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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Camila Caroline Casto Bastos1


Maria Eduarda Padua Santos2
Samanta Palma Mendes3
Solange Tomiyama4

RESUMO
O presente artigo científico discorre sobre o intuito de manter a ordem na vida social,
onde se cria normas com a finalidade de assegurar o equilíbrio das relações interpessoais,
essas relações abrangem todos os meios de direitos, deveres, garantias e obrigações, cujo
salientamos, como campo de estudo, a questão da ética no serviço público. A contar do
momento em que os agentes públicos deixam de portar-se perante a segurança e a perspectiva
da moral, caracteriza a improbidade administrativa. O ato ímprobo causa prejuízo à ordem
pública e social, sendo a curto ou longo prazo. Esse artigo versa o assunto da ética e moral, da
qual, ampara o Estado democrático de direito e como efeito, os princípios da Administração
Pública. Ademais, implementamos uma sucinta análise a respeito de sujeitos e dos atos de
improbidade, assim como as sanções aplicáveis, previstas na Lei nº 8.429/92 e 14.230/21.

Palavras-chave: Improbidade Administrativa. Moralidade. Administração pública.


Corrupção. Sanção.

SUMÁRIO

Resumo; 1.Introdução; 2.Princípio da Moralidade; 3.Princípio da Impessoalidade; 4.Definição


de Improbidade Administrativa; 5.Atos de improbidade administrativa; 6.Sanções
Aplicáveis; 7.Eleição 2022 - Candidatura a Presidente da República.; 8.Conclusão;
9.Referências bibliográficas.

1
Camila Caroline Castro Bastos da Silva, RGM: 4778-22-1 graduando em Direito pela Faculdade Piaget, em
Suzano – SP. Email: camiscastro63@gmail.com
2
Maria Eduarda Padua Santos, RGM: 5075-22-1 graduando em Direito pela Faculdade Piaget, em Suzano – SP.
Email: padua.duds@gmail.com
3
Samanta Palma Mendes, RGM: 5065-22-1 graduando em Direito pela Faculdade Piaget, em Suzano – SP
Email: samanta.p.m@hotmail.com
4
Solange Tomiyama. Doutora e mestre em direito pela PUCSP. Professora e Coordenadora do Curso de Direito
da Faculdade Piaget. Advogada. Email: solangetomiyama@facpiaget.com.br
1

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, o Brasil vem atravessando uma onda de conturbação, na qual diversas


formas de corrupção estão sendo descobertas cada vez mais. A despeito de variadas
circunstâncias presumimos que a corrupção se dá somente em âmbito nacional, porém ela
também se faz presente internacionalmente. Todos os dias os jornais nos concede uma nova
notícia, e na maior parte, o alvoroço não resulta em somente agentes políticos, mas sim a
Administração Pública inteira, desde os servidores de níveis inferiores aos de níveis
superiores da pirâmide hierárquica, além dos ímprobos, que são aqueles que fornecem
propinas e dentre outros privilégios e recompensas para que possam realizar seus desejos.
A Constituição Federal, no caput de seu artigo 37, determina os princípios regentes
da Administração Pública: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e
Eficiência. É notável a convivência, paralelamente, dos princípios da Legalidade e da
Moralidade. A Constituição atentou-se com a peripécia de que os agentes não podem
assumir uma postura meramente legal para fundamentar seus atos. Existe também o encargo
de acatamento de padrões éticos mínimos. Diante dessa perspectiva surge a Ação Civil por
Improbidade Administrativa, regulada pela Lei Federal 8.429/92, cuja base constitucional é
o §4º do referido artigo 37:

§4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos


políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ação penal cabível.

A Lei 8.429/92 que regulamenta o art. 37, § 4º, da Constituição Federal é uma das leis mais
polêmicas e herméticas, existindo uma relação de amor e ódio. De um ângulo os membros do
Ministério Público (MP), que a manuseiam como considerável artefato de combate à
corrupção e desvio do patrimônio público, já de outro resta as críticas de parte dos advogados,
dos gestores e administradores de bens públicos que retratam ásperas críticas, justificando
haver uma aplicação incongruente. Desde o princípio sucedem problemas. O projeto primitivo
aprovado na Câmara dos Deputados, acabou sendo totalmente substituído, que enviando
novamente o projeto para a Câmara, viu seu substitutivo desconsiderado com o refazimento,
ponderando as pequenas modificações, do projeto original, que seguiu imediatamente para a
sanção presidencial.
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2. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA

A moralidade administrativa tem consigo o dogma da boa-fé, que designa a conduta e


os atos do agente público dentro da Administração Pública. A Constituição Federal de 1988,
estabelece os princípios base para uma boa administração do país, conforme o caput do Art.
37 da Constituição Federal de 1988 encontra-se expresso esse princípio,

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (Redação da EC 19/1998)”.

De forma positivada no texto constitucional, afirmando ao administrador tamanho


valor fundamental de normas éticas que são imprescindíveis e determinando que esses
princípios devem ser absolutamente seguidos e respeitados.
Sendo então um princípio de espécie dogmática, é comum não ter uma resposta
absoluta quando se discute sobre a moral. O autor Antônio José Brandão traz à tona em seu
livro "Moralidade Administrativa, publicado na Revista de Direito Administrativo, Rio de
Janeiro, v. 25, página 457, em julho de 1951”, as ideias de Maurice Hauriou, jurista e
sociólogo, que defende o pensamento:

Qualquer ser capaz de atuar é forçosamente levado a distinguir o bem do mal. Ser
atuante, a Administração pública não foge a esta regra. Para atuar, tem de tomar
decisões; mas, para decidir, tem de escolher; e não só entre o legal e o ilegal, o
justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, mas também entre o honesto e
desonesto. O seu comportamento deve, sem dúvida, conformar-se à lei jurídica.

Não há relutâncias que a moral administrativa esteve e ainda está sob influência da
moral comum subordinada aos valores que a sociedade tem desde épocas anteriores que
serviram de base até mesmo para criação da Constituição Federal atual, fazendo então com
que se torne uma norma jurídica.
Com isso podemos entender que a conduta do agente público será avaliada, não
somente, sob os princípios da legalidade que conhecemos como certo ou errado, mas sim
suas intenções, valores, crenças e etc. ao atuar dentro da máquina administrativa do país.

3. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
Toda ação da Administração Pública tem a obrigação de levar em conta a finalidade
da lei de seus atos que está relacionada ao princípio constitucional da impessoalidade.
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O ato do agente público ao utilizar meios lícitos para uma finalidade diversa da
supremacia do interesse público, com intuito de beneficiar a si próprio ou a outrem é
considerada um desvio de finalidade de modo que o torna ilegal e imoral. Os princípios da
finalidade, que decorre intimamente da impessoalidade, e da moralidade administrativa não
estão longe um do outro, pelo contrário, o ato violador é acometido concomitantemente aos
dois princípios.
Em vista que nenhum cidadão se escusa de não cumprir a lei, indagando não ter
conhecimento, fica o questionamento da importância moral perante o ordenamento jurídico.
De acordo com o princípio da autonomia da vontade permite que os indivíduos particulares
façam tudo o que a lei não os proíbe, já dentro da Administração Pública está relacionada
diretamente ao que a lei permite que possa ser feito para atingir os interesses da população
como um todo, sem margem para interpretação corrompida.

4. DEFINIÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

O termo improbidade é derivado de origem latina "improbitate" e exprime,


desonestidade, inverdade, desonra e corrupção. Este termo veio a ser utilizado para
qualificar a conduta do administrador ímprobo.
Refere-se a conduta de um agente público que adversa as leis, as normas morais, e
os costumes, apontando o desprovimento de respeitabilidade e atuação imaculada em que
compete às metodologias esperadas da administração pública, seja ela direta, indireta ou
fundacional, não se restringindo somente ao Poder Executivo.
Por conseguinte, improbidade administrativa é a denominação técnica para a
intitulada corrupção administrativa, a qual, perante inúmeras formas, viabiliza o
corrompimento da administração pública e desacata os princípios nucleares da ordem
jurídica, se sobressaindo pela aquisição de benefícios patrimoniais indevidos às custas do
erário, pela prática nociva das ocupações e cargos públicos, pelo "tráfico de influência" no
âmbito da Administração Pública e pelo favorecimento de poucos em oposição dos
interesses sociais, através da autorização de favores e vantagens ilícitas.
Trata-se, logo, de uma conduta humana positiva ou negativa/ilícita, que, da mesma
forma, poderá ocasionar uma sanção civil, administrativa e penal, em virtude dos bens
jurídicos obtidos pelo fato jurídico. Para ser retratada a improbidade administrativa é
necessário que haja desrespeito aos princípios insculpidos no caput do artigo 37º da
Constituição Federal, não sendo impreterível o carecimento de que transcorra prejuízo
4

financeiro ao erário.
Os principais exemplos de improbidade no Brasil são: aplicação irregular de verba
pública; a falta de prestação de contas; frustração de concurso de processo licitatório e
superfaturamento de obra pública. Esses são os mais frequentes atos classificados como
improbidade administrativa cometidos diariamente pelos agentes públicos Brasileiros.

4.1 Sujeitos da Improbidade


4.1.1 Sujeito Ativo

O sujeito ativo do ato de improbidade é o agente público, assim avaliado nos


vocábulos do artigo 2° da Lei 14.230/21 A Lei de improbidade expande a ideia do agente
público, abarcando uma quantia aceitável de hipóteses. Segundo o referido dispositivo
legal:
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público o agente político, o
servidor público e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades referidas no art. 1º desta Lei. Nos termos da Constituição Federal
(Brasil, 2022)

Na obra de Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves os agentes públicos são citados
na seguinte ordem: agentes políticos, agentes particulares colaboradores, servidores públicos
e agentes meramente particulares. Quanto aos agentes políticos:

Agentes Políticos são aqueles que, no âmbito do respectivo poder desempenham


as funções políticas de direção previstas na Constituição, normalmente de forma
transitória, sendo a investidura realizada por meio de eleição (no Executivo,
Presidente, Governadores, Prefeitos e, no Legislativo, Senadores, Deputados
Federais, Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores) ou nomeação
(Ministros e Secretários Estaduais e Municipais). (GARCIA, Emerson; ALVES,
Rogério. Improbidade administrativa. 9º Edição. Saraiva Jur, 11 de maio de
2017).

No que diz respeito aos agentes particulares colaboradores, os indicados autores


evidenciam que:
São os que executam determinadas funções de natureza pública, por vezes de
forma transitória e sem remuneração (exemplo: jurados, mesários, escrutinadores,
representantes da sociedade civil em conselho), abrangendo, para os fins da Lei da
Improbidade, aqueles que tenham sido contratados especificamente para o
exercício de determinada tarefa. (GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério.
Improbidade administrativa. 9º Edição. Saraiva Jur, 11 de maio 2017)
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Os servidores públicos são aqueles que, não importa qual seja o regime jurídico a
que estejam adstritos, dispõe de uma conexão duradoura com os elementos estatais da
administração direta ou indireta, interpretam atribuições próprias destes, ou outras
pertinentes ao seu alcance, e são remunerados em razão de seus serviços, mantendo-se aqui
incluídos os membros do Ministério Público (MP), do Poder Judiciário (PJ) e do Tribunal
de Contas (TC).
Em contrapartida, Marino Pazzaglini Filho, também identifica os agentes públicos
em quatro categorias: dos agentes políticos, dos agentes autônomos, dos servidores públicos
e dos particulares em colaboração com o Poder Público.
No que concerne aos agentes políticos, expõe o conceito parecido ao precedente
exposto, complementando que estes: "São os titulares dos cargos estruturais à organização
política do País, ou seja, ocupantes dos que integram o arcabouço constitucional do Estado,
o esquema fundamental do Poder".
A segunda categoria, intitulada pelo autor como agentes autônomos, contêm "Os
membros do Poder Judiciário, dos Ministérios Públicos, dos Tribunais de Contas Chefes da
Advocacia Geral da União que, regidos por legislação própria, exerce funções superiores e
essenciais, mas não participam diretamente de decisões políticas".

4.1.2 Sujeito Passivo

São sujeitos passivos da improbidade administrativa (Lei 8.429/92, art. 1º): a


Administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou de Território; empresa inserida no
patrimônio público; entidade da qual criação ou custeamento ao erário, haja concorrido ou
concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual.

É sujeito passivo a pessoa jurídica de direito público interno (União, estado,


município, autarquia) ou pessoa jurídica de direito privado (empresa pública,
sociedade de economia mista, empresa com envolvimento de capitais públicos)”,
ou seja, “sujeito passivo da improbidade administrativa é qualquer entidade
pública ou particular que tenha participação de dinheiro público em seu
patrimônio ou receita anual. (PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade
administrativa 7. ed. São Paulo: Atlas, 2018.)

5. ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


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5.1 Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito:

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando em


enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, de mandato, de
função, de emprego ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e
notadamente: (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

São três os requisitos essenciais para a configuração do enriquecimento ilícito, quais


sejam, a prática do ato por um agente público; a inexistência de fundamento que justifique a
apropriação alheia; a obtenção da vantagem por parte do agente público em virtude da sua
condição profissional. Não há a necessidade de resultado danoso à Administração Pública
para restar configurado o enriquecimento ilícito, bastando apenas a expectativa de sua
efetivação.

5.2 Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (Redação dada
pela Lei nº 14.230, de 2021)

Atuar de forma negligente na arrecadação de renda ou tributo, tal como no que diz
respeito à preservação do patrimônio público é um dos atos de improbidade administrativa
substanciado como prejuízo erário.
Sob outra perspectiva, institui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou

omissão para oferecer, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário que ocasione

carga tributária menor que a derivada da aplicação da alíquota mínima (2%) do ISS

(imposto municipal) – reconhece-se algumas exceções.

5.3 Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da

Administração Pública:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os
deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma
das seguintes condutas:(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
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A Lei nº 14.230/2021 altera a Lei de Improbidade Administrativa Lei nº 8.429/1992,

passando a prevalecer com modificações também no que tange à Seção III que trata

precisamente sobre atos que atentam contra os princípios da Administração Pública.

Antes da Constituição Federal de 1998, o Brasil vivenciava um período de regime


ditatorial, por esta razão não era possível a fiscalização à corrupção administrativa. Após ser
promulgada a Constituição Federal de 1988, foi sancionada a Lei nº 8.429/92 (Lei de
Improbidade Administrativa – LIA), para designar condutas que hoje são consideradas
ímprobas, determinando as sanções e ajustando um importante instrumento de controle moral
administrativo. Esses princípios têm como principal objetivo contribuir com a administração
a atingir o bem comum, dos ensinamentos éticos e morais e a observância da legalidade.
Portanto, todos os atos que realizam contra a administração pública são lesivos, razão pela
qual a Constituição Federal renovou no combate a corrupção em seu artigo 37 § 4º, onde
instituiu sanções aos agentes que cometem atos ímprobos, consistindo de inovação no
ordenamento jurídico

6. SANÇÕES APLICÁVEIS

O § 4º do artigo 37 da Carta Magna correlata como medidas sancionatórias ao ato de

improbidade administrativa a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a

indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário.

Interpreta-se que o constituidor confundiu-se ao relacionar a indisponibilidade de

bens como sanção, afinal, considera-se que tal medida tem caráter preventivo, cautelar,

servindo para impossibilitar a dissipação dos bens do agente público ímprobo ou do terceiro

favorecido do exercício de ato de improbidade administrativa, de maneira que a restituição

do dano e o extravio dos bens e recursos dilatados ilicitamente ao patrimônio, sejam

efetuados no ápice da consecução da sentença condenatória proferida na ação civil pública

por ato de improbidade administrativa.

Refere-se a supramencionada indisponibilidade de bens de medida cautelar, de

natureza processual, atribuída a confirmar a irrefutabilidade do processo, e não somente da


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sanção ou pena.

7. ELEIÇÃO 2022 – CANDIDATURA A PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Em época de eleição presidencial do ano de 2022, ao analisar a atual situação dos

candidatos para o então cargo, conseguimos observar que muito se discute a candidatura do

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em 2018 foi condenado por corrupção passiva

prevista no Art. 317º do Código Penal, e lavagem de dinheiro prevista no Art. 1º da Lei nº

12.683/2012. Este caso é um exemplar para avaliarmos o princípio da moralidade

administrativa.

Conforme visto anteriormente, dentro da administração do país não deve haver

margem para interpretação discordante quanto ao que está fixado e previsto em Lei. O que

está expressamente escrito, deve ser obrigatoriamente respeitado e levado ao seu mérito.

Os princípios da administração pública, sendo um ligado ou outro, são os alicerces

para avaliar os candidatos à referida vaga de Presidente da República em concordância a

esses fundamentos previsto em nossa Constituição Federal no referido CAPUT do art. 37º

CF/88.

O que muito se comenta é o fato da anulação dos casos em 2021 pelo STF, tornar o

candidato apto para elegibilidade conforme o texto constitucional previsto no Art. 14 da

Constituição.
O art. 14, parágrafo 3º, CF/88 dispõe as condições de elegibilidade para concorrer
aos cargos públicos.
I – Nacionalidade brasileira;
II - Pleno exercício dos direitos políticos;
III – Alistamento eleitoral;
IV – Domicílio eleitoral na circunscrição;
V – Filiação partidária;
VI – Idade mínima variando de acordo com o cargo.

Dessa forma, podemos afirmar então que Lula, dentro desses requisitos está apto para

o cargo de Chefe de Estado. Mas há o que considerar na lei complementar nº 135/2010 –

“Lei da Ficha Limpa” quando retratada a inelegibilidade em caso de condenação transitada


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em julgado.
Art. 1º Esta Lei Complementar altera a Lei Complementar n o 64, de 18 de maio
de 1990, que estabelece, de acordo com o § 9 o do art.14 da Constituição Federal,
casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências.
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça
Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em
processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na
qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem
nos 8 (oito) anos seguintes;
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por
órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito)
anos após o cumprimento
da pena, pelos crimes:
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio
público;
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os
previstos na lei que regula a falência;
[...]
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
[...]
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada
em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito,
desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito)
anos após o cumprimento da pena;

Ora, Lula foi condenado em 2 instâncias e também na instância especial pelos crimes

de corrupção e lavagem de dinheiro e ao exprimir os princípios da Administração Pública,

observamos que o candidato feriu os princípios da moralidade e legalidade.

Ainda que haja contenda ao ex-presidente avaliamos então os incisos I ao V do art. 15º

CF/88, para analisar sua suposta inelegibilidade;

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará
nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art.5º;
VIII - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,§4º.

Embora o Supremo Tribunal Federal tenha anulado as decisões processuais, pela

alegação de que a Justiça Federal do estado do Paraná não era o colegiado competente para

essa operação, torna o Lula alguém elegível para o referido cargo. Diante disso, segue um

dilema que perpetua uma parte dos brasileiros: alguém que foi condenado, descartando
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presunção de inocência, pode se candidatar para o cargo de Chefe de Estado?

Posto isso, a boa-fé dos agentes públicos em seus respectivos cargos, vai deveras

adiante de uma moralidade comum como conhecemos. E quando tratado o cargo de

Presidente da República, é levado em consideração toda a trajetória política, suas ações e

intenções dentro da máquina administrativa do país de acordo com a moralidade daquele

que ocupará o cargo de Chefe do Poder Executivo de um país.


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8. CONCLUSÃO

Estipulado que a imoralidade é a inobservância do conjunto de boas regras da


administração enquanto a improbidade é a corrupção administrativa que desvirtua a
Administração Pública e afronta alguns princípios nucleares da ordem jurídica. A
descomunal segregação entre um e outro consiste na conduta do agente. A improbidade é
associada à conduta desonesta, dolosa do agente público, já a imoralidade coincide ao
descumprimento de paradigmas jurídicos como o da moral, da lealdade e o da boa-fé.
Seguidamente, foi verificado pela observação da Lei nº 8.429/92, que o agente
público é o potencial sujeito a consumar atos de improbidade administrativa, sendo que,
consigo, poderão representar particulares cooperantes ou beneficiários dos atos de
improbidade.
Sobreveio também que Administração Pública direta, indireta ou fundacional de
quaisquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e as
entidades particulares que obtenham atuação de montante público em seu patrimônio ou
receita, são as pessoas que podem sofrer atos de improbidade. Já os atos suscetíveis a
punição/ sanção, estão escritos nos respectivos artigos 9, 10 e 11 da Lei de Improbidade
Administrativa. Eles representam-se em atos que importam em enriquecimento ilícito, atos
que causam prejuízo ao erário e atos que atentam contra os princípios da administração
pública.
Por último, são aplicáveis aos indivíduos que praticam esses atos, as consecutivas
sanções: o ressarcimento integral do dano causado à Administração Pública; a perda da
função pública; a suspensão dos direitos políticos; a multa civil; a perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio; e a proibição de admitir com o Poder Público.
A pluralidade dos autores compreende que essas sanções não são, obrigatoriamente,
aplicáveis de maneira cumulativa. A realidade é que elas devem ser conceituadas de acordo
com a seriedade da conduta ilícita cometida, presenciado os princípios da proporcionalidade
e da razoabilidade.
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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brandão, A. J. (1951). Moralidade administrativa. Revista Direito Administrativo, 25,


454–467.<https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/12140/1106 0>
Acesso em: 20 de setembro de 2022.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm.>.Acesso
em: 28 de setembro de 2022.

BRASIL, Lei no. 8.429, de 02 de junho de 1992. Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos
agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,
emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá
outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8429.htm>. Acesso em: 27 de setembro de
2022.

GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério. Improbidade administrativa. 9º Edição. Saraiva Jur,


11 de maio 2017

GOMES, Luiz; Ação de improbidade administrativa - alguns de seus problemas;


jusbrasil.com.br. 2012. Acesso em: 20 de outubro de 2022.

LEI Nº 4.717/65 - Dispõe sobre a Lei de Ação Popular para fins da sociedade pleitear a
anulação dos atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos
Municípios e entre outros.

<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4717.htm> Acesso em: 28 de setembro de


2022.
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de improbidade administrativa 7. ed. São Paulo: Atlas,
2018

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