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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

EDITAL Nº 55/2014 – DGP/DPF, DE 25 DE SETEMBRO DE 2014


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO: 1 Noções de organização administrativa.
1.1 Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. 1.2
Administração direta e indireta. 1.3 Autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista. 2 Ato administrativo. 2.1 Conceito, requisitos,
atributos, classificação e espécies. 3 Agentes públicos. 3.1 Legislação pertinente. 3.1.1
Lei nº 8.112/1990. 3.1.2 Disposições constitucionais aplicáveis. 3.2 Disposições
doutrinárias. 3.2.1 Conceito. 3.2.2 Espécies. 3.2.3 Cargo, emprego e função pública. 4
Poderes administrativos. 4.1 Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. 4.2
Uso e abuso do poder. 5 Licitação. 5.1 Princípios. 5.2 Contratação direta: dispensa e
inexigibilidade. 5.3 Modalidades. 5.4 Tipos. 5.5 Procedimento. 6 Controle da
administração pública. 6.1 Controle exercido pela administração pública. 6.2 Controle
judicial. 6.3 Controle legislativo. 7 Responsabilidade civil do Estado. 7.1
Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. 7.1.1 Responsabilidade por ato
comissivo do Estado. 7.1.2 Responsabilidade por omissão do Estado. 7.2 Requisitos
para a demonstração da responsabilidade do Estado. 7.3 Causas excludentes e
atenuantes da responsabilidade do Estado. 8 Regime jurídico-administrativo. 8.1
Conceito. 8.2 Princípios expressos e implícitos da administração pública..

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – AGENTE

1. ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITOS,


ELEMENTOS, PODERES E ORGANIZAÇÃO; NATUREZA, FINS E PRINCÍPIOS

1.1 CONCEITOS E ELEMENTOS DO ESTADO

O Estado é a nação politicamente organizada dotada de personalidade


jurídica própria, sendo pessoa jurídica de direito público interno. É formado por três
elementos básicos e indissociáveis: Povo, Território e Soberania, sendo que alguns
autores acrescentam um quarto elemento, as finalidades definidas ou específicas.
Sua vontade é manifestada pelo exercício de suas Funções ou Poderes
(EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO).
Temos então:
▪ Povo: elemento humano;
▪ Território: elemento físico, delimitador;
▪ Soberania (governo soberano): elemento político (condutor).

1.2 PODERES DO ESTADO

Os chamados Poderes do Estado: Poder Executivo, Poder Legislativo e


Poder Judiciário representam, em verdade, uma divisão estrutural interna destinada à
execução das funções estatais, haja vista ser uno e indivisível o Poder Estatal.
Constitucionalmente, a cada Poder Estatal foi atribuída uma função típica.
São três as funções estatais: legislativa, judicial e executiva (ou administrativa).
Assim, ao Poder Legislativo foi atribuída a função normativa, vale dizer, a prerrogativa
de elaborar as leis, além de proceder à fiscalização contábil, financeira e orçamentária
dos atos do Executivo; ao Poder Executivo, a função de dar execução à lei de
maneira direta e concreta, visando a gestão dos bens e interesses da coletividade
(função administrativa); ao Poder Judiciário, a função de aplicar, coativamente, a lei
para solução dos conflitos de interesse, julgando as lides levadas à sua apreciação..

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O que há, portanto, não é a separação de Poderes com divisão absoluta


de funções, mas, sim, distribuição de três funções estatais precípuas entre órgãos
independentes, harmônicos e coordenados no seu funcionamento. Essa tripartição
existe para impedir que um Poder se exceda e se sobreponha a outro, formando um
sistema de freios e contrapesos.
Vale ressaltar que não há exclusividade no exercício dessas funções
precípuas por seus respectivos Poderes, ou seja, não há uma rígida divisão dessas
funções, mas sim uma preponderância do seu exercício por cada Poder. Assim
embora cada Poder possua uma função típica, existe permissivo constitucional para
que cada um deles desempenhe, em certas condições, funções que normalmente
pertencem a Poder diverso: as chamadas funções atípicas. A esse fenômeno dá-se o
nome de “ressalvas ao princípio da separação dos Poderes”.
É o que se observa, por exemplo, quando o Senado Federal (Poder
Legislativo) processa e julga o Presidente da República nos crimes de
responsabilidade, uma atividade jurisdicional que precipuamente deveria ser realizada
pelo Poder Judiciário. De igual modo quando o Presidente da República edita
medidas provisórias ou quando o Poder Judiciário elabora seus regimentos internos
(função normativa). Ou ainda quando o Poder Judiciário e o Poder Legislativo
procedem à organização e gestão de seus serviços e de seu pessoal, à aquisição de
bens e serviços para manutenção de sua estrutura (função administrativa).
O objeto do Direito Administrativo é, justamente, o estudo da Função
Administrativa, seja ela exercida pelo Poder Executivo de forma típica ou pelos outros
Poderes Estatais de forma atípica. Função Administrativa é, pois, toda atividade
desenvolvida pela Administração Pública que se presta a dar execução às leis,
gerindo os negócios públicos, a fim de satisfazer, sempre, os interesses e as
necessidades coletivas.

1.3 CONCEITO DE GOVERNO

Já o Governo corresponde à atividade estatal que determina e elege os


objetivos e as diretrizes do Estado e conduz politicamente os negócios públicos. É a
função política do Estado, cujas atribuições decorrem diretamente do texto
constitucional e por ele se regulam. Seus atos são resultados da soberania ou
autonomia política detidas pelos entes federativos (União, Estados-membros, Distrito
Federal e Municípios).

1.4 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Por Administração Pública entende-se como a face do Estado que atua


no desempenho de sua Função Administrativa ou Executiva. Diferente do Governo,
que traça estratégias e planos de ação, a Administração põe em prática as políticas
públicas traçadas pelo primeiro e exerce o papel de gestora da coisa pública. É, pois,
o instrumento do qual se vale o Estado para a execução dos atos governamentais.
A Administração Pública não pratica atos de Governo; pratica, tão-
somente, atos de execução, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a
competência do órgão e de seus agentes.
A administração pública engloba características que exprimem sentidos
diferentes para o seu completo entendimento. Os estudiosos da matéria identificam
dois principais sentidos para descortinar as suas características primordiais: o sentido
subjetivo (formal ou orgânico) e o sentido objetivo (material ou funcional), como
leciona a Profª Maria Sylvia Zanella Di Pietro.

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Através do sentido subjetivo dimensiona-se o conjunto de agentes, órgãos


e pessoas jurídicas encarregadas de executar as atividades administrativas,
caracterizando-se assim como os sujeitos da função administrativa.
Já o sentido objetivo expressa a própria ação da administração pública,
quando incumbida de propiciar a gestão do interesse público, através da atuação
estatal interna e aqueloutras que se inserem na vida cotidiana da sociedade. Por essa
concepção material a administração pública abrange as atividades materialmente
administrativas desenvolvidas pelo Estado. Nessa concepção material, a doutrina
elenca quatro modalidades de atividades administrativas:
a) Fomento - atividade administrativa de incentivo à iniciativa
privada de utilidade pública, sendo exercida nas seguintes espécies:
 Financiamentos;
 Favores ficais;
 Auxílios financeiros ou subvenções;
 Desapropriações.
b) Polícia administrativa - expressão do poder de polícia, que
corresponde à prerrogativa estatal de restringir ou condicionar direitos
individuais em benefício do interesse coletivo;
 Segurança pública;
 Ordem pública;
 Trânsito e Transportes;
 Saúde pública;
 Medicamentos;
 Alimentos, etc.
c) Serviço público - atividade que visa atender às necessidades do
cidadão, da coletividade e do próprio Estado;
d) Intervenção administrativa - atuação estatal no domínio
econômico, seja de forma direta através de suas entidades
empresariais ou de forma indireta, por meio da regulação e fiscalização
da iniciativa privada. A CF/88 disciplina a intervenção direta no art. 173
e a indireta no art. 174, veja-se:

“Art. 173 – Ressalvados os casos previstos


nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos imperativos
da segurança nacional ou a relevante
interesse público, conforme definidos em lei.
Art. 174 – Como agente normativo e
regulador da atividade econômica, o Estado
exercerá, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo
este determinante para o setor público e
indicativo para o setor privado”.

Para distinguir a Administração Pública em sentido formal daquela em


sentido material, convencionou-se que a grafia da primeira se inicia com letra
maiúscula (Administração Pública), enquanto que a da segunda se inicia com letra
minúscula (administração pública).
O conceito de administração pública demanda a junção dos seus sentidos,
concretizados no conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas cuja função é a de

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gerir a ação do poder público, a qual visa propiciar a satisfação da coletividade,


segundo os fins definidos pelo Estado.

ATENÇÃO!!! QUESTÃO CESPE


(CESPE/TCE-ES/2009) A administração pública, em sentido objetivo, abrange as
atividades exercidas por pessoas jurídicas, órgãos e agentes incumbidos de atender
concretamente às necessidades coletivas.

1.5 DISTINÇÕES ENTRE GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O Governo atua de forma discricionária, atendendo aos interesses sociais


constitucionalmente assegurados, como instância política e diretiva, estabelecendo
metas e planejando a ação estatal de forma ampla. Já a Administração Publica pauta
suas atividades na operacionalização das metas estabelecidas politicamente,
constituindo-se em um nível instrumental do Governo, agindo de forma profissional e
aplicando o primado da competência gerencial. Assim sendo, não se pode admitir
que os termos Administração Pública e Governo sejam considerados sinônimos, seja
pelos seus atributos, seja pela sua própria atuação.

1.6 NATUREZA E FINS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1.6.1 Natureza da Administração Pública

É um encargo, caracterizado como múnus público, já que impõe aos


agentes encarregados do seu exercício, obediência irrestrita aos ditames legais e à
moralidade administrativa, tendo em vista que são apenas gestores do interesse
coletivo, incumbidos de defender, conservar e aprimorar os bens e serviços públicos,
sempre em nome da sociedade.

1.6.2 Fins da Administração Pública

A busca incessante pela satisfação do bem comum é o fim pretendido


pela Administração Pública. Caracterizada pela supremacia e indisponibilidade do
interesse público, a função administrativa deve atender de maneira impessoal aos
anseios da coletividade. Afastar-se desta lógica é macular a ação administrativa de
desvio de poder, devendo ser impugnada internamente, pela própria Administração
Pública (controle interno), ou através dos controles externos constitucional e
legalmente previstos para tal, os quais serão estudados em tópico futuro.

2. PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO

A administração pública, através da atuação dos seus agentes, age


respaldada em prerrogativas necessárias à consecução dos fins públicos,
constituindo-se em verdadeiros poderes administrativos e, por óbvio, também estará
submetida a determinadas sujeições, as quais são conhecidas como os deveres
administrativos.
O agente público tem verdadeiro poder-dever de atuar, haja vista o
interesse público como finalidade dos seus atos. O dever do administrador público é
irrenunciável e obrigatório. Seu poder de agir também se relaciona com sua função de
gerir os bens e serviços públicos, por isso a acepção de dever, mais do que uma
simples faculdade.

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Os principais deveres do administrador público são:


a) poder-dever de agir: esse poder tem caráter de obrigatoriedade,
diferentemente do que é preconizado para o particular, pois é uma faculdade; é
irrenunciável e obrigatório, gerando responsabilização do agente e da Administração
Pública quando o silêncio ou a omissão quando determinada por lei a atuação;
b) dever de probidade: exigência de conduta ética, íntegra, de boa-fé,
honesta e leal com suas atribuições, com a Administração Pública e com a
coletividade;
c) dever de eficiência: lastreado no princípio constitucional que determina a
atuação do agente público com rapidez, perfeição e rendimento, sem negligenciar a
legalidade dos seus atos;
d) dever de prestar contas: o agente público é o representante dos
interesses da coletividade, portanto, tem o dever de prestar contas dos seus atos no
exercício das suas atribuições.

2.1 USO E ABUSO DO PODER

Os agentes públicos, ao exteriorizarem a vontade da administração,


estarão utilizando um poder conferido pelo ordenamento e pela própria Administração,
a fim de colimar os objetivos previamente traçados para o alcance dos anseios sociais.
Os particulares quando detém algum poder de agir, o fazem de regra
facultativamente, o que não corresponde à realidade dos agentes públicos, os quais
possuem o chamado poder-dever de agir, fundado na irrenunciabilidade e na
obrigatoriedade.
As omissões do poder público podem ser questionadas pelos
administrados, para o fim especial de compelir a administração a agir em prol da
coletividade, inclusive estando a sua disposição instrumentos constitucionais próprios,
como o direito de petição, ou mesmo o acionamento da via judicial. Porém há que se
excepcionar as chamadas omissões genéricas da administração pública, a qual se
reveste da possibilidade do julgamento de oportunidade pelo administrador para a
adoção de medidas saneadoras.
O abuso de poder se materializa em duas espécies:
a) excesso de poder: caracteriza-se quando o agente ultrapassa os limites
da sua competência;
b) desvio de poder (finalidade): o agente pratica o ato visando finalidade
pública diversa da prevista legalmente para o ato, ou visando finalidade estranha ao
interesse público.

3. PODERES ADMINISTRATIVOS

A função pública demanda algumas prerrogativas que fundamentam a


possibilidade da intervenção pública nas relações sociais com vistas ao
estabelecimento de um equilíbrio, tendo em vista que a supremacia do interesse
público orienta a ação estatal.
As prerrogativas que a administração pública e seus agentes detêm,
devem estar orientadas pelos princípios administrativos, os quais fundamentam a ação
estatal e as caracterizam pela legalidade e legitimidade dos atos administrativos,
necessários à existência e funcionamento da estrutura pública estatal.
O poder administrativo também se caracteriza por ser irrenunciável e
obrigatoriamente exercido pelos seus titulares. É um verdadeiro poder-dever, já que

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para a administração pública significa uma obrigação de atuar frente ao interesse


público.

3.1 CONCEITO

No dizer de Carvalho Filho (2007): “os poderes administrativos formam um


conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes
administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins”.
Decorre da prevalência do interesse público sobre o privado, já que o
regime jurídico administrativo estabelece uma verdadeira relação vertical entre a
Administração Pública e os particulares, estabelecendo o direito público como base
prioritária entre as relações desenvolvidas entre o Estado e os administrados.

3.2 MODALIDADES

3.2.1 Poder Discricionário

É a espécie de poder administrativo que confere ao agente da


administração pública a possibilidade de orientar sua ação por critérios de
conveniência e oportunidade (mérito administrativo), não obstante ter que obedecer
aos princípios administrativos.
O ato discricionário é aquele em que o administrador tem a prerrogativa
legal de identificar o motivo, escolher o objeto e o momento para sua atuação, desde
que haja alternativas válidas as possibilidades desta escolha. O administrador tem a
sua discricionariedade limitada pela adequação do ato que escolheu e os motivos que
ensejaram esta escolha.
É pacífico o entendimento de que ao Poder Judiciário é vedada a aferição
dos critérios de conveniência e oportunidade utilizados pelo administrador, se a ação
discricionária não tiver avançado os limites da legalidade, haja vista ser própria da
função administrativa a possibilidade de dimensionar sua atuação frente às opções
que se apresentem no caso concreto.
Existem várias posições doutrinárias para justificar a existência do poder
discricionário. A própria dinâmica do interesse público demanda da Administração uma
necessária flexibilidade de atuação, com vistas a acompanhar as demandas sociais.
São as seguintes as situações que autorizam a discricionariedade:
a. determinação legal: ex.: a norma permite a nomeação e a exoneração
de ocupantes de cargos comissionados;
b. omissão legal: não é possível a lei prever todas as situações nas quais a
administração precisaria agir;
c. a lei prevê a competência do agente, mas não define qual a conduta a
ser seguida. Ex.: ações de poder de polícia.
O poder discricionário tem como limites os princípios da legalidade,
razoabilidade e proporcionalidade.

3.2.2 Poder Vinculado

Alguns autores não aceitam como um verdadeiro poder a ação vinculada


da administração pública, tendo em vista que seus limites e contornos são
completamente definidos em lei, não cabendo ao agente encarregado de aplicá-los
nenhuma possibilidade de utilizar-se de discricionariedade para a sua execução.

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Os atos vinculados não possibilitam qualquer prerrogativa ao administrador


para uma atuação orientada pela conveniência e oportunidade, estando sua atuação
definida no instrumento legal que disciplina a respectiva atuação. É chamado por
alguns autores de Poder Regrado.

3.2.3 Poder Hierárquico

É o poder que autoriza a administração pública a escalonar a sua


organização estrutural, estabelecendo as respectivas responsabilidades e atribuições,
seus limites funcionais, o que leva a estabelecer um regime de comando e
subordinação, na medida da localização do órgão ou agente na estrutura formal da
administração pública.
Uma decorrência lógica da hierarquização estrutural da administração
pública é a necessidade da fiscalização das atividades desempenhadas, tanto para
aferição da sua legalidade, quanto em relação ao cumprimento das diretrizes
estabelecidas pelo escalão superior.
Por força desta subordinação, há a possibilidade constante da revisão dos
atos praticados pelos agentes administrativos, podendo inclusive sofrer revogação
(não atenderem à conveniência e oportunidade) ou anulação (eivado de ilegalidade).
Também a delegação e a avocação dos poderes administrativos
outorgados a determinados agentes públicos poderão acontecer. Por delegação
entenda-se a transferência de atribuições de um órgão para outro de menor hierarquia;
a avocação caracteriza-se pela intervenção de órgão superior, chamando para si a
atividade de um órgão subordinado, desde que permitida por lei, a fim de aplicar-se
uma ação administrativa direta.
A aplicação de punições disciplinares, em que pese não ser expressão
direta do poder hierárquico, poderá ser entendida como sua atuação mediata, utilizada
para dar efetividade ao seu exercício, haja vista que o poder disciplinar é sua
decorrência lógica. Pode-se dizer então que, numa relação hierárquica, sempre
poderá haver aplicação de sanções administrativas.
Palavras-chave do Poder Hierárquico:
 Escalonamento vertical;
 Organização estrutural;
 Comando e subordinação;
 Acompanhamento, orientação, controle e revisão dos atos dos
subordinados;
 Delegação e avocação;

3.2.4 Poder Disciplinar

É um consectário lógico do poder hierárquico. Por força do comando e da


subordinação, os órgãos e agentes de hierarquia superior têm o dever de agir
disciplinarmente, quando aqueles colocados em níveis inferiores na escala funcional
tenham comportamentos desviantes dos ditames legais que disciplinam suas
atuações.
A administração pública possui procedimentos específicos para realizar a
apuração das irregularidades funcionais praticadas no âmbito da sua estrutura,
normalmente através de um procedimento administrativo disciplinar, com direito à
ampla defesa e ao contraditório, podendo ensejar medidas punitivas específicas no
âmbito administrativo.

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É necessário o esclarecimento de que as instâncias penal, administrativa e


cível são distintas, estando o agente público sujeito a responsabilização em todas
elas, mesmo que pelo cometimento de um único ato. Como exemplo, temos a ação de
um policial federal que, em serviço, efetua disparos de arma de fogo que vitimam um
inocente; este policial poderá ser responsabilizado administrativamente pelo ato de
realizar disparos de arma de fogo indevidamente, deverá responder penalmente pelas
lesões causadas à vítima e, ainda, poderá ser acionado em regresso pelo Estado,
caso a vítima requeira indenização pelos danos causados.
A doutrina pátria diverge sobre o exercício do poder disciplinar ser
discricionário ou vinculado, porém o STJ já se posicionou a respeito no julgamento do
MS 12.636/DF, DJ 23/09/2008:

“... inexiste aspecto discricionário (juízo de


conveniência e oportunidade) no ato
administrativo que impõe sanção disciplinar.
Nesses casos, o controle jurisdicional é amplo e
não se limita a aspectos formais”.
Não se pode olvidar, porém, que apesar do seu exercício ser obrigatório,
no sentido de não permitir que a Administração Pública transija na sua aplicação,
alguns dos seus aspectos são eminentemente discricionários, mormente quando da
gradação de sanções do tipo suspensão, por exemplo.

ATENÇÃO!!! QUESTÃO CESPE


(CESPE/CETURB/Advogado/2010) Segundo entendimento do STJ, o poder disciplinar
é sempre vinculado, não havendo qualquer espaço de escolha para o administrador,
quer quanto à ocorrência da infração, quer quanto à pena a ser aplicada, razão pela
qual o ato pode ser revisto em todos os seus aspectos pelo Poder Judiciário.

3.2.5 Poder Normativo/Regulamentar

É a prerrogativa que a administração pública possui de editar atos que


visem complementar as leis, a fim de permitir sua efetiva aplicação, explicitando-as ou
provendo os meios efetivos para a sua execução. O poder regulamentar visa à
complementação das leis, nunca sua alteração.
Os atos próprios do poder regulamentar são os decretos, os regulamentos,
as resoluções, as deliberações, as instruções normativas, as normas de ação e as
portarias, sendo os decretos e os regulamentos os chamados atos de regulamentação
de primeiro grau, pois complementam diretamente o disposto nas leis. Aplica-se ao
poder regulamentar o princípio da simetria, estando presente nas diversas esferas
públicas – União, Estados, Municípios e Distrito Federal.
Os atos normativos de complementação não podem criar direitos ou impor
obrigações aos indivíduos, sob pena de ofensa ao princípio da separação dos
poderes, cuja função legislativa é detentora exclusiva desta primazia.
No âmbito federal, os atos normativos complementares poderão sofrer o
controle legislativo, podendo ser sustados através de ato do Congresso Nacional,
quando exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa.
Assim também, obedecendo ao princípio da simetria, as Assembléias Legislativas, as
Câmaras Municipais e a Câmara Distrital, no âmbito das suas atribuições e esferas
poderão fazê-lo, ante aos atos regulamentares dos respectivos poderes executivos

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correlatos. Também o controle judicial poderá ser acionado se estiver patente uma
ilegalidade no texto do ato regulamentar.
Regulamento ou decreto autônomo ou independente – são instrumentos
normativos que, ao contrário dos regulamentos executivos inovam a ordem jurídica.
Não completa nem esclarece nenhuma lei prévia. As únicas hipóteses de expedição
de decretos autônomos estão previstas na Constituição Federal em seu art. 84, VI.

“Art. 84, VI, CF/88:


(...)
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da
administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção
de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos,
quando vagos;

Além dos decretos regulamentares, o poder normativo da Administração se


expressa por meio de regulamentos, resoluções, portarias, deliberações, instruções
normativas editadas por autoridades que não o Chefe do Executivo.

ATENÇÃO!!! QUESTÃO CESPE


(CESPE/TJ-PI/Juiz/2007) O poder normativo, no âmbito da administração pública, é
privativo do chefe do Poder Executivo.

3.2.6 Poder de Polícia

Após o estudo dos conceitos iniciais sobre a matéria, fica claro o


direcionamento da administração pública para o atendimento do princípio da
supremacia do interesse público, tendo a sua disposição prerrogativas necessárias à
implementação da sua função administrativa, utilizando-se de mecanismos positivados
no ordenamento pátrio, conferindo-lhe poderes de direito público, tendo em vista a
obrigação de mediar a relação existente entre o público e o privado.
No dizer do eminente administrativista Celso Antonio Bandeira de Mello, o
poder de polícia se configura na atividade estatal de condicionar a liberdade e a
propriedade ajustando-as aos interesses coletivos, configurando assim o seu sentido
mais amplo. Já no sentido mais estrito, o poder de polícia quer se referir ao trabalho
de polícia administrativa propriamente dita, através dos instrumentos administrativos
definidores de ações específicas do poder público, como alvarás, licenças, cassações,
etc.
Também no seu sentido mais amplo o poder de polícia pode ser
conceituado como uma prerrogativa de direito público, fundamentada na lei, a qual
autoriza a administração pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da
propriedade em favor do interesse da coletividade (SANTOS FILHO/2007).
A conceituação legal do poder de polícia está contida no art. 78 do Código
Tributário Nacional (Dec-lei 5.172/66), o qual o define como:

“a atividade da administração pública que, limitando


direito, interesse ou liberdade, regula a prática de
ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, á
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ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do


mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do
poder público, à tranqüilidade pública ou ao respeito
à propriedade e aos direitos individuais e coletivos.”

O exercício do poder de polícia é dividido entre o Poder Legislativo e o


Poder Executivo, sendo o primeiro incumbido de criar, através da produção legislativa,
as limitações administrativas ao exercício das liberdades públicas, enquanto que o
segundo regulamenta as leis e controla sua aplicação, preventivamente (ordens,
notificações, licenças e autorizações) ou repressivamente (interdições, demolições,
multas). É pacífico o entendimento que o exercício do poder de polícia é privativo de
pessoas jurídicas de direito público, não sendo possível sua delegação a pessoas
jurídicas de direito privado, muito menos a particulares. A questão teve posição
firmada pelo STF no julgamento da ADI 1717/DF, de 07-11-2002, cuja justificativa se
deve ao exercício da coercibilidade, típica do regime de direito público, inexistente nas
pessoas jurídicas de direito privado.

ATENÇÃO!!! QUESTÕES CESPE


(CESPE/TJ-PI/Juiz/2007) Conforme entendimento do STF, o poder de polícia pode ser
exercido pela iniciativa privada.
(CESPE/PC-ES/2009) Também os poderes administrativos, a exemplo do poder de
polícia, podem ser delegados a particulares.

3.2.6.1 Polícia Administrativa e Polícia Judiciária

A atuação da administração pública tem na atuação de polícia


administrativa uma função eminentemente preventiva, que busca atuar de forma a que
os indivíduos se abstenham de práticas potencialmente danosas ao interesse público,
como nas ações de fiscalização em estabelecimentos comerciais ou mesmo nas
atividades de fiscalização de veículos em circulação.
Já a atuação de polícia judiciária atua de forma repressiva, buscando
formatar os procedimentos pré-processuais, ou seja, aqueles que precedem à
atividade punitiva estatal. Assim é que o Delegado de Polícia Civil, quando instaura um
inquérito policial, estará exercendo a atribuição de polícia judiciária, pois busca com a
sua coleta de provas subsidiar a ação do Ministério Público para a oferta da denúncia,
e do próprio Poder Judiciário, na fase processual.

POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA


DIFERENCIAÇÕES
RESTRINGE ATIVIDADES LÍCITAS RESTRINGE ATIVIDADES ILÍCITAS
ATIVIDADE PREVENTIVA ATIVIDADE REPRESSIVA
EXERCIDO POR QUALQUER ÓRGÃO DA EXERCIDO PELO DPF E POLÍCIA CIVIL
ADMINISTRAÇÃO, PM E DPF
ATUA SOBRE BENS, DIREITOS E ATUA SOBRE AS PESSOAS
ATIVIDADES
DIREITO ADMINISTRATIVO DIREITO PROCESSUAL PENAL

3.2.6.2 Atributos do Poder de Polícia

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Para se efetivar, o poder de polícia exibe alguns atributos que visam


garantir a efetividade da sua execução. São eles:
a) Discricionariedade: o poder de polícia é discricionário, pois o
administrador tem a faculdade de elencar as circunstâncias que irão orientar a função
administrativa de fiscalização e controle; uma prefeitura poderá definir, por exemplo,
fiscalizar o comércio informal em determinadas zona da cidade antes de outras;
b) Auto-executoriedade: a administração pública não depende de
provocação para agir, muito menos de manifestação judicial para praticar os atos
constantes da sua atribuição. Significa que a ação de polícia administrativa independe
da manifestação de qualquer outro poder para torná-lo efetivo; é dividida em:
1) Executoriedade (privilège d’action d’office): a Administração pública tem
a faculdade de forçar a execução das suas ordens, de maneira direta, podendo
utilizar-se da força pública para isso;
2) Exigibilidade (privilège du préable): possibilidade da Administração
pública atuar através de meios indiretos de coação ao particular (multas, sinalização,
negativa de licenciamento)
c) Coercibilidade: expressa o caráter impositivo do poder de polícia,
impondo-se a coatividade dos seus comandos, podendo inclusive a administração
pública usar da força para dar efetividade às ações obstadas por particulares.
Também o exercício do poder de polícia configura-se uma atividade
negativa, no sentido de obstar ou reprimir atividades.

ATENÇÃO!!! QUESTÕES CESPE


(CESPE/CETURB/Advogado/2010) Embora a autoexecutoriedade seja atributo do
poder de polícia, a cobrança de multa imposta pela administração traduz exceção a tal
regra, pois, considerado que tal atributo pode ser dividido nos elementos
executoriedade e exigibilidade, falta à sanção pecuniária este último elemento.
(CESPE/AGU/Procurador/2010) Atos administrativos decorrentes do poder de polícia
gozam, em regra, do atributo da autoexecutoriedade, haja vista a administração não
depender da intervenção do Poder Judiciário para torná-los efetivos. Entretanto,
alguns desses atos importam exceção à regra, como, por exemplo, no caso de se
impor ao administrado que este construa uma calçada. A exceção ocorre porque tal
atributo se desdobra em dois, exigibilidade e executoriedade, e, nesse caso, falta a
executoriedade.

3.2.6.3 Meios de atuação

a. Ordem de polícia: comandos expressos instituindo os limites ou as


negações;
b. Consentimento de polícia: anuência do poder público à atuação do
particular para a prática de atividades controladas pela Administração (alvará de
licença ou de autorização);
c. Fiscalização de polícia: verificação das condições estabelecidas pelo
consentimento ou pela ordem de polícia;
d. Sanções do Poder de Polícia:
As sanções administrativas configuram-se em atos punitivos exarados pela
administração pública para responsabilizar os indivíduos por infrações cometidas. As
sanções mais comuns são as multas, as interdições de estabelecimentos, as
cassações de licenças ou alvarás, as apreensões de produtos, etc. Todas as sanções

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

aplicadas demandam a obediência ao princípio da legalidade e ao devido processo


legal aplicado ao caso concreto.

3.2.6.4 Manifestações do Poder de Polícia

▪ LICENÇA - A licença é um ato administrativo vinculado, através do qual a


Administração pública possibilita ao particular a realização de atividades, desde que
sejam cumpridas as correspondentes exigências legais. É o reconhecimento do
exercício de um direito pelo administrado, cuja obediência aos ditames legais
determinam ao poder público a sua concessão. É caracterizada pela definitividade,
porém é possível o estabelecimento de um prazo de validade, haja vista a
necessidade de reavaliação das condições do particular, por exemplo.
▪ AUTORIZAÇÃO - A autorização é ato administrativo discricionário e
precário, através do qual a Administração pública consente no exercício de alguma
atividade controlada, o uso de bem público ou a prestação de serviço público de forma
temporária. Não há direito subjetivo.
As atividades materiais realizadas pela Administração pública são outro
exemplo do exercício do poder de polícia, a exemplo de inspeções, interdições,
apreensões, etc.

3.2.6.5 Limites do Poder de Polícia

O respeito aos direitos fundamentais e os princípios da legalidade, da


razoabilidade e da proporcionalidade.

4. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS

Os princípios são encarados como as orientações fundamentais para a


estruturação de qualquer sistema normativo. Os princípios administrativos têm o
condão de inspirar a atividade pública, reforçando a utilização de valores que
legitimam a atuação da administração pública.
Vários instrumentos legislativos pátrios trazem os princípios orientadores
da administração pública, sendo, por óbvio, a Constituição Federal, o primeiro deles,
em cujo art. 37 estão disciplinados princípios administrativos constitucionalmente
expressos, haja vista estarem positivados no corpo da Carta Magna.
“Art. 37. A administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte..:”

Legalidade - Impessoalidade - Moralidade - Publicidade - Eficiência


- L I M P E -

Não há hierarquia entre os princípios administrativos, a sua aplicação é


conjunta, valendo-se o operador do direito do sistema de sopesamento entre eles, a
fim de identificar aquele que terá maior destaque, sem que os outros sejam afastados,
devendo a análise ser realizada em conjunto.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

4.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Determina que toda a atividade pública deva ser executada em obediência


estrita à lei. Parafraseando o grande Hely Lopes Meirelles, é o princípio da legalidade
que conduz ao entendimento de que, ao particular é permitido fazer tudo o que a lei
não proíbe, enquanto o ente público só poderá agir dentro do que a lei determina, sob
pena de estar cometendo uma ação ilícita.
O princípio da legalidade consolida o estado democrático de direito, de
forma que o Estado não terá poderes absolutos e ilimitados, estando obrigado a
obedecer aos ditames legais impostos para a sua atuação, o que determina uma
diminuição do arbítrio, mesmo sem extinguir completamente a discricionariedade da
ação pública.
Não é exclusivo o posicionamento do princípio da legalidade no art. 37 da
CF/88; o art. 5º inciso II (ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei) também o disciplina, porém aplicável às relações
privadas.
A lei 9.784/99, que disciplina o processo administrativo no âmbito da
administração pública federal, também traz no seu artigo 2º vários princípios
orientadores da administração pública, entre os quais o princípio da legalidade,
reverberando o comando constitucional originário.
“Art. 2° A Administração Pública obedecerá,
dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência.”

Para o Prof. Celso Antônio, pelo princípio da legalidade a atividade


administrativa pode ser considerada “sublegal ou infralegal”, devendo restringir-se à
expedição de comandos que assegurem a execução da lei (atividade secumdum
legem).
Há que se diferenciar o princípio da legalidade do princípio da reserva legal,
na medida em que aquele significa a submissão da administração pública ao império
da lei, no seu sentido mais amplo, enquanto que este último determina que algumas
matérias só poderão ser disciplinadas através do instrumento legislativo próprio, no
caso uma das modalidades de lei (complementar, ordinária, etc.).

4.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

É o princípio que expressa a característica de neutralidade da


administração pública, na medida em que orienta a sua atuação ao atendimento dos
anseios da coletividade, afastando os privilégios pessoais ou corporativos, internos ou
externos.
O alvo da administração pública deve ser sempre a supremacia do
interesse público. A isonomia no atendimento dos interesses da coletividade conduz a
administração a cumprir o seu desiderato, sendo o contrário, um verdadeiro desvio de
finalidade.
A ação da administração pública, como já dito, obedece ao princípio da
impessoalidade também no seu âmbito interno, de forma que o agente público atua
em nome dela, e caso esta atuação infrinja algum regramento legal previamente

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

definido, é a própria administração pública que responde pela ilegalidade e os


prejuízos dela decorrentes, podendo acionar o seu agente em regresso.
O princípio da impessoalidade impõe que a atividade administrativa seja
exercida visando atender a todos os administrados, ou seja, aos interesses da
coletividade, e não aos interesses de determinadas pessoas em detrimento de outras.
Por ele a atuação Administrativa deve ser impessoal, buscando o interesse público
como finalidade e seu norteador. Por isso alguns afirmam que o princípio implícito da
finalidade é corolário dele. Qualquer ato praticado com objeto diverso à satisfação do
interesse público será considerado nulo por desvio de finalidade. O princípio da
impessoalidade tem como consequência direta a observância da finalidade pública dos
atos praticados no âmbito da função administrativa. Ferir a impessoalidade é ferir a
finalidade, e vice-versa.
Por este princípio, também, considera-se que a atuação da Administração
Pública é imputada às pessoas jurídicas que a compõe e nunca às pessoas físicas dos
agentes públicos que atuam em seu nome. Da mesma forma o agente público não
pode se valer das atividades desenvolvidas pela Administração para obter promoção
pessoal (Art, 37, § 1º, CF/88, art. 2º, III, Lei 9.784/99).

“Art. 37 ...
§º A publicidade dos atos, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social, dela
não podendo constar nomes símbolos ou imagens
que caracterizem promoção pessoal de autoridades
ou servidores públicos.”

Identifica-se a incidência do princípio da impessoalidade nos seguintes


aspectos relacionados à ação estatal:
a) vedação ao uso da imagem da autoridade para promoção pessoal;
b) provimento de cargo público efetivo ou de emprego público, através da
realização de concurso público;
c) anulação de ato praticado com desvio de finalidade;
d) respeito ao interesse público em todas as ações desenvolvidas pela
Administração pública;
e) imputação do ato praticado pelo agente ao órgão ou entidade ao qual
pertença;

ATENÇÃO!!! QUESTÕES CESPE


(CESPE/TCU/2007) O atendimento do administrado em consideração ao seu prestígio
social angariado junto à comunidade em que vive não ofende o princípio da
impessoalidade da administração pública.
(CESPE/ME/2008) A inauguração de uma praça de esportes, construída com recursos
públicos federais, e cujo nome homenageie pessoa viva, residente na região e eleita
deputado federal pelo respectivo estado, não chega a configurar promoção pessoal e
ofensa ao princípio da impessoalidade.
(CESPE/TCU/2009) Caso o governador de um estado da Federação, diante da
aproximação das eleições estaduais e preocupado com a sua imagem política,
determine ao setor de comunicação do governo a inclusão do seu nome em todas as
publicidades de obras públicas realizadas durante a sua gestão, tal determinação
violará a CF, haja vista que a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
(CESPE/ANAC/Analista/2009) A inserção de nome, símbolo ou imagem de
autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras, serviços
ou campanhas de órgãos públicos fere o princípio da impessoalidade da administração
pública.

4.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE

A atuação do poder público deve orientar-se por rígidos preceitos éticos e


morais, adotando critérios de honestidade e probidade, estabelecendo com os
administrados uma relação baseada na lealdade e na boa-fé.
A CF/88 atribui ao princípio da moralidade uma importância tal que, no seu
art. 85, V, impõe ao Presidente da República a possibilidade da perda do cargo, caso
aja de forma a ferir este princípio, tendo em vista poder ser-lhe imputado crime de
responsabilidade.
Ainda que subsidiariamente, os princípios da legalidade e da
impessoalidade são vítimas da imoralidade administrativa, seja por estas ações
normalmente serem ilegais ou adotadas com desvio de finalidade, que também as
inquina de ilegalidade.
O ato contrário a moral administrativa pode ser anulado tanto pela própria
Administração Pública como pelo Judiciário, uma vez que a moralidade administrativa
representa verdadeiro pressuposto de legitimação constitucional dos atos emanados
pelo Poder Público.
O § 4º do art. 37 da Constituição Federal disciplina a lesão à moralidade
administrativa e suas conseqüências, que podem incidir sem prejuízo da ação penal
cabível.
“§ 4º - Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ação penal cabível.”

A Lei de Improbidade Administrativa – Lei 8.429/92 – trouxe a disciplina


dos atos de improbidade administrativa e as respectivas sanções. Este assunto será
melhor detalhado em tópico próprio. Constitucionalmente, o instrumento acessível ao
cidadão para o controle da moralidade é a Ação Popular – art. 5º, LXXIII.

“LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima


para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;”

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

4.4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Como decorrência lógica da supremacia do interesse público, estando a


administração pública obrigada a levar ao conhecimento de todos seus atos e
iniciativas, a fim de facilitar o controle e manter permanentemente informada a
sociedade, que de resto é quem se configura o destinatário final de todas as suas
atividades, exsurge o princípio da publicidade como requisito de eficácia dos atos
administrativos.
Pelo princípio da publicidade os administrados poderão aferir a
legitimidade das ações do poder público, bem como discutir a sua legalidade, tendo
em vista a possibilidade do acesso ao conteúdo das definições estratégicas da
administração pública.
Também decorrente do princípio da publicidade, os cidadãos poderão
acessar as informações que julgue necessárias ao exercício da sua cidadania, como a
disciplina do art. 5º, XXXIII, da CF/88, o qual consigna o direito à informação, cuja
materialização se dá através dos direitos de petição e de exigir certidão, encartados
respectivamente no inciso XXXIV, alíneas “a” e “b”.
O princípio da publicidade não é absoluto, haja vista que poderá ser
mitigado em razão de situações resguardadas pelo sigilo, conforme autoriza a própria
CF/88, no seu art. 5º, XXXIII, quando excepciona as situações que preservem a
segurança do Estado e da própria sociedade.

“XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos


públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e
do Estado”

4.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

É o princípio que confere à administração pública a necessidade de


profissionalizar seus agentes, órgãos e atividades, com vistas a atingir os resultados
requeridos pela sociedade de forma efetiva. Foi inserido no corpo da CF/88 através da
Emenda Constitucional nº 19/98, em cujo projeto estava a denominação de “qualidade
do serviço prestado”.
Segundo José dos Santos Carvalho Filho (2007):

“O núcleo do princípio é a procura da


produtividade e economicidade e, o que é
mais importante, a exigência de reduzir os
desperdícios de dinheiro público, o que impõe
a execução dos serviços públicos com
presteza, perfeição e rendimento funcional”.

Pelo princípio da eficiência, a administração pública deve observar sua


aplicação tanto no âmbito interno, na medida em que os processos gerenciais
empregados devem ter um caráter eminentemente profissional, quanto no âmbito
externo, quando sua atividade deve atingir os anseios da coletividade, de forma célere
e correta.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

O princípio da eficiência corresponde ao dever explícito da Administração


Pública e seus agentes realizarem suas atribuições com celeridade, maior
produtividade e perfeição. Busca-se um sistema mais eficiente e rápido. A busca da
eficiência não pode ser justificativa para a relevação dos outros princípios, mormente o
da legalidade. Um bom exemplo da aplicação desse princípio é a avaliação periódica
de desempenho a que se submete o servidor efetivo prevista na Constituição, sob
pena de exoneração. (Art. 40, parágrafo 1°, II, da CF/88).
Essa busca da Administração Pública pela aferição de resultados traduz o
modelo de Administração Gerencial. É a Administração pública se aproximando mais
da administração privada. Um bom exemplo são os contratos de gestão previstos no
art. 37 § 8º da CF/88.
É possível identificar algumas formas de aplicação prática do princípio da
eficiência e as ferramentas de fiscalização utilizadas para o seu reconhecimento:
 gestão participativa (CF, art. 37, § 3º);
 obrigatoriedade para os Estados, União e Distrito Federal da manutenção de
escolas de governo para formação e aperfeiçoamento dos servidores públicos,
constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na
carreira (CF. art. 39, § 2º);
 avaliação especial de desempenho para a aquisição da estabilidade (CF, art. 41);
 possibilidade de perda do cargo pelo servidor, mediante procedimento de avaliação
periódica de desempenho, na forma da lei complementar, assegurada a ampla defesa.
Uma discussão interessante surgiu no mundo jurídico quando da edição da
Súmula vinculante nº 13 pelo STF, posto que, no bojo da sua elaboração, entendeu o
Pretório Excelso que o nepotismo não ofende só a impessoalidade e a moralidade,
alcançando também o princípio da eficiência e o da igualdade. Excetua-se da referida
disposição a vedação a cargo político.

ATENÇÃO!!! QUESTÕES CESPE


A administração privada é sabidamente livre para perseguir as respectivas finalidades
a que se proponha e, assim, a falta de resultados não traz repercussões outras que as
decorrentes das avenças privadas, como ocorre, por exemplo, nas relações
societárias. Distintamente, a administração pública está necessariamente vinculada ao
cumprimento da Constituição e, por isso, os resultados devem ser alcançados, de
modo que se não o forem, salvo cabal motivação da impossibilidade superveniente,
está-se diante de uma violação praticada pelo gestor público, pois aqui existe
relevância política a ser considerada. Diogo de Figueiredo Moreira Neto. Quatro
paradigmas do direito administrativo pós-moderno. Belo Horizonte: Ed. Fórum, 2008,
p. 110-11 (com adaptações). Considerando o texto acima e com base nos princípios
que regem a administração pública, julgue o próximo item:

(CESPE/AGU/Advogado/2009) Com base no princípio da eficiência e em outros


fundamentos constitucionais, o STF entende que viola a Constituição a nomeação de
cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração
pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

(CESPE/AGU/Advogado/2009) Considere que Platão, governador de estado da


Federação, tenha nomeado seu irmão, Aristóteles, que possui formação superior na
área de engenharia, para o cargo de secretário de estado de obras. Pressupondo-se
que Aristóteles atenda a todos os requisitos legais para a referida nomeação, conclui-
se que esta não vai de encontro ao posicionamento adotado em recente julgado do
STF.

(CESPE/IBRAM-DF/2009) Ofende os princípios constitucionais que regem a


administração pública, a conduta de um prefeito que indicou seu filho para cargo em
comissão de assessor do secretário de fazenda do mesmo município, que
efetivamente o nomeou.

TEXTO CONSOLIDADO DA SÚMULA VINCULANTE Nº 13


A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou
por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou,
ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta, em
qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

4.6 OUTROS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS

Além dos princípios administrativos expressos na CF/88, chamados muitas


vezes de princípios administrativos básicos, existem outros que são de obediência
obrigatória para a administração pública, reconhecidos pela doutrina e pela
jurisprudência, e exigidos pela coletividade. A lei 9.784/99, que institui o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, relaciona vários outros
princípios:
“Art. 2° A Administração Pública obedecerá,
dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência.”

Seguem relacionados outros princípios administrativos reconhecidos pela


doutrina e pela jurisprudência brasileiras:

a) Princípio da Supremacia do Interesse Público:

A administração pública deve se orientar pelo interesse de toda a sociedade,


mesmo quando a atividade for interna, esta deverá reconhecer que o fim será sempre
a coletividade. No confronto entre um direito individual e o interesse público, este
último prevalecerá; o que não significa dizer que os direitos individuais serão
desrespeitados ou terão importância menor, apenas serão compatibilizados e
ponderados quando se colocarem em conflito, a fim de que a solução seja direcionada
à defesa da coletividade. Exemplo clássico é o instituto da desapropriação, quando a
administração pública poderá mitigar o direito individual de propriedade, com a justa e
devida indenização, para fim de atender a uma necessidade coletiva. O princípio da
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

supremacia do interesse público determina que as maiorias prevalecem sobre a


individualidade.

b) Princípio da Autotutela:

Por este princípio, a administração pública poderá rever seus atos por
iniciativa própria, quando eles forem considerados inconvenientes ou inoportunos,
ensejando a revogação ou, quando considerados ilegais, anulá-los. Em verdade, trata-
se de um poder-dever da administração pública, de forma que ela não terá escolha
senão atuar frente à ilegalidade ou inconveniência dos seus próprios atos.
Porém deve-se considerar que, em nome da segurança jurídica, apesar da
administração pública poder rever seus atos (inconvenientes ou inoportunos), esta
revisão não poderá atingir direitos adquiridos, posto que vedado a sua desconstituição
por ato revogacional. A invalidação só poderá ser realizada em, no máximo, cinco
anos (prazo decadencial), conforme orienta a lei 9.784/99, que disciplina o Processo
Administrativo no âmbito federal.
O STF editou a súmula 473 a respeito do tema:

“A administração pode anular seus próprios atos,


quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.”

c) Princípio da Indisponibilidade do interesse público:

Os bens e serviços públicos não pertencem aos agentes públicos, nem a


própria administração pública: é a própria sociedade sua verdadeira proprietária e
através de uma outorga socialmente definida, seu patrimônio e serviços são geridos
em seu nome.
Por força desta limitação, a administração pública só poderá dispor dos bens
públicos amparados por autorização legal. Além disso, para preencher seus quadros,
será realizado concurso público, salvo para os cargos em comissão. A licitação púbica
será o instrumento normalmente utilizado para a aquisição de bens para a
administração pública.

d) Princípio da Continuidade:

Os serviços públicos são prestados em nome e em favor da coletividade,


normalmente atendendo a reclames coletivos que demandam uma atividade
ininterrupta, não podendo sofrer solução de continuidade.
Porém, mesmo caracterizados pela essencialidade, os serviços públicos
poderão ser interrompidos, em caráter excepcional, a exemplo daqueles que são
remunerados por tarifa, quando o seu inadimplemento autoriza o prestador,
normalmente dotado de concessão pública, a interromper o fornecimento até a
regularização, como ocorre nos serviços de fornecimento de energia elétrica, telefonia,
água encanada, etc. Pelo princípio da continuidade são estabelecidas limitações à
greve dos servidores públicos civis (art. 37, VII, CF/88) e vedação absoluta à greve
pelos militares (art.142, § 3º, IV, CF/88).

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

Em relação aos servidores públicos estatutários civis, o STF definiu que,


ante a ausência de norma específica disciplinando o direito e, tendo em vista ser
norma constitucional de eficácia limitada, deverá ser aplicada a lei 7.783/89, lei de
greve dos celetistas, naquilo que couber.
A lei 8.987/95, que disciplina as concessões e permissões públicas
fundamenta legalmente algumas exceções ao referido princípio:

Art. 6º, § 3º Não se caracteriza como


descontinuidade da prestação do serviço a sua
interrupção em situação de emergência ou após
prévio aviso, quando:
I – motivada por razões de ordem técnica ou
segurança das instalações, ou;
II – por inadimplemento do usuário, considerado
o interesse da coletividade.

e) Princípio da Segurança Jurídica:

É o que se pode chamar de proteção à confiança, de forma que as


relações com a administração pública devem ser estáveis e previsíveis, ou seja, não
poderá a coletividade ficar exposta a mudanças que interfiram no seu dia-a-dia de
forma aleatória e desarrazoada. Constitui-se numa maneira de estabelecer uma
proteção tanto à confiança, quanto às expectativas legítimas dos administrados, frente
a sua relação com o poder público. A Administração Pública não poderá aplicar
interpretações retroativas a atos já praticados, mudando o entendimento, de forma a
desestabilizar as relações com os administrados.
É o fundamento da preclusão administrativa, que confere a administração
pública o direito de invalidar seus atos no prazo de 5 (cinco) anos, salvo comprovada
má-fé. Mesmo possível revogar seus atos a qualquer tempo, a Administração Pública
só poderá fazê-lo com efeitos prospectivos, vedando-se a interpretação retroativa de
nova interpretação.

f) Princípio da Razoabilidade:

Decorre do juízo de valor conferido ao administrador público, e que o orienta


a decidir pelo que entenda mais aceitável para implementar sob sua gestão.
Existem atos da administração pública que se caracterizam pela
conveniência e oportunidade, são os chamados atos discricionários, os quais veremos
em outro tópico deste estudo, mas que devem ser caracterizados pela sua
razoabilidade.
Na condução das políticas públicas, cabe ao administrador ponderar o nível
de aceitabilidade dos atos que vier a implementar; sua ação deve ter coerência com os
propósitos da gestão e os anseios da coletividade.

g) Princípio da Proporcionalidade:

É o princípio que atribui os limites do poder de atuação do administrador


público, na medida em que, ao reclamar a ação estatal, espera-se que esta seja
proporcional à demanda que a originou.
O princípio da proporcionalidade atende a três fundamentos:

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

1) adequação: cujo significado deve estar atrelado à compatibilidade do


meio empregado aos fins propostos;
2) exigibilidade (necessidade): a ação estatal deve ser necessária e menos
onerosa ao erário e gravosa ao administrado;
3) proporcionalidade em sentido estrito: as vantagens da utilização do meio
escolhido superam as possíveis desvantagens (custo x benefício).
O princípio da proporcionalidade contrapõe-se ao excesso de poder, aliado
ao princípio da razoabilidade, cuja complementaridade se encarrega de delimitar os
limites da atuação da administração pública.

h) Princípio da Finalidade:

Este princípio determina ao administrador a obrigação de atuar com


rigorosa obediência à finalidade específica de cada lei, bem como a finalidade própria
de todas as leis (bem comum).
O fim visado dá legitimidade ao ato administrativo, sendo que a busca de
finalidade não querida pelo legislador conduz ao desvio de finalidade. Está ligado
diretamente ao princípio da impessoalidade.
Assim, para o Direito Administrativo o conceito de legalidade é mais amplo
já que envolve não só a idéia de respeito à lei, como impõe o dever de obediência aos
princípios da finalidade e da moralidade.

i) Princípio da Motivação:

Contemporaneamente entendido como obrigatório, em regra, quando da


prática de um ato administrativo, se concretiza quando a Administração Pública
apresenta a justificativa para o ato, especificando seus fundamentos de fato e de
direito (motivo).
Motivar significa:
(a) mencionar o dispositivo legal aplicável ao caso concreto; e
(b) relacionar os fatos que concretamente levaram à aplicação daquele
dispositivo legal.
Motivação é o texto escrito que acompanha certos atos administrativos nos
quais se expõe as razões de fato e de direito que ensejaram a prática do ato.
O fundamento constitucional da obrigação de motivar está explicito tanto no
art. 1º, II, da CF/88, que indica a cidadania como um dos fundamentos da República,
quanto no parágrafo único deste dispositivo, segundo o qual todo poder emana do
povo. Nestes termos, a motivação é necessária para todo e qualquer ato
administrativo, sendo exigida tanto nos atos vinculados quanto nos atos
discricionários. Em certos atos vinculados a simples menção do fato e da regra de
direito a ser aplicada pode ser suficiente, para estar implícita a motivação, uma vez
que nos atos vinculados os motivos já vêm expressados na lei, de modo que a
aplicação desta é quase automática.
Nos atos discricionários, entre os quais a Administração goza de relativa
liberdade de escolha, inclusive quanto aos motivos, apesar desta ser mérito
administrativo, haverá, com muito maior razão ainda, necessidade de motivação. Tem
se entendido que satisfaz a exigência de motivação se, a esse título, o ato é praticado
em razão do que consta em processo administrativo ou com apoio em determinado
parecer. Nessas situações, o conteúdo do processo e as conclusões do parecer
constituem a motivação dos respectivos atos (STJ, DJU de 06/03/95)

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

No entanto, devemos observar que a própria Constituição Federal abre


algumas exceções ao princípio da motivação obrigatória dos atos administrativos. Tal
como nos cargos em comissão de livre nomeação e exoneração. E, veremos, também,
que o art. 50 da Lei nº 9.784/99 somente exige motivação para os atos administrativos
arrolados no referido dispositivo legal, embora a tendência seja considerar tal rol
exemplificativo.

j) Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa:

Exigência constitucional, prevista no art. 5º, inciso LV, na qual "aos


litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes".
Por contraditório entende-se como a garantia que cada administrado tem
de, num processo judicial ou administrativo, se manifestar e se defender sobre todas
as provas e alegações produzidas pela parte que contra ele demanda.
Já a ampla defesa constitui-se na prerrogativa que possui a parte de usar
todos os meios legais permitidos pelo ordenamento jurídico para provar e defender
suas alegações.

QUESTÕES – CESPE

ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. (CESPE/Analista de Controle Externo – TCU/2004) - A jurisprudência e os costumes


são fontes do direito administrativo, sendo que a primeira ressente-se da falta de
caráter vinculante, e a segunda tem sua influência relacionada com a deficiência da
legislação.

2. (CESPE/Técnico Judiciário / Área Administrativa – STJ – 2004) - O fomento


abrange a atividade administrativa de incentivo a qualquer iniciativa privada que
requisite subvenções ou financiamentos.

3. (Procurador Federal/2002) O Estado e o administrado comparecem, em regra, em


posição de igualdade nas relações jurídicas entre si.

4. (Técnico Judiciário/Área Administrativa-STJ-2004) Enquanto pessoas jurídicas,


órgãos e agentes públicos formam o sentido subjetivo da administração pública, a
atividade administrativa exercida por eles indica o sentido objetivo.

5. (Analista de Sistemas/TCE-PE 2004) O direito administrativo é um ramo do direito


público interno.

6. (Analista de Sistemas/TCE-PE 2004) No Brasil, adotou-se o contencioso


administrativo para julgar os atos da administração pública, ficando esses afastados
da apreciação judicial, salvo as hipóteses expressamente previstas em lei.

7. (Técnico Judiciário/TRE-GO/2005) Atualmente, considera-se que a característica


essencial dos Estados é a separação dos poderes. Em virtude dessa separação, cada
um dos órgãos com funções executivas, legislativas e judiciárias é especializada em
suas funções e não pratica atos com natureza própria dos demais ramos.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

8. (Auditor Fiscal da Receita Estadual/ES-2009) A administração pública,


compreendida no sentido subjetivo como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas
que, por força de lei, exercem a função administrativa do Estado, submete-se
exclusivamente ao regime de direito público.

9. (ABIN/2008) Decorre do poder disciplinar do Estado a multa aplicada pelo poder


concedente a uma concessionária do serviço público que tenha descumprido normas
reguladoras importas pelo poder concedente.

10. (AGU/2009) Em decorrência da aplicação do princípio da simetria, o Chefe do


Poder Executivo estadual pode dispor, via decreto, sobre a organização e
funcionamento da administração estadual, desde que os preceitos não importem
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.

11. (Papiloscopista/DPF-2000) No exercício do poder hierárquico, o superior, em


certas circunstâncias, pode tanto avocar a prática de determinado ato, quanto, ele
próprio, aplicar sanções punitivas a seus subordinados.

12. (Delegado DPF/2002) O poder disciplinar impõe ao superior hierárquico o dever de


punir o subordinado faltoso.

13. (ABIN/2008) O poder de polícia do estado pode ser delegado a particulares.

14. (Escrivão DPF/2004) Com relação ao poder de polícia, julgue o item abaixo.
A. Incide sobre pessoas e atividades, mas não sobre bens.

15. (Agente DPF/2004) A expedição de autorização de porte de arma de fogo constitui


exercício de poder administrativo regulamentar.

16. (AGU/2002) O controle interno das atividades administrativas é um dos meios


pelos quais se exercita o poder hierárquico.

17. (Analista Judiciário/TRT17-2009) O poder de fiscalização do estado sobre a


sociedade, mediante o condicionamento e a limitação ao exercício de direitos e
liberdades individuais, decorre do seu poder disciplinar.

18. (IBAMA-2009) Os atos praticados com esteio no poder de polícia administrativa


possuem os atributos da presunção de legitimidade, autoexecutoriedade e
imperatividade.

19. (Prefeitura de Natal/RN-2008) O regimento interno de um órgão é fruto do poder


hierárquico desse órgão.

20. (CESPE/AGU/Procurador/2010) Interposto recurso administrativo, a autoridade


julgadora federal, que não pode ter recebido essa competência por delegação, pode,
desde que o faça de forma necessariamente fundamentada, agravar a situação do
recorrente.

21. (PROCURADOR DO INSS/1999) O desvio do poder ou desvio de finalidade ocorre

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou
implicitamente, na regra de competência.

22. (Antaq/2009) Suponha que determinada autoridade, com competência para julgar
os recursos administrativos interpostos contra outra autoridade, tenha delegado parte
das suas funções decisórias a uma terceira autoridade. Nesse caso, essa delegação
será válida desde que tenha sido publicada com a devida antecedência.

23. (AGU/2006) A respeito da avocação e da delegação de competência, julgue os


seguintes itens.
I. A avocação de competência é um meio pelo qual a autoridade administrativa situada
em nível hierárquico superior chama para si a competência para solucionar questão
que normalmente caberia a um escalão inferior. Portanto, por configurar abuso de
poder, a avocação é considerada instituto ilegítimo.
II. O ato de delegação, em princípio, retira do delegante o poder de exercer as
atribuições transferidas ao delegado e, por isso, a autoridade delegante deixa de ter a
faculdade de revogar a delegação a qualquer tempo.

24. (Papiloscopista Policial Federal – 2004) - Autorização é uma espécie de ato


administrativo que se baseia no poder de polícia do Estado. É ato unilateral,
discricionário e precário pelo qual a administração faculta ao particular o uso privativo
de bem público, ou o desempenho de atividade material, ou a prática de ato que, sem
esse consentimento, seria legalmente proibido, e cujo exemplo clássico é o porte de
arma.

25. (Técnico Judiciário/TRE 2009) O conceito de serviço público compreende não


somente a execução de determinada atividade, como também sua gestão, que deve
ser desempenhada pelo Estado por intermédio da atuação exclusiva da administração
centralizada.

26. (Analista de Controle Externo/TCU/2007) A Constituição Federal não traz


expresso, em seu texto, o conceito de serviço público, nem tampouco as leis o fazem,
no Brasil. Assim, a conceituação do serviço público deve ser buscada na doutrina.

27. (Analista Judiciário / Área Judiciária – TRE/RS – 2003) - Em linguagem comum,


costuma-se dizer que, quem usa do poder tende a fazê-lo abusivamente. Todavia, o
direito constitucional e o direito administrativo em especial encontram formas de
assegurar que os agentes públicos tenham limites no cumprimento de suas atividades
e funções. Isso se traduz em alguns deveres constitucionais e princípios, que também
não podem ser desconsiderados pela administração pública. Considerando o texto
acima e o disposto a respeito de administração pública, julgue os itens subseqüentes.
A. Enquanto, no desvio de finalidade, a autoridade, embora competente para a prática
do ato, vai além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas, no
excesso de poder, a autoridade pratica atos por motivos ou fins diferentes daqueles
objetivados pela lei ou pelo interesse público.
B. Poder disciplinar é aquele de que dispõe o Poder Executivo para a distribuição e o
escalonamento de funções de seus órgãos, ordenando e revendo a atuação de seus
agentes e estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu
quadro pessoal.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

C. Rever atos de inferiores hierárquicos significa apreciar tais atos em todos os seus
aspectos, para mantê-los ou invalidá-los; já avocar é chamar para si as funções
originariamente atribuídas a um subordinado.

28. (Juiz Substituto – TJBA/2002) - A administração pública, como atividade regida


pelo direito, é sujeita a regras e princípios, como os da moralidade, da legalidade e da
publicidade, entre outros; os princípios reitores da atividade administrativa pública
podem decorrer da Constituição ou do ordenamento infraconstitucional e podem estar
previstos normativamente de maneira explícita ou podem encontrar- se implícitos na
ordem jurídica.

29. (Auxiliar Judiciário / Áreas Administrativa e Judiciária – TJAP – 2004) – A


legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência constituem
princípios expressos do direito administrativo brasileiro.

30. (Promotor de Justiça – MP / MT – 2005) - Para alguns estudiosos, a Emenda


Constitucional n.º 32/2001 deu ao presidente da República o poder de baixar os
chamados decretos autônomos, dentro de certos limites. Independentemente dessa
discussão, é certo que o chefe do Poder Executivo, ao baixar decretos para dispor
acerca da organização e do funcionamento da administração federal, continua
submetido ao princípio da legalidade e não pode, por exemplo, criar nem extinguir
órgãos públicos.

31. (CESPE/ANEEL/2010) - O princípio da moralidade administrativa tem existência


autônoma no ordenamento jurídico nacional e deve ser observado não somente pelo
administrador público, como também pelo particular que se relaciona com a
administração pública.

32. (CESPE/ANEEL/2010) Com fundamento no poder disciplinar, a administração


pública, ao ter conhecimento de prática de falta por servidor público, pode escolher
entre a instauração ou não de procedimento destinado a promover a correspondente
apuração de infração.

33. (CESPE/PGDF/2007-2) O princípio da moralidade possui conteúdo indeterminado,


dada a subjetividade e a indefinição de contornos desse conceito, o qual reclama
densificação em face das situações concretas. Por essa razão, não é juridicamente
admissível o controle judicial da administração pública com base nesse princípio.

34. CESPE/TCU/2009: Os princípios constitucionais, assim como as regras, são


dotados de força normativa. Com base nesse entendimento doutrinário, o Supremo
Tribunal Federal (STF) tem entendido que o princípio da moralidade, por exemplo,
carece de lei formal que regule sua aplicação, não podendo a administração
disciplinar, por meio de atos infralegais, os casos em que reste violado esse princípio,
sob pena de desrespeito ao princípio da legalidade.

35. (Perito Criminal Federal – PF/2004 – Regional - adaptada) - Amanda, ocupante de


cargo público lotado no Departamento de Polícia Federal (DPF), foi condenada
administrativamente à penalidade de advertência por, no recinto da repartição, ter
dirigido impropérios a um colega de trabalho. Com referência à situação hipotética
apresentada acima e considerando que o DPF é um órgão do Ministério da Justiça
(MJ), julgue o item a seguir.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

O ato que aplicou a referida sanção a Amanda configura exercício de poder disciplinar.

36. (Perito Criminal Federal – PF/2004 – Regional - adaptada) - Julgue os item a


seguir, considerando que o Departamento de Polícia Federal (DPF) é um órgão do
Ministério da Justiça que tem competência para apurar infrações penais contra a
ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou
de suas entidades autárquicas e empresas públicas. O DPF exerce atividade de
polícia administrativa, visto que apura infrações penais contra a administração pública
federal.

37. (Delegado de Polícia Federal / 2004) - O abuso de poder, na modalidade de desvio


de poder, caracteriza-se pela prática de ato fora dos limites da competência
administrativa do agente.

38. (AGENTE DA PF/2000) Apesar de as polícias civil e federal desempenharem a


função de polícia judiciária, ambas são órgãos do Poder Executivo e não do Poder
Judiciário.

39. (AGENTE DA PF/2000) Um agente de polícia federal poderia sofrer pena


administrativa de demissão, imposta com base no poder disciplinar, caso indispusesse
funcionários contra os seus superiores hierárquicos. Entretanto, um agente não
poderia sofrer punição administrativa caso tentasse convencer outros agentes a não
executar a ordem do superior hierárquico no sentido de que, durante a noite,
arrombassem a porta de uma residência para cumprir mandado judicial de prisão.

40 (AGENTE DA PF/2000) Se um agente de polícia federal fosse designado para


investigar a prática de corrupção passiva atribuída a ocupantes de cargos
comissionados de autarquia federal, esse agente realizaria a investigação no exercício
do poder de polícia, em razão do que seria indispensável a autorização judicial para a
prática dos atos necessários.

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS

1. (CESPE/TJ-DFT/2008) A Constituição Federal faz menção expressa apenas aos


princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade.

2. (CESPE/MP-AM/2007) A lei que trata dos processos administrativos no âmbito


federal previu outros princípios norteadores da administração pública. Tal previsão
extrapolou o âmbito constitucional, o que gerou a inconstitucionalidade da referida
norma.

3. (CESPE/TCU/Técnico/2007) A administração pública deve obedecer aos princípios


da legalidade, finalidade, razoabilidade, moralidade e eficiência, entre outros.

4. (CESPE/MPOG/2009) Os princípios básicos da administração pública não se


limitam à esfera institucional do Poder Executivo, ou seja, tais princípios podem ser
aplicados no desempenho de funções administrativas pelo Poder Judiciário ou pelo
Poder Legislativo.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

5. (CESPE/MP-RR/2008) Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são


obrigados a observar, de forma estrita, os princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade e publicidade no trato dos assuntos de sua competência.

6. (CESPE/PC-TO/2007) Em toda atividade desenvolvida pelos agentes públicos, o


princípio da legalidade é o que precede todos os demais.

7. (CESPE/TCE-AC/2008) O princípio da legalidade tem por escopo possibilitar ao


administrador público fazer o que a lei permitir. No entanto, esse princípio não tem
caráter absoluto, uma vez que um administrador poderá editar um ato que não esteja
previsto em lei, mas que atenda ao interesse público.

8. (CESPE/PC-PA/Técnico/2007) De acordo com o princípio da legalidade, é permitido


ao agente público, quando no exercício de sua função, fazer tudo que não seja
expressamente proibido pela Constituição Federal.

9. (CESPE/AGU/Advogado/2009) De acordo com o princípio da legalidade, apenas a


lei decorrente da atuação exclusiva do Poder Legislativo pode originar comandos
normativos prevendo comportamentos forçados, não havendo a possibilidade, para
tanto, da participação normativa do Poder Executivo.

10. (CESPE/ME/2008) A inauguração de uma praça de esportes, construída com


recursos públicos federais, e cujo nome homenageie pessoa viva, residente na região
e eleita deputado federal pelo respectivo estado, não chega a configurar promoção
pessoal e ofensa ao princípio da impessoalidade.

11. (CESPE/ANAC/Analista/2009) A inserção de nome, símbolo ou imagem de


autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras, serviços
ou campanhas de órgãos públicos fere o princípio da impessoalidade da administração
pública.

12. (CESPE/PGE-PE/Procurador/2009) De acordo com o princípio da impessoalidade,


é possível reconhecer a validade de atos praticados por funcionário público
irregularmente investido no cargo ou função, sob o fundamento de que tais atos
configuram atuação do órgão e não do agente público.

13. (CESPE/Hemobrás/2008) O princípio da impessoalidade prevê que o


administrador público deve buscar, por suas ações, sempre o interesse público,
evitando deste modo a subjetividade.

14. (CESPE/PC-PA/Técnico/2007) A prática do nepotismo na administração pública,


caracterizada pela nomeação de parentes para funções públicas, pode ser
considerada uma violação ao princípio da impessoalidade.

15. (CESPE/TCE-GO/2007) O nepotismo, por ofender os princípios constitucionais da


impessoalidade e da moralidade, caracteriza abuso de direito, porquanto se trata de
manifesto exercício do direito fora dos limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, o que acarreta a nulidade do ato.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

16. (CESPE/IPOJUCA/Procurador/2009) A vedação do nepotismo não exige a edição


de lei formal para coibir a prática, uma vez que decorre diretamente dos princípios
contidos na CF. No entanto, às nomeações para o cargo de conselheiro do Tribunal de
Contas Estadual, por ser de natureza política, não se aplica a proibição de nomeação
de parentes pelo governador do estado.

17. (CESPE/TCE-AC/2008) O princípio da moralidade administrativa está relacionado


com o princípio da legalidade, mas pode um ato administrativo ser considerado legal,
ou seja, estar em conformidade com a lei, e ser imoral.

18. (CESPE/DFTRANS/2008) Considerada um princípio fundamental da administração


pública, a impessoalidade representa a divulgação dos atos oficiais de qualquer
pessoa integrante da administração pública, sem a qual tais atos não produzem
efeitos.

19. (CESPE/PC-PA/Técnico/2007) Conferir transparência aos atos dos agentes


públicos é um dos objetivos do princípio da publicidade.

20. (CESPE/TCU/Técnico/2007) Em obediência ao princípio da publicidade, é


obrigatória a divulgação oficial dos atos administrativos, sem qualquer ressalva de
hipóteses.

21. (CESPE/TCU/2009) Quando o TCU emite uma certidão, ele evidencia o


cumprimento do princípio constitucional da publicidade.

22. (CESPE/ABIN/2008) Com base no princípio da publicidade, os atos internos da


administração pública devem ser publicados no diário oficial.

23. (CESPE/TRF-2/Juiz/2009) De acordo com o princípio da publicidade, os atos


administrativos devem ser publicados necessariamente no Diário Oficial, não tendo
validade a mera publicação em boletins internos das repartições públicas.

O art. 37, caput, reportou de modo expresso à administração pública apenas cinco
princípios. Fácil é ver-se, entretanto, que inúmeros outros merecem igualmente
consagração constitucional: uns, por constarem expressamente da Lei Maior,
conquanto não mencionados no art. 37, caput; outros, por nele estarem abrigados
logicamente. Celso Antônio Bandeira de Mello. Curso de Direito Administrativo. São
Paulo: Malheiros, 2008, 25.a ed., p. 378 (com adaptações). Com base no texto, julgue
o quesito a seguir:

24. (CESPE/PC-RN/2009) O núcleo do princípio da publicidade é a procura da


economicidade e da produtividade, o que exige a redução dos desperdícios do
dinheiro público, bem como impõe a execução dos serviços com presteza e
rendimento funcional.

25. (CESPE/PC-PB/Delegado/2009) O princípio da eficiência na administração pública


foi inserido no caput do art. 37 da CF apenas com a edição da Emenda Constitucional
n.º 19/1998. Entretanto, mesmo antes disso, já era considerado pela doutrina e pela

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

jurisprudência pátria como um princípio implícito no texto constitucional. Sob o enfoque


desse princípio, o princípio da eficiência, relacionado na CF apenas na parte em que
trata da administração pública, não se aplica às ações dos Poderes Legislativo e
Judiciário.

26. (CESPE/STJ/Técnico/2008) A exigência de que o administrador público atue com


diligência e racionalidade, otimizando o aproveitamento dos recursos públicos para
obtenção dos resultados mais úteis à sociedade, se amolda ao princípio da
continuidade dos serviços públicos.

27. (CESPE/STF/Técnico/2008) Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade


estão previstos de forma expressa na CF.

28. (CESPE/DFTRANS/2008) Segundo o princípio da motivação, os atos da


administração pública devem receber a indicação dos pressupostos de fato e de direito
que determinaram a decisão.

29. (CESPE/ANAC/Analista/2009) São princípios da administração pública


expressamente previstos na CF: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
eficiência e motivação.

30. (CESPE/PC-PA/Técnico/2007) Com base no princípio da segurança jurídica, é


possível a modulação dos efeitos dos atos administrativos ilegais ou inconstitucionais,
de forma a permitir que sejam declarados nulos com efeitos ex nunc.

31. (CESPE/MC/2008) Em exames de avaliação psicológica para seleção de


candidatos a cargos públicos, é inadmissível a existência de sigilo e subjetivismo, sob
pena de afronta aos princípios da publicidade e da legalidade.

32. (CESPE/Prefeitura-ES/2008) A invocação de controle judicial da legalidade de atos


administrativos somente é cabível após o esgotamento das instâncias de controle
interno da administração.

33. (CESPE/TJ-PI/Juiz/2007) A jurisprudência e a doutrina majoritária admitem a coisa


julgada administrativa, o que impede a reapreciação administrativa da matéria
decidida, mesmo na hipótese de ilegalidade.

34. (CESPE/TCE-AC/2009) A Em face do princípio da indeclinabilidade da jurisdição


(CF, art. 5º, inciso XXXV), não se admite a existência da chamada coisa julgada
administrativa, uma vez que sempre é dado ao jurisdicionado recorrer ao Poder
Judiciário contra ato da administração.

35. (CESPE/TJ-PI/Juiz/2007) O princípio do processo judicial que veda a reformatio in


pejus não se aplica ao processo administrativo.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO – INTENSIVO

36. (CESPE/TJ-RJ/Analista/2008) A previsibilidade no emprego do poder, por


instituições e órgãos, previamente estabelecidos, não decorre do princípio da
segurança jurídica.

37. (CESPE/TJ-RJ/Analista/2008) O princípio da ampla defesa e do contraditório tem


sua aplicação, no âmbito administrativo, limitada aos processos administrativos
punitivos.

38. (CESPE/TJ-RJ/Analista/2008) A violação ao princípio da finalidade não gera o


chamado abuso de poder, que é aplicado nos casos em que o ato administrativo é
praticado por agente incompetente.

39. (CESPE/TJ-RJ/Técnico/2008) Enquanto na administração particular é lícito fazer


tudo o que a lei não proíbe, na administração pública só é permitido ao agente fazer o
que a lei autoriza.

40. (CESPE/TJ-RJ/Técnico/2008) A legalidade administrativa é princípio constitucional


implícito e decorre da necessidade de observância da moralidade administrativa nas
relações de Estado.

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