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LEGISLAÇÃO

Ética e Função Pública


Função Pública: é a competência, atribuição ou encargo para o exercício de determinada
função. Ressalta-se que essa função não é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício
sujeito ao interesse público, da coletividade ou da Administração.

Ética: Além das outras normas, os servidores devem respeitar valores éticos e morais, que se
não cumpridas podem acarretar numa imagem negativa do órgão e do serviço. Um dos
fundamentos que precisa ser compreendido é o de que o padrão ético dos servidores públicos
no exercício de sua função pública advém de sua natureza, ou seja, do caráter público e de sua
relação com o público. O servidor deve levar esse padrão para o seu dia a dia, vinte e quatro
horas por dia. Se ele cumprir a lei e for antiético, será considerada uma conduta ilegal, pois a
ética vai além da legalidade.

OBS: A Função Pública deve sempre levar em consideração os princípios constitucionais: L I M


P E.

OBS2: O objetivo da função pública é o interesse social.

OBS3: Pode-se dizer que a atual Administração Pública está caminhando no rumo de quebrar
velhos paradigmas consubstanciados em uma burocracia viciosa eivada de corrupção e desvio
de finalidade. Atualmente se está avançando para uma gestão pública comprometida com a
ética e a eficiência.
Ética no Setor Público
Ética Pública: É preciso fixar um padrão que seja ético acima de tudo. A questão da ética
pública está diretamente relacionada aos princípios fundamentais, sendo estes comparados ao
que chamamos no Direito, de “Norma Fundamental”, uma norma hipotética com premissas
ideológicas e que deve reger tudo mais o que estiver relacionado ao comportamento do ser
humano em seu meio social, aliás, podemos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os
valores morais da boa conduta, a boa-fé acima de tudo, como princípios básicos e essenciais a
uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lembrando inclusive o tão citado, pelos gregos
antigos, “bem viver”.
Lei nº 8.429/1992 e suas alterações
Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade
administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 da Constituição Federal;

Ler a Lei Inteira e se concentra!!!

Se concentrar:

- Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito: Art.9

- Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário: Art. 10

- Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da Administração


Pública: Art. 11
Lei nº 9.784/1999 e suas alterações (processo administrativo).
Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

- Alterações para prestar atenção: Arts. 49-A até 49-G.


Acesso à informação: Lei nº 12.527/2011
Regula o acesso a informações

OBS: Prestar atenção nos artigos modificados em 2021!


Decreto nº 7.724/2012
Regulamenta a lei do acesso às informações

- Prestar atenção nas alterações recentes (2023).


Decreto nº 9.830/2019
Leia prestando bastante atenção!!!
Princípios Fundamentais da Constituição Federal de 1988: Direitos e Garantias
Fundamentais, Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Direitos Sociais, da
Organização do Estado: união, estados, municípios, Distrito Federal e territórios, da
Administração Pública: dos servidores públicos, da Organização dos Poderes.
Princípios Fundamentais – Arts. 1 a 4

Dos Direitos e Deveres individuais e Coletivos – Art. 5

Direitos Sociais – Arts. 6 a 11

Organização do Estado – Arts. 18 e 19

União – Arts. 20 a 24

Estados – Arts. 25 a 28

Municípios – Arts. 29 a 31

Distrito Federal e Territórios – Arts. 32 a 36

Administração Pública – Arts. 37 e 38

Servidores Públicos – Arts. 39 a 41

Organização de Poderes – Arts. 44 a 135


Princípios de Direito Administrativo
Princípios Constitucionais Básicos (art. 37, caput, CF): São cinco os princípios constitucionais
básicos da Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência.

Art. 37 CF/88. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

Princípio da Legalidade - É o princípio basilar do Estado de Direito. É a atuação da


Administração Pública (órgãos/ agentes) dentro dos parâmetros definidos em lei, sendo
vedada sua atuação sem prévia e expressa permissão legislativa.

OBS: Não se deve confundir legalidade privada com legalidade pública.

Legalidade Privada Legalidade Pública


Ao particular é permitido fazer X Ao administrador somente é permiti- do fazer o
tudo o que a legislação não proíba que estiver previsto em lei

OBS2: Não se deve confundir o princípio da legalidade com o princípio da reserva de lei.

P. Legalidade P. Reserva de Lei


É a submissão da É a limitação à forma de
Administração Pública X regulamentação de
(órgãos/agentes) aos determinadas matérias cuja
impérios da legislação natureza é indicada pela
legislação (ex. 37, XIX, CF)

Art. 37. (...)


XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de atuação;

Princípio da Impessoalidade - O princípio da impessoalidade admite ser analisado sob três


óticas diferentes: finalidade, imputação e isonomia. Sob a ótica da finalidade, é a atuação
impessoal e genérica da Administração Pública, visando a satisfação do interesse coletivo, sem
corresponder ao atendimento do interesse exclusivo do administrado.

Art. 37. (...)


§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.

Se aproveitar da publicidade governamental, custeado pelo erário público, para fazer


promoção pessoal é ato de improbidade administrativa, pois viola o princípio da
impessoalidade (Lei nº 8.429/92). Os símbolos que são utilizados durante o período de
campanha eleitoral não podem ser empregados durante o governo, pois serve de promover a
figura individualizada do gestor, e não a instituição pública.
Sob a ótica da imputação, o ato praticado é atribuído ao órgão (pessoa jurídica) e não ao
agente público (pessoa física). Desta forma, a responsabilidade civil recairá sob a entidade no
qual o agente público emprega sua força de trabalho. Porém, o direito de regresso oferece a
possibilidade de a pessoa jurídica agir contra o responsável pelo dano.

Art. 37. (...)


§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço
público responderão pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Sob a ótica da isonomia, é o tratamento igualitário dispensado a todos os administrados,


independentemente de qualquer interesse político.

Princípio da Moralidade - É a atuação administrativa baseada na boa fé, em consonância com


a moral, os princípios éticos e a lealdade, não podendo contrariar os bons costumes, a
honestidade e os deveres de boa administração.

O princípio da moralidade não se refere a moral comum, mas aquela moral tirada da conduta
interna da Administração Pública. A moralidade comum é o certo e o errado, o correto e o
incorreto, é o senso comum; já a moralidade administrativa é mais rigorosa, é a boa-fé da
administração, é a melhor escolha possível, é uma administração eficiente. Logo, a moral
relacionada ao princípio não é a moral subjetiva, mas a moral jurídica, ligada a outros
princípios da própria Administração como também aos princípios gerais do direito.

Quando a doutrina administrativista menciona a imoralidade administrativa na forma


qualificada ela está se referindo ao ato imoral configurado como ato de improbidade (art. 37, §
4º, CF; Lei nº 8.429/92). Todo ato imoral é também ato de improbidade, porém nem todo ato
de improbidade é um ato imoral (art. 11, Lei nº 8.429/92).

Art. 37. (...)


§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
cabível.

Lei nº 8.429/92
Art. 4º Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita
observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato
dos assuntos que lhes são afetos.

O controle jurisdicional dos atos que violem a moralidade administrativa também pode ocorrer
via promoção da ação popular com a finalidade de invalidar o ato lesivo ou contrário à
moralidade (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n° 4.717/65).

Art. 5º CF/88 (...)


LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má- -fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

O princípio da impessoalidade está ligado ao princípio da isonomia, já o princípio da


moralidade está ligado ao princípio da lealdade e da boa-fé. Vale lembrar que o princípio da
moralidade rege o comportamento não só dos agentes públicos, mas de todos aqueles que de
qualquer forma se relacionam com a Administração Pública. Desta forma, os particulares
também deverão agir com boa fé e honestidade, podendo também responder por ato que
violem tal preceito.

Princípio da Publicidade - É a atuação transparente dos atos da Administração Pública,


facilitando seu controle. O princípio constitucional oferece a oportunidade das pessoas de
obterem informações, certidões e atestados da Administração Pública, além de apresentarem
petição sem o pagamento de taxas. Tais informações deverão se prestadas dentro do prazo
estipulado sob pena de responsabilidade.

Art. 5º CF/88 (...)


XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado.
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento
de situações de interesse pessoal;

O princípio da publicidade também determina que todos os julgamentos realizados pelo Poder
Judiciário sejam públicos.

Art. 93. CF/88 (...)


IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público
à informação;

É possível a impetração de mandado de segurança para ter acesso a informação de caráter


coletivo ou geral (Lei nº 12.016/09). Porém, se tais informações forem de caráter pessoal a
ação correta a ser impetrada será o habeas data (Lei nº 9.507/97). Logo, o remédio
constitucional para o abuso do direito à informação de caráter particular é o habeas data (art.
5º, LXXII, CF).

Art. 5º CF/88 (...)


LXXII – conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;

Embora a publicidade seja a regra, existem algumas informações que, mesmo possuindo um
caráter coletivo, não podem ser prestadas à população em geral. Tais situações podem ser
consideradas como verdadeiras exceções ao princípio da publicidade, permitindo a
manutenção do sigilo. São alguns exemplos: em nome da segurança da sociedade e do estado,
poderá ser negada a publicidade (art. 5º, XXXIII, CF); atos processuais correm em sigilo na
forma da lei, logo, o processo administrativo também pode ser sigiloso (art. 5º, LX, CF).

Recentemente foi publicada a Lei nº 12.527/11 responsável pela regulamentação do acesso


aos documentos públicos de interesse particular ou coletivo, possibilitando a sua restrição em
razão da segurança pública.

Lei nº 12.527/11
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37
e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de
janeiro de 1991; e dá outras providências.

Princípio da Eficiência - Muito embora o Princípio da Eficiência tenha sido oficialmente


inserido no texto constitucional pela EC 19/98, denominada de reforma administrativa, os
gestores públicos já utilizavam sua premissa como vetor na condução do interesse público.
Oportuno lembrar que o art. 2º da Lei nº 9.784/99, responsável pela regulamentação do
processo administrativo na seara federal, também traz a previsão da eficiência como princípio
a ser necessariamente observado.

Sob a ótica do agente público, significa afirmar que deve buscar a consecução do melhor
resultado possível.

Sob a ótica da forma de organização, significa afirmar que deve a Administração Pública
atentar para os padrões modernos de gestão ou administração, vencendo o peso burocrático,
atualizando-se e modernizando-se.

Princípios Constitucionais Explícitos: Ao longo do texto constitucional também podem ser


encontrados diversos princípios explícitos ligados a Administração Pública, auxiliando na boa
condução da res coletiva.

Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, CF) - O devido processo legal ou due process
of law é aquele estabelecido em lei, configurando uma verdadeira garantia para ambas as
partes, onde visualizam um processo administrativo tipificado e determinado, sem supressão
de atos essenciais.

Art. 5º CF/88 (...)


LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Princípio do Contraditório - Contraditório é a ciência, é a bilateralidade, é o conhecimento de


todos os atos praticados no processo administrativo. Deve ser dada a possibilidade das partes
influírem no convencimento do magistrado (binômio: ciência e participação).

Para toda alegação fática ou apresentação de prova, feito no processo por uma das partes,
gera para o adversário o direito de se manifestar, ocasionando um equilíbrio entre a força
imperativa do Estado e a manutenção do estado de inocência.

Art. 5º CF/88 (...)


LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Lei nº 9.784/99
Art. 2º A Administração Pública obedecerá dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Princípio da Ampla Defesa - Ampla defesa é dar a chance, a oportunidade para a outra parte
envolvida no litígio se defender das alegações realizadas. Deve ser assegurada a ampla
possibilidade de defesa, lançando- se mão dos meios e recursos disponíveis.

Art. 5º CF/88 (...)


LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Lei nº 9.784/99
Art. 2º A Administração Pública obedecerá dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

A doutrina mais abalizada costuma fazer uma divisão didática do assunto: determina a ampla
defesa como o gênero, e nomeia a defesa técnica e autotutela como espécies.

- Defesa técnica: realizada por profissional habilitado

Ampla defesa

- Autodefesa: realizada pelo próprio imputado

OBS: Com relação à temática da ampla defesa há um choque de entendimento sumular entre
os dois principais tribunais superiores do país. A Súmula 343 do STJ menciona que “é
obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar”.
Por sua vez, a Súmula Vinculante 5 do STF nos ensina que “a falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”. Muito embora a
súmula com efeitos vinculantes tenha força cogente nos termos do art. 103-A da CF e parcela
significativa da doutrina administrativista se incline neste sentido, entendo que pela
obrigatoriedade da presença do advogado em processos administrativos disciplinares. Em
artigo intitulado “Sumula vinculante nº 5 do Supremo Tribunal Federal e o sistema processual
administrativo punitivo”, publicado no livro “Processo Administrativo: Temas Polêmicos da Lei
nº 9.784/99”, pela Editora Atlas, apresento um estudo detalhado sobre o caso, concluindo que
a decisão tomada pela Corte Suprema teve mais um fundo político do que jurídico.

Princípio da Vedação da Prova Ilícita - Assim como na esfera jurisdicional, a produção


probatória na área administrativa também deve ser obtida de forma lícita, seguindo as normas
previamente estabelecidas.

Art. 5º CF/88 (...)


LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

Lei nº 9.784/99
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos.
OBS: No julgamento do MS 14405/DF, o STJ entendeu que apesar dos sigilos de
correspondência e dados telefônicos só poderem ser quebrados nos casos de investigação
criminal ou instrução de processos penais, tais provas podem ser emprestadas para Processo
Administrativo Disciplinar (PAD).

Princípio da Presunção de Inocência - Na esfera administrativa também somos todos


presumivelmente inocentes até o trânsito em julgado da decisão final acusatória. Vale
ressaltar que, mesmo exaurido a via administrativa, após o trânsito em julgado da decisão,
ainda é possível invocar a esfera jurisdicional, nos termos do princípio da inafastabilidade
desta esfera.

Art. 5º CF/88 (...)


LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;

A presunção de inocência não significa afirmar intangibilidade dos investigados e cerceamento


de medidas acautelatórias. Certos atos administrativos podem ser tomados a fim de melhor
conduzir o processo investigativo no intuito de alcançar um julgamento mais justo.

Lei nº 8.112/90
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da
irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu
afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da
remuneração.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão
os seus efeitos, ainda que não concluído o processo.

RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. EMENDA


CONSTITUCIONAL Nº 19/98. EXONERAÇÃO. ESTÁGIO PROBATÓRIO. SENTENÇA PENAL
CONDENATÓRIA SEM TRÂNSITO EM JULGADO. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
VIOLAÇÃO. OCORRÊNCIA. 1. Os presentes autos documentam que, em 22.3.2004, o
recorrente compareceu à DP1, a fim de tomar posse no cargo de agente de fiscalização
financeira, ocasião em que declarou responder ação criminal, em trâmite perante a Justiça
Federal. Os trâmites referentes ao estágio probatório que vinha sendo cumprido pelo
recorrente se seguiram, cumprindo-se as formalidades obrigatórias, e a Comissão Especial de
Avaliação de Desempenho, em decorrência sessão realizada em 13 de maio de 2008, foi
notificado para que apresentasse, em 5 dias, provas que eventualmente dispusesse em abono
de sua permanência nos quadros do Tribunal de Contas, devendo contar com representação
processual por advogado (fls. 72/73). 2. A aludida Comissão, por sua vez, concluiu que a
condenação em processo criminal "abala o conceito de idoneidade moral que o servidor deve
ter íntegro em sua vida funcional", tonando a conduta supostamente perpetrada pelo
recorrente incompatível no desempenho das funções de controle externo exercido pelo
Tribunal de Contas. Tais conclusões levaram à exoneração ex officio do recorrente.
Submetidos, os autos, ao Plenário do Tribunal de Contas, manteve o ato de exoneração. 3.
Dessume- -se dos autos que a exoneração do recorrente se deu unicamente em razão da
condenação em ação penal, pela prática dos delitos insertos nos artigos 334, caput, combinado
com os arts. 327 e 29, bem como no artigo 317, § 1º, todos do Código Penal. 4. Contudo, em
decisão proferida no habeas corpus 109.699/SP, com julgamento em 14.4.2009 e trânsito em
julgado na data de 10.9.2009, o Ministro Og Fernandes, integrante da Sexta Turma desta
Corte, concedeu a ordem pleiteada, ao fundamento de que teria havido cerceamento na
defesa do recorrente, devendo os autos retornarem à origem para que fosse realizado novo
julgamento da apelação. 5. Assim, sendo o único fundamento utilizado pela Administração,
para exonerar o recorrente, o suposto trânsito em julgado da sentença penal condenatória e
tendo o Superior Tribunal de Justiça anulado o julgamento proferido pela Corte de origem, não
há como sustentar a legalidade da exoneração do recorrente. 6. Prospera, portanto, a assertiva
de que foi violado o princípio da presunção de inocência no caso e de que não haveria justa
causa para sua reprovação no estágio probatório, tendo em vista que a exoneração do servidor
se baseou, exclusivamente, na existência de ação penal em curso, já que o servidor foi muito
bem avaliado em todas as fases do estágio probatório, conforme se verificam dos documento
carreados aos autos. 7. Recurso ordinário provido para anular o ato de exoneração, com a
determinação de reintegração do recorrente ao cargo público, com efeitos patrimoniais
contados da data da publicação do ato de exoneração ilegal. (STJ, RMS 32257/SP, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, DJe 16/05/2011).

Princípio da Motivação das Decisões Administrativas - Os atos administrativos devem ser


motivados. Como as decisões exaradas na seara administrativa nada mais são do que atos
administrativos dotados de caráter resolutivo, também necessitam ser motivados.

Art. 93 CF/88. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: (...)
X – as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;

Lei nº 9.784/99
Art. 2º A Administração Pública obedecerá dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
VII – indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:

Súmula 684, STF


É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato em concurso público.

OBS: Não devemos confundir motivação com fundamentação: enquanto a primeira consiste na
exposição dos pressupostos de fato e de direito utilizados pelo administrado, a segunda
consiste na mera indicação da norma legal que embasou a decisão.

OBS2: Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo que determina a prática do ato
administrativo fica umbilicalmente atrelado ao próprio ato. A teoria existe para que o Poder
Judiciário possa exercer um controle efetivo sobre os limites legais da discricionariedade
administrativa. Desta forma, para aqueles que não concordam com a prática do ato, se
conseguir demostrar que o ato possui motivo falso, ou possui motivo inexistente, ou que o
motivo é juridicamente inadequado para a produção do ato, é possível anular todo o ato.

Princípio do Interesse Público - A principal finalidade da lei é a satisfação do interesse público.


Cada norma tem por escopo a satisfação de um determinado interesse público. Podemos
conceituar interesse público como sendo aquele resultante do conjunto de interesses dos
indivíduos que compõe determinada sociedade.
A doutrina mais abalizada e jurisprudência dos tribunais superiores costuma fazer uma
distinção entre interesse público primário e interesse público secundário. Enquanto o primeiro
representa o interesse da coletividade, o segundo reproduz o interesse da pessoa jurídica. O
ideal é que os interesses primários e secundários coincidam, andem sempre juntos, fazendo
com que as pretensões da população sejam de fato materializadas pelo gestor público.

Primário – Interesse da coletividade

INTERESSE PÚBLICO

Secundário – Interesse da pessoa jurídica

Princípio da Hierarquia - Os órgãos da Administração Pública estão organizados com


atribuições definidas em lei, gerando entre eles uma relação de coordenação e subordinação.
Como consequência, surge a possibilidade de revisão dos atos subordinados, delegação e
avocação de atribuições, aplicação de penalidades administrativas, dentre outros. Essa relação
de hierarquia é encontrada apenas na seara administrativa, não havendo sua incidência nas
esferas legislativas e jurisdicionais quando exercidas suas funções típicas.

Princípio da Presunção de Legitimidade - Os atos administrativos gozam de uma presunção de


legitimidade, ou seja, de que foram praticados em conformidade com o ordenamento jurídico.
A fundamentação reside no fato de que os atos da seara administrativa existem para aplicar a
lei, dar materialidade e concretude à norma em abstrato. Desta forma, tendo em vista seu
caráter exclusivamente de execução, tais atos são dotados do benefício democrático da
legitimidade.

OBS: Tal presunção possui natureza relativa (iuris tantum), sendo considerados válidos até
prova em contrário, cabendo ao particular o ônus do questionamento sobre a ilegalidade.

Princípio da Especialidade - Com a evolução das sociedades modernas e a complexidade das


relações verticalizadas, o Estado vem se desobrigando de uma série de obrigações, repassando
tais incumbências para órgãos públicos especializados ou para a iniciativa privada. O princípio
da especialidade pode ser facilmente detectado no art. 37, XIX da Constituição Federal de 1988
com a criação das autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.

Art. 37 CF/88. (...)


XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;

Princípio da Autotutela - Também denominado de princípio da sindicabilidade, significa


afirmar que a Administração Pública tem o poder de regular e verificar seus próprios atos sem
a necessidade da provocação jurisdicional. Esta possibilidade conferida ao Estado de rever e
corrigir seus próprios atos administrativos pode ocorrer mediante um controle de legalidade,
ocasionando a anulação do ato, ou um controle de mérito, ocasionando uma revogação do
ato.
Porém, entende-se que não se trata de uma simples faculdade, mas de uma obrigação, tendo
em vista ao interesse público em análise. Desta forma, o princípio da autotutela contém, na
verdade, um poder-dever de verificar e rever seus próprios atos.

Súmula 346, STF


A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

Súmula 473, STF


A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.

Princípio da Supremacia do Interesse Público - O princípio da supremacia do interesse público


retrata que os interesses da coletividade possuem uma carga de importância maior do que os
interesses dos particulares. Esta superioridade do interesse estatal em face dos interesses
privados é plenamente justificável em decorrência da função coletiva das ações dos agentes
públicos.

A fim de legitimar a desigualdade jurídica entre o exercício da função estatal e a esfera


privada, o ordenamento jurídico prevê uma série de prerrogativas inerentes ao Poder Público,
tais como a presunção de legitimidade dos atos administrativos, a desapropriação, a requisição
de bens, os prazos processuais diferenciados, as cláusulas exorbitantes em contratos
administrativos, dentre outros.

Há uma necessidade existencial da inafastabilidade desta supremacia para a convivência


harmônica em sociedade. Um dos elementos que compõe a formação do Estado é o poder
soberano, ou seja, não basta o mero poder formal, ele precisa se alocar em uma posição
diferenciada para fazer valer sua vontade. Desta forma, a existência de uma força superior
conduzindo a vontade coletiva é inerente à própria estrutura originária do estado.

O exercício do poder de polícia é uma das mais claras manifestações da supremacia da


vontade do Estado e do interesse coletivo.

Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público - O princípio da indisponibilidade do


interesse público retrata que o interesse da coletividade não pode ser afastado em
decorrência do interesse dos gestores estatais. O interesse público é indisponível, é obrigado a
ser seguido, não podendo ser dispensado em face do proveito alheio. No exercício da função
pública os agentes públicos agem não em nome próprio, mas em nome da coletividade,
fazendo valer o interesse coletivo. Por exemplo, não pode deixar de realizar concurso quando
necessário, não pode deixar de licitar quando necessário, dentre outros.

OBS: Para o administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello os postulados em estudos


podem ser denominados de superprincípios ou supraprincípios.

OBS2: Vale lembrar que os princípios alhures tutelam apenas a supremacia e a


indisponibilidade do interesse da coletividade (interesse público primário) e não o interesse
dos administradores (interesse público secundário).

OBS3: Ambos os princípios possuem conotação relativa (juris tantum), e não absolutas (juris et
de jure). Desta forma, não existe supremacia absoluta do interesse público sobre o privado,
nem indisponibilidade absoluta do interesse público. Exemplos: art. 10, parágrafo único, Lei nº
10.259/01 (Juizados Especiais Federais); art. 23-A, Lei n° 8.987/95 (Concessão de Serviços
Públicos).
Atos Administrativos: elementos e atributos.
Conceito de Atos Administrativos: Diferentemente dos contratos administrativos, os atos
administrativos são unilaterais e dependem apenas da vontade da administração pública ou
dos particulares que estejam exercendo prerrogativas públicas. Além disso, eles têm o condão
de gerar efeitos jurídicos, independentemente de qualquer interpelação. Mas estão sujeitos ao
controle do Poder Judiciário. Eles também possuem como finalidade o interesse público e se
sujeitam ao regime jurídico de direito público.

Atributos:

1. Presunção de legitimidade e veracidade - significa que os atos foram realizados em


conformidade com a lei. Já a presunção de veracidade significa que os atos, por serem
alegados pela administração, presumem-se verdadeiros. Logo, isso significa que para gerar
celeridade aos processos, os atos produzirão efeitos e são válidos até que se prove o contrário.

2. Imperatividade - traz a possibilidade de os atos administrativos serem impostos a terceiros


independentemente da concordância destes. Mas não são todos os atos administrativos que
são dotados deste atributo.

3. Autoexecutoriedade - significa que o ato pode ser executado independentemente de ordem


judicial. Mas não confunda! Isso não significa que não pode haver controle judicial do ato. Este
atributo só poderá estar presente diante de lei ou em casos urgentes.

4. Tipicidade - prevê que o ato administrativo deve estar definido em lei para que se torne
apto para produzir determinados resultados.

OBS: A presunção de legitimidade é um atributo previsto em todo ato administrativo, assim


como a tipicidade. Já a imperatividade e a autoexecutoriedade estão previstos em alguns
deles.

Elementos:

 Competência
Poder legal conferido ao agente para desempenhar as atribuições. Então, de forma
mais informal, seria o sujeito da realização do ato. Elementos vinculados são aqueles
previstos em lei, então, a competência é um elemento vinculado. Se é a lei que define
a competência, será que esta pode ser transferida? A titularidade da competência é
intransferível, mas o exercício de parte das atribuições pode ser transferido em caráter
temporário. E o meio de realizar essa transferência é por delegação ou por avocação. A
delegação é a atribuição para terceiro, com ou sem hierarquia, do exercício de
atribuição do delegante. Pode ser realizada, exceto se houver vedação legal. Por
exemplo, não pode haver delegação de: ato de competência exclusiva, atos
normativos e recursos administrativos. Já a avocação é atrair para si competência de
subordinado. Logo, existe hierarquia. Além disso, em regra, não pode ser realizado,
exceto se for excepcional, por motivos relevantes e justificados e for temporária.
 Finalidade
A finalidade geral do ato administrativo é satisfazer ao interesse público. Já a
finalidade específica, por sua vez, é aquela que a lei elegeu para o ato em específico.
Como não se concebe que o ato não satisfaça ao interesse público ou da finalidade
prevista em lei, é um elemento vinculado.
 Forma
A forma é o modo de exteriorização do ato, a maneira de se manifestar no mundo
externo. Por exemplo, o edital é a forma de se tornar pública a realização do concurso
público. Em sentido amplo, também se incluem como forma as exigências
procedimentais para realização do ato. Já que as formalidades estão previstas em lei e
devem ser seguidas, também se considera a forma como elemento vinculado dos atos
administrativos.
 Motivo
É a situação de fato e de direito que gera a vontade do agente que pratica o ato. Mas
não o confunda com motivação, já que esta é definida como a exposição desse motivo.
Logo, todo ato deve ter um motivo, mas nem todo ato precisa da exposição dele. Por
exemplo, a exoneração de ocupante de cargo de provimento em comissão não precisa
de motivação, mas precisa de motivo. Vale ressaltar também que a teoria dos motivos
determinantes afirma que uma vez motivado o ato, o motivo se vincula a ele. Então
em caso de inexistente ou falho, o ato é nulo, independentemente de a motivação ser
obrigatória ou não.
 Objeto/Conteúdo
Considerando que a finalidade é o resultado mediato desejado para o ato, considera-
se que o objeto é o fim imediato do ato. Assim sendo, representa o resultado prático a
que determinado ato administrativo conduz.

Vícios:

O vício mais conhecido de competência é o excesso de poder. O sujeito tem a competência


legal para prática de alguns atos, mas excede os limites dessa competência. Ainda assim é
possível a convalidação do ato, se a autoridade competente ratificar o ato da autoridade
incompetente. Entretanto não é possível a convalidação no caso de competência exclusiva.
Já o vício principal da finalidade é o desvio de poder. É quando o ato não atende a finalidade
do interesse público, e muitas vezes atende a necessidades particulares.
Os dois vícios vistos acima, o excesso de poder e o desvio de poder, são espécies do Gênero
abuso de poder. Segue esquema para não haver confusão:

ABUSO DE PODER VÍCIO


Excesso de poder Competência
Desvio de poder Finalidade

No elemento forma, há o vício quando não é atendida a forma prevista em lei ou o


procedimento necessário para o cumprimento do ato. Já no elemento motivo, quando este é
falso, inexistente ou juridicamente inadequado, temos o vício. No elemento objeto, pode-se
invalidar um ato quando o mesmo for proibido ou não previsto em lei ou ainda ser imoral,
impossível ou incerto.

ELEMENTOS DO REFERÊNCIA VINCULADO/DISCRICIONÁRIO VÍCIO SANÁVEL OU


ATO INSANÁVEL
Competência Quem? Vinculado Em regra, sanável
Finalidade Para quê? Vinculado Insanável
Forma Como? Vinculado Em regra, sanável
Motivo Por quê? Discricionário Insanável
Objeto O que? Discricionário Insanável
Classificação:

1. Quanto à liberdade de ação - o ato pode ser discricionário ou vinculado. Quando há uma
margem de liberdade, o ato é discricionário. Mas, esta liberdade é limitada, já que os
elementos competência, finalidade e forma são definidos de forma vinculada sem margem
para alteração. Assim, há liberdade apenas nos elementos motivo e objeto. Em contraponto, o
ato vinculado tem todos os elementos do ato administrativo definidos em lei, sem margem de
liberdade.

2. Quanto à formação da vontade administrativa - o ato pode ser simples, complexo ou


composto. O ato simples tem a manifestação de vontade de apenas um órgão formando
apenas um ato. Já o complexo, tem a manifestação de vontade de dois ou mais órgãos e se
forma apenas um ato. E o composto tem a formação da vontade por meio de dois atos, um
principal e o outro acessório.

Extinção:

1. Caducidade - acontece quando o ato está baseado em uma legislação e uma lei
superveniente revoga a lei anterior. Por isso, pela nova lei, aquele ato já não faz mais sentido
no mundo jurídico.

2. Contraposição - também ocorre com a mudança no mundo jurídico, mas através de um


novo ato que se contrapõe ao ato anterior. Assim sendo, a diferença entre a caducidade e a
contraposição é que a caducidade é com base em nova lei e a contraposição com base em
novo ato.

3. Cassação - é a forma de extinção do ato por culpa do beneficiário, já que ele descumpriu
condições que deveria manter.

4. Revogação - é a extinção de ato válido, mas que deixou de ser conveniente e oportuno.

5. Anulação - é o desfazimento de ato ilegal.

OBS: Súmula 473 do STF: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial.”
Agentes públicos: agentes políticos e servidores públicos
Agentes Públicos

Conceito: Os agentes públicos podem ser conceituados como todas as pessoas que possuem
uma vinculação profissional com o Estado, mesmo que em caráter temporário e ainda que sem
o recebimento de remuneração. (Artigo 2º da Lei n. 8.429).

OBS: Esse conceito é muito cobrado pelas bancas!!!

É por meio dos agentes que o Estado exerce suas funções e pratica os atos administrativos que
lhe são competentes. Assim, em caso de dano causado ao particular em decorrência da
atuação estatal, será o Estado quem será responsabilizado, e não o respectivo agente.
Posteriormente, verificando o Poder Público que o agente agiu com dolo ou culpa, poderá
promover a competente ação de ressarcimento.

Exemplo: suponha que um agente público, dirigindo um veículo oficial do órgão público onde
desempenha suas atribuições, deixa de observar a sinalização de trânsito e colide com um
veículo particular. Neste caso, quem responderá perante o particular que teve o automóvel
danificado será o próprio Poder Público. No caso de dolo ou culpa do agente público (caso
tenha havido a intenção ou o agente tenha sido imprudente, negligente ou imperito), terá o
Estrado a faculdade de ajuizar uma ação regressiva contra o servidor que causou prejuízo ao
particular.

Quanto mais íntegros, eficientes e preparados os agentes públicos forem, melhor será o
desempenho da atividade estatal e do bem-estar da coletividade.

Classificação dos Agentes:

AGENTES POLÍTICOS - são aqueles que ocupam os mais altos postos no âmbito dos Poderes da
República, estando ligados às decisões fundamentais do Estado e possuindo grande parte de
suas competências estabelecidas diretamente pela Constituição. Outra peculiaridade desta
classe é o alto nível de autonomia que possuem para tomar as suas decisões. No âmbito do
Poder Executivo, os agentes políticos são os ocupantes dos mais altos cargos da administração
pública, tal como os Chefes do Poder Executivo (Presidente, Governador e Prefeito) e seus
respectivos Ministros e Secretários Estaduais e Municipais. Houve certa dúvida sobre a
questão de os Magistrados pertencerem ou não à classe dos agentes políticos. Coube ao STF
sedimentar o entendimento, considerando todos os magistrados (independente da esfera ou
área de atuação) agentes políticos. No que se refere aos membros dos Tribunais de Contas,
Caso a questão solicite a classificação dos membros dos Tribunais de Contas e mencione
expressamente que deve ser utilizado o entendimento de acordo com o STF, deve-se
responder que estes, indiscutivelmente, são agentes administrativos. Para todas as demais
situações em que a questão não vier “blindada”, deve ser respondido que os membros dos
Tribunais de Contas são classificados como agentes políticos. No caso dos membros do
Ministério Público (Promotores e Procuradores), a corrente majoritária tem entendido que
estes pertencem à classe de agentes políticos, uma vez que, ainda que não se trate o
Ministério Público de um dos Poderes da República, é inegável que sua função é imprescindível
para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis, conforme estabelece o artigo 127 da Constituição Federal.

AGENTES POLÍTICOS
Chefes do Poder Executivo e seus ministros e secretários
Parlamentares (Deputados e Senadores)
Magistrados
Membros dos tribunais > Conforme entendimento da doutrina > Para o STF, não são agentes
políticos
Membros do Ministério Público

AGENTES ADMINISTRATIVOS - Se os agentes políticos se caracterizam por possuir uma grande


parcela de poder, podendo exercer suas atribuições com autonomia e discricionariedade,
o mesmo não se pode afirmar dos agentes administrativos, uma vez que tal classe de agentes
se caracteriza justamente pela subordinação e pela hierarquia funcional. Assim, os agentes
administrativos são todas as pessoas investidas no âmbito de um órgão ou entidade da
administração pública, com competências executórias e tendo seus direitos e deveres sendo
regulados por meio de uma lei, e não diretamente da Constituição. Percebe-se que temos
agentes administrativos tanto no âmbito dos órgãos da administração direta quanto nas
entidades da administração indireta. Em ambas as organizações, há a necessidade de agentes
encarregados de cumprir as atividades necessárias para que o Poder Público consiga
manifestar sua vontade. Os agentes administrativos podem vir a ocupar cargos, empregos ou
funções públicas no âmbito da estrutura da administração pública.

Cargos Públicos = Os cargos públicos podem ser conceituados como o conjunto de


atribuições, responsabilidades, direitos e obrigações que são atribuídas aos servidores públicos
para o desempenho das suas atividades funcionais. Dessa forma, que ocupa cargo público
encontra-se regido por um estatuto funcional, que é o documento legal onde todos os direitos
e benefícios do servidor público encontram-se presentes. Ressalta-se que a criação de cargos
públicos deverá ser feita por intermédio de lei, sendo que a iniciativa para propor a norma
caberá ao chefe do respectivo Poder onde os cargos estão sendo criados. Os cargos públicos
podem ser divididos em:

Cargos isolados – são aqueles que são formados apenas por uma classe,
sendo que o seu ocupante, com o passar do tempo, não possui o direito de progredir na
carreira.

Cargos em carreira – são aqueles que são organizados em classes, de forma


que os servidores ocupantes, após um intervalo de tempo e desde que atendidas as demais
condições previstas em lei, progridem na carreira.
Exemplo: a estrutura de cargos do Poder Judiciário da União, veremos que estes são
organizados em três classes (A, B e C), sendo que cada classe é composta por diversos padrões.
Representam os padrões, dessa forma, uma subdivisão das classes. No âmbito do Poder
Judiciário da União, as Classes A e B possuem 5 padrões e a Classe C possui 3 padrões. Assim,
ao entrar em exercício, o servidor público pertence à Classe A e ao padrão 1. Após o intervalo
de 1 ano, passará ele, desde que atendidos todos os requisitos legais, ao padrão 2, mas ainda
estará dentro da mesma classe. O processo de mudança de padrão é chamado de progressão.
Quando o servidor chegar ao último padrão da Classe A (A5), passará ele, após o período de 1
ano, para o primeiro padrão de uma nova Classe (no caso, a B). Nesta hipótese, não ocorre a
progressão, mas sim a promoção do servidor.

Cargos em comissão – são aqueles destinados às funções de direção, chefia e


assessoramento. Em virtude desta condição, são considerados de livre nomeação e
exoneração por parte da autoridade competente, o que implica em dizer que a sua nomeação
independe da realização de concurso público, requisito imprescindível para a admissão dos
servidores estatutários e dos empregados públicos. De acordo com a Constituição Federal (art.
37, V), os cargos em comissão podem ser providos tanto por servidores já ocupantes da
carreira funcional (e que foram aprovados em concurso público) quanto por terceiros que
ainda não possuam vínculo funcional com o respectivo Poder Público. Entretanto, como forma
de evitar que todo os cargos de direção, chefia e assessoramento fossem providos
exclusivamente por pessoas alheias ao serviço público, a Constituição Federal estabeleceu que
as leis organizadoras de cada carreira deverão determinar que seja observado um percentual
mínimo de servidores de carreira para as nomeações destinadas aos cargos em comissão.
Exemplo: caso um parlamentar resolva nomear um assessor para chefiar o respectivo
gabinete, poderá ele optar entre realizar a nomeação de um servidor de carreira ou de um
terceiro que não possua vínculo com o órgão público. No entanto, o total geral das nomeações
para cargos em comissão deverá observar um percentual mínimo de servidores de carreira. Tal
percentual deverá constar na lei que regulamenta a carreira dos servidores.

Empregos Públicos = Os empregos públicos são exercidos por pessoas que se sujeitam às
regras da CLT, tal como ocorre com os funcionários da iniciativa privada, mas com a
peculiaridade de estarem exercendo suas atribuições no âmbito da administração Pública. Em
outras palavras, os empregados públicos podem ser entendidos como pessoas que trabalham
nas entidades da administração pública indireta que possuem personalidade jurídica de direito
privado. Tais entidades são as ditas empresas estatais, conceito que abarca as empresas
públicas e as sociedades de economia mista. Como estas pessoas são regidas pela CLT (que é o
regime adotado pelas empresas privadas) podemos chamá-los de empregados. Entretanto,
como está “empresa” é uma entidade da administração pública, deve ela obediência a uma
série de regras previstas para o direito público, tal como a necessidade da realização de
concurso público e a obrigatoriedade da prestação de contas. Logo, nada mais natural do que
a denominação “públicos” para tais agentes.

Servidores Públicos Empregados Públicos


Regidos por um estatuto funcional. Regidos pela CLT.
Pertencem à administração pública. Pertencem à administração pública.
Normas de direito público. Normas de direito privado.
Garantias como a estabilidade. Direitos como o FGTS.

Função Pública = Que é encontrada pelo critério residual em nosso ordenamento. Assim,
os agentes que não ocuparem um cargo ou um emprego público, mas que desempenharem
atividades em regime de vínculo com o Poder Público, serão classificados como ocupante de
uma função pública.
Exemplo: ao ocupar um cargo público, o servidor passa a desempenhar uma série de funções.
Como consequência, o servidor ocupa um cargo público e desempenha uma função pública.
Situação diferente ocorre com um mesário convocado para trabalhar nas eleições. Nesta
situação, ele não ocupa um cargo ou um emprego público, uma vez que suas atividades serão
realizadas por um prazo determinado de tempo. Mas é inegável que ele desempenha uma
função pública, uma vez que sua atividade é essencial para a manutenção do regime
democrático.
Outro exemplo clássico de ocupantes exclusivos de funções públicas são os agentes
temporários. De acordo com a Constituição, em seu artigo 37, IX, temos a seguinte previsão: A
lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender à necessidade
temporária de excepcional interesse público. Dessa forma, os entes federativos estão
autorizados pela Constituição a contratar em caráter temporário. No entanto, para que isso
seja possível, exige-se que, anteriormente, seja editada uma lei disciplinando todas as regras
que deverão ser observadas pelos futuros contratados. E como as atividades desempenhadas
por tais agentes são executadas apenas por um período determinado, não podem eles ser
classificados como ocupantes de cargos ou empregos públicos. Fazendo uso do critério
residual, é correto afirmar que os agentes temporários ocupam uma função pública.
Importante frisar que os agentes temporários não são regidos por um estatuto (tal como
ocorre com os servidores públicos) ou pelas normas da CLT (tal como ocorre com os
empregados públicos), mas sim por uma lei específica, própria de cada ente federativo. O fato
de não estarem regidos pela CLT é fundamental para determinar qual a justiça competente
para o julgamento dos seus litígios. Neste sentido, o STJ já e manifestou que não compete a
Justiça do Trabalho processar e julgas as causas relativas aos agentes temporários, mas sim à
Justiça Comum.

AGENTES HONORÍFICOS - Podem ser compreendidos como pessoas que são designadas ou
requisitadas para a prestação de um determinado serviço público em razão de características
que lhes são próprias, tal como a honra e a capacidade profissional. A principal característica
desta classe de agentes é a particularidade de não possuírem um vínculo permanente com o
Estado, de forma que eles são requisitados por um determinado período e, como regra, não
recebem remuneração pela sua atuação.
Exemplo: os jurados de um Tribunal do Júri e os mesários das eleições. Em ambas as situações,
a atividade desempenhada é por tempo determinado, de forma que tais agentes não ocupam
um cargo ou um emprego público, mas sim desempenham uma função pública.

AGENTES CREDENCIADOS - São os que recebem a incumbência da Administração para


representá-la em determinado ato ou praticar certa atividade específica, mediante
remuneração do Poder Público credenciante.
Exemplo: é a situação em que um conhecido advogado é designado para palestrar, em nome
do Brasil, em um congresso internacional, ou então quando um médico renomado é enviado,
em representação brasileira, com a finalidade de ser entrevistado sobre pesquisas aqui
realizadas.

AGENTES DELEGADOS - A principal característica dos agentes delegados é o fato de assumirem


o risco da atividade em que atuam. Assim, nestas áreas, o Estado opta por não realizar
diretamente o serviço, ficando apenas com a fiscalização. Caso a atividade apresente prejuízo,
deverá o particular arcar com as despesas correspondentes, não havendo que se falar em
responsabilidade do Estado. Por isso mesmo, os agentes delegados não são servidores
públicos e não atuam em nome do Estado, mas apenas colaboram com o poder público.
Exemplo: os leiloeiros oficiais e as concessionárias e permissionárias de serviço público. Nestas
atividades, o Estado opta por não as realizar diretamente, delegando a sua prestação a
particulares que já atuem nas respectivas áreas.
Uma característica dos agentes delegados é a questão de responderem, tal como a
administração pública direta e as entidades com personalidade jurídica de direito público da
administração indireta (autarquias e fundações públicas), de forma objetiva pelos danos
causados aos usuários do serviço público, conforme determinação da Constituição Federal
(art. 37, §6º): As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Dessa forma, se os agentes delegados, quando no exercício de suas atribuições, causarem
danos aos particulares, deverão ser responsabilizados a pagar a respectiva indenização,
independentemente de haver conduta dolosa ou culposa por parte de seus agentes.

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