandatário constituído nos termos da lei ou por
representante legal; se o sócio for uma pessoa
colectiva ou entidade sujeita à representação legal
deve ser juntada prova do seu estatuto ou
identidade, de acordo com o art.º 12.º, nºs 2 e 3, da
lei 19/12 de 11 de Julho.
A representação é feita por advogado ou uma outra
entidade, no caso uma sucursal ou filial, nos termos do
art.º 15.º, da mencionada lei.
é um estabelecimento comercial ou
industrial que depende de uma
empresa matriz. Normalmente, é
criada em um local diverso ao da é uma empresa constituída por uma
organização principal para realizar matriz; que pertence e depende da
suas actividades próprias com organização principal. Não
melhor eficiência, porém, ficando obstante, pode ter uma equipa de
dependente da administração da gestores e colaboradores próprios.
empresa matriz .
Capital social
Nas sociedades unipessoais por quota, o capital social não
pode ser inferior a 1 Kwanza;

Ao passo que nas sociedades unipessoais anónimas o


capital é expresso em moeda nacional, repartido e
representado por acções de valor igual, obrigatoriamente
nominativas não deve ser inferior ao equivalente, em
Kwanzas, a USD 100.00 (cem dólares dos Estados Unidos
da América), cujo valor global não pode ser inferior ao
equivalente, em Kwanzas, a USD 20.000,00 (vinte mil
dólares dos Estados Unidos da América), nos termos do
art.º 16.º, n.ºs 1 2.
Firma

A firma deve ser redigida em língua portuguesa ou


língua nacional, não podendo usar nomes ou
denominações estrangeiras, a menos que
corresponda ao nome completo ou abreviado do
sócio ou entrem na composição de firmas ou
denominações já registadas em Angola, ao abrigo da
Lei das Sociedades Comerciais, não devendo sugerir
actividade diferente da que constitui o respectivo
objecto social e devendo ser formada pela expressão
“Sociedade Unipessoal”, ou pela palavra
“Unipessoal” ou ainda pela abreviatura (SU),
entre aspas, antes da abreviatura “Lda.” ou “S. A.”, de
acordo com a tipologia adoptada, nos termos do
art.º 12.º, n.º 1.

As sociedades comerciais, são reguladas pela lei das


sociedades comercias, adiante designada LSC, fazem
também parte das empresas privadas, de acordo
com o nosso ordenamento jurídico, nos termos do
art.º 2.º da LSC. Podendo ser, sociedade em nome
colectivo, sociedade por quota, sociedade anónima,
sociedade em comandita simples e por acções.
Na nossa realidade, as sociedades comerciais
adoptadas, em regra são as por quota e anónimas,
uma vez que nas sociedades em nome colectivo e em
comandita, as dívidas sociais, regra geral, são
respondidas também pelos sócios, isto é, além do
património da sociedade, é responsável pela dívida o
património individual de cada um dos sócios, pelo
que a única vantagem acaba sendo o acesso ao
crédito, tendo o seu regime jurídico nos art.ºs 176.º
a 200.º e 201.º a 216.º, todos da LSC.
Nas sociedades por quota
São constituídas por contratos, nele vem mencionada a
entrada de cada um dos sócios, que em regra é
denominada por quota, sem descurar, do facto de
que a responsabilidade dos sócios é solidária, nos
termos do art.º 217.º n.º 1 combinado com o art.º
219.º, 224.º, da LSC ;

Nestas sociedades, os sócios só podem prestar além


daquilo que estão obrigados, quando assim fica
mencionado no contrato, e ainda, responde pelas
dívidas da sociedade, o seu património, conforme o
art.º 217.º 1 e 2 da LSC.
Relativamente, a responsabilidade social da sociedade face
as dívidas, pode ocorre, desde que conste de contrato da
sociedade, que alguns sócios respondam pela dívida da
sociedade, solidária ou subsidiariamente com a
sociedade, com isto, verifica-se aqui, uma excepção a
regra que pela dívida responde apenas o património da
sociedade, mas só enquanto este permanecer na
sociedade e estiver vivo, nos termos do art.º 218.º, nºs 1,
2, 3 e 4, da LSC.

Aos sócios das sociedades por quotas, aplica-se uma


consequência pelo não cumprimento do pagamento das
entradas, para isto, encontra-se respaldo no art.º 225.º
da LSC.
A firma
nas sociedades por quota, a firma obedece o critério
estabelecido no art.º n.º 220.º, da LSC, porém, existe
uma alteração relativa ao n.º 3, trazida pela lei 11/15
de 17 de Junho.

O montante do capital social para constituição de uma


sociedade por quota actualmente é livremente
fixado pelos sócios, e não pode ser inferior a 1 (um),
Kwanza, redacção dada pela lei 11/15 de 17 de
Junho, art.º 221.º.

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