Você está na página 1de 62

DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF.

DALMO AZEVEDO

SUMÁRIO

1. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................ 03

2. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA....................................................................... 10

3. PODERES ADMINISTRATIVOS ............................................................................................ 11

4. SERVIÇOS PÚBLICOS ........................................................................................................... 13

5. ATOS ADMINISTRATIVOS ................................................................................................... 17

6. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ....................................................................................... 20

7. BENS PÚBLICOS .................................................................................................................. 22

8. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ............................................................................. 25

9. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA ................................................. 26

10. REGIME JURÍDICO ÚNICO................................................................................................. 29

11. LICITAÇÃO ......................................................................................................................... 41

12. PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL (LEI 9.784/99) ................................................... 48

13. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI 8.429/92) ............................................................ 53

2
2
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

ORGANIZAÇÃO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Antes de falarmos diretamente sobre o assunto Organização da Administração Pública, faz-
se necessário entender primeiro o conceito próprio de Administração Pública. Então, VAMOS AO
ESTUDO!!!

1 – CONCEITO

Administração Pública é, em sentido prático ou subjetivo, o conjunto de órgãos, serviços e


agentes do Estado, bem como das demais pessoas coletivas públicas (tais como
as autarquias locais) que asseguram a satisfação das necessidades coletivas variadas, como
a segurança, a cultura, a saúde e o bem estar das populações.

2 – ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Combinando os artigos 37 da Constituição Federal com o Decreto-Lei 200/67, identificamos a for-


mação da Administração Pública.

Administração Pública Administração Pública


Direta Indireta
(Entes Políticos) (Entes Administrativos)
 União  Fundação Pública
 Distrito Federal  Autarquia
 Estados  Sociedade de
 Municípios Economia Mista
 Empresa Pública
Pessoas Jurídicas de Pessoas Jurídicas de
Direito Público Direito Público e de Direi-
to Privado
Capacidade Legislativa Autonomia Administrativa
Autonomia Administrativa Autonomia Financeira
Autonomia Financeira Autonomia Orçamentária
Autonomia Orçamentaria (Autarquia Em Regime
Especial)

1. Pessoa Jurídica de Direito Público: Possui como principais características a SUPREMACIA


DO INTERESSE PÚBLICO e a INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO. Regido por Estatu-
to.
2. Pessoa Jurídica de Direito Privado: Caraterísticas comuns de um particular. Regido pela
CLT.

3 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA

Algumas informações importantes devem ser tratadas para estudarmos de forma correta a
Administração Pública. Indireta.

3
3
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Vale salientar aqui que somente a AUTARQUIA é classificada como Pessoa Jurídica de Direi-
to Público. Os outros entes são de Direito Privado, apesar de respeitarem regras do Direito Público.
Por isso dizemos que possuem Natureza Jurídica HÍBRIDA.
Outro detalhe interessante é quanto a CRIAÇÃO dos entes. AUTARQUIAS são criadas dire-
tamente por Lei Específica. O s outros entes são criados através de AUTORIZAÇÃO.
Por fim, o ato constitutivo das AUTARQUIAS é a própria lei que a criou. Já as FUNDAÇÕES
PÚBLICAS precisam de uma Lei Complementar para determinar suas ações e estabelecerem início
de seu funcionamento. SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E EMPRESAS PÚBLICAS precisam regis-
trar seus atos na JUNTA COMERCIAL antes de começarem a existir de fato.
Para finalizar, é necessário estabelecer uma distinção entre as Sociedades de Economia
Mista e as Empresas Públicas, que, até aqui, possuem a MESMA formalização dentro de todos os
aspectos observados nos parágrafos anteriores.

3.1 – DIFERENÇAS ENTRE SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E EMPRESAS PÚBLICAS

 Sociedade de Economia Mista: Seu capital deve ser de pelo menos 50% + 1 ação do Poder
Público, devendo possuir Controle Acionário. Só pode ser constituída na forma de Socieda-
de Anônima.
 Empresa Pública: Seu capital de constituição deve ser 100% público. Pode ser constituída
sob qualquer forma societária, inclusive Sociedade Anônima.

Ambas podem ser constituídas nas formas dos artigos 173 e 175 da CF. No caso de constituição
pela formalidade do Artigo 173, serão Exploradoras de Atividade Econômica. No caso de consti-
tuição pela formalidade do artigo 175, serão Prestadoras de Serviço Público.

Exemplos de Sociedades de Economia Mista: BB, Petrobras, FURNAS.


Exemplos de Empresas Públicas: CEF, ECT, Infraero, Embrapa.

3.2 – ESTATUTO DAS EMPRESAS ESTATAIS

Com a edição da Lei 13.303/2016, as Empresas Estatais (SEM e EP) passaram a ter uma re-
gulamentação especial, com regras específicas de organização e funcionamento. Podemos des-
tacar como principais pontos dessa lei:

 CONCEITOS: arts. 3º e 4º;


Art. 3o Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União,
do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a
participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da
administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 4o Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito


privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Muni-
cípios ou a entidade da administração indireta.

4
4
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 ABRANGÊNCIA: art. 1º;


Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia
mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer empresa pública e sociedade de econo-
mia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que explore atividade eco-
nômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a ativida-
de econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de prestação de serviços pú-
blicos.
§ 1o O Título I desta Lei, exceto o disposto nos arts. 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o, 8o, 11, 12 e 27, não se
aplica à empresa pública e à sociedade de economia mista que tiver, em conjunto com suas res-
pectivas subsidiárias, no exercício social anterior, receita operacional bruta inferior a R$
90.000.000,00 (noventa milhões de reais).

 REQUISITOS PARA ESCOLHA DOS ADMINISTRADORES: Art. 17;


Art. 17. Os membros do Conselho de Administração e os indicados para os cargos de diretor, in-
clusive presidente, diretor-geral e diretor-presidente, serão escolhidos entre cidadãos de reputa-
ção ilibada e de notório conhecimento, devendo ser atendidos, alternativamente, um dos requisitos
das alíneas “a”, “b” e “c” do inciso I e, cumulativamente, os requisitos dos incisos II e III:
I - ter experiência profissional de, no mínimo:
a) 10 (dez) anos, no setor público ou privado, na área de atuação da empresa pública ou da socie-
dade de economia mista ou em área conexa àquela para a qual forem indicados em função de dire-
ção superior; ou
b) 4 (quatro) anos ocupando pelo menos um dos seguintes cargos:
1. cargo de direção ou de chefia superior em empresa de porte ou objeto social semelhante ao da
empresa pública ou da sociedade de economia mista, entendendo-se como cargo de chefia superior
aquele situado nos 2 (dois) níveis hierárquicos não estatutários mais altos da empresa;
2. cargo em comissão ou função de confiança equivalente a DAS-4 ou superior, no setor público;
3. cargo de docente ou de pesquisador em áreas de atuação da empresa pública ou da sociedade de
economia mista;
c) 4 (quatro) anos de experiência como profissional liberal em atividade direta ou indiretamente
vinculada à área de atuação da empresa pública ou sociedade de economia mista;
II - ter formação acadêmica compatível com o cargo para o qual foi indicado; e
III - não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade previstas nas alíneas do inciso I do caput do
art. 1o da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990, com as alterações introduzidas pela Lei
Complementar no 135, de 4 de junho de 2010.
§ 2o É vedada a indicação, para o Conselho de Administração e para a diretoria:
I - de representante do órgão regulador ao qual a empresa pública ou a sociedade de economia
mista está sujeita, de Ministro de Estado, de Secretário de Estado, de Secretário Municipal, de titu-
lar de cargo, sem vínculo permanente com o serviço público, de natureza especial ou de direção e
assessoramento superior na administração pública, de dirigente estatutário de partido político e de
titular de mandato no Poder Legislativo de qualquer ente da federação, ainda que licenciados do
cargo;
II - de pessoa que atuou, nos últimos 36 (trinta e seis) meses, como participante de estrutura decisó-
ria de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de cam-
panha eleitoral;
III - de pessoa que exerça cargo em organização sindical;
IV - de pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como fornecedor ou comprador, demandan-
te ou ofertante, de bens ou serviços de qualquer natureza, com a pessoa político-administrativa
controladora da empresa pública ou da sociedade de economia mista ou com a própria empresa ou
sociedade em período inferior a 3 (três) anos antes da data de nomeação;

5
5
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

V - de pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de interesse com a pessoa político-
administrativa controladora da empresa pública ou da sociedade de economia mista ou com a pró-
pria empresa ou sociedade.
§ 3o A vedação prevista no inciso I do § 2o estende-se também aos parentes consanguíneos ou
afins até o terceiro grau das pessoas nele mencionadas.

 LICITAÇÃO E CONTRATOS: Arts. 28 a 84;


Após a edição dessa Lei, a regência do processo licitatório das Empresas Estatais deixou de ser de
acordo com o sistema da Lei 8.666/93, e passou a ter uma previsão própria, sendo estabelecido
um sistema diferenciado de licitação. Vale ressaltar que no caso de normas penais e alguns crité-
rios de desempate, ainda fica valendo a Lei 8.666/93. Importante observar que muitos procedi-
mentos tratados nessa Lei foram incorporados da Lei 12.462/2011 (Regime Diferenciado de Con-
tratação).

Destacarei aqui as principais regras:

 Hipóteses específicas de licitação dispensada (art. 28, §3º), dispensável (art. 29) e inexigível
(art. 30) – Destaque para os valores para licitação dispensável que foram alterados, sendo
R$100 mil para obras e serviços de engenharia e R$50 mil para demais serviços e compras;
 Princípios (art. 31);
 Orçamento com estimativa de preços em regra deve ser sigiloso, somente podendo ser di-
vulgado mediante justificativa ou quando o julgamento for por maior desconto (art. 34);
 Prazos para divulgação do edital conforme o critério de julgamento empregado (art. 39);
 Inversão das fases de julgamento e habilitação (art. 51);
 Modos de disputa aberto, com possibilidade de apresentação de lances, ou fechado, sem
lances (art. 52);
 Critérios de julgamento: menor preço, maior desconto, melhor combinação de técnica e
preço, melhor técnica, melhor conteúdo artístico, maior oferta de preço, maior retorno eco-
nômico e melhor destinação de bens alienados (art. 54);
 Negociação com o primeiro colocado para obtenção de condições mais vantajosas, podendo
ser extensível aos demais licitantes quando o preço do primeiro colocado, mesmo após a
negociação, permanecer acima do orçamento estimado (art. 57);
 Fase recursal única, como regra (art. 59);
 Duração dos contratos, como regra, de cinco anos, admitidas determinadas exceções (art.
71);
 Alteração dos contratos apenas por acordo entre as partes, ou seja, não pode haver altera-
ção unilateral pela estatal (art. 72);
 O contratado pode (não é obrigado) aceitar alterações dos quantitativos, como regra, até
25% para acréscimos ou supressões (art. 81);
 Regimes de contratação integrada ou semi-integrada (art. 42).

3.2 – AUTARQUIAS

Art. 5º,I DL 200/67 “Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica,
patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.”
Exemplos de Autarquias: INSS, BANCO CENTRAL.

6
6
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Comum ou Ordinária: São as autarquias naturais, que apresentam todas as características básicas
do conceito legal de autarquia;
 Fundações Públicas de Direito Público (Autarquia Fundacional): Fundações instituídas pelo Poder
Público que assumem a gestão de serviço estatal e se submetem a regime administrativo previsto,
nos Estados-membros, por leis estaduais. Exemplo: Fundação Banco do Brasil.
 Agências Reguladoras (Em Regime Especial): Agência reguladora é uma Pessoa Jurídica de Direito
Público Interno cuja finalidade é regular e/ou fiscalizar a atividade de determinado setor da eco-
nomia de um país. Exemplos: ANVISA, ANEEL, ANAC, EMBRATUR.
 Territórios Federais (Autarquias Territoriais): Não existem atualmente territórios no brasil.
 Conselhos de Classe: Apesar do previsto no art. 58 da Lei 9.649/98 (Conselhos de Classe teriam
natureza de Pessoas Jurídicas de Direito Privado), o STF em julgamento da ADIN 1717 determinou
como inconstitucional tal determinação. Com isso, Conselhos de Classe voltaram a se caracterizar
como Autarquias. Exemplos: OAB, CRA, CRM.

3.2.1 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS AUTARQUIAS

Prazos Processuais: Art. 183.CPC/15 A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas
respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as
suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

Remessa Necessária: Art. 496. CPC/15 Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo
efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
§ 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na
causa for de valor certo e líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito pú-
blico;

Imunidade Tributária Recíproca de Impostos: Art. 150. CF/88 Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finali-
dades essenciais ou às delas decorrentes.

Bens Autárquicos: Considerados bens públicos, com todas as suas prerrogativas (Inalienabilidade,
Impenhorabilidade, Impossibilidade de Oneração e Imprescritíveis). Esse assunto será estudado em
capítulo específico.

Regime de Precatório: Art. 100. CF/88 Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal,
Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na
ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a
designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos
para este fim.

3.3 – FUNDAÇÃO PÚBLICA

Art. 5º,IV DL 200/67 Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de di-
reito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvol-

7
7
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

vimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e fun-
cionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

Exemplos de Fundações Públicas: IBGE, FIOCRUZ, FUNAI.

4 – AGÊNCIAS EXECUTIVAS

Autarquias e Fundações Públicas poderão realizar um planejamento de reestruturação vi-


sando a sua modernização através de um contrato de gestão celebrado entre um ou outro e o Po-
der Público.
Tal título (Agência Executiva) é temporário, tendo seu contrato de gestão um termo deter-
minado.
Possuem prerrogativa especial prevista na Lei de Licitações. Art. 24. Lei 8.666/93 É dispensável a
licitação:
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea
"a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou ser-
viço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas
conjunta e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a",
do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se
refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realiza-
da de uma só vez;
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento)
para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista,
empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executi-
vas.

5 – RELAÇÃO ENTRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA

A Constituição Federal estabeleceu que Obras, Atividades Administrativas e Serviços Públi-


cos devem ser realizados pela Administração Pública Direta. Porém, nem sempre os entes possuem
interesse ou reúnem condições para atender a essas ordens. Por isso, Entes Políticos podem institu-
ir um Ente de Administração Indireta para atenderem a essas condições.
Apesar de serem criadas por entes da Administração Direta, entes de Administração Indire-
ta possuem AUTONOMIA, não estando hierarquicamente relacionados com os Entes Políticos.

6 – CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO

São técnicas administrativas utilizadas pela Administração Pública, seja ela Direta ou indire-
ta. Vamos a elas:

 Centralização: Órgãos e Agentes Públicos trabalhando diretamente para a Administração


Pública Direta;
 Descentralização: Consiste na transferência da prestação de serviço para a Administração
Indireta ou para particular. Pode ocorrer por Outorga Legal (Descentralização por Serviço)
, quando se transfere também a Titularidade e a Execução do serviço, ou por Delegação por
Colaboração (Descentralização por Delegação) - Permissionários, Autorizatários ou Con-
cessionários - através de LICITAÇÃO, quando se transfere apenas a Execução do serviço.

8
8
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Desconcentração: Técnicas administrativa de divisão de órgãos, é a distribuição do serviço


dentro da mesma Pessoa Jurídica.

IPC!!! Segundo a Professora Maria Sylvia Zanella de Pietro,


DESCENTRALIZAÇÃO pode sofrer uma classificação
inicial na formação da Administração Pública, sendo a
instituição da Administração Direta conhecida como
Descentralização Política e a instituição da Administração
Indireta conhecida como Descentralização Administrativa.

7 – TEORIA DO ÓRGÃO

Teoria responsável por explicar e classificar os Órgãos Públicos na Administração Pública do


Brasil. Órgãos Públicos são entes despersonalizados, ligados a um ente superior, que funcionam
apenas como membros desconcentrados da entidade principal. Suas principais características:

 Não possuem Personalidade Jurídica;


 Não possuem patrimônio próprio;
 Não possuem vontade própria;
 Agentes atuam em imputação.

Órgãos Públicos são classificados em:

 Independentes: Possuem competência estabelecida na própria Constituição Federal, repre-


sentam o mais alto escalão da Administração, agentes inseridos através de eleição ou no-
meação, não se subordinam a nenhuma outra entidade. Ex: Presidência da República, STF,
STJ, Senado Federal, Câmara dos Deputados.
 Autônomos: Compostos por agentes políticos nomeados (em cargos de livre nomeação e
exoneração), são órgãos da cúpula administrativa, possuem autonomia financeira, técnica e
administrativa. Ex: Ministérios, Secretarias, Advocacia-Geral da União.
 Superiores: Detêm comando de assuntos de sua alçada, porém subordinados a uma chefia
mais alta, por não possuírem autonomia financeira ou administrativa. Ex: Departamentos,
gabinetes.
 Subalternos: Órgãos comandados pelo governo, de mera execução. Não possuem poder de
decisão. Ex: Delegacias ligadas a departamentos, escola, hospitais.

8 – AGENTES PÚBLICOS

Agente público é toda pessoa física a serviço da Administração Pública, independente da


formalidade. Pode ser classificado como:

 Políticos: Geralmente inseridos através de eleição ou nomeação. Sua competência advém


do texto constitucional. Não exercem, de regra, subordinação.
 Administrativos: São as pessoas detentoras de Cargo Público, Emprego Público ou Função
Pública, além dos Servidores Temporários.
 Honoríficos: Pessoas que recebem um dever cívico não remunerado a ser desenvolvida em
nome da Administração. Ex: Mesario de eleição e jurado de tribunal de júri.
 Delegados: Particulares que desenvolvem atividades e serviços públicos pela Administração
Pública. Ex: Concessionários, permissionários, notários.

9
9
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Credenciados: Pessoas que possuem conhecimentos específicos e representam a Adminis-


tração, mediante remuneração. Ex: Artistas, clínicas credenciadas por sistemas (SUS, DE-
TRAN).

9 – TERCEIRO SETOR
Também chamados Entes de Cooperação ou Entes Paraestatais, são Pessoas Jurídicas de
Direito Privado que não fazem parte da Administração Pública, mas cooperam na consecução de
alguns fins públicos.
São eles:

 Serviço Social Autônomo: Recebem recursos orçamentários, possuem capacidade tributá-


ria, beneficiários da parafiscalidade. Sujeitam-se às regras de licitação e à fiscalização dos
Tribunais de Contas.
 Organização Social: Prestadoras de serviços públicos dos serviços determinados na Lei
9.637/98 (pesquisa, saúde, meio-ambiente). Criadas através da celebração de um Contrato
de Gestão, sujeitam às regras de licitação (não sendo necessário a Administração licitar pa-
ra realizar contrato com uma OS) e ao controle dos Tribunais de Contas. Podem receber do-
tação orçamentária, cessão de servidores públicos e bens públicos.
 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP): Difere das Organizações Soci-
ais nos seguintes quesitos: Deve existir há pelo menos 01 ano, vínculo jurídico estabelecido
através de um Termo de Parceria, não recebe dotação orçamentário, cessão de servidores
ou bens públicos, seu conselho de administração deve pode ser formado por particulares
(no caso das OS pode ser formado por servidores públicos).
 Entidades de Apoio: Constituídas como Associações, Cooperativas ou Fundações, são cria-
das por servidores públicos com a finalidade de melhor desenvolver suas finalidades. Seu
vínculo jurídico é estabelecido através de um Convênio celebrado com a Universidade ou
Hospital Público em que funcionará.
 Organização da Sociedade Civil (OSC): Instituídas pela Lei 13.019/14, prestam serviços pú-
blicos não exclusivos do Estado. Vínculo jurídico formado através de um Termo de Colabo-
ração (no caso de plano de trabalho proposto pela Administração Pública), Termo de Fo-
mento (plano proposto pela entidade privada) ou Acordo de Colaboração (quando não
ocorre transferência de recursos). Não realiza licitação, mas um chamamento público (pro-
cedimento específico). Recebe orçamento público, submete-se ao controle dos Tribunais de
Contas, deve apresentar um relatório de execução do objeto e um relatório de execução fi-
nanceira ao final do termo ou acordo.
IPC: Cooperativas e Entidades Religiosas (desde que não tenham dedicação exclusiva ao
culto) poderão ser firmadas como OSC.

PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS

 Legalidade Administrativa: O Administrador Público só poderá fazer aquilo que a lei MANDA
ou AUTORIZA.

10
10
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Impessoalidade (Finalidade): Devemos estudar esse Princípio em duas situações:


1ª: Tudo o que o Administrador Público fizer será de acordo com o interesse coletivo.
2ª: O Administrador não poderá se utilizar de obras ou serviços para promoção pessoal ou pa-
ra promoção partidária.
Art. 37 § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públi-
cos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo cons-
tar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servi-
dores públicos.
 Moralidade Administrativa: O ato do Administrador Público deve ser, além de LEGAL, MORAL.
 Publicidade: Também se divide em duas situações:
1ª: O ato deve ser publicado em Diário Oficial para terem seus efeitos.
2ª: O ato publicado deve se tornar público.
Decreto 1.171/94 VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interes-
se superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo previa-
mente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo cons-
titui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra
o bem comum, imputável a quem a negar.
 Eficiência: Inserido em nossa CF pela Emenda nº 19/98, determina que a Administração Públi-
ca deve agir de forma eficiente para atingir o seu objetivo. O Servidor deve ter seu desempe-
nho avaliado constantemente, podendo ser exonerado no caso de identificação de falta de de-
sempenho.

2 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS

 Razoabilidade: A atuação do Administrador deve ser razoável em decorrência da situação


de fato.
 Proporcionalidade: A resposta do Administrador deve ser proporcional ao ocorrido. Subdi-
vide-se em Adequação e Necessidade.
 Segurança Jurídica: Impede que nova norma legal ou administrativa ou novo entendimento
prejudique um direito adquirido.
 Ampla Defesa: Garante ao ofendido o direito de utilizar-se de todas as formas para atingir a
sua defesa técnica.
 Supremacia do Interesse Público sobre o Privado: Quando existir conflito entre o interesse
público coletivo e um particular, deve prevalecer o interesse público.
 Auto Tutela: Súmula 473 do STF “a Administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-
salvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

PODERES ADMINISTRATIVOS
1 – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A legislação oferece para a Administração Pública competências (poderes-deveres). São
atribuições vinculadas a obrigações. São os chamados poderes relacionais.

11
11
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Poder Discricionário: A lei autoriza ao Administrador decidir a melhor forma de aplicação


de uma ordem.

 Poder Vinculado: A Administração não tem opção, deve seguir a ordem na forma recebida.

 Poder Hierárquico: Encontrado dentro da mesma Pessoa Jurídica. Pode ocorrer de duas
formas:
 Delegação: A competência do superior é transferida temporariamente para um su-
bordinado.

Lei 9.784/99 Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
autoridade.

 Avocação: Medida Excepcional. Ocorre quando o superior recupera a competência


que estava com o subordinado.
Lei 9.784/99 Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional
e por motivos relevantes devidamente justificados, a
avocação temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.

 Poder Disciplinar: Administração punindo Administração. Pode ocorrer:


 Internamente: Punição de infração funcional de um servidor através do Processo
Administrativo Disciplinar.
 Externamente: Punição a particular que mantenha vínculo jurídico específico.

 Poder Normativo: Poder indelegável e privativo dos chefes do executivo para expedir de-
cretos e regulamentos com objetivo de dar fiel execução a lei.

 Poder de Polícia: Art. 78, CTN - Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependen-
tes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à proprie-
dade e aos direitos individuais ou coletivos.
Pode ser Administrativa (Prevenção e Normatização) e Judiciária (Repressão de infrações).

São atributos do Poder de Polícia:


 Discricionariedade: Ocorre quando a lei deixa ao administrador a liberdade de es-
colha quanto a certos elemen-
tos. Poder de Polícia pode ser classificado como:
 Autoexecutoriedade: É o poder Preventiva: Atos Normativos. Ex: Determinar uso de
da Administração Pública de cadeirinha de bebê no banco do carro.
decidir e executar sua decisão Repressiva: Multas e Interdições.
de forma direta, sem necessitar
Fiscalizadora: Higiene, pesos e medidas, vistorias
autorização judicial. Decorre de lei ou urgência.
veiculares.
 Coercibilidade: Uso da força para garantir a execução de determinado elemento.

12
12
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

SERVIÇOS PÚBLICOS
1 – CONCEITO

Fundamentado pela Constituição Federal, em seu artigo 175, faz parte da Ordem Econômi-
ca e Financeira da Federação.

Art. 175 - Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Faz-se necessário esclarecer que Poder Público, como chamado na Constituição, é sinônimo
de Administração Pública, ok?
Quando prestado por Administração Pública Direta ou Indireta, a Prestação é DIRETA.
Quando por delegação, Prestação INDIRETA.

2 – CARACTERÍSTICAS

 Podem ser Prestados com Intuito de Lucro


 Mesmo com lucro, não perde a característica de ser um Serviço Público
 Titularidade exclusiva do Poder Público, podendo sua execução ser delegada a Particular
 Fiscalizado pela Administração Pública através do Poder Disciplinar

3 – ATIVIDADES PÚBLICAS

Em alguns casos, encontraremos atividades que NÃO POSSUEM TIRULARIDADE EXCLUSIVA


do Poder Público, podendo ser exercidas com titularidade também por Particular. Vale ressaltar
que, quando a atividade for prestada por particular, a Administração Pública fiscalizará a prestação
através do Poder de Polícia. É o caso das Atividades referentes aos Direitos Sociais (art. 6 CF),
como Educação, Segurança, Propriedade, etc

4 – ELEMENTOS DEFINIDORES

 Material: Atividade de utilidade ou comodidade material, individual ou coletiva, essencial


ou secundária.
 Orgânico (Subjetivo): Titularidade do Estado, prestação direta ou indireta.
 Formal: Regime Jurídico de Direito Público.

5 – CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS

 Gerais (Uti Universi): Tem natureza indivisível, prestado a toda coletividade, indeterminan-
do assim os usuários de sua prestação. Custeados pelo Estado, através de receitas advindas
de impostos.
 Individuais (Uti Singuli): Natureza divisível, prestado a um usuário determinável, custeados
mediante cobrança de taxas ou tarifas proporcionais ao consumo individual do serviço.

13
13
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Próprios (Exclusivos):
 Delegáveis: Prestados pelo Estado diretamente, através da Centralização, ou por
delegação (Concessão, Permissão ou Autorização), através da Descentralização.
 Indelegáveis: Somente prestado por Centralização ou por Pessoa Jurídica de Direito
Público da Administração Indireta.
 Delegação Obrigatória: Apesar de exclusivos do Estado, sua delegação é obrigató-
ria, sua prestação não pode ser apenas do Estado diretamente. Ela deve oferecer
sua delegação a interessados. Ex: Serviços de Comunicação.
 Impróprios (Não-Exclusivos): Serviços que o particular poderá, por conta própria, prestar
em paralelo ao Estado, mediante fiscalização do Estado. Ex: Educação, Saúde. São chama-
dos Serviços de Utilidade Pública.
 Essenciais: Deve ser garantido pelo Estado, que não poderá exercê-lo com intuito de lucro.
 Úteis: Prestações úteis ou convenientes a sociedade, apesar de não serem essenciais.
 Administrativos: Refere-se às atividades internas da Administração Pública, que beneficiam
indiretamente a sociedade.
 Sociais: Diretamente relacionados aos Direitos Fundamentais Sociais, não podendo ser de-
legados a particulares, mas livremente exercidos por eles.
 Econômicos: Relacionados a atividades econômicas, podendo ser realizadas com o intuito
de lucro. Delegável a particular.

6 – COMPETÊNCIAS

Definidas pela própria Constituição Federal, através da distribuição de competências GE-


RAIS (União – arts. 21 e 22) e LOCAIS (Municípios – art. 30), sendo as competências REGIONAIS
(Estado – art. 25 §1º) caracterizadas como residuais e a competência do DISTRITO FEDERAL (art. 32
§1º) uma mescla das competências dos Estados e dos Municípios.
Para um Serviço Público ser considerado adequado, deve-se observar na Lei 8.987/95, art.
6º §1º, que também estabelecem os Princípios que veremos a seguir.

7 – PRINCÍPIOS DA ADEQUADA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

 Regularidade: A prestação de serviço deve atender a um padrão de qualidade eficiente pa-


ra atender as necessidades da sociedade.
 Continuidade dos Serviços Públicos: A prestação de serviço público não pode ser interrom-
pida por interesse privado. Apenas casos de manutenção ou inadimplência do usuário,
mediante aviso prévio, ou casos de emergência para manutenção da boa prestação, per-
mitem essa descontinuidade.
 Eficiência: Relação custo-benefício razoável para o administrado e para o prestador de ser-
viço.
 Segurança: O usuário não pode ser exposto a risco na prestação do serviço.
 Atualidade (Atualização): O Poder Público ou o delegatário devem sempre estar atualiza-
dos em suas tecnologias, técnicas e pessoal, para melhor atender os usuários.
 Generalidade (Universalidade): A prestação deve ser igual, independentemente de quem
seja o usuário.
 Cortesia na Prestação: Direito do usuário ser tratado com educação e cortesia pelo presta-
dor de serviço.
 Modicidade das Tarifas: Os valores cobrados pela prestação devem ser RAZOÁVEIS, para
garantir acesso ao maior número de usuários.

14
14
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Isonomia: Além do tratamento igual que deve ser dado a todos que se encontram em
igualdade na prestação, abrange toda ação positiva do Estado para igualar também os que
se encontram em situação desigual. Ex: A Lei 8987 determina que as concessionárias de-
vem oferecer, no mínimo, 6 datas de vencimento para pagamento de serviços.

8 – CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS

Concessão é um contrato administrativo (Bilateral) que delega a prestação do serviço públi-


co a uma Pessoa Jurídica Privada. É o único contrato administrativo em que o PARTICULAR será
responsável por remunerar o contratado. A concessão é por prazo determinado e requerer aten-
dimento ao procedimento de CONCORRÊNCIA para licitação.

A Concessão pode ser:


 COMUM:
 Concessão de Serviço Público Simples: Ocorre quando a Administração delega a execução
de um serviço público a uma Pessoa Jurídica Privada ou a um Consórcio de Empresas.
 Concessão de Serviço Público Precedida de Obra: Quando a Administração não possui di-
nheiro para arcar com uma obra que se mostra necessária, pode firmar acordo com a con-
cessionária que será integralmente responsável pela realização da obra e terá sua remune-
ração através da exploração e utilização daquela obra.

 ESPECIAL (Parceria Público-Privada):


 Concessão Administrativa: A própria Administração, por ser a usuária da concessão, reali-
zará o pagamento das tarifas.
 Concessão Patrocinada: O concessionário é remunerado pelo pagamento de tarifas realiza-
do pelo usuário acrescido de uma prestação pecuniária patrocinada pelo Estado – no má-
ximo 70% do lucro total.

 Responsabilidade Civil:
Responsabilidade de Concessionárias (Concessão Comum) é OBJETIVA perante o usuário e
terceiros não usuários, segundo o STF.

No caso de PPP (Concessão Especial), ocorrerá COMPARTILHAMENTO DE RISCOS, respon-


sabilidade solidária entre Parceiro Público e Parceiro Privado.

9 – CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE CONCESSÃO

 Alteração Unilateral do Contrato: A Administração tem o poder de modificar as cláusulas


do contrato unilateralmente quanto ao objeto e ao valor, dentro dos limites estipulados em
lei;
 Rescisão Unilateral: Por inadimplemento (Caducidade) ou por interesse público (Encampa-
ção);
 Fiscalização da Execução do Contrato: Possibilidade de decretação de Intervenção da con-
cessionária quando algum ato coloque em risco a continuidade do serviço;
Caso o Poder Concedente identifique um indício de irregularidade na gestão da Concessio-
nária que coloque em risco a manutenção da prestação do serviço, poderá ocorrer INTER-
VENÇÃO, para garantir a continuidade da prestação do serviço por um INTERVENTOR
(AGENTE PÚBLICO DEFINIDO POR PRAZO DETERMINADO) nomeado pela Administração
através de decreto. Depois de decretada a intervenção, a Administração terá 30 dias para

15
15
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

iniciar um Processo Administrativo para apuração das irregularidades. O Processo não po-
derá ter duração superior a 180 dias. Após o período de apuração, caso não seja apurada ir-
regularidade, o Estado através de decreto extinguirá a intervenção. Caso a irregularidade
seja comprovada, será feita extinção da concessão por CADUCIDADE.
 Ocupação Temporária de Bens: No caso de possível descontinuidade da prestação pela
concessionária, poderá ocorrer a OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA DE BENS. O Estado, para garan-
tir a continuação da prestação do serviço, ocupa os bens da concessionária. Ao final da
ocupação, os bens são devolvidos e, caso durante o período de ocupação tenha ocorrido
algum dano aos bens, o Estado pagará indenização.
 Aplicação de Penalidades: Possibilidade de penalizar com Advertência, Proibição de contra-
tar com o poder público, Declaração de inidoneidade e Multa.

Não confundir OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA com


REVERSÃO. Ao final da concessão, os bens do
concessionário que forem indispensáveis para a continuidade
do serviço serão revertidos em bens públicos. Tal reversão
não será indenizada caso o valor dos bens tiver sido
amortizado na tarifa do serviço.

10 – PERMISSÃO E AUTORIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS


Permissão é um contrato de adesão (Unilateral) por meio do qual se transfere a prestação
de serviço público a título precário.
Apesar de ser um contrato muito parecido com a concessão, precisamos estabelecer as
principais diferenças:
 O processo de licitação poderá ser realizado por qualquer modalidade, dado o valor final
do contrato;
 A permissão poderá ser celebrada tanto com Pessoa Jurídica como com Pessoa Física.
Autorização é a delegação de um serviço sem contrato, por meio de um ato administrativo a tí-
tulo precário.

11 – FORMAS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DE CONCESSÃO


 Advento do Termo Contratual: O contrato se resolve pelo decurso do prazo previsto nele.
 Encampação: O poder concedente, por motivo de interesse público, mediante lei autoriza-
tiva e prévia indenização, retoma o serviço durante o prazo de concessão.
 Caducidade: Extinção do contrato por descumprimento de obrigações contratuais pelo
concessionário.
 Rescisão: Extinção do contrato por descumprimento de obrigações contratuais pelo poder
concedente.
 Anulação: Extinção do contrato durante sua vigência por razões de ilegalidade.

16
16
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

ATOS ADMINISTRATIVOS
1 – CONCEITO

Ato administrativo é uma manifestação unilateral de vontade do Estado que gera um ato
jurídico, capaz de CONSTITUIR, EXTINGUIR, RESGUARDAR OU DECLARAR direitos, bem como IM-
POR OBRIGAÇÕES INTERNAMENTE OU AOS PARTICULARES.
Importante salientar que, quando o Estado realiza atos regido predominantemente pelo
direito privado, este está agindo por ATO DA ADMINISTRAÇÃO, e não por um ATO ADMINISTRATI-
VO. Quando atua sem manifestação de sua vontade, está produzindo uma ATO MATERIAL (FATO
ADMINISTRATIVO). Quando pratica atos em exercício da função política, são ATOS POLÍTICOS.
Vale ressaltar também que o SILÊNCIO DO ESTADO também pode ser considerado uma
forma de manifestação de vontade.

2 – ELEMENTOS

 Competência: Poder conferido por Lei a um agente para o desempenho de suas atividades.
É um elemento IRRENUNCIÁVEL, mas em certas situações pode ser DELEGADO ou AVOCA-
DO. Competência para um ato administrativo é IMPRESCRITÍVEL. EXTRAPOLAR COMPETÊN-
CIA SIGNIFICA EXCESSO DE PODER.
 Finalidade: Todo ato administrativo tem como finalidade o INTERESSE PÚBLICO. Ato admi-
nistrativo que busca finalidade diversa da prevista em lei configura DESVIO DE FINALIDADE.
 Forma: De regra, atos administrativos são FORMAIS, ou seja, devem respeitar procedimen-
tos pré-determinados em lei.
 Motivo: Previsão legal que fundamenta a produção do ato. Todo ato depende de um moti-
vo, mas nem todo ato requer a motivação explícita, somente aqueles previstos em lei. Pode
ser utilizado um parecer anterior como base para anulação de um ato (MOTIVAÇÃO
ALIUNDE).
 Objeto: Pode se confundir com o conteúdo do ato. O objeto é a própria declaração cons-
tante no ato.

3 – CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

 Quanto a Liberdade de Atuação:


 Vinculado: A lei define todos os critérios de atuação de forma objetiva;
 Discricionário: A lei prevê um grau de liberdade na escolha da melhor forma de agir
dentro dos limites estabelecidos.

 Quanto a Abrangência:
 Geral: O ato atinge uma coletividade indeterminada, enquadradas em uma situação
fática descrita pelo ato;
 Individual: Tem por objeto indivíduos específicos.

17
17
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Quanto a Formação:
 Simples: A perfeição do ato depende da manifestação de um único órgão;
 Complexo: Depende da manifestação de dois órgãos independentes com vontades
similares;
 Composto: Depende da manifestação de uma vontade principal e outra acessória,
com vínculo de dependência.
 Quanto a Abrangência:
 Geral: O ato atinge uma coletividade indeterminada, enquadradas em uma situação
fática descrita pelo ato;
 Individual: Tem por objeto indivíduos específicos.
Súmula Vinculante nº 3 - Nos processos perante o Tribunal de
Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,
excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

 Quanto ao Conteúdo:
 Normativos: Expedem normas gerais dentro dos limites da lei – Decorre do Poder
Normativo. São exemplos: regulamento, decreto, regimento e resolução;
 Ordinatórios: Praticados para ordenação interna da atividade pública – decorre do
Poder Hierárquico. São exemplos: instruções, avisos, ofícios, portarias, ordens de
serviço ou memorandos;
 Enunciativos: Atestam fatos ou emitem opinião. São exemplos: certidões, atestados
e pareceres;
 Punitivos: Aplicação de sanção ou penalidade. São exemplos: multa administrativa,
interdição administrativa, destruição de coisas e afastamento temporário de cargo
ou função pública;
 Negociais: Concedem requerimentos do particular. São exemplos: licença, autoriza-
ção e permissão.

4 – TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES

Observada especificamente no elemento MOTIVO de um ato administrativo DISCRICIONÁ-


RIO.
Tal teoria é observada sempre que o Administrador, mesmo sem ser obrigado, decide moti-
var seu ato administrativo. Com isso, o Administrador ficará obrigado a comprovar a existência do
motivo gerador do ato. Motivação inexistente pode gerar invalidação do ato pelo próprio agente.

5 – ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

 Presunção de Veracidade e Legitimidade: Os atos da Administração Pública parecem (Teo-


ria da Aparência) legais, porém essa presunção é relativa. Absorve a possibilidade de Inver-
são do Ônus da Prova pelo atingido pelo ato.
 Imperatividade (Poder Extroverso): Determinação da Administração Pública utilizar-se da
Supremacia do Interesse Público sobre o Privado. Apesar de estabelecer que em todo ato a
Administração se colocará em superioridade sobre a outra parte, existem exceções, em que
a Administração estará na mesma condição. São os casos dos Atos Negociais e dos Atos
Enunciativos.

18
18
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Autoexecutoriedade: O ato será praticado sem necessidade de permissão do Poder Judiciá-


rio. Também não é um atributo obrigatório nos casos dos atos Negociais e Enunciativos.
 Tipicidade: Segundo Maria Sylvia de Pietro, todo ato administrativo precisa apresentar esse
atributo. Significa que um ato deve ser típico, previsto em lei, para ser considerado lícito.

6 – EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

Atos administrativos podem ser extintos de forma natural (advento do termo ou cumprimen-
to do objeto), por desaparecimento de coisa ou pessoa, por renúncia ou por retirada. Vamos ana-
lisar as possiblidades de retirada do ato administrativo.

6.1 – HIPÓTESES DE RETIRADA

Decorre do princípio da Auto Tutela da Administração Pública.

Súmula 473 do STF “a Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveni-
ência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apre-
ciação judicial”.

 Anulação: Contra ato ILEGAL praticado pela Administração. Vício encontrado em um ato
praticado vai gerar a efetiva anulação, que deve ser manifestado pela própria Administra-
ção ou por atuação impulsionada do Poder Judiciário. Anulação de ato retroagirá ao mo-
mento de sua exteriorização.
 Revogação: Contra ato LEGAL praticado Administração. Por conveniência ou oportunidade,
a Administração considera necessário revogar, retirar da existência, o ato anteriormente
praticado. Atenção: Revogação NÃO PODE OCORRER por força de decisão do Poder Judiciá-
rio. Revogação de ato não retroagirá ao momento da exteriorização do ato.
 Cassação: Descumprimento de requisitos que permitam a manutenção do ato. O ato se
torna ilegal durante a execução. Em sua origem, era um ato legal.
 Caducidade: Ato se torna ilegal durante a execução em virtude do surgimento de uma nova
legislação.
 Contraposição / Derrubada: Prática de ato novo retira ato anterior.

Espécie Motivo Legitimado Efeito Prazo


Anulação Vício Administração Ex Tunc 5 anos
ou Judiciário
Revogação Interesse Somente a Ex Nunc Não há
Público Administração prazo
Cassação Ato se Administração Ex Nunc 5 anos
tornou ou Judiciário
ilegal

7 – CONVALIDAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO

Quando nos deparamos com um ato administrativo viciado, devemos classificar o tipo de
vício encontrado, conforme estabelecido na lei 9.784/99. Tal vício pode ser:
 Sanável: O ato anulável pode ser corrigido. Ocorre em vícios de Competência e Forma.
 Insanável: Os atos são nulos de origem. Ocorre nos casos de vícios de Finalidade, Motivo e
Objeto.

19
19
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Para que um vício seja considerado sanável, é necessário observarmos alguns requisitos para
sua convalidação. O ato só pode ser sanado quando eivado de um vício causado por BOA-FÉ, NÃO
PODE GERAR PREJUÍZO A ADMINISTRAÇÃO NEM A TERCEIRO e deve existir INTERESSE DA ADMI-
NISTRAÇÃO EM SANÁ-LO.

Observe que, de regra, TODO ATO NULO É CARACTERIZADO POR MÁ-FÉ.


IPC!!! A convalidação de ato administrativo sempre terá efeitos retroativos.
Convalidação de ato administrativo pode ocorrer de duas formas também:
 Tácita: Se a Administração não anular seus atos ilegais de que decorram de efeitos fa-
voráveis a seus destinatários no prazo decadencial de 5 anos, haverá a convalidação tá-
cita, salvo comprovada má-fé.
 Expressa: Ocorre quando a Administração, expressamente edita um ato a fim de conva-
lidar outro.

8 – TEORIA DO FUNCIONÁRIO DE FATO

Apesar de dentro do Direito Administrativo não mais utilizarmos o termo FUNCIONÁRIO


(somente o Direito Penal, por conta do art. 327 do CP continua utilizando essa definição), essa teo-
ria observará os atos REALIZADOS pelo servidor ou empregado público na decorrência de sua atua-
ção IRREGULAR na Administração.
Quando falamos de um vício insanável, NULO, determinamos que todos os atos realizados
por este serão NULOS também. Porém, caso seu ato seja direcionado a terceiro necessitado, por
conta da Teoria do Funcionário de Fato, da Teoria da Aparência e por força do não interesse em
prejudicar terceiro, tal ato será considerado LEGAL.

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
1 – CONCEITO DE CONTRATOS

Contrato, em geral é um acordo de vontade firmado entre pessoas capazes, com objeto líci-
to, possível, determinado ou determinável, com forma prescrita ou não-defesa em lei.
Quando falamos em contratos, devemos observar certas características que o definem:

o Negócio Jurídico;
o Versa sobre autonomia de vontades;
o Apresenta interesses opostos;
o Subordinação entre as partes;
o Legalidade;
o Força das obrigações das convenções.

De posse dessas informações, podemos estabelecer melhor o que são os contratos da adminis-
tração.

20
20
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Contratos da Administração é todo contrato assinado entre a Administração Pública e um par-


ticular quando a Administração se coloca em posição HORIZONTAL.

2 – CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO

Contratos da administração podem ser classificados em:


 Públicos: Integralmente regidos pelo Direito Público, com aplicação subsidiária do Direito
Privado. Visa diretamente o interesse público.
 Semi-Públicos: Contrato de Direito Privado, com presença de cláusulas específicas do Direi-
to Público.
 Privados: Contratos firmados entre entes de Direito Privado, regidos pelo Direito Privado,
com aplicações subsidiárias do Direito Público.

3 – CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Contratos Administrativos são todos os negócios jurídicos firmados com a própria Adminis-
tração Pública como Pessoa Jurídica de Direito Público, para defesa de interesse público, com con-
dições previamente estabelecidas.
Regime Jurídico de Direito Público, sob regime de prerrogativas e sujeições.

4 – NORMAS QUE REGEM CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

 Constituição Federal: Estabelece regime de licitação para firmar contratos, de competência


privativa da União para legislar formalidades de licitações e contratos.
 Lei 8.666/93: Norma geral de licitação, que abrange todos os Entes Federativos.
 Lei 8.987/95: Específica para determinar procedimentos de concessão e permissão.
 Lei 11.074/04: Parcerias Público-Privadas.

5 – CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO

 Consensualidade: Se fundamenta em um acordo entre as partes.


 Formal: Se expressa por escrito (em regra) e apresenta requisitos especiais.

IPC!!! A Lei 8.666/93, no artigo 60, admite contrato


administrativo de forma verbal em objetos de pequeno
valor (não exceda 5% do valor previsto para a modalidade
convite) e pronto pagamento, em regime de adiantamento.

 Oneroso: Sempre remunerado, da forma convencionada.


 Comutativo: As partes já conhecem suas obrigações dentro do contrato, possuem obriga-
ções recíprocas.
 Intuitu Personae: Deve ser sempre executado pelo próprio contratado, não suportando, a
princípio, sua substituição.
IPC!!! A Lei 8.666/93, no artigo 72, admite, de forma
excepcional, a subcontratação, apresentando uma exceção
à regra do contrato ser Personalíssimo.

 Verticalidade: Não há igualdade entre as partes. A Administração Pública se coloca sempre


superior por possuir poderes contratuais que o particular não tem.

21
21
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Mutabilidade: A Administração pode mudar unilateralmente as cláusulas de um contrato.


Exceção: Cláusulas de remuneração, que só podem ser alteradas com anuência do particu-
lar.
 Presença de Cláusulas Exorbitantes: Poderes especiais da Administração. Ex.: Rescisão uni-
lateral do contrato, obrigatoriedade de manutenção no cumprimento do contrato por 90
dias mesmo que deixe de receber e possibilidade da Administração alterar quantitativa-
mente o objeto, respeitando o limite geral de 25% (em se tratando de reforma de edifícios
ou equipamentos, o limite é ampliado para 50%, aplicável apenas para acréscimos).
 Garantia do Equilíbrio Econômico: Ocorrendo alguma situação especial que aumente o
custo do contrato, a Administração deve majorar a remuneração. Situação principais:
 Fato do Príncipe: Evento Estatal geral externo ao contrato.
 Fato da Administração: Provocado pelo Estado, dentro do contrato.

6 – ESPÉCIES DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

 Consórcio Público: Contrato administrativo multilateral, pois existem várias partes envolvi-
das com interesses comuns. Só pode ser firmado por entidades federativas. Além disso, há
uma personificação no contrato, quando as entidades federativas criam uma nova Pessoa
Jurídica para gerirem o consórcio.
 Parceria Público-Privada: Contrato administrativo com repartição objetiva dos riscos entre
o parceiro privado (particular) e o parceiro público (Estado). É uma concessão com duração
entre 5 e 35 anos, tendo como valor mínimo de objeto vinte milhões de reais administrada
por uma Pessoa Jurídica de Propósito Específico - Pessoa Jurídica não incorporada na Ad-
ministração Pública cuja maioria do capital votante ficará na mão da iniciativa privada.

BENS PÚBLICOS
1 – CONCEITO

Art. 98. CC São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

Apesar do previsto no Art. 98 do Código Civil, devemos entender bens públicos como aque-
les que, mesmo sendo privados, estejam atrelados à execução de um serviço público.

2 – CLASSIFICAÇÃO

Baseia-se na UTILIZAÇÃO do bem, e não em sua TITULARIDADE.

Art. 99. CC São bens públicos:


I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;

22
22
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Podemos classificar bens de uso especial em: DIRETO – compõem a máquina administrativa (car-
ro, prédio) e INDIRETO – conservado pelo Estado, com finalidade pública específica (terras indí-
genas).

III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como obje-
to de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

3 – AFETAÇÃO X DESAFETAÇÃO

Também conhecido como CONSAGRAÇÃO X DESCONSAGRAÇÃO, é um ato que determina


ou retira a destinação pública de um bem.
A afetação do bem pode se dar pelo simples uso, a simples utilização de um bem no inte-
resse público. Porém, a desafetação somente poderá ocorrer por lei ou ato administrativo (no caso
de bens de uso especial, também se dará desafetação por fato da natureza que torne impossível
utilização do bem), nunca pelo simples desuso do bem.

4 – PRERROGATIVAS

Decorrentes da Supremacia do Interesse Público sobre o privado, e com o escopo de prote-


ger o particular, bens públicos possuem garantias que estudaremos a seguir.

 Impenhorabilidade: Bens públicos não admitem constrição judicial. Mesmo sendo um bem
dominical (ou dominial), sendo bem público não poderá sofrer procedimento de penhora.
 Imprescritibilidade: O bem público não poderá sofrer usucapião, não poderá ser adquirido
pelo decurso do tempo.
Súmula 340 STF - Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais
bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.
 Não Onerabilidade: Os bens não poderão ser submetidos a bens reais de garantia (penhor,
hipoteca, anticrese). O Estado não poderá dar como garantia real de um débito um bem
público.
 Inalienabilidade Relativa ou Alienabilidade Condicionada: Bem público só poderá ser alie-
nado se respeitado o estabelecido em lei.

Art. 100. CC Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, en-
quanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. CC Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Art. 17. Lei 8.666/93 A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de
interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes
normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e
entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, depen-
derá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos se-
guintes casos:
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes
casos:

23
23
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

5 – USO DE BENS PÚBLICOS


Apesar da utilização ordinária de bens públicos não depender de autorização prévia, exis-
tem casos em que o particular buscará a utilização do bem com interesse privado. É a chamada
utilização especial de bem público. Nesses casos, o Estado deverá verificar se não ocorrerá prejuízo
ao interesse público o consentimento da utilização especial. Ex: Casamento em praia, realização de
feira em uma praça.
O consentimento de uso especial poderá se dar por:
 Concessão: Contrato administrativo, não precário, de prazo determinado, feito na situação
em que o particular deverá investir na utilização do bem. Ex: Instalação de um restaurante
em uma universidade pública.
 Permissão: Ato administrativo unilateral, discricionário, precário, feita no interesse público
de utilização pelo particular. Ex: Banca de jornal, feira de artesanato.
 Autorização: Ato administrativo unilateral, discricionário, precário, feita no interesse priva-
do. Ex: Fechar uma via para colocar cadeiras e mesas de um bar.
6 – BENS EM ESPÉCIE
Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções milita-
res, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais
de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a
órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou
gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos mine-
rais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou
compensação financeira por essa exploração.
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e
sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste
caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

24
24
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


1 – PREVISÃO LEGAL

Art. 37 § 6º CF - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de ser-


viços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

2 - DEFINIÇÃO

Responsabilidade Civil Pública do Estado consiste em uma obrigação atribuída ao Poder


Público de indenizar danos causados a terceiros por seus agentes, quando referente a serviços pú-
blicos oferecidos por Pessoa Jurídica de Direito Público ou Privado (não se aplica no caso de Explo-
ração de Atividade Econômica). Estabelece uma garantia de que o terceiro prejudicado poderá
requerer indenização diretamente em face do Estado, por ser o ente mais solvente e com garantia
de cumprimento de ordem de pagamento na relação. Uma segunda garantia (Teoria da Dupla Ga-
rantia) se encontra no fato do Agente Público nunca poder ser ajuizado diretamente pelo terceiro,
mas sim somente pelo próprio Estado em eventual ação regressiva.

3 – ELEMENTOS ESSENCIAIS

 Dano: Deve ser efetivo, e não virtual. É necessária a ocorrência efetiva do dano para possi-
bilidade de proposição de ação de indenização. Pode ensejar indenização por dano material
ou moral, cabendo cumulação.
 Conduta do Agente Público: A configuração da responsabilidade do Estado somente se da-
rá se o dano efetivo tiver sido resultado de uma ação ou omissão de um agente público na
qualidade de agente, ou seja, atuando em nome do Estado. Não há exigência de demons-
tração de dolo ou culpo por parte do agente.
 Nexo Causal: A demonstração do relacionamento direto entre a conduta e o dano, forman-
do o vínculo necessário para configuração do poder de ação.

Súmula 37 STJ
São cumuláveis as indenizações por dano material e dano
moral oriundos do mesmo fato.

Vale destacar nesse momento que, diferente da Responsabilidade Civil Privada, a Responsabili-
dade Civil Pública não exige demonstração de ilicitude ou subjetividade.
Importante ressaltar também que, no caso de conduta comissiva do agente a Responsabili-
dade Civil será OBJETIVA. No caso de conduta omissiva( exceto situação referente a Teoria do Risco
Criado, que será estudada a seguir), será SUBJETIVA, pois a omissão deverá ser comprovada para
afirmação do nexo causal.

25
25
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

4 – TEORIAS APLICÁVEIS

 Teoria do Risco Administrativo: Teoria prevalente no sistema brasileiro, prevê a possibili-


dade de aplicação das excludentes de responsabilidade do Estado, nas situação de CASO
FORTUITO, FORÇA MAIOR E CULPA EXCLUSIVA DO TERCEIRO.
 Teoria do Risco Integral: Situações específicas em que o Estado SEMPRE será responsabili-
zado, sem que possa se utilizar das excludentes para afastamento da responsabilização.
 Teoria do Risco Criado (ou Risco Suscitado): Situações em que o Estado é o próprio respon-
sável por criar a situação que gerou o dano. Ex: Saída temporária da prisão, danos causados
entre presos na cadeia, dano sofrido por criança em colégio público... Perceba que todos os
casos são baseados na CUSTÓDIA do Estado sobre coisa ou pessoa. Nesse caso, a omissão
caracterizará Responsabilidade Objetiva.

INTERVENÇÃO DO ESTADO
NA PROPRIEDADE PRIVADA
1 - DEFINIÇÃO

Consequência da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado, o Estado poderá intervir


no direito de propriedade do particular em prol do interesse público. A atuação do Estado pode se
dar de duas formas: Intervenção Restritiva, em que o Estado estabelece limites ao uso da proprie-
dade, mas não retira a propriedade do particular, e Intervenção Supressiva, em que há a transfe-
rência da propriedade do particular para o Poder Público. Vamos estudar cada uma dessas situa-
ções a partir de agora.

2 – INTERVENÇÃO SUPRESSIVA

2.1 - DESAPROPRIAÇÃO

Forma originária de aquisição de propriedade, o bem se transfere ao Estado de forma livre


e desembaraçada, ou seja, nenhum ônus de natureza real ou pessoal acompanha o bem ao compor
o patrimônio do Estado. A Constituição Federal prevê as situação de desapropriação. Vamos a elas:

2.1.1 – DESAPROPRIAÇÃO COMUM

Art. 5§ XXIV CF - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utili-
dade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalva-
dos os casos previstos nesta Constituição;

2.1.2 – DESAPROPRIAÇÃO ESPECIAL URBANA

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções soci-
ais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

26
26
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado
ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

2.1.3 – DESAPROPRIAÇÃO ESPECIAL RURAL

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imó-
vel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títu-
los da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:


I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não pos-
sua outra;
II - a propriedade produtiva.

2.1.4 – DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIA

Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas cultu-
ras ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e rever-
terá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.

2.1.5 – DESAPROPRIAÇÃO DE BEM PÚBLICO

Art. 2º § 2o DL 3.365/41 - Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territó-
rios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer
caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.

2.1.6 – PROCESSO DE DESAPROPRIAÇÃO


O procedimento de desapropriação é dividido em duas etapas:

 Fase Declaratória: Instaurada através da declaração de desapropriação, através de decreto


ou lei, por uma unidade federativa. Apesar de ainda não transferir a propriedade para o Es-
tado, garante alguns direitos ao Estado sobre a propriedade, sendo: direito de penetração
no bem para avaliações e fixação do estado do bem (com possibilidade de indenização
das benfeitorias necessárias ou úteis autorizadas).

27
27
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Fase Executória: Necessariamente deve ocorrer dentro do prazo legal. A declaração caduca
em: 5 anos quando declaração for de necessidade ou utilidade pública e 2 anos se for por
interesse social. Caso o prazo não seja respeitado, nova declaração só poderá ocorrer de-
pois do prazo de carência de 1 ano. A execução da desapropriação poderá ser realizada por
qualquer ente federado ou até por entes da administração indireta, consórcios públicos ou
concessionárias de serviços públicos.

2.1.7 – DIREITO DE EXTENSÃO

Na ocorrência de desapropriação parcial, caso a área remanescente seja inutilizável, o pro-


prietário tem o direito de exigir do Poder Público a extensão da desapropriação por todo o terreno,
gerando indenização total.

2.1.8 – DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA

Prevista em duas hipóteses: na justificada necessidade de posterior extensão de uma obra,


a desapropriação inicial já realiza a extensão para a zona de uso futuro. Segunda hipótese é contro-
versa, pois prevê a possibilidade de desapropriação por zona quando há possibilidade de supervalo-
rização da propriedade próxima, o que acarretaria a futura venda da propriedade para recuperação
de gastos com o procedimento inicial. A doutrina majoritária não aceita essa segunda hipótese, mas
o STF já se posicionou a favor das duas espécies.

2.1.9 – DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA

Ocorre quando o Estado assume a propriedade particular sem realização do procedimento


legal. Exs: Tomada de uma propriedade de uma pessoa que estava em viagem, servidão administra-
tiva sobre a quase totalidade da propriedade. Caberá nesse caso uma ação de indenização por
desapropriação indireta ou apossamento administrativo. O prazo para propositura da ação será
de 10 anos, por entendimento de ser uma ação próxima a usucapião extraordinário.

2.1.10 – RETROCESSÃO

Na eventual mudança de finalidade do procedimento desapropriatório ocorre a tredestina-


ção. Caso a alteração na finalidade seja apenas específica, ainda mantendo interesse público como
base (originalmente seria construído um colégio optou-se por construir um hospital), a tredestina-
ção será lícita. No caso de mudança para fins privados, ocorrerá a tredestinação ilícita ou adesti-
nação. Nesse caso, o ex-proprietário poderá requerer a retomada da propriedade por desvio de
finalidade.

3 – INTERVENÇÃO RESTRITIVA

3.1 – LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA

Restrição de caráter geral, atingindo uma quantidade indeterminada de bens. Não é passí-
vel de indenização, salvo comprovação de prejuízo específico. Possui efeito ex nunc.

28
28
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

3.2 – SERVIDÃO ADMINISTRATIVA

Restrição de caráter específico, sendo um direito real que recai sobre o imóvel. O prédio
privado será serviente ao serviço público, que será o dominante. Ocorre indenização prévia. Pode
ser instituída por acordo, decisão judicial ou lei.

3.3 – REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA

Art. 5§ XXV CF - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de pro-
priedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

3.4 – OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA DE BENS

Diferente da requisição administrativa, aqui não há perigo iminente. Pode ocorrer em casos
em que, por exemplo, o Estado utiliza terrenos vizinhos para manter maquinário e equipamento
relacionado a uma obra em realização. Ou quando o Estado utiliza uma propriedade para instalação
de zona eleitoral durante pleito eleitoral.
Tem caráter provisório e haverá indenização prévia.

3.5 – TOMBAMENTO

Institui restrições sobre determinado bem com o fim de preservar o seu patrimônio históri-
co, artístico e cultural. Incide sobre bens corpóreos, materiais. No caso de bem incorpóreo a prote-
ção se dá através de registro ambiental e não tombamento. Pode ocorrer tombamento por qual-
quer ente federado, inclusive o tombamento pode ocorrer por mais de uma vez. Ex: Tombado pelo
Estado e pelo Município.
Decorre do ato de tombamento:
 Obrigação de Fazer: Conservação;
 Obrigação de Não Fazer: Não destruir e nem modificar;
 Obrigação de Suportar: Fiscalização do Estado.

REGIME JURÍDICO ÚNICO


Importante capítulo, em que trabalharemos um assunto muito abordado em MUITOS con-
cursos no brasil.

1 – REGIME JURÍDICO ÚNICO

Todo servidor público terá sua função regida por um Estatuo. No caso dos FEDERAIS, a Lei
8.112/90 será a responsável por esse controle.
Antes de mais nada, se faz necessário entender o termo REGIME JURÍDICO ÚNICO.

29
29
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Uma breve história: Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, através do art.
39, ficou estabelecido que União, Estados, Distrito Federal e Municípios deveriam adotar um re-
gime jurídico único, ou seja, determinar a regência de seus servidores (abrangidos por sua jurisdi-
ção) através da regime de Direito Público ou de Direito Privado.
Em 1990, com a edição da Lei 8.112, a União se decidiu pelo regime estatutário. Porém,
alguns servidores da União naquele momento eram regidos pela CLT. Para resolver esse conflito,
a Lei 8.112 trouxe em seu art. 243 §1º a conversão destes para servidores públicos.
Art. 243. § 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no regime instituído por
esta Lei ficam transformados em cargos, na data de sua publicação.
Porém, com a Emenda Constitucional 19 de 1998, o caput do artigo 39 foi alterado, extin-
guindo assim o Regime Jurídico Único. Surgiu a possibilidade de seleção entre os regimes de tra-
balho. Para não “enrolar” demais a situação, foi editada a Lei 9.962/00 pela União, regendo a
situação dos CELETISTAS que trabalhavam para a União.
Bagunça armada, bagunça resolvida. Em 2007, o STF decidiu pela perda da eficácia do
artigo 39 da CF, retomando a interpretação do artigo primitivo como atual. Pronto, voltamos a
viver sobre a chancela do Estatuto.
Coisa de maluco né, mas determinante para começarmos nosso trabalho.

2 – FORMAS DE PROVIMENTO DE CARGO PÚBLICO

Para ocupação de um cargo público, tal cargo deve ser provido a alguém. Para isso, o Esta-
tuto do Servidor determinou, de forma TAXATTIVA, as formas de acesso ao cargo. Vamos a elas.

Art. 8o São formas de provimento de cargo público:


I - nomeação;
II - promoção;
V - readaptação;
VI - reversão;
VII - aproveitamento;
VIII - reintegração;
IX - recondução.

Tais formas de provimento seguem uma classificação bem simples. Provimento Originário
e Provimento Derivado, sendo a NOMEAÇÃO a única forma reconhecida como de provimento ori-
ginário.
Necessário se faz estabelecer aqui uma interessante distinção entre as situações de acesso
ao cargo público.

Art. 37 II CF - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso


público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exoneração;

Efetiva Comissionada
Acesso ao cargo somente me- Acesso mediante livre nomeação
diante Concurso Público e livre exoneração.
Garante Estabilidade ao Não existirá estabilidade nem análise de
Servidor após aprovação desempenho através de Estágio.
em Estágio Probatório

30
30
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

2.1 – NOMEAÇÃO
Ato administrativo de convocação de um aprovado em concurso anterior para assunção de
cargo público. A nomeação é apenas um chamamento ao acesso ao cargo. Para efetivo acesso,
deve-se observar a seguinte sequência.
NOMEAÇÃO

POSSE

EXERCÍCIO

IPC!!!! Da data da nomeação até a posse, o prazo será de 30 dias. Caso não seja respeitado esse
prazo, o ato de nomeação se tornará sem efeito.
IPC2!!! Da data da posse para o exercício efetivo do cargo, o prazo será de 15 dias. Caso não seja
respeitado esse prazo, o servidor será exonerado do cargo.
Requisitos para posse:
 Declaração de Bens e Valores;
 Atestado Médico oficial;
 Caso seja necessário, a posse pode ser feita mediante Procuração Específica.
No caso de exercício, só poderá ser realizado pelo próprio servidor, por ser um instituto
personalíssimo.

2.1.1 – ESTÁGIO PROBATÓRIO E ESTABILIDADE


Após o início do exercício do serviço público, o servidor deverá provar, durante 3 anos, sua
real condição de atuação naquele cargo específico através de avaliações de desempenho. É o cha-
mado ESTÁGIO PROBATÓRIO. Comprovada sua capacidade de atuação, o servidor estará apto a
receber da Administração a condição de SERVIDOR ESTÁVEL.
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito
a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e ca-
pacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguinte fato-
res: (vide EMC nº 19)
I - assiduidade;
II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa;
IV - produtividade;
V- responsabilidade.

Art. 41 - São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados
para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.

31
31
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

2.2 – PROMOÇÃO

Não está regulada, apesar de prevista, pela Lei 8.112. Sua definição é doutrinária.
Promoção é a troca de nível ou classe DENTRO DO MESMO CARGO. De acordo com a lei
que cria o cargo dentro da Instituição, fica estabelecida a progressão funcional dentro da carreira.
Aí entra a promoção.

2.3 - READAPTAÇÃO

Ocorre quando o servidor sofre uma limitação, temporária ou definitiva, em suas faculda-
des físicas ou mentais. Após o período de licença para tratamento médico (de no máximo 24 me-
ses), o servidor deverá retornar ao serviço. Dependendo do grau da lesão sofrida, o servidor poderá
ser aposentado por invalidez ou readaptado em outra função de remuneração e requisitos compa-
tíveis com a original.

IPC!!! Readaptação produz mudança de FUNÇÃO, e não de CARGO. Mudança de cargo


foi (acesso ou ascensão) foi considerada INCONSTITUCIONAL.
IPC2!!! Promoção e Readaptação são considerada formas híbridas, pois tanto funcionam
como PROVIMENTO como funcionam como VACÂNCIA de cargo.

2.4 - REVERSÃO

Reversão é o retorno do servidor APOSENTADO ao ordenamento administrativo.

2.5 – REINTEGRAÇÃO

É o retorno do servidor estável através da anulação de uma demissão injusta por via judici-
al.

IPC!!! No caso de imputação de infração que gere ações tanto na esfera administrativa quanto na
criminal, caso o servidor seja ABSOLVIDO na esfera criminal por NEGATIVA DE AUTORIA ou INE-
XISTÊNCIA DE FATO a demissão gerada pelo PAD será automaticamente anulada, obrigando a
reintegração do servidor. Caso seja absolvido por FALTA DE PROVAS, não existirá a reintegração.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição cri-
minal que negue a existência do fato ou sua autoria.

2.6 - APROVEITAMENTO

É o retorno do servidor posto em disponibilidade, que é uma forma de inatividade gerada


quando um cargo é extinto ou sua continuidade é declarada desnecessária. Importante salientar
que o servidor posto em disponibilidade não perceberá remuneração integral, e sim proporcional
ao tempo de serviço.
2.7 - RECONDUÇÃO
Forma de provimento que recai sobre o servidor estável. Por conta de uma situação o ser-
vidor é retirado de sua atual situação com a Administração Pública. Quando estável em outro cargo
anterior, este será reconduzido ao cargo antigo. Caso não possua cargo estável anterior, ocorrerá a
exoneração.

32
32
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Pode ocorrer em duas situações: inabilitação em estágio probatório ou por conta do retor-
no do reintegrado.

3 – FORMAS DE VACÂNCIA DE CARGO PÚBLICO

Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:


I – exoneração;
II – demissão;
III – promoção;
VI – readaptação;
VII – aposentadoria;
VIII – posse em outro cargo inacumulável;

Art. 37 XVI CF - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando


houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)

IX – falecimento.

4 – FORMAS DE DESLOCAMENTO

São formas de movimentação de servidor que não geram nem provimento nem vacância de
cargo público.

4.1 – REMOÇÃO

Art. 36. Lei 8.112 Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mes-
mo quadro, com ou sem mudança de sede.

Remoção pode ocorrer, como estabelecido na lei:

 De Ofício: O servidor é removido por ordem da Administração. Servidor removido receberá


ajuda de custo, que poderá atingir até 3 vezes a remuneração normal. Além disso, o servi-
dor terá no mínimo 10 e no máximo 30 dias para entrar em serviço na nova sede.
 A Pedido: Ocorre no interesse da administração, para acompanhar cônjuge ou companhei-
ro, saúde do servidor – cônjuge – companheiro ou dependente que viva as suas expensas e
no caso de concurso de remoção.

4.2 - REDISTRIBUIÇÃO

Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbi-
to do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia aprecia-
ção do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
I - interesse da administração;

33
33
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

II - equivalência de vencimentos;
III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades;
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional;
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do órgão ou enti-
dade.

4.3 – SUBSTITUIÇÃO

Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo
de Natureza Especial terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, pre-
viamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade.
§ 1.º O substituto assumirá automática e cumulativamente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o
exercício do cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, im-
pedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá
optar pela remuneração de um deles durante o respectivo período.
§ 2.º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo ou função de direção ou chefia ou
de cargo de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular,
superiores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva substituição, que
excederem o referido período.
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de unidades administrativas organiza-
das em nível de assessoria.

5 – SISTEMA REMUNERATÓRIO

5.1 – REMUNERAÇÃO (ART. 41 LEI 8.112/90)

É o somatório do vencimento básico com as vantagens percebidas pelo servidor quando em


cargo público. Vencimento é o valor básico percebido por servidor por conta do cargo público e
vantagem é o direito adicional percebido por um servidor por conta de sua situação específica.

5.2 – PROVENTO

Valor percebido por servidor que se encontra em INATIVIDADE.

5.3 – SUBSÍDIO

Parcela única percebida pelo servidor em conta de seu cargo. Pode ser percebido de forma
obrigatória (carreira pré-determinada na Constituição Federal) e facultativo (cargos instituídos em
carreira).

Art. 39 § 4º CF - O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os


Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em par-
cela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de repre-
sentação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no Art. 37, X e
XI.

34
34
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

5.4 – VANTAGENS

Valores percebidos pela PESSOA provida em cargo público. Podem ser:

Art. 49 Lei 8.112. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as seguintes vantagens:
I - indenizações;
II - gratificações;
III - adicionais.
§ 1º As indenizações não se incorporam ao vencimento ou provento para qualquer efeito.
§ 2º As gratificações e os adicionais incorporam-se ao vencimento ou provento, nos casos e condi-
ções indicados em lei.

Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem acumuladas, para efeito de conces-
são de quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico funda-
mento.

5.4.1 – INDENIZAÇÕES

Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:


I - ajuda de custo;
II - diárias;
III - transporte.
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)

Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no
interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter
permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge
ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede.

Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro
ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar
as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme
dispuser em regulamento.

Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que realizar despesas com a utilização
de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuições pró-
prias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.

Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas


pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa ho-
teleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor.

Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendidos os seguintes requisitos:


V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocupar cargo em comissão ou função de
confiança do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especi-
al, de Ministro de Estado ou equivalentes;

35
35
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

5.4.2 – GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS

Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei, serão deferidos aos servidores as
seguintes retribuições, gratificações e adicionais:
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento;
II - gratificação natalina;
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas;
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias;
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.

Gratificação Adicionais
Periculosidade, Insalubrida-
Função de Confiança de, Atividades Penosas
Natalina Adicional Noturno
Certificação por Encargos
de Cursos e Concursos Férias

6 – LICENÇAS

6.1 – TRATAMENTO DE SAÚDE EM PESSOA DA FAMÍLIA

 Prazo de 30 + 30 com remuneração, + 90 dias sem remuneração, totalizando 150 dias;


 Deve ser precedido de exame médico por junta.

6.2 – TRATAMENTO DA PRÓPRIA SAÚDE

 Prazo máximo de 24 meses;


 Após, ou o servidor será aposentado por invalidez ou readaptado;
 O período de 24 meses será remunerado e contará como tempo de serviço.

6.3 – POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CONJUGE OU COMPANHEIRO

 Sem remuneração;
 Não conta como efetivo exercício;
 Prazo indeterminado.

6.4 – PARA SERVIÇO MILITAR

 Conta como efetivo exercício;


 Prazo determinado;
 Quando desconvocado, 30 dias para retornar ao serviço.

6.5 – PARA CAPACITAÇÃO

 Servidor deve ser estável;


 Se dá a cada 5 anos de efetivo exercício;

36
36
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Até 3 meses de licença com remuneração;


 Não ocorre em estágio probatório;
 Inacumulável.

IPC!!! Não confundir licença para capacitação com


afastamento para participação em curso de formação.

6.6 – TRATAMENTO DE ASSUNTOS PARTICULARES

 Até 3 anos, prorrogável por igual período;


 Critério de discricionariedade;
 Não conta como efetivo exercício;
 Não pode estar em estágio probatório.

6.7 – POR ACIDENTE EM SERVIÇO

 Licença remunerada;
 Conta como efetivo exercício.

6.8 – PATERNIDADE, GESTANTE E ADOTANTE

 Gestante – 120 dias;


 Paternidade – 5 dias para registrar;
 Adotante – Maior de 1 ano (30 dias), Menor de 1 ano (90 dias);
 Natimorto: 30 dias após o parto, deve ocorrer inspeção médica;
 Aborto espontâneo: 30 dias de repouso remunerado

7 – CONCESSÕES

 1 dia doação de sangue;


 2 dias para alistamento ou recadastramento eleitoral;
 8 dias para casamento;
 8 dias para caso luto.

8 – RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR

O servidor público sempre terá sua responsabilidade analisada de forma SUBJETIVA, de-
terminando dolo ou culpa de seus atos. Assim, o servidor em atuação poderá responder não so-
mente na esfera administrativa mas, de acordo com os resultados de seu ato, responderá também
nas esferas cível e criminal.
Art. 37 § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

37
37
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Lei 8.112/90
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas
atribuições.

Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.

Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor,


nessa qualidade.

Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo praticado


no desempenho do cargo ou função.

Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
entre si.

No caso de ato que cause prejuízo ao erário, o servidor terá um prazo de 30 dias para res-
sarcir os cofres públicos, podendo em negociação parcelar a devolução, com valor da parcela no
mínimo de 10% do valor da remuneração, do provento ou da pensão do servidor. No caso de rece-
bimento de pagamento indevido, paga-se em uma única parcela. Se o servidor estiver em débito no
momento da demissão, terá um prazo de 60 dias para pagar a dívida. Caso não pague, entrará na
dívida ativa.

8.1 – DEVERES E PROIBIÇÕES DO SERVIDOR

Art. 116. São deveres do servidor:


I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
II - ser leal às instituições a que servir;
III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
V - atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de
interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade
superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade
competente para apuração;
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e
apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao represen-
tando ampla defesa.

38
38
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Art. 117. Ao servidor é proibido:


I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da re-
partição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atri-
buição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou
a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
parente até o segundo grau civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da
função pública;
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personifica-
da, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar
de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou com-
panheiro;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atri-
buições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
com o horário de trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:


I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo;
III - inassiduidade habitual;
IV - improbidade administrativa;
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de
outrem;
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
XI - corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

39
39
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

9 – PENALIDADES

Art. 127. São penalidades disciplinares:


I - advertência;

Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição constante do
art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamenta-
ção ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave.

II - suspensão;

Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência
e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demis-
são, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recu-
sar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando os
efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser conver-
tida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração,
ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o
decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não hou-
ver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos.

III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;

Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na
atividade, falta punível com a demissão.

V - destituição de cargo em comissão;


VI - destituição de função comissionada.

Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será
aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos
IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo
de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou
destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.

9.1 – PRESCRIÇÃO DAS PENALIDADES

Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:


I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou
disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.

40
40
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido.


§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
também como crime.
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição,
até a decisão final proferida por autoridade competente.
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a
interrupção.

9.2 – COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES

Penalidade Competente
Presidente da República
Presidente das Casas Legislativas
Presidente dos Tribunais Federais
Demissão Procurador Geral da República
Suspensão mais de 30 dias Autoridades inferiores das acima
Chefe da repartição e outras, na forma do regulamento ou
Suspensão até 30 dias regimento
Chefe da repartição e outras, na forma do regulamento ou
regimento
Destituição de cargo Autoridade que realizou a nomeação

10 – PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Divide-se em:

 Sindicância: Aplica-se em situações de advertência ou suspensão de até 30 dias. Prazo: 30 +


30. Pode resultar arquivamento, indicação de aplicação da pena e instauração do PAD.
 Processo Administrativo Disciplinar: Aplica-se em situações de suspensão por mais de 30
dias ou demissão. Prazo: 60 + 60.
 Processo Sumário: Casos de demissão por abandono de cargo, inassiduidade habitual e
acumulação ilegal. Prazo: 30 + 15.

10.1 – FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR


 Instauração: Estabelecimento do processo.
 Inquérito: Instrução, Defesa e Relatório.
 Julgamento: Decisão Final.

LICITAÇÃO
A partir deste capítulo trataremos da Lei 8.666/93, que trata sobre o processo de licitação
estabelecido como obrigatório nas contratações administrativas pela Constituição Federal.

41
41
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Art. 37 XXI CF - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alie-
nações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condi-
ções a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas
as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

1 – CONCEITO

Licitação é um procedimento administrativo obrigatório para Entidades Governamentais


nas ações de compras, alienações, vendas, locações, obras, serviços. Quando falamos em Entidades
Governamentais, devemos lembrar de todos os entes que façam parte da Administração Pública
Direta e Indireta. Mas a lei estabelece exceções. Vamos ao casos:
 Por decisão do STF, a Petrobras (Sociedade de Economia Mista) não precisará licitar, ape-
nas passar por um processo licitatório simplificado.
 Arts. 17, I e II, (Licitação Dispensada), 24 (Licitação Dispensável) e 25 (Inexigibilidade de
Licitação) da Lei 8.666. Estudaremos a seguir.

A maior intenção da licitação sempre será identificar o fornecedor mais saudável econômi-
ca e tecnicamente, determinando assim a proposta mais VANTAJOSA dentre as apresentadas.
Licitar significa seguir uma sequência lógica de procedimentos. Primeiro deve-se estabele-
cer o objeto a ser contratado. Depois, deve-se estimar o valor da obra, serviço ou do bem a ser
licitado mediante pesquisa de mercado. Ainda, deve-se verificar se há previsão de recursos orça-
mentários para pagamento da despesa e se esta se encontrará em conformidade com a Lei de Res-
ponsabilidade Fiscal. Assim, fica simples estabelecer qual a modalidade de licitação a ser utilizada,
sabendo que o pregão sempre será observado com prioridade especial quando o objeto tratar de
bens ou serviços comuns estabelecidos no Decreto 3.555/02.

2 – PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA LICITAÇÃO

 Legalidade: Vincula as regras pontuadas na lei de licitação. Em grande parte, o Administra-


dor ficará amarrado ao Poder Vinculado de atuação. Somente nos casos de dispensa identi-
ficaremos o Poder Discricionário.
 Impessoalidade: O Administração Público deve se utilizar dos critérios objetivos. Deve-se
basear nas regras gerais.
 Moralidade: O Administrador deverá agir por princípios éticos e morais em sua atuação.
 Igualdade: No caso de empate, o Administrador se utilizará desse princípio para determinar
o vencedor.

Conforme previsão do art. 3º § 2º da lei, o desempate se dará observando:


1. Produtos produzidos no País;
2. Produzidos ou Prestados por Empresas Brasileiras;
3. Produzidos ou Prestados por Empresas que invistam em pesquisas e no desenvolvimento
tecnológico do País.
4. Produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos
prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que
atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.

 Publicidade: Os interessados devem ter acesso e controle sobre o processo licitatório.

42
42
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Art. 3º § 3º - A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu pro-
cedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

Prazo do Modalidade
Edital
 Concurso
 Concorrência, no caso de regime de empreitada integral ou licitação do
45 dias tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”.
30 dias  Concorrência, nos casos não especificados acima
 Tomada de Preços, quando a licitação for do tipo “melhor técnica” ou
“técnica e preço”.
15 dias  Tomada de Preços, nos casos não especificados acima.

5 dias úteis  Convite.

8 dias úteis  Pregão.


(no mínimo)

 Probidade Administrativa: Agindo fora da moralidade, o Administrador estará sendo im-


probo, caindo nas definições da Lei 8.429 (Improbidade Administrativa).
 Vinculação ao Instrumento Convocatório: O procedimento estará vinculado ao conteúdo
do Edital ou da Carta Convite, não podendo ser criado nenhum requisito novo não existen-
te na abertura do processo.
 Julgamento Objetivo: Afasta a subjetividade do julgamento.
 Competitividade: A licitação deve criar uma competição lógica entre os interessados.
 Sigilo das Propostas: Sigilo apenas no conteúdo das proposta, até a sua abertura.
 Adjudicação Compulsória ao Vencedor: É o último ato da licitação, antes do contrato ser
assinado. Até esse momento, a licitação poderá ser revogada. Estabelece que a partir do
momento da determinação do vencedor, o objeto da licitação só poderá ser dado a este.

3 – MODALIDADES DE LICITAÇÃO

 Concorrência: É a modalidade mais complexa de licitação. Possui uma fase preliminar, é a


mais competitiva entre os licitantes, trabalho com os valores mais altos. Será obrigatória,
independente de valor, nos casos de: IMÓVEIS, DIREITO REAL DE USO, LICITAÇÕES INTER-
NACIONAIS, CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO E PARCERIAS PÚBLICO PRIVADAS.

Art. 22 § 1º - Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase


inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos
no edital para execução de seu objeto.
 Tomada de Preço: Modalidade em que os interessados devem estar devidamente cadas-
trados para participarem até o 3º dia anterior do recebimento da proposta. Valores sem-
pre intermediários.

Art. 22 § 2º - Tomada de preço é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadas-


trados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia ante-
rior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

43
43
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

 Convite: Sempre trabalha com interessados do ramo pertinente ao objeto, cadastrados ou


não. Possui uma quantidade mínima de três licitantes, atuando nas contratações de menor
valor.

Art. 22 § 3º - Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu ob-
jeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade ad-
ministrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá
aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com an-
tecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

 Concurso: Trabalho técnico, científico, artístico. Edital mínimo de 45 dias. Interessa deter-
minar a natureza do objeto, mas não o valor do contrato. Forma-se uma comissão especial
(servidores ou não) para determinar o vencedor.

 Leilão: Quaisquer interessados, venda para maior lance, no caso de bens móveis inservíveis,
produtos apreendidos legalmente ou penhorados ou bem imóveis da Administração Públi-
ca (art. 19, III). O leilão só poderá ser utilizado até o limite do valor de R$650.000,00. Acima
desse valor, se torna obrigatório utilizar a modalidade concorrência.

Art. 22 § 5º - Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens
móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou
para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou supe-
rior ao valor da avaliação.

 Pregão (Lei 10.520/02): Funciona para qualquer valor, pouco complexa, aceita lances ver-
bais, não conta o vulto do contrato. Os bens devem ser comuns, simples ou rotineiros.
Sempre busca o menor preço.

 Consulta (Agências Reguladoras): Modalidade raramente cobrada. Específica para as agên-


cias reguladoras. Única modalidade possível para uso dessas.

Modalidade Obras e Serviços Compras e


de Engenharia Outros
Serviços
Concorrência Acima de Acima de
1.500.000 650.000
Tomada de Até 1.500.000 Até 650.000
Preço
Convite Até 150.000 Até 80.000

4 – DISPENSA E INEXIGIBILIDADE

A própria Lei 8.666 estabelece momentos de exceção, em que a licitação deixará de ser
obrigada. A licitação será dispensada quando a própria lei determina não ser necessário fazer. Lici-
tação dispensável é caso de discricionariedade do Estado. Pode ser DESERTA (não aparecem inte-
ressados) ou FRACASSADA (aparecem interessados, mas todos são inabilitados ou desclassificados).
Veremos melhor mais adiante.
Inexigibilidade ocorrerá sempre que a licitação tornar a competição inviável. Vamos ver
melhor os dois casos.

44
44
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

4.1 – LICITAÇÃO DISPENSÁVEL (ART. 24)

Art. 24. É dispensável a licitação:


I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do
inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para
obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitante-
mente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II
do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um
mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamen-
tos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo
de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calami-
dade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida
sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abasteci-
mento;
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no
mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que,
observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta
dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados
por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico
em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mer-
cado;
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em
decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administra-
ção, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compa-
tível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão contra-
tual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições ofere-
cidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realiza-
ção dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia;
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensi-
no ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a
contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Con-
gresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público;
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde
que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições
técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público
interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manuten-
ção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamen-
tos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;

45
45
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aé-
reas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aero-
portos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramen-
to, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e
desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 desta Lei:
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e
administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio
logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto;
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada
idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento
de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras
e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art.
23;
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário,
permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e
controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no
âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a
transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida.
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração
indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de
consórcio público ou em convênio de cooperação
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas for-
madas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de
materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde
pública.
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativa-
mente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente desig-
nada pela autoridade máxima do órgão.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças
Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao
preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força.
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência
Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal.
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de
dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes.
XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da
direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção
tecnológica.
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou ou-
tras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, para beneficiar as
famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno de insumos estratégicos para a saúde
produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar
órgão da administração pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrati-
va e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecno-

46
46
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

logia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e
que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço con-
tratado seja compatível com o praticado no mercado.

4.2 – INEXIGIBILIDADE (ART. 25)

A inexigibilidade prevista na Lei direciona-se a bens de natureza singular, e é um rol exem-


plificativo, podendo a Administração estabelecer outras situações através de lei.

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:


I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por pro-
dutor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a
comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federa-
ção ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular,
com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços
de publicidade e divulgação;
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de em-
presário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

4.3 – LICITAÇÃO DISPENSADA (ART. 17)

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devida-
mente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades
autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia
e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer
esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo;
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso
de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas
habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
administração pública;
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976,
mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se
tal atribuição;
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso
de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros qua-
drados) e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por
órgãos ou entidades da administração pública;
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União na
Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e qui-
nhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais;
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública;

47
47
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtu-
de de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utiliza-
ção previsível por quem deles dispõe.

PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL


(LEI 9.784/99)
1 – ABRANGÊNCIA DA LEI

Por ser uma lei de caráter FEDERAL, apenas vincula a União aos seus dispositivos. Grande
parte dessa lei tratará diretamente das situações referentes ao ATO ADMINISTRATIVO, que estu-
damos anteriormente.
Essa lei atuará com a Administração Direta (União) e com a Administração Indireta (Autar-
quias Federais, Fundações Públicas Federais, Sociedades de Economia Mista Federal e Empresas
Públicas Federais), além dos Poderes Legislativo e Judiciário quando atuando com função atípica de
administração.

Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da
Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
§ 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciá-
rio da União, quando no desempenho de função administrativa.

1.1 – CONCEITOS LEGAIS

§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:


I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da
Administração indireta;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.

2 – PRINCÍPIOS

A lei 9.784 conterá muitos princípios já vistos. Só precisaremos estabelecer uma pequena
distinção para qualquer prova: quais são explicitados pela lei e quais estão implícitos nas tratativas
da lei. Vejamos:

 Princípios Explícitos: Legalidade, Finalidade, Moralidade e Eficiência.


 Princípios Implícitos: Razoabilidade, Proporcionalidade, Ampla Defesa, Contraditório, Se-
gurança Jurídica e Interesse Público.
 Princípios Próprios da Lei: Informalismo, Oficialidade, Verdade Material e Motivação.

48
48
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Vamos comentar apenas os que ainda não vimos:


 Motivação: Os atos devem ser sempre motivados, fundamentados.

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamen-
tos jurídicos, quando:
 Informalismo: Não se segue uma forma específica, apenas nos casos previstos em lei.

Art. 2º
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;

 Oficialidade: Impulso Oficial. Dado início ao Processo, ele deverá ir até o final.

Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado


Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à to-
mada de decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo,
sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias.
Art. 51. § 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o prosse-
guimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público assim o exige.
.
 Verdade Material: Provas poderão ser apresentadas mesmo depois dos prazos.
 Gratuidade: A regra é que o Processo Administrativo não tenha ônus.

Art. 2ºA Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse pú-
blico e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito; (LEGALIDADE)
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competên-
cias, salvo autorização em lei; (IMPESSOALIDADE E INTERESSE PÚBLICO)
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
(IMPESSOALIDADE)
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; (MORALIDADE)
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constitui-
ção; (PUBLICIDADE)
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; (RAZOABILIDADE E PRO-
PORCIONALIDADE)
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; (MOTIVAÇÃO)
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; (SEGURANÇA
JURÍDICA)
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos
direitos dos administrados; (SEGURANÇA JURÍDICA)
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e
à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;
(CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA)
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei; (GRATUIDADE)
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; (OFICIA-
LIDADE)
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim pú-
blico a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. (SEGURANÇA JURÍDICA)

49
49
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

3 – DIREITOS E DEVERES

É um rol exemplificativo, apenas. Outras leis podem ditar mais regras.

Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que
lhe sejam assegurados:
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus
direitos e o cumprimento de suas obrigações;
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter
vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de considera-
ção pelo órgão competente;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por
força de lei.
Súmula Vinculante 5. A falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não ofende
a Constituição.

Art. 4º São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato nor-
mativo:
I - expor os fatos conforme a verdade;
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
III - não agir de modo temerário;
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou instância, os procedimentos administrativos
em que figure como parte ou interessado
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irre-
versível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por
radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medici-
na especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo.

4 – VEDAÇÃO DE DELEGAÇÃO

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

5 – FORMA, TEMPO E LUGAR DOS PROCESSOS

Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei ex-
pressamente a exigir.
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realiza-
ção e a assinatura da autoridade responsável.
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de auten-
ticidade.
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo.
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas.

50
50
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

6 – INÍCIO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado

7 – PROIBIÇÃO DE RECUSA IMOTIVADA

Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve
ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos,
devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.

8 – INTIMAÇÃO

Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a inti-
mação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de compare-
cimento.
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimen-
to, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intima-
ção deve ser efetuada por meio de publicação oficial.
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o com-
parecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade.

9 – SUSPEIÇÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:


I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; II - tenha participado ou venha a participar como
perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro
ou parente e afins até o terceiro grau; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o
interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autori-
dade competente, abstendo-se de atuar.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para
efeitos disciplinares.

Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimi-
zade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes
e afins até o terceiro grau.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito sus-
pensivo.

51
51
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

10 – DECISÃO PROCESSUAL

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrati-
vos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até
trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.

11 – RECURSO ADMINISTRATIVO E REVISÃO DO PROCESSO

Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso ad-
ministrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo
máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente.
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual período, ante justi-
ficativa explícita.

Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no
prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução.
Súmula Vinculante 21. É inconstitucional a exigência de
§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
administrativa contraria enunciado da sú- admissibilidade
mula vinculante, caberá à autoridade pro- de recurso administrativo.
latora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à
autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.

Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo
disposição legal diversa.

Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:


I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida;
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.

Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:


I - fora do prazo;
II - perante órgão incompetente;
III - por quem não seja legitimado;
IV - após exaurida a esfera administrativa.

Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer
tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis
de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.

52
52
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
(LEI 8.429/92)
Atendendo ao estabelecido no §4º do Art. 37 de nossa Constituição Federal, que reza “Os
atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da fun-
ção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”, a Lei 8.429/92 foi criada de forma a regulamentar a
norma constitucional. Portanto, essa Lei tratará diretamente da questão IMPROBIDADE ADMINIS-
TRATIVA daí o motivo de sua total relevância para provas de Concursos Públicos.

1 – CONCEITOS

1.1 – SUJEIÇÃO ATIVA E PASSIVA

A Lei 8.429/92 determina, em seus primeiros parágrafos, quais agentes podem cometer
crime de Improbidade Administrativa. Conforme ensinamento do Prof. Hely Lopes Meirelles, agen-
tes públicos podem se classificar em:

 Agentes Administrativos: Todas as pessoas físicas que exercem função pública a título de
profissão, de forma remunerada e sujeitos à hierarquia funcional do órgão ou entidade em
que estão lotados. Ex: Servidores Públicos, Empregados Públicos e Contratados Temporá-
rios.
 Agentes Políticos: Todas as pessoas físicas cujas competências são definidas na própria
Constituição Federal e que gozam de independência funcional em seu exercício. Ex: Chefes
do Poder Executivo e seus auxiliares, Membros do Poder Legislativo, Magistrados, Mem-
bros do MP, Membros dos Tribunais de Contas.
 Agentes Delegados: Pessoas físicas que exercem função pública por sua conta e risco em
nome próprio. Em regra, mediante delegação de poderes feita pelo Poder Público. Ex: Titu-
lar de Registro de Tabelionato, Leiloeiros, Concessionários e Permissionários.
 Agentes Honoríficos: São aqueles que exercem função pública a título de “múnus público”,
em regra de forma voluntária sem vínculo com a Administração. Ex: Jurados, Mesários,
Conscritos.
 Agentes Credenciados: Pessoas físicas investidas em certas funções públicas para desem-
penhar uma tarefa determinada ou para representar o Poder Público em evento ou soleni-
dade. Ex: Jurista que defende a Administração, Professor de Direito Internacional investido
na função de representar o Brasil em evento na ONU.

Lei 8.429/92
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta
por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados
contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício,

53
53
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se,
nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qual-
quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
mencionadas no artigo anterior.

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qual-
quer forma direta ou indireta.

1.2 – DISPOSIÇÕES GERAIS


Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita obser-
vância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos
que lhe são afetos.
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente
ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens
ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriqueci-
mento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Mi-
nistério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que
assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.

Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está
sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

CF/88
Art. 7º XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

2 – DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


Neste capítulo, a Lei 8.429/92 apresenta um rol de condutas tipificadas como ato de im-
probidade administrativa. Devemos entender que esse rol é considerado meramente EXPLICATIVO.
2.1 – ATOS QUE IMPORTEM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
Lei 8.429/92
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo
de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade
nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

54
54
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômi-
ca, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse,
direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor
de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natu-
reza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a
prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra ativi-
dade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa so-
bre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida,
qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art.
1º desta lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física
ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das
atribuições do agente público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer
natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício,
providência ou declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acer-
vo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entida-
des mencionadas no art. 1° desta lei.

2.2 – ATOS QUE IMPORTEM DANO AO ERÁRIO

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
art. 1º desta lei;

55
55
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou
assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º
desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das
entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao
de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia
insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do
patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a
sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta
lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio
da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem
observar as formalidades previstas na lei.
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa
física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a
entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de parcerias
firmadas pela administração pública com entidades privadas;
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular

56
56
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular.

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou
manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.

2.3 – ATOS QUE VIOLEM PRINCÍPIOS

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de compe-
tência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em
segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial,
teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas
pela administração pública com entidades privadas.

IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.

3 – DAS PENAS

Neste capítulo da Lei, observamos a forma de penalização daqueles que incorrem em atos tipificados
com ilícitos na atividade administrativa. Vale ressaltar a grande mudança ocorrida com o advento da Lei
12.120/09, que tornou as sanções dessa lei independentes, não sendo mais necessário observamos penaliza-
ção penal, civil ou administrativa para utilizarmos os “mandos” do artigo 12. Agora, as penalidades são im-
postas de forma ISOLADA ou ACUMULADA.

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica,
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isola-
da ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento
integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos,
pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;

57
57
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente
ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de
cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração
percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majori-
tário, pelo prazo de três anos.

IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8
(oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.

Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do
dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

IPC!!! Existe uma grande discussão sobre a


aplicabilidade da Lei de Improbidade
Administrativa aos agentes políticos. Observe:
STJ STF
Aplica-se a todos os Não, pois os agentes
agentes políticos, com políticos em geral
exceção do Presidente sujeitam-se apenas aos
da República, que se crimes de
sujeita apenas à Lei responsabilidade
1.079/50. previstos na Lei
1.079/50

4 – DA DECLARAÇÃO DE BENS

Serão estabelecidas as regras referentes ao sistema de Declaração de Bens por parte da-
quele que assume a figuração de agente público.

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens
e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.

§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra
espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá
os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a
dependência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.

§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público deixar o exercício
do mandato, cargo, emprego ou função.

§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabí-
veis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a
prestar falsa.

58
58
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia
da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer nature-
za, com as necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo .

5 – PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E PROCESSO JUDICIAL

Lei 4.717/65
Art. 6º § 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto
de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor,
desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal
ou dirigente.
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja ins-
taurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.

§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do representan-
te, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.

§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não con-


tiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Minis-
tério Público, nos termos do art. 22 desta lei.

§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que,
em se tratando de servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112,
de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos
disciplinares.

Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas
da existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
representante para acompanhar o procedimento administrativo.

Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à
procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do seqüestro dos bens do agen-
te ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.

§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Pro-
cesso Civil.

§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e
aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.

Vale salientar aqui que, por conta da Lei 7.347/85, a AÇÃO DE IMPROBIDADE terá por natu-
reza ser uma AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídi-
ca interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.

§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.

§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à complementação do ressarci-
mento do patrimônio público.

59
59
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o dispos-
to no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.

§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da
lei, sob pena de nulidade.

§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que
possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

§ 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da existência
do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas
provas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Pro-
cesso Civil.

§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo
de quinze dias.

§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se
convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via elei-
ta.

§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.

Recepção Citação
Petição Notificação (Contestação)
Inicial (Manifestação)
Não-Recepção Arquivamento

§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.

§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o
processo sem julgamento do mérito.

§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto no art.
221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.

§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera pessoa jurídica interessada o ente tributante que
figurar no polo ativo da obrigação tributária de que tratam o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar
nº 116, de 31 de julho de 2003.

Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos bens havi-
dos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa
jurídica prejudicada pelo ilícito.

6 – DAS DISPOSIÇÕES PENAIS

Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiá-
rio, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos
materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

60
60
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julga-
do da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do
agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se
fizer necessária à instrução processual.

Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:

I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento;

II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Con-
tas.

Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de
autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art. 14, po-
derá requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo.

7 – DA PRESCRIÇÃO

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:

I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confian-
ça;

II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a
bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.

III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas
entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei.

Lei 8.112/90
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:

I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili-
dade e destituição de cargo em comissão;

61
61
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. DALMO AZEVEDO

Você também pode gostar