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Sumário

Modalidades de Desvio de Poder ............................................................................................................. 8

Características do Poder de Polícia ................................................................................................................ 16

Modalidade de Aplicação da Administração Pública com Poder de Polícia ............................................. 16

Controle Administrativo do Poder Judiciário e do Ministério Público ......................................................... 23

Reconsideração de Ato ..................................................................................................................................... 34

Queixa ................................................................................................................................................................. 35

Representação ................................................................................................................................................... 35
INTRODUÇÃO

O Estado se organizou para atender ao


interesse público, ao bem estar da coletividade,
para isso a maior Lei do país, a Constituição da
República Federativa do Brasil/ 1988,
estabeleceu regras no Capítulo VII para o
administrador administrar o que é público.

A Administração Pública pode ser


direta ou indireta, dividindo-se da seguinte
maneira: Direta: União, Estados, Distrito
Federal, Municípios; Indireta: Autarquias, Fundações públicas, Sociedade de Economia
Mista e Empresa Pública.

A Administração Pública está consagrada na CRFB/88 no art. 37: “A


administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá, aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CONCEITO

Administração pública é um conjunto das funções desempenhadas para


organizar a administração do Estado em todas as suas instâncias, bem como o conjunto
de normas e leis que se referem a estas funções. Podemos dizer também, que é o
conjunto de agentes estatais, órgãos e serviços que desenvolvem a atividade ou função
administrativa, sejam eles do Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário.

Administração designa tanto uma atividade (material - o quê?) tanto o órgão que
a exerce (orgânica - quem?). Conjunto de órgãos pelos quais se executam as tarefas
públicas.

Persegue sempre o interesse público, que supera o particular.


É a atividade por meio da qual as autoridades públicas provêm à satisfação das
necessidades do interesse público, servindo-se das prerrogativas do poder público.
Os objetivos da administração pública visam atender às necessidades dos
cidadãos daquele Município, Estado, Distrito Federal ou União, tais como educação,
segurança, saúde, etc.

Portanto, é uma atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve com


base no interesse público. Sendo assim, interesse público é o motor da ação
administrativa, essencialmente desinteressada, numa perspectiva de bem comum. Essas
necessidades a que a iniciativa privada não pode responder e que são vitais para a
comunidade como um todo e para cada um dos seus membros constituem o domínio
próprio da Administração: a esfera do INTERESSE PÚBLICO. Logo o interesse público
deve ser o fim último da atuação do administrador, mesmo que haja interesse estatal.

CLASSIFICAÇÂO

A classificação dos órgãos públicos pode ser definida através de diversos


critérios, porém segundo José dos Santos Carvalho Filho, destacamos os mais
importantes:

a) Quanto à pessoa federativa: os órgãos dividem-se em federais, estaduais,


distritais e municipais;

b) Quanto à situação estrutural: Diretivos- aqueles que detêm comando e


direção como função e Subordinados - aqueles que praticam funções rotineiras;

c) Quanto à composição: Os órgãos podem dividir-se em: Singulares - quando


compostos por um só agente ( ex. Chefia do Executivo- Presidente, Governador ou
Prefeito) e Coletivos - quando praticados por vários agentes, são os mais comuns.

PRINCÍPIOS

O que são os princípios no Direito Administrativo? São as bases do modo de agir


da Administração Pública, cabe ressaltar que a Constituição da Republica Federativa do
Brasil/ CRFB/88, consagra princípios básicos para a Administração.
Princípios constitucionais ou explícitos da Administração Pública (Art 37, caput,
CRFB/88) São aqueles que estão expressamente descritos na Constituição da República
Federativa do Brasil (CRFB/88).

 Princípio da Legalidade (Art. 5°, inciso II CF):


“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei.”
Na Administração Pública, só é permitido fazer o que a lei expressamente
autoriza, ao passo que ao particular tudo que a lei não proíba é permitido.
Esta submissão à legalidade não implica em dizer que a Administração
Pública seja mera executora de atos impostos pela norma geral; existe uma “zona
de liberdade” do administrador chamada de juízo discricionário, em que o
administrador examina a conveniência e oportunidade na prática de atos
administrativos, visando o interesse público.

 Princípio da Impessoalidade:
Pressupõe que a Administração Pública não poderá praticar atos que
favoreçam um indivíduo apenas, em detrimento da coletividade.

 Princípio da Moralidade:
Não bastará ao Administrador o cumprimento dos requisitos legais; além
disso, deverá pautar-se pela mais estrita moralidade, ética e razoabilidade no
exercício de suas funções.
Veja o Art. 34, § 4°CRFB: ”Os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade de bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.”
Quando o conteúdo do ato administrativo contrariar a honestidade,
justiça, equilíbrio, respeito à dignidade humana estará ferindo a moralidade
administrativa.
O controle da moralidade na Administração Pública pode ser feito através
de: (i) Ação Civil Pública (Lei 7.347/85), normalmente utilizada pelo MP; (ii) Ação
Popular (Art. 5°, inciso LXXIII, CRFB), instrumento à disposição do cidadão
comum. A Jurisprudência brasileira (STF) consagrou a efetividade deste princípio
em defesa da probidade administrativa: “O agente público não só tem que ser
honesto e probo,mas tem que mostrar que possui tal qualidade...” (RE 160.381 –
SP – Rel. Min. Marco Aurélio Mello – RTJ 153/1.030).

 Princípio da Publicidade:
A publicidade evita os atos arbitrariamente sigilosos, pois que a
Administração Pública maneja interesses, poderes e direitos pessoais; daí a
necessidade de total transparência, pois o Poder emana do povo e em seu nome
deve ser exercido (Art. 1° § 1°CRFB). Materializa-se pela inserção do ato no D.O.
ou por edital afixado em local de divulgação de atos públicos.

 Princípio da Eficiência (Art. 37, § 8° CF):


A EC 19/98 inseriu este princípio no art.37, caput CRFB. A
Administração Pública tem por obrigação executar seu mister com rapidez,
utilizando a melhor técnica existente e obtendo o resultado almejado.
É a imposição à Administração Direta e Indireta atingir o bem comum,
sempre em busca da qualidade, evitando desperdícios e garantindo rentabilidade
social.

Princípios derivados, implícitos, reconhecidos, setoriais ou


infraconstitucionais: São aqueles que não estão expressos na CRFB/88, mas estão
contidos em outras leis:

• Supremacia do Interesse Público sobre o Privado: mesmo quando


aparentemente, tem em vista um fim estatal imediato, o fim último da atuação
deve ser o interesse público. Ex.: desapropriação de bem privado.

 Indisponibilidade dos Bens Públicos pelos Administradores: cabe


a eles apenas geri-los e conservá-los, já que pertencem à coletividade.

 Princípio da Autotutela: Por conta das múltiplas tarefas


desenvolvidas diuturnamente, a Administração Pública comete equívocos a todo
instante. Tais equívocos devem ser reparados, até pela impossibilidade de
permanecer inerte a tais situações.O dever da autotutela enseja a revisão, de
ofício, dos atos ilegais e o reexame de atos discricionários, a fim de mantê-los ou
não.
O STF consagrou o Princípio da Autotutela em duas Súmulas: 376 e 473;
a Lei do Processo Administrativo Federal (9.784/99), em seu art. 53 também
consagra esse princípio:

Art. 53: “A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados
de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.”

• Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos: um serviço


estatal, para que seja rotulado como “público”, deve possuir o atributo da
essencialidade e ser oferecido a todos (universalidade). A consequência desta
afirmação é que um serviço público não pode ser interrompido.

• Princípio da Segurança Jurídica: o constante conflito entre a


legalidade dos atos praticados pela Administração Pública e a estabilidade das
relações jurídicas é a semente deste princípio, que tem na prescrição e
decadência suas principais ferramentas.
O art. 54 da Lei 9.784/99 já adverte a Administração Pública para a
observação da estabilidade das relações jurídicas e a previsibilidade de suas
ações:
Art. 54. “O direito da Administração de anular os atos administrativos de que
decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.”

• Princípio da Razoabilidade: Atrela-se às situações postas e as


decisões administrativas, em que a harmonia, equilíbrio e as possibilidades
ofertadas permitem decisões sensatas.
O agente público deverá observar uma congruência lógica entre a
situação posta diante de si e a decisão a tomar, a mais adequada à situação
concreta.
• Princípio da Proporcionalidade: Fundamenta-se no excesso de
poder, que pode acarretar decisões administrativas que ultrapassem os limites do
razoável, para alcançar os objetivos colimados.
Nesta seara, as decisões dos agentes públicos devem obedecer a três
critérios balizadores: (i) a adequação entre meios e fins; (ii) a proibição de utilizar-
se de meios mais gravosos do que os necessários – vedação do excesso; (iii) a
proporcionalidade em sentido estrito, ou seja, o custo socioeconômico de sua
decisão não poderá ser superior aos benefícios trazidos por esta decisão à
coletividade

Poder - dever

Os poderes administrativos são concedidos aos agentes do Poder Público para


que possam agir com base no interesse público, por isso eles são irrenunciáveis e devem
ser exercidos pelos seus titulares, vedando assim a inércia para que não haja reflexos na
coletividade.

Portanto é uma obrigação do administrador público atuar, sempre em benefício


da coletividade. A Administração Pública está calcada numa ideia de função, em que um
sujeito dispõe de um poder que deve ser utilizado para satisfazer interesse de outrem, a
coletividade.

Desvio (ou Abuso) de Poder:

O Desvio de poder é a utilização de uma competência em desacordo com a


finalidade que lhe preside a instituição. Ocorre quando a autoridade administrativa
cumpre um ato de sua competência, mas em vista de fim diverso daquele para o qual o
ato poderia ser legalmente cumprido.

É a violação jurídica do poder legítimo, para atender a fins diversos dos supostos
na sua investidura. É uma modalidade de abuso de direito. Logo, é a utilização de uma
competência em desacordo com a finalidade que lhe foi concedida. Ocorre quando a
autoridade administrativa cumpre um ato de sua competência, mas com fim diverso
daquele para o qual o ato poderia ser legalmente cumprido.

Modalidades de Desvio de Poder

O agente, servindo-se de competência que possui, busca finalidade alheia ao


interesse público. Ex.: favoritismo, interesse pessoal etc.
O agente, manejando competência que lhe é investida, busca atender
finalidade pública diversa da que a competência investida lhe confere poderes.
Ex.:utilização de orçamento público para fim diverso, improbidade com danos ao
Erário por erro administrativo etc.

Desvio alheio a qualquer finalidade pública: utilizada para dar vazão a


interesses pessoais, normalmente no uso de competência discricionária. De difícil
constatação, demandando investigação sobre a motivação.

Desvio praticado com vistas a um fim legal, mas diverso da competência


investida.

Poderes administrativos em espécie

A) Poder Vinculado: Existem atividades administrativas que estão pautadas


na Lei, conforme visto anteriormente na Unidade II- Atos Administrativos, logo não há
qualquer liberdade quanto à atividade a ser desempenhada, neste caso, o agente
público é um mero executor da Lei, pois ele deve submeter-se inteiramente ao
mandamento legal, ele não tem nenhuma liberdade de escolha, pois a lei não lhe dá
tal possibilidade.

B) Poder Discricionário: É a faculdade que a lei confere à Administração


Pública para apreciar um caso concreto, segundo critérios de oportunidade e
conveniência, e escolher uma dentre duas ou mais soluções, todas válidas perante a
ordem jurídica vigente.

Aplica-se em quatro situações:

 A lei expressamente a confere à Administração;

 A lei é insuficiente e não previu situação nova;

 A lei prevê determinada competência, mas não


estabelece conduta a ser adotada (ex. poder de polícia
fiscalizador)

 A lei utiliza conceitos jurídicos indeterminados (ordem


pública, motivo urgente, notório saber, etc...).
A seara do Direito Público é dominada pela noção de função, de dever da boa
administração, da rapidez, eficiência e do rendimento; a Administração está posta em
uma situação de sujeição ao dever de atingir a uma finalidade.

Deste dever decorre um poder instrumental, absolutamente necessário, para


que sejam atingidas essas finalidades públicas, poder esse que é mera decorrência da
lógica do dever.

A lei pode regular as várias situações possíveis, estabelecendo de antemão


os critérios objetivos em que será aplicada, de modo completo; ou seja, um
comportamento padronizado que o julgador deve obrigatoriamente proceder ao
deparar-se com tal situação. Contudo, raramente as leis chegam a tais detalhes, pois
que a evolução social humana cria situações novas a todo instante. Há casos em que
o Direito se omite em mencionar a situação de fato, utilizando expressões vagas e
abrangentes: ordem pública; notável saber; situação urgente ou relevante. São os
conceitos jurídicos indeterminados.

Deflui então, no comando da norma certa liberdade do agente público em


praticar ou não o comportamento, de determinada forma (caso decida praticá-lo), e em
que momento (o mais propício). Neste caso diz-se que há o juízo discricionário do
administrador.

Como se dá o Uso da Discricionariedade? Determinação ou reconhecimento


da situação fática; Decisão de agir ou não agir; Escolher a ocasião propícia para agir;
Escolher a forma jurídica de agir; Escolher a medida considerada idônea, razoável e
proporcional para aquela situação fática e que satisfaça a determinação legal.

O Que Limita a Discricionariedade? Legalidade (controle judicial), Controle


legislativo, Razoabilidade (sensatez), Proporcionalidade (ponderação).

C) Poder Regulamentar: É a prerrogativa da Administração Pública de


detalhar como será o cumprimento de uma lei, emitindo regulamentos (decretos,
portarias, circulares, instruções normativas etc.).

O regulamento é expedido pelo Poder Executivo, já a lei vem do Legislativo; o


regulamento não cria direitos, apenas descreve como serão
exercidos. Ex.: O Decreto Lei 220/75 cria o Estatuto do servidor Público RJ, instituindo
os direitos e deveres do servidor; já o Decreto 2.479/79, regulamenta tais direitos e
deveres, detalhando como serão concretizados.

O princípio da legalidade atribui ao regulamento caráter estritamente de ato


subordinado, subalterno e dependente de lei. Cumpre ao regulamento resolver o
problema da execução de lei.

D) Poder hierárquico e disciplinar: O poder hierárquico tem como objetivo


ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas, no âmbito interno
da Administração Pública. Ordena as atividades da administração ao repartir e
escalonar as funções entre os agentes do Poder, de modo que cada qual exerça
eficientemente o seu cargo, coordena na busca de harmonia entre todos os serviços
do mesmo órgão, controla ao fazer cumprir as leis e as ordens e acompanhar o
desempenho de cada servidor, corrige os erros administrativos dos seus inferiores,
além de agir como meio de responsabilização dos agentes ao impor-lhes o dever de
obediência.

Pela hierarquia é imposta ao subalterno a estrita obediência das ordens e


instruções legais superiores, além de se definir a responsabilidade de cada um.

Do poder hierárquico são decorrentes certas faculdades implícitas ao


superior, tais como dar ordens e fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar
atribuições e rever atos dos inferiores.

Quando a autoridade superior dá uma ordem, ela determina, de maneira


específica, os atos a praticar ou a conduta a seguir em caso concreto. Daí é
decorrente o dever de obediência.

Já a fiscalizar é o poder de vigiar permanentemente os atos praticados pelos


seus subordinados. Tal se dá com o intuito de mantê-los de acordo com os padrões
legais regulamentares instituídos para a atividade administrativa.

Delegar é conferir a outrem delegações originalmente competentes ao que


delega. No nosso sistema não se admitem delegações entre os diferentes poderes,
nem de atos de natureza política.
As delegações devem ser feitas nos casos em que as atribuições objeto das
primeiras forem genéricas e não fixadas como privativas de certo executor.

Avocar é trazer para si funções originalmente atribuídas a um subordinado.


Nada impede que seja feita, entretanto, deve ser evitada por importar desprestígio ao
seu inferior.

Rever os atos dos inferiores hierárquicos é apreciar tais atos em todos os


seus aspectos para mantê-los ou invalidá-los.

MEIRELLES destaca subordinação de vinculação administrativa. A


subordinação é decorrente do poder hierárquico e admite todos os meios de controle
do superior sobre o inferior. A vinculação é resultante do poder de supervisão
ministerial sobre a entidade vinculada e é exercida nos limites que a lei estabelece,
sem retirar a autonomia do ente supervisionado.

Poder Disciplinar

Faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos servidores, o


poder disciplinar é exercido no âmbito dos órgãos e serviços da Administração. É
considerado como supremacia especial do Estado.

Correlato com o poder hierárquico, o poder disciplinar não se confunde com o


mesmo. No uso do primeiro a Administração Pública distribui e escalona as suas
funções executivas. Já no uso do poder disciplinar, a Administração simplesmente
controla o desempenho dessas funções e a conduta de seus servidores,
responsabilizando-os pelas faltas porventura cometidas.

Marcelo CAETANO já advertia:

"o poder disciplinar tem sua origem e razão de ser no interesse e na


necessidade de aperfeiçoamento progressivo do serviço público."

O poder disciplinar da Administração não deve ser confundido com o poder


punitivo do Estado , realizado por meio da Justiça Penal. O disciplinar é
interno à Administração, enquanto que o penal visa a proteger os valores e bens mais
importantes do grupo social em questão.

A punição disciplinar e a penal têm fundamentos diversos. A diferença é de


substância e não de grau.

O Poder disciplinar decorre do Poder Hierárquico, a estrutura da


Administração Pública contém os cargos de chefes e seus subordinados, o exercício
do Poder Hierárquico permite que as chefias imponham às suas equipes o
cumprimento das tarefas inerentes o serviço público, caso os subordinados não as
cumpram ou as cumpram com ineficiência, entra em ação o Poder Disciplinar, que
permite a orientação, correção ou punição do servidor, chamada de penalidades que
podem ser: advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria, por
exemplo, cabe ressaltar que a exoneração não tem natureza disciplinar, é o direito
unilateral de pedir desligamento por vontade exclusiva da pessoa.

E) PODER DE POLÍCIA: Considera-se poder de polícia atividade da


administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e a
expressão poder de polícia tem um sentido amplo, em que significa toda e qualquer
ação restritiva de direitos individuais oposta pelo Estado.

Em sentido estrito, é a atividade administrativa em que aos agentes públicos


são conferidas certas prerrogativas que consistem no poder de restringir e condicionar
a liberdade e a propriedade. É a chamada polícia administrativa.
Poder de Polícia Administrativa (Exercido pela Polícia Militar)

O poder de polícia administrativo tem como aspecto da Administração os eventos


ou relações jurídicas que geralmente constituiriam de direito particular, mas que a
influência da entidade pública delonga obrigatoriamente, a responsabilidade do regime
jurídico de direito público.

O objetivo da polícia administrativa é a manutenção da ordem pública geral,


impedindo preventivamente infrações das leis. Prova disso é que pode agir
preventivamente, como repressivamente.

Nas duas hipóteses, a sua função é evitar que o comportamento do indivíduo


cause prejuízos para toda a coletividade.

O poder de polícia administrativa protege vários valores como, por exemplo, o


da segurança pública, da ordem pública, tranquilidade pública, de higiene e saúde
públicas, dentre outros com mesmo nível de importância para a Administração Pública.

A Polícia Administrativa tem caráter predominantemente preventivo, atuando


antes de o crime ocorrer, para evitá-lo, submetendo-se essencialmente às regras do
Direito Administrativo.

No Brasil, a polícia administrativa é associada ao chamado policiamento


ostensivo, sendo realizada pela Polícia Militar. Podemos estabelecer que o poder de
polícia do Estado se encontra, tipicamente, nos Órgãos Policiais.

Tal afirmação tem fundamento no artigo 144 da Constituição Federal de 1988


que estabelece as Instituições Policiais que compõem a Segurança Pública em cada
um de seus níveis. Temos ainda, nos parágrafos do artigo que deixam expresso as
atribuições e competências de cada órgão policial.

O Poder de Policia que abrange a Administração Pública precisa ressalvar o


objetivo do interesse público em detrimento do interesse particular.
É de grande valia que a Administração Pública cumpra seus atos com
proporcionalidade, para que não ultrapassem o que a lei permite, observando, assim
os princípios constitucionais.

Portanto, o principio da proporcionalidade atua como limitador. Assim, como


todo ato da Administração Pública, a polícia administrativa mesmo
discricionária, sempre terá limite imposto pela lei e ressaltando sempre o princípio da
proporcionalidade.

Fundamentação

O poder de polícia administrativa tem fundamento no princípio da


predominância do interesse público sobreposto o do particular, oferecendo a
Administração Pública a posição de preeminência sobre os particulares.

Portanto o poder que a atividade da polícia administrativa proclama é o efeito


da sua propriedade de executiva das leis administrativas. No entanto que ao exercer
estas leis, a Administração Pública não tem o dever de deixar de cumprir sua
autoridade indistintamente sobre os cidadãos que permaneçam sujeitos ao império
destas leis.

É dever da polícia administrativa a conservação da ordem, cautela, e amparo


da sociedade, afirmando os direitos singulares e ajudando no cumprimento dos atos e
decisões da justiça.

Portanto é necessário que a polícia faça sua intervenção sem restrições na


ocasião oportuna, razão pelo qual certa flexibilidade ou até mesmo a livre escolha dos
meios é inerente da polícia administrativa.

Partindo, assim, da premissa da vital necessidade do poder de polícia para


manter a ordem de toda sociedade e preservar o interesse público, quando este
estiver ameaçado por interesse particular, concede-se a caráter de discricionariedade
para o poder de polícia, a fim de se atuar conforme os casos concretos requeiram.

Uma vez que cada caso é um caso específico, cada questão deve ser tratada
a partir de sua singularidade, dotando a Polícia Militar com o poder de polícia para
atuar relativamente autônomo.
Características do Poder de Polícia

Discricionariedade: o poder de polícia é discricionário, pois a


Administração Pública exerce sua liberdade de decisão nos parâmetros do
interesse público.
Autoexecutoriedade: as medidas da polícia administrativas são
autoexecutórias, ou seja, a Administração pode promover a obediência a seus
atos independentemente de julgamento ou ordem de execução do Poder
Judiciário. Exemplo: interrupção de espetáculo teatral obsceno sem prévia
declaração judicial; fechamento de planta industrial sob o argumento de
excesso de emanação de gases tóxicos, acima do tolerável.
Coercibilidade: se a atividade corresponde a um poder da
Administração Pública de obrigar todos os administrados a obedecer aos
comandos, podendo a Administração utilizar-se até de força física para fazer
valer seus comandos e vencer resistências.

Modalidade de Aplicação da Administração Pública com Poder de Polícia

Atos Normativos: tem conteúdo genérico, abstrato e impessoal, com ampla


abrangência. São as portarias, resoluções, decretos e equivalentes. Exs: condições de
venda de bebidas alcoólicas em certos locais; proibição de soltar balões;

Atos Concretos: são editados a indivíduos preordenados e identificados.


Podem ser sancionatórios (multas), ou de consentimento (licenças, autorizações).
Subdividem-se em: Consentimentos: é a resposta da Administração em relação a
pedidos de particulares que dependam de uma resposta positiva para legitimar suas
atividades. Ex.: licenças (atos vinculados e definitivos), e autorizações (atos
discricionários e precários). O instrumento desses atos é o alvará ou similares.

Atos de Fiscalização: apresenta o aspecto preventivo (impedimento de dano


à coletividade), e repressivo (face à transgressão de uma norma de polícia, enseja
uma sanção - via de regra multa). Ex.: fiscalização de estabelecimentos comerciais em
relação à sua higiene; segurança de eventos organizados em locais públicos por
particulares; fechamento de estabelecimento comercial sem licença; interdição de
casa de exploração de lenocínio; retirada de veículo que esteja obstruindo a via
pública etc.

Competência para Exercício do Poder de Polícia: A competência originária


é do ente federativo (União, Estados e Municípios); estes entes delegam tais
competências a órgãos ou entidades da Administração Direta (Receita Federal do
Brasil) ou Indireta (Guarda Municipal, ANVISA etc.) para executá-los; tais entidades ou
órgãos têm competência derivada.

Quando a restrição se origina das pessoas federativas, que minudenciam as


leis restritivas, diz-se que está em ação o poder de polícia originário; quando as
atividades restritivas emanam dos agentes e órgãos internos da Administração
Pública, vinculados às pessoas federativas competentes originárias, diz-se que está
em ação o poder de polícia derivado. Essas pessoas recebem delegação para serem
a longa manus do Estado.

Delegação do Poder de Polícia: Essa delegação deve ocorrer em lei formal,


criada pelo Legislativo (em regra). A existência de lei é um pressuposto formal de
validade do poder de polícia administrativa e o delegatário deve ser integrante da
Administração Pública.

Três condições devem ser preenchidas: (i) a pessoa jurídica deve integrar a
Administração Pública Indireta; (ii) a delegação de competência deve ser conferida por
lei; (iii) o poder de polícia deve cingir-se à prática de atos de natureza executória e não
inovadora.

O poder de polícia administrativa não pode ser delegado a particulares, salvo


circunstâncias muito especiais (ex: capitães de navios), pois que não lhes cabe
exercer poderes típicos do Estado, quando estão em jogo valores como a liberdade e
a propriedade.

Alguns atos predecessores de atos de polícia: os chamados credenciamentos


(controle de infrações de trânsito por “pardais”) - não há sanção ou decisão, mas mera
constatação de infração de trânsito. Particulares praticarem atos materiais após os
atos de polícia administrativa: contratação de empresa privada para demolição de
edificação fora das normas do plano diretor do Município.
Controle dos atos administrativos

Visando assegurar que a Administração Pública atue sempre em consonância


com os princípios normativos que lhe são impostos, faz-se necessário que se sujeite
ao controle por parte dos Poderes Legislativo e Judiciário, além de, ela própria,
exercer controle sobre seus atos.

Ressalte-se que todos os Poderes estão sujeitos ao mesmo controle, desde


que os atos emanados deem-se no exercício de função tipicamente administrativa.

Através de instrumentos de ação outorgados pela Constituição, também os


administrados podem provocar o procedimento de controle, visando não só a defesa
de interesses individuais como de interesses coletivos, embora tal controle seja
atribuição estatal.

A Emenda Constitucional número 19/98, inseriu o § 3º no artigo 37,prevendo


formas de participação dos administrados na Administração Pública, necessitando,
porém, da edição de lei que regulamente o dispositivo constitucional, o que ainda não
foi observado pelo legislador pátrio.

Por outro lado, o Ministério Público desempenha importante papel no controle


dos atos administrativos, sendo, hoje, o órgão mais bem estruturado para tal
finalidade, devido às funções que lhe foram atribuídas pelo artigo 129 da Carta Magna,
onde, além da função de denunciar autoridades públicas por crimes praticados no
exercício de suas funções, tem ainda competência para realizar o inquérito civil,
requisitar diligências investigatórias e atuar como autos da ação civil pública, visando
reprimir atos de improbidade administrativa e resguardar interesses coletivos e
difusos.

O poder-dever que a lei atribui aos órgãos públicos de controlar os atos


emanados pela Administração não pode ser renunciado sob pena de
responsabilização de quem se omitiu, sendo que tal controle abrange a fiscalização e
a correção dos atos ilegais, bem como, dos inoportunos ou inconvenientes para o
interesse público.
“[...] pode-se definir o controle da Administração Pública como o poder de
fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário,
Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação
com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico”.

Espécies de controle da Administração

Quanto ao momento em que se efetua, o controle pode ser:

Prévio: ou preventivo (a priori), é o controle que se dá antes da edição do ato


visando impedir que seja praticado ato ilegal ou contrário ao interesse público. Como
exemplo de tal controle, podemos citar a sujeição de determinados atos do Poder
Executivo à aprovação ou autorização prévia do Congresso Nacional ou uma de suas
Casas, por determinação constitucional, insculpida no art. 49, II, III e XV,entre outros.

O controle prévio é o mais antigo, contudo emperra a máquina pública


suspendendo a eficácia do ato até sua análise pelo órgão competente.

Concomitante: trata-se de controle realizado durante a atuação


administrativa. Como exemplo, podemos citar o controle exercido sobre escolas,
hospitais e outros órgãos prestadores de serviços públicos, bem como as auditorias do
Tribunal de Contas.

Tal controle é considerado o mais eficaz, visto que o ato tido como irregular
pode ser sobrestado durante a sua consecução, evitando maior dispêndio para o
erário.

Posterior: ou subseqüente (a posteriori) é o realizado após a edição do ato.


Presta-se para rever os atos já praticados, objetivando corrigi-los, desfazê-los ou
confirmá-los. Como exemplo, temos os atos de aprovação, homologação, anulação,
revogação e convalidação.
É a forma mais comum de controle, e, também, a mais ineficaz, porque a
revisão posterior de um ato ilegal já praticado torna difícil a reparação de danos daí
advindos, assim como a restauração do statu quo ante.

Segundo a posição do órgão controlador, o controle divide-se em:

Controle Interno: é o exercido por cada um dos Poderes sobre os seus


próprios atos e agentes. Por ser exercido pelo próprio órgão que emanou o ato,
naturalmente o controle examina o mérito do ato, com reexame sobre sua
conveniência ou oportunidade, além de examinar, também sua legalidade.

Este controle encontra respaldo no art. 74, da Constituição Federal,devendo


auxiliar o controle externo, e ser exercido sob pena de responsabilidade solidária dos
responsáveis pelo controle, quando, ao tomarem conhecimento de irregularidade,
deixarem de dar ciência ao Tribunal de Contas.

Controle Externo: realiza-se por órgão estranho ao que emanou o ato, a


exemplo do realizado pelo Tribunal de Contas, pelo Poder Judiciário e pelo Legislativo.

Os doutrinadores costumam asseverar que não há Estado democrático onde


não haja um órgão de controle com a missão de fiscalizar a atuação da Administração
e garantir o respeito aos princípios norteadores de seu atuar.

O controle externo pode ser exercido, ainda, pelos administrados, através de


meios processuais comuns como o Mandado de Segurança e a Ação Popular, sendo
que a Magna Carta prevê, também, em seu artigo 31, § 3º, que as contas do Município
fiquem à disposição dos contribuintes, anualmente, durante sessenta dias, para
possibilitar seu exame e apreciação, podendo ser questionada a legitimidade nos
termos da lei, a qual ainda não foi editada, o que, porém, não impede o exercício do
referido controle.
Quanto ao aspecto da atividade administrativa a ser controlada, o controle
pode ser de:

Legalidade: ou legitimidade, destinando-se a verificar se o ato controlado


está conforme o ordenamento jurídico que o regula, entendendo-se como normas
legais que regem os atos administrativos, desde as disposições constitucionais até as
instruções normativas advindas do órgão emissor do ato controlado.

Este tipo de controle pode ser exercido pelos três Poderes, ressaltando-se
que o Executivo o exercita de ofício ou mediante provocação recursal, o Legislativo
somente nos casos expressos na Constituição e o Judiciário através de provocação
por meio da ação adequada.

Pelo controle de legalidade, o ato ilegal ou ilegítimo é anulado.

Mérito: avalia não o ato, mas a atividade administrativa, visando aferir se o


administrador público alcançou o resultado pretendido da melhor forma e com o menor
custo para a Administração, e se o ato é conveniente e oportuno para atingir o
interesse público buscado pela Administração.

Compete, normalmente, à própria Administração, salvo casos expressos na


Constituição,quando cabe ao Legislativo, mas nunca ao Judiciário.

Quanto ao órgão que o exerce, o controle pode ser:

Administrativo: trata-se de controle de mérito e de legalidade exercido pela


Administração sobre seus próprios atos, visando mantê-los dentro da lei e adequados
às necessidades do serviço e às exigências técnicas e econômicas para sua
realização.

O controle administrativo emana do poder-dever de fiscalização que a


Administração detém sobre seus próprios atos e agentes. Este controle dá-se pelos
órgãos superiores sobre os inferiores (controle hierárquico próprio), com auxilio de
outros órgãos incumbidos de julgamento dos recursos (recurso hierárquico impróprio)
ou através de órgãos especializados para determinadas matérias (controle técnico de
auditorias), sendo tais órgãos, sempre, pertencentes à própria Administração.
Através do referido controle, os atos ilegais são anulados e os atos legais,
porém inconvenientes, inoportunos ou ineficientes são revogados ou alterados,
quando possível sua modificação, podendo ainda, a Administração, aplicar punições
estatutárias a seus agentes quando agem com culpa no desempenho de suas
funções.

O Poder Judiciário reconheceu este poder ao editar as Súmulas 346 e


473.

O poder de autotutela da Administração permite-lhe o exercício do controle


administrativo, como forma de manter seus atos dentro da observância dos princípios
a que está vinculada, sendo exercido exofficio, quando a autoridade competente
verifica a ilegalidade de ato próprio ou editado por subordinados e provocado quando
os administrados interpõem recursos administrativos.

A Administração possui ampla faculdade de anular seus atos ilegais, podendo


fazê-lo de ofício ou por provocação, através da própria autoridade que editou o ato ou
por seu superior hierárquico, sempre que este tiver conhecimento do ato, seja através
dos recursos administrativos, seja por avocação nos casos regulamentares.

A própria lei determina a obrigação da Administração de rever seus próprios


atos, quando editados com algum vício, ou quando se apresentarem inconvenientes
ou inoportunos.

Por outro lado, devemos atentar para o disposto no artigo 54, da Lei nº
9.784/99, que trata do prazo de que dispõe a Administração para anular seus próprios
atos quando deles advierem efeitos favoráveis a terceiros, para preservar a boa-fé dos
mesmos, tendo em vista que os atos administrativos possuem presunção de
legitimidade.
Controle Administrativo do Poder Judiciário e do Ministério Público

O controle da atuação administrativa e financeira e do cumprimento dos


deveres funcionais do Poder Judiciário e do Ministério Público, após a edição da
Emenda Constitucional 45/2004, passou a ser exercida pelo Conselho Nacional de
Justiça e pelo Conselho Nacional do Ministério Público, respectivamente, competindo-
lhes zelar pela aplicação das leis relativas ao Judiciário e ao Ministério Público.

Deve-se ressaltar que não se trata de controle externo, uma vez que os
referidos Conselhos integram a instituição controlada, não prejudicando o controle
externo exercido pelos Tribunais de Contas, limitando-se, o controle dos citados
órgãos, aos atos e a atividade administrativa do Judiciário e do Ministério Público, não
abrangendo os atos jurisdicionais ou judiciais propriamente ditos.

A referida Emenda Constitucional 45/2004, criou ainda, as ouvidorias,


objetivando provocar a atuação dos Conselhos Nacionais de Justiça e do Ministério
Público, através de reclamações e denúncias de quaisquer interessados.

Legislativo: ou parlamentar, trata-se de controle eminentemente político e


financeiro, objetivando a proteção dos interesses do Estado e da Comunidade,
exercido pelos órgãos legislativos, (Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e
Câmaras de Vereadores) ou por Comissões Parlamentares, analisando a legalidade e
a conveniência pública de determinados atos do Executivo.

Este controle é exercido dentro da expressa previsão constitucional de forma


a evitar a interferência de um Poder sobre outro, preponderando o equilíbrio entre os
Poderes, no chamado sistema de pesos e contrapesos, que impõe o controle dos atos
de um Poder por outro, como por exemplo, na aprovação do orçamento e na
fiscalização de sua execução.

O controle legislativo manifesta-se ainda, através do disposto no artigo 50,que


trata da possibilidade de convocação de autoridades e pedidos de informações por
escrito e no § 3º do artigo 58, da Constituição Federal, que
regula as atividades desempenhadas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito.

Em relação à fiscalização financeira, orçamentária e contábil, o Poder


Legislativo conta com o auxílio do Tribunal de Contas.

“[...] ao Poder Legislativo compete a fiscalização financeira,


orçamentária, contábil, operacional e patrimonial dos demais Poderes,
instituições e órgãos encarregados da administração de receitas e
despesas públicas. Essa função conta com o auxílio do Tribunal de
Contas.”

Judicial: é o controle exercido privativamente pelo Poder Judiciário sobre os


atos da Administração, visando preservar a legalidade dos referidos atos. Tal controle
abrange os atos do Poder Executivo, do Legislativo e do próprio Judiciário quando
emanam atos de natureza administrativa.

Sendo a legalidade do ato administrativo a condição primeira para a sua


validade, importante se faz o controle de tais atos para garantir sua adequação com as
normas pertinentes (princípio da legalidade), com a moral da instituição (princípio da
moralidade), com a destinação pública (principio da finalidade), com a divulgação
necessária (princípio da publicidade) e com o rendimento funcional e presteza
(princípio da eficiência). Ao desviar-se ou contrariar qualquer desses princípios, a
Administração edita ato viciado de ilegalidade, o que o torna passível de anulação,
pelo Poder Judiciário, se provocado, ou pela própria Administração.

Para requerer a reparação de danos advindos de atos públicos ilegais, os


particulares dispõem de ações específicas, como, o Mandado de Segurança, a Ação
Popular, a Ação Civil Pública, o habeas corpus,o habeas datae as ações de controle
concentrado de constitucionalidade, exceto a ação declaratória de constitucionalidade,
além das vias judiciais comuns.

É pacífica, em nossa doutrina, a possibilidade de anulação dos atos ilegais


tanto pela própria Administração quanto pelo Poder Judiciário.
“Anulação é a declaração de invalidação de um ato administrativo ilegítimo ou
ilegal, feita pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário...

...O conceito de ilegalidade ou ilegitimidade, para fins de anulação do ato


administrativo, não se restringe somente à violação frontal da lei. Abrange não só a
clara infringência do texto legal como, também, o abuso, por excesso ou desvio de
poder, ou por relegação dos princípios gerais do Direito, especialmente os princípios
do regime jurídico administrativo.”

O Poder Judiciário, ao exercer o controle judicial, pode anular os atos ilegais


editados pela Administração, sempre que levados à sua apreciação pelos meios
processuais cabíveis, sendo que a revisão é ampla, ou seja, a única restrição é quanto
ao objeto do julgamento que se restringe ao exame da legalidade ou da lesividade ao
patrimônio público, não podendo adentrar no mérito de conveniência e oportunidade
para a edição do ato pela Administração.

Uma vez anulado o ato ilegal, pela Administração ou pelo Poder Judiciário, o
pronunciamento gera efeitos extunc, desfazendo todos os vínculos entre as partes,
porque ato nulo não gera direitos ou obrigações.

Em alguns casos, excepcionalmente, visando preservar o princípio da


segurança jurídica e da boa-fé dos administrados ou dos servidores, os efeitos podem
ser ex nunc, isto é, a partir da decisão de anulação do ato, isto se encontra previsto,
inclusive, no artigo 27, da Lei 9.868/99.

Importante se faz, ainda, atentar para as restrições colocadas ao Judiciário,


quando do conhecimento de atos políticos, assim entendidos aqueles praticados por
agentes do Governo, no uso de competência constitucional, os quais destinam-se à
condução dos negócios públicos e fundam-se em ampla liberdade de apreciação de
conveniência e oportunidade, devendo, o controle judicial, dar-se apenas sobre a
apreciação quanto a lesividade a direito individual ou ao patrimônio público, não
adentrando nos fundamentos políticos do ato.

Quanto aos atos legislativos, aí compreendidas as leis propriamente ditas,


para serem passíveis de anulação pelo Judiciário, necessário se faz a utilização das
vias especiais da ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de
constitucionalidade, tanto para a lei em tese como para os demais atos normativos,
uma vez que os mesmos não atingem direitos individuais, pois tratam-se de regras
gerais e abstratas, não podendo ser atacados por ações ordinárias ou Mandado de
Segurança.

Entretanto as leis e decretos de efeitos concretos, como, por exemplo, leis


que extinguem vantagens a servidores públicos podem ser atacadas pelos
procedimentos comuns e por Mandado de Segurança, uma vez que já trazem em si os
resultados objetivados pela Administração.

Também os chamados atos interna corporis das Câmaras estão vedados à


apreciação judicial comum. Tais atos devem ser entendidos como aqueles que
encerram assuntos e questões referentes à economia interna da corporação
legislativa, aos seus privilégios e à formação ideológica da lei, os quais ficam adstritos
à exclusiva apreciação e deliberação do Plenário da Câmara.

Porém, a vedação se dá apenas quanto às deliberações da Câmara em seu


mérito, podendo o Judiciário apreciar sua conformidade com as disposições
constitucionais, regimentais e legais para a emissão do ato praticado.

Privilégios da Administração Pública em Juízo

Ao fazer parte de uma demanda judicial, a Administração Pública possui


certos privilégios não reconhecidos aos particulares, desnivelando as partes na
relação jurídica.

Alguns desses privilégios são:

Juízo privativo: as causas envolvendo a Fazenda Pública Federal serão


julgadas perante a Justiça Federal, compreendendo os Juízes Federais e os Tribunais
Regionais Federais, sendo que tal privilégio beneficia a União,
entidade autárquica ou empresa pública, excluídas as sociedades de economia mista
e as fundações governamentais de direito privado. Excetuam-se as causas referentes
à falência e acidentes de trabalho, que são julgadas pela Justiça Comum e as relativas
à Justiça do Trabalho e Eleitoral.

Prazos dilatados: de acordo com o disposto no artigo 188 do Código de


Processo Civil, a Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em quádruplo para
contestar e em dobro para recorrer, sendo tais privilégios estendidos às autarquias e
fundações públicas, por força do disposto no artigo 10, da Lei nº 9.469 de 10 de
setembro de 1997.

Duplo grau de jurisdição: as sentenças proferidas contra a União, o Estado,


o Distrito Federal, o Município e as respectivas autarquias e fundações de direito
público, bem como, as que julgarem procedentes, no todo ou em parte, os embargos à
execução de dívida ativa da Fazenda Pública, somente produzirão efeito depois de
confirmadas pelo Tribunal, para tanto, ao proferir a sentença, o juiz ordenará a
remessa dos autos ao Tribunal, haja ou não recurso voluntário da parte vencida,
podendo o referido Tribunal avocá-los, em caso de ausência da remessa obrigatória.

Prescrição quinquenal: todas as dívidas passivas da União, dos Estados e


dos Municípios, bem como qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal,
Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos
contados da data do fato do qual se originaram, estendendo-se, tal privilégio, às
dívidas passivas e todos direitos e ações contra as autarquias ou entidades e órgãos
paraestatais criados por lei e mantidos mediante recolhimento de taxas, impostos ou
quaisquer contribuições.

Entretanto não se aplica a prescrição quinquenal quando tratar-se de ação


real, porque se assim não fosse, poderia ocorrer a aquisição, pela Administração, de
imóvel alheio no prazo de cinco anos, constituindo usucapião especial não previsto em
nosso ordenamento jurídico.
Pagamento de despesas judiciais: as despesas dos atos processuais
efetuados a requerimento da Fazenda ou do Ministério Público, serão pagas ao final
pelo vencido.

Também em relação ao depósito prévio para a interposição de recursos, as


pessoas jurídicas de direito público, nas três esferas, estão dispensadas de fazê-lo.

Direito Administrativo Disciplinar Militar

As relações que ocorrem entre a Administração Pública Militar, seja Estadual


ou Federal e seus integrantes, necessitam de uma parte especial do direito, pois com
o advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, foi dado a ele
um novo status, com princípios próprios, pois as regras anteriores não estavam de
acordo com o surgimento do Estado Democrático de Direito.

Sendo assim, novas regras foram introduzidas ao Direito Administrativo, para


assegurar aos militares os princípios consagrados no art. 5º, inciso LV, da Carta
Política, a ampla defesa e o contraditório, portanto o devido processo legal, como
ocorre no processo judicial.

Sabemos que a liberdade é a regra e a prisão é a exceção de acordo com os


princípios constitucionais e também aos tratados internacionais, ratificados pelo Brasil,
como por exemplo, a Convenção Americana de Direitos Humanos e na dúvida, deve
ser aplicado o princípio da inocência, de acordo com o art 5º, inciso LVII da CRFB/88.

Cabe ressaltar, que a hierarquia e a disciplina são os fundamentos básicos


das Instituições Militares e que algumas regras anteriores do Direito Administrativo
Disciplinar foram recepcionadas devido à conformidade com a nova ordem jurídica.
Mas quando a Administração Militar é acionada? A partir da prática de uma
transgressão disciplinar, na qual os militares que integram a sociedade brasileira são
os destinatários de regras especiais, que tem como objetivo manter a integração
harmônica da Corporação.

Estas regras especiais são: regulamentos disciplinares, que estabelecem as


normas de relações dos militares com seus administrados e também nas relações com
a Administração Pública Militar.

O Estado tem o direito de punir o servidor (jus puniendi) e isto só ocorrerá


após o processo administrativo disciplinar competente, havendo assim uma relação da
sociedade civil com as Corporações Militares e os seus integrantes na busca da
aplicação da justiça.

Ato administrativo disciplinar militar: É a materialização da Administração


Pública Militar, através de ações de forma unilateral, seja o ato administrativo
vinculado (aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua
realização) ou discricionários (praticados pela Administração com liberdade de escolha
de sua conveniência e oportunidade), para aplicação de sanção disciplinar com base
no interesse da coletividade, atingindo os fins a que se propõe.

Portanto, o ato administrativo militar pode ser conceituado como todo aquele
proveniente da Administração Militar que, agindo nesta qualidade, tenha por fim
extinguir, modificar, resguardar, transferir, adquirir situação jurídica ou imposição de
obrigações em relação aos militares ou integrantes.

Requisitos dos atos disciplinares militares:Assim como o ato


administrativo, o ato administrativo disciplinar militar segue os mesmos cinco requisitos
de validade que a doutrina geralmente se refere: competência, forma, finalidade,
motivo, objeto, com base na legalidade e razoabilidade. Noça) Competência: A
competência é o poder que a lei outorga ao agente público para desempenho de suas
funções, sendo ela sempre um elemento vinculado, só haverá validade se for
praticado por agente competente.

b) Forma: É o revestimento exterior do ato administrativo disciplinar, é


através dela que os interessados ou destinatários tomam conhecimento do ato
disciplinar. Ela é sempre vinculada, sendo normalmente escrita, caso não ocorra esta
observância, o ato administrativo militar se tornará nulo ou inexistente.

c) Objeto: É o conteúdo do ato, sua disposição jurídica, portanto no ato


administrativo militar, a pena disciplinar é o objeto, no qual a Administração Pública
exerce sua vontade.

d) Motivo: É o pressuposto de fato ou de direito que determina ou autoriza a


realização do ato administrativo, portanto é a causa que determina a punição, pode ser
discricionário ou fixado em lei.

e) Finalidade: É o objetivo de interesse público que deve atingir, é o resultado


que a administração deseja com a prática do ato, é a lei que define a finalidade a ser
atingida pelo ato administrativo.

Não há liberdade para à administração publica: “o desvio de finalidade se


verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, na regra
de competência”. O requisito finalidade está diretamente ligado ao princípio da
impessoalidade, portanto o requisito finalidade deve estar sempre com a preservação
da hierarquia e disciplina, em benefício do próprio servidor punido e da coletividade.

Princípios aplicáveis ao Direito Disciplinar Militar

O estabelecimento das constituições escritas tem a finalidade de impor limites


ao poder político sob pena de desrespeito a um verdadeiro Estado de Direito.

O militar seja ele federal ou estadual, possui os mesmo direitos assegurados


ao civil, quando é levado a julgamento devido a prática de um ilícito (administrativo,
penal ou civil).

a) Princípio da Legalidade: (art. 5º inciso II e caput do art. 37 da CRFB/88)


Além de estar previsto no capítulo dos Direitos e Garantias
fundamentais, da CRFB/88, está previsto também no art. 37 que trata da
Administração Pública.

Tal princípio visa combater o poder arbitrário do Estado, logo ele mais se
aproxima de uma garantia constitucional do que um direito individual.

O Princípio da Legalidade é a submissão e respeito à lei, logo todos os


comportamentos humanos estão sujeitos ao princípio da legalidade, assim como o ato
disciplinar militar também se subordinará a lei, pois a atuação discricionária da
Administração Pública deve estar sempre dentro dos limites legais.

b) Princípio da razoabilidade: Já observamos que em determinadas


situações, previstas em lei, a Administração Pública pode utilizar-se, a guisa de atuar
com mais eficiência, decidir segundo critérios de conveniência e oportunidade,
optando por mais de um caminho; é a chamada discricionariedade administrativa.

Contudo, essa flexibilidade para decidir não implica na possibilidade do


agente público decidir de modo irracional, fora da sintonia com o senso normal das
pessoas equilibradas e desrespeitando as finalidades de suas competências. As
condutas bizarras, incoerentes, imprudentes, insensatas são ilegítimas e juridicamente
invalidáveis, portanto desarrazoadas.

O princípio da razoabilidade fundamenta-se na legalidade e finalidade e prevê


que o agente público, no exercício de sua competência discricionária, utilize o bom
senso e escolha a decisão mais adequada à situação que se apresenta.

O razoável supõe equilíbrio, moderação e harmonia, repelindo arbitrariedade,


caprichos, corresponde ao senso comum vigente em determinado contexto histórico
social e econômico de determinada coletividade de indivíduos, convivendo sob
sistema jurídico organizado.

c) Princípio da ampla defesa e do contraditório: O art. 5º , inciso


LIV, da CRFB/88, consagra que : “ Ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal.” E também, nos incisos LV e LXI,
dispões dobre a ampla defesa e o contraditório. O militar seja federal ou estadual no
exercício de suas atividades constitucionais fica sujeito ao Código Penal Militar,
Código de Processo Penal Militar, Estatuto dos Militares e os regulamentos
disciplinares, portanto às leis especiais.

d) Princípio da Publicidade: O conhecimento das regras é fundamental


para que os atos administrativos sejam transparentes, consagrando assim o nosso
Estado democrático de direito. ( Art. 37, caput da CRFB/88)

e) Princípio da Oficialidade: Através deste princípio são feitas diligências,


investigação de fatos, solicitação de laudos, a Administração Pública pratica estas
ações sempre com base no interesse público.

f) Princípio ao respeito às formas e procedimentos legais: Com base na


moralidade administrativa, os procedimentos devem seguir o rito estabelecido na lei,
que tem características semelhantes ao que ocorre no campo penal.

g) Princípio da Verdade Real: Apesar deste princípio não ser um princípio


constitucional explícito para o processo administrativo, no campo disciplinar ele é
observado em relação a preceitos constitucionais como a moralidade, dignidade da
pessoa humana, impessoalidade, segurança jurídica, entre outros, portanto uma
medida de justiça com a busca da verdade material.

Cabe ressaltar, que a Administração Pública representada na figura do seu


administrador, deve conhecer as novas provas apresentadas que caracterizem a
ilicitude em qualquer tempo do processo.

A aplicação adequada deste princípio na seara disciplinar militar consagra a


plena legitimidade democrática nas eventuais sanções impostas ao administrado.

O direito disciplinar militar está atrelado aos Regulamentos Disciplinares


das Instituições Militares, seguindo não só os princípios e regras gerais da
Constituição Federal e do direito administrativo, mas também do direito penal e
processual penal militar.
Processo administrativo disciplinar militar- PAD

Procedimento administrativo é uma seqüência de atos ordenados para o


alcance de uma finalidade almejada pela Administração Pública. É o transcurso
percorrido pelo agir estatal. O processo, por sua vez, se configurará em duas
situações: quando o procedimento venha a acarretar efeitos jurídicos às pessoas,
desencadeando a participação destas em contraditório, bem como, quando o
procedimento resultar em uma acusação.

O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) é a análise da conduta do militar


seja ele Federal ou Estadual, devido a prática, em tese, de uma transgressão
disciplinar já estabelecida no regulamento disciplinar com base no art. 5º, inciso LXI da
CRFB/88: “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.”

Cabe ressaltar, que as punições militares não podem ser disciplinadas


somente com base na hierarquia e disciplina, tanto o contraditório e a ampla defesa
devem ser respeitados, pois são garantias da CRFB/88 para qualquer processo seja
judicial ou administrativo.

Na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro o PAD é subdividido em duas


espécies, processo administrativo sumaríssimo: caso do Documento de Razões de
Defesa (DRD), onde é garantida o contraditório e a ampla defesa, nos casos em que
se vislumbra uma transgressão da disciplina que não enseja demissão, exclusão ou
licenciamento; e o processo administrativo disciplinar propriamente dito, que se
subdivide em três tipos, de acordo com o efetivo tempo de serviço do militar a quem é
imputado uma transgressão de natureza grave, são eles: o Conselho de Justificação,
no caso dos oficiais, Conselho de Disciplina, praças com estabilidade (mais de dez
anos de efetivo serviço) e praças especiais; e Comissão de Revisão Disciplinar, para
as praças sem estabilidade (menos de dez anos de efetivo serviço).
O Conselho de Justificação (CJ) é regulamentado pela Lei nº 427, de 10 de
junho de 1981, o Conselho de Disciplina (CD) pelo Decreto n° 2.155 de 13 de outubro
de 1978 e a Comissão de Revisão Disciplinar (CRD), pela Portaria/PMERJ nº 407, de
10 de fevereiro de 2012. Subsidiariamente, aplica-se a Lei nº 5.427, de 01 de abril de
2009, que estabelece normas para os Processos Administrativos Disciplinares no
âmbito do estado do Rio de Janeiro.

Recursos Administrativos

O Regulamento Disciplinar da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro


dispõe sobre as transgressões disciplinares, estabelece normas relativas à amplitude
e à aplicação das punições disciplinares, à classificação do Comportamento Policial
Militar das Praças e à interposição de recursos contra a aplicação das punições.

Interpor recursos disciplinares é o direito concedido ao Policial Militar que se


julgue, ou julgue subordinado seu, prejudicado, ofendido ou injustiçado por superior
hierárquico, na esfera disciplinar.

As espécies de recursos disciplinares que podem ser interpostos pelos


policiais militares estão elencadas no parágrafo único do art. 56 do RDPMERJ, são
eles:

Reconsideração de ato;

Queixa;

Representação.

Reconsideração de Ato

Art. 57 - Reconsideração de ato - é o recurso interposto mediante


requerimento, por meio do qual o Policial Militar, que se julgue, ou julgue subordinado
seu, prejudicado, ofendido ou injustiçado, solicita à autoridade que praticou o ato, que
reexamine sua decisão e reconsidere seu ato.
§1º - O pedido de reconsideração de ato deve ser encaminhado através da
autoridade a quem o requerente estiver diretamente subordinado.

§2º - O pedido de reconsideração de ato deve ser apresentado no prazo


máximo de 2 dias úteis, a contar da data em que o Policial Militar tomar oficialmente
conhecimento dos fatos que o motivarem.

§3º - A autoridade a quem é dirigido o pedido de reconsideração de ato, deve


dar despacho ao mesmo no prazo máximo de 4 (quatro) dias úteis.

Queixa

Art. 58 Queixa - é o recurso disciplinar, normalmente redigido sob forma de


oficio ou parte, interposto pelo Policial Militar que se julgue injustiçado, dirigido
diretamente ao superior imediato da autoridade contra quem é apresentada a queixa.

§1º - A apresentação da queixa só é cabível após o pedido de reconsideração


de ato ter sido solucionado e publicado em Boletim da OPM onde serve o queixoso.

§2º - A apresentação da queixa deve ser feita num prazo de 5 (cinco) dias
úteis, a contar da publicação em Boletim da solução de que trata o parágrafo anterior.

§3º - O queixoso deve comunicar, por escrito, à autoridade de quem vai se


queixar, o objeto do recurso disciplinar que irá apresentar.

§4º - O queixoso deve ser afastado da subordinação direta da autoridade


contra quem formulou o recurso, até que seja julgado. Deve, no entanto, permanecer
na localidade onde se situa à OPM em que serve, salvo no caso de existência de fatos
que contraindiquem essa permanência.

Representação

Art. 59 - Representação- é o recurso disciplinar, normalmente redigido sob


forma de oficio ou parte, interposto por autoridade que julgue subordinado seu estar
sendo vitima de injustiça ou prejudicado em seus direitos, por ato de autoridade
superior.
Parágrafo Único - A apresentação desse recurso disciplinar deve seguir os
mesmos procedimentos prescritos no Art. 58 e seus parágrafos, deste Regulamento.
14

Art. 60 - A apresentação de recurso disciplinar mencionado no Parágrafo


Único do Art. 56 deste regulamento deve ser feita individualmente; tratar de caso
especifico; cingir-se aos fatos que motivaram; fundamentar-se em novos argumentos,
provas ou documentos comprobatórios e elucidativos e não apresentar comentários.

§1º - O prazo para a apresentação de recurso disciplinar, pelo Policial Militar


que se encontre cumprindo punição disciplinar, executando serviço ou ordem que
motive a apresentação do mesmo, começa a ser contado logo que cessem as
situações referidas.

§2º - O recurso disciplinar que contrarie o prescrito neste capítulo será


considerado prejudicado pela autoridade a quem foi destinado, cabendo a esta,
mandar arquiva-lo e publicar sua decisão em Boletim, fundamentalmente.

O Recurso Deve Ter Tratamento de Urgência

§3º - A tramitação de recurso deve ter tratamento de urgência em todos os


escalões.

Coisa Julgada Administrativa:Coisa julgada ocorre quando a sentença


judicial se torna irrecorrível, não cabendo mais qualquer tipo de recurso, assim há
segurança jurídica às decisões e finda aquele conflito existente não permitindo que
eles perdurem no tempo.

A coisa julgada administrativa é a imutabilidade da decisão administrativa na


esfera da Administração Pública, logo não cabe mais recurso na via administrativa,
quando ocorre é relativa, pois pode ser reformada por outra esfera de Poder, a judicial.
Portanto, a coisa julgada administrativa determina que aquele assunto já discutido e
resolvido na via administrativa, não poderá mais ser alterado nesta via.
Referências

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 12. ed. São


Paulo: Atlas, 2017.
GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 1992.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2006.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 30. ed. São
Paulo: Malheiros, 2005.
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo.
31. Ed.SãoPaulo: Atlas, 2017.
MIRANDA, Henrique Savonitti. Curso de Direito Administrativo. 3. ed.
Brasília: Senado Federal, 2005.
CAETANO, Marcelo, Do Poder Disciplinar, Lisboa, 1932;

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