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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE
SOLDADOS-CFSd-2022

DIREITO ADMINISTRATIVO

Cel PM Veterano Eduardo Mendes de Sousa


UNIDADE II - ORGANIZAÇÃO
ADMINISTRATIVA BRASILEIRA
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

2. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

3. FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

4. FINALIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

5. PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

6. FORMAS DE REALIZAÇÃO DA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA

7. DELEGATÁRIOS

8. ENTES PARAESTATAIS
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1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

Na organização político-administrativa da República


Federativa do Brasil, são três os Poderes da União (o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário), harmônicos e
independentes. A tripartição abrange também os
Estados-membros, mas nos municípios vigora a
bipartição.
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1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
São típicas as funções legislativa, administrativa e jurisdicional, quando
atribuídas respectivamente, aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

É através da função administrativa que o estado cuida da gestão de todos


os interesses da coletividade, tendo grande amplitude, por ser vista como
residual.

Obs. todos os Poderes podem desempenhar a função administrativa, de


forma típica (poder executivo) ou atípica (legislativo e judiciário).
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2. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A expressão admite mais de um sentido.

● No sentido objetivo (material ou funcional), exprime a ideia de


atividade, tarefa, ação, enfim, a própria função administrativa.

● No sentido subjetivo (formal ou orgânico), a expressão indica


o universo de órgãos e entidades do Estado no exercício da
função administrativa. No caso em letra maiúscula.
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3. FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS

Nota-se que, a partir desse entendimento, a função da


administração pública ao zelar e cuidar dos bens da coletividade é
chamada de FUNÇÃO ADMINISTRATIVA.

Assim, sob o aspecto material, as principais tarefas exercidas


pela administração pública são:

a) Fomento; b) Polícia administrativa;


c) Serviço público; d) Intervenção.
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4. FINALIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Resume-se num único objetivo: o bem comum da coletividade.

● Toda atividade deve ser orientada para esse objetivo.


● Todo ato administrativo que não for praticado no
interesse da coletividade será ilícito e imoral.
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5. PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

a) Planejamento: promover o desenvolvimento por planos de governo.

b) Coordenação: atuação de chefia e realização sistemática de reuniões.

c) Descentralização: busca de eficiência e especialização.

d) Delegação de Competência: maior rapidez e objetividade nas decisões.

e) Controle: todos os níveis e em todos os órgãos.


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6. FORMAS DE REALIZAÇÃO DA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA

O Estado atua por meio de órgãos, agentes e pessoas jurídicas e realiza as funções administrativas
de três formas:

a) Centralização: situação em que o Estado executa suas tarefas diretamente, por intermédio de
seus órgãos e agentes;

b) Descentralização: Estado executa indiretamente, ou seja, delega a atividade a outras entidades,


que ficam vinculadas à Administração Direta;

c) Desconcentração: desmembramento de órgãos para propiciar melhoria na sua organização


estrutural; distribuição interna de competência fundamentado na hierarquia.
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6. FORMAS DE REALIZAÇÃO DA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA

Administração Pública, conforme art. 4º, do, Decreto-Lei nº 200/67, se organiza em:

a) Administração Direta (órgãos públicos não dotados de personalidade


jurídica): há relação de subordinação fundamentada na distribuição interna de
competência;

b) Administração Indireta (entidades dotadas de personalidade jurídica


própria): há relação de vinculação, pois as entidades são sujeitas à controle (tutela
administrativa) pela respectiva Administração Direta da pessoa política responsável
por sua criação.
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6.1 ADMINISTRAÇÃO DIRETA

Conjunto de órgãos que integram as pessoas federativas, aos quais foi atribuída a
competência para o exercício, de forma centralizada, das atividades administrativas
do Estado. Em outras palavras, significa que a Administração Pública é, ao mesmo
tempo, a titular e a executora do serviço público. (CARVALHO FILHO, 2022:366)

Como exemplo, na esfera federal do Poder Executivo, a Administração Direta é


composta pela Presidência da República e Ministérios. Dentro dessa estrutura
interna, surgem diversos outros como secretarias, departamentos, coordenadorias.

As esferas estadual e municipal guardam simetria.


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6.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

Conjunto de pessoas administrativas que, vinculadas à respectiva


Administração Direta, tem como objetivo desempenhar as atividades
administrativas de forma descentralizada. É o próprio Estado executando
algumas de suas funções de forma descentralizada.

O critério para instituição de pessoas da Administração Indireta é de ordem


administrativa, desde que atendidas a conveniência e oportunidade.

Obs. enquanto a Administração Direta é composta por órgãos internos do


Estado, a Administração Indireta se compõe de pessoas jurídicas, também
denominadas de entidades.
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6.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA


De acordo com o art. 4º, II do Decreto-Lei nº 200/67, a Administração Indireta
compreende as seguintes entidades, de personalidade jurídica própria:
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
fundações públicas.

Art. 37, XIX, CRFB/88: - somente por lei específica poderá ser criada
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
caso, definir as áreas de sua atuação.
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6.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

AUTARQUIAS

Conceito: São pessoas jurídicas de direito público, integrantes da Administração Indireta do


Estado, criadas por lei específica (não dependem de registro em cartório) para desempenhar
funções que, despidas de caráter econômico, sejam próprias e típicas do Estado, assim
entendidos os serviços públicos de natureza social e atividades administrativas, excluídos os
de cunho econômico e mercantil.

Em razão de sua natureza jurídica, possui prerrogativas, como imunidade tributária (art. 150,
§2º, CF) e impenhorabilidade de seus bens, além de relacionar-se com particulares com
supremacia (Ex. art. 58 e 65, Lei 8666/93).

Ex.: INSS, Universidades, Conselhos Profissionais (exceto a OAB), Agências Reguladoras,


BACEN, IBAMA, INCRA, IEF, DER/MG, UEMG.
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6.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

EMPRESAS PÚBLICAS

Conceito: São dotadas de personalidade jurídica de direito privado, integrantes da


Administração Indireta do Estado, criadas por autorização legal e com patrimônio
próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios, para que o Governo exerça atividades gerais de
caráter econômico ou, em certas situações, execute a prestação de serviços públicos.
Criação: autorizada por lei.
Objeto : desempenho de atividades de caráter econômico.
Ex.: EBCT, BNDES, EMBRAPA, CEF.
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6.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

Conceito: São pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da


administração indireta do Estado, autorizadas por lei, sob a forma de
sociedades anônimas, cujo controle acionário pertença ao poder
público, tendo por objetivo, como regra, a exploração de atividades gerais
de caráter econômico e, em algumas ocasiões, a prestação de serviços
públicos.
Criação: autorizada por lei.
Objeto: desempenho de atividades de caráter econômico
Ex.: BB, PETROBRAS, COPASA, CEMIG, BHTRANS, PRODEMGE.
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6.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

FUNDAÇÕES PÚBLICAS

Conceito: Fundação Pública – a entidade dotada de personalidade jurídica


de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização
legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução
por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa,
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e
funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.” (Art. 5º,
IV, do Decreto-Lei nº 200/1967.
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6.2 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

FUNDAÇÕES PÚBLICAS

Majoritariamente e no entendimento do STF, podem ser instituídas com


personalidade jurídica de direito público (Autarquias fundacionais ou Fundações
autárquicas) ou de direito privado (Fundações Governamentais)

Criação: No caso de serem instituídas como Autarquias Fundacionais, fazem jus às


mesmas prerrogativas que a ordem jurídica atribui às autarquias.

Objeto: poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Ex.: FUNAI, FUNASA, FHEMIG, PROCON, FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA.


Autarquia Fund. Pública Empresa Pública Soc. Econ Mista
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Pessoa Jurídica D. Pessoa Jurídica D. Pessoa Jurídica D. Pessoa Jurídica D.
Público Privado ou Público Privado Privado

Executa serviço Executa atividade de Executa Atividade Executa Atividade


Públicos interesse coletivo econômica econômica
especializados não lucrativa

Bens impenhoráveis Bens impenhoráveis Há possibilidade de Há possibilidade de


penhora/alienação penhora/alienação
Contratos licitação Contratos licitação Contratos licitação Contratos licitação

Autonomia Adm. e Autonomia Adm. e Autonomia Adm. e Autonomia Adm. e


financeira financeira financeira financeira

Estatutário Celetista/Estatutário Celetista Celetista

Capital público Capital público Capital Capital público e


descentralizado descentralizado exclusivamente privado (Direito a
Público voto somente
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7. DELEGATÁRIOS

São entidades privadas que recebem a atribuição de executar serviços


públicos, por meio de ato administrativo ou contrato administrativo,
celebrado com o ente federativo competente. Daí tem-se os
DELEGATÁRIOS, representados pelos concessionários e
permissionários.

Art. 175, CF: “Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou


sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos”.
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8. ENTES PARAESTATAIS

São pessoas jurídicas que, embora não integrando o sistema da


Administração Indireta, cooperam com o governo, prestam inegável serviço
de utilidade pública e se sujeitam a controle do Poder Público.
Para tanto, recebem incentivos fiscais e realizam atividades sociais não
exclusivas do Estado e não lucrativas, que são de interesse coletivo. Podem
ser:

Serviços sociais autônomos: dedicados às atividades de assistência ou


ensino de categorias ou grupos profissionais; sem fins lucrativos.
Exemplos: SENAI, SENAC, SESC, SESI.
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8. ENTES PARAESTATAIS
Organizações sociais: determinadas pessoas jurídicas recebem este título
quando desenvolvem atividades voltadas para a pesquisa,
desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente,
cultura e saúde;
Ex.: Associação Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) – RJ/RJ –
mantém contrato de gestão com o Ministério da Educação

OSCIP: são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um certificado
emitido pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento de certos
requisitos, especialmente aqueles derivados de normas de transparência
administrativa. Em contrapartida, podem celebrar com o poder público os
chamados termos de parceria.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS

● BRASIL.Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de


1988. Atualizada com as Emendas Constitucionais.
● BRASIL. Lei n. 8.429, de 2 de junho de 1992, alterada pela Lei n. 14.230, de 25 de outubro de 2021. Dispõe sobre
as sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade administrativa, de que trata o §4º do art. 37 da
Constituição Federal; e dá outras providências.
● CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 36.ed. São Paulo: Atlas, 2022.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

● DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 33ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
● MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª ed. São Paulo: Malheiros, 2020.
● MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 35ª ed. São Paulo: Malheiros, 2021.

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