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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO


CURSO BACHAREALDO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ABRAÃO LIMA TEIXEIRA

Orietadora: Prof. (a) Esp. Dalva Maria Barros Coelho da Costa.


ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO: UM ESTUDO SOBRE A RELEVÂNCIA DE
SUAS PRÁTICAS NAS REPARTIÇÕES PÚBLICAS CONFORME O
DECRETO 1171, DE 22/06/1994.
RESUMO

Sabe-se que na administração pública há o código de ética


do servidor público civil do poder executivo federal,
decreto nº 1.171, de 22/06/1994. Este decreto tem por
finalidade orientar a conduta ética dos servidores públicos.
Contudo, diariamente, as redes sociais e midiáticas
evidenciam diversos casos de desvios comportamentais,
por parte dos servidores, que ferem o código de ética.
Diante da problemática, buscou-se realizar um estudo
abordando a relevância da prática de ética de acordo com a
lei, nas repartições públicas, visto que, parte dos servidores
públicos descumpre o decreto 1.171, de 22/06/1994.
1 INTRODUÇÃO

Para um serviço eficiente e regulamentado, necessita-se


que os agentes públicos sigam determinadas regras,
justamente para que se mantenha um quadro de
funcionários organizado e, consequentemente, um
departamento estruturado, evitando-se comportamentos
ilícitos dentro das repartições públicas. Os servidores
públicos são destinados a zelarem pelo patrimônio público,
para tal, faz-se necessário que o elemento ético não seja
desprezado da conduta do servidor público.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais


(PCNs):
A ética é a reflexão crítica sobre a moralidade. Ela não tem
um caráter normativo, pois, ao fazer uma reflexão ética,
pergunta-se sobre a consistência e a coerência dos valores
que norteiam as ações, buscando-se esclarecer e questionar
essas ações, para que elas tenham significado autêntico nas
relações (BRASIL, 1998, p.52).
2.1 Ética no Serviço Público e o Decreto 1.171 , de 22/06/1994

Segundo o decreto 1.171, de 22/06/1994 art. 2º:


Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias,
as providências necessárias à plena vigência do Código de
Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva
Comissão de Ética, integrada por três servidores ou
empregados titulares de cargo efetivo ou emprego
permanente.
Ou seja, vê-se que o decreto vem institucionalizar a
necessidade da aquisição da conduta ética nos órgãos e
entidades da administração pública.
No portal de notícias do trabalhador, no ano de 2018, saiu
um noticiário no site da justiça do trabalho que continha as
seguintes palavras:
Após ser flagrado embriagado em pleno horário de serviço,
trabalhador de uma empresa responsável pela construção de
usinas hidrelétricas em Mato Grosso foi demitido por justa
causa. Apesar dos argumentos apresentados na Justiça do
Trabalho para reverter a decisão da empresa, a 2ª Turma de
Julgamento negou, por unanimidade, o pedido do
trabalhador (ALVARES, Sinara, 2018).
O serviço público precisa ser conduzido por agentes
responsáveis, pois isto é um quesito imprescindível para
que se haja credibilidade social. E para um bom
desempenho do serviço público a administração pública
exige que o elemento ético não seja desprezado da conduta
do servidor, e a constituição reforça esta ideia com três
princípios impostos ao servidor:
Legalidade: "significa dizer que o agente público só pode
fazer aquilo que a lei permitir”, o que difere do princípio da
reserva legal, vale ressaltar essa diferenciação, pois este
remete à ideia de que o indivíduo pode fazer o que ele
quiser, desde que a lei não proíba.
Moralidade: “remete ao fato de que o agente público deve
atuar de acordo com a ética administrativa, com boa-fé e
com honestidade”
Eficiência: “O agente público deve prestar o serviço
público com proeza e perfeição, bem como alcançar
resultados satisfatórios”
À medida que o tempo passa, vê-se que a probabilidade de
o país se livrar da corrupção é mínima, pois é notório os
seus inúmeros casos. Partindo para um caso concreto, em
um site do Tribunal de Justiça do Paraná (TJP), foi
publicado que:
Valdemar Pagliaci, ex-prefeito do Município de Santa
Amélia (PR), foi condenado pela prática de ato de
improbidade administrativa, nos termos do art. 11, caput,
da Lei 8.429/92, que dispõe: "Constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole
os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições, e notadamente: [...]".
No código de ética, decreto 1.171, de 22/06/1994 há as
vedações e deveres do servidor público. Vejamos alguns
deveres que constam na seção II, inciso XIV, alíneas h e i:

XIV- São deveres fundamentais do servidor público:


h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de
representar contra qualquer comprometimento indevido da
estrutura em que se funda o Poder Estatal;
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de
contratantes, interessados e outros que visem obter
quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em
decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-
las;
Vejamos agora algumas das vedações dos servidores
expressas na seção III, Inciso XV, alíneas a, h e m:

XV- É vedado ao servidor público:


a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo,
posição e influências, para obter qualquer favorecimento,
para si ou para outrem;
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
encaminhar para providências;
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de
parentes, de amigos ou de terceiros;
A pena aplicável ao servidor que cometer algum
comportamento aético é a de censura, como consta no
inciso XXII do capítulo II:
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão
de Ética é a de censura e sua fundamentação constará do
respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes,
com ciência do faltoso. 
Esse tipo de penalidade compreende em garantir nos
assentamentos funcionais do agente o registro da pena, pelo
período de três anos, a fim de que o serviço de gestão de
pessoas tenha conhecimento sobre a punição do agente.
2.2 Considerações importantes sobre ética e o decreto 6.029, de
01/02/2007

O decreto 6.029, de 01/02/2007, institui o sistema de gestão


de ética do poder executivo federal, e dá outras
providências. Esse sistema de ética é integrado pela
comissão de ética pública (CEP), as comissões de ética de
que trata o decreto 1.171, de 22/06/1994 e as demais
comissões de ética e equivalentes nas entidades e órgãos do
poder executivo federal, ou seja, esta última se trata das
comissões de ética específicas de cada órgão.
No decreto 6.029, de 01/02/2007, vem explicitar quais as
competências do sistema de gestão da ética, art. 1º, incisos I, II, II e
IV são elas:
I - integrar os órgãos, programas e ações relacionadas com a ética
pública;
II - contribuir para a implementação de políticas públicas tendo a
transparência e o acesso à informação como instrumentos
fundamentais para o exercício de gestão da ética pública;
III - promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a
compatibilização e interação de normas, procedimentos técnicos e
de gestão relativos à ética pública;
IV - articular ações com vistas a estabelecer e efetivar
procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho
institucional na gestão da ética pública do Estado brasileiro.
Conforme o decreto 6.029, de 01/02/2007, a CEP é
vinculada ao chefe do poder executivo federal, ou seja, ao
presidente da república federativa do Brasil, que tem como
atribuição rever as normas a respeito da conduta ética na
administração pública federal.
A CEP é voltada para agentes da alta cúpula, ao passo que
os demais servidores são regidos pelas comissões de ética
de que trata o decreto 1.171, de 22/06/1994.
A pena aplicada pela CEP é a censura ética, em que
envolve recomendação de abertura de processo
administrativo disciplinar, que consta na lei 8.112, de
11/12/1990 bem como encaminhamento de sugestão de
exoneração e encaminhamento para controladoria geral da
união.
Percebe-se que aqui na CEP há uma rigorosidade maior no
quesito penalidade, fazendo uma comparação com a
penalidade que consta no decreto 1.171, de 22/06/1994 que
é apenas a de censura o que difere de censura ética.
Este estudo tem como finalidade demonstrar a relevância da
conduta ética nas repartições públicas e na vida pessoal e
profissional do indivíduo. Conforme Chauí :
Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente
consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e
mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A
consciência moral não só conhece tais diferenças, mas
também reconhece-se como capaz de julgar o valor dos atos e
das condutas e de agir em conformidade com os valores
morais, sendo por isso responsável por suas ações e seus
sentimentos e pelas consequências do que faz e sente.
Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis
da vida ética (CHAUÍ, Marilena, 2000, p. 433).
3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Dentre as abordagens da pesquisa, utilizou-se o método


bibliográfico, segundo Fonseca,2010:
Pesquisa bibliográfica é o primeiro passo de todo trabalho
científico, sobretudo pela exploração que é feita em textos.
Constitui o trabalho preliminar ou preparatório para outro
tipo de pesquisa. Facilita a delimitação de um tema de
trabalho, define os objetivos ou formula as hipóteses. É o
meio de informação por excelência. (FONSECA, 2010,
p.70)
A pesquisa é de natureza básica, uma vez que este estudo
tem como objetivo servir de base para outros futuros
projetos científicos, bem como possibilitar estudantes a
conhecerem e entenderem a relevância da ética no serviço
público. Para Appolinário (2011, p. 146) a pesquisa básica
tem como principal objetivo “o avanço do conhecimento
científico, sem nenhuma preocupação com a aplicabilidade
imediata dos resultados a serem colhidos”.
4 ANÁLISE DA PESQUISA

Neste estudo, pôde-se perceber o quão relevante é a


aplicabilidade do decreto 1.171, de 22/06/1994 no serviço
público, pois um servidor que possui uma conduta ética
jamais cometerá uma infração no serviço público, nem
mesmo em qualquer outro lugar, visto que ao seguir as
normas em conformidade com a lei, consequentemente, o
indivíduo as utilizará não só na vida profissional, mas
também na vida pessoal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo da pesquisa, pode-se observar que, embora a


administração pública esteja cercada de normas legais que
visam garantir uma conduta ética no âmbito do serviço
público da administração direta e indireta, os casos de
desvios éticos vêm crescendo cada vez mais por parte dos
servidores públicos, pois são condutas expostas diariamente
nas redes sociais e demais serviços da mídia.
Os códigos de ética existentes são extremamente
relevantes, e, se na prática todos aderissem,
consequentemente, ter-se-ia uma sociedade livre da
corrupção, entretanto é notório que não basta apenas a
previsão legal, necessitando-se de métodos e estratégias
tratando-se de que maneiras possíveis estas normas serão
institucionalizadas a fim de que sejam aplicadas
diretamente no serviço público e obedecidas pelos agentes
públicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCASTRO, Mario Sérgio Cunha. A importância da ética na formação de


recursos humanos. 1997.66p. Monografia (Pós-Graduação Lato Sensu em
Metodologia do Ensino Superior), Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de
Curitiba/IBPEX- Instituto Brasileiro de Pesquisa, Pós- Graduação e Extensão.
Curitiba,1997.

APPOLINÁRIO, Fabio. Dicionário de Metodologia Científica. 2. ed. São Paulo:


Atlas, 2011. 295p.
 
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988.
Disponível em: Acesso em 28 de janeiro 2023.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


Terceiro e quarto ciclos; Apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF,
1998.
 
CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. São Paulo: Ática, 1995.
OBRIGADO!

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