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DIREITO ADMINISTRATIVO II

Organização Administrativa
Em seu aspecto material/funcional, no sentido objetivo, a Administração Pública está definida
como a atividade que o Estado desenvolve. É a própria atividade que o Estado desenvolve.
Em seu aspecto formal/orgânico, no sentido subjetivo, o foco é o conjunto de agentes, órgãos e
pessoas jurídicas que tenham a incumbência de executar as atividades administrativas.
Desta forma, no aspecto formal:
Estado do Rio de Janeiro (pessoa jurídica) => Órgão Público / Agente Público (desconcentração –
especialização interna);
**Administração Pública Direta Centralizada**
...
A Organização Administrativa é resultado de um conjunto de normas jurídicas que rege, a
competência, as relações hierárquicas, a situação jurídica, as formas de atuação dos órgãos e
pessoas, no exercício da função administrativa. Para o Estado atuar através de seus órgãos,
agentes e pessoas jurídicas, sua organização se funda em três itens:
a) Centralização – é a situação em que, na administração direta, o estado executa suas
tarefas diretamente, ou seja, por meio de seus órgãos e agentes administrativos que fazem
parte da sua estrutura funcional.
b) Descentralização – neste caso, o Estado executa suas atividades indiretamente,
delegando suas atividades a outras entidades (administração indireta – contrato
administrativo).
c) Desconcentração – é uma distribuição interna; desmembra órgãos para melhorar sua
organização estrutural.
Desta forma, conclui-se que a Administração Direta reflete a Administração Centralizada, assim
como a Administração Indireta reflete na Administração Descentralizada.
A Administração Direta é o conjunto de todos os órgãos dos Poderes Políticos que
integram as pessoas federativas, atribuídos de competência para exercer as atividades
administrativas, de forma centralizada.
Na esfera federal, A Administração Direta da União, no Poder Executivo, é formada por
Presidência da República e Ministérios; os poderes Legislativo e Judiciário tem sua estrutura
orgânica definida em seus atos de organização administrativa; na esfera estadual, a
Governadoria do Estado e secretarias estaduais com seus respectivos órgãos, o mesmo se passa
no legislativo e judiciário dos estados; na esfera municipal, a prefeitura com eventuais órgãos de
assessoria do prefeito e secretarias municipais com seus órgãos.
Administração Indireta é o conjunto de pessoas administrativas que, vinculadas a
respectiva Administração Direta, tem o objetivo de desempenhar as atividades administrativas de
forma descentralizada. Formada por:
a) Autarquias
b) Empresas Públicas
c) Sociedade de Economia Mista
d) Fundações Públicas
Art. 4º, incisos I e II, decreto 200/67.
Art. 4° A Administração Federal compreende:

I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da


Presidência da República e dos Ministérios.

II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de


personalidade jurídica própria:

Regras válidas para todos os entes da Administração Pública:

1ª. Tem Personalidade Jurídica Própria.


Ex.: União (pessoa jurídica) – INSS (autarquia federal c/ personalidade jurídica);
2ª. Para criação dos entes da Administração Indireta é preciso uma lei específica.
Art. 37, XIX, CF/88.
- Cria autarquias;
- Autoriza criação: Empresas Públicas, Sociedade de Economia Mista e Fundações Públicas;
3ª. A Lei que cria ou autoriza a criação de um ente da Administração Pública estabelece a sua
finalidade específica.
Possibilidade de controle da administração direta sobre a indireta.
4ª. Quando a lei define a finalidade, ela estabelece o controle que é exercido pela Administração
Direta. Este controle é chamado de Controle Finalístico.
Controle de legalidade.
Não há relação jurídica de subordinação hierárquica entre a Administração Indireta e Direta. O
que existe é uma relação de vínculo.

Entes da Administração Indireta


1. Autarquias (art. 5º, I, decreto lei nº 200/67; art. 41, VI, CC).

 Pessoa Jurídica de direito público.


 Criada por lei (art. 37, XIX, CF).
 Exercem atividade administrativa típica da Administração Direta.
 Regime de Fazenda Pública (privilégios e prerrogativas mesmos da Administração Direta;
ex.: prazos processuais); responsabilidade civil objetiva.
Obs.: Autarquia comum (indicação para presidente ligada ao ministério afim) ≠ autarquia
especial – agências reguladoras (indicação do presidente por eleição).
Exemplos de Autarquia:
- INSS (autarquia federal que trata de previdência – questão de seguridade);
- Guarda Municipal Rio de Janeiro (para exercer o poder de polícia e aplicar multa);
- Detran;
Obs.: Empresa privada que presta serviço público e é fiscalizada por poder público (agência
reguladoras).
- Banco Central;
- IRERJ;
- DETRO;
É pessoa jurídica de direito público, integrante da Administração Indireta, criada por lei para
desempenhar funções que, despidas de caráter econômico, sejam próprias e típicas do
Estado.
2. Fundações Públicas (art. 5º, IV, dec. Lei 200/67).
 Patrimônio ligado à um fim social (regras de direito civil):
- Pode ser particular (regras de direito civil);
- Público – objeto do direito administrativo;
Caracteriza-se pela circunstância de ser atribuída personalidade jurídica a um patrimônio
preordenado a certo fim social.

a) Pessoa Jurídica de Direito Privado (a lei autoriza a criação):


- Governamentais;
- Presta serviço público;
- Regime Jurídico híbrido;
b) Pessoa Jurídica de Direito Público
- Autárquicas ou autárquicas fundacionais;
- Criada por lei;
Art. 37, XIX, CRFB/1988:
 Lei cria:
- Autarquia;
- Fundações Pública Autárquica;
 Lei autoriza:
- F. P. G
- S. E. M
- E. P
FUNAI (fundação pública autárquica);
IBGE (fundação pública governamental);

3. Empresa Pública
 Art. 5º, II, CF.
 Presta serviço público;
 Explora atividade econômica;
 Regime jurídico híbrido (quando houver atividade econômica + regras de direito público);
 Capital 100% público;
 Qualquer forma societária;
 Empresa Pública Federal – competência da justiça Federal (art. 109, I, CF);
Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Pública
Indireta, criadas por autorização legal, sob qualquer forma jurídica adequada a sua natureza, para
que o Governo exerça atividades gerais de caráter econômico, ou, em certas situações, execute
prestação de serviços públicos.
Federais: Correios, FINEP, Casa da Moeda, BNDES, CEF.

4. Sociedade de Economia Mista


 Art. 5º, II, CF.
 Presta serviço público;
 Explora atividade econômica;
 Regime jurídico híbrido;
 Capital público + capital privado;
 Sociedade Anônima
 Competência da justiça estadual;
Sociedade de Economia Mista são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da
Administração Indireta, criadas por autorização legal, sob forma de sociedade anônima, cujo
controle acionário pertença ao Poder Público, tendo por objetivo, como regra, a exploração de
atividades gerais de caráter econômico, e, em alguns casos, a prestação de serviços públicos.
Banco do Brasil.
Ato Administrativo
Espécie de ato jurídico.
Conceito: manifestação ou declaração da Administração Pública, nesta qualidade, ou de
particulares, no exercício de prerrogativas públicas, que tenha por fim imediato a produção de
efeitos jurídicos determinados, em conformidade com o interesse público e sob regime
predominante de direito público. (Marcelo Alexandrino e Vicente de Paulo).
Ou seja...
- Administração Pública (típica): direta, indireta, função administrativa;
- Particulares: com prerrogativas públicas (serviço público);
- Fim: produção de efeitos jurídicos (extinção, modificação, declaração);
- Interesse Público;
- Direito Público;
O Ato vai ser praticado pela Administração (sem sentido público).

1. Elementos do Ato Administrativo


São pressupostos de validade do Ato Administrativo:
a) Competência:
Elemento vinculado (a lei estabelece);
É a delimitação legal da atribuição a órgãos e agentes públicos; delimitação dada por lei; se o ato
não for praticado por agente competente, não será válido;
É possível que haja deslocamento de competência.
Deslocamento de competência: (compatibilidade de funções)
 Delegação – para outro praticar; ex.: carta precatória.
O agente transfere a outro, normalmente de plano hierárquico inferior, funções que
originariamente lhe são atribuídas.
 Avocação – pegar para si; hierarquia/subordinação; o órgão precisa ser superior para
tomar o ato para si;
A autoridade hierarquicamente superior atrai para a sua esfera decisória a prática de ato da
competência natural de agente com menor hierarquia.
b) Finalidade:
É aquilo que se pretende com a prática do ato; é o elemento pelo qual todo ato administrativo
deve estar dirigido ao interesse público.
Elemento vinculado;
 Aspecto genérico – interesse público; não pode mudar;
 Aspecto específico – pode variar de acordo com o ato; ex.: desapropriação;

c) Forma:
Elemento vinculado;
É o meio de exteriorização do ato; como se apresenta;
Ex.: licença para dirigir – exteriorização através da CNH;
Em regra, escrito. Pode ser feito por sinais.
d) Motivo
Pode ser vinculado ou discricionário;
Situação de fato ou de direito que gera a vontade do agente quando pratica o ato administrativo.
São as circunstâncias, situações ou acontecimentos que levam a Administração a praticar o ato; a
motivação do agente para praticar o ato.
Motivo ≠ motivação.
Motivo (fato); motivação (justificativa – acontecimento);
Quando justifica, vincula.
**Teoria dos motivos determinantes; é possível anular o ato se a justificativa não for verdadeira;
e) Objeto
Pode ser vinculado ou discricionário;
É a efetiva transformação que o ato produz no mundo jurídico; é a alteração no mundo jurídico
que o ato administrativo se propõe a processar;
Ex.: o objeto de uma licença para construção tem por objeto permitir que o interessado possa
edificar de forma legítima; o objeto de uma multa é punir o transgressor de norma administrativa.

Ex.: multa de trânsito (sanção de polícia):


 Competência (agente competente);
 Finalidade (interesse público);
 Forma (escrita);
 Motivo (transgressão);
 Objeto (punir);

2. Atributos do Ato Administrativo:


São as prerrogativas do Ato Administrativo decorrentes do princípio da supremacia do interesse
público sobre o interesse privado.
a) Presunção de legitimidade e legalidade dos atos administrativos.
São presumidos verdadeiros e legais (relativo); admite prova em contrário do interessado;
b) Imperatividade.
Os atos administrativos são dotados de força coercitiva, ou seja, são de observação e
cumprimento obrigatórios.
Decorre do poder de império.
c) Autoexecutoriedade.
A Administração não precisa de autorização do Poder Judiciário para prática de seus atos
administrativos.
d) Tipicidade:
O Ato Administrativo deve corresponder a uma previsão legal.

Extinção do Ato Administrativo


Retirar o ato do mundo administrativo para que não produza mais os efeitos.
1. Extinção Natural:
Prazo ou Objeto;
Ex.: obter uma licença para construir uma casa, o ato será extinto quando a casa estiver pronta.
2. Extinção precoce:
a) Renúncia – o interessado no ato renuncia.

b) Desaparecimento da pessoa ou objetivo.

c) Retirada do ato:

ANULAÇÃO REVOGAÇÃO CASSAÇÃO CADUCIDADE DERRUBADA


Vício de origem; O Ato nasce Ocorre quando Não há vício de Um ato novo
ex.: ato legal; não há há uma origem. Decorre extingue os
praticado por vício de origem; ilegalidade de uma efeitos do ato
agente nova análise de superveniente ilegalidade anterior; não há
incompetente. mérito conforme decorrente do superveniente, vício de origem;
conveniência e descumprimento em virtude de não há
oportunidade. dos requisitos legislação ilegalidade
do ato pode posterior. superveniente;
parte do ex.: ato de
beneficiário. Ex.: nomeação x
CNH. exoneração.
Efeitos Efeitos não Efeitos não Efeitos não Efeitos Ex nunc
retroativos - “ex retrativos – “ex retroativos retroativos
tunc” nunc”
A Administração A Administração Administração Administração Administração
Pública pode pode revogar pode pode pode
anular seus seus atos
próprios atos
(autotutela)
Poder judiciário Pode Judiciário Poder Judiciário Poder Judiciário
pode anular não pode pode pode
adentrar no
mérito
administrativo,
sob pena de
ferir o princípio
da separação
dos poderes.

Responsabilidade Civil
É aquela que decorre da existência de um fato que atribui a determinado indivíduo o caráter de
imputabilidade dentro do direito privado; tem como pressuposto o dano;

1. Quanto à espécie:
 Contratual
 Extracontratual

2. Quanto à presença de culpa: (dolo/culpa)


 Subjetiva (regra)
 Objetiva

 Responsabilidade Civil
 Responsabilidade Penal
 Responsabilidade Administrativa
Responsabilidade Civil do Estado
Art. 37º, § 6º, CRFB.
Responsabilidade Objetiva – dispensa a verificação do fator culpa em relação ao fato danoso;
incide em decorrência de fatos lícitos ou ilícitos, bastando que o interessado comprove a relação
causal entre o fato e o dano (teoria do risco administrativo).
Responsabilidade Subjetiva – o elemento culpa precisa se fazer presente, sendo
indispensável para ensejar o dever do Estado de reparar o dano.
a) Condutas comissivas – responsabilidade objetiva.
Não há dolo ou culpa do agente estatal.

b) Condutas omissivas – responsabilidade subjetiva.


Precisa demonstrar; regra.

Elementos objetivos da Responsabilidade Objetiva:


a) Conduta estatal – conduta no exercício das funções;
b) Dano ao particular;
c) Nexo de Causalidade (demonstrar que a conduta causou o dano);
Obs.: Não há elementos subjetivos da responsabilidade objetiva.
Não importa se a conduta estatal foi lícita ou ilícita.

Teorias
Teoria do Risco Administrativo: (regra)
As atividades desenvolvidas pelo Estado são de risco, e se causar dano devem ser reparadas.
Esta teoria admite excludente de responsabilidade, nos seguintes casos (rompe o nexo de
causalidade):
i. Caso fortuito ou força maior.
ii. Culpa exclusiva da vítima.
iii. Ato praticado por terceiro.
Observações:
 Atos multitudinários – eventos provocados por multidão incidem sobre casos de omissão
específicos.
 Omissão específica – casos de falha no serviço.
 Culpa concorrente – se o dano não ocorrer somente por culpa do agente, mas também por
culpa da vítima, não exclui a responsabilidade do Estado; prejuízo dividido; não há
excludente.
(exceção):
Teoria do Risco Integral:
O particular não deve suportar o dano da coletividade, mas não se fala em excludente de
responsabilidade.
a) Risco Ambiental
b) Danos Nucleares
Divergência: Casos de custódia:
Ex.: Pessoas presas – o estado responderá dependendo do caso concreto.

Pessoa Jurídica
 De direito publico:
Entes federativos da Administração Indireta, autarquias, F. P. Autárquicas.
 De direito privado (prestadores de serviço público):
Administração indireta (fundações públicas governamentais);
Empresa Pública / Sociedade de Economia Mista (verificar se prestam serviço público); (exceto
quando exploram atividade econômica).
 Particulares:
Depende de contrato administrativo; ex.: empresa de ônibus.

Ação Regressiva
Estado em face do agente causador do dano; Deve-se demonstrar que houve conduta culposa ou
dolosa (responsabilidade civil subjetiva).

Ellen

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