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DIREITO ADMINISTRATIVO

PROF. GUSTAVO BRÍGIDO


Atividade e estrutura administrativa. Organização administrativa brasileira.
Terceiro setor.
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: SENTIDOS
Sentido subjetivo, formal ou orgânico
A administração pública, em seu sentido subjetivo, compreende o conjunto de agentes,
órgãos e pessoas jurídicas incumbidos de executar as atividades administrativas. A palavra
deve ser grafada com iniciais maiúsculas: Administração Pública.

Sentido objetivo ou material


A administração pública, diz respeito ao próprio exercício da própria atividade administrativa
exercida pelo Estado através de seus órgãos e agentes. A palavra deve ser escrita com iniciais
minúsculas: administração pública.
A organização administrativa é o estudo das pessoas, entes e órgãos que integram o
aparelho administrativo do Estado, no exercício da atividade administrativa.
A Administração Pública se divide em Administração Direta e Indireta. Integram
Administração Pública Direta os entes políticos, quais sejam: a União, os Estados, os
Municípios e o Distrito Federal.
Quando a Própria Administração direta desempenha as atividades administrativas, tem-se a
prestação centralizada do serviço, ou centralização.

Por seu turno, a Administração Indireta é composta pelas autarquias, empresas públicas,
fundações públicas e sociedades de economia mista. Todas essas entidades dotadas de
personalidade jurídica própria, são criadas pela Administração Central através da
denominada descentralização.
• As entidades da Administração Públicas, todas dotadas de personalidade jurídica própria,
dividem sua competência internamente através dos órgãos. A repartição interna de
competências, entre agentes e órgãos de uma mesma pessoa jurídica recebe o nome de
desconcentração. Ressalte-se que os órgãos não possuem personalidade jurídica própria.
Desconcentração Descentralização
Criação de órgãos. Criação de entidades da Administração
Indireta.
Não possuem personalidade Possuem personalidade Jurídica Própria.
jurídica própria.
Há hierarquia ou subordinação Não há hierarquia entre as entidades da
entre órgãos componentes de Administração Indireta em relação aos
uma mesma pessoa jurídica. entes da Administração Direta, apenas
vinculação.
Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: PC-RJ Prova: FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil
No Estado Delta, a Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis e de Cargas (DRFAC) tinha atribuição para
investigar os crimes que a denominavam. Diante do aumento nas estatísticas de crimes patrimoniais de
automóveis e cargas na área circunscricional daquela Unidade de Polícia Judiciária, a autoridade competente
desmembrou regularmente as atividades da então DRFAC, de maneira que atualmente existem duas delegacias
distintas especializadas: a Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e a Delegacia de Roubos e
Furtos de Cargas (DRFC).
De acordo com a doutrina de Direito Administrativo, a providência adotada pelo Estado Delta denomina-se:
A descentralização funcional, consistente na repartição externa de competência entre órgãos distintos do
Estado Delta;
B delegação funcional, mediante divisão externa de competência entre órgãos distintos do Estado Delta;
C outorga administrativa, mediante escalonamento especializado de competência entre delegacias distintas;
D desconcentração administrativa, consistente em distribuição interna de competências.
Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: Prefeitura de Paulínia - SP Prova: FGV - 2021 - Prefeitura de
Paulínia - SP - Agente de Apoio Administrtivo
O processo de desconcentração na Administração Pública é entendido como um
procedimento de repartição de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica.
Acerca do processo de desconcentração, assinale a afirmativa correta.
A Ocorre quando uma ONG presta serviço para um Tribunal.
B Ocorre quando um estado cria empresas públicas.
C Ocorre quando a União cria uma sociedade de economia mista.
D Ocorre quando um município cria novas secretarias.
ADMINISTRAÇÃO DIRETA
Segundo Carvalho Filho (2019) “Administração Direta é o conjunto de órgãos que integram as
pessoas federativas, aos quais foi atribuída a competência para o exercício, de forma
centralizada, das atividades administrativas pelo estado”.

A Administração Direta é composta pelos entes políticos que integram a forma federativa de
Estado, que são a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Os entes da Administração Central são dotados de capacidade legislativa, política, legislativa


e possuem personalidade jurídica de direito público.
Órgãos públicos
Os órgãos públicos são apenas componentes, ou seja, partes do todo que é a entidade a qual
eles integram. Por essa razão, não possuem personalidade jurídica própria. A esse fenômeno
(criação de órgãos) convencionou-se chamar de desconcentração.

Alguns órgãos, embora desprovidos de personalidade jurídica própria, podem estar em juízo
(propor ações judiciais) na defesa de suas prerrogativas institucionais. É a chamada
personalidade judiciaria.

Súmula 525 do STJ: A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas
personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais.
Classificação dos órgãos quanto à posição estatal:
a)Independentes: São os Poderes do Estado. P.ex.: Presidência da República, Assembleias
legislativas.

b) Autônomos: Possuem autonomia administrativa, técnica e financeira. P.ex.: Ministérios,


Secretarias, AGU.
c)Superiores: Detêm poder de direção em relação aos assuntos de sua competência. P.ex.:
Departamento de Polícia Federal, procuradorias jurídicas.

d) Subalternos: Possuem atribuições de mera execução. P.ex.: zeladoria, RH.


Teorias da manifestação da vontade do órgão:

a) Teoria do mandato: O agente público é um simples mandatário da vontade do Estado.

b) Teoria da representação: O agente público é representante do poder público.


c)Teoria do órgão (imputação volitiva): A vontade do Estado se exterioriza pela atuação do
agente, ou seja, a vontade do agente se confunde com a vontade do ente estatal.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
A Administração Indireta é o conjunto de pessoas jurídicas vinculadas a
Administração Direta e que realizam atividades administrativas de maneira
descentralizada.
Integram a Administração Indireta:

• Autarquias, inclusive as associações públicas;


• Fundações Públicas;
• Empresas Públicas; e
• Sociedades de economia mista
• Art. 37. XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia
mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
• XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de
subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como
a participação de qualquer delas em empresa privada;
• Para a desestatização de empresa estatal é suficiente a autorização
prevista em lei que veicule programa de desestatização. (...)
Autorização legislativa genérica é pautada em princípios e objetivos
que devem ser observados nas diversas fases deliberativas do
processo de desestatização. A atuação do Chefe do Poder Executivo
vincula-se aos limites e condicionantes legais previstos.
• [ADI 6.241, rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-2-2021, P, DJE de 22-3-2021.]
• A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades
de economia mista exige autorização legislativa e licitação pública. A
transferência do controle de subsidiárias e controladas não exige a
anuência do Poder Legislativo e poderá ser operacionalizada sem
processo de licitação pública, desde que garantida a competitividade
entre os potenciais interessados e observados os princípios da
administração pública constantes do art. 37 da Constituição da
República.
• [ADI 5.624 MC REF, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 6-6-2019,
P, DJE de 29-11-2019.]
As entidades da Administração Indireta possuem as seguintes características:
a)Criação (art. 37, XIX, CF): Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;

b) Personalidade própria;

c) Patrimônio próprio;

d) Autonomia técnica e administrativa;


e)Vinculação à entidade da Administração indireta: cuida-se apenas de controle finalístico
ou supervisão ministerial. Não há hierarquia ou subordinação.
Autarquias
As autarquias são entidades criadas por lei, com liberdade administrativa, para o exercício de
atividades típicas de Estado.

Características:

a) São criadas por lei específica

b) Exercem atividades típicas de Estado

c) Personalidade jurídica de direito Público

d) Patrimônio próprio.
Jurisprudência em teses, STJ: As autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e personalidade
jurídica própria, distinta da entidade política à qual estão vinculadas, razão pela qual seus dirigentes têm
legitimidade passiva para figurar como autoridades coatoras em Mandados de Segurança.

As autarquias, em virtude do regime de direito público que as rege, possui todas as prerrogativas dos entes
estatais, quais sejam:
a)Privilégios processuais: as autarquias possuem prazos dilatados e estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição
obrigatória ou remessa necessária, contra elas somente produzindo efeito eventual sentença condenatória após
confirmação por tribunal;
b) Privilégios fiscais: sujeitam-se à imunidade tributária recíproca, com base no art. 150, § 2º da CF.
c) Bens públicos: Seus bens são inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis;
d) Regime de pessoal: seus servidores ingressam através de concurso público e são estatutários;
e) Controle: estão vinculadas à Administração Direta e prestam contas para os tribunais de contas.
Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: Câmara de Aracaju - SE Prova: FGV - 2021 - Câmara de
Aracaju - SE - Assistente Legislativo
No âmbito do Município de Aracaju, é exemplo de entidade integrante da administração
indireta, criada por lei específica, que ostenta personalidade jurídica de direito público e
desenvolve atividade típica de Estado:
A a Câmara Municipal de Aracaju;
B o Poder Judiciário de Aracaju;
C a Secretaria Municipal de Educação;
D uma autarquia municipal.
Autarquias em regime especial:
As autarquias em regime especial possuem como característica disciplina jurídica específica
que lhes atribui certas prerrogativas não concedidas indiscriminadamente às demais
autarquias.
LEI Nº 13.848, DE 25 DE JUNHODE 2019

Art. 2º Consideram-se agências reguladoras, para os fins desta Lei e para os fins da Lei nº 9.986,de 18dejulho de
2000:
I.- a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel);
II.- a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP);
III.- a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);
IV.- a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);
V.- a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS);
VI - a Agência Nacional de Águas (ANA);
VII.- a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq);
VIII.- a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT);
IX - a Agência Nacional do Cinema (Ancine);
X - a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac);
XI - a Agência Nacional de Mineração (ANM).
Parágrafo único. Ressalvado o que dispuser a legislação específica, aplica-se o disposto nesta Lei às
autarquias especiais caracterizadas, nos termos desta Lei, como agências reguladoras e criadas a partir de
sua vigência.
Art. 42. A Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 8º Os membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada ficam impedidos
de exercer atividade ou de prestar qualquer serviço no setor regulado pela
respectiva agência, por período de 6 (seis) meses, contados da exoneração ou do
término de seu mandato, assegurada a remuneração compensatória.
Agências executivas:
Agências executivas são autarquias ou fundações que, por estarem sempre ineficientes,
celebram contrato de gestão com o Ministério Supervisor.
Sua previsão normativa encontra-se no art. 51, Lei n. 9.649/1998:
“O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia ou fundação que
tenha cumprido os seguintes requisitos:
I. - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento;
II.- ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor”.
Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: Câmara de Aracaju - SE Provas: FGV - 2021 - Câmara de Aracaju - SE - Analista Administrativo
Analise as afirmações abaixo e assinale V para a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).
( ) Agência executiva é uma qualificação concedida por decreto presidencial, para que o ente obtenha maior flexibilidade
e autonomia.
( ) Agências reguladoras são autarquias especiais que, embora sob supervisão ministerial, não compõem a hierarquia
administrativa e fora da influência política, exercendo funções de regulação e fiscalização.
( ) Consórcios públicos são entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, cujo capital é exclusivamente
do ente estatal.
A sequência correta é:
A V, V, V;
B V, V, F;
C V, F, V;
D F, F, F;
FUNDAÇÕES PÚBLICAS
“patrimônio personalizado, que presta atividade não lucrativa e atípicas de poder público,
mas de interesse coletivo, como a educação, cultura, pesquisa e outros, sempre merecedoras
de amparo estatal”.
Espécies:
a)Fundação Pública de Direito Público: possuem personalidade jurídica de direito público e
possuem regime jurídico idêntico ao das autarquias, tanto é que são também denominadas
fundações autárquicas ou autarquias fundacionais. Assim como as autarquias, são criadas
por lei específica.
b)Fundação Pública de Direito Privado: detêm personalidade jurídica de direito privado. Sua
criação depende de autorização legislativa específica.
• A lei específica autorizadora da criação das estatais é a ordinária,
restringindo-se a exigência de lei complementar aos casos
expressamente elencados na Constituição da República. No inc. XIX
do art. 37 da Constituição, alterado pela Emenda Constitucional
19/1998, ao ser determinada a edição de lei complementar para a
regulamentação das áreas de atuação, o poder constituinte derivado
fez alusão tão somente às fundações. A interpretação gramatical deixa
certo que a expressão ‘neste último caso’, no singular, refere-se ao
antecedente ‘fundação’. A interpretação sistemática da Constituição
também permite concluir não ser necessária a edição de lei
complementar para a definição da atuação de empresas públicas ou
sociedades de economia mista.
• [ADI 4.895, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. 7-12-2020, P, DJE de 4-
2-2021.]
Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: FUNSAÚDE - CE Prova: FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE - Advogado
Foi criada, no Estado Alfa, a Fundação Pública de Saúde X, instituída com personalidade jurídica de direito
privado, para execução de atividades de interesse social, especificamente na área de saúde pública e assistência
social.
De acordo com a doutrina de Direito Administrativo e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em tema
de regime jurídico, tal fundação
A integra a Administração Direta estadual e a admissão de seu pessoal ocorre por meio de concurso público.
B integra a Administração Indireta estadual e a admissão de seu pessoal ocorre graças ao processo de livre
contratação.
C não possui isenção de custas em processos judiciais, eis que ostenta personalidade jurídica de direito
privado.
D não se sujeita ao controle financeiro e orçamentário realizado pelo Tribunal de Contas estadual, eis que
ostenta personalidade jurídica de direito privado.
Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: MPE-GO Prova: FGV - 2022 - MPE-GO - Promotor de Justiça Substituto
O Estado Beta editou legislação que (i) define a saúde pública como área de atuação passível de exercício por
fundação pública de direito privado; (ii) autoriza a instituição de fundações públicas de direito privado destinadas à
prestação de serviços de saúde (hospitais e institutos de saúde); e (iii) atribui a essas entidades autonomia gerencial,
orçamentária e financeira, além de estabelecer o regime celetista para contratação de seus funcionários.
No caso em tela, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a mencionada legislação estadual é:
A inconstitucional, haja vista que essas fundações públicas de direito privado não podem prestar serviços de saúde,
sendo certo que tais fundações são veladas pelo Ministério Público Estadual;
B constitucional, e essas fundações públicas de direito privado fazem jus à isenção das custas processuais e integram a
Administração Pública indireta, mas não estão sujeitas ao controle finalístico pela Secretaria Estadual de Saúde;
C inconstitucional, haja vista que deve ser adotado o regime jurídico estatutário para seus servidores por se tratar de
fundações públicas, gozando essas entidades das prerrogativas processuais, como isenção de custas;
D constitucional, e essas fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas processuais, mas
integram a Administração Pública indireta e estão sujeitas ao controle financeiro e orçamentário realizado pelo
Tribunal de Contas;
EMPRESAS ESTATAIS
As assim denominadas empresas estatais são as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por
lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios (art. 3º, Lei 13.303/2016).

Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta (art.
4º, Lei 13.303/2016).

Características das empresas estatais:


Criação: lei específica autoriza a criação.
Finalidades: Exploração de atividades econômicas e prestação de serviços públicos.
Personalidade jurídica: são pessoas jurídicas de direito privado
Privatização da Casa da Moeda e de outras estatais dispensa autorização
por lei específica 08 02 2021
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) assentou que, para a privatização
ou a extinção de empresas estatais, é suficiente a autorização genérica prevista
em lei que veicule programa de desestatização. Na sessão virtual encerrada em
5/2, os ministros, por maioria, julgaram improcedente a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 6241, em que o Partido Democrático Trabalhista
(PDT) defendia a necessidade de lei específica para a desestatização de
empresas públicas e sociedades de economia mista e buscava suspender o
processo de privatização da Casa da Moeda do Brasil, do Serviço de
Processamento de Dados (Serpro), da Empresa de Tecnologia e Informações da
Previdência Social (Dataprev), da Agência Brasileira Gestora de Fundos
Garantidores e Garantias S/A (ABGF), da Empresa Gestora de Ativos (Emgea) e do
Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S/A (Ceitec).
Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: Câmara de Aracaju - SE Prova: FGV - 2021 - Câmara de Aracaju - SE - Procurador
Judicial
De acordo com a doutrina de Direito Administrativo, uma empresa pública municipal prestadora de serviço
público, que integra a Administração Pública indireta, possui personalidade jurídica de direito:
A privado, o ingresso de seu pessoal ocorre mediante concurso público e está sujeita à responsabilidade civil
objetiva pelos atos de seus agentes;
B privado, o ingresso de seu pessoal dispensa concurso público e está sujeita à responsabilidade civil subjetiva
pelos atos de seus agentes;
C privado, o ingresso de seu pessoal dispensa concurso público e está sujeita ao regime de direito privado da
responsabilidade civil pelos atos de seus agentes;
D público, o ingresso de seu pessoal ocorre mediante concurso público e está sujeita ao regime de direito
privado da responsabilidade civil pelos atos de seus agentes.
Regime jurídico:

a) Regime de pessoal: submetem-se a concurso público e são regidos pela CLT.


b)Bens: seus bens não são públicos. Bens afetados a serviços públicos possuem
prerrogativas de bens públicos, como a impenhorabilidade e a imprescritibilidade.

c) Prerrogativas estatais: não possuem prerrogativas estatais.


d)Controle: estão vinculadas à Administração Direta e prestam contas para os tribunais de
contas.
Empresas subsidiárias:

a) Criação (art. 37, XIX, CF):


“Depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa
privada”.

b) Alienação:
Informativo 943 do STF:
Em conclusão de julgamento, o Plenário, em voto médio, referendou parcialmente medida
cautelar anteriormente concedida em ação direta de inconstitucionalidade, para conferir ao
art. 29, caput, XVIII, da Lei 13.303/2016 (1) interpretação conforme à Constituição Federal
(CF), nos seguintes termos: i) a alienação do controle acionário de empresas públicas e
sociedades de economia mista exige autorização legislativa e licitação; e ii) a exigência de
autorização legislativa, todavia, não se aplica à alienação do controle de suas subsidiárias e
controladas. Nesse caso, a operação pode ser realizada sem a necessidade de licitação, desde
que siga procedimentos que observem os princípios da administração pública inscritos no art.
37 da CF (2), respeitada, sempre, a exigência de necessária competitividade (Informativo
942). O voto médio reproduziu o entendimento majoritário extraído dos pronunciamentos
dos ministros em juízo de delibação.
Diferenças entre empresas públicas e sociedades de economia mista

Súmula 42 do STJ: Compete à Justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que e parte sociedade de
economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
TERCEIRO SETOR
Junto com o Estado (Primeiro Setor) e com o Mercado (Segundo Setor),
identifica-se a existência de um Terceiro Setor, mobilizador de um grande volume
de recursos humanos e materiais para impulsionar iniciativas voltadas para o
desenvolvimento social, setor no qual se inserem as sociedades civis sem fins
lucrativos, as associações civis e as fundações de direito privado, todas entidades
de interesse social.
LEI Nº 9.637, DE 15 DE MAIO DE 1998.
CAPÍTULO I
DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
Seção I
Da Qualificação
Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas
jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas
ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e
preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos
previstos nesta Lei.
Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no
artigo anterior habilitem-se à qualificação como organização social:
II - haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação
como organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou
regulador da área de atividade correspondente ao seu objeto social e do
Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado.
Seção II
Do Conselho de Administração
Art. 3o O conselho de administração deve estar estruturado nos termos que
dispuser o respectivo estatuto, observados, para os fins de atendimento dos
requisitos de qualificação, os seguintes critérios básicos:
Seção III
Do Contrato de Gestão
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o
instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como
organização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para
fomento e execução de atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1o.
Do Fomento às Atividades Sociais
Art. 11. As entidades qualificadas como organizações sociais são declaradas
como entidades de interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos
legais.
Art. 12. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários
e bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.
Da Desqualificação
Art. 16. O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como
organização social, quando constatado o descumprimento das disposições
contidas no contrato de gestão.
LEI No 9.790, DE 23 DE MARÇO DE 1999.
Art. 1o Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as
pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se
encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos por
esta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014)
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de direito
privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores,
empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos,
dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante
o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo
objeto social.
§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos
requisitos instituídos por esta Lei.
Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público,
ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:
I.- as sociedades comerciais;
II.- os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;
III.- as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões
devocionais e confessionais;
IV.- as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
V.- as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo
restrito de associados ou sócios;
VI.- as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X.- as cooperativas;
XI.- as fundações públicas;
XII. - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão
público ou por fundações públicas;
XIII.- as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema
financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Não constituem impedimento à qualificação como Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público as operações destinadas a microcrédito realizadas com
instituições financeiras na forma de recebimento de repasses, venda de operações
realizadas ou atuação como mandatárias. (Incluído pela Lei nº 13.999, de 2020)
Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qualificarem-se
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas
jurídicas interessadas sejam regidas por estatutos cujas normas
expressamente disponham sobre:
III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de
competência para opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e
contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres
para os organismos superiores da entidade;
CAPÍTULO II
DO TERMO DE PARCERIA
Art. 9o Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento
passível de ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público destinado à
formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a
execução das atividades de interesse público previstas no art. 3o desta Lei.
Art. 10. O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público
e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público discriminará direitos,
responsabilidades e obrigações das partes signatárias.

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