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Disciplina: Direito Administrativo

Professor: Roberto Baldacci


Aulas: 03 e 04 | Data: 01/02/2018

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

FUNÇÃO ADMINISTRATIVA

2. ELEMENTOS
2.1. Elemento Subjetivo
2.2. Elemento Objetivo
2.3. Elemento Formal

3. REGIME JURÍDICO
3.1. Conceito
A. Regime Privado
B. Regime Público
3.2. Formas
A. Regime Jurídico da Administração
B. Regime Jurídico Administrativo

4. PODERES PROPRIAMENTE ADMINISTRATIVOS


4.1. Poder Hierárquico

FUNÇÃO ADMINISTRATIVA

Introdução:
 No critério funcional, o conceito de Estado decorre da conjugação de um povo delimitado em seu território
e gozando de soberania, ou seja, com capacidade de se autodeterminar.

 Esse Estado é composto, em sua estrutura, por duas naturezas de entidades:

- Órgãos despersonificados e sujeitos a uma Administração Direta;


São conjuntos ou unidades de competência definidos por lei e sem personalidade jurídica própria.

- Pessoas jurídicas estatais com personalidade própria e autonomia, sujeitas a uma Administração
Finalística ou Indireta;
São as autarquias, fundações, empresas, sociedades.

 Todos que integram o Estado estarão afetos a funções estatais.

 Algumas dessas funções são típicas de soberania, constituindo os Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, bem como parte dessas funções são independentes, constitucionais e necessárias para o
sistema de “freios e contrapesos”, realizadas pelo Ministério Público, Defensoria Pública e Tribunal de
Contas.

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Observações: a função administrativa é exercida de forma preponderante e típica por todos aqueles que
integram o Poder Executivo, pois todos exercem função administrativa para diretamente atenderem o
povo.

O Poder Judiciário, Legislativo e os órgãos independentes (Ministério Público, Defensoria Pública e Tribunal
de Contas) também exercem função administrativa, porém, para promoverem autoadministração, o que
lhes permite, de maneira finalista, atenderem as necessidades do povo.

Logo, todos que integram o Estado exercem função administrativa.

2. Elementos

Segundo a doutrinadora Maria Sylvia Zanella de Pietro, a função administrativa típica, ou propriamente dita,
divide-se em:

2.1. Elemento Subjetivo:

 Lembrete: “quem”.

 Elemento subjetivo típico da função administrativa.

 São órgãos da Administração Direta e pessoas jurídicas estatais da Administração Indireta.

2.2. Elemento Objetivo:

 Lembrete: “é o que faz”.

 Afetados diretamente para o atendimento direto dos interesses públicos e das necessidades coletivas.

2.3. Elemento Formal:

 Lembrete: “é como faz”.

 Atuam obrigatoriamente sob regime jurídico de direito público.

Exemplos:

- Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:


O que é: órgão da Administração Direta estadual;
O que faz: está afeto as funções típicas do Judiciário;
Observação: também tem a função atípica legislativa para elaborar a Lei Orgânica da Magistratura e função atípica
administrativa, como é o caso de alugar as instalações para os fóruns.

- Congresso Nacional
O que é: órgão da Administração Direta federal;
O que faz: está afeto as funções típicas do Legislativo;

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- Fundo de Previdência Suplementar dos Magistrados
O que é: uma fundação pública de direito privado da Administração Indireta estadual
O que faz: está afeto as funções atípicas do Judiciário.
Observação: em caso de dúvida, acrescentar a perguntar “de onde vem o dinheiro”.

3. Regime Jurídico

3.1. Conceito

 É um determinado conjunto de normas e princípios jurídicos que irão reger com exclusividade uma
determinada relação jurídica afastando a incidência de outras normas e princípios ainda que mais
vantajosas.

 Desta forma, o operador do direito não pode escolher a norma que quer aplicar, uma vez que estas estão
preordenadas às relações jurídicas em que sejam aplicáveis.

O ordenamento jurídico é dividido em dois grandes regimes:

A. Regime Privado

 É o conjunto de normas e princípios jurídicos comuns aplicados as relações jurídicas que envolvam
exclusivamente interesses privados.

 Os interesses privados disponíveis, portanto, admitem renúncia e transação, e a omissão, em regra, não é
relevante.

 Prevalecerá a autonomia da vontade independente da lei.

 A lei terá preceito, em regra, negativo ou proibitivo, pois o particular pode tudo exceto o que a lei proíba.

B. Regime Público

 É o conjunto de normas e princípios jurídicos constitucionalizados, expressos na Constituição Federal ou


decorrentes dela, que irão reger relações jurídicas que envolvam interesses públicos “primários”.

 Os interesses públicos primários são indisponíveis, não admitindo renúncia ou transação, e a omissão é,
em regra, relevante, responsabilizando o agente e o Estado.

 Prepondera a obrigatoriedade do cumprimento da lei, haja vista que sempre determinará cada ação ou
permissão para o Estado agir.

3.2. Formas

A. Regime Jurídico da Administração

 Qual regime jurídico o ente está sujeito?

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 Administração de Regime Público

- TODOS os órgãos da Administração Direta são sempre de regime público, ou seja, não existe órgão da
Administração Direta de regime privado ou de regime misto.

- TODAS as autarquias, de todos os tipos, ou seja, autarquias comuns (exemplo: INSS, INCRA), autarquias
constitucionais (exemplo: CADE) e autarquias especiais (exemplo: faculdades, universidades, conselhos
profissionais, agências reguladoras) são de regime público, ou seja, não existe autarquia de regime privado ou
de regime misto.

- EXCEPCIONALMENTE fundações públicas serão de regime público.

- Quando integrantes da Administração, as associações públicas serão de regime público.

 Administração de Regime Privado

- TODAS as empresas públicas e sociedades de economia mista são de regime privado, tanto exploradoras de
atividades econômicas quanto prestadoras de serviços públicos, porém sujeitas a certas obrigações públicas
como a obrigação de licitar, concursar agentes, prestar contas e etc.

- Em regra, fundações públicas serão de regime privado (exemplo: PROCON e Fundação Casa).

Atenção: a Lei nº 13.303/16 alterou algumas disposições a respeito das empresas públicas e sociedades de
economia mista:
Art. 3º, Lei n. 13.303/16 - “Empresa pública é a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por
lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça
em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do
Município, será admitida, no capital da empresa pública, a
participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno,
bem como de entidades da administração indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.”

Art. 4º, Lei n. 13.303/16 – “Sociedade de economia mista é a entidade


dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração
indireta.

§ 1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista


tem os deveres e as responsabilidades do acionista controlador,
estabelecidos na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e deverá
exercer o poder de controle no interesse da companhia, respeitado o
interesse público que justificou sua criação.

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§ 2º Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de economia
mista com registro na Comissão de Valores Mobiliários sujeita-se às
disposições da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976.”

B) Regime Jurídico Administrativo

 É o conjunto de normas e princípios especiais e privativos da Administração de direito público, competente


por lei para o atendimento ou proteção dos interesses públicos primários, constituindo um conjunto de
“Prerrogativas e Sujeições Públicas”.

 Prerrogativas Públicas: decorrem do princípio constitucional da supremacia do interesse público primário


sobre o interesse privado, conferindo maiores poderes e faculdades de agir (intervindo, apreendendo,
limitando, proibindo, etc., independente do Poder Judiciário).

 Sujeições Públicas: decorrem do princípio da indisponibilidade do interesse público primário que institui
um conjunto maior de deveres e obrigações, decorrentes da lei.

 Sendo assim, o regime jurídico administrativo é o regime de prerrogativas e sujeições decorrente da


supremacia e indisponibilidade do interesse público primário.

Observação: Celso Antônio Bandeira de Mello classifica o interesse público em dois níveis:

 Interesse público primário ou propriamente dito: é o interesse difuso transindividual da coletividade em


geral.
Regidos pelos princípios da supremacia do interesse público sobre o privado (decorrente de lei, tem o poder
de agir = poder público especial) e da indisponibilidade do interesse público (decorrente de lei tem maiores
observações e deveres = sujeições públicas especiais).

 Interesse público secundário ou derivado: são interesses materiais e instrumentais necessários para o
regular funcionamento da máquina pública (são interesses privados da Administração sem os quais não é
possível atender os interesses difusos da coletividade – são considerados públicos, porém secundários).

Corrente clássica brasileira: as prerrogativas e sujeições eram instrumentalizadas e materializadas nos princípios
administrativos.

Corrente moderna alemã: distingue a instrumentalização, decorrente da principiologia e seus axiomas, e a


materialização, decorrente dos poderes propriamente administrativos implementados na prática.

4. Poderes Propriamente Administrativos

4.1. Poder Hierárquico

 Pergunta: Há hierarquia no Poder Judiciário?

(Continuação na próxima aula)

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