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DIREITO CONSTITUCIONAL

REGIME JURÍDICO
ADMINISTRATIVO

Prof. Fernando Ramos


Aula - 03

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


INTRODUÇÃO

Organização administrativa é o capítulo do Direito Administrativo que estuda a


estrutura da Administração Pública, os órgãos, as pessoas jurídicas que a
compõem.

No âmbito federal, o tema é disciplinado pelo Decreto Lei 200/67, que dispõe
sobre a da Administração Pública Federal e estabelece diretrizes para a Reforma
Administrativa.

Para cumprir suas competências constitucionais, a Administração dispões de duas


técnicas diferentes: a desconcentração e a descentralização.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

O Decreto Lei 200/67 é o ordenamento jurídico que define a organização


administrativa da União. Em seu art. 4º estabelece que:

A Administração Federal compreende:

I- A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura


administrativa da Presidência da República e dos seus Ministérios.
II- A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades,
dotadas de personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista;
d) Fundações Públicas.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

Para compreendermos a estrutura da Administração Pública, precisamos conhecer e


saber diferenciar as entidades políticas das entidades administrativas.

ENTIDADE POLÍTICA: Nada mais são que, os entes federativos previstos na


Constituição Federal, são eles: União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

ENTIDADE ADMINISTRATIVA: são a própria Administração Indireta, composta


(taxativamente) pelas Autarquias, Empresas Públicas, Sociedade de Economia Mista e
Fundações Públicas.
Aula - 03

A D M I N I S T R A Ç Ã O P Ú B L I C A D I R E TA

A D M I N I S T R A Ç Ã O P Ú B L I C A I N D I R E TA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA

O conjunto formado pela somatória de todos os órgãos públicos integrantes da


estrutura de cada entidade federativa recebe o nome de Administração Pública
Direta, ou centralizada.

Assim, pertencem à Administração Pública Direta, além das próprias entidade


federativas, ou seja, União, Estados, Distrito Federal, territórios e Municípios, também
os Ministérios, Secretarias, Delegacias, Tribunais, Casas Legislativas, Ministério Público,
Defensorias, Tribunais de Contas etc.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA

Entes Federados: Pessoa Jurídica de Direito Público

Órgão Público sem personalidade jurídica


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Não se pode confundir Entidades Federativas com Entidades Administrativas
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA

Pessoas Jurídicas de Pessoas Jurídicas Estatais de


Direito Público Direito Privado

 Empresas Públicas
 Autarquias
 Sociedades de Economia Mista,
 Agências
 Subsidiárias
 Fundações Públicas
 Consórcios Públicos de Direito
 Associações Públicas
Privado.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA

Para a criação de um ente administrativo da Administração Pública Indireta devem ser


observados alguns regramentos.

Pessoa Jurídica de Direito Público: é necessário lei para ser criada, e


desde logo tem personalidade jurídica.

Pessoa Jurídica Estatal de Direito Privado: é necessário lei


autorizativa, Decreto Regulamentar e registro em Cartório para fins
de personalidade jurídica.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA

Quanto ao poder hierárquico, podemos conceituar como Poder de estruturação


interna da atividade pública (atribuição para organizar, distribuir, e escalonar as
funções dos órgãos. Não existe manifestação hierárquica externa (entre pessoas
jurídicas distintas).

Atenção! A hierarquia é o controle interno entre órgãos e agentes de uma mesma


pessoa jurídica.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA

É importante saber que, a Administração Pública Indireta não está subordinada


hierarquicamente à Administração Pública Direta, todavia, sofre controle
finalístico, chamado de supervisão ou tutela ministerial.

Esse grau de liberdade no entanto, não se caracteriza como independência em


razão dessa ligação com a administração central.
CONTROLE ADMINISTRATIVO

O controle administrativo é fundamentado no poder de autotulela que a


administração exerce sobre seus próprios atos. Tem como objetivos a confirmação,
correção ou alteração de comportamentos administrativos.

Os meios de controle administrativo são a supervisão ministerial sobre as


entidades descentralizadas e o controle hierárquico típico de órgãos da
administração direta.
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ÓRGÃOS PÚBLICOS
ÓRGÃOS PÚBLICOS

Órgão público é um núcleo de competência estatal sem personalidade jurídica


própria. O art. 1º, § 2º, I da Lei n. 9.784/99 conceitua órgão como a unidade de
atuação integrante da estrutura da Administração Direta e da estrutura da
Administração Indireta.

Atenção! O órgão público pertence à pessoa jurídica, contudo, não é uma pessoa
jurídica.

Trata-se de divisões internas, partes de uma pessoa governamental, daí também


receber o nome de repartição pública. Em regra não possuem capacidade processual.
ÓRGÃOS PÚBLICOS

Não tendo personalidade própria, por óbvio não podem ser acionados judicialmente
para responder por prejuízos causados por seus agentes.

Importante saber que ação equivocada dirigida contra órgão público, deve ser extinta
sem julgamento de mérito por ilegitimidade da parte.

Nesse sentido, cabe à pessoa jurídica a que o órgão pertence ser acionada
judicialmente para reparação de danos.

Assim, por exemplo se o prejuízo for causado pelo Ministério da Cultura, sendo órgão
despersonalizado, a ação judicial deve ser intentada contra a União, que é a pessoa
jurídica a que o Ministério da Cultura pertence.
ÓRGÃOS PÚBLICOS

Atenção! A doutrina e a jurisprudência reconhecem casos raros de alguns órgãos


públicos dotados de capacidade processual especial, também chamada de
capacidade judiciária ou “personalidade judiciária”.

É o caso da Presidência da República e da Mesa do Senado. Essa capacidade


processual especial restringe-se basicamente à possibilidade de tais órgãos
realizarem a defesa de suas prerrogativas em juízo, especialmente em sede de
Mandado de Segurança e Habeas Data.
ÓRGÃOS PÚBLICOS

No que se refere ao Ministério Público e á Defensoria Pública, tratam-se de órgãos


públicos dotados de capacidade processual geral e irrestrita, podendo atuar
livremente em grande variedade de ações judiciais.
ÓRGÃOS PÚBLICOS

Na Teoria da Imputação ou (teoria do órgão) de Otto Gierke, é sustentado que o


agente público atua em nome do Estado, titularizando um órgão público (conjunto
de competências), de modo que a atuação ou o comportamento do agente, no
exercício da função pública, é juridicamente imputado ao Estado.

Entre tantos desdobramentos dessa teoria, merecem destaque:

1) Impede a propositura de ação indenizatória diretamente contra a pessoa física


do agente, se o dano foi causado no exercício da função pública (precedente do
STF: RE 327.907/SP).
ÓRGÃOS PÚBLICOS

2) Impossibilita a responsabilização civil do Estado se o dano foi causado pelo


agente público fora do exercício da sua função pública.

3) Autoriza a utilização de prerrogativas do cargo somente nas condutas realizadas


pelo agente durante o exercício da função pública. Desse modo as prerrogativas
funcionais não são dadas como intuitu personae, ou seja não acompanha a pessoa
do agente público fora de suas funções.
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CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO,

CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO

CENTRALIZAÇÃO: é a técnica de cumprimento de competências administrativas


por uma única pessoa jurídica governamental. A pessoa política exerce suas
atribuições por meio de seus próprios órgãos, concretizando diretamente a
atividade administrativa (sem a interferência de outra entidade), ou seja, pela
Administração Direta.

DESCENTRALIZAÇÃO: ocorre quando certas competências administrativas são


distribuídas a pessoas jurídicas autônomas, criadas pelo Estado para tal finalidade.
Ex: autarquias, fundações públicas, empresas públicas etc.
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO

CONCENTRAÇÃO: é a técnica de cumprimento de competências administrativas


por meio de órgãos públicos despersonalizados e sem divisões internas pressupõe
a ausência completa de distribuição de tarefas entre repartições públicas internas.
Portanto, a administração pode extinguir órgãos, reunindo em um número
menor de unidades as respectivas competências.

DESCONCENTRAÇÃO: ocorre por meio da repartição de atribuições entre órgãos


públicos, pertencente a uma única pessoa jurídica, mantendo a vinculação
hierárquica.
DESCONCENTRAÇÃO X DESCENTRALIZAÇÃO
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